domingo, 29 de maio de 2022

Escrito por em 29.5.22 com 0 comentários

Fugitivos

Já faz dois anos que eu não falo aqui sobre um super-herói - os últimos foram os Inumanos, lá no último dia de maio de 2020 - e às vezes eu acho que o motivo é que eu já falei sobre todos os que eu acho interessantes. Mas essa semana, enquanto pensava em qual poderia ser o assunto, me lembrei de uma série que assisti ano passado e gostei muitíssimo. Como essa série é baseada em um grupo de super-heróis da Marvel, decidi que seria um bom tema para desenterrar essa categoria. Assim, hoje é dia de Fugitivos no átomo!

Os Fugitivos (cujo nome original em inglês é Runaways) são um grupo de adolescentes que descobrem que seus pais são supervilões. Após essa descoberta, eles decidem se unir e fugir de suas famílias - por isso o nome - mas acabam sendo caçados por seus próprios pais. Aos poucos, porém, eles descobrem que possuem superpoderes, e decidem usá-los para contra-atacar. A equipe seria criada pelo roteirista Brian K. Vaughn em 2003, para um selo da Marvel chamado Tsunami, que tinha o intuito de atrair novos leitores - por isso é uma equipe adolescente. Quando Vaughn apresentou a ideia, a Marvel gostou tanto que pediu para que ele começasse a escrever as histórias imediatamente, selecionando o artista Adrian Alphona para desenhá-las - em estilo mangá, como eram todas as revistas do selo Tsunami. Inicialmente, Vaughn havia criado a equipe para estrelar uma minissérie em seis partes, mas o sucesso seria tanto que, após a sexta edição, a Marvel pediria para que ele continuasse escrevendo, transformando Runaways em uma série mensal. Pouco mais de um ano depois, entretanto, devido a baixas vendas da linha como um todo, o selo Tsunami seria cancelado, sem que nenhum de seus títulos passasse para outro selo ou para a linha principal da Marvel; com isso, mesmo apesar de ser um grande sucesso, Runaways seria cancelada após apenas 18 edições, publicadas entre abril de 2003 e agosto de 2004.

Diferentemente da maioria das revistas da Marvel, ambientadas em Nova Iorque, Runaways era ambientada em Los Angeles. Os seis adolescentes do grupo atendem pelo nome de Alex Wilder, Gertrude Yorkes, Chase Stein, Karolina Dean, Molly Hayes e Nico Minoru, e, embora não sejam exatamente melhores amigos, estão acostumados a passar muito tempo juntos, já que seus pais, todos membros de famílias riquíssimas, pertencem a uma espécie de sociedade secreta chamada Orgulho (Pride, em inglês, que, além de significar "orgulho", também é o coletivo de leões, que é o sentido que eu acho que Vaughn queria dar). Uma vez por ano, as seis famílias se reúnem na casa de uma delas sob o pretexto de organizar ações para a caridade, e, enquanto fazem uma misteriosa reunião a portas fechadas, as crianças ficam brincando juntas.

Durante anos as crianças se conformaram que a vida era assim mesmo, mas, quando a história começa, eles são adolescentes - Molly é mais novinha, tendo por volta de 12 anos, mas os demais têm por volta de 16 - e não se conformam de ter de ficar castigo enquanto seus pais fazem sabe-se lá o quê. Insuflados pela curiosidade, os seis decidem bisbilhotar o que os pais estão fazendo, e acabam descobrindo uma sala secreta, na qual os pais estão reunidos usando estranhos uniformes. A princípio eles pensam que os pais são super-heróis, mas essa suposição se dissipa quando o pai de Alex mata uma adolescente chamada Destiny Gonzalez em uma espécie de sacrifício, usando um punhal. A partir daí eles decidem explorar suas casas e investigar as atividades de seus pais, e concluem que, na verdade, eles são supervilões. É aí que o sexteto decide fugir e usar seus recém-descobertos poderes para combater os próprios pais, que passam a caçá-los.

O líder da equipe é Alex Wilder, que é o único a decidir não adotar um codinome - e faz ele muito bem, porque os codinomes da equipe são horríveis. Alex possui um inteligência fora do comum, e, desde criança, sempre foi um prodígio em em pensamento estratégico e planejamento. Ele sempre imaginou que seus pais fossem bem-sucedidos empresários, mas, na verdade, eles são chefões da máfia, e é de sua organização criminosa que vem a maior parte do dinheiro do Orgulho. A personagem principal da história, porém, é Nico Minoru, descendente de japoneses que na verdade são feiticeiros envolvidos com magia negra. Após descobrir em sua casa um artefato místico conhecido como Cajado do Absoluto (Staff of One, em inglês), ela descobre que também tem afinidade para mágica, e que pode usar o cajado para realizar diversos efeitos mágicos - mas cada um deles apenas uma vez por dia. Ela decide adotar o codinome de Irmã Grimm, em homenagem aos escritores de contos de fadas.

O maior choque seria sofrido por Karolina Dean, que descobriria que seus pais - e, por consequência, ela mesma - não são sequer humanos, e sim alienígenas do planeta Majesdane. Karolina, que escolhe o codinome Lucy in the Sky, em homenagem à canção dos Beatles, pode assumir uma forma feita de luz pura e disparar raios de luz que causam efeitos concussivos em pessoas e objetos e interferem com equipamentos elétricos; seus poderes, porém, não são inesgotáveis, e devem ser recarregados com luz solar. Já Gertrude Yorkes descobre que seus pais são bandidos do futuro com acesso a tecnologia de viagem no tempo, que usam para cometer crimes em várias épocas. Um dos "itens" que eles trouxeram de uma de suas viagens ao passado foi um dinossauro (para ser mais exato, um dinonico), com o qual Gert descobre possuir uma ligação empática e telepática - ela pode "conversar" com o dinossauro, com um entendendo o que o outro quer dizer, mesmo sem ambos falarem a mesma língua, e um sente tudo o que o outro sente, desde emoções até dor física. Gert decide batizar o dinossauro, que é fêmea, como Alfazema (Old Lace, em inglês), e escolhe para si mesma o codinome Arsênico, em homenagem ao filme clássico Arsenic and Old Lace (que, no Brasil, ganhou o interessantíssimo título Esse Mundo é um Hospício).

Além de Alex, o único que não possui superpoderes no sentido estrito da palavra é o outro menino da equipe, Chase Stein, filho de cientistas loucos. Antes de fugir, ele rouba um óculos de visão de raios-x e um par de manoplas com as quais pode criar e manipular fogo, apelidadas de Fistigons, criadas por seu pai; ele quer adotar o codinome Neo, mas Gert acaba dando a ele o apelido de Boca-Dura (em inglês, Talkback, algo como "respondão"). Finalmente, Molly Hayes, que é filha de mutantes, descobre ser ela também uma mutante, dotada de superforça e grande resistência; ela gostaria de usar o codinome Princesa Poderosa, mas acaba sendo apelidada por Chase de Fortona (Bruiser, algo como "machucadora", em inglês).

Os Fugitivos usam como base um hotel abandonado descoberto acidentalmente por Chase e apelidado por ele de "o Albergue". Na edição 7, a primeira após a conclusão da minissérie, eles ganham um sétimo membro, Topher, que se aproxima com a história de que é igual a eles, tendo fugido após ser forçado a uma vida de crimes por seus pais, mas na verdade é um vampiro de mais de cem anos de idade, que planeja transformar os outros Fugitivos também em vampiros, e acaba se tornando um inimigo da equipe.

Após o cancelamento, a Marvel notaria que os encadernados de Runaways tinham excelente vendagem, e chamaria Vaughn para conversar sobre a possibilidade do lançamento de uma nova série, parte da linha principal da Marvel e ambientada no Universo Marvel. Vaughn concordaria, desde que pudesse usar a série para, segundo ele, "combater os clichês típicos das histórias de super-heróis": já desde a primeira edição, nenhum dos Fugitivos usava uniformes, estando sempre com roupas comuns, e jamais eles se referiram a si mesmos como uma equipe ou usando o nome "Fugitivos"; a partir dessa segunda série, eles abandonariam também seus codinomes, e passariam a ser referenciados apenas por seus nomes de batismo. Até mesmo na interação com outros personagens Marvel - já que, passando a ser parte do Universo Marvel, os Fugitivos passariam a fazer participações especiais em outras revistas, e outros personagens passariam a aparecer na deles - eles eram sempre chamados por seus próprios nomes, e coletivamente como "as crianças do Orgulho" ou "aquelas crianças de Los Angeles".

A segunda série dos Fugitivos, com numeração recomeçando do 1, seria lançada em fevereiro de 2005. Agora combatendo outros vilões além de seus pais - em uma das histórias, eles enfrentariam a Ninhada, raça alienígena inimiga tradicional dos X-Men - eles ganhariam um veículo, equipado com alta tecnologia e roubado dos pais de Chase, e dois novos membros com estreitas ligações com o Universo Marvel: Victor Mancha, um ciborgue criado por Ultron com o poder de controlar eletricidade e metal, que estreia como um vilão já na edição 1, mas muda de lado e se une à equipe na edição 6; e Xavin, um skrull que alega ter um casamento arranjado com Karolina para encerrar uma guerra entre os skrulls e os majesdane, que de início quer levá-la para o espaço de qualquer jeito, mas decide se unir à equipe e lutar a seu lado na edição 17. Durante essa segunda série, os Fugitivos também se envolveriam em várias sagas da Marvel, como Guerra Civil e Invasão Secreta.

Em 2007, Vaughn decidiria deixar os roteiros enquanto a série estava no auge, para se dedicar a outros projetos, e seria substituído por Joss Whedon, que sempre se declarou fã da série. Após a substituição, contudo, a revista teve uma queda acentuada nas vendas, o que levou a Marvel a decidir cancelá-la em junho de 2008, após 30 edições - na última delas, os Fugitivos "adotam" a suíça Klara Prast, que é mais ou menos da idade de Molly e pode controlar o crescimento das plantas.

O cancelamento, entretanto, seria uma estratégia para relançar a equipe com uma nova equipe criativa, com Terry Moore como roteirista e Humberto Ramos como desenhista, e numeração novamente começando do 1. As vendas continuariam baixas, porém, e, após 10 edições, a Marvel decidiria arriscar e colocar uma nova equipe 100% feminina, com Kathryn Immonen nos roteiros e Sarah Pichelli nos desenhos. Mas as vendas continuariam em queda, e a terceira série acabaria também cancelada, após apenas 14 edições, em novembro de 2009. A terceira série acabaria em meio a uma história, que teria de ser concluída em outros títulos, como o dos Jovens Vingadores. A equipe debandaria, com Mancha se juntando à nova equipe de Vingadores tecnológicos criada por Hank Pym, e Nico e Chase como parte do elenco da revista Avengers Arena.

Após o cancelamento da terceira série, os Fugitivos apareceriam apenas em participações especiais em outras revistas, como Daken: Dark Wolverine e Avengers Academy, ou em one shots, edições especiais com uma história completa em cada, sempre ambientadas durante a época das três séries anteriores, e não como continuação da terceira. Eles retornariam após a segunda minissérie Guerras Secretas, com uma nova minissérie em quatro edições, com roteiros de Noelle Stevenson e arte de Sanford Greene, lançadas entre maio e novembro de 2015, mas sem a presença de Nico, que, na época, estava na equipe A-Force.

A mais recente série dos Fugitivos seria lançada em novembro de 2017, com roteiros de Rainbow Rowell e arte de Kris Anka. Essa série duraria 38 edições, o que faria com que a última, somando todas as séries regulares (mas não a minissérie de 2015), fosse a centésima edição do título; por causa disso, ela teria o dobro de páginas, e seria ilustrada por Alphona. Nessa por enquanto última série, a ameaça combatida pela equipe são os Gibborim, uma raça de gigantes alienígenas que desde o início estavam por trás do poder e influência de seus pais; um Gibborim renegado, chamado Gib, chega até mesmo a se unir à equipe como um novo membro na edição 18. Após a edição 38, como parte de uma reestruturação dos títulos da Marvel, Runaways seria mais uma vez cancelada, em agosto de 2021; até agora, ela ainda não foi relançada, e os Fugitivos sequer têm aparecido nos demais títulos da Marvel.

Essa mais recente série em quadrinhos seria lançada por causa da estreia da série de TV, criada por Josh Schwartz e Stephanie Savage, que também seriam os chefes de sua equipe de roteiristas - a edição número 1, inclusive, tinha uma versão alternativa na qual a capa era uma foto dos atores da série. A invés de acompanhar a história atual dos quadrinhos, porém, a série de TV começaria a história lá do início, com os adolescentes descobrindo que seus pais não são o que aparentam ser e decidindo fugir. A série de TV também aumentaria bastante a participação dos pais, os transformaria em personagens ambíguos, podendo ser bons ou maus dependendo do ponto de vista, ao invés de supervilões como nos quadrinhos, e daria uma razão pela qual eles decidiriam fundar o Orgulho - que, na série de TV, não é uma sociedade secreta, e sim uma organização filantrópica com vários projetos e obras em Los Angeles, com os pais dos Fugitivos sendo tratados como celebridades pela mídia local.

Na série de TV, Alex Wilder (Rhenzy Feliz) é filho de Geoffrey Wilder (Ryan Sands), um bem sucedido empresário da construção civil, responsável pelo mais ambicioso projeto do Orgulho, a construção de um complexo educacional que revitalizará uma das áreas mais pobres da cidade, onde o próprio Geoffrey nasceu e cresceu; no passado, aliás, ele se envolveu com criminosos e cometeu pequenos crimes, conhecendo na prisão sua esposa e mãe de Alex, Catherine (Angel Parker), uma igualmente bem sucedida advogada, feroz, determinada e disposta a tudo para proteger sua família. Assim como nos quadrinhos, Alex é extremamente inteligente, mas, na TV, ele também é um gênio da computação; os Fugitivos se reúnem por iniciativa dele, durante uma reunião secreta do Orgulho na casa dos Wilder, após dois anos mal se falando devido a um incidente que marcou profundamente o grupo - o aparente suicídio de Amy Minoru (Amanda Suk).

Amy era a irmã mais velha de Nico Minoru (Lyrica Okano), que, depois da morte da irmã, se tornou wicana, gótica, extremamente introvertida e isolada do mundo, sendo em parte a razão pela qual os seis amigos pararam de se falar. Nico é filha de Tina Minoru (Brittany Ishibashi), gênio da informática, fundadora e presidente da empresa de computação Wizard, extremamente perfeccionista e mãe superprotetora, e de Robert (James Yaegashi), engenheiro responsável por várias das invenções da Wizard, mas completamente submisso à esposa, ao ponto de praticamente não ter uma vida própria fora da família. Após descobrirem que o Orgulho não é o que aparenta ser, Nico rouba o Cajado do Absoluto de sua mãe, e descobre possuir imensos poderes mágicos latentes; inicialmente, entretanto, ela só consegue realizar magias usando o Cajado, e, assim como nos quadrinhos, cada efeito apenas uma vez por dia. Se a série dos Fugitivos fosse integrada ao MCU, Tina teria treinado junto à Anciã e teria poderes semelhantes aos do Dr. Estranho - a personagem Tina Minoru, inclusive, chegou a aparecer brevemente no filme Doutor Estranho, embora sem ser chamada pelo nome e interpretada por Linda Louise Duan - o que explicaria o potencial mágico de Nico; como os produtores não obtiveram autorização dos Marvel Studios, esses poderes ficariam sem uma explicação satisfatória.

O oposto completo de Nico é a extrovertida e sociável Karolina Dean (Virginia Gardner), garota-propaganda da Igreja de Gibborim, fundada por seu avô materno, David Ellerh, e hoje comandada por sua mãe, Leslie Ellerh Dean (Annie Wersching), que promete paz e elevação espiritual a todos os seus membros, mas guarda vários segredos obscuros - um deles sendo que as vítimas dos sacrifícios são jovens que estão passando por problemas pessoais ou familiares e são acolhidos pelas equipes da Igreja com a promessa de conforto espiritual. O pai de Karolina, Frank Dean (Kip Pardue), é um ex-ator de Hollywood, que abandonou a carreira ao se casar, e hoje se ressente de que sua esposa faz mais sucesso na mídia que ele; diferentemente dos quadrinhos, Frank não é membro do Orgulho, e é tão ignorante das verdadeiras atividades do grupo quanto os adolescentes. Karolina possui os mesmos poderes dos quadrinhos, podendo assumir uma forma feita de luz pura, disparar rajadas de luz e voar; uma "pulseira inibidora", disfarçada como uma pulseira que todos os membros da Igreja têm de usar, anula esses poderes, transformando-a em uma humana comum.

Já Chase Stein (Gregg Sulkin) é um dos meninos mais populares da escola, membro da equipe de lacrosse, e, apesar de ser visto por todos como um atleta burro, é um gênio da eletrônica - na série, é ele mesmo quem inventa os Fistigons, além de vários outros equipamentos usados pelos Fugitivos. Chase possui uma relação extremamente conturbada como o pai, Victor Stein (James Masters, o Spike da série Buffy, a Caça-Vampiros), um gênio da engenharia que faz fortuna criando carros elétricos, eletrodomésticos inteligentes e outros itens que facilitam a vida diária das pessoas, mas tem pavio super curto, vive estressado, e costuma descontar suas frustrações agredindo o filho ou a esposa, Janet (Ever Carradine), uma física brilhante que abriu mão da carreira para se tornar mãe em tempo integral, e, assim como Robert Minoru, acabou ficando apagada e totalmente submissa ao marido. Chase é o personagem que mais difere de sua versão dos quadrinhos, sendo sensível, taciturno e melancólico, ao invés de um palhaço respondão e abusado.

Finalmente, Gert Yorkes (Ariela Barer) é uma menina feminista, ativista social e disposta a enfrentar quem quer que seja para criar um mundo melhor, filha de Dale (Kevin Weisman) e Stacy Yorkes (Brigid Brannagh), geneticistas brilhantes que parecem reunir todas as causas sociais possíveis - são veganos, ecológicos, devotados à energia limpa, à defesa das minorias etc. Dale e Stacy não gostam de fazer parte do Orgulho, e possuem um "plano secreto" para deixar a organização e desaparecer no mundo, que inclui terem criado, através de engenharia genética, o dinossauro Alfazema, que tem em seu DNA parte dos genes de Gert, razão pela qual eles possuem uma ligação telepática e empática. Vale dizer que Alfazema não era de computação gráfica, e sim um boneco, que precisava de seis operadores para ser manuseado, sendo capaz inclusive de mostrar emoções com seu rosto; o boneco ficou tão perfeito que muita gente não acreditou que essa história era verdade, e a própria Barer declararia que era espantoso o que a equipe de efeitos especiais havia conseguido, e que às vezes ele parecia vivo, tamanho o realismo.

Dale e Stacy também são os pais adotivos de Molly Hernandez (Allegra Acosta), cujos pais, que eram geólogos e também eram membros do Orgulho, morreram em um incêndio quando ela era bem pequena - aliás, na série de TV Molly tem uma idade bem mais próxima à dos demais adolescentes, começando a série com 14 anos enquanto os demais têm por volta de 16. Molly é extremamente de bem com a vida, sempre demonstrando uma atitude positiva não interessando o tamanho dos problemas que enfrenta, e possui superforça - resultado da exposição a rochas misteriosas que seus pais encontraram no local onde Geoffrey está construindo seu projeto, e com as quais ela estava brincando na hora do incêndio.

Os sacrifícios realizados pelo Orgulho são, na verdade, para manter vivo o misterioso Jonah (Julian McMahon), que possui uma relação mais ou menos secreta com Leslie, e é o principal patrono do Orgulho - sendo responsável por tirar Geoffrey da cadeia, pelos avanços tecnológicos da Wizard, por financiar as invenções de Victor, as pesquisas de Dale e Stacy, e por criar todo o cânone da Igreja de Gibborim e o transmitido a David Ellerh. Ao longo da série, é revelado que Jonah é na verdade um alienígena da raça Gibborim, seres feitos de luz extremamente cruéis e beligerantes, cuja nave caiu em Los Angeles há milhares de anos, e que sobreviveu até agora tomando o corpo de vários hospedeiros diferentes, sendo Jonah o mais recente deles. Através de uma invenção criada por Victor seguindo suas especificações, Jonah consegue absorver a energia vital dos jovens sacrificados pelo Orgulho, prolongando sua vida indefinidamente sem a necessidade de ficar trocando de hospedeiro. Sua missão é usar todos os recursos do Orgulho para desenterrar sua nave - que caiu, não por acaso, no local onde Geoffrey está construindo seu projeto - onde sua família está em animação suspensa, para poder seguir viagem. Jonah também é o verdadeiro pai de Karolina, fato que Frank desconhece - e motivo pelo qual ela tem superpoderes, já que é meio-alienígena. Ele também é indiretamente responsável pelos poderes de Molly, já que as rochas encontradas pelos Hernandez foram contaminadas por materiais que vazaram de sua nave.

Personagens recorrentes da primeira temporada incluem Eiffel (Danielle Campbell), a chefe das líderes de torcida da Academia Atlas, onde os seis Fugitivos estudam antes de ter de fugir, que despreza Karolina, prejudica Molly de propósito, e é apaixonada por Chase; Darius Davis (DeVaughn Nixon), amigo de infância de Geoffrey, que foi preso junto com ele, e se ressente por achar que ele o abandonou após ficar rico; Tamar (Ozioma Akagha), a esposa de Darius; Aura (Pat Lentz) e Frances (Heather Olt), antigas namoradas de David Ellerh e hoje principais funcionárias da Igreja de Gibborim; Vaughn Kaye (Cody Mayo), assistente de Leslie, que tem uma quedinha por Karolina; e o Detetive Flores (Alex Fernandez), policial que recebe dinheiro do Orgulho para fazer vista grossa em algumas investigações. Embora não seja exatamente uma personagem recorrente, vale dizer que o primeiro sacrifício do Orgulho presenciado pelos adolescentes também é Destiny Gonzalez (Nicole Wolf), que tem um papel muito maior na série de TV que nos quadrinhos. Stan Lee faz uma participação especial como um motorista de limusine.

A série de TV dos Fugitivos, também chamada Runaways - ou Marvel's Runaways, para ficar bem claro que era uma adaptação da Marvel - estrearia no serviço de streaming Hulu em 21 de novembro de 2017, poucos dias após o lançamento da edição número 1 da última série em quadrinhos; a série de TV seria encomendada pelo Hulu, para tentar conseguir uma fatia do bolo do sucesso que estavam sendo as adaptações da Marvel, e na verdade seria a segunda tentativa de adaptação da história: lá em 2008, quando o Universo Cinematográfico Marvel ainda era pouco mais que um projeto, os Marvel Studios pensaram em produzir um filme dos Fugitivos voltado ao público adolescente, mas acabaria abandonando esse projeto para focar no da Fase 1, que culminaria no filme dos Vingadores. A primeira temporada da série de TV dos Fugitivos teria 10 episódios, que estreariam aos poucos, os três primeiros no mesmo dia, depois um por semana até 9 de janeiro de 2018.

Os dois primeiros episódios seriam extremamente elogiados - os dois contam a mesma história, mas o primeiro pelo ponto de vista dos adolescentes, o segundo pelo dos pais - e a temporada como um todo seria um grande sucesso, o que faria com que o Hulu, um dia antes da estreia do último episódio, que termina em aberto, encomendasse uma segunda temporada, de 13 episódios. Na segunda temporada os Fugitivos encontram o Albergue, e, embora ainda estejam querendo deter o Orgulho, há uma mudança de antagonista, com os pais lentamente gravitando para o lado do bem enquanto Jonah assume como supervilão. Todos os episódios da segunda temporada estreariam no mesmo dia, 21 de dezembro de 2018.

A segunda temporada introduