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sábado, 26 de julho de 2025

Escrito por em 26.7.25 com 0 comentários

Stargirl

Eu costumo dizer que comecei a ler DC depois de velho; a razão é que, na minha adolescência, eu só comprava revistas da Marvel (e algumas da Image), e só lia histórias da DC muito raramente, quando algum amigo me emprestava. A primeira revista da DC que eu comprei foi Watchmen, quando a Editora Abril a relançou, em 1999, e somente depois dos 30 anos eu decidi passar a comprar encadernados das histórias mais famosas da DC para ler e guardar. Hoje, a maior parte da minha coleção ainda é Marvel, mas já posso incluir algumas histórias da DC dentre as minhas favoritas.

Se eu tivesse que escolher a minha favorita de todas, excluindo Watchmen, creio que escolheria a fase da Sociedade da Justiça escrita por Geoff Johns. Por várias vezes eu pensei em fazer um post sobre a Sociedade da Justiça só para falar dela, até que essa semana eu optei por algo parecido: falar sobre uma heroína criada por Johns, que é peça fundamental em sua passagem pela SJA. Hoje é dia de Stargirl no átomo.

Mas, antes de falar de Stargirl, é preciso voltar bastante no tempo, para falar um pouco sobre outro herói da DC, o Sideral. Criado por um dos co-criadores do Superman, o roteirista Jerry Siegel, em parceria com o desenhista Hal Sherman, Sideral, cujo nome em inglês era Star-Spangled Kid, era o adolescente milionário Sylvester Pemberton Jr., que decidiu assumir uma identidade secreta para combater o nazismo. Uma das suas principais características, entretanto, era que ele tinha um parceiro adulto, Pat Dugan, o motorista da família Pemberton, que usava o codinome Listrado (Stripesy em inglês), e o acompanhava em todas as missões, mas não tinha nada de figura paterna, tutor ou mentor, tratando Sideral como um igual e frequentemente discutindo com ele que o nome da dupla deveria ser "Listrado e Sideral" ao invés de "Sideral e Listrado", já que ele era mais velho. Em inglês, os nomes de Sideral e Listrado eram uma referência aos dois apelidos da bandeira dos Estados Unidos, Star-Spangled Banner (algo como "a faixa estrelada") e Stars and Stripes ("estrelas e listras").

Nem Sideral, nem Listrado tinham qualquer superpoder, mas ambos eram extremamente competentes no combate corpo a corpo, com Sideral sendo muito ágil e Listrado muito forte; seu treinamento consistia em criar acrobacias que tirassem o melhor de suas habilidades individuais agindo em conjunto, o que permitia que eles saíssem dando saltos e piruetas pelo campo de batalha enquanto nocauteavam seus inimigos. A dupla estrearia na revista Star Spangled Comics número 1, de outubro de 1941, e teria aventuras publicadas até a edição 86, de novembro de 1948 - com Robin passando a ser o astro da revista a partir da edição 87 - além de aparecer esporadicamente, entre 1942 e 1945, na World's Finest Comics, como parte das equipes Sete Soldados da Vitória e Comando Invencível. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e da Era de Ouro dos Quadrinhos, entretanto, os dois desapareceriam das publicações da DC, retornando apenas na década de 1970, quando foi revelado que os Sete Soldados da Vitória haviam ficado presos no passado durante uma aventura com viagem no tempo, sendo salvos pelo Lanterna Verde.

Sideral, então, se uniria à Liga da Justiça substituindo Starman, que estava se recuperando de ferimentos sofridos em uma missão, e passaria a usar seu Cajado Cósmico; quando Starman se recuperasse e voltasse à equipe, ele estudaria o Cajado e criaria um Cinturão que dava a ele os poderes de voo, projeção energética e transmutação da matéria. Sideral se aposentaria temporariamente da vida de super-herói para assumir os negócios do pai, que, como ele estava desaparecido, foram parar nas mãos de um sobrinho corrupto, mas retornaria em 1986, adulto, com o codinome de Skyman e liderando a equipe Corporação Infinito. Ele acabaria morto pelo vilão Sr. Bones dois anos depois, em 1988, e permanece morto desde então.

Dez anos depois, em 1998, Johns decidiria criar um novo personagem para assumir o manto de Sideral, e, com o desenhista Lee Moder, criaria Courtney Whitmore, que tinha o mesmo nome, aparência e personalidade da irmã do roteirista, Courtney Johns, que havia falecido aos 18 anos, em 1996, em um desastre aéreo. Nos quadrinhos, a mãe da adolescente Courtney se casa com Pat Dugan, e a família se muda de Los Angeles para a pequena Blue Valley, no interior do Nebraska. Ressentida pelo novo casamento da mãe e pela mudança de cidade, Courtney faz de tudo para atazanar Dugan, até que encontra o Cinturão e um antigo uniforme de Sideral dentre os pertences do padrasto, e decide vesti-lo para provocá-lo. Gostando de ser uma super-heroína e combater o crime, Courtney logo modifica o uniforme para uma versão mais feminina, e passa a enfrentar os maiores vilões de Blue Valley, com sua arqui-inimiga sendo Shiv, que também é adolescente, além de filha do vilão Rei Dragão. Como ela é iniciante e não tem as manhas da profissão, Dugan, que já está com mais de 40 anos e não tem mais a agilidade de outrora, decide criar uma armadura robótica, que chama de F.A.I.X.A., para poder acompanhar Courtney durante as missões.

Após uma aparição relâmpago na revista DCU Heroes: Secret Files & Origins número 1, de fevereiro de 1999, Courtney faria sua estreia oficial na Stars and S.T.R.I.P.E. número 0, de julho. Ela seguiria usando o codinome Sideral até 2003, quando receberia o Cajado Cósmico de Jack Knight, filho do Starman original (que se chamava Ted Knight) e segundo Starman; cansado da vida de super-herói, Jack decidiria se aposentar e, sem um herdeiro, consideraria Courtney a escolha perfeita para manter vivo o legado de Starman. Assim, após mais algumas aventuras, na JSA: All Stars número 4, de outubro de 2003, ela decidiria adotar o nome de Stargirl.

Além de viver aventuras solo, Courtney se tornaria membro da Sociedade da Justiça, se unindo a heróis veteranos como Pantera, Dr. Meia-Noite, Homem-Hora e os Lanterna Verde e Flash da Era de Ouro, e a novatos como Jakeem Thunder e o Esmaga-Átomo. Suas aventiras com a equipe seriam narradas principalmente nas revistas da Sociedade da Justiça, como Justice Society of America, JSA e JSA: All Stars, com algumas participações especiais em outras publicações, especialmente Trinity - a revista que tinha como protagonistas Superman, Batman e a Mulher Maravilha.

Ao longo de seus anos como membro da Sociedade da Justiça, Stargirl criaria uma inimizade com Solomon Grundy, que se tornaria obcecado por derrotá-la, e teria um relacionamento amoroso com o Capitão Marvel - extremamente criticado por ser "um adulto namorando uma adolescente", o Capitão Marvel decidiria desmanchar o romance e deixar a equipe, não querendo revelar que sua identidade secreta, Billy Batson, tinha mais ou menos a mesma idade de Courtney. Durante os eventos da Crise Infinita, Stargirl faria parte de uma equipe que reuniria alguns membros da Sociedade da Justiça, dos Jovens Titãs e da Patrulha do Destino que teria como missão impedir Superboy de destruir Smallville. Depois disso, ela desfaria sua parceria com F.A.I.X.A., se tornaria uma universitária, e faria uma modificação no Cajado para que ele pudesse encolher e ficar mais portátil, sendo carregado com ela durante todo o dia.

Durante a saga Um Ano Depois, apesar da pouca idade, Stargirl se tornaria uma espécie de mentora para super-heroínas mais jovens, como a Ciclone, neta da Tornado Vermelho original, e Rajada, filha do Raio Negro. Por causa disso, quando um racha dividiria a Sociedade da Justiça em duas, Stargirl seria convencida a integrar a equipe mais jovem, liderada pela Poderosa, mesmo se sentindo mais à vontade dentre os membros mais velhos.

Então viria a saga Os Novos 52, que faria um reboot no Universo DC, e Stargirl passaria a ser membro da Liga da Justiça, vivendo aventuras nas revistas Justice League of America e Justice League United. Nessa nova versão, ela já é Stargirl desde o início, tendo encontrado o uniforme e o Cajado dentre os pertences de Dugan após ele se casar com sua mãe, e a princípio os usando para ficar famosa na internet. Ela seria escolhida por Amanda Waller para ser a relações-públicas da equipe, e estaria dentre os heróis que enfrentariam o Dr. Manhattan na Lua, dando origem à saga Renascimento. A principal aventura de Stargirl pós-Renascimento seria a minissérie Stargirl: The Lost Children, em 6 edições lançadas entre janeiro e julho de 2023, com roteiro de Johns e arte de Todd Nauck, na qual ela deve resgatar 13 parceiros de heróis que foram removidos da Linha do Tempo pelos Mestres do Tempo.

E agora chega a parte em que eu confesso que decidi escrever esse post sobre Stargirl não somente por causa de sua carreira nos quadrinhos, mas principalmente por causa de sua série de TV. Criada por Johns, a série seria originalmente produzida para o serviço de streaming DC Universe, criado pela Warner Bros., dona da DC Comics, não somente para a exibição de filmes e séries, mas também para a disponibilização em formato digital de revistas em quadrinhos da DC - pagando apenas uma mensalidade, os assinantes teriam acesso aos quadrinhos digitais, a filmes e séries antigos com personagens da DC, e a novas produções, criadas especificamente para o serviço. Stargirl seria a quarta série inédita com atores de carne e osso do DC Universe, após Titãs, Patrulha do Destino e Monstro do Pântano.

Na série, após combater o crime ao lado de Pat Dugan como Sideral e Listrado, tanto como uma dupla quanto como membro dos Sete Soldados da Vitória, Sylvester Pemberton recebe o Cajado Cósmico das mãos de Ted Knight, passa a adotar o nome de Starman e se une à Sociedade da Justiça. Um dia, a Sociedade é atraída para uma emboscada por seus maiores inimigos, a Sociedade da Injustiça da América (sério, quem é que inventa para si mesmo um nome desses? Só não é pior que Brotherhood of Evil Mutants) e todos são mortos, exceto Listrado, que, após uma briga com Starman, fica "de castigo" no quartel general da equipe, somente chegando quando já é tarde demais para salvá-los. Na mesma noite, uma Courtney Whitmore ainda criança espera, em vão, pela chegada de seu pai, que nunca mais aparece, deixando sua mãe sozinha para criá-la.

Dez anos se passam, e Courtney está levemente insatisfeita, não somente porque sua mãe decidiu se casar de novo, com Dugan, que já tem um filho de um relacionamento anterior, mas também porque ela decide aceitar uma sugestão do novo marido e ir morar na minúscula Blue Valley, no interior do Nebraska, completamente diferente da enorme Los Angeles onde Courtney cresceu. Por uma dessas coincidências que só ocorrem nesses casos, Blue Valley também é a sede de operações da Sociedade da Injustiça, que, após eliminar a Sociedade da Justiça, passou a viver escondida à plena vista, com seus membros se tornando cidadãos responsáveis e valiosos para a comunidade - mas isso também sendo parte de um plano, segundo o qual eles usarão um equipamento eletrônico para controlar as mentes dos habitantes de grande parte do país.

Courtney descobre esse plano acidentalmente, após encontrar por acaso o Cajado Cósmico dentre os pertences de Dugan. Inativo desde a morte de Starman, o Cajado estabelece uma ligação com Courtney, o que leva a menina a, após confrontar Dugan e descobrir a história da morte da Sociedade da Justiça, concluir que seu pai desaparecido era ninguém menos que Starman. Assim, ela decide modificar um uniforme antigo de Starman, e usar ele e o cajado para se tornar Stargirl - mas, como a ameaça da Sociedade da Injustiça é grande demais para ela combater sozinha, ela decide recriar a Sociedade da Justiça, entregando equipamentos como a máscara do Pantera, a ampulheta do Homem-Hora e os óculos do Dr. Meia-Noite para seus amigos de escola, que passam a combater o crime a seu lado. Usando uma armadura robótica que Courtney chama de F.A.I.X.A., Dugan também auxilia a equipe, embora Courtney constantemente rejeite seu papel de mentor do grupo, se vendo como a líder.

Johns seria consultor e um dos principais roteristas da série, escrevendo o piloto, o segundo episódio e o último da primeira temporada. Ele declararia querer fazer uma série de aventura adolescente semelhante em tom a produções dos anos 1980 como E.T.: O Extra-Terrestre e De Voilta para o Futuro, mostrando os novos membros da Sociedade da Justiça aprendendo a usar seus poderes ao mesmo tempo em que passam por provações típicas da adolescência, como bullying, dificuldades de relacionamento com os pais e pressão social. A decisão de matar os membros originais da Sociedade da Justiça seria tomada para que os novos não vivessem à sua sombra, embora respeitassem seu legado, e para que os espectadores não ficassem frequentemente se perguntando coisas como "por que o Lanterna Verde e o Flash não ajudaram nessa batalha?".

