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sábado, 9 de agosto de 2025

Escrito por em 9.8.25 com 0 comentários

Quarteto Fantástico (II)

Recentemente, estreou o filme do Quarteto Fantástico no MCU, sobre o qual eu provavelmente vou falar aqui no átomo, se algum dia eu fizer uma série de posts falando sobre a Fase 6. Esse já é o quinto filme do Quarteto, que, apesar de terem sido os primeiros super-heróis da Marvel nos quadrinhos, realmente não vinham dando sorte no cinema. A razão pela qual vocês estão lendo esse post, porém, é que, mesmo com grande parte da parcela mundial os considerando ruins, eu adoro os filmes do Quarteto Fantástico da Fox, especialmente o primeiro, que eu acho super divertido e bastante fiel aos quadrinhos - exceto o Dr. Destino, já que não tem cabimento o maior vilão da Marvel ganhar superpoderes e ainda assim ser tão patético. Por causa disso, depois que eu falei sobre os filmes dos X-Men, talvez influenciado pela estreia do novo, me deu vontade de falar sobre os do Quarteto também. Assim, hoje, mais uma vez, é dia de Quarteto Fantástico no átomo!

A primeira tentativa de se fazer um filme do Quarteto Fantástico ocorreria lá na década de 1980: em 1983, o produtor alemão Bernd Eichinger, dono da Constantin Film, iria até a casa de Stan Lee em Los Angeles negociar pessoalmente uma licença para a produção de um filme da equipe para o cinema. A negociação duraria três anos, e somente em 1986 a Constatin obteria a licença, por um valor que Eichinger descreveu como "não sendo enorme", e noticiado na época como 250 mil dólares, uma verdadeira pechincha. Com a tecnologia da época, entretanto, duplicar os poderes do Quarteto Fantástico em um filme seria caríssimo, e a Constatin preferiria negociar com um grande estúdio, cedendo os direitos em troca de participação na bilheteria. A Warner Bros. e a Columbia se diriam interessadas, mas ambas recuariam após o orçamento do filme ser calculado - segundo a Columbia, havia a possibilidade de o filme ser o mais caro de todos os tempos.

O contrato assinado entre a Marvel e a Constantin previa que, se o filme não entrasse em produção até 31 de dezembro de 1992, os direitos voltariam para a Marvel e a Constantin perderia o dinheiro já investido. Para que isso não acontecesse, Eichinger procuraria o famoso diretor de filmes B Roger Corman, que concordaria em produzir o filme com orçamento máximo de 1 milhão de dólares, e distribuí-lo através de sua empresa, a New Horizons Pictures. A produção começaria em 28 de dezembro de 1992, três dias antes do fim do prazo, com direção de Oley Sassone, que, até então, só havia dirigido videoclipes, e roteiro de Craig J. Nevius e Kevin Rock, contratados por Corman. O filme seria integralmente filmado nos estúdios da Concorde Pictures, em Venice, Califórnia, também de propriedade de Corman, exceto pela cena da queda da nave após o Quarteto ganhar seus poderes, filmada na cidade vizinha, Agoura; a cena da explosão do laboratório de Victor Von Doom, filmada na Universidade de Loyola-Marymount; e da cena final, filmada no antigo prédio da Pacific Stock Exchange, em Los Angeles.

Ao todo, as filmagens durariam apenas 21 dias - embora algumas fontes digam 25. Apesar da produção mambembe e a toque de caixa, tudo seria feito com muito cuidado: os figurinos ficariam a cargo do interessantemente chamado Réve Richards, que não conhecia o Quarteto, e, enquanto estava comprando dezenas de revistas em quadrinhos para usar como inspiração, deixaria escapar que estava trabalhando no filme, sendo cercado por fãs que queriam saber se ele seria fiel aos quadrinhos. O dublê Carl Ciarfalio, que vestia uma roupa de borracha para interpretar o Coisa, trabalharia junto ao ator Michael Bailey Smith, que interpretava Ben Grimm, para que seus maneirismos fossem os mesmos. Os efeitos de computação ficariam a cargo de Scott Billups e da empresa Optic Nerve, e a maquiagem ficaria a cargo de John Vulich e Everett Burrell. E os produtores musicais David e Eric Wurst pagariam 6 mil dólares do próprio bolso para que a trilha sonora contasse com uma orquestra de 48 instrumentos.

A data de estreia do filme seria inicialmente marcada para setembro de 1993, com trailers sendo exibidos nos cinemas em julho, mas nem a Constantin nem a New Horizons queriam gastar um centavo em publicidade, com os próprios atores decidindo pagar de seus bolsos para que o filme fosse discutido na Comic-Con de 1993, após a qual ele seria matéria de capa da revista Film Threat, e a data de "estreia mundial" seria confirmada pela Constantin como 19 de janeiro de 1994. No final de 1993, entretanto, os atores receberiam uma ordem judicial para parar de promover o filme, todos os negativos seriam confiscados pela Constantin, e Eichinger informaria Sassone que o filme jamais seria lançado. Várias publicações especializadas começariam a especular que, na verdade, a produção seria uma ashcan copy, um filme produzido sem nenhuma intenção de ser lançado, apenas para que o estúdio não perdesse os direitos. Somente em 2005 Lee confirmaria essa tese, dizendo numa entrevista que Eichinger o havia colocado a par do plano, dizendo que "ninguém jamais veria o filme", mas que, como Corman havia decidido não informar nem o elenco, nem a equipe, que acharam que haveria um lançamento, acabou acontecendo uma promoção jamais programada, o que tornou o "cancelamento" do lançamento mais escandaloso do que deveria ser.

No mesmo ano, Corman, em uma entrevista, desmentiria Lee, dizendo que o contrato que assinou previa o lançamento nos cinemas, mas também previa que ele teria de vender o filme para Eichinger caso ele pagasse o valor da produção, o que o produtor fez no final de 1993, deixando Corman sem escolha. Eichinger, por sua vez, culparia Avi Arad, na época diretor executivo da Marvel, que, temendo que o filme fosse uma bomba e isso afetasse as vendas dos quadrinhos do Quarteto, já extremamente baixas na época, teria dado a Eichinger o dinheiro para que ele comprasse o filme de volta, e ordenado que ele destruísse todos os negativos. Arad não somente confirmaria essa versão, como também diria que, até um fã abordá-lo na rua em 1993 e dizer estar aguardando ansiosamente a estreia, não estava sabendo que um filme do Quarteto estava sendo produzido, que jamais assistiu a esse filme para saber se ele era bom ou não, e que pagou Eichinger em dinheiro vivo. Muitas dessas histórias estariam no documentário Doomed!: The Untold Story of Roger Corman's The Fantastic Four, que fala sobre a produção do filme, lançado diretamente em home video em 2015.

Pelo menos uma cópia do filme sobreviveria, porém, sendo exibida para uma plateia seleta em Los Angeles em 31 de maio de 1994, e podendo ser encontrada no YouTube, no Daily Motion e em torrents. Críticos que viram o filme diriam que, realmente, ele era bem ruim, mas por lembrar uma novela de baixo orçamento com atores iniciantes, não por problemas da produção ou do roteiro. Segundo alguns críticos, com um orçamento maior e um elenco mais experiente, o filme poderia até mesmo ter sido um grande sucesso. No filme, o Quarteto ganha seus poderes ao ser exposto a raios cósmicos durante uma viagem para estudar um cometa, sem saber que sua nave não tinha a proteção adequada devido à remoção de um diamante, que acaba sendo o ponto central da história, já que o Dr. Destino quer usá-lo para energizar um canhão laser que destruirá a cidade de Nova Iorque. O elenco conta com Alex Hyde-White como Reed Richards / Sr. Fantástico, Rebecca Staab como Susan Storm / Mulher Invisível, Jay Underwood como Johnny Storm / Tocha Humana, Michael Bailey Smith como Ben Grimm, Carl Ciarfalio como o Coisa, Joseph Culp como Victor Von Doom / Dr. Destino, Kat Green como Alicia Masters, e Ian Trigger como o vilão Joalheiro, que rouba o diamante da nave do Quarteto - vale citar também Mercedes McNab, posteriormente famosa pelas séries Buffy, a Caça-Vampiros e Angel, que interpreta Sue Storm quando criança.

Retendo os direitos, e com os efeitos especiais ficando mais realísticos e mais baratos a cada ano que se passava, Eichinger seguiria com a intenção de fazer um filme do Quarteto de grande orçamento e com elenco famoso, conseguindo assinar um contrato de financiamento com a Fox em 1995. A Fox conversaria com os diretores Chris Columbus, Peyton Reed e Peter Segal; Columbus seria contratado ainda em 1995, escrevendo um roteiro em parceria com Michael France, mas, em 1996, decidiria deixar o cargo de diretor e ficar apenas como produtor, conseguindo um acordo para que o filme fosse co-produzido pela Constantin e pela 1492 Pictures, da qual Columbus era o dono. Segal concordaria em substituí-lo, sendo contratado em abril de 1997, mas "diferenças criativas" fariam com que ele deixasse o projeto no fim do ano, sendo substituído por Sam Wiseman. Em 1998, a Fox contrataria o roteirista Sam Hamm para reescrever o roteiro de Columbus e France, estimado em 165 milhões de dólares, um absurdo na época.

Pelos termos do contrato original assinado por Eichinger, o "segundo" filme do Quarteto teria que ser produzido até 31 de dezembro de 1999, ou os direitos voltariam para a Marvel; seria em 1999, porém, que ocorreria o já famoso leilão dos personagens da Marvel para os grandes estúdios de cinema, o que daria a Eichinger uma oportunidade: ele abriria mão dos direitos, desde que seguisse como produtor do filme, que seria co-produzido pela Constantin, para que a Fox arrematasse o Quarteto Fantástico no leilão, conseguindo, assim, uma extensão do prazo. Após fazer isso, a Fox daria início à pré-produção do filme, estabelecendo julho de 2001 como data de estreia e contratando Raja Gosnell como diretor. Gosnell, entretanto, deixaria o projeto em outubro de 2000, para dirigir Scooby-Doo, e Reed seria contratado em abril de 2001, trazendo com ele o roteirista Mark Frost, para uma nova revisão. Reed deixaria o projeto em 2003, alegando que a Fox não gostava de nenhuma de suas ideias; segundo ele, várias dessas ideias seriam reaproveitadas para Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, de 2023.

Ao saber que Reed havia pedido demissão, o ator Sean Astin (o Sam de O Senhor dos Anéis) se ofereceria para o cargo; mesmo sem nunca ter dirigido um longa-metragem, e assumindo não conhecer os quadrinhos do Quarteto, ele queria se lançar como diretor, e achava que o filme do Quarteto poderia ser uma catapulta para essa carreira. Astin chegaria a conversar com a Fox - e uma de suas ideias era escalar Christina Aguilera como Sue Storm - mas sua falta de experiência acabariam fazendo com que os executivos do estúdio temessem um fracasso. Outra curiosidade é que o favorito da Fox para interpretar o Dr. Destino era Robert Downey Jr., descartado após pesquisas com grupos de opinião mostrarem que ele ainda tinha má fama devido a seus problemas com drogas no final dos anos 1990.

Em abril de 2004, Tim Story seria oficialmente anunciado como diretor, após a Fox saber que ele era fã dos quadrinhos do Quarteto, e alguns executivos do estúdio se impressionarem com Taxi. Após assistir Os Incríveis, Story pediria que Simon Kinberg, que não seria creditado, reescrevesse partes do roteiro, que ele estava achando muito parecidas com o filme da Disney. Após essa nova revisão, tudo finalmente estaria pronto para o filme entrar em produção, co-produzido pela Constantin Films, 20th Century Fox, Marvel Enterprises e 1492 Pictures, com Eichinger, Arad e Ralph Winter como produtores, roteiro creditado a France e Frost, e orçamento final de 90 milhões de dólares.

O filme tenta ser o mais fiel possível aos quadrinhos, mas erra em colocar Von Doom na nave que é atingida por raios cósmicos e dá poderes ao Quarteto; ao voltar para a Terra, enquanto Johnny se torna uma celebridade e Sue passa por momentos constrangedores com sua invisibilidade, Reed decide devotar todo seu tempo a criar uma máquina que extraia os raios cósmicos do Coisa - que engata um romance com a escultora cega Alicia - para que ele possa voltar a ser Ben Grimm. Paralelamente a isso, a pele de Von Doom começa a descascar, revelando uma estranha segunda pele metálica, e ele descobre ser capaz de lançar raios elétricos pelas mãos; suas empresas começam a perder milhões devido à falha na missão que deu os poderes ao "quinteto", e, culpando Reed, ele bola um plano para usar sua inteligência, seu dinheiro e seus novos poderes para destruí-lo. O elenco conta com Ioan Gruffud como Reed Richards, Jessica Alba como Sue Storm, Chris Evans como Johnny Storm, Michael Chiklis como Ben Grimm, Julian McMahon como Victor Von Doom, e Kerry Washington como Alicia Masters. Exceto por Von Doom, que, no final do filme, passa a se referir a si mesmo como Destino (sem o "Doutor"), nenhum dos personagens usa os codinomes dos quadrinhos no filme, com os nomes Sr. Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana e Coisa sendo usados sempre em contextos satíricos. Stan Lee faz uma participação como o carteiro Willie Lumpkin, personagem recorrente nas histórias do Quarteto.

