Conan é o personagem mais famoso de Robert E. Howard, mas não foi seu primeiro. Na verdade, ele não foi nem seu primeiro bárbaro. Na verdade mesmo, existe outro personagem que, sem ele, Conan nem teria existido. Esse personagem se chama
Kull da Atlântida, e é o tema do post de hoje.
A versão mais famosa sobre a origem de Conan conta que, em 1932, aos 26 anos, Howard estava viajando por seu Texas natal e teve uma inspiração súbita, criando uma terra fictícia habitada por bárbaros destemidos, a qual chamou de Ciméria, e, pensando em como aproveitá-la, criou toda uma época mítica, chamada Era Hiboriana, fazendo de um cimério o herói que iria viver aventuras nesse tempo. O que acontece, e que muita gente não sabe, é que o nome Ciméria não foi uma criação de Howard, sendo antigamente usado para se referir à região hoje conhecida como Crimeia, aquela que está em disputa entre a Ucrânia e a Rússia. A Ciméria de Howard, evidentemente, não tem nada a ver com a Crimeia, sendo um criação própria. Só que, alguns anos antes, ele tinha feito a mesmíssima coisa, apenas usando uma terra fictícia ao invés de uma real, e não obtendo o mesmo sucesso.
No final da década de 1920, pouco após completar 20 anos, Howard já era considerado um autor de sucesso, podendo viver exclusivamente da venda de suas histórias e fazendo amizade com outros dois famosos escritores da época, H.P. Lovecraft e Clark Ashton Smith. As histórias de Howard diferiam das de Lovecraft e Smith, entretanto, principalmente porque as dos dois tinham muitos elementos de horror, enquanto as de Howard eram pura ação, tendo como protagonistas espadachins, soldados, piratas, pistoleiros, e até mesmo marinheiros brigões. Um dia, porém, Howard estava conversando com Lovecraft, e teve a ideia de uma história de ação com elementos de terror, protagonizada por um bárbaro que enfrentaria feitiçaria, tendo que contar também com sua inteligência para sobrepujar seus inimigos, ao invés de apenas com sua espada. Assim surgiria
O Reino das Sombras.
O Reino das Sombras era protagonizada pelo Rei Kull, governante da Valúsia, mas que não era natural de lá, tendo chegado ao trono após derrotar em combate o rei anterior. Com a ajuda de Brule, um lanceiro picto, ele descobre uma conspiração para não somente removê-lo do trono, mas também para escravizar toda a humanidade; por trás dela, estão os homens-serpente, que governavam o mundo antes da ascensão dos humanos, e agora querem voltar ao lugar que consideram seu por direito. Os homens-serpente, que em sua forma original têm corpo humano mas cabeça de serpente, são criaturas de feitiçaria, capazes de assumir a aparência de qualquer ser humano. Usando desse poder, eles planejam substituir a corte de Kull pouco a pouco, até conseguir matá-lo, substituí-lo, e governar a Valúsia, partindo, então para a conquista dos demais reinos humanos, até se tornarem os governantes de tudo. Os pictos descobrem esse estratagema e enviam Brule para alertar Kull, com a dupla precisando descobrir quais conselheiros de Kull já foram substituídos e impedir os homens-serpente antes que seja tarde demais.
Publicada na revista Weird Tales em agosto de 1929,
O Reino das Sombras seria aclamada, considerada uma das melhores histórias já apresentadas na revista, e se tornando o primeiro exemplar do estilo que posteriormente, ao ser popularizado por Conan, receberia o nome de
Espada e Magia. Com o sucesso da história, Howard passaria a desenvolver o personagem Kull, determinando os acontecimentos mais relevantes de seu passado, e delimitando como seria o mundo no qual ele vive.
Kull é nascido na Atlântida, segundo o próprio Howard, cerca de 100 mil anos antes do nascimento de Cristo. Nas histórias de Kull, não somente a Atlântida era uma ilha normal, e não um reino submarino, como também a Atlântida de Howard é completamente diferente de suas descrições feitas por outros autores: ao invés de uma civilização altamente avançada para a sua época, a ilha é esparsamente povoada e habitada por tribos bárbaras que rejeitam a civilização. A oeste da Atlântida fica um continente conhecido como Thúria, onde estão localizados os reinos humanos civilizados, com o mais poderoso deles sendo a Valúsia. Outras ilhas de destaque, também com nomes inspirados em civilizações que podem ter existido ou não, são a Lemúria, terra de piratas sanguinários, e a distante Mu. E, a leste da Atlântida, ficam as ilhas habitadas pelos pictos, que, ao contrário de nas histórias de Conan, onde são selvagens que servem apenas como antagonistas, nas histórias de Kull são um povo bárbaro semelhante aos atlantes e inspirados nos indígenas norte-americanos. Brule, um picto eloquente e corajoso, após os eventos de
O Reino das Sombras se tornaria o melhor amigo de Kull.
Antes de prosseguirmos, vale explicar que, após criar Conan e a Era Hiboriana, Howard definiria que as épocas de Kull e de Conan estariam separadas por alguns milhares de anos. Nesse intervalo de tempo, ocorreria um cataclisma (o que faria com que a época de Kull se tornasse oficialmente a "pré-cataclísmica") que levaria ao afundamento da Atlântida e à derrocada das civilizações humanas, que reverteriam à selvageria e levariam séculos para se tornar civilizadas novamente, com os pictos jamais passando do estágio de selvageria ao qual foram regredidos, e povos como os aquilônios e hirkanianos sendo descendentes diretos dos antigos thuranianos. Em termos gerais, portanto, a época de Kull está tão distante da época de Conan quanto a época de Conan está distante da nossa.
Voltando à história de Kull, ele nasceu na Atlântida, mas um evento ocorrido em sua adolescência faria com que ele fosse exilado, tendo de fugir para o continente. No meio do caminho, ele seria capturado e escravizado, forçado a trabalhar como remador em um navio. Depois disso, ele seria vendido como gladiador, e, ao recuperar sua liberdade, se tornaria mercenário, e então soldado no exército da Valúsia, onde iria subindo na hierarquia até se tornar general. Envolvido em uma trama para derrubar o rei, ele mataria o monarca e decidiria ele mesmo assumir a coroa, se tornando o novo Rei da Valúsia. Quase todas as histórias escritas por Howard são ambientadas nessa última fase da vida do personagem, o que faz com que ele seja bastante conhecido como Rei Kull - embora atualmente o nome Kull da Atlântida seja considerado o oficial, principalmente porque, na década de 1950, a Fawcett Comics criaria um vilão para o Capitão Marvel também chamado King Kull.
Também vale citar que o arqui-inimigo de Kull é o feiticeiro Thulsa Doom - que, curiosamente, seria o vilão do primeiro filme do Conan. Um feiticeiro que tem no lugar da cabeça uma caveira com fogo dentro das órbitas, Doom é aparentemente invulnerável, com Kull jamais conseguindo destruí-lo, apenas aprisioná-lo até que ele escape e volte a atormentá-lo. O objetivo de Doom, assim como o dos homens-serpente, é tomar para si o trono da Valúsia e então conquistar o restante do continente, se tornando praticamente o governante do mundo.
Apesar de toda a aclamação conseguida por
O Reino das Sombras, Howard só conseguiria vender duas outras histórias de Kull em vida:
Os Espelhos de Tuzun Thune, publicada pela Weird Tales no mês seguinte, em setembro de 1929, não faria muito sucesso, o que levaria a revista a rejeitar todas as histórias de Kull seguintes que ele enviasse, exceto
Os Reis da Noite, publicada em novembro de 1930.