O elenco principal conta com Brec Bassinger como Courtney Whitmore / Stargirl; Yvette Monreal como Yolanda Montez, colega de escola de Courtney atlética e determinada, mas de família conservadora, que vê sua vida desmoronar após fotos íntimas serem divulgadas online, e é escolhida para receber a máscara do Pantera; Anjelika Washington como Beth Chapel, menina estudiosa com dificuldades de relacionamento na escola e com os pais, que entra para a equipe após surrupiar os óculos do Dr. Meia-Noite; Cameron Gellman como Rick Tyler, filho do Homem-Hora original, ressentido por ter sido criado por um tio abusivo após seus pais morrerem no que aparentemente havia sido um acidente, e que entra em uma espiral de vingança após descobrir que eles foram mortos pela Sociedade da Injustiça, usando a ampulheta do Homem-Hora, que confere uma hora de superpoderes por dia, para enfrentá-los; Meg DeLacy como Cindy Burman / Shiv, garota mais popular da escola e filha do Rei Dragão, que fez vários experimentos bizarros em seu corpo ao longo de sua vida, que logo se torna rival de Courtney e arqui-inimiga de Stargirl; Jake Austin Walker como Henry King, Jr., capitão do time de futebol americano da escola, ex-namorado de Yolanda, atual de Cindy, e filho do vilão Onda Mental, mas que acha que o pai é apenas um bem-sucedido médico; Trae Romano como Mike, filho de Dugan cuja mãe é ausente e tem como maior desejo se unir à nova Sociedade da Justiça para provar ao pai que é útil; Hunter Sansone como Cameron Mahkent, menino sensível e artístico por quem Courtney fica interessada romanticamente, sem saber que ele é filho do vilão Geada; Amy Smart como Barbara Whitmore, mãe de Courtney; e Luke Wilson como Pat Dugan / Listrado.

A Sociedade da Injustiça é liderada por Jordan Mahkent / Geada (Neil Jackson), que tem o poder de congelar o ar a seu redor, e posa como um bem-sucedido empresário, CEO da American Dream, onde Barbara trabalha, que tem um ambicioso plano de revitalização de Blue Valley. Seus demais membros são Henry King, Sr. / Onda Mental (Christopher James Baker), que tem o poder de controlar as mentes alheias e é um dos médicos mais respeitados da cidade; Lawrence Crock, apelido Crusher (Neil Hopkins), e sua esposa, Paula Brooks (Joy Osmanski), que posam como donos de uma academia de ginástica, mas são na verdade os vilões Mestre dos Esportes e Tigresa; Stephen Sharpe / Jogador (Eric Goins), mestre das probabilidades e responsável por gerir as finanças da equipe; o Dr. Shiro Ito / Rei Dragão (Nelson Lee), cientista mestre da genética vivo há centenas de anos graças a inúmeras modificações que fez em seu corpo; Anaya Bowin / Violinista (Hina X. Khan), diretora da escola onde Courtney e seus amigos estudam, capaz de realizar vários efeitos sinistros com os sons de seu violino; William Zarick / Mago (Joe Knezevich), atualmente um vereador, anteriormente um mágico profissional, que tinha poderes mágicos sem que ninguém soubesse; e Solomon Grundy, um morto-vivo gigantesco, pouco racional e extremamente forte, que Geada consegue controlar, mas cujas origens jamais são explicadas.

Já a Sociedade da Justiça original, que aparece em flashbacks, conta com Sylvester Pemberton / Starman (Joel McHale), Ted Grant / Pantera (Brian Stapf), Charles McNider / Dr. Meia-Noite (Henry Thomas, que também faz a voz da inteligência artificial dos óculos do herói, a quem Beth chama de "Chuck"), e Rex Tyler / Homem-Hora (Lou Ferrigno, Jr.). Outros personagens que merecem ser citados são os pais de Beth, James Chapel (Gilbert Glenn Brown), que trabalha na American Dream, e a Dra. Bridget Chapel (Kron Moore), que trabalha no mesmo hospital que Onda Mental; Artemis Crock (Stella Smith), filha do Mestre dos Esportes e de Tigresa e ás dos esportes, cotada para ser a primeira quarterback feminina em um time de futebol americano universitário; Isaac Bowin (Max Frantz), filho da Violinista, com aptidão para vários instrumentos musicais; Joey Zarick (Will Deusner), filho do Mago, que fica amigo de Courtney; Denise Zarick (Cynthia Evans), esposa do Mago e mãe de Joey; Zeek (King Orba), mecânico amigo de Dugan que acaba descobrindo acidentalmente que é ele quem pilota o F.A.I.X.A. e se tornando um membro não-oficial da nova Sociedade da Justiça; Justin (Mark Ashworth), o zelador da escola, que tem amnésia e um segredo em seu passado; Matt Harris (Adam Aalderks), tio de Rick, que o criou; os pais de Geada, Sofus (Jim France) e Lily Mahkent (Kay Galvin); e Maria (Maria Sager), a garçonete do diner da cidade, onde Yolanda trabalha e os demais personagens costumam se encontrar, de propósito ou acidentalmente.

Johns diria que a parte mais difícil da produção seria a escolha da atriz que interpretaria Courtney, com centenas sendo testadas, e ele tendo certeza de que a novata Brec Bassinger era perfeita para o papel assim que viu seu teste. A equipe de figurinos tentaria fazer os uniformes o mais parecidos possível com os dos quadrinhos, mudando apenas detalhes que prejudicassem os movimentos dos atores. As filmagens ocorreriam na região metropolitana de Atlanta, com quase todos os locais e prédios de Blue Valley existindo em pequenas cidades da região, como Marietta, Duluth e Lithia Springs; as cenas em estúdio seriam gravadas em Dallas. O treinador de dublês Walter Garcia seria contratado especificamente para trabalhar com Bessinger e suas dublês, fazendo as coreografias de suas cenas de luta com o intuito de que o Cajado parecesse vivo e ajudando Courtney em seus movimentos, ao invés de simplesmente uma arma empunhada por ela.

Os efeitos especiais ficariam a cargo da Zoic Studios; a pedido de Johns, Stargirl seria a primeira série para a TV produzida pela Warner a usar o recurso da previsualização, normalmente reservado para produções de cinema, já que aumenta o custo final, mas que permitiu que a série tivesse "efeitos jamais vistos em séries de super-heróis". Os dois maiores destaques seriam o Cajado Cósmico, que existia em uma versão cenográfica, mas era alterado digitalmente na pós-produção, e Solomon Grundy, que era um personagem 100% digital. O robô F.A.I.X.A., assim como o Cajado, existia em uma versão cenográfica, criada pela Legacy Effects, que tinha movimentos limitados e contracenava com os atores, mas cenas que envolviam movimentos mais complexos, ou nas quais ele aparecia voando, usavam um modelo digital inserido na pós-produção.

Stargirl estrearia no DC Universe em 18 de maio de 2020, com um total de 13 episódios, um lançado por semana até 10 de agosto; através de um acordo, o canal a cabo The CW também exibiria os episódios, com cada um estreando no dia seguinte ao de sua disponibilização no streaming - cada episódio no CW, porém, tinha alguns minutos a menos em relação aos do streaming, para que pudessem ser exibidos comerciais, com Johns supervisionando quais cenas poderiam ser cortadas sem que a história fosse prejudicada. A partir de 1 de dezembro de 2020, a série também seria disponibilizada como parte do catálogo do novo serviço de streaming da Warner, o HBO Max. A Warner jamais divulgou os números da audiência no streaming, mas no CW eles eram excelentes, rivalizando com os das séries do Arrowverso, carro-chefe do canal na época.

Em junho de 2020, porém, pouco após a estreia de Stargirl, a Warner decidiria descontinuar o DC Universe, que sairia totalmente do ar em 21 de janeiro de 2021, criando um novo serviço de quadrinhos digitais, chamado DC Universe Infinite, e movendo todos os seus filmes e séries, originais ou não, para o HBO Max, que havia estreado em 27 de maio de 2020, uma semana após a estreia de Stargirl. Com essa decisão, Stargirl, assim como havia ocorrido com Monstro do Pântano um ano antes, seria cancelada após apenas uma temporada, com apenas Patrulha do Destino e Titãs seguindo em produção para serem exibidas na HBO Max. O CW, entretanto, estava tão satisfeito com a audiência de Stargirl que faria à Warner uma proposta: financiaria a produção de uma segunda temporada, desde que ela fosse exibida com exclusividade pelo canal a cabo.

Assim, em 10 de agosto de 2021, estrearia no CW a segunda temporada, com o título de Stargirl: Summer School ("curso de verão", a "recuperação" nas escolas dos Estados Unidos, onde os alunos que não passaram de ano, como Courtney, têm de frequentar aulas especiais durante as férias de verão) e 13 novos episódios, exibidos um por semana até 2 de novembro. A temporada completa seria disponibilizada na HBO Max em 10 de dezembro, mas, dessa vez, não haveria diferenças entre os episódios exibidos no streaming e na TV.

Após a Sociedade da Injustiça ter sido desmantelada na primeira temporada, na segunda a ameaça é o vilão Eclipso, banido anos atrás para uma dimensão paralela pela Sociedade da Justiça original, e que agora busca se utilizar do desejo de vingança de Cindy contra Courtney para escapar. Para detê-lo, a nova Sociedade da Justiça terá um aliado improvável, o vilão Penumbra, que saiu da Sociedade da Injustiça após se desentender com Geada, usa fumaça e sombras para se teletransportar e atacar seus inimigos e compartilha uma ligação com a dimensão para onde Eclipso foi banido.

Novos nomes da segunda temporada incluem Nick E. Tarabay como Eclipso; Jonathan Cake como Richard Swift / Penumbra; Ysa Penarejo como Jennifer-Lynn Hayden / Jade, filha do Lanterna Verde original, que usa o anel do pai e vem a Blue Valley tentando encontrar seu irmão desaparecido; Alkoya Brunson como Jakeem Williams, colega de Mike na escola e como entregador de jornais; Randy Havens como Paul Deisinger, professor de artes na escola de Courtney; Keith David como o Sr. Bones, que tem a pele transparente e cujo toque pode matar qualquer ser vivo; e Lynne Ashe como a Enfermeira Louise Love, que trabalha para uma instituição onde Jade acredita que seu irmão está sendo mantido contra a sua vontade. Outros membros da Sociedade da Justiça original que aparecem em flashbacks são Jay Garrick / Flash (John Wesley Shipp), Johnny Trovoada (Ethan Embry) e seu parceiro, o gênio Relâmpago (voz de Jim Gaffigan). Alicia Witt faz uma participação especial como a mãe de Mike, Maggie, e Alex Collins substituiria Henry Thomas como Chales McNider / Dr. Meia-Noite.

A primeira temporada de Stargirl já havia sido aclamada pela crítica, que elogiaria principalmente o texto de Johns, as atuações de Bassinger e Wilson e o clima leve dos episódios, diferente das demais produções de super-heróis da época; a segunda temporada traria um clima mais pesado, mas mais uma vez seria aclamada, com o tom mais adulto sendo considerado uma evolução natural em relação ao que havia sido mostrado um ano antes. Antes mesmo da estreia da segunda temporada, a CW conseguiria um acordo com a Warner, que garantia não somente sua exibição na HBO Max, mas também uma parceria no financiamento de uma terceita temporada - como o último episódio da segunda ainda não havia sido filmado, Johns aproveitaria e incluiria uma cena que já preparava o terreno para a terceira, estabelecendo qual seria sua história.

Basicamente, a terceira temporada lidaria com a redenção dos vilões: após Penumbra decidir abrir mão de suas atividades criminosas e se estabelecer como um cidadão respeitável de Blue Valley; Crusher e Paula abandonam suas vidas duplas, se mudam para a casa vizinha à de Courtney e fazem de tudo para serem os novos melhores amigos de Dugan e Barbara; Cindy e Artemis (usando os equipamentos do pai e o nome de Mestra dos Esportes) decidem se unir à nova Sociedade da Justiça; o Jogador decide abrir mão de seus esquemas fraudulentos e investir seu dinheiro para reencontrar sua filha e fazer as pazes com ela; e até mesmo Geada retorna se dizendo arrependido e querendo reparar os erros que cometeu como líder da Sociedade da Injustiça. Mas o assassinato do Jogador joga uma sombra sobre os vilões redimidos, levando a crer que pelo menos um deles não abandonou seus antigos hábitos, e fazendo com que a Sociedade da Justiça tenha de encontrar o assassino. Paralelamente a isso, Mike e Jakeem, que acidentalmente se torna o novo parceiro de Relâmpago, se ressentem por não poderem fazer parte da Sociedade da Justiça, tentando formar sua própria equipe, o Comando Juvenil; e Starman aparentemente retorna dos mortos, passando a compartilhar o cajado com Courtney e a trazer muita tensão para o relacionamento dela com Dugan, que ele ainda vê como seu parceiro.

Com o nome de Stargirl: Frenemies (algo como "aminimigos"), a terceira temporada, de mais 13 episódios, seria exibida pelo CW entre 31 de agosto e 7 de dezembro de 2022, e disponibilizada na HBO Max em 6 de janeiro de 2023. Os únicos novos nomes de peso do elenco são Tïm Gabriel como Todd Rice / Obsidiano, o irmão de Jade; e Seth Green, que substituiria Gaffigan como a voz de Relâmpago, que seria mais um personagem totalmente digital. A terceira temporada não conseguiria manter os mesmos níveis de audiência das duas primeiras, e seria considerada bastante inferior a elas pela crítica, que reclamaria dos clichês do "quem matou" e do "retorno dos mortos"; por causa disso, enquanto ela ainda estava no ar, o CW cancelaria a série, não renovando-a para uma quarta temporada.

Johns ficaria decepcionado com o cancelamento, principalmente porque, devido a uma cena de um dos episódios da primeira temporada ter aparecido no crossover do Arrowverso Crise nas Infinitas Terras, em janeiro de 2020, ele tinha esperança de escrever um episódio crossover entre as séries Stargirl e The Flash - com Bassinger declarando em entrevistas que gostaria de ver Stargirl e Supergirl lutando lado a lado, para que ela pudesse contracenar com Melissa Benoist, e Shipp sendo escolhido especificamente para interpretar o Flash na segunda temporada de Stargirl por já ter interpretado Garrick em The Flash, estabelecendo uma ligação entre as duas séries. Johns ainda tentaria convencer a Warner a financiar uma quarta temporada para exibição na HBO Max, mas desisitiria após ser informado de que isso poderia fazer com que o crossover com The Flash ficasse ainda mais difícil, já que o Arrowverso era produzido pelo CW sem interferência direta da Warner. O máximo em matéria de crossover que ele conseguiria seria Bassinger interpretar Stargirl em um episódio da quarta temporada de Titãs.