A escalação do elenco seria bastante questionada, com Gruffud e Evans sendo considerados muito crus para seus personagens, McMahon sendo considerado muito canastrão, e duas questões raciais: Alba, descendente de dinamarqueses, galeses, alemães e franceses por parte de mãe, mas de mexicanos por parte de pai, e vista nos Estados Unidos como latina, seria alvo da ira de fãs que não se conformaram com sua escolha para interpretar a loura de olhos azuis Sue, e debocharam quando as primeiras imagens do filme mostraram que ela havia tingido o cabelo e estava usando lentes de contato; Washington, que é negra, receberia críticas semelhantes, já que Alicia, nos quadrinhos, é branca. Em versões preliminares do roteiro, o pai de Alicia, o vilão Mestre dos Bonecos, também estaria no filme, assim como o Homem-Toupeira, cujo ataque faria com que o Quarteto agisse pela primeira vez como uma equipe, mas as revisões removeriam esses personagens para que o antagonismo ficasse todo com Destino.

As filmagens ocorreriam majoritariamente no Canadá, nas cidades de Surrey, Toronto e Vancouver, com a Universidade da Columbia Britânica sendo um dos locais onde foram gravadas mais cenas; algumas cenas seriam gravadas em Nova Orleans, Estados Unidos, mas, curiosamente, nenhuma seria filmada em Nova Iorque, onde o filme é ambientado. Os efeitos especiais ficariam a cargo das empresas Giant Killer Robots, Meteor Studios, SW Digital, Soho VFX e Pixel Magic; ainda temendo que o filme pudesse ser comparado a Os Incríveis, Story pediria por um aumento no número de cenas com efeitos especiais em relação ao inicialmente previsto, o que aumentaria o orçamento em cerca de 15 milhões de dólares. Ele faria, entretanto, uma exigência no sentido contrário: Story não queria que o Coisa fosse um personagem digital, como o Hulk do filme de 2003, e optaria por uma roupa de borracha vestida por Chiklis e aprimorada na pós-produção, criada pela empresa Spectral Motion, responsável também por outras maquiagens e próteses do filme, como a pele metálica de Destino.

Quarteto Fantástico estrearia em 8 de julho de 2005, em 3602 salas apenas nos Estados Unidos - número que aumentaria para 3619 na semana seguinte, devido à grande procura - e seria um grande sucesso de público, rendendo 56 milhões de dólares apenas no primeiro fim de semana e 154,7 milhões no total considerando apenas os Estados Unidos - somando o resto do planeta, a bilheteria total seria de 330,6 milhões, tornando-o o filme mais rentável a ser dirigido por um afro-americano até ser ultrapassado por Pantera Negra em 2018. A crítica, por outro lado, o colocaria abaixo dos cachorros, considerando o elenco fraco (com Chiklin sendo o maior destaque, "mesmo soterrado em maquiagem") o roteiro bobo e o final decepcionante; muitos críticos chegaram a dizer que ele era mais um filme B do Quarteto, e que, comparado aos do Homem-Aranha e dos X-Men, parecia "algo esquecido dos anos 1960". Curiosamente, ao longo dos anos, principalmente após o lançamento do filme de 2015, o filme passaria a ter críticas mais favoráveis, embora nunca seja considerado um sucesso.

Outra curiosidade é que, para o lançamento em home video, a Fox alteraria duas cenas do filme, uma na qual Reed e Sue estão no depósito do Edifício Baxter, e, em uma das estantes, pode ser visto o robô H.E.R.B.I.E., que não estava lá nos cinemas, e outra na qual Reed e Sue discutem seu relacionamento, que ficou completamente diferente: nos cinemas, o casal está olhando para a Estátua da Liberdade, mas, em home video, eles estão em um planetário e, ao invés de mudar seu rosto para ficar com o queixo quadrado, Reed imita o rosto de Wolverine. Segundo a Fox, essa cena buscava mostrar que os filmes do Homem-Aranha, dos X-Men e do Quarteto eram ambientados no mesmo universo, com Hugh Jackman indo ao set de filmagens e gravando-a durante a produção; quando uma participação de Jackman como Wolverine em Homem-Aranha 2 foi cancelada, a Fox decidiu remover a cena do filme do Quarteto, gravando a nova com Gruffud e Alba durante a pós-produção, mas depois voltaria atrás e decidiria incluí-la no home video.

Aqui no Brasil, a versão em DVD e Blu-ray é idêntica à dos cinemas, com a cena com Jackman estando presente apenas na "Versão do Diretor", lançada apenas em DVD em 2007. Essa versão traz 20 minutos a mais de cenas originalmente descartadas, nenhuma delas relevante para a história, mas que aprofundam o relacionamento do Coisa com Alicia, mostram estratagemas de Von Doom para separar a equipe, e que o comportamento irresponsável de Johnny nem sempre sai impune.

Mesmo com o fracasso de crítica, a Fox daria a luz verde para uma sequência, aproveitando que os seis atores do elenco principal, mais o diretor Story e o roteirista Frost, tinham todos assinado contrato para três filmes. Frost queria que o filme contasse com dois dos mais famosos personagens das histórias do Quarteto, Galactus e o Surfista Prateado, mas, conhecendo pouco das histórias clássicas da equipe, pediria para que a Fox contratasse um co-roteirista, com o escolhido sendo Don Payne, famoso por ser roteirista da série Os Simpsons, mas que era fã do Quarteto, e decidiu basear o filme em três histórias: a trilogia de Galactus, um arco no qual o Dr. Destino rouba os poderes do Surfista Prateado, e a saga Extinção Suprema, da linha Ultimate. Payne também incluiria no filme o Fantasticarro, e cuidaria para que Alicia tivesse uma participação maior no segundo filme do que teve no primeiro.

Apesar de muita gente achar que o Surfista Prateado era um personagem totalmente digital, Story mais uma vez pediria para que ele, assim como o Coisa, fosse um efeito prático aprimorado. Assim, o Surfista seria interpretado pelo ator Doug Jones vestindo uma roupa prateada especialmente confeccionada pela Spectral Motion, aprimorada na pós-produção pela Weta Digital. Nas primeiras versões do roteiro, o Surfista era mudo, não proferindo uma única palavra durante todo o filme, mas os executivos da Fox não gostaram dessa ideia, pedindo para que ele tivesse diálogos e fosse dublado pelo ator Lawrence Fishburne; segundo boatos, durante as filmagens Jones não sabia que seria dublado, interpretando todas as falas como se sua voz fosse ser usada, somente descobrindo que o Surfista teria a voz de Fishburne ao ler uma matéria sobre o filme em uma revista.

Frost e Payne queriam que Nick Fury estivesse no filme, e convidaram o ator Andre Braugher para interpretá-lo, o que faria com que ele saísse da série ER: Plantão Médico, já que não conseguiria conciliar as filmagens da série com as do filme. Ao contrário do que os roteiristas imaginaram, entretanto, a Fox não tinha os direitos sobre Fury, e a Marvel, já pensando em usá-lo em produções futuras, se recusaria a cedê-los, o que faria com que o personagem de Braugher fosse mudado para o General Hager, um antigo conhecido de Reed, mas com a exata mesma função que Fury teria - algumas falas de Hager no filme, inclusive, são idênticas a falas de Fury em Extinção Suprema.

As filmagens começariam em agosto de 2006 em Vancouver, onde seriam gravadas a maior parte das cenas; outras cidades canadenses nas quais ocorreram filmagens seriam Pemberton e Burnaby. Após críticas ao primeiro filme, a Fox decidiria gravar também algumas cenas em Nova Iorque, chegando a fechar o famoso Lincoln Tunnel para filmá-las. Cenas internacionais seriam gravas na Baía de Suruga, Japão, em Gizé, no Egito, e na Geleira de Russell, na Groenlândia. Além da Spectral Motion e da Weta, trabalharim nos efeitos digitais nada menos que outras 25 empresas, incluindo Hydraulx, The Orphanage, Giant Killer Robots, Hammerhead Productions e Lola Visual Effects. O aumento no número de efeitos especiais e as locações internacionais também aumentariam para 130 milhões de dólares o orçamento final do filme, que seria uma co-produção entre Constantin Film, 20th Century Fox, Marvel Entertainment, 1492 Pictures, Ingenious Film Partners e Dune Entertainment.

A roupa do Coisa seria refeita para que tivesse uma melhor ventilação e para que Chiklis conseguisse tirá-la sozinho nos intervalos das gravações, e um episódio durante as filmagens viraria manchete por motivos inusitados: em uma cena na qual Sue chora, Story teria dito a Alba que a cara dela estava muito feia, e pedido para que ela "chorasse mais bonita", acrescentando que não havia problema se não houvesse lágrimas, pois elas poderiam ser incluídas por computação gráfica na pós-produção. A atriz daria uma entrevista se dizendo horrorizada com o comentário, e que chegaria a questionar se deveria seguir atuando depois disso; o diretor, por outro lado, diria que foi tudo um mal-entendido, e que ele tinha achado que a cena havia ficado "muito real e muito dolorosa para um filme para toda a família", e que sua intenção era que Alba a fizesse mais suave.

Outro incidente bizarro envolvendo o filme foi que a Fox fez um acordo com a Franklin Mint, empresa privada localizada no estado da Pensilvânia que tem um contrato com o governo para fabricar moedas, para que um lote de 40 mil moedas de 25 cents, ao invés de trazerem no verso (o lado da "cara") sua figura tradicional, trouxessem o Surfista Prateado em sua prancha e a URL do site oficial do filme. As moedas foram fabricadas, entraram em circulação em maio de 2007, e logo se tornaram cobiçados itens de colecionador, mas, poucos dias depois, a Franklin Mint seria notificada pela U.S. Mint, órgão do governo que cuida da fabricação de moedas e cédulas em todo o território dos Estados Unidos, de que existe uma lei federal que proíbe "transformar dinheiro encomendado oficialmente pelo governo em propaganda de empresas privadas". A U.S. Mint, contudo, jamais aplicou qualquer punição à Franklin Mint, e essas moedas, se ainda estiverem em circulação, possuem valor legal de 25 cents normalmente.

Apesar de a Fox ter reservado a data de estreia para julho de 2007, em março de 2007 a aparência final de Galactus ainda não estava definida. A Weta chegaria a criar um humanoide de 30 metros de altura, que poderia receber a face de qualquer ator que fosse contratado para interpretar o Devorador de Planetas, ou uma máscara, para que não tivesse face alguma, mas os executivos da Fox acharam que "um gigantão aparecendo no meio de Nova Iorque para comer o planeta" deixaria mais uma vez a produção com cara de filme B, e exigiriam que Galactus não fosse uma pessoa, mas "uma força da natureza". A Weta, então, optaria por fazê-lo como uma tempestade cósmica com uma sombra que lembrasse vagamente o capacete do Galactus dos quadrinhos, e o roteiro seria alterado para que ela jamais alcançasse a Terra, sendo detida ainda no espaço. Essa seria uma das principais reclamações dos fãs, que prefeririam ver mesmo o gigantão comendo o planeta.

No filme, Reed e Sue estão prestes a se casar quando o governo entra em contato com o cientista, pedindo sua ajuda para identificar um misterioso objeto no espaço que ruma em alta velocidade para a Terra. Esse objeto é nada menos que o Surfista Prateado, que está guiando Galactus até o planeta para que ele o devore. Sem saber desse fato e imaginando que o Surfista é uma ameaça cósmica, o Quarteto passa a trabalhar em conjunto com Destino para detê-lo, até o vilão roubar os poderes do Surfista para si e o alienígena revelar que ele não é a verdadeira ameaça. A missão do Quarteto, então, passa a ser recuperar os poderes do Surfista antes que Destino os use para destruí-los, e usá-los para encontrar uma forma de interromper a trajetória de Galactus antes que a Terra seja destruída.

Do primeiro filme retornam Gruffud, Alba, Evans, Chiklis, McMahon e Washington, se unindo a eles Doug Jones como o Surfista Prateado, Laurence Fishburne como a voz do Surfista Prateado, Andre Braugher como o General Hager, e Beau Garrett como Frankie Raye - que, no filme, é capitã do exército, mas nos quadrinhos era uma intérprete da ONU que teve um namoro com Johnny e foi transformada por Galactus em uma arauto chamada Nova, para substituir o Surfista em sua missão de encontrar planetas para o Devorador. Participações especiais incluem Brian Posehn como o celebrante do casamento de Reed e Sue; Vanessa Minnillo como a acompanhante de Johnny para o casamento; Zach Grenier como o Sr. Sherman; e Patricia Harras como a recepcionista do prédio do Quarteto, Roberta. Stan Lee faz uma participação como um convidado barrado no casamento.

Com o nome de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (Fantastic Four: Rise of the Silver Surfer, no original), o filme estrearia em 15 de julho de 2007 e seria mais uma vez um sucesso de público - renderia 58 milhões de dólares apenas no primeiro fim de semana, dois a mais que o anterior, mas, no total, renderia menos que o primeiro: 131,9 milhões nos Estados Unidos, 301,9 milhões quando somado o mundo inteiro. A crítica seria levemente mais favorável, considerando-o melhor que seu antecessor, mas ainda com pouco a oferecer além de seus efeitos especiais.

Pouco após a estreia, Story teria uma reunião com os executivos da Fox para discutir ideias para um terceiro filme, sugerindo a introdução de Franklin Richards, a transformação de Raye em Nova, e uma participação do Pantera Negra, indicando o ator Djimon Hounsou para o papel. Payne, em uma entrevista, diria não ter conversado nada com a Fox, mas que o universo do Quarteto era vasto de possibilidades para um terceiro filme, que poderia incluir os Inumanos, os Skrulls, e até mesmo o Aniquilador e a Zona Negativa. Conforme a bilheteria do segundo filme se mostrava inferior à do primeiro, entretanto, Story começaria a sentir que a Fox relutava em dar a luz verde para a sequência, até que, em dezembro de 2007, o estúdio declararia que não estava buscando um roteiro no momento. Em uma entrevista de 2008, Evans diria que nada de oficial foi comunicado, mas que o elenco sabia que o segundo filme havia sido o último.

Em agosto de 2009, a Fox anunciaria sua intenção de fazer um reboot do Quarteto Fantástico, contratando o produtor Akiva Goldsman e o roteirista Michael Green. Goldsman queria um elenco estelar, e chegaria a conversar com Adrien Brody e Jonathan Rhys Meyers para o papel de Reed Richards, e considerar Kiefer Sutherland para o de Ben Grimm. Em 2011, alegando que Green era incapaz de escrever um roteiro que o agradasse, Goldsman decidiu contratar Zack Stentz e Ashley Edward Miller, de X-Men: Primeira Classe para escrever um novo, e começar a procurar um diretor. Devido a seu trabalho em Poder sem Limites, Josh Trank seria contratado em julho de 2012, junto com o roteirista Jeremy Slater, que traria ideias ousadas, como abrir o filme com a chegada de Galactus e fazer de Von Doom um espião da Latvéria morando nos Estados Unidos, que conseguiria enganar Galactus para se tornar seu novo arauto, e terminaria o filme usando os poderes concedidos pelo Devorador para se tornar ditador de seu país natal.

Trank rejeitaria todas as ideias de Slater, que reclamaria que o diretor dizia para todo mundo que era fã do Quarteto, mas, para ele, havia confessado que jamais havia lido os quadrinhos, somente assistido ao desenho produzido para a Fox em 1994, e que não tinha interesse em dirigir um filme de super-heróis convencional, achando impossível se identificar com as situações que ocorriam nos quadrinhos. Trank decidiria escrever o roteiro ele mesmo, e acabaria isolando Slater, retendo todas as informações que o estúdio passava para a dupla, até o roteirista se demitir no final de 2012. No início de 2013, a Fox demitiria também Goldsman, trazendo Matthew Vaughn para substituí-lo e Seth Grahame-Smith para "polir" o roteiro de Trank. Em outubro de 2013, achando que o projeto já estava muito atrasado, o estúdio traria também Simon Kinberg, para ser co-produtor e co-roteirista, e tentar agilizar a produção.

Em uma entrevista no final de 2013, Trank diria que o filme teria uma "grande influência" de David Cronenberg, especialmente das obras Scanners: Sua Mente Pode Destruir e A Mosca, e que planejava fazer "uma mistura de Steven Spielberg com Tim Burton". Ele também optaria por um elenco mais jovem, convidando Michael B. Jordan, com quem havia trabalhado em Poder sem Limites para interpretar Johnny Storm - como Jordan é negro, logo começariam as discussões sobre se Sue também seria negra ou se Johnny seria adotado, com as expectativas sendo subvertidas após o anúncio de Reg E. Cathey para o papel do Dr. Storm, pai de Sue e Johnny, e de Kate Mara para o de Sue, o que indicava que ela é que seria a adotada. A escalação de Jordan seria justificada por Trank como "uma forma de fazer com que a adorada equipe dos quadrinhos ficasse mais fiel à demografia do mundo real", mas causaria revolta entre os fãs, com o diretor chegando a receber ameaças de morte, e revelando em entrevistas que dormia com um revólver 38 na mesa de cabeceira, que teria devolvido à loja ao final da produção. Trank também diria em entrevistas que discutiu com a Fox para que não somente Johnny, mas também Sue e um eventual Franklin Richards em um segundo filme fossem negros, com os executivos do estúdio sendo inflexíveis quanto a "manter a etnia de Sue". Ele também diria ter pensado em abandonar o projeto após não conseguir uma Sue negra, mas que teria decidido tocá-lo até o final sem aceitar a renovação para um segundo filme caso fosse proposta.

Reed, Ben e Von Doom também seriam interpretados por atores jovens; achando "Von Doom" um nome ridículo (embora seja um sobrenome que existe no mundo real), Trank mudaria o nome do personagem para Victor Domashev, com "Dr. Doom" sendo um apelido que Sue deu a ele por ser muito pessimista. Essa mudança também causaria revolta entre os fãs, mas, como não foi amplamente divulgada, só foi descoberta pela maioria nos cinemas, ao assistir o filme. Diante da repercussão negativa, a Fox chamou os atores de volta para regravar algumas cenas e redublar outras, para que o nome do personagem voltasse a ser Victor Von Doom. Como algumas cópias já haviam sido vendidas para o mercado internacional antes disso, ele acabou sendo Domashev em alguns países - incluindo aqui no Brasil; eu me lembro que tomei um susto no cinema, e foi a primeira coisa que comentei no Twitter quando cheguei em casa, que tinham mudado o nome do Dr. Destino.

Pela primeira vez, o Coisa seria um personagem totalmente digital, ficando até bem diferente dos quadrinhos, já que a Fox não queria "um humano gigante de pedra, e sim uma criatura que lembrasse uma pedra viva". Também diferentemente dos outros filmes, o Coisa nesse é pelado - mas, felizmente, não tem genitais aparentes. A criação do Coisa ficaria a cargo da empresa Moving Pictures Company, que também cuidaria das chamas do Tocha Humana; os efeitos elásticos de Reed ficariam a cargo da Weta. Outras empresas que trabalhariam no filme seriam a Pixomondo, responsável pelos poderes de Sue e do Dr. Destino, e a Rodeo FX. A Fox planejava converter o filme para 3D durante a pós-produção, mas Trank foi terminantemente contra, alegando que desejava que o filme ficasse "o mais puro possível para as plateias".

Querendo um filme mais grandioso que os dois anteriores, a Fox reservaria um orçamento de 155 milhões de dólares, e determinaria que as filmagens ocorressem no estado da Louisiana, devido a isenções fiscais que permitiriam que sobrasse mais desse dinheiro para outras coisas. Durante as filmagens, que começariam em maio de 2014, Hutch Parker (que acabaria não creditado) e Kinberg, sem o conhecimento de Trank, reescreveriam o roteiro e mudariam várias coisas das quais os executivos da Fox não haviam gostado, mudando, inclusive, o final. Ao ver a primeira versão editada, a Fox exigiria mais mudanças, alegando que o filme parecia uma continuação de Poder sem Limites, o que levaria aos atores serem chamados para gravar novas cenas em janeiro de 2015. O final seria mudado tantas vezes que acabaria sendo uma colagem de cenas das versões originais do roteiro com outras escritas por Kinberg enquanto elas estavam sendo gravadas; Trank daria várias sugestões para o final, todas ignoradas pela Fox.

Trank, evidentemente, ficaria extremamente irritado com as mudanças, que, segundo ele, mexeram em pontos centrais de sua história, descaracterizando totalmente o filme; o diretor acabaria renegando o filme, jamais o incluindo em sua filmografia oficial - nem mesmo editar o filme após a primeira edição a Fox permitiria que Trank fizesse, com a edição final ficando a cargo de Stephen E. Rivkin, que Trank diria ser "o verdadeiro diretor do filme". Ainda segundo Trank, uma "versão do diretor" seria impossível, já que muitas das cenas originalmente escritas por ele sequer seriam filmadas, e outras seriam destruídas após a segunda edição; o ator Toby Kebbell declararia em entrevistas que a primeira edição era muito melhor que a versão final, mas que ninguém jamais iria vê-la. Kate Mara também reclamaria após a estreia do filme, dizendo que cada refilmagem o deixava pior, e lamentando que ela não teve coragem de se opor às mudanças cada vez que o estúdio a chamava novamente.

Na versão final do filme, Reed é um jovem e talentoso cientista que, desde a adolescência, trabalha em um projeto de teletransporte com seu amigo Ben. Ele acaba chamando a atenção do Dr. Storm, que o contrata para um de seus projetos, onde ele trabalhará com sua filha adotiva, Sue, e seu jovem protegido Victor - seu filho Johnny é um bon vivant que só quer saber de gastar dinheiro e irritar o pai. O projeto do Dr. Storm visa se teleportar não para outro local da Terra, mas para uma dimensão paralela que ele chama de Planeta Zero (e que seria equivalente à Zona Negativa dos quadrinhos). Reed e Victor imaginam que estarão dentre os escolhidos para a primeira viagem, mas a NASA, que financia o projeto, decide mandar astronautas experientes; assim, Reed, Victor, Johnny e Ben, muito inteligentemente, decidem invadir o laboratório na calada da noite e fazer a primeira viagem por conta própria - e, evidentemente, dá tudo errado, eles têm de ser salvos por Sue, e Victor fica preso no Planeta Zero. Após retornarem, os três descobrem que manifestaram estranhos poderes, e até passaram alguns para Sue; Reed se torna um fugitivo, caçado pelo governo, enquanto Ben e os irmãos Storm se tornam cobaias de inúmeros testes. Mas os quatro têm de se unir quando Victor retorna, também com superpoderes e querendo vingança por ter sido deixado para trás.

O elenco conta com Miles Teller como Reed Richards / Sr. Fantástico, Michael B. Jordan como Johnny Storm / Tocha Humana, Kate Mara como Sue Storm / Mulher Invisível, Jamie Bell como Ben Grimm / o Coisa, Toby Kebbell como Victor Von Doom / Dr. Destino, Reg. E. Cathey como o Dr. Franklin Storm, e Tim Blake Nelson como o Dr. Harvey Allen, que trabalha para a NASA no projeto do Dr. Storm - Harvey Allen, nos quadrinhos, é o nome do Homem Toupeira, um indicativo de que ele também poderia ganhar poderes no Planeta Zero e se tornar o vilão do segundo filme. Dan Castellaneta faz uma participação especial como um professor de Reed; os pais de Reed são interpretados por Tim Heidecker e Mary Rachel Dudley; e Chet Hanks interpreta o irmão mais velho e abusivo de Ben, Jimmy Grimm.

Com roteiro creditado a Trank, Slater e Kinberg, co-produzido por Vaughn, Kinberg, Gregory Goodman, Hutch Parker e Robert Kulzer, oficialmente uma co-produção entre 20th Century Fox, Constantin Film, Marvel Entertainment, Marv Films, Kinberg Genre, TSG Entertainment e Moving Picture Company, e com o bizarro nome original de Fant4stic Four, Quarteto Fantástico (que aqui no Brasil não tem número nenhum no título) estrearia em 4 de agosto de 2015 e seria um imenso fracasso de publico e crítica. Nas bilheterias, ele renderia apenas 56,1 milhões nos Estados Unidos e 167,9 milhões ao somar o mundo inteiro, dando prejuízo para a Fox; a crítica o consideraria insosso e triste, e uma tentativa equivocada de se adaptar para um filme de super-heróis cínicos uma equipe que sempre foi famosa nos quadrinhos pelo clima de família. Até mesmo os efeitos especiais seriam considerados sem imaginação e abaixo da média se comparados a outros filmes de super-heróis da época.

Até o lançamento do filme, a Fox planejava fazer uma sequência, que estrearia em 2017, com os cinco atores principais tendo assinado para dois filmes; a baixa bilheteria, as críticas pesadas e, principalmente, as baixas vendas do home video - que alguns executivos da Fox ainda tinham esperança de salvar a situação - levariam o estúdio a suspender a produção por tempo indeterminado - oficialmente, ela ainda seria feita, só não se sabia quando. Vaughn diria em entrevistas estar disposto a dirigir um novo reboot, com o mesmo elenco ou não, para desfazer a má impressão deixada pelo último filme. Tudo isso deixaria de ser relevante, porém, em março de 2019, quando a Disney comprou a Fox e os direitos sobre o Quarteto Fantástico voltaram para os Marvel Studios, que finalmente puderam colocá-los no Universo Cinematográfico Marvel. Mas isso, como eu disse lá no primeiro parágrafo, é assunto para outro post.
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sábado, 28 de junho de 2025

Escrito por em 28.6.25 com 0 comentários

Wolverine (II)

E hoje finalmente veremos os três filmes de Wolverine aqui no átomo!

X-Men Origens: Wolverine
X-Men Origins: Wolverine
2009

Em 2001, enquanto X-Men 2 ainda estava em pré-produção, o escritor David Benioff procuraria a Fox e diria ter interesse em escrever, produzir, e até mesmo dirigir um filme solo de Wolverine. Benioff, que anos mais tarde ficaria famoso por ter sido um dos responsáveis pela série Game of Thrones, na época estava na crista da onda por ter publicado seu primeiro romance, The 25th Hour, mas ainda não havia emplacado um roteiro para o cinema sequer, com o primeiro sendo A Última Noite, de 2002, dirigido por Spike Lee, justamente a adaptação de The 25th Hour. Por causa disso, a Fox mandou um "vamos pensar", mas jamais voltou a entrar em contato. Em 2004, entretanto, após o gigantesco sucesso de X-Men 2, a Fox decidiria trabalhar em spin offs protagonizados cada um por um único personagem, selecionando Wolverine, Magneto e Tempestade para serem os três primeiros, e criando o nome X-Men Origins, com a qual todos esses filmes seriam lançados. Alguém deve ter se lembrado de Benioff, que então já tinha publicado um segundo livro, When the Nines Roll Over, e escrito o roteiro de Tróia, com Brad Pitt, e ele foi chamado para conversar.

Benioff apresentaria uma sinopse que usava como inspiração três das maiores histórias de Wolverine nos quadrinhos: Arma X (1991), de Barry Windsor-Smith; Eu, Wolverine (1982), de Chris Claremont e Frank Miller; e Origem (2001), de Bill Jemas, Paul Jenkins, Joe Quesada, Andy Kubert e Richard Isanove. Hugh Jackman, o intérprete de Wolverine, ficaria maravilhado ao ler a primeira versão do roteiro, principalmente por ser um filme de um único protagonista, ao invés de um filme de equipe como os dos X-Men; ele inclusive daria várias sugestões para que o filme se encaixasse melhor com os dois já lançados, baseadas em sua própria experiência ao viver o personagem.

A Fox, contudo, não ficaria tão empolgada quanto Jackman, por uma razão, digamos, econômica: pensando que a história de Wolverine deveria ser "mais sombria e brutal" que as dos X-Men, Benioff escreveria um roteiro para um filme de classificação R, aqueles que menores de idade não podem assistir no cinema, o que faria com que a Fox temesse um fracasso comercial, contratando Skip Woods, o roteirista de Hitman, para reescrever o roteiro de Benioff, transformando o filme em um PG-13 - apropriado para maiores de 13 anos, mas que menores podem assistir acompanhados dos pais. O roteiro seria aprovado pela Fox em outubro de 2006, quando Jackman estava filmando Austrália, com o ator declarando que as filmagens começariam no final de 2007; David Ayer, de Velozes e Furiosos, diria também ter contribuído para o roteiro, mas que não seria creditado. No final de 2007, James Vanderbilt e Scott Silver, igualmente não creditados, seriam chamados às pressas para "revisões de última hora" no roteiro.

A Fox pediria especificamente por dois personagens no filme: Deadpool, na intenção de fazer um teste para um filme solo do personagem, e Gambit, que o estúdio queria colocar nos filmes dos X-Men mas não sabia como. Por alguma razão que só ele sabe responder, Benioff criaria um Deadpool totalmente diferente daquele dos quadrinhos, com as duas versões somente compartilhando serem mercenários e serem tagarelas; mesmo com o roteiro sendo reescrito tantas vezes, seria essa versão que chegaria ao produto final, causando a ira dos fãs. Já a inclusão de Gambit, apesar de fidedigna, acabaria colocando o personagem num beco sem saída, já que o filme é ambientado muitos anos antes do primeiro dos X-Men, o que impediria que o mutante cajun entrasse para a equipe num filme próximo, a menos que estivesse bem mais velho. Jackman ficaria empolgado com a inclusão de Gambit, achando que sua personalidade seria perfeita para que ele e Wolverine formassem uma dupla, mesmo que apenas por poucas cenas.

Bryan Singer, Brett Ratner, Alexandre Aja e Len Wiseman se mostraram interessados em dirigir, mas a Fox convidaria Zack Snyder, que recusaria por já estar comprometido com Watchmen. Em julho de 2007, a Fox anunciaria Gavin Hood, de Infância Roubada, com Jackman declarando ver paralelos entre o protagonista desse filme e Wolverine; Hood confessaria não ser fã de quadrinhos, mas ter se interessado pelo filme pelo fato de Wolverine "estar sempre em guerra contra sua própria natureza". O diretor também contribuiria para o roteiro, sugerindo que Wolverine e Dentes de Sabre fossem literalmente meio-irmãos, o que, segundo ele, contribuiria para o aspecto emocional do filme. Falando em Dentes de Sabre, em nenhum momento o personagem é chamado dessa forma no filme, apenas de Victor, assim como ele jamais é chamado de Victor em X-Men, o que, aliado às diferenças físicas entre eles, deu origem a uma teoria dos fãs de que seriam dois personagens diferentes.

Após uma breve recapitulação da infância do herói e da descoberta de seus poderes mutantes, o filme começa com Wolverine usando o codinome Logan e fazendo parte de uma equipe de mercenários mutantes chamada Team X, comandada pelo Major William Stryker. Após se desentender com o resto da equipe, Logan decide sair e ir morar no interior do Canadá com sua noiva, Kayla, até um dia em que é procurado por Stryker, que diz que o meio-irmão de Logan, Victor, está caçando e matando os integrantes do Team X, mas ele tem um projeto secreto que dará a Logan condições de derrotar o irmão de uma vez por todas. Logan não se mostra interessado, mas, após Kayla ser morta, decide aceitar a oferta de Stryker, que, sem que ele saiba, fará com que sua memória seja apagada e ele se torne uma máquina de matar a serviço do governo. Logan consegue escapar antes que o processo esteja inteiramente concluído, e, após descobrir que Stryker e Victor são parceiros nessa empreitada, decide usar seus novos poderes para caçá-los.

O elenco conta com Hugh Jackman como Logan / Wolverine; Liev Schreiber como Victor Creed; Danny Huston como William Stryker; will.i.am como John Wraith, mutante do Team X com o poder de se teletransportar; Lynn Collins como Kayla Silverfox, namorada nativo-americana de Logan; Kevin Durand como Fred J. Dukes / Blob, mutante do Team X com o poder de controlar sua densidade corporal; Dominic Monaghan como Chris Bradley, mutante do Team X com o poder de controlar a eletricidade; Taylor Kitsch como Remy LeBeau / Gambit; Daniel Henney como Agente Zero, mutante do Team X com agilidade e reflexos ampliados; e Ryan Reynolds como Wade Wilson / Deadpool. Participações especiais incluem Tim Pocock como um jovem Scott Summers; Max Cullen e Julia Blake como Travis e Heather Hudson, casal que acolhe Logan quando ele foge do projeto Arma X; Patrick Stewart como uma versão rejuvenescida digitalmente do Professor X; e Tahyna Tozzi como Emma, irmã de Kayla que coincidentemente tem o mesmo poder de transformar sua pele em diamante de Emma Frost - originalmente, ela seria Emma Frost, mas Singer, que desejava usar a personagem no futuro, pediria após o lançamento do filme para que não fosse.

As filmagens começariam na Austrália no final de 2007 e na Nova Zelândia no início de 2008, mas acabariam atrasando devido à greve dos roteiristas de 2007. Hood diria que o roteiro ainda estava sendo reescrito enquanto eles filmavam, e que a equipe recebia, na Austrália, páginas de roteiro escritas em Los Angeles na noite anterior àquela na qual deveriam filmá-las. Atrasos também ocorreriam devido a um inverno especialmente rigoroso, a compromissos assumidos por Jackman para a divulgação de Austrália, e quando a produção decidiu estocar explosivos em um rinque de patinação na cidade neozelandesa de Queenstown, o que a prefeitura achou perigoso, obrigando a equipe a mover todos os explosivos antes que as filmagens pudessem ser retomadas. Parte das filmagens ocorreria em um complexo abandonado em Cockatoo Island, Austrália, para poupar dinheiro e tempo que seriam usados na construção de um prédio cenográfico e cenários de computação na pós-produção. Cenas complementares seriam filmadas em Nova Orleans, Estados Unidos, e em Vancouver, Canadá, para onde e equipe iria durante a pós-produção gravar as cenas com Reynolds, envolvido com dois outros filmes durante a produção.

Hood e o executivo da Fox Thomas Rothman se desentenderiam várias vezes durante a filmagens, principalmente porque o diretor queria que Wolverine fosse um veterano de guerra sofrendo de stress pós-traumático, enquanto o estúdio achava que "ninguém estava interessado" em um filme de super-heróis com esse tema. A Fox chegaria a pensar em demitir Hood, e começaria até a fazer uma lista de substitutos, quando a produtora Lauren Shuler Donner pediria que seu marido, o diretor Richard Donner, voasse até a Austrália para conversar com Hood e Rothman e conseguir dos dois um um consenso. Hood acabaria abrindo mão da história do estresse pós-traumático em favor da possibilidade de filmar várias cenas pós-créditos diferentes, com cada cópia do filme contando com uma delas, e a plateia só descobrindo qual era quando ela fosse exibida. O diretor chamaria essas cenas de "finais secretos".

Acreditem ou não, o filme teria muito mais efeitos especiais que os três primeiros dos X-Men, o que exigiria que nada menos que 17 empresas de efeitos visuais trabalhassem nele, subordinadas a três diretores de efeitos especiais diferentes. A que ficou responsável pela maior parte das cenas foi a Hydralux, que criou, dentre outras coisas, os poderes de Gambit. Muitas cenas foram filmadas com os atores em frente a um chroma key e criadas totalmente por computação gráfica, como a de Wolverine e Gambit num avião, a máquina que injetou o adamantium no esqueleto de Wolverine, e Wolverine cortando através de uma porta após descobrir suas garras de adamantium. As garras de Wolverine, aliás, eram totalmente feitas por computação gráfica, tanto as de adamantium quanto as de osso, pois as próteses ficaram estranhas e pareciam falsas nas filmagens.

Em 31 de março de 2009, X-Men Origens: Wolverine seria vazado na íntegra na internet, com a Fox estimando que cerca de 4,5 milhões de pessoas fizeram o download antes da estreia do filme nos cinemas; a versão vazada tinha excelente qualidade de imagem, mas diferenças em alguns efeitos sonoros, uma fonte diferente na abertura, e muitos de seus efeitos especiais estavam inacabados. A Fox acionou o FBI e a MPAA (o órgão que representa os estúdios de cinema dos Estados Unidos) para descobrir o responsável pelo vazamento, e, após desconfiar da empresa de efeitos visuais Rising Sun Pictures, inocentada após provar jamais ter tido uma cópia integral do filme em sua posse, eles acabariam chegando a um homem que morava em Nova Iorque e disse que comprou um DVD de um coreano, decidindo disponibilizá-lo na internet, sendo condenado a um ano numa prisão federal pela brincadeira. Outra punição seria aplicada a Roger Friedman, um colunista do canal Fox News, demitido por fazer um review da cópia vazada, no qual diria que foi muito fácil obtê-la. Em 2014, a Fox divulgaria que a cópia obtida pelo tal coreano foi feita para o presidente da empresa, Rupert Murdoch, que a pediu em cima da hora, o que fez com que não houvesse tempo hábil para as medidas de segurança adequadas.

X-Men Origens: Wolverine estrearia nos Estados Unidos em 1 de maio de 2009, embora tenha estreado em outros países a partir de 27 de abril. Apenas em seu primeiro dia nos EUA, renderia 35 milhões de dólares, somando ao final 180 milhões, mais 193 milhões no restante do mundo, para um total de 373 milhões, menos que X-Men 2 e X-Men: O Confronto Final, mas bem mais que o primeiro filme dos X-Men, o que acabou também não representando muita coisa, já que seu orçamento seria o dobro - 150 milhões de dólares contra 75 milhões de X-Men. A Fox consideraria o filme um sucesso de público, mas ele seria um grande fracasso dentre a crítica, que o consideraria "cheio de clichês", "redundante" e "desajeitado"; um crítico chegaria a dizer ser impossível simpatizar com Wolverine, já que nada poderia feri-lo ou matá-lo. O próprio Jackman, após assistir à versão final do filme, se diria desapontado, declarando que o filme se parecia mais com um quarto filme dos X-Men do que com aquilo que ele desejava fazer, que era se aprofundar na mitologia e na personalidade de Wolverine.

O fracasso de X-Men Origens: Wolverine acabaria fazendo com que X-Men Origens: Magneto fosse transformado em X-Men: Primeira Classe, e com que a linha X-Men Origens fosse cancelada após apenas um filme, com X-Men Origens: Tempestade sequer entrando em pré-produção, mesmo com Hale Berry já tendo assinado contrato. Wolverine, entretanto, sairia intocado, e a pré-produção de seu segundo filme começaria quase que imediatamente após a estreia do primeiro.

Wolverine: Imortal
The Wolverine
2013

Durante uma entrevista em setembro de 2007, Hood daria a entender que X-Men Origens: Wolverine teria uma sequência ambientada no Japão, inspirada em Eu, Wolverine, de Chris Claremont e Frank Miller - de fato, uma das cenas pós-créditos do filme mostrava Wolverine no Japão. Jackman confirmaria, e diria que a intenção de Benioff era levar Wolverine ao Japão já no primeiro filme, mas que ele havia opinado que era melhor "definir quem era Logan antes de descobrir como ele se tornou o Wolverine", o que fez com que todos os elementos da minissérie ficassem de fora da versão final do roteiro. Os executivos da Fox gostariam da ideia, e, antes mesmo do lançamento de X-Men Origens: Wolverine, Shuler Donner abordaria Simon Beaufoy, de Quem Quer Ser Um Milionário? e 127 Horas, para escrever o roteiro, mas ele recusaria dizendo não se sentir à altura da tarefa. Ainda assim, o projeto ficaria tão adiantado que, poucos dias após a estreia do primeiro filme nos cinemas, a Fox daria a luz verde para a produção da continuação.