Seria por causa dessa rejeição que Howard pegaria uma história de Kull,
Por esse Machado eu Reino, e a transformaria em
A Fênix na Espada, história que marcaria a estreia de Conan. A história de Conan tem mais ação, mais elementos sobrenaturais e menos debates filosóficos, mas algumas passagens de ambas são idênticas; é por essa razão, inclusive, que, em sua primeira história, Conan é Rei da Aquilônia, e somente nas seguintes é mostrada sua carreira como ladrão, pirata e soldado. Aliás, nesse ponto as "carreiras" de Kull e Conan também se assemelham, com ambos tendo tido várias "profissões" antes de matar um rei tirano e assumir o trono. Não há registro sobre se isso foi proposital, ou seja, se Howard quis fazer de Conan o "novo Kull", ou se ele simplesmente achou que esse era o método mais interessante para contar histórias.
Apesar das semelhanças, Kull e Conan são personagens muito diferentes. O cimério é proativo, sempre em busca de aventura, entre uma e outra se diverte em tavernas, com cerveja e mulheres, e está sempre acompanhado de uma bela dama, com a qual planeja ter envolvimento romântico. Já o atlante é soturno, reservado, e costuma ser levado pela vida, apenas reagindo aos desafios que são colocados diante dele, além de não mostrar interesse em suas parceiras femininas, embora em algumas histórias seja seduzido. Após se tornarem reis, Conan vê o trono como seu direito, planeja mantê-lo a qualquer custo, e pensa em conquistar uma rainha e formar uma dinastia, enquanto Kull vê o trono como um fardo, parece mantê-lo apenas para que a humanidade não seja dominada, e não pretende se casar nem constituir família. Finalmente, Conan é solitário, e, exceto por Bêlit, jamais teve um parceiro duradouro, enquanto Kull tem em Brule seu melhor amigo, confidente e irmão em armas, pelo qual daria a vida se necessário.
Ao todo, Howard escreveria apenas 14 histórias protagonizadas por Kull - para efeitos de comparação, de Conan ele escreveria 21 completas e 4 incompletas. Das 14 de Kull, três estavam incompletas, sendo concluídas para publicação por Lin Carter; essas três, mais
Por esse Machado eu Reino e as outras sete que não foram publicadas pela Weird Tales fariam sua estreia em um livro, chamado
King Kull, lançado pela Lancer Books em 1967, e que também incluía
Os Espelhos de Tuzun Thune e
O Reino das Sombras. As demais ficariam inéditas até 1978, à exceção de
A Maldição do Crânio Dourado, publicada no
fanzine The Howard Collector também em 1967. Desde a década de 1980, todas as 14 histórias de Kull foram republicadas por várias editoras em diversos países, mas jamais alcançaram o mesmo nível de popularidade que as de Conan.
No final da década de 1960, quando a Marvel começou a procurar por um herói de espada e magia, o preferido de Stan Lee para o cargo era Thongor, bárbaro que vivia em uma espécie de mundo pré-histórico criado por Carter. O roteirista escolhido para a empreitada, Roy Thomas, entraria em contato com Carter, mas jamais obteria uma resposta. Stan Lee, então, pediria para que ele tentasse obter os direitos de Kull, que estava em voga porque
King Kull havia acabado de ser lançado, por razões puramente estéticas: ele achava que o nome Kull chamaria atenção no título de uma revista. Nem Stan Lee, nem Thomas pensariam em Conan de primeira porque, na época, ele já era o personagem mais famoso de Howard, Thomas imaginou que ele seria muito caro, e Martin Goodman, o editor-chefe da Marvel, reservaria uma quantia muito baixa pelo licenciamento - porém, ao entrar em contato com o então detentor dos direitos, o advogado Glen Lord, Thomas conseguiria licenciar Conan, e o resto é história.
O enorme sucesso que Conan fez nos quadrinhos, que inclusive ajudaria a popularizar o personagem de forma jamais vista, levaria a Marvel a se interessar por outros personagens de Howard, e assim, mais uma vez, Thomas se viu com a missão de negociar os direitos de Kull. A estreia do atlante na Marvel seria na revista
Creatures on the Loose! 10, de março de 1971, em uma história curta, dividindo a revista com uma reimpressão, curiosamente chamada
Trull the Inhuman, sobre uma criatura que vivia na selva. Com roteiro de Thomas e arte de Bernie Wrightson, a história de Kull seria uma adaptação de
O Crânio do Silêncio, uma das histórias que Howard escreveu mas não conseguiu publicar em vida, tendo sido publicada pela primeira vez em
King Kull.