Como o cancelamento ocorreria após todos os episódios da terceira temporada já terem sido filmados, a história ficaria com algumas pontas soltas; Johns conseguiria, entretanto, autorização do CW para filmar uma nova cena final para o último episódio, ambientada muitos anos no futuro, e, dos atores da série, contava apenas com a participação de Cake - mas ajudava a deixar claro que a Sociedade da Justiça fundada por Courtney se tornaria uma força do bem não só em Blue Valley mas em todo o planeta, alcançando um legado comparável ao da equipe original.
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sábado, 21 de junho de 2025

Escrito por em 21.6.25 com 0 comentários

Wolverine (I)

Nos últimos três meses, eu tenho feito uma série de posts sobre os filmes dos X-Men, com a intenção de fazer um post sobre os filmes do Wolverine, motivado por ter feito um post sobre os filmes do Deadpool, que por sua vez eu decidi fazer depois de um sobre os filmes do Blade. E esse post ainda não será publicado hoje, porque eu acabei achando que seria legal se, assim como fiz com Blade e Deadpool, antes do post sobre os filmes, fizesse um post falando sobre Wolverine nos quadrinhos. Hoje, portanto, é dia de Wolverine no átomo!


Wolverine é, sem dúvida nenhuma, o mais popular dos X-Men, mas, originalmente, ele não foi criado para ser um X-Man - na verdade, sequer para ser um herói, mas sim um antagonista do Hulk. A época era a metade da década de 1970, e a revista The Incredible Hulk estava a cargo do roteirista Len Wein e do desenhista Herb Trimpe, que, no último quadrinho da edição 180, de outubro de 1974, introduziram um novo e enigmático personagem chamado Wolverine. Na edição seguinte, Hulk e Wolverine cairiam na porrada, e aquele sujeito baixinho e invocado, aparentemente sem nenhum superpoder, que tinha garras retráteis e um uniforme amarelo chamativo, de alguma forma evitaria ser transformado em purê pelo Golias Esmeralda, usando apenas uma impressionante agilidade e reflexos mais apurados que os de um ser humano comum.

Apesar de suas duas primeiras histórias terem sido desenhadas por Trimpe, oficialmente os co-criadores de Wolverine são Wein e o desenhista John Romita, que criou não somente o primeiro uniforme do personagem, mas também deu a ideia de suas garras retráteis - sob o argumento de que, após desenhar as garras, ficou imaginando como ele faria para coçar o nariz ou amarrar os sapatos. Trimpe sempre recusou crédito de criador, dizendo que "Wein e Romita costuraram a criatura, eu apenas dei o choque que a trouxe à vida". Por outro lado, Roy Thomas, que na época era editor da Marvel, desde a morte de Wein alega também ser um co-criador, por ter pedido especificamente a Wein e Romita para que criassem um personagem chamado Wolverine, que fosse canadense, baixinho, e tivesse a ferocidade de um carcaju - animal nativo do Canadá cujo nome em inglês é wolverine, conhecido por enfrentar animais muito maiores que ele, como ursos, sendo considerado um símbolo de ferocidade. Como Romita também já é falecido, ninguém tem como provar ou desmentir a alegação de Thomas.

Seja como for, Wolverine não era exatamente um vilão, e sim uma espécie de agente secreto do governo canadense, que só enfrentou o Hulk porque, durante uma luta contra o Wendigo, o Verdão cruzou a fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, que não queria seres superpoderosos se estapeando e destruindo tudo por lá, então enviou Wolverine para acabar com a briga - aliás, quando vê que o Wendigo é vítima de uma maldição e o Hulk estava lutando apenas para evitar que ele causasse mais destruição, Wolverine revela que tem um bom coração, fingindo ser nocauteado pelo Hulk para que o Gigante Gama retorne aos Estados Unidos por sua própria vontade.

Segundo Trimpe, Wolverine seria mais um dos muitos personagens que, na época, a Marvel introduzia em uma edição com um propósito específico e jamais voltava a utilizar novamente no futuro. Eu poderia dizer que ele fez tanto sucesso com os leitores que cartas inundaram a redação pedindo seu retorno como protagonista, mas a verdade é que não aconteceu nada disso, e Wolverine só retornou em um papel maior graças à preguiça de Wein, que, recebendo a incumbência de criar uma nova equipe de X-Men, decidiria reaproveitar alguns personagens antigos, para não ter que inventar muitos novos.

Para quem não sabe, a equipe original dos X-Men, criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1963, consistia de apenas cinco membros: Ciclope, Anjo, Fera, Homem de Gelo e Garota Marvel (Jean Grey), mentorados pelo Professor X - mais tarde, dois novos "recrutas" se uniriam à equipe, Destrutor e Polaris. Apesar de um pequeno sucesso inicial, a revista The X-Men jamais seria verdadeiramente popular e, após a edição 66, de março de 1970, seria oficialmente cancelada. Por decisão de Lee, entretanto, ao invés de retirar a revista do catálogo da Marvel, a editora a seguiria publicando, reimprimindo histórias antigas entre as edições 67 e 93. Essas edições teriam vendas muito acima do esperado, o que faria com que Lee decidisse lançar uma edição especial, para ver se valia a pena voltar a investir na publicação de histórias inéditas da equipe. Para essa empreitada, ele chamaria Wein e o desenhista Dave Cockrum, que deveriam produzir uma edição especial de 68 páginas - o normal, na época, era entre 28 e 32 - com uma história inédita.

Wein pensaria que faria muito mais sentido se os "novos X-Men" fossem uma equipe internacional e multirracial, ao invés de oito norte-americanos brancos como a equipe original, e que fossem todos adultos, pois a narrativa de adolescentes descobrindo seus poderes já era considerada ultrapassada. Assim, ele inventaria, de cara, quatro novos personagens: a africana Tempestade, o russo Colossus, o alemão de aparência demoníaca Noturno e o nativo norte-americano Pássaro Trovejante. Não querendo que a equipe tivesse somente esses quatro, e já sem inspiração para continuar inventando, ele incluiria também três personagens antigos: o japonês Solaris, criado por Thomas e Don Heck, que havia sido coadjuvante em algumas histórias da equipe original; o irlandês Banshee, criado por Thomas e Werner Roth, originalmente um vilão, reimaginado como um agente da Interpol; e Wolverine, que ganharia um "fator de cura", a habilidade de se recuperar rapidamente de qualquer tipo de ferimento e, assim, se tornaria também um mutante, apto a fazer parte da equipe dos X-Men. Lançada em maio de 1975 com o nome de Giant-Size X-Men, a revista seria um grande sucesso, e, a partir da edição 94, lançada em agosto, a revista X-Men passaria a trazer aventuras dessa equipe, mentorada pelo Professor X, liderada por Ciclope e acrescida de Jean Grey, com os outros X-Men originais dando as caras apenas ocasionalmente.

Quem desenharia a capa de Giant-Size X-Men seria Gil Kane, que, por alguma razão - talvez por tentar desenhar de cabeça - faria várias "mudanças acidentais" no uniforme de Wolverine, a principal delas na máscara, que, ao invés de apenas sombras pretas ao redor dos olhos, tinha prolongamentos laterais pontudos. Cockrum, que achava a máscara original muito parecida com a do Batman, gostaria da mudança, e desenharia Wolverine ao longo da edição com o uniforme acidentalmente criado por Kane, com a máscara se tornando um dos elementos mais característicos e populares do personagem nos anos seguintes. Cockrum também seria o primeiro a desenhar o personagem sem máscara, e acabaria criando outro de seus traços característicos, o cabelo quase que acompanhando o formato da máscara, complementado por fartas costeletas. Cockrum diria ter se inspirado no cabelo de outro dos X-Men, o Fera, para tentar passar a imagem de que Wolverine tinha um temperamento feroz; Wein, entretanto, não gostaria, alegando que, em sua mente, Wolverine tinha cerca de 18 anos, mas Cockrum o havia desenhado com mais de 40. Cockrum também seria o responsável por outros elementos característicos do traje civil de Wolverine, como o chapéu de caubói, a jaqueta de aviador e o charuto sempre na mão ou na boca.

Wein seria o roteirista apenas de Giant-Size X-Men; a partir da X-Men 94, os roteiros ficariam a cargo de Chris Claremont, que determinaria o nome de batismo de Wolverine: Logan. Segundo o roteirista, a escolha foi uma alusão ao Monte Logan, a montanha mais alta do Canadá, com a ideia sendo "dar o nome da montanha mais alta ao X-Men mais baixinho". Falando nisso, embora quem tenha conhecido os X-Men pelos filmes não repare, já que Hugh Jackman tem 1,80 m, Wolverine sempre foi o mais baixinho dos X-Men, com essa sendo outra de suas características distintivas - da equipe formada em X-Men 94 ele era o mais baixo, embora Noturno, que andava curvado, algumas vezes estivesse com os olhos na mesma altura dos dele, e, na equipe que ficaria famosa através do desenho dos anos 1990, ele só não era mais baixo que Jubileu.

Ao longo da década de 1970, Claremont e John Byrne, que assumiria a arte na X-Men 111, de junho de 1978, mas em muitas edições também seria um co-roteirista não creditado, definiriam a personalidade de Wolverine, que o transformariam no mais popular dos X-Men: no final dos anos 1970, motivado em parte pelo fim da Guerra do Vietnã, começariam a se popularizar na cultura pop norte-americana os chamados anti-heróis, personagens que, apesar de seus atos heroicos, não tinham um rígido código de conduta nem eram avessos a cometer atos de violência gratuita, a maioria deles sendo também "lobos solitários", com dificuldade para agir em equipe. Claremont e Byrne incorporariam essas características a Wolverine, usando-o como contraponto aos demais X-Men, todos "bonzinhos e comportados", e explorando o fato de que, apesar de ele se sentir bem como membro de uma equipe, isso ia contra a sua natureza. Essas características, diferentes do lugar-comum nas equipes de super-heróis da época, retratadas como "famílias" nas quais os membros sempre estavam de acordo uns com os outros, fariam a popularidade de Wolverine explodir, e a Marvel a investir em outros anti-heróis, como o Justiceiro, criado originalmente para ser um vilão do Homem-Aranha, e o Motoqueiro Fantasma, originalmente protagonista de histórias de horror - até mesmo o Hulk ganharia uma "versão anti-heroica", na forma do Sr. Tira-Teima.

Apesar de tudo, a indústria dos quadrinhos tinha regras que precisavam ser seguidas, e até mesmo um lobo solitário como Wolverine tinha que ver os X-Men como sua família; para isso, Claremont começaria estabelecendo uma rivalidade entre ele e Ciclope, fazendo com que Wolverine se apaixonasse por Jean Grey; seguiria criando uma amizade genuína entre ele e Noturno, ambos vistos por si mesmos como párias da sociedade; e faria com que o principal parceiro de Wolverine em combate fosse o X-Men que menos tinha a ver com ele em termos de temperamento, Colossus - desenvolvendo para os dois o "arremesso especial", técnica com a qual Colossus arremessa Wolverine em direção aos inimigos como se fosse um projétil, que se tornaria uma das marcas registradas dos X-Men em batalha nos anos seguintes.

Claremont também seria o criador de outra característica fundamental de Wolverine: seu esqueleto de adamantium, o metal mais resistente do Universo Marvel. Existe uma lenda de que Wein, ao criar o personagem, teria imaginado que ele era um filhote de carcaju transformado em humano pelo vilão Alto Evolucionário, que era dado a esse tipo de coisa; Wein sempre negou essa versão, sempre se entristeceu quando a viu repetida como verdade e quando era perguntado sobre ela, e sempre defendeu que Wolverine era um mutante desde sua primeira aparição, embora seus poderes só tenham sido revelados quando ele passou a fazer parte dos X-Men. Wein, entretanto, havia imaginado que as garras de Wolverine faziam parte de suas luvas, e que tanto as garras quanto as luvas eram feitas de adamantium; na X-Men 98, de abril de 1976, Claremont revelaria que, na verdade, as garras fazem parte da anatomia de Wolverine, e que todo o esqueleto do personagem é revestido pelo material - originalmente, entretanto, as garras eram um "efeito colateral" da infusão de adamantium, com o fato de que Wolverine tinha garras de osso antes do experimento só tendo sido acrescentado nos anos 1990.

Por incrível que pareça, porém, Claremont, inicialmente, não gostava de Wolverine, achando que ele não combinava com a equipe, e que era muito difícil arrumar formas de integrá-lo às histórias. Assim como já haviam tirado Solaris e Pássaro Trovejante do título, Claremont e Cockrum planejavam tirar também Wolverine, passando algumas de suas características para Noturno. Seria Byrne, nascido na Inglaterra mas criado no Canadá, quem convenceria o roteirista não só a mantê-lo, mas também a dar cada vez mais destaque ao personagem, argumentando que "não aceitaria que um canadense fosse retirado da equipe". Byrne criaria todo um "passado canadense" para Wolverine, chegando a criar outra equipe da qual ele teria feito parte antes dos X-Men, a Tropa Alfa, para justificar como um lobo solitário como ele aceitava estar em uma equipe com diferenças tão óbvias de personalidade.