Christopher McQuarrie, de Os Suspeitos, que havia trabalhado sem créditos em X-Men, seria contratado para escrever o roteiro em agosto de 2009, com Shuler Donner confirmando que o filme seria ambientado e filmado no Japão (mas, segundo ela, "com os personagens falando inglês, e não japonês com legendas") e que a história envolveria o relacionamento de Wolverine com Mariko, filha de um chefão do crime, além de "samurais, ninjas, lutas de katana e diferentes artes marciais". Bryan Singer seria convidado para dirigir mas recusaria, então a Fox contrataria Darren Aronofsky, que, envolvido com outros projetos, estabeleceria a data de janeiro de 2011 para iniciar as filmagens, declarando que o filme não seria uma sequência, mas um one-off, uma história sem relação alguma com o anterior ou com os demais filmes dos X-Men. Jackman se diria satisfeito, dizendo que o filme "daria às plateias algo sobre o que pensar".

Em março de 2011, entretanto, as filmagens sequer haviam começado quando um terremoto seguido de tsunami atingiu a região de Tohoku, no Japão, o que levaria a um adiamento na produção por tempo indeterminado. Aronofsky, alegando que teria de ficar mais de um ano longe da família durante as filmagens, desistiria do projeto, e a Fox prepararia uma lista com oito possíveis substitutos, incluindo o brasileiro José Padilha. O favorito de Jackman era Shawn Levy, com quem ele havia trabalhado em Gigantes de Aço, mas que recusaria alegando querer trabalhar em projetos originais, não "no quinto filme do Wolverine". James Mangold seria anunciado como o novo diretor em julho de 2011, com Jackman declarando que as filmagens começariam em outubro. Mangold insistiria para que a Fox deixasse que ele fizesse um filme de classificação R, o que o estúdio rejeitaria mais uma vez.

Em setembro de 2011, porém, as filmagens teriam de ser adiadas novamente, dessa vez porque Jackman estava filmando Os Miseráveis. No mesmo mês, querendo uma ligação mais forte com os filmes dos X-Men, a Fox contrataria Mark Bomback, de Duro de Matar 4.0 e Incontrolável, e Scott Frank, de Minority Report, para reescrever o roteiro de McQuarrie, que acabaria mais uma vez não creditado. Bomback tentaria incluir Vampira na história, mas desistiria por achar que tudo estava ficando "muito problemático", preferindo explorar o relacionamento de Wolverine com Jean Grey. Em fevereiro de 2012, a Fox anunciaria que o filme estrearia em 2013; Jessica Biel chegaria a ser anunciada como a intérprete da Víbora, mas, em uma entrevista, diria que nada era definitivo ainda - de fato, ela acabaria não aceitando o salário proposto pela Fox, com o estúdio chamando Svetlana Khodchenkova para substituí-la. Exceto por Wolverine e Víbora, todo o elenco principal do filme é composto por atores japoneses ou descendentes de japoneses; além disso, o filme chamaria atenção por ter quatro mulheres fortes e lutadoras, que não serviam como donzelas indefesas ou interesses românticos, o que foi considerado incomum para um filme de ação.

Wolverine: Imortal é o primeiro filme dos X-Men ambientado depois de X-Men: O Confronto Final; após a morte de Jean Grey, Logan decide se isolar do mundo e viver como um ermitão, até receber a notícia de que Ichiro Yashida, de quem ele salvou a vida em 1945, está morrendo de câncer, e quer que Wolverine viaje até o Japão para que ele pague sua dívida. Yashida, agora CEO de uma grande empresa, faz uma proposta inusitada: usando métodos criados por sua principal cientista, a Dra. Green, transferir para ele os poderes de cura de Wolverine, os quais ele já está considerando uma maldição, de forma que ele possa se curar do câncer e Logan possa finalmente morrer. Logan recusa a oferta, mas acaba sendo forçado a colaborar, se vendo cercado de inimigos em um país distante e sem seus poderes para ajudá-lo.

O elenco conta com Hugh Jackman como Logan / Wolverine; Tao Okamoto como Mariko, neta de Yashida, que Logan tem de proteger de uma conspiração no seio da própria família; Rila Fukushima como Yukio, assassina profissional a serviço do clã Yashida; Svetlana Khodchenkova como a Dra. Green / Víbora, médica de Yashida que na verdade é uma mutante com o poder de cuspir veneno (e que não tem nada a ver com a Víbora dos quadrinhos); Brian Tee como Noburo, político corrupto e noivo de Mariko; Will Yun Lee como Harada, ninja que teve um relacionamento com Mariko no passado e fez um voto de proteger o clã Yashida; Hiroyuki Sanada como Shingen, pai de Mariko, que não vai com a cara de Logan; Haruhiko Yamanouchi como Ichiro Yashida / Samurai de Prata; e Famke Janssen como Jean Grey. Patrick Stewart e Ian McKellen fazem uma participação especial como Charles Xavier e Magneto na cena pós-créditos, escrita por Simon Kinberg, que é um prelúdio de X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido.

Apenas uma pequena parte das filmagens ocorreria de fato no Japão, com a Fox preferindo filmar na Austrália, devido a incentivos fiscais. Muitas das cidades australianas, como Cockle Bay, Parramatta e Kurnell, tinham características que poderiam ser alteradas digitalmente na pós-produção para que ficassem parecidas com cidades japoneses, e Picton serviria como a comunidade no interior do Canadá onde Logan estava vivendo no começo do filme; a maior parte das filmagens, externas e em estúdio, ocorreriam em Sydney, com um vilarejo japonês cenográfico sendo construído no Parque Olímpico. No Japão, as filmagens, em sua maioria de cenários e paisagens, ocorreriam em Tóquio, Fukuyama e Tomonoura. A cena pós-créditos seria gravada em Montreal, junto com refilmagens de cenas que não seriam bem aceitas durante a exibição para as plateias de teste.

Os efeitos especiais ficariam a cargo das empresas Weta Digital, Rising Sun Pictures, Iloura e Shade VFX; durante a pós-produção, a Fox decidiria converter o filme para 3D, o que faria com que Wolverine: Imortal se tornasse o primeiro filme dos X-Men (e o primeiro dos filmes da Marvel da Fox) a estar disponível nesse formato. A RSP ficaria responsável por transformar as cidades australianas em cidades japonesas e pela cena da bomba atômica, preferindo fazer a explosão do zero, inspirada em uma erupção vulcânica, a imitar explosões mostradas em filmagens da Segunda Guerra. O urso que aparece nas cenas ambientadas no Canadá era um animatronic, criado pela Make-Up Effects Group e alterado digitalmente pela Weta para ficar mais realístico. A cena da luta sobre o trem-bala seria filmada em estúdio, com os atores suspensos por cabos na frente de um chroma key, com o cenário, filmado pela equipe de produção em Tóquio, sendo adicionado durante a pós-produção.

O Samurai de Prata seria um personagem totalmente digital, criado pela Weta usando como base um modelo impresso por uma impressora 3D; a maior preocupação da empresa era que a armadura do samurai, sendo feita de prata polida, deveria refletir tudo o que estivesse em seus arredores, o que poderia fazer com que o personagem destoasse do restante do filme, ficando claro que se tratava de um personagem digital - além disso, o reflexo na prata é diferente daquele em um espelho de vidro, então havia a preocupação de que ele não se tornasse um "Samurai de Espelhos". O dublê Shane Rangi seria usado para a captura de movimentos, mas, devido ao tamanho exagerado do samurai, teve de usar pernas de pau durante as filmagens.

Wolverine: Imortal estrearia em 3 de julho de 2013 na maior parte do mundo, com a estreia nos Estados Unidos ocorrendo dois dias depois, e no Japão, onde se chamaria Wolverine: Samurai, em 13 de setembro. Com orçamento de 132 milhões de dólares, renderia 132,5 milhões nos Estados Unidos, menos que X-Men Origens: Wolverine e o pior desempenho doméstico dos seis filmes dos X-Men lançados até então, mas, no restante do planeta, renderia 282,3 milhões, mais do que qualquer outro filme dos X-Men, para um total de 414,8 milhões, sendo considerado um sucesso pela Fox. A crítica também seria muito mais favorável que ao primeiro filme, destacando a seriedade da primeira metade, o roteiro adulto, com ecos dos filmes de samurai da década de 1970, e a performance de Jackman. A luta de Wolverine contra o Samurai de Prata seria considerada um ponto baixo, sendo descrita como "cartunesca"; Mangold se justificaria dizendo que, mesmo com ele querendo fazer um filme mais contido e intimista, a Fox exigiria pelo menos uma grande batalha com efeitos especiais, já que o filme concorreria nos cinemas com Thor: O Mundo Sombrio e O Homem de Aço.

A pedido de Mangold, a Fox lançaria, exclusivamente em Blu-ray, em dezembro de 2013, uma versão estendida do filme, chamada de Unleashed Extended Edition, com mais sangue e violência, e 12 minutos de cenas adicionais não aproveitadas na edição para o cinema - como algumas cenas que poderiam contradizê-las foram removidas, a edição estendida tem, na verdade, apenas 6 minutos a mais que a original.

Também é interessante dizer que, hoje, o filme é considerado pela crítica como muito melhor do que o foi na época; analisando-o em retrospecto após o lançamento de Logan, muitos críticos concluíram que Mangold conseguiu fazer um filme contemplativo, que mergulha fundo na psiquê de Logan, o que permitiu a Jackman uma interpretação visceral que não é vista nos demais filmes com Wolverine - tudo isso tendo ficado meio obscurecido pelas cenas de ação e pela luta medonha com o Samurai de Prata. Hoje, Wolverine: Imortal é considerado "um dos filmes de super-herói mais subestimados de todos os tempos", e é consenso que grande parte do sucesso de Logan viria do fato de que Mangold e Jackman puderam refinar o que haviam feito nesse filme, consertando o que fosse necessário.

Logan
2017

Logo após o lançamento de Wolverine: Imortal, Jackman e Mangold, que se conheciam há vinte anos, começariam a conversar sobre a possibilidade de fazerem juntos também um terceiro filme de Wolverine; Jackman confessaria que, por causa da idade (na época ele estava com 45 anos), imaginava estar chegando ao fim de sua carreira como Wolverine, e Mangold diria que desejava fazer um filme mais intimista e centrado no personagem, quase como um faroeste, usando a pergunta "de quantas formas diferentes um super-herói consegue salvar o mundo?" para argumentar que a fórmula já estava desgastada. Em entrevistas no final de 2013, Jackman diria que tudo ainda estava em um estágio muito preliminar, mas que ele estava muito orgulhoso do que eles haviam feito em Wolverine: Imortal e acreditava que o filme seguinte seria uma evolução natural da história de Wolverine.

Em março de 2014, a Fox daria a luz verde para um terceiro filme de Wolverine, e o produtor Hutch Parker diria que a intenção do estúdio era filmar X-Men: Apocalipse e Wolverine 3 back to back, ou seja, emendando as filmagens de um com as do outro, para economizar, com qual seria filmado primeiro dependendo do quão avançados estivessem os roteiros. Na mesma reunião, a Fox determinaria que as filmagens começariam "no verão de 2015", confirmaria Mangold como diretor, contrataria o roteirista David James Kelly, e determinaria que a data de estreia seria 3 de março de 2017. Jackman, cujo contrato com a Fox havia terminado em X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido declararia ainda não ter assinado para o terceiro filme de Wolverine, e que só iria fazê-lo se gostasse do roteiro; ele confessaria "ter bastante ambição", para que o terceiro filme ficasse ainda melhor que Wolverine: Imortal, e que gostaria que o terceiro filme desse um fechamento à história de Wolverine nos cinemas, mas que nada havia sido decidido sobre isso ainda.

Em fevereiro de 2015, Patrick Stewart revelaria estar em negociações para interpretar Charles Xavier no filme, e Jackman confirmaria que a história era centrada no relacionamento entre os dois, mostrando "um aspecto de pai e filho" ainda não abordado, assim como "facetas da personalidade de Xavier ainda não reveladas nos filmes". Em abril, Michael Green seria contratado para reescrever o roteiro de Kelly, mas Mangold declararia que a Fox havia concordado que ele teria a palavra final sobre qualquer aspecto do roteiro. Em setembro, Jackman declararia que o roteiro estava "na metade" e que as filmagens começariam no ano seguinte, mas que os locais ainda não haviam sido determinados; no mesmo mês, o roteirista Mark Millar confirmaria que a história do filme seria baseada na saga dos quadrinhos O Velho Logan, que ele havia escrito em 2008. Em outubro, a Fox anunciaria que Logan seria o título oficial do filme.

Em janeiro de 2016, Jackman declararia que o roteiro estava "concluído, mas não completo". No mês seguinte, Liev Schreiber declararia ter interesse em voltar a interpretar Victor Creed, e que o personagem seria uma boa adição a um filme mais sério de Wolverine; após o lançamento do filme, Jackman revelaria que Mangold chegaria a conversar com Schreiber, e que Creed estava na primeira versão do roteiro, mas havia sido removido da versão final em prol de um antagonista sem ligações com o passado do personagem, o chefe de segurança de uma corporação global que tem interesse em Wolverine e o persegue, para que a história ficasse menos complicada. Em maio, o produtor Simon Kinberg confirmaria que o filme seria ambientado no futuro, mostrando Wolverine e Xavier mais velhos, que a tônica seria parecida com a de um faroeste, e que seria um filme "bem legal e bem diferente"; graças ao sucesso de Deadpool, a Fox finalmente concordaria em fazer um filme de classificação R, o que significava que ele também seria mais sombrio e violento que seus antecessores.