O sucesso da revista convenceria a Marvel a lançar uma série regular de Kull; como a de Conan era
Conan the Barbarian, eles optariam por chamá-la de
Kull the Conqueror. Com roteiros de Thomas até a quinta edição e de Gerry Conway a partir da sexta, e arte dos irmãos John e Marie Severin, a revista, totalmente em cores e seguindo os preceitos do
Comics Code Authority, seria lançada em junho de 1971, e traria apenas histórias inéditas - ou seja, nenhuma delas adaptação das de Howard - ambientadas já na época em que Kull era Rei da Valúsia. Infelizmente a revista não teve as boas vendas que a Marvel esperava, e chegou a ser cancelada após apenas duas edições (a segunda de setembro de 1971); contudo, muitas cartas continuaram chegando à redação pedindo por mais histórias de Kull, e, após testar as águas publicando uma, com roteiro de Thomas e arte dos Severin, na revista
Monsters in the Prowl 16, de abril de 1972, a Marvel decidiria retomar a
Kull the Conqueror, recomeçando da edição 3, em julho de 1972.
A revista seria publicada de forma bimestral, mas ainda com baixas vendas, até ser cancelada em setembro de 1973, após apenas 10 edições. Kull não ficaria de fora do mercado das revistas coloridas por muito tempo, entretanto: o cancelamento na verdade fazia parte de uma estratégia, com uma nova revista,
Kull the Destroyer, sendo lançada já em novembro de 1973 - o mês no qual a
Kull the Conqueror 11 deveria ter sido lançada se não tivesse sido cancelada. Assim como a de Conan fazia originalmente, essa revista apostaria em adaptações das histórias de Howard - começando já por
Por esse Machado eu Reino - e na rivalidade entre Kull e Thulsa Doom, com inclusive uma saga que abrangeria três edições.
A
Kull the Destroyer seguiria a numeração da
Kull the Conqueror, ou seja, seu primeiro número seria o 11. O número 12 atrasaria, e seria lançado apenas em fevereiro de 1974; a partir daí, a revista seria bimestral, mas, como as vendas não subiriam, seria novamente cancelada, após a edição 15, de agosto de 1974. A edição 11 teria roteiro de Thomas, as outras quatro de Steve Englehart, e a arte em todas as cinco edições seria de Mike Ploog.
Entre a
Kull the Conqueror e a
Kull the Destroyer, em outubro de 1973, a adaptação de
O Crânio do Silêncio seria republicada na revista
Savage Tales, voltada para o público adulto, em preto e branco, e sem a censura do CCA, em sua segunda edição. Quando a nova revista em preto e branco voltada para o público adulto de Conan,
The Savage Sword of Conan the Barbarian, fosse lançada, em agosto de 1974 - mesmo mês do cancelamento da
Kull the Destroyer - Kull passaria a ser
habitué dela, com histórias publicadas em várias edições. As primeiras seriam continuação direta das publicadas em
Kull the Destroyer, encerrando a história na qual Kull confronta Doom pelo trono da Valúsia, que havia ficado sem final, mas logo Kull passaria a ter histórias curtas de oito páginas, usadas para preencher o espaço que sobrava na revista após as histórias de Conan, bem mais longas e que eram o chamariz principal de cada edição.