Quando assumiu a X-Men, Byrne criou um novo uniforme para Wolverine, de cor marrom e com menos detalhes, e um rosto para o personagem, sem saber que já havia uma versão oficial criada por Cockrum; ao ser avisado, ele usaria esse rosto para Dentes de Sabre, que originalmente era um vilão do Punho de Ferro, cuja revista na época também era escrita por Claremont e desenhada por Byrne. Byrne perguntaria a Claremont se ele achava uma boa ideia Wolverine ser filho de Dentes de Sabre, e os dois acabariam criando uma história na qual era revelado que Wolverine tinha 60 anos e havia lutado na Segunda Guerra Mundial para escapar dos abusos cometidos por seu pai Dentes de Sabre, que tinha 120 anos. Essa história jamais seria publicada, mas serviria de base para outra característica de Wolverine, a de que ele é mais velho do que aparenta, pois seu fator de cura retarda seu envelhecimento. Dentes de Sabre, apesar de jamais ter sido oficialmente seu pai, ganharia um passado em comum com Wolverine, se tornando seu maior rival e um dos principais vilões dos X-Men.

Após a saída de Byrne, Wolverine continuaria sendo um dos protagonistas da revista X-Men, que, na edição 142, de fevereiro de 1981, seria renomeada para The Uncanny X-Men - mesmo com o adjetivo "The Uncanny" já aparecendo na capa desde a edição 114, de outubro de 1978. Wolverine, contudo, só passaria a ser um dos protagonistas do Universo Marvel cerca de um ano depois, com o lançamento da minissérie Wolverine, em quatro edições lançadas entre setembro e dezembro de 1982, com roteiros de Claremont e arte de Frank Miller. Embora a história dessa minissérie (chamada Eu, Wolverine) tenha sido a primeira aventura solo de Wolverine nos Estados Unidos, sua primeira história solo havia sido publicada em 1979, no Reino Unido, pela Marvel UK, na revista Marvel Comics 335, com roteiro de Mary Jo Duffy, desenhos de Ken Landgraf e arte-final de George Pérez, em sua estreia na Marvel: numa história curta, Wolverine e Hércules se envolvem em uma briga de bar após o semideus provocar o mutante.

Eu, Wolverine era muito mais profunda que isso - mais profunda, aliás, do que quase tudo o que vinha sendo feito em quadrinhos na época, e definitivamente profunda demais para um personagem do tipo que Wolverine era visto até então. Claremont e Miller criariam um Wolverine inspirando em Clint Eastwood, principalmente em suas interpretações do Homem sem Nome dos faroestes de Sergio Leone e do detetive Harry Callahan de Perseguidor Implacável, que decide viajar até o Japão ao descobrir que um grande amor de seu passado, Mariko Yashida, terá de se casar contra a própria vontade. A minissérie seria um gigantesco sucesso, e estabeleceria mais pontos fundamentais da personalidade de Wolverine, mostrando que ele tem dificuldade para manter seu instinto assassino sob controle, sendo essa a principal razão pela qual tem dificuldade em trabalhar em equipe, e que não era em nada animalesco, sendo poliglota, um estrategista brilhante e um artista marcial notável - segundo um crítico da época, a minissérie ajudaria a estabelecer Wolverine como "o Batman da Marvel". Também seria nessa minissérie que Claremont e Miller criariam a frase de efeito do personagem: "eu sou o melhor no que faço, mas o que eu faço não é nada bonito".

Wolverine voltaria ao Japão em outra minissérie, Kitty Pryde and Wolverine, em seis edições publicadas entre novembro de 1984 e abril de 1985, com roteiro de Claremont e arte de Al Milgrom, na qual Kitty vai à Terra do Sol Nascente investigar uma trama suspeita envolvendo seu pai e acaba sendo possuída pelo demônio Ogun, com Wolverine tendo de ajudá-la a sobrepujá-lo. A minissérie seria mais um grande sucesso, e levaria a Marvel a considerar seriamente lançar uma revista solo de Wolverine; para testar as águas, a editora o colocaria como o astro principal da revista quinzenal Marvel Comics Presents, lançada em setembro de 1988. Ao invés de apenas uma história de um único personagem, a Marvel Comics Presents trazia três ou quatro histórias curtas de heróis diferentes, com a primeira edição trazendo uma de Wolverine, por Claremont e Milgrom, uma do Homem-Coisa e uma de Shang-Chi.

Wolverine daria nome à revista (com a capa dizendo Marvel Comics Presents: Wolverine) até a edição 10, de janeiro de 1989, com, a partir da edição 11, a história principal sendo de Colossus, a partir da 17 de Ciclope, a partir da 24 de Destrutor e a partir da 32 da equipe Excalibur, mas com Wolverine eventualmente protagonizando uma das histórias secundárias. As vendas da revista cairiam nesse período, mas voltariam a subir quando o nome de Wolverine voltasse à capa, na edição 39, ficando lá até a 142, de novembro de 1993 - exceto entre a 72 e a 84, por razões que veremos a seguir, e nas 105 e 127, protagonizadas pelo Motoqueiro Fantasma, que assumiria o título de vez na 143. A revista ainda seria publicada até a edição 175, de março de 1995, a maioria das últimas edições servindo de laboratório para personagens novos ou pouco conhecidos, como Lunatik ou a Força-Tarefa.

Entre as edições 72 e 84, de março a setembro de 1991, a Marvel Comics Presents publicaria uma das histórias mais famosas e aclamadas de Wolverine, a saga da Arma X (com seu título mudando nesse período para Marvel Comics Presents: Weapon X). Escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith, a história mostrava como Logan ganhou seu esqueleto de adamantium e perdeu parte de sua memória ao ser recrutado para o Projeto Arma X, criado pelo governo canadense para recrutar indivíduos super-humanos para trabalhar para uma agência governamental. Mostrado pela primeira vez nessa saga após ser inúmeras vezes citado em outras histórias de Wolverine, o Projeto Arma X imediatamente se tornaria uma das principais engrenagens do universo dos X-Men, sendo usado em diversas outras histórias dos quadrinhos e aparecendo em praticamente todas as outras mídias que contam com a presença de Wolverine.

Enquanto protagonizava a Marvel Comics Presents, Wolverine se tornaria o primeiro dos X-Men a ganhar sua própria revista solo, com a Wolverine número 1 sendo lançada em novembro de 1988. Para pegar carona nas duas minisséries, a princípio a revista mostraria Wolverine vivendo aventuras no Japão antes de se unir aos X-Men, mas, ao longo dos anos seguintes, passaria a mostrar aventuras suas em paralelo às da equipe. Essa revista mostraria uma nova faceta de Wolverine, a de espião, com Logan assumindo vários disfarces para se infiltrar em organizações criminosas e conseguir o que quer sem ter de recorrer a um ataque frontal; o mais famoso disfarce era o de Caolho, um vigarista da cidade de Madripoor que contava com a ajuda de duas detetives particulares, Jessica Drew (a ex-Mulher-Aranha) e Carol Danvers (a futura Capitã Marvel). A revista teria nada menos que 192 edições publicadas, a última de janeiro de 2003, sendo cancelada não por baixas vendas, mas por decisão editorial.

A revista estrearia com roteiros de Claremont e arte de John Buscema, mas mudaria várias vezes de mãos ao longo dos anos. Após a saída de Claremont, assumiria Larry Hama, que escreveria os roteiros por nada menos que sete anos, criando uma cópia-robô de Wolverine chamada Albert, revisitando várias vezes o Programa Arma X e escrevendo muitas histórias nas quais Wolverine e Jubileu eram uma dupla no estilo Batman e Robin; sendo descendente de japoneses, Hama se inspiraria nos filmes da série Yakuza para ambientar várias de suas histórias no Japão, considerando Wolverine um "japonês mais autêntico" que outros personagens japoneses retratados nas histórias em quadrinhos da época. Além de Hama, se destacariam nos roteiros Peter David, Archie Goodwin, Erik Larsen, Frank Tieri, Greg Rucka, Mark Millar e Gregg Hurwitz, e, na arte, Marc Silvestri, Mark Texeira, Dwayne Turner, Adam Kubert, Leinil Francis Yu, Rob Liefeld, Sean Chen, Darick Robertson, Joe Madureira e Humberto Ramos.

O lado espião de Wolverine também seria explorado em uma das mais famosas graphic novels da Marvel, Wolverine & Nick Fury: The Scorpio Connection, de dezembro de 1989, com roteiros de Archie Goodwin e arte de Howard Chalkin, na qual os dois heróis, cada um por seus próprios motivos, se envolvem em uma trama aparentemente engendrada pelo vilão Scorpio, que Fury quer capturar vivo, mas Logan quer ver morto. Essa seria a primeira de três graphic novels de muito sucesso de Wolverine, com as outras duas sendo Wolverine: Bloodlust, de dezembro de 1990, com roteiro e arte de Alan Davis, na qual o herói se perde durante uma nevasca no Canadá e tem de controlar seus instintos animalescos a qualquer custo, e Wolverine: Bloody Choices, de junho de 1991, com roteiro de Tom DeFalco e arte de John Buscema, na qual Logan e Fury se veem novamente em lados opostos, com Wolverine jurando vingar um menino molestado por um criminoso internacional e Fury jurando proteger esse mesmo criminoso até o dia em que ele dará um importante testemunho no tribunal.

Wolverine, Motoqueiro Fantasma, Homem-Aranha e o Hulk cinza formariam uma improvável equipe criada por Mike Wieringo e conhecida como "o Novo Quarteto Fantástico", que faria sua estreia na Fantastic Four 347, de dezembro de 1990, numa história na qual um skrull fingindo ser Sue Storm nocauteia os membros originais do Quarteto e recruta os quatro para ajudá-lo a recuperar um artefato. Essa "saga" duraria apenas três edições (347, 348 e 349), mas a equipe faria sucesso entre os leitores e retornaria em uma nova história nas edições 374 e 375, de março e abril de 1993, voltando a fazer aparições ocasionais em outros títulos da editora nos anos seguintes.

Em 1993, após um ataque de fúria, Magneto arrancaria o adamantium do esqueleto de Wolverine, revelando que ele possuía garras de osso. Parte da saga Atrações Fatais, esse evento seria publicado na revista X-Men (relançada em 1991 com a numeração recomeçando do 1, para que os mutantes tivessem duas, a outra sendo The Uncanny X-Men) número 25, com roteiro de Fabian Nicieza e arte de Andy Kubert, com Nicieza creditando a ideia a Peter David. Com o fator de cura sobrecarregado devido ao trauma, Wolverine passa a ter de reaprender como lutar agora que tem um esqueleto normal e não regenera tão rapidamente, e, por isso, decide deixar os X-Men, durante muito tempo vivendo aventuras apenas em sua revista solo. Wolverine acabaria ganhando seu adamantium de volta em 1999, através de um experimento do vilão Apocalipse, que também resultaria em Wolverine revertendo a um estado animalesco e bestial, no qual ele ficaria por cerca de um ano, até ser curado graças a uma rotina de treinos implementada por Elektra. Depois disso, ele se uniria novamente aos X-Men.

Em 2001, seria publicada mais uma minissérie importantíssima para a história de Wolverine, Origin, em seis edições publicadas entre novembro de 2001 e julho de 2002, com roteiro de Joe Quesada, Paul Jenkins e Bill Jemas e arte de Andy Kubert. Centrada na infância e adolescência de Wolverine, a minissérie mostrava em detalhes vários eventos apenas citados ou abordados por alto, e ainda revelava que o nome verdadeiro do personagem não era Logan, mas James Howlett. DeSanto diria que a minissérie seria encomendada pela Marvel devido ao sucesso de Wolverine nos filmes, com a editora temendo que, se ele não tivesse uma "história de origem" definitiva e oficial nos quadrinhos, a Fox poderia criar uma para os filmes. Em 2004, Jenkins escreveria outra minissérie, Wolverine: The End, com arte de Claudio Castellini, em seis edições bimestrais publicadas entre janeiro e dezembro, que mostrava um futuro possível para o mutante, lidando com as implicações de vários eventos de Origin. Dez anos depois, Origin II, com roteiros de Kieron Gillen e arte de Adam Kubert, em cinco edições publicadas entre março e junho de 2014, abordaria a juventude de Wolverine e seu primeiro encontro com Dentes de Sabre.

Em 2001 também seria lançada a nova versão da X-Force, que mais tarde seria renomeada para X-Táticos; Wolverine seria um convidado de luxo na série, por supostamente compartilhar um passado em comum com um dos membros do grupo, o enigmático Dup, que se parece com o Geleia dos Caça-Fantasmas e fala usando seu próprio alfabeto. Wolverine e Dup seriam os astros da minissérie Wolverine & Doop, com roteiro de Peter Milligan, criador dos X-Táticos, e arte de Darwyn Cooke. Em duas edições quiinzenais, lançadas em julho de 2003, Wolverine e Doop teriam a missão de recuperar um artefato conhecido como Mink Pink, que tem o poder de causar alucinações em mutantes, que imaginam que estão vendo uma mulher lindíssima chamada Lady Pink e se tornam incapazes de não obedecer a todas as ordens dela, que sempre levam ao caos.

A revista Wolverine seria relançada, com numeração recomeçando do 1, também em julho de 2003. Essa nova série traria arcos de sucesso como Inimigo do Estado, de Millar e John Romita Jr., no qual Wolverine sofre lavagem cerebral e se torna um assassino do Tentáculo, sendo ajudado a retornar a seu estado normal mais uma vez por Elektra, e O Velho Logan, com roteiro de Millar e arte de Steve McNiven, que mostrava Logan e o Gavião Arqueiro vivendo aventuras em um futuro pós-apocalíptico no qual a maior ameaça é o Hulk. Publicada entre as edições 66 e 72, de agosto de 2008 a junho de 2009, a história faria tanto sucesso que seria revisitada em uma minissérie (Old Man Logan), em cinco edições lançadas entre julho e dezembro de 2015, que se tornaria uma série regular, com 50 edições publicadas entre março de 2016 e dezembro de 2018.