O filme é ambientado em 2029, com nenhum mutante tendo nascido em aproximadamente 25 anos. Logan está velho e doente, com seus poderes falhando por envenenamento por adamantium, trabalhando como chofer de limusine e cuidado de um ainda mais idoso Charles Xavier, cujas faculdades mentais começam a falhar, o que faz com que ele de vez em quando perca o controle de seus poderes e ameace a vida dos que estão à sua volta. Um dia, Logan é contratado para levar a menina Laura e sua tutora até a fronteira com o Canadá; durante a viagem, ele é ameaçado pelo ciborgue Donald Pierce, que revela que Laura é uma mutante, subtraída pela tutora da empresa que a criou, a Transigen. Investigando mais a fundo, Logan descobre que Laura é uma clone dele mesmo, contando com os mesmos poderes, e que a Transigen usa DNA mutante para criar armas vivas. Logan, Xavier e seu aliado Caliban, então, decidem encontrar Laura, proteger a menina e, se possível, encerrar as atividades criminosas da Transigen. O elenco conta com Hugh Jackman como Logan / Wolverine, Patrick Stewart como Charles Xavier, Dafne Keen como Laura, Boyd Holbrook como David Pierce, Stephen Merchant como Caliban, Richard E. Grant como o Dr. Zander Rice, chefe da equipe médica da Transigen, e Eriq La Salle, Elise Neal e Elizabeth Rodriguez como Will, Kathryn e Gabriela Munson, uma família que ajuda Logan em parte de sua viagem.

Várias cenas do filme mostram revistas em quadrinhos dos X-Men, usadas como um recurso narrativo e como uma referência metaficcional - como se as aventuras dos X-Men os tivessem deixado tão famosos que eles ganharam sua própria revista em quadrinhos. Nenhuma das revistas mostrada no filme é uma edição real, com todas tendo sido criadas especificamente pelo roteirista Joe Quesada e pelo desenhista Dan Panosian, imitando o estilo de revistas clássicas da equipe e os traços de seus desenhistas; segundo Mangold, isso foi uma exigência da Marvel, que permitiu a criação de novas revistas para o filme, mas vetou o uso de revistas que houvessem realmente sido lançadas. Mangold também diria que sua intenção era criar um clima como do filme Os Imperdoáveis, no qual o personagem de Richard Harris escreve histórias de ficção sobre o Velho Oeste no Velho Oeste, sendo o personagem de Clint Eastwood um herói como os de suas obras, mas já envelhecido e longe de seus melhores anos. Panosian diria ter se inspirado principalmente em revistas das décadas de 1970 e 1980, para que suas capas coloridas e chamativas contrastassem com o clima pesado e sombrio do filme; ao todo, ele criaria 10 capas falsas.

Após a ideia de filmar back to back com X-Men: Apocalipse ser abandonada, as filmagens de Logan começariam em maio de 2016 em Nova Orleans, Louisiana, escolhida devido aos incentivos fiscais; Mangold decidiria filmar com o nome falso de Juarez, para afastar a imprensa, mas o subterfúgio logo seria descoberto. Vários bairros afastados da cidade, pequenas cidades vizinhas, como Sicily Island e Ferriday, e estradas próximas à cidade seriam usadas nas filmagens, com algumas vezes as lojas tendo de alterar suas placas e vitrines para fingir que se tratava de outro lugar; como o filme é ambientado no futuro, mudanças cosméticas também seriam feitas, durante as filmagens ou usando computação gráfica na pós-produção, principalmente para mostrar tecnologia mais avançada que a atual. Em junho, uma cena seria filmada em Nathez, Mississippi, e, em julho, a produção se mudaria para o Novo México, para as cenas ambientadas no deserto, filmadas em Albuquerque, Rio Rancho, Abiquiú, Tierra Amarilla e Chama. Seis empresas de efeitos visuais trabalhariam em Logan, mas quase a totalidade dos efeitos especiais ficariam a cargo de uma só, a Image Engine; o visual envelhecido de Jackman seria uma combinação de maquiagem com efeitos de computação aplicados na pós-produção.

Logan seria exibido fora de competição no Festival de Cinema Internacional de Berlim, em 17 de fevereiro de 2017, e teria estreia mundial na exata data determinada pela Fox no início da pré-produção, 3 de março de 2017, algo raríssimo no cinema atual. Uma versão em preto e branco, convertida digitalmente cena a cena para o formato, chamada Logan Noir, estrearia em salas de cinema selecionadas nos Estados Unidos em 16 de maio; essa versão seria incluída no lançamento em Blu-ray do filme.

Com orçamento de 97 milhões de dólares, Logan renderia 226,3 milhões nos Estados Unidos, e 619,2 milhões quando somado o mundo todo - somente em suas duas primeiras semanas, ele superaria todo o faturamento de Wolverine: Imortal. Nos Estados Unidos, ele teria o recorde de salas no lançamento para um filme de classificação R, estreando em 471, sendo 381 no formato IMAX, esse também um recorde. Em uma pesquisa conduzida pelo site de cinema Fandango na saída dos cinemas no dia da estreia, 71% dos espectadores responderam que gostariam de ver mais filmes de super-heróis com classificação R. A crítica receberia muito bem o filme, elogiando as interpretações de Jackman, Stewart e Keen. O filme seria indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, na primeira vez em que um filme de super-herói seria indicado nessa categoria, mas perderia para Me Chame Pelo Seu Nome.

Durante a pré-produção, diversos veículos de imprensa noticiariam que Logan seria a última vez em que Jackman interpretaria Wolverine, mas ele sempre negaria, chegando a dizer que, inspirado pela performance de Michael Keaton em Birdman, desejava interpretar o personagem até sua morte. Em maio de 2015, porém, no programa de TV The Dr. Oz Show, o ator confirmaria que essa seria sua última vez no papel, e, em uma entrevista a Willem Dafoe no programa Variety Studio: Actors on Actors, revelaria que seria convencido a parar por Jerry Seinfeld, que, durante uma festa, diria ter decidido cancelar a série Seinfeld enquanto ainda tinha "gasolina no tanque", o que Jackman interpretaria como "melhor deixar a festa antes que seja tarde demais". Após a Disney comprar a Marvel, entretanto, ele voltaria atrás, e diria estar disposto a interpretar Wolverine em uma produção do Universo Cinematográfico Marvel, citando o desejo de "contracenar com o Hulk e o Homem de Ferro". Ele voltaria atrás mais uma vez, contudo, em uma entrevista durante as filmagens de O Rei do Show, na qual diria que gostaria de ver outro ator interpretando Wolverine no MCU.

Como todos sabemos, porém, ele ainda voltaria mais uma vez ao personagem, em Deadpool & Wolverine, de 2024. Como esse filme não é ambientado exatamente no MCU, e sim em seu multiverso, ainda é incerto se Jackman interpretará mais uma vez Wolverine, principalmente por já estar se aproximando de seus 60 anos. Segundo Deadpool, a Marvel o obrigará a interpretar o papel até os noventa...
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sábado, 21 de junho de 2025

Escrito por em 21.6.25 com 0 comentários

Wolverine (I)

Nos últimos três meses, eu tenho feito uma série de posts sobre os filmes dos X-Men, com a intenção de fazer um post sobre os filmes do Wolverine, motivado por ter feito um post sobre os filmes do Deadpool, que por sua vez eu decidi fazer depois de um sobre os filmes do Blade. E esse post ainda não será publicado hoje, porque eu acabei achando que seria legal se, assim como fiz com Blade e Deadpool, antes do post sobre os filmes, fizesse um post falando sobre Wolverine nos quadrinhos. Hoje, portanto, é dia de Wolverine no átomo!


Wolverine é, sem dúvida nenhuma, o mais popular dos X-Men, mas, originalmente, ele não foi criado para ser um X-Man - na verdade, sequer para ser um herói, mas sim um antagonista do Hulk. A época era a metade da década de 1970, e a revista The Incredible Hulk estava a cargo do roteirista Len Wein e do desenhista Herb Trimpe, que, no último quadrinho da edição 180, de outubro de 1974, introduziram um novo e enigmático personagem chamado Wolverine. Na edição seguinte, Hulk e Wolverine cairiam na porrada, e aquele sujeito baixinho e invocado, aparentemente sem nenhum superpoder, que tinha garras retráteis e um uniforme amarelo chamativo, de alguma forma evitaria ser transformado em purê pelo Golias Esmeralda, usando apenas uma impressionante agilidade e reflexos mais apurados que os de um ser humano comum.

Apesar de suas duas primeiras histórias terem sido desenhadas por Trimpe, oficialmente os co-criadores de Wolverine são Wein e o desenhista John Romita, que criou não somente o primeiro uniforme do personagem, mas também deu a ideia de suas garras retráteis - sob o argumento de que, após desenhar as garras, ficou imaginando como ele faria para coçar o nariz ou amarrar os sapatos. Trimpe sempre recusou crédito de criador, dizendo que "Wein e Romita costuraram a criatura, eu apenas dei o choque que a trouxe à vida". Por outro lado, Roy Thomas, que na época era editor da Marvel, desde a morte de Wein alega também ser um co-criador, por ter pedido especificamente a Wein e Romita para que criassem um personagem chamado Wolverine, que fosse canadense, baixinho, e tivesse a ferocidade de um carcaju - animal nativo do Canadá cujo nome em inglês é wolverine, conhecido por enfrentar animais muito maiores que ele, como ursos, sendo considerado um símbolo de ferocidade. Como Romita também já é falecido, ninguém tem como provar ou desmentir a alegação de Thomas.

Seja como for, Wolverine não era exatamente um vilão, e sim uma espécie de agente secreto do governo canadense, que só enfrentou o Hulk porque, durante uma luta contra o Wendigo, o Verdão cruzou a fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, que não queria seres superpoderosos se estapeando e destruindo tudo por lá, então enviou Wolverine para acabar com a briga - aliás, quando vê que o Wendigo é vítima de uma maldição e o Hulk estava lutando apenas para evitar que ele causasse mais destruição, Wolverine revela que tem um bom coração, fingindo ser nocauteado pelo Hulk para que o Gigante Gama retorne aos Estados Unidos por sua própria vontade.

Segundo Trimpe, Wolverine seria mais um dos muitos personagens que, na época, a Marvel introduzia em uma edição com um propósito específico e jamais voltava a utilizar novamente no futuro. Eu poderia dizer que ele fez tanto sucesso com os leitores que cartas inundaram a redação pedindo seu retorno como protagonista, mas a verdade é que não aconteceu nada disso, e Wolverine só retornou em um papel maior graças à preguiça de Wein, que, recebendo a incumbência de criar uma nova equipe de X-Men, decidiria reaproveitar alguns personagens antigos, para não ter que inventar muitos novos.

Para quem não sabe, a equipe original dos X-Men, criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1963, consistia de apenas cinco membros: Ciclope, Anjo, Fera, Homem de Gelo e Garota Marvel (Jean Grey), mentorados pelo Professor X - mais tarde, dois novos "recrutas" se uniriam à equipe, Destrutor e Polaris. Apesar de um pequeno sucesso inicial, a revista The X-Men jamais seria verdadeiramente popular e, após a edição 66, de março de 1970, seria oficialmente cancelada. Por decisão de Lee, entretanto, ao invés de retirar a revista do catálogo da Marvel, a editora a seguiria publicando, reimprimindo histórias antigas entre as edições 67 e 93. Essas edições teriam vendas muito acima do esperado, o que faria com que Lee decidisse lançar uma edição especial, para ver se valia a pena voltar a investir na publicação de histórias inéditas da equipe. Para essa empreitada, ele chamaria Wein e o desenhista Dave Cockrum, que deveriam produzir uma edição especial de 68 páginas - o normal, na época, era entre 28 e 32 - com uma história inédita.

Wein pensaria que faria muito mais sentido se os "novos X-Men" fossem uma equipe internacional e multirracial, ao invés de oito norte-americanos brancos como a equipe original, e que fossem todos adultos, pois a narrativa de adolescentes descobrindo seus poderes já era considerada ultrapassada. Assim, ele inventaria, de cara, quatro novos personagens: a africana Tempestade, o russo Colossus, o alemão de aparência demoníaca Noturno e o nativo norte-americano Pássaro Trovejante. Não querendo que a equipe tivesse somente esses quatro, e já sem inspiração para continuar inventando, ele incluiria também três personagens antigos: o japonês Solaris, criado por Thomas e Don Heck, que havia sido coadjuvante em algumas histórias da equipe original; o irlandês Banshee, criado por Thomas e Werner Roth, originalmente um vilão, reimaginado como um agente da Interpol; e Wolverine, que ganharia um "fator de cura", a habilidade de se recuperar rapidamente de qualquer tipo de ferimento e, assim, se tornaria também um mutante, apto a fazer parte da equipe dos X-Men. Lançada em maio de 1975 com o nome de Giant-Size X-Men, a revista seria um grande sucesso, e, a partir da edição 94, lançada em agosto, a revista X-Men passaria a trazer aventuras dessa equipe, mentorada pelo Professor X, liderada por Ciclope e acrescida de Jean Grey, com os outros X-Men originais dando as caras apenas ocasionalmente.