Duas fases de Kull na
Savage Sword ficariam famosas. A primeira contaria com roteiros de Chuck Dixon, o roteirista que mais escreveu Kull em preto e branco, e arte de Geoff Isherwood; essas histórias eram mais ou menos seguidas e lidavam com um novo plano dos homens-serpente, que chegaram a sitiar a capital da Valúsia. A outra tinha roteiros de John Arcudi e arte de Dale Eaglesham; Arcudi introduziria um novo personagem, Bakas, que foi escravo remador junto com Kull, e o tratava como se fosse seu irmão mais novo. Perto do fim da revista, já na década de 1990, Thomas retornaria aos roteiros, mas escreveria apenas histórias que contavam o passado de Kull, antes de ele se tornar rei, que cobriram sua infância e adolescência em Atlântida e parte de sua juventude como escravo remador; seria com essas histórias que o nome
Kull da Atlântida se popularizaria, já que elas não podiam trazer no título o nome "Rei Kull", pois Kull ainda não era Rei.
Além de suas muitas aparições na
Savage Sword, em 1975 Kull ganharia uma revista em preto e branco com seu nome no título, graças a um mal-entendido: após o cancelamento da
Kull the Destroyer, Thomas pediria autorização a Stan Lee para lançar quatro minisséries, em preto e branco e voltadas para o público adulto, cada uma estrelada por um personagem criado por Howard: Kull, Red Sonja, Solomon Kane e Bran Mak Morn. Stan Lee daria autorização e informaria o editor da Marvel na época, Jim Steranko, do projeto. Por alguma falha na comunicação, Steranko entendeu que Thomas estava trabalhando em uma nova revista em preto e branco para adultos que, a cada edição, traria histórias desses quatro personagens, e publicaria essa informação em seu fanzine,
Mediascene. Logo começariam a chegar na redação da Marvel cartas querendo saber mais sobre essa nova revista, e Thomas, achando que essa era uma ideia melhor do que as quatro minisséries, decidiria trabalhar nessa ideia. Assim nasceria a revista
Kull and the Barbarians.
A primeira edição da
Kull and the Barbarians traria apenas material republicado, sendo três histórias em quadrinhos, duas delas de Kull (sendo uma
O Reino das Sombras) e uma adaptação de
O Vale do Verme, considerada uma das melhores histórias escritas por Howard, protagonizada pelo bárbaro Niord, além das matérias costumeiramente apresentadas nesse tipo de revista, como resenhas e
pin ups. A segunda edição, de julho, e a terceira, de setembro, trariam apenas material inédito, incluindo, em cada uma, uma história de Kull, uma de Solomon Kane e uma de Red Sonja, e, na segunda, um trecho de um livro ainda inédito do herói Blackmark, criado por Gil Kane. As vendas seriam dentro do esperado, mas, mesmo assim, após a terceira edição a Marvel decidiria cancelar a revista, alegando que ela era muito cara. A história de Kull da segunda edição teria roteiro de Gerry Conway e arte de Jess Jodloman, e a da terceira roteiro de Doug Moench e arte de Vicente Alcalzar.
O sucesso de Kull nas revistas em preto e branco, entretanto, motivaria a Marvel a relançar a
Kull the Destroyer, como se nada tivesse acontecido, em agosto de 1976, recomeçando da edição 16. Com roteiros de Doug Moench e arte de Ed Hannigan até a edição 20, e roteiros de Don Glut e arte de vários artistas, dentre eles dois nomes conhecidos dos fãs de Conan, Ernie Chan e Alfredo Alcalá, a partir da 21, a revista voltaria a investir apenas em histórias inéditas, mas a maioria delas tendo Thulsa Doom como antagonista. Ela seguiria sendo bimestral até outubro de 1978, quando seria definitivamente cancelada, na edição 29.
Em junho de 1979, Kull seria o astro da
Marvel Preview 19, outra revista em preto e branco voltada para o público adulto, em uma história com roteiro de Thomas e arte de Sal Buscema, que prometia ser seu embate definitivo contra Thulsa Doom. Após a edição 24, a
Marvel Preview seria renomeada para
Bizarre Adventures, mantendo a numeração. Kull estrelaria a edição 26, de maio de 1981, com roteiro de Moench e belíssima arte de John Bolton, na qual o Rei da Valúsia deve frustrar mais um plano dos homens-serpente para tomar seu trono. Ainda em 1981, Kull participaria da revista
Marvel Team Up, nas edições 111 e 112, de novembro e dezembro, em uma história na qual os homens-serpente tentam dominar o mundo na época atual, com o Homem-Aranha tentando detê-los e o Doutor Estranho usando um feitiço para enviar sua forma astral ao passado e conseguir a ajuda de Kull.