A nova Wolverine também lidaria com as consequências das sagas anuais da Marvel, como Guerra Civil e Dinastia M, na qual Logan recupera todas as memórias que havia perdido ou suprimido. Isso levaria ao lançamento de uma segunda série mensal estrelada pelo personagem, Wolverine: Origins, que, em 50 edições publicadas entre junho de 2006 e setembro de 2010, abordava várias dessas "novas memórias" e suas consequências. Seria nessa série que estrearia o personagem Daken, filho de Wolverine com a japonesa Itsu, criado pelo roteirista Daniel Way e pelo desenhista Steve Dillon. Logan ganharia ainda uma terceira série regular, Wolverine: Weapon X, com roteiros de Jason Aaron, que teve 16 edições publicadas entre junho de 2009 e outubro de 2010, e seria o astro da minissérie Wolverine: Manifest Destiny, também de Aaron, com quatro edições publicadas entre dezembro de 2008 e março de 2009. A segunda Wolverine seria cancelada pouco depois, em agosto de 2009, na edição 74, mais uma vez por decisão editorial.

Naquele mesmo mês, Daken assumiria o uniforme e o codinome de Wolverine e seria protagonista da revista Dark Wolverine, cuja primeira edição foi a 75, para que a numeração continuasse a da Wolverine anterior. Essa série teria 16 edições, com a última sendo a 90, de outubro de 2010. No mês seguinte, seria lançada uma terceira Wolverine, com numeração recomeçando do 1 e Logan voltando a ser o protagonista; após a edição 20, entretanto, viria a 300, com os números de todas as Wolverine e Dark Wolverine sendo somados para se obter a nova numeração. Essa série seria encerrada em fevereiro de 2013, na edição 317, para um total de 40. Em maio de 2013, como parte da iniciativa Marvel NOW!, uma quarta Wolverine seria lançada, mais uma vez com numeração recomeçando do 1, mas essa teria apenas 13 edições, a última de março de 2014.

Entre abril de 2008 e fevereiro de 2013, além de viver aventuras em sua própria revista e como parte dos X-Men, Wolverine também seria líder da nova equipe da X-Force, em duas revistas, X-Force, que teria 28 edições, e Uncanny X-Force, com mais 35. Uma das integrantes da equipe seria Laura Kinney, a "filha" de Wolverine - na verdade um clone de Logan do sexo feminino e adolescente. Criada pelo roteirista Craig Kyle para a série animada X-Men: Evolution, com o codinome X-23, Laura logo se tornaria uma das personagens mais populares do Universo dos X-Men, fazendo a transição para os quadrinhos e sendo parte importante da mitologia de Wolverine. Como líder da X-Force, Wolverine teria um relacionamento amoroso com a mercenária mutante Dominó, que culminaria na minissérie X-Force: Sex and Violence, em três edições publicadas entre setembro e novembro de 2010.

Em 2011, Wolverine assumiria a direção da Escola Jean Grey no título Wolverine and the X-Men, também de criação de Aaron, com arte de Chris Bachalo. A série original teria 42 edições, publicadas entre dezembro de 2011 e abril de 2014, sendo reformulada e relançada com numeração começando do 1 para mais 12 edições, entre maio de 2014 e janeiro de 2015. Nesse período, Wolverine também faria parte dos Vingadores, figurando tanto na revista Avengers quanto na New Avengers. Durante a saga Vingadores vs. X-Men, Wolverine decidiria lutar ao lado dos Vingadores contra sua antiga equipe; o roteirista Brian Michael Bendis descreveria sua presença na equipe como "o único assassino em um time de heróis".

Em 2013, Wolverine ganharia uma nova revista, Savage Wolverine, na qual ele vivia aventuras na Terra Selvagem ao lado de Shanna, a Mulher-Demônio; ao retornar da Antártida, Wolverine volta ao Japão, onde vive aventuras ao lado de Elektra. A revista teria 23 edições, publicadas entre março de 2013 e dezembro de 2014; o arco da Terra Selvagem teria roteiros de Frank Cho, e o do Japão de Zeb Wells. Em abril de 2014, seria lançada uma quinta Wolverine, na qual a história principal era que Logan contrai um vírus que cancela seu fator de cura, permitindo a seus inimigos matá-lo; após 12 edições quinzenais, a última de outubro de 2014, a história se concluiria na minissérie em quatro edições quinzenais, lançadas em novembro de dezembro, Death of Wolverine, escrita por Charles Soule. Essa minissérie teria duas "continuações" que exploravam a história mais a fundo: Death of Wolverine: The Logan Legacy, em sete edições quinzenais lançadas entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, e Death of Wolverine: The Weapon X Program, em cinco edições quinzenais publicadas entre janeiro e março de 2015. Uma série semanal chamada Wolverines acompanharia vários personagens tentando preencher o vácuo causado pela morte de Logan, entre março e agosto de 2015.

Mas quem assumiria seu uniforme e o nome Wolverine seria Laura, na revista All-New Wolverine, publicada entre novembro de 2015 e maio de 2018. Depois disso, Logan voltaria à vida (por que não?), resolveria suas diferenças com Ciclope e concordaria em liderar uma nova X-Force, em uma nova revista com roteiros de Benjamin Percy, com 50 edições publicadas entre janeiro de 2020 e maio de 2024. Nesse período, ele também faria parte da equipe dos Vingadores Selvagens, aparecendo regularmente na Savage Avengers, e se tornaria membro dos Filhos da Meia-Noite, figurando na revista Midnight Sons. Entre março e maio de 2022, Wolverine também seria o astro de duas minisséries de cinco edições quinzenais cada, X Lives of Wolverine e X Deaths of Wolverine, ambas com roteiros de Percy, a primeira com arte de Joshua Cassara, a segunda de Federico Vicentini, e histórias que se entrelaçam e se completam. Essas minisséries seriam lançadas paralelamente à sexta Wolverine, que teria roteiros de Percy e arte de Adam Kubert e 50 edições, lançadas entre abril de 2020 julho de 2024.

A mais recente série solo de Wolverine (a sétima com o nome Wolverine) estrearia em novembro de 2024, com numeração recomeçando do 1, segundo a Marvel, em comemoração aos 50 anos do personagem. Com roteiros de Saladin Ahmed e arte de Martin Coccolo, essa é a série atual, que conta no momento com 9 edições.
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sábado, 8 de fevereiro de 2025

Escrito por em 8.2.25 com 0 comentários

Deadpool (I)

Depois de escrever o post sobre os filmes do Blade, eu fiquei com vontade de escrever sobre os filmes do Deadpool; então, assim como fiz com o Blade, primeiro vou fazer um post sobre Deadpool nos quadrinhos, e, semana que vem, um sobre os filmes. Hoje, portanto, é dia de Deadpool no átomo!

Deadpool é um personagem relativamente recente, mas que, em pouco tempo, se tornou um dos mais populares da Marvel. Ele foi criado por uma figura controversa, o desenhista Rob Liefeld, que, na época, desenhava a revista dos Novos Mutantes, escrita por Fabian Nicieza. Liefeld criaria a aparência, a história e os poderes do personagem, mas, como seus maneirismos e diálogos seriam criados por Nicieza, ambos são considerados co-criadores do personagem. Segundo Nicieza, quando Liefeld mostrou seu primeiro desenho do personagem, já com seu tradicional uniforme, segurando uma katana em uma das mãos e uma pistola na outra, e disse que ele era "um assassino mercenário com agilidade sobre-humana", o roteirista respondeu "esse é o Exterminador dos Jovens Titãs". Por causa disso, Nicieza decidiria que o nome verdadeiro do personagem (com "Deadpool", que não significa nada que faça muito sentido, tendo sido ideia de Liefeld) seria Wade Wilson, uma espécie de piada com o fato de o Exterminador se chamar Slade Wilson.

Liefeld, apesar de assumir ser fã dos Jovens Titãs, sempre negou ter plagiado o Exterminador; segundo ele, sua equipe favorita da Marvel eram os Vingadores, e o que ele mais gostava nos Vingadores era que cada um tinha uma arma característica, como o escudo do Capitão América, o martelo do Thor e o arco do Gavião Arqueiro; por causa disso, ele sempre pensaria em dar armas características aos personagens que criava, como a arma gigante de Cable, e, como Deadpool era um mercenário, achou que faria sentido se suas armas características fossem duas espadas e duas pistolas - que, "coincidentemente", são as armas preferidas do Exterminador. Ainda segundo Liefeld, o uniforme de Deadpool seria inspirado no do Homem-Aranha, que ele achava ser o mais simples e elegante; o desenhista diria sentir inveja quando seus colegas Erik Larsen e Todd McFarlane falavam que o melhor de desenhar o Homem-Aranha era fazer a máscara, com "dois grandes olhos ovais", e decidiria fazer uma máscara parecida para Deadpool.

O mesmo valia para seu comportamento: Liefeld declararia que o que ele mais gostava no Homem-Aranha era que ele "fazia uma piada e depois socava o vilão na cara", então pediria para que Nicieza escrevesse os diálogos de Deadpool como se ele fosse "o Homem-Aranha com espadas e pistolas". Finalmente, Liefeld queria que a história de Deadpool fosse ligada à de Wolverine, o personagem mais popular da Marvel nos anos 1990, desde o início, então definiria que ele era canadense, e na verdade não era mutante, ganhando poderes de cura baseados nos de Wolverine após aceitar ser cobaia do Programa Arma X, depois de ter sido expulso das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos por conduta desonrosa.

Deadpool seria criado para ser um vilão; em sua primeira aparição, na revista The New Mutants 98, lançada em dezembro de 1990, ele seria um mercenário contratado por Tolliver para matar Cable. Pouco depois, a equipe dos Novos Mutantes seria reformulada e passaria a se chamar X-Force, com a revista também mudando de nome; Deadpool faria várias aparições na X-Force, e ganharia tanta popularidade que, a cada uma delas, se tornava menos um vilão e mais um anti-herói, um mercenário que fazia o que lhe pagavam para fazer, desde que isso não ferisse seu tortuoso código de honra pessoal. Nessas aparições também seria definido que a experiência no Programa Arma X, além de lhe dar superpoderes, também o deixaria horrivelmente desfigurado, dando a entender que suas infinitas gracinhas eram uma forma de lidar com a dor.

A crescente popularidade de Deadpool faria com que ele passasse a fazer aparições especiais em revistas que não fossem a X-Force, e que sequer faziam parte do universo dos X-Men, como The Avengers, Daredevil e Heroes for Hire, até que, em 1993, a Marvel decidiria testar as águas e dar a ele sua própria minissérie, chamada simplesmente Deadpool, mas conhecida como Deadpool: The Circle Chase (o nome da história em quatro partes mostrada na minissérie). Publicada entre agosto e novembro, com roteiro de Nicieza e arte de Joe Madureira, ela mostrava Deadpool tentando finalizar um serviço no meio da Guerra da Bósnia, mas tendo que lidar com Black Tom Cassidy e o Fanático. Essa minissérie também introduziria Weasel, uma espécie de assistente de Deadpool, que selecionava as missões para ele e lhe fornecia armas e equipamentos; a mutante Mímica (Copycat no original, cujo nome verdadeiro é Vanessa Carlysle), que, assim como Mística, tem o poder de assumir qualquer aparência, e viria a se tornar uma espécie de namorada de Deadpool; e o mercenário Garrison Kane, rival de Deadpool.

A minissérie teria boas vendas, e faria com que a Marvel decidisse apostar em uma segunda, mais uma vez chamada apenas Deadpool, lançada exatamente um ano depois, em quatro edições entre agosto e novembro de 1994. Com roteiro de Mark Waid e arte de Ian Churchill, ela coloca Deadpool novamente contra Black Tom e o Fanático, mas dessa vez fazendo dupla com Siryn, filha de Banshee e membro da X-Force. Curiosamente, Waid não conhecia o personagem ao aceitar a tarefa, fazendo de Deadpool apenas um "mercenário tagarela"; após ser informado de suas características, ele declararia que, "se soubesse que Deadpool era tão repugnante" não teria concordado com o trabalho, e que tem problemas pessoais com "alguém que comete crimes e não paga por eles".

A segunda minissérie também faria sucesso, e a Marvel daria luz verde para uma série regular de Deadpool. Como Nicieza não estava disponível, esse projeto demoraria um pouco para se materializar, com o primeiro número de Deadpool sendo lançado somente em janeiro de 1997. Inicialmente com roteiro de Joe Kelly, que escreveria as 33 primeiras edições, e arte de Ed McGuiness, que desenharia as nove primeiras, seria essa série que definiria Deadpool como o conhecemos hoje, mostrando-o como uma paródia dos anti-heróis que se tornaram superpopulares na década de 1990. Nela, Deadpool ainda é mercenário, moralmente ambíguo e desbocado, mas também tem um bom coração, um rígido código de honra (que só faz sentido para ele) e quer fazer a diferença num mundo habitado por superseres, ao invés de apenas ganhar dinheiro. Seria Kelly quem criaria uma das principais características de Deadpool: a de que ele tem consciência de que é um personagem de histórias em quadrinhos e frequentemente "quebra a quarta parede", falando diretamente com os leitores, com a equipe por trás da revista, ou fazendo referências que somente alguém "do lado de cá" saberia, como os números das edições nas quais eventos de seu passado ocorreram.

Enquanto a Deadpool regular estava sendo publicada, Deadpool também seria astro de várias edições especiais, como Deadpool Team Up, de dezembro de 1998, com roteiro de James Felder e arte de Pete Woods, na qual ele vai ao Japão enfrentar um clone de si mesmo chamado Widdle Wade; Daredevil/Deadpool Annual '97, com roteiro de Kelly e arte de Bernard Chang, na qual Deadpool, querendo ajudar Mary Tifóide, acaba entrando em conflito com o Demolidor, enquanto Weasel e Foggy se tornam bons amigos; Deadpool and Death Annual 1998, com roteiro de Kelly e arte de Steve Harris, na qual Deadpool tem um caso amoroso com ninguém menos que a Morte; e Baby's First Deadpool Book, de dezembro de 1998, com três histórias curtas recheadas de muita ação e nonsense, todas escritas por Kelly.