Quem desenharia a capa de Giant-Size X-Men seria Gil Kane, que, por alguma razão - talvez por tentar desenhar de cabeça - faria várias "mudanças acidentais" no uniforme de Wolverine, a principal delas na máscara, que, ao invés de apenas sombras pretas ao redor dos olhos, tinha prolongamentos laterais pontudos. Cockrum, que achava a máscara original muito parecida com a do Batman, gostaria da mudança, e desenharia Wolverine ao longo da edição com o uniforme acidentalmente criado por Kane, com a máscara se tornando um dos elementos mais característicos e populares do personagem nos anos seguintes. Cockrum também seria o primeiro a desenhar o personagem sem máscara, e acabaria criando outro de seus traços característicos, o cabelo quase que acompanhando o formato da máscara, complementado por fartas costeletas. Cockrum diria ter se inspirado no cabelo de outro dos X-Men, o Fera, para tentar passar a imagem de que Wolverine tinha um temperamento feroz; Wein, entretanto, não gostaria, alegando que, em sua mente, Wolverine tinha cerca de 18 anos, mas Cockrum o havia desenhado com mais de 40. Cockrum também seria o responsável por outros elementos característicos do traje civil de Wolverine, como o chapéu de caubói, a jaqueta de aviador e o charuto sempre na mão ou na boca.

Wein seria o roteirista apenas de Giant-Size X-Men; a partir da X-Men 94, os roteiros ficariam a cargo de Chris Claremont, que determinaria o nome de batismo de Wolverine: Logan. Segundo o roteirista, a escolha foi uma alusão ao Monte Logan, a montanha mais alta do Canadá, com a ideia sendo "dar o nome da montanha mais alta ao X-Men mais baixinho". Falando nisso, embora quem tenha conhecido os X-Men pelos filmes não repare, já que Hugh Jackman tem 1,80 m, Wolverine sempre foi o mais baixinho dos X-Men, com essa sendo outra de suas características distintivas - da equipe formada em X-Men 94 ele era o mais baixo, embora Noturno, que andava curvado, algumas vezes estivesse com os olhos na mesma altura dos dele, e, na equipe que ficaria famosa através do desenho dos anos 1990, ele só não era mais baixo que Jubileu.

Ao longo da década de 1970, Claremont e John Byrne, que assumiria a arte na X-Men 111, de junho de 1978, mas em muitas edições também seria um co-roteirista não creditado, definiriam a personalidade de Wolverine, que o transformariam no mais popular dos X-Men: no final dos anos 1970, motivado em parte pelo fim da Guerra do Vietnã, começariam a se popularizar na cultura pop norte-americana os chamados anti-heróis, personagens que, apesar de seus atos heroicos, não tinham um rígido código de conduta nem eram avessos a cometer atos de violência gratuita, a maioria deles sendo também "lobos solitários", com dificuldade para agir em equipe. Claremont e Byrne incorporariam essas características a Wolverine, usando-o como contraponto aos demais X-Men, todos "bonzinhos e comportados", e explorando o fato de que, apesar de ele se sentir bem como membro de uma equipe, isso ia contra a sua natureza. Essas características, diferentes do lugar-comum nas equipes de super-heróis da época, retratadas como "famílias" nas quais os membros sempre estavam de acordo uns com os outros, fariam a popularidade de Wolverine explodir, e a Marvel a investir em outros anti-heróis, como o Justiceiro, criado originalmente para ser um vilão do Homem-Aranha, e o Motoqueiro Fantasma, originalmente protagonista de histórias de horror - até mesmo o Hulk ganharia uma "versão anti-heroica", na forma do Sr. Tira-Teima.

Apesar de tudo, a indústria dos quadrinhos tinha regras que precisavam ser seguidas, e até mesmo um lobo solitário como Wolverine tinha que ver os X-Men como sua família; para isso, Claremont começaria estabelecendo uma rivalidade entre ele e Ciclope, fazendo com que Wolverine se apaixonasse por Jean Grey; seguiria criando uma amizade genuína entre ele e Noturno, ambos vistos por si mesmos como párias da sociedade; e faria com que o principal parceiro de Wolverine em combate fosse o X-Men que menos tinha a ver com ele em termos de temperamento, Colossus - desenvolvendo para os dois o "arremesso especial", técnica com a qual Colossus arremessa Wolverine em direção aos inimigos como se fosse um projétil, que se tornaria uma das marcas registradas dos X-Men em batalha nos anos seguintes.

Claremont também seria o criador de outra característica fundamental de Wolverine: seu esqueleto de adamantium, o metal mais resistente do Universo Marvel. Existe uma lenda de que Wein, ao criar o personagem, teria imaginado que ele era um filhote de carcaju transformado em humano pelo vilão Alto Evolucionário, que era dado a esse tipo de coisa; Wein sempre negou essa versão, sempre se entristeceu quando a viu repetida como verdade e quando era perguntado sobre ela, e sempre defendeu que Wolverine era um mutante desde sua primeira aparição, embora seus poderes só tenham sido revelados quando ele passou a fazer parte dos X-Men. Wein, entretanto, havia imaginado que as garras de Wolverine faziam parte de suas luvas, e que tanto as garras quanto as luvas eram feitas de adamantium; na X-Men 98, de abril de 1976, Claremont revelaria que, na verdade, as garras fazem parte da anatomia de Wolverine, e que todo o esqueleto do personagem é revestido pelo material - originalmente, entretanto, as garras eram um "efeito colateral" da infusão de adamantium, com o fato de que Wolverine tinha garras de osso antes do experimento só tendo sido acrescentado nos anos 1990.

Por incrível que pareça, porém, Claremont, inicialmente, não gostava de Wolverine, achando que ele não combinava com a equipe, e que era muito difícil arrumar formas de integrá-lo às histórias. Assim como já haviam tirado Solaris e Pássaro Trovejante do título, Claremont e Cockrum planejavam tirar também Wolverine, passando algumas de suas características para Noturno. Seria Byrne, nascido na Inglaterra mas criado no Canadá, quem convenceria o roteirista não só a mantê-lo, mas também a dar cada vez mais destaque ao personagem, argumentando que "não aceitaria que um canadense fosse retirado da equipe". Byrne criaria todo um "passado canadense" para Wolverine, chegando a criar outra equipe da qual ele teria feito parte antes dos X-Men, a Tropa Alfa, para justificar como um lobo solitário como ele aceitava estar em uma equipe com diferenças tão óbvias de personalidade.

Quando assumiu a X-Men, Byrne criou um novo uniforme para Wolverine, de cor marrom e com menos detalhes, e um rosto para o personagem, sem saber que já havia uma versão oficial criada por Cockrum; ao ser avisado, ele usaria esse rosto para Dentes de Sabre, que originalmente era um vilão do Punho de Ferro, cuja revista na época também era escrita por Claremont e desenhada por Byrne. Byrne perguntaria a Claremont se ele achava uma boa ideia Wolverine ser filho de Dentes de Sabre, e os dois acabariam criando uma história na qual era revelado que Wolverine tinha 60 anos e havia lutado na Segunda Guerra Mundial para escapar dos abusos cometidos por seu pai Dentes de Sabre, que tinha 120 anos. Essa história jamais seria publicada, mas serviria de base para outra característica de Wolverine, a de que ele é mais velho do que aparenta, pois seu fator de cura retarda seu envelhecimento. Dentes de Sabre, apesar de jamais ter sido oficialmente seu pai, ganharia um passado em comum com Wolverine, se tornando seu maior rival e um dos principais vilões dos X-Men.

Após a saída de Byrne, Wolverine continuaria sendo um dos protagonistas da revista X-Men, que, na edição 142, de fevereiro de 1981, seria renomeada para The Uncanny X-Men - mesmo com o adjetivo "The Uncanny" já aparecendo na capa desde a edição 114, de outubro de 1978. Wolverine, contudo, só passaria a ser um dos protagonistas do Universo Marvel cerca de um ano depois, com o lançamento da minissérie Wolverine, em quatro edições lançadas entre setembro e dezembro de 1982, com roteiros de Claremont e arte de Frank Miller. Embora a história dessa minissérie (chamada Eu, Wolverine) tenha sido a primeira aventura solo de Wolverine nos Estados Unidos, sua primeira história solo havia sido publicada em 1979, no Reino Unido, pela Marvel UK, na revista Marvel Comics 335, com roteiro de Mary Jo Duffy, desenhos de Ken Landgraf e arte-final de George Pérez, em sua estreia na Marvel: numa história curta, Wolverine e Hércules se envolvem em uma briga de bar após o semideus provocar o mutante.

Eu, Wolverine era muito mais profunda que isso - mais profunda, aliás, do que quase tudo o que vinha sendo feito em quadrinhos na época, e definitivamente profunda demais para um personagem do tipo que Wolverine era visto até então. Claremont e Miller criariam um Wolverine inspirando em Clint Eastwood, principalmente em suas interpretações do Homem sem Nome dos faroestes de Sergio Leone e do detetive Harry Callahan de Perseguidor Implacável, que decide viajar até o Japão ao descobrir que um grande amor de seu passado, Mariko Yashida, terá de se casar contra a própria vontade. A minissérie seria um gigantesco sucesso, e estabeleceria mais pontos fundamentais da personalidade de Wolverine, mostrando que ele tem dificuldade para manter seu instinto assassino sob controle, sendo essa a principal razão pela qual tem dificuldade em trabalhar em equipe, e que não era em nada animalesco, sendo poliglota, um estrategista brilhante e um artista marcial notável - segundo um crítico da época, a minissérie ajudaria a estabelecer Wolverine como "o Batman da Marvel". Também seria nessa minissérie que Claremont e Miller criariam a frase de efeito do personagem: "eu sou o melhor no que faço, mas o que eu faço não é nada bonito".

Wolverine voltaria ao Japão em outra minissérie, Kitty Pryde and Wolverine, em seis edições publicadas entre novembro de 1984 e abril de 1985, com roteiro de Claremont e arte de Al Milgrom, na qual Kitty vai à Terra do Sol Nascente investigar uma trama suspeita envolvendo seu pai e acaba sendo possuída pelo demônio Ogun, com Wolverine tendo de ajudá-la a sobrepujá-lo. A minissérie seria mais um grande sucesso, e levaria a Marvel a considerar seriamente lançar uma revista solo de Wolverine; para testar as águas, a editora o colocaria como o astro principal da revista quinzenal Marvel Comics Presents, lançada em setembro de 1988. Ao invés de apenas uma história de um único personagem, a Marvel Comics Presents trazia três ou quatro histórias curtas de heróis diferentes, com a primeira edição trazendo uma de Wolverine, por Claremont e Milgrom, uma do Homem-Coisa e uma de Shang-Chi.

Wolverine daria nome à revista (com a capa dizendo Marvel Comics Presents: Wolverine) até a edição 10, de janeiro de 1989, com, a partir da edição 11, a história principal sendo de Colossus, a partir da 17 de Ciclope, a partir da 24 de Destrutor e a partir da 32 da equipe Excalibur, mas com Wolverine eventualmente protagonizando uma das histórias secundárias. As vendas da revista cairiam nesse período, mas voltariam a subir quando o nome de Wolverine voltasse à capa, na edição 39, ficando lá até a 142, de novembro de 1993 - exceto entre a 72 e a 84, por razões que veremos a seguir, e nas 105 e 127, protagonizadas pelo Motoqueiro Fantasma, que assumiria o título de vez na 143. A revista ainda seria publicada até a edição 175, de março de 1995, a maioria das últimas edições servindo de laboratório para personagens novos ou pouco conhecidos, como Lunatik ou a Força-Tarefa.

Entre as edições 72 e 84, de março a setembro de 1991, a Marvel Comics Presents publicaria uma das histórias mais famosas e aclamadas de Wolverine, a saga da Arma X (com seu título mudando nesse período para Marvel Comics Presents: Weapon X). Escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith, a história mostrava como Logan ganhou seu esqueleto de adamantium e perdeu parte de sua memória ao ser recrutado para o Projeto Arma X, criado pelo governo canadense para recrutar indivíduos super-humanos para trabalhar para uma agência governamental. Mostrado pela primeira vez nessa saga após ser inúmeras vezes citado em outras histórias de Wolverine, o Projeto Arma X imediatamente se tornaria uma das principais engrenagens do universo dos X-Men, sendo usado em diversas outras histórias dos quadrinhos e aparecendo em praticamente todas as outras mídias que contam com a presença de Wolverine.

Enquanto protagonizava a Marvel Comics Presents, Wolverine se tornaria o primeiro dos X-Men a ganhar sua própria revista solo, com a Wolverine número 1 sendo lançada em novembro de 1988. Para pegar carona nas duas minisséries, a princípio a revista mostraria Wolverine vivendo aventuras no Japão antes de se unir aos X-Men, mas, ao longo dos anos seguintes, passaria a mostrar aventuras suas em paralelo às da equipe. Essa revista mostraria uma nova faceta de Wolverine, a de espião, com Logan assumindo vários disfarces para se infiltrar em organizações criminosas e conseguir o que quer sem ter de recorrer a um ataque frontal; o mais famoso disfarce era o de Caolho, um vigarista da cidade de Madripoor que contava com a ajuda de duas detetives particulares, Jessica Drew (a ex-Mulher-Aranha) e Carol Danvers (a futura Capitã Marvel). A revista teria nada menos que 192 edições publicadas, a última de janeiro de 2003, sendo cancelada não por baixas vendas, mas por decisão editorial.

A revista estrearia com roteiros de Claremont e arte de John Buscema, mas mudaria várias vezes de mãos ao longo dos anos. Após a saída de Claremont, assumiria Larry Hama, que escreveria os roteiros por nada menos que sete anos, criando uma cópia-robô de Wolverine chamada Albert, revisitando várias vezes o Programa Arma X e escrevendo muitas histórias nas quais Wolverine e Jubileu eram uma dupla no estilo Batman e Robin; sendo descendente de japoneses, Hama se inspiraria nos filmes da série Yakuza para ambientar várias de suas histórias no Japão, considerando Wolverine um "japonês mais autêntico" que outros personagens japoneses retratados nas histórias em quadrinhos da época. Além de Hama, se destacariam nos roteiros Peter David, Archie Goodwin, Erik Larsen, Frank Tieri, Greg Rucka, Mark Millar e Gregg Hurwitz, e, na arte, Marc Silvestri, Mark Texeira, Dwayne Turner, Adam Kubert, Leinil Francis Yu, Rob Liefeld, Sean Chen, Darick Robertson, Joe Madureira e Humberto Ramos.

O lado espião de Wolverine também seria explorado em uma das mais famosas graphic novels da Marvel, Wolverine & Nick Fury: The Scorpio Connection, de dezembro de 1989, com roteiros de Archie Goodwin e arte de Howard Chalkin, na qual os dois heróis, cada um por seus próprios motivos, se envolvem em uma trama aparentemente engendrada pelo vilão Scorpio, que Fury quer capturar vivo, mas Logan quer ver morto. Essa seria a primeira de três graphic novels de muito sucesso de Wolverine, com as outras duas sendo Wolverine: Bloodlust, de dezembro de 1990, com roteiro e arte de Alan Davis, na qual o herói se perde durante uma nevasca no Canadá e tem de controlar seus instintos animalescos a qualquer custo, e Wolverine: Bloody Choices, de junho de 1991, com roteiro de Tom DeFalco e arte de John Buscema, na qual Logan e Fury se veem novamente em lados opostos, com Wolverine jurando vingar um menino molestado por um criminoso internacional e Fury jurando proteger esse mesmo criminoso até o dia em que ele dará um importante testemunho no tribunal.

Wolverine, Motoqueiro Fantasma, Homem-Aranha e o Hulk cinza formariam uma improvável equipe criada por Mike Wieringo e conhecida como "o Novo Quarteto Fantástico", que faria sua estreia na Fantastic Four 347, de dezembro de 1990, numa história na qual um skrull fingindo ser Sue Storm nocauteia os membros originais do Quarteto e recruta os quatro para ajudá-lo a recuperar um artefato. Essa "saga" duraria apenas três edições (347, 348 e 349), mas a equipe faria sucesso entre os leitores e retornaria em uma nova história nas edições 374 e 375, de março e abril de 1993, voltando a fazer aparições ocasionais em outros títulos da editora nos anos seguintes.

Em 1993, após um ataque de fúria, Magneto arrancaria o adamantium do esqueleto de Wolverine, revelando que ele possuía garras de osso. Parte da saga Atrações Fatais, esse evento seria publicado na revista X-Men (relançada em 1991 com a numeração recomeçando do 1, para que os mutantes tivessem duas, a outra sendo The Uncanny X-Men) número 25, com roteiro de Fabian Nicieza e arte de Andy Kubert, com Nicieza creditando a ideia a Peter David. Com o fator de cura sobrecarregado devido ao trauma, Wolverine passa a ter de reaprender como lutar agora que tem um esqueleto normal e não regenera tão rapidamente, e, por isso, decide deixar os X-Men, durante muito tempo vivendo aventuras apenas em sua revista solo. Wolverine acabaria ganhando seu adamantium de volta em 1999, através de um experimento do vilão Apocalipse, que também resultaria em Wolverine revertendo a um estado animalesco e bestial, no qual ele ficaria por cerca de um ano, até ser curado graças a uma rotina de treinos implementada por Elektra. Depois disso, ele se uniria novamente aos X-Men.

Em 2001, seria publicada mais uma minissérie importantíssima para a história de Wolverine, Origin, em seis edições publicadas entre novembro de 2001 e julho de 2002, com roteiro de Joe Quesada, Paul Jenkins e Bill Jemas e arte de Andy Kubert. Centrada na infância e adolescência de Wolverine, a minissérie mostrava em detalhes vários eventos apenas citados ou abordados por alto, e ainda revelava que o nome verdadeiro do personagem não era Logan, mas James Howlett. DeSanto diria que a minissérie seria encomendada pela Marvel devido ao sucesso de Wolverine nos filmes, com a editora temendo que, se ele não tivesse uma "história de origem" definitiva e oficial nos quadrinhos, a Fox poderia criar uma para os filmes. Em 2004, Jenkins escreveria outra minissérie, Wolverine: The End, com arte de Claudio Castellini, em seis edições bimestrais publicadas entre janeiro e dezembro, que mostrava um futuro possível para o mutante, lidando com as implicações de vários eventos de Origin. Dez anos depois, Origin II, com roteiros de Kieron Gillen e arte de Adam Kubert, em cinco edições publicadas entre março e junho de 2014, abordaria a juventude de Wolverine e seu primeiro encontro com Dentes de Sabre.

Em 2001 também seria lançada a nova versão da X-Force, que mais tarde seria renomeada para X-Táticos; Wolverine seria um convidado de luxo na série, por supostamente compartilhar um passado em comum com um dos membros do grupo, o enigmático Dup, que se parece com o Geleia dos Caça-Fantasmas e fala usando seu próprio alfabeto. Wolverine e Dup seriam os astros da minissérie Wolverine & Doop, com roteiro de Peter Milligan, criador dos X-Táticos, e arte de Darwyn Cooke. Em duas edições quiinzenais, lançadas em julho de 2003, Wolverine e Doop teriam a missão de recuperar um artefato conhecido como Mink Pink, que tem o poder de causar alucinações em mutantes, que imaginam que estão vendo uma mulher lindíssima chamada Lady Pink e se tornam incapazes de não obedecer a todas as ordens dela, que sempre levam ao caos.

A revista Wolverine seria relançada, com numeração recomeçando do 1, também em julho de 2003. Essa nova série traria arcos de sucesso como Inimigo do Estado, de Millar e John Romita Jr., no qual Wolverine sofre lavagem cerebral e se torna um assassino do Tentáculo, sendo ajudado a retornar a seu estado normal mais uma vez por Elektra, e O Velho Logan, com roteiro de Millar e arte de Steve McNiven, que mostrava Logan e o Gavião Arqueiro vivendo aventuras em um futuro pós-apocalíptico no qual a maior ameaça é o Hulk. Publicada entre as edições 66 e 72, de agosto de 2008 a junho de 2009, a história faria tanto sucesso que seria revisitada em uma minissérie (Old Man Logan), em cinco edições lançadas entre julho e dezembro de 2015, que se tornaria uma série regular, com 50 edições publicadas entre março de 2016 e dezembro de 2018.

A nova Wolverine também lidaria com as consequências das sagas anuais da Marvel, como Guerra Civil e Dinastia M, na qual Logan recupera todas as memórias que havia perdido ou suprimido. Isso levaria ao lançamento de uma segunda série mensal estrelada pelo personagem, Wolverine: Origins, que, em 50 edições publicadas entre junho de 2006 e setembro de 2010, abordava várias dessas "novas memórias" e suas consequências. Seria nessa série que estrearia o personagem Daken, filho de Wolverine com a japonesa Itsu, criado pelo roteirista Daniel Way e pelo desenhista Steve Dillon. Logan ganharia ainda uma terceira série regular, Wolverine: Weapon X, com roteiros de Jason Aaron, que teve 16 edições publicadas entre junho de 2009 e outubro de 2010, e seria o astro da minissérie Wolverine: Manifest Destiny, também de Aaron, com quatro edições publicadas entre dezembro de 2008 e março de 2009. A segunda Wolverine seria cancelada pouco depois, em agosto de 2009, na edição 74, mais uma vez por decisão editorial.

Naquele mesmo mês, Daken assumiria o uniforme e o codinome de Wolverine e seria protagonista da revista Dark Wolverine, cuja primeira edição foi a 75, para que a numeração continuasse a da Wolverine anterior. Essa série teria 16 edições, com a última sendo a 90, de outubro de 2010. No mês seguinte, seria lançada uma terceira Wolverine, com numeração recomeçando do 1 e Logan voltando a ser o protagonista; após a edição 20, entretanto, viria a 300, com os números de todas as Wolverine e Dark Wolverine sendo somados para se obter a nova numeração. Essa série seria encerrada em fevereiro de 2013, na edição 317, para um total de 40. Em maio de 2013, como parte da iniciativa Marvel NOW!, uma quarta Wolverine seria lançada, mais uma vez com numeração recomeçando do 1, mas essa teria apenas 13 edições, a última de março de 2014.

Entre abril de 2008 e fevereiro de 2013, além de viver aventuras em sua própria revista e como parte dos X-Men, Wolverine também seria líder da nova equipe da X-Force, em duas revistas, X-Force, que teria 28 edições, e Uncanny X-Force, com mais 35. Uma das integrantes da equipe seria Laura Kinney, a "filha" de Wolverine - na verdade um clone de Logan do sexo feminino e adolescente. Criada pelo roteirista Craig Kyle para a série animada X-Men: Evolution, com o codinome X-23, Laura logo se tornaria uma das personagens mais populares do Universo dos X-Men, fazendo a transição para os quadrinhos e sendo parte importante da mitologia de Wolverine. Como líder da X-Force, Wolverine teria um relacionamento amoroso com a mercenária mutante Dominó, que culminaria na minissérie X-Force: Sex and Violence, em três edições publicadas entre setembro e novembro de 2010.

Em 2011, Wolverine assumiria a direção da Escola Jean Grey no título Wolverine and the X-Men, também de criação de Aaron, com arte de Chris Bachalo. A série original teria 42 edições, publicadas entre dezembro de 2011 e abril de 2014, sendo reformulada e relançada com numeração começando do 1 para mais 12 edições, entre maio de 2014 e janeiro de 2015. Nesse período, Wolverine também faria parte dos Vingadores, figurando tanto na revista Avengers quanto na New Avengers. Durante a saga Vingadores vs. X-Men, Wolverine decidiria lutar ao lado dos Vingadores contra sua antiga equipe; o roteirista Brian Michael Bendis descreveria sua presença na equipe como "o único assassino em um time de heróis".

Em 2013, Wolverine ganharia uma nova revista, Savage Wolverine, na qual ele vivia aventuras na Terra Selvagem ao lado de Shanna, a Mulher-Demônio; ao retornar da Antártida, Wolverine volta ao Japão, onde vive aventuras ao lado de Elektra. A revista teria 23 edições, publicadas entre março de 2013 e dezembro de 2014; o arco da Terra Selvagem teria roteiros de Frank Cho, e o do Japão de Zeb Wells. Em abril de 2014, seria lançada uma quinta Wolverine, na qual a história principal era que Logan contrai um vírus que cancela seu fator de cura, permitindo a seus inimigos matá-lo; após 12 edições quinzenais, a última de outubro de 2014, a história se concluiria na minissérie em quatro edições quinzenais, lançadas em novembro de dezembro, Death of Wolverine, escrita por Charles Soule. Essa minissérie teria duas "continuações" que exploravam a história mais a fundo: Death of Wolverine: The Logan Legacy, em sete edições quinzenais lançadas entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, e Death of Wolverine: The Weapon X Program, em cinco edições quinzenais publicadas entre janeiro e março de 2015. Uma série semanal chamada Wolverines acompanharia vários personagens tentando preencher o vácuo causado pela morte de Logan, entre março e agosto de 2015.

Mas quem assumiria seu uniforme e o nome Wolverine seria Laura, na revista All-New Wolverine, publicada entre novembro de 2015 e maio de 2018. Depois disso, Logan voltaria à vida (por que não?), resolveria suas diferenças com Ciclope e concordaria em liderar uma nova X-Force, em uma nova revista com roteiros de Benjamin Percy, com 50 edições publicadas entre janeiro de 2020 e maio de 2024. Nesse período, ele também faria parte da equipe dos Vingadores Selvagens, aparecendo regularmente na Savage Avengers, e se tornaria membro dos Filhos da Meia-Noite, figurando na revista Midnight Sons. Entre março e maio de 2022, Wolverine também seria o astro de duas minisséries de cinco edições quinzenais cada, X Lives of Wolverine e X Deaths of Wolverine, ambas com roteiros de Percy, a primeira com arte de Joshua Cassara, a segunda de Federico Vicentini, e histórias que se entrelaçam e se completam. Essas minisséries seriam lançadas paralelamente à sexta Wolverine, que teria roteiros de Percy e arte de Adam Kubert e 50 edições, lançadas entre abril de 2020 julho de 2024.

A mais recente série solo de Wolverine (a sétima com o nome Wolverine) estrearia em novembro de 2024, com numeração recomeçando do 1, segundo a Marvel, em comemoração aos 50 anos do personagem. Com roteiros de Saladin Ahmed e arte de Martin Coccolo, essa é a série atual, que conta no momento com 9 edições.
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