Essa história traria Kull de volta aos holofotes, e faria com que a Marvel planejasse o lançamento de uma minissérie em quatro partes estrelada pelo herói, que seria lançada em 1982. Sucessivos atrasos, entretanto, fariam com que a minissérie, chamada, assim como a primeira revista do atlante,
Kull the Conqueror, tivesse apenas duas edições, uma lançada em dezembro de 1982, com roteiro de Alan Zelenetz e arte de John Buscema, a outra em março de 1983, com roteiro de Moench e arte de Bolton. As vendas seriam acima do esperado, e a Marvel decidiria transformar a minissérie em uma série regular, mas, por algum motivo, decidiria recomeçar a numeração do 1, com uma nova
Kull the Conqueror sendo lançada em maio de 1983. A periodicidade também não era lá muito forte, com a edição 2 sendo lançada em julho, mas a 3 apenas em dezembro, da 4 a 7 em fevereiro, agosto, outubro e dezembro de 1984, e as três últimas em fevereiro, abril e junho de 1985. As vendas nunca agradaram à Marvel, que decidiria cancelar a revista após a décima edição. Em quase todas as edições, os roteiros seriam de Zelenetz e a arte de John Buscema.
A última revista estrelada por Kull publicada pela Marvel seria a
graphic novel Kull: The Vale of Shadow, de novembro de 1989, com roteiro de Zelenetz e arte de Tony DeZuniga, na qual o Rei Kull é dado como morto e seus conselheiros mais próximos relembram suas histórias favoritas vividas ao lado do monarca. Depois disso, ele teria histórias publicadas apenas na
Savage Sword, até o cancelamento da revista, em 1995, quando a série de aventuras de Kull antes de se tornar rei seria interrompida antes de chegar na parte em que ele matava o antigo rei e assumia o trono. Vale citar também que, nas décadas de 1970 e 1980, Kull faria algumas improváveis participações especiais em histórias do Conan publicadas na
Conan the Barbarian - normalmente em
flashbacks, mas houve uma história que envolveu uma viagem no tempo, que fez com que Conan e Kull se enfrentassem.
Assim como Conan, após deixar a Marvel, Kull iria para a Dark Horse, onde protagonizaria três minisséries:
Kull, com roteiro de Arvid Nelson e arte de Will Conrad e José Villarubia, em seis edições lançadas entre novembro de 2008 e maio de 2009, adaptando
O Reino das Sombras;
Kull: The Hate Witch, em quatro edições entre novembro de 2010 e fevereiro de 2011, com uma história inédita de David Lapham e arte de Gabriel Guzman; e
Kull: The Cat and the Skull, que adaptava a história de Howard
A Gata de Delcardes em quatro edições lançadas entre outubro de 2011 e janeiro de 2012, mais uma vez por Lapham e Guzman. Em 2017, Kull estrelaria
Kull Eternal, da IDW Publishing, na qual ele viajava no tempo e vivia aventuras em vários períodos da história; com roteiro de Tom Waltz e arte de Luca Pizzari, a revista não faria sucesso, e teria apenas três edições, lançadas entre junho e agosto. Hoje, os direitos sobre Kull pertencem à Kull Productions Inc., mas o personagem não é tão procurado quanto Conan, com seu principal material atualmente sendo republicações das histórias de Howard em livros, incluindo um lançado recentemente no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim.
Kull também foi astro de um filme para o cinema, lançado em 1997, sobre o qual eu falei brevemente quando fiz o post sobre os filmes de Conan - e que é tão ruim que eu prefiro não ter que abordar novamente, então vamos encerrar por aqui.