Kelly, que também criaria um dos mais famosos coadjuvantes de Deadpool, sua "colega de quarto" Al Cega, uma idosa negra e cega que na verdade está mais para sua prisioneira e fornecedora de drogas, seria substituído na edição 34 da Deadpool por Christopher Priest, sendo seguido por Jimmy Palmiotti na 46; na arte, vários desenhistas se revezariam, sendo os de maior destaque Woods e Shannon Eric Denton. Na edição 57, a numeração recomeçaria do 1, e o título da revista mudaria para Deadpool: Agent of Weapon X, atuando como uma espécie de minissérie, com roteiro de Frank Tieri e arte de Georges Jeanty, na qual o projeto Arma X convence Deadpool a voltar a trabalhar para eles em troca de restaurar sua aparência; após quatro edições, a numeração recomeçaria do 1 e o título mudaria para Deadpool: Funeral for a Freak, se tornando uma nova minissérie em quatro edições, roteiros de Tieri e arte de Jim Calafiore, que começa com o funeral de Deadpool, e lida com as repercussões de sua morte.

Como ele não morreu mesmo, depois dessa minissérie Gail Simone assumiria os roteiros e o estúdio canadense UDON a arte, o título da revista voltaria a ser Deadpool, e a numeração recomeçaria do 65, número que contava Agent of Weapon X e Funeral for a Freak como parte da série regular. A revista seria cancelada no final de 2002, após uma grande reformulação dos títulos dos X-Men, durante a qual a revista Cable viraria Soldier X, a X-Force viraria X-Statix, e a Deadpool viraria Agent X, sendo estrelada não por Deadpool, mas por Alex Hayden, o Agente X. Ao todo, Deadpool teria 71 edições, número que incluía uma edição -1, lançada em julho de 1997, durante o "mês do flashback Marvel", e uma edição 0, lançada em janeiro de 1998, o que faria com que sua última edição fosse a 69, de setembro de 2002.

Ainda com roteiro de Simone e arte do UDON, Agent X, também lançada em setembro de 2002, deveria ter apenas 12 edições, mas acabaria tendo 15, com as três últimas, lançadas entre novembro de 2003 e janeiro de 2004, sendo a reintrodução de Deadpool no Universo Marvel - durante toda a Agent X, ficaria pairando no ar uma dúvida sobre se Hayden e Deadpool eram a mesma pessoa, somente dissipada na edição 13. A participação de Deadpool na Agent X também serviria para estabelecer as bases para sua nova revista, Cable & Deadpool, lançada em maio de 2004, com roteiros de Nicieza e arte de Mark Brooks (com a primeira edição tendo capa de Liefeld), na qual os dois deixam as diferenças de lado e se tornam parceiros em várias aventuras. Em Cable & Deadpool 38 ocorreria a estreia de outro coadjuvante famoso e popular de Deadpool, o Agente da Hidra chamado Bob.

Cable & Deadpool teria 50 edições, a última de abril de 2008, sendo cancelada para que cada um dos heróis ganhasse uma nova revista, com a nova Deadpool, com roteiros de Daniel Way e arte de Paco Medina, sendo lançada em novembro de 2008. A série começaria como parte da saga Invasão Secreta, com Deadpool e Nick Fury unindo forças para obter informações sobre a Rainha Skrull, que acabam sendo roubadas por Norman Osborn; em seguida, ocorreria um crossover com os Thunderbolts, em uma história em quatro partes publicada em duas edições de Deadpool e duas de Thunderbolts. Também seria nessa revista que o Assassímio estrearia nos quadrinhos físicos, já que, antes disso, ele havia aparecido somente em edições exclusivamente digitais. A revista teria 67 edições mensais mais uma anual, mas a última seria a 63, de dezembro de 2012; as demais seriam a edição 33.1, de maio de 2011, a edição especial Deadpool: The Musical (numerada 49.1, de março de 2012), e duas edições recheadas de histórias curtas, a edição 900, "comemorando 900 edições somadas de todas as revistas de Deadpool" (na verdade, o número não chegava nem perto disso), de dezembro de 2009, e a edição 1000, de outubro de 2010.

No final dos anos 2000, o Mercenário Tagarela já era um superastro do Universo Marvel, de forma que chegaria a estrelar quatro revistas simultaneamente: além de na Deadpool, ele estaria na Deadpool: Merc with a Mouth, com 13 edições publicadas entre setembro de 2009 e setembro de 2010, cada uma com uma capa em homenagem a um pôster de filme famoso, roteiros de Victor Gischler e arte de Bong Dazo, na qual ele é contratado para recuperar uma super arma levada para a Terra Selvagem, que na verdade é a sua versão do universo Zumbis Marvel, uma cabeça decepada voadora apelidada de Headpool; em uma série regular de Deadpool Team Up, com 17 edições publicadas entre janeiro de 2010 e maio de 2011, em cada uma fazendo dupla com um outro herói da Marvel, como Hércules, Thor e o Coisa, com a curiosa distinção de que a primeira edição foi a número 899 e a numeração foi regressiva, com a última sendo a 883; e seria parte da nova equipe da Uncanny X-Force criada por Rick Remender, usando um uniforme branco e sendo colega de Wolverine, Psylocke, Arcanjo e Fantomex, entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2013. Em setembro de 2007, Deadpool também estaria na edição especial Deadpool/GLI Summer Fun Spectacular, na qual viveria aventuras no Wisconsin junto com a Iniciativa Grandes Lagos (antigos Vingadores Centrais).

Em 2009, Deadpool estaria na minissérie Deadpool: Suicide Kings, em cinco edições publicadas entre junho e outubro, com roteiro de Mike Benson e arte de Carlo Barbieri, no qual é acusado de um crime que não cometeu e tem que enfrentar o Homem-Aranha, o Justiceiro e o Demolidor. No ano seguinte, seria a vez do lançamento de Deadpool Pulp, com roteiro de Benson e Adam Glass e arte de Laurence Campbell; em quatro edições publicadas entre novembro de 2010 e fevereiro de 2011, a minissérie, no estilo da linha Marvel Noir, reimaginava Wade Wilson como uma agente da CIA na década de 1950. E, durante a saga A Essência do Medo, Deadpool seria o astro de uma minissérie com roteiro de Christopher Hastings e arte de Dazo, na qual consegue roubar um dos martelos do Serpente; Fear Itself: Deadpool teria três edições, lançadas entre agosto e outubro de 2011.

Também em 2010, Deadpool seria recrutado pelos Anciões do Universo para liderar uma equipe composta por versões suas de diferentes universos em uma missão intergaláctica suicida. Esse seria o enredo de Deadpool Corps, com roteiros de Gischler e Tieri e arte de Liefeld, que teria 12 edições, a última de maio de 2011. Além de Deadpool e Headpool, a equipe contava com Lady Deadpool (que havia estreado em Merc with a Mouth 7), uma versão feminina do mercenário, cujo nome verdadeiro era Wanda Wilson; Kidpool, sua versão infantil; e Dogpool, um cachorro com poderes regenerativos. A Deadpool Corps também seria a protagonista de uma minissérie em cinco edições lançada exclusivamente em formato digital em maio de 2010, chamada Prelude to Deadpool Corps, e de uma edição especial chamada Deadpool Family, com várias histórias curtas, lançada em junho de 2011. Lady Deadpool também ganharia uma edição especial só dela, com roteiros de Mary H.K. Choi e arte de Ken Lashley, em setembro de 2010.

Entre agosto e novembro de 2010, seria a vez de Deadpool ganhar sua primeira minissérie "para adultos", publicada pelo selo Marvel MAX, com roteiros de Duane Swierczynski e arte de Jason Pearson. Chamada Deadpool: Wade Wilson's War, ela colocaria Deadpool ao lado de Dominó, Silver Sable e o Mercenário em uma missão no México que daria muito errado, em quatro edições. A minissérie seria seguida pela série regular Deadpool MAX, também pelo selo Marvel MAX, com roteiros de David Lapham e arte de Kyle Baker, que não faria o sucesso esperado e teria apenas 12 edições, publicadas entre dezembro de 2010 e novembro de 2011.

Em quatro edições lançadas entre outubro de 2012 e janeiro de 2013, Deadpool Kills The Marvel Universe, com roteiros de Cullen Bunn e arte de Dalibor Talajic, era ambientada numa realidade paralela na qual Deadpoool decide perseguir e matar todos os heróis Marvel. Ela continuaria em Deadpool Killustrated, com roteiros de Bunn e arte de Matteo Lolli, na qual o Marcenário Tagarela rouba de Uatu o poder de viajar entre realidades e decide matar personagens clássicos da literatura, como Moby Dick, Tom Sawyer, Ebenezer Scrooge e Sherlock Holmes, em quatro edições lançadas entre março e junho de 2013. Sua conclusão seria em Deadpool Kills Deadpool, em quatro edições lançadas entre setembro e dezembro de 2003, na qual Deadpool decide viajar pelo Multiverso matando todos os outros Deadpools. com roteiros de Bunn e arte de Salvador Espin. Essas três minisséries ficariam conhecidas como Deadpool Killogy.

Deadpool voltaria a ter uma revista "para toda a família" (e mais uma vez chamada Deadpool) em janeiro de 2013, como parte do projeto Marvel NOW!, com roteiros dos comediantes Brian Posehn e Gerry Dugan, e arte principalmente de Scott Koblish e Mike Hawthorne. A história seguia exatamente de onde a Deadpool anterior havia parado, e, no meio do caminho, Deadpool se tornaria membro dos Thunderbolts; enfrentaria o Carnificina e acabaria ligado a um simbionte; se casaria com Shiklah, a Rainha dos Mortos, com quem teria uma filha, Eleonor; e participaria da saga Pecado Original, de qual parte da história ocorreria nas edições 29 a 33. Ao todo, a revista teria 45 edições (mais duas anuais e uma "bienal", todas as três lançadas em 2014), mas a última, de junho de 2015, seria numerada 250 (mais uma vez, supostamente o número somado de todas as revistas com "Deadpool" no título), e seria parte da saga Guerras Secretas, que também seria a razão pela qual essa série, mesmo com boas vendas, seria cancelada, como parte de uma grande reformulação de todas as revistas da Marvel.

A edição 250 também traria mais uma vez a morte de Deadpool, dessa vez com a promessa de que seria a definitiva. Mas, após a minissérie Mrs. Deadpool and the Howling Commandos, estrelada por Shiklah em quatro edições publicadas entre agosto e novembro de 2015, o mercenário voltaria em uma nova revista chamada Deadpool, dessa vez parte do projeto All-New, All-Different Marvel. Com roteiros de Dugan e arte de Hawthorne, ela teria 37 edições quinzenais, publicadas entre janeiro de 2016 e novembro de 2017, com as edições da 14 à 18 sendo parte da saga Guerra Civil II. Em dezembro de 2017, devido ao projeto Legacy, que renumerou todas as revistas Marvel com números contínuos, ela seria renomeada para Despicable Deadpool, e a numeração passaria a contar do número 287. Ela seria cancelada no número 300, de julho de 2018.

Entre março e junho de 2014, em quatro edições, seria lançada Night of the Living Deadpool, com roteiros de Bunn e arte de Ramon Rosanas, em preto, branco e vermelho, na qual Deadpool tenta sobreviver a um apocalipse zumbi. Também em quatro edições, entre maio e agosto, com roteiros de Bunn e arte de Espin, seria lançada Deadpool vs. Carnage, na qual o Mercenário Tagarela e o Simbionte Sociopata se enfrentam em uma história para adultos, cheia de sangue e violência. Entre agosto e novembro, seria a vez de Deadpool vs. X-Force, com roteiros de Swierczynski e arte de Pepe Larraz, uma continuação direta da primeira aparição de Deadpool, quando ele foi contratado por Tolliver para matar Cable e acabou enfrentando a X-Force. Em cinco edições entre novembro de 2014 e março de 2015, seria lançada Hawkeye vs. Deadpool, diretamente ligada à revista do Gavião Arqueiro de Matt Fraction, na qual os dois heróis são enganados para se enfrentarem, com roteiros de Duggan e arte de Lolli. E, em sete edições semanais lançadas em setembro e outubro de 2014, seria lançada Deadpool: Dracula's Gauntlet, na qual Deadpool enfrenta o Rei dos Vampiros e se apaixona por Shiklah.

Entre dezembro de 2014 e março de 2015, em quatro edições com roteiro de Peter David e arte de Koblish, seria lançada Deadpool's Art of War, a versão Deadpool do famoso livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Em seguida, seria a vez de Return of the Living Deadpool, em quatro edições lançadas entre abril e julho de 2015, com roteiros de Bunn e arte de Nicole Virella, continuação de Night of the Living Deadpool. E, entre julho e agosto de 2015, também em quatro edições, seria laçada Deadpool's Secret Secret Wars, com roteiros de Bunn e arte de Lolli, uma recontagem da minissérie Guerras Secretas original, de 1984, mas com Deadpool tendo um papel importantíssimo - sendo, inclusive, o primeiro hospedeiro do simbionte do Homem-Aranha, que mais tarde se tornaria Venom. Deadpool's Secret Secret Wars introduziria uma personagem importantíssima do universo de Deadpool: Gwenpool, na verdade Gwendolyne Poole, uma mercenária adolescente que idolatra Deadpool e quer ser como ele - e que foi originalmente criada como uma paródia da Gwen Staci Mulher-Aranha, cuja revista se chamava Spider-Gwen.

Em quatro edições quinzenais entre novembro e dezembro de 2015, seria lançada Deadpool vs. Thanos, com roteiros de Tim Seeley e arte de Elmo Bondoc, na qual o Mercenário Tagarela e o Titã Louco disputam o amor da Morte. Entre fevereiro e abril de 2016, em três edições, seria lançada Deadpool & Cable: Split Second, na qual Deadpool é contratado para matar um homem que Cable deve proteger a todo custo, ou o futuro será alterado, com roteiros de Nicieza e arte de Reilly Brown. E, em cinco edições, entre agosto e dezembro de 2016, seria lançada Deadpool V Gambit: The "V" is for "Vs." (uma sátira ao título do filme Batman v Superman), com roteiros de Ben Ackler e arte de Ben Blacker, na qual os dois são contratados para a mesma missão, mas ambos acham que conseguem concluí-la sozinhos.

Em abril de 2016, Deadpool seria o líder de uma equipe mercenária na minissérie Deadpool & The Mercs For Money, com roteiros de Bunn e arte de Espin. A minissérie, que teria cinco edições, a última publicada em agosto, e traria a estreia de Masacre, um homem mexicano que, após ser salvo por Deadpool, decide imitá-lo e se tornar um mercenário (e que também é uma espécie de piada interna, já que Masacre é o nome de Deadpool nos países de língua espanhola), faria um grande sucesso e daria origem a uma segunda minissérie, também chamada Deadpool & The Mercs For Money, com roteiros de Bunn e arte de Iban Coello. Com 10 edições publicadas entre setembro de 2016 e junho de 2017, essa minissérie traria para o universo de Deadpool a mutante Míssil Adolescente Megassônico, que originalmente era das histórias dos X-Men, mas foi trazida para as de Deadpool após seu sucesso no filme - com sua aparência nos quadrinhos inclusive sendo alterada para ficar igual à da atriz Brianna Hildebrand, que a interpreta no filme.

Também em 2016, Deadpool e o Homem-Aranha ganhariam uma revista na qual viveriam aventuras em dupla, chamada Spider-Man/Deadpool, com direito a um logotipo que era metade a máscara do Homem-Aranha, metade a de Deadpool; com roteiros de Kelly e arte de McGuinness, a revista teria nada menos que 50 edições mensais (mais uma edição .1, de novembro de 2017), lançadas entre março de 2016 e julho de 2019. Entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2017, em cinco edições quinzenais, seria lançada a minissérie Deadpool: Back in Black, com roteiros de Bunn e arte de Espin, somente com histórias ambientadas entre o Homem-Aranha se livrar do simbionte e ele se unir a Eddie Brock, nas quais ele brevemente se uniu novamente a Deadpool. Entre dezembro de 2016 e março de 2017, em quatro edições com roteiros de Joshua Corin e arte de Todd Nauck, seria lançada Deadpool: Too Soon?, na qual Deadpool enfrenta Rocky Racum, Groot, o Homem-Formiga, a Garota-Esquilo, o Justiceiro e Howard, o Pato, para descobrir quem matou o Forbush Man.

Entre março e maio de 2017, em cinco edições quinzenais, com roteiros de Stuart Moore e arte de Jacopo Camagni, seria lançada Deadpool The Duck, na qual, depois de um acidente bizarro, Deadpool e Howard passam a compartilhar o mesmo corpo; o mercenário tenta concluir sua missão mesmo assim, mas de vez em quando a mente de Howard assume o controle, colocando tudo a perder. Em maio, Deadpool ganharia sua primeira graphic novel, Deadpool: Bad Blood (publicada no Brasil como Deadpool: Sangue Ruim), com roteiro de Chris Sims e Chad Bowers e arte de Liefeld, na qual ele deve enfrentar outro mercenário, chamado Thumper, que teve um papel importante em seu passado, mas do qual ele não se lembra.

Entre junho e agosto de 2017, também em cinco edições quinzenais, seria a vez de Deadpool vs. The Punisher, com roteiros de Fred Van Lente e arte de Pere Pérez, na qual os caminhos de Deadpool e do Justiceiro se cruzam em uma missão que apenas um dos dois poderá cumprir. Entre setembro e novembro, mais uma vez em cinco edições quinzenais, seria lançada Deadpool Kills the Marvel Universe Again, continuação da primeira minissérie, na qual o mercenário mata mais heróis Marvel, novamente com roteiros de Bunn e arte de Talajic. Entre dezembro de 2017 e março de 2018, em cinco edições mensais, Deadpool enfrentaria a versão idosa de Wolverine em Deadpool vs. Old Man Logan, com roteiros de Declan Shalvey e arte de Mike Henderson.

Em julho de 2018 seria lançado um projeto ambicioso, You Are Deadpool, com roteiros de Al Ewing e arte de Espin, em cinco edições, a última lançada em novembro; cada edição continha uma aventura ao estilo "você decide", na qual o leitor podia escolher qual curso de ação Deadpool iria tomar e influenciar o curso da história. Entre agosto e outubro de 2018, seria lançada Deadpool: Assassin, minissérie em seis edições quinzenais com roteiros de Bunn e arte de Mark Bagley, na qual a missão de Deadpool o leva a um castelo lotado de ninjas. Também em seis edições quinzenais, entre novembro de 2018 e janeiro de 2019, seria lançada Secret Agent Deadpool, com roteiros de Hastings e arte de Espin, na qual Wade é contratado para usar apetrechos ao estilo 007 para deter uma organização criminosa chamada GORGON. E, em cinco edições mensais, entre dezembro de 2018 e abril de 2019, seria a vez de Black Panther vs. Deadpool, na qual o mercenário é contratado para roubar vibrânio de Wakanda, com roteiros de Daniel Kibblesmith e arte de Ricardo Lopez Ortiz.

Em agosto de 2018, o Mercenário Tagarela ganharia uma nova revista regular chamada Deadpool, com numeração recomeçando do 1, roteiros de Skottie Young e arte de Nic Klein. Nessa nova revista, Deadpool é a única esperança da Terra para deter o alienígena Groffon, o Regurgitador, que pode destruir todo o planeta. Essa série não faria muito sucesso, e, após 15 edições mensais, a última de setembro de 2019, e uma anual, a Marvel a substituiria por uma nova Deadpool, com numeração recomeçando do 1, roteiros de Kelly Thompson e arte de Chris Bachalo. Essa série sofreria com atrasos e não conseguiria manter uma periodicidade fixa, sendo cancelada após apenas 10 edições, publicadas entre janeiro de 2020 e março de 2021. Depois disso, Deadpool ficaria pela primeira vez mais de um ano sem uma nova revista regular, com a Deadpool seguinte só sendo lançada em janeiro de 2023, com roteiros de Alyssa Wong e arte de Martin Coccolo, mas, mais uma vez, ela não faria sucesso e teria apenas 10 edições, a última de outubro de 2023.

Deadpool seguiria estrelando várias minisséries, como Absolute Carnage vs. Deadpool, parte da saga Carnificina Absoluta, lançada em três edições entre outubro e dezembro de 2019, com roteiros de Tieri e arte de Marcelo Ferreira; Deadpool: Black, White and Blood, em preto, branco e vermelho, com várias histórias curtas de diversos autores, em quadro edições publicadas entre outubro de 2021 e janeiro de 2022; Deadpool: Badder Blood, continuação de Bad Blood, com roteiros de Bowers e arte de Liefeld, em cinco edições publicadas entre agosto e dezembro de 2023; uma nova versão da Deadpool Team-Up, em quatro edições lançadas entre agosto e dezembro de 2024, com roteiros e arte de Liefeld, na qual Deadpool lidera uma equipe composta por Wolverine, Hulk, Crystar, Major X e Gwen Stacy; e Venom War: Deadpool, parte da saga Venom War, na qual o mercenário enfrenta uma horda de simbiontes zumbis, com roteiros de Bunn e arte de Roberto di Salvo, em três edições lançadas entre outubro e dezembro de 2024.

A mais recente série regular de Deadpool seria lançada em junho de 2024, com roteiros de Cody Ziglar e arte de Roge Antonio, mais uma vez com o nome de Deadpool - a oitava série com esse nome, para quem estiver contando - na qual ele decide treinar sua filha, Ellie, para também ser uma mercenária. Resta saber se essa série será duradoura como as primeiras ou cancelada em menos de um ano como as mais recentes.
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sábado, 11 de janeiro de 2025

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Blade (I)

Eu gosto muito dos filmes do Blade, da Marvel, e faz um tempo já que quero escrever um post sobre eles; ao pensar essa semana em colocar essa ideia em prática, achei que faria sentido se, antes de falar dos filmes, eu falasse sobre o personagem nos quadrinhos, em mais um post sa categoria super-heróis. Hoje, portanto, é dia de Blade no átomo, e semana que vem também, com essa semana o foco sendo os quadrinhos e, semana que vem, os filmes.

Blade foi uma criação do roteirista Marv Wolfman, com aparência criada pelo desenhista Gene Colan. No final da década de 1960, Wolfman, que depois ficaria conhecido por criar a equipe mais famosa dos Jovens Titãs, trabalhava na DC, justamente na revista dos Titãs, quando propôs à editora introduzir um personagem negro na equipe, que contava com Robin, Kid Flash, Ricardito e a Moça-Maravilha, todos brancos. Segundo ele, não fazia sentido existirem tantas pessoas negras nas escolas, nos postos de trabalho, em todos os setores da sociedade, e tão poucos super-heróis negros. A DC concordaria e ele começaria a trabalhar no personagem, mas, de repente, sem explicação, ele seria avisado de que o projeto estava encerrado e o super-herói negro não estrearia na revista. Ele acabaria esquecendo essa ideia e trocando a DC pela Marvel em 1972, levado pelo editor Roy Thomas, que, em 1973, o colocaria a cargo da revista de terror Tomb of Dracula. Segundo Wolfman, assim que começou a trabalhar na revista, o personagem Blade surgiria em sua mente, já com nome, história, poderes, tudo, como se estivesse apenas esperando uma oportunidade.

Colan, o responsável pela arte da revista, não receberia muita informação sobre o personagem além de "é um super-herói negro", e criaria praticamente sozinho seu visual, usando como modelo o ator e ex-jogador de futebol americano Jim Brown. A jaqueta de couro e os óculos escuros, os dois elementos mais característicos de Blade, foram criação de Colan, mas Wolfman pediria que ele adicionasse uma bandoleira, aquela faixa em volta do tronco cheia de balas extras para armas de fogo, que, no caso de Blade, traria estacas. Em suas primeiras aparições, aliás, ele não usaria armas de fogo, apenas facas e estacas.

Blade faria sua estreia na revista Tomb of Dracula 10, de julho de 1973, e seria o principal antagonista de Drácula na revista até a edição 30, de março de 1975. Seria o próprio Wolfman quem acharia que ele estava roubando a cena, com a revista do Drácula praticamente se tornando uma revista do Blade, e decidiria deixar o personagem de lado, investindo em outros coadjuvantes; ele também não estava satisfeito com a forma como Blade estava sendo retratado, achando que ele parecia apenas mais um estereótipo de homem negro, principalmente em seus diálogos. Wolfman deixaria Blade de fora da revista por quase um ano, trazendo-o de volta na edição 41, de fevereiro de 1976, em uma história em oito partes. Ele ainda seria presença frequente na revista até seu cancelamento, na edição 70, de agosto de 1979.

Nessa segunda passagem, Blade já não seria um caçador de vampiros solitário, e sim o líder de uma equipe que contava também com Quincy Harker, filho de Jonathan Harker, treinado pelo famoso caçador de vampiros Abraham Van Helsing para ser seu sucessor; Rachel Van Helsing, neta de Abraham, treinada por Quincy para ser uma caçadora de vampiros desde a infância, quando Drácula matou seus pais; e Frank Drake, um descendente de Drácula, através de um matrimônio que o Conde contraiu antes de se tornar vampiro, que decidiu dedicar sua vida a livrar o mundo do mal causado por seu antepassado. Todos esses personagens estreariam na Tomb of Dracula antes de Blade, sendo coadjuvantes frequentes, com apenas Quincy tendo sido também criado por Wolfman - Rachel seria criada por Archie Goodman, Frank por Gerry Conway. Outro personagem recorrente famoso da Tomb of Dracula era o vampiro Deacon Frost, também criado por Wolfman e Colan, que nos anos seguintes se tornaria o arqui-inimigo de Blade.

Originalmente, Blade não tinha nenhum superpoder, sendo apenas um humano comum imune ao gene do vampirismo, o que significava que, mesmo que mordido, ele não seria transformado. Após Drácula matar sua mãe, ele se aproveitaria desse fato para se dedicar a se tornar o maior caçador de vampiros do mundo, com caçar e matar Drácula se tornando o teste final para suas habilidades. Blade tinha sérios problemas de atitude, dificuldade para trabalhar com outras pessoas, e era extremamente fanático na caça aos vampiros, colocando sua própria segurança e a de quem estava junto com ele em risco se isso o possibilitasse matar mais um vampiro.

No início da década de 2000, entretanto, essa história seria alterada, e Blade se tornaria um dhampir, uma criatura do folclore dos Balcãs que é o resultado de uma união entre um vampiro e uma humana. Ao longo dos anos, sua história seria alterada várias vezes, com a versão mais famosa sendo a de que seu pai era um vampiro e sua mãe era humana, mas, na versão oficial, criada por Christopher Hinz baseada na história do filme, a mãe de Blade foi morta por uma mordida de Frost enquanto estava grávida, o que fez com que enzimas vampíricas passassem para o bebê, que nasceu mesmo após a morte da mãe e com alguns poderes dos vampiros. Ele também se tornaria mais taciturno, introvertido, e menos fanático.

Outro detalhe que mudou foi que, quando criado por Wolfman, o nome do personagem era Frank Blade, sendo Blade ("lâmina", em inglês) não um codinome, mas o sobrenome do personagem; nos anos 1990, o nome de Blade alternaria entre Eric Cross e Eric Brooks, até Hinz definir que seu nome original era Eric Cross-Brooks, filho de Lucas Cross, um nativo da Latvéria, e Tara Brooks, uma prostituta norte-americana com quem ele teve um caso num bordel. Eric começaria seu treinamento como caçador de vampiros aos 9 anos, após ajudar um outro caçador de vampiros chamado Jamal Afari (mais tarde renomeado para Abraham Whistler) a derrotar três deles enquanto voltava da escola. Sob o treinamento de Whistler, Eric aprenderia a usar seus poderes na caça aos vampiros, além de se tornar um atleta de nível olímpico e um mestre no uso de facas e adagas - que o levaria a ser conhecido como Blade dentre os demais caçadores de vampiros.

Sendo "meio-vampiro", Blade tem força, agilidade, velocidade e vigor muito superiores aos de um ser humano normal, mas ainda não no mesmo nível de um vampiro "verdadeiro"; sentidos de visão, audição e olfato ampliados; cura acelerada; imunidade a mordidas e ao hipnotismo dos vampiros; envelhecimento retardado (oficialmente ele nasceu em 1929); e um sexto-sentido que permite que ele identifique criaturas sobrenaturais. Em algumas histórias, ele precisa se alimentar de sangue, mas, em outras, pode consumir qualquer alimento; da mesma forma, em algumas histórias ele reflete em espelhos, em outras, como um vampiro, não. Mas uma característica que jamais foi alterada é que, ao contrário dos vampiros, Blade pode andar à luz do dia, não sofrendo qualquer efeito da luz do sol, o que lhe rendeu dentre os vampiros o apelido de daywalker, o "andarilho do dia".

Blade faria bastante sucesso na Tomb of Dracula, mas não seria um personagem fácil de integrar ao restante do Universo Marvel: sua única aparição contracenando com os, digamos, personagens mainstream seria enfrentando Morbius, o Vampiro Vivo, na Adventure Into Fear 24, de outubro de 1974, com roteiro de Steve Gerber e arte de P. Craig Russell. Em dezembro do mesmo ano e em fevereiro de 1975, ele ganharia histórias nas edições 8 e 9 da revista Vampire Tales, em formato maior, em preto e branco e dedicada ao público adulto, a primeira por Wolfman, a segunda por Wolfman e Chris Claremont, ambas com arte de Tony DeZuniga. Claremont começaria a escrever uma nova história do personagem para a Vampire Tales, mas, após seu cancelamento, a expandiria, e a Marvel decidiria publicá-la na Marvel Preview 3, de setembro de 1975, com arte de DeZuniga e Rico Rival. Blade ainda faria outra participação nessa revista, na edição 8, de setembro de 1976, com uma história de Wolfman e Colan.

Após o cancelamento da Tomb of Dracula, porém, Blade desapareceria completamente. Considerado um personagem datado e sem que nenhum roteirista se animasse a utilizá-lo, ele ficaria mais de dez anos longe dos quadrinhos, até retornar na Doctor Strange: Sorcerer Supreme 9, de novembro de 1989, em uma história por Roy e Dann Thomas que trazia de volta vários dos personagens Marvel de horror da década de 1970, como Drácula, o Lobisomem e Mordred. A participação seguinte seria em agosto de 1992, na Ghost Rider 28, como parte de uma equipe chamada Filhos da Meia-Noite, da qual também faziam parte Morbius e os dois Motoqueiros Fantasmas da época (Johnny Blaze e Danny Ketch). Essa equipe participaria de uma história em cinco partes, as quatro primeiras nas edições 28 a 31 de Ghost Rider, a quinta no primeiro número da nova revista Nightstalkers, de novembro de 1992. Entre novembro de 1993 e março de 1994, Blade também participaria de uma história em quatro partes na Doctor Strange: Sorcerer Supreme.

A Nightstalkers seria cancelada na edição 18, em abril de 1994, mas isso seria uma coisa boa, pois, em julho, continuando a história, Blade finalmente ganharia sua própria revista, chamada Blade: The Vampire Hunter, com roteiros de Ian Edginton e arte de Doug Wheatley, na qual o antagonista era, mais uma vez, Drácula. Infelizmente, a revista teria péssimas vendas, e seria cancelada após apenas dez edições, em abril de 1995. Nesse meio-tempo, ele também participaria da revista trimestral Midnight Sons Unlimited, que teve 9 edições, publicadas entre abril de 1993 e maio de 1995. Suas aparições seguintes seriam em uma história da edição especial em preto e branco Marvel Shadows and Light, de fevereiro de 1997, e como estrela de duas outras edições especiais, Blade: Crescent City Blues, de março de 1998, com roteiro de Christopher Golden e arte de Colan, e Blade: Sins of the Father, de outubro de 1998, com roteiro de Marc Andreyko e arte de Bart Sears.

1998 também seria o ano de estreia do primeiro filme de Blade, e a Marvel anunciaria o lançamento de uma nova série regular, chamada apenas Blade, cujo primeiro número saiu em novembro daquele ano. Essa série traria o selo Strange Tales, assim como Man-Thing, estrelada pelo Homem-Coisa, lançada em outubro de 1997, que teve oito edições, e Werewolf by Night, estrelada pelo Lobisomem, lançada em fevereiro de 1998, que teve apenas seis edições - uma outra série do mesmo selo, estrelada por Satana, foi anunciada, mas jamais lançada. Infelizmente, o final dos anos 1990 foi uma época extremamente complicada financeiramente para a Marvel, que quase faliu; por causa disso, na edição 2 foi anunciado que a Blade não seria uma série regular, mas uma minissérie em seis edições, que acabaria tendo apenas três, sendo cancelada após a lançada em janeiro de 1999.

Mas o filme tornaria o personagem novamente popular, e a Marvel decidiria arriscar uma nova minissérie em seis edições, chamada Blade: Vampire Hunter com roteiro e arte de Sears, publicada entre dezembro de 1999 e maio de 2000, além de uma edição 1/2, publicada em janeiro de 1999. Em seguida seria lançada a minissérie de Hinz, que redefiniria o personagem, chamada simplesmente Blade, em seis edições entre maio e outubro de 2002, parte do selo Marvel MAX, com histórias voltadas a um público mais adulto - trazendo, inclusive, um aviso de "conteúdo explícito" na capa. Em 2005, seria lançada a edição especial Blade: Nightstalking, com roteiro de Jimmy Palmiotti e Justin Gray e arte de Amanda Conner, baseada nas histórias dos filmes, e em novembro de 2006 seria a vez de uma nova série regular, mais uma vez chamada Blade, com roteiro de Marc Guggenheim e arte de Howard Chaykin - que novamente não teria boas vendas e seria cancelada na edição 12, de outubro de 2007.

Em 2008, Blade faria parte de uma equipe reunida pelo Capitão Bretanha, na revista Captain Britain and MI:13, formada para combater a Invasão Secreta dos skrulls, mas que também combatia Drácula e seu exército de vampiros. Ambientada na Inglaterra, com roteiros de Paul Cornell e arte de Leonard Kirk, a revista não teria boas vendas, e seria cancelada após 15 edições, publicadas entre julho de 2008 e setembro de 2009. Após quase cinco anos sumido, Blade voltaria como membro dos Poderosos Vingadores, sendo um personagem recorrente na Mighty Avengers, que teria 14 edições publicadas entre novembro de 2013 e novembro de 2014. Em 2015, a Marvel anunciaria uma nova revista de Blade, com roteiros de Tim Seeley e arte de Logan Faerber, na qual ele atuaria ao lado de sua filha; esse projeto seria cancelado em outubro, entretanto, sem que nenhuma edição fosse lançada.

Blade voltaria em uma nova versão dos Filhos da Meia-Noite, ao lado de Hellstorm, Satana e do Motoqueiro Fantasma, na minissérie Spirits of Vengeance, com roteiros de Robbie Thompson e arte de Anthony Piper, em cinco edições publicadas entre dezembro de 2017 e abril de 2018. Em janeiro de 2019, ele se uniria aos Vingadores, participando de quase 30 edições da revista Avengers. Paralelamente a isso, Blade formaria outra equipe, na revista Strikeforce, com roteiros de Tini Howard e arte de Germán Peralta, atuando em segredo para deter uma ameaça sobrenatural, em 9 edições publicadas entre novembro de 2019 e outubro de 2020. E os Filhos da Meia-Noite, agora compostos por Blade, Magia, Wolverine, Dr. Vodu, Kushala e Nico Minoru, voltariam na minissérie Midnight Suns, com roteiros de Ethan Sacks e arte de Luigi Zagaria, em cinco edições lançadas entre novembro de 2022 e março de 2023.

Em 2023 a Marvel retomaria a ideia de oito anos antes, de que Blade deveria enfrentar vampiros ao lado de sua filha, e lançaria a minissérie Bloodline: Daughter of Blade, em cinco edições lançadas entre abril e agosto, com roteiros de Danny Lore e arte de Karen S. Darboe, na qual a jovem Brielle Brooks, apelido Bri, descobre ter os mesmos poderes do pai, e decide usá-los para caçar vampiros. O sucesso da minissérie levaria ao lançamento de uma nova série regular chamada Blade, com a presença de Blade e Bri, em setembro de 2023, publicada até hoje. E, em 2024, Blade foi peça fundamental na saga Blood Hunt, na qual vampiros ameaçam o Universo Marvel, sendo um dos protagonistas de uma minissérie de mesmo nome em cinco edições quinzenais lançadas entre julho e setembro.

Além dos quadrinhos e dos filmes, Blade foi astro de uma série de TV, exibida nos Estados Unidos no canal a cabo Spike TV, que negociaria os direitos com a Marvel em 2005, dando luz verde para a série em fevereiro de 2006. Blade: The Series teria como showrunner David S. Goyer, responsável pelos roteiros dos três filmes, que comentaria que a série daria a ele uma maior oportunidade para trabalhar o submundo dos vampiros, já que eles poderiam ter mais tempo de tela do que nos filmes. Curiosamente, o chefe da equipe de roteiristas seria o também roteirista de quadrinhos Geoff Johns, que ficaria famoso por seus roteiros não na Marvel, mas na DC, onde revitalizaria a Sociedade da Justiça - sendo hoje o principal produtor dos filmes da DC para o cinema.

Wesley Snipes, que interpretou o caçador de vampiros nos filmes, não aceitaria repetir o papel de Blade na série, e a escolha de seu substituto seria bastante controversa: o rapper Sticky Fingaz, creditado na abertura como Kirk "Sticky" Jones. O rapper declararia que sua intenção não era substituir Snipes nem fazer as pessoas se esquecerem dos filmes, mas ainda assim criar um Blade totalmente original, que se destacasse por si só. O elenco de coadjuvantes da série, tanto humanos quanto vampiros, seria completamente novo e sem ligação com os filmes, com o maior destaque sendo Shen (Nelson Lee), que fabrica as armas e equipamentos de Blade, atua como hacker para invadir computadores de vampiros, mistura um soro que mantém os instintos vampirescos de Blade sob controle, e consegue ler e falar o idioma dos vampiros - e que decide ajudar Blade porque sua irmã foi morta por vampiros.

A série começa quando a soldado Krista Starr (Jill Wagner) retorna do Iraque e descobre que seu irmão foi morto. Investigando, ela descobre que o assassino foi um poderoso vampiro, Marcus Van Sciver (Neil Jackson), o principal antagonista da série, que a transforma também em vampira. Ela então é encontrada por Blade, que compartilha seu soro com ela em busca de ajuda para destruir Marcus; seu plano é que Krista se infiltre na organização da qual o vampiro faz parte, a Casa de Chthon, e atue como agente dupla, passando a ele as informações necessárias para derrotá-los. Além de Blade, Shen, Krista e Marcus, o elenco principal conta com Chase (Jessica Gower), vampira braço-direito do vilão.

A série seria produzida pela New Line Television, subsidiária do estúdio de cinema que produziu os filmes, e teria um piloto de duas horas de duração (lançado em DVD com o nome de Blade: House of Chthon) exibido em 28 de junho de 2006, mais tarde dividido em dois episódios para as reprises. A Spike TV encomendaria mais 11 episódios, exibidos entre 5 de julho e 13 de setembro, para uma temporada com um total de 13. Oficialmente, a série é uma continuação dos filmes, sendo ambientada um espaço de tempo não especificado após Blade Trinity, mas, apesar de o piloto fazer algumas referências ao eventos dos três filmes, os demais episódios os ignoram, praticamente ocorrendo em uma realidade paralela.

O piloto seria o programa mais assistido da história da Spike TV, alcançando um pico de 2,5 milhões de espectadores, e a série seria o programa mais assistido da TV a cabo norte-americana enquanto estava no ar. A crítica ficaria dividida, achando que os episódios tinham muita ação e pouca história, com o enredo sendo irrelevante diante da missão de Blade de matar tantos vampiros quanto possível. Apesar do sucesso de público, a série seria cancelada enquanto ainda estava no ar, com o anúncio oficial sendo feito em 28 de setembro; segundo Johns, a Spike TV não queria cancelá-la, mas não tinha orçamento suficiente para bancar uma segunda temporada. O último episódio possui uma espécie de final, mas deixa pontas soltas suficientes para que uma segunda temporada fosse feita caso a série fosse renovada.

Vale dizer também que Blade: The Series estaria disponível para download pago no iTunes antes mesmo de sua estreia na Spike TV, sendo a segunda série da história a ser disponibilizada online antes da estreia - a primeira tendo sido Conviction, um spin-off de Lei & Ordem, que estreou em março de 2006 e também teve apenas uma temporada. A série seria lançada em DVD em 2008 pela Warner Bros, com os episódios re-editados para incluir cenas consideradas "inapropriadas para a TV", a maioria por motivos de violência. Como o personagem é da Marvel, pode ser que um dia ela apareça no Disney+, mas, por enquanto, provavelmente por razões contratuais, ainda não está disponível.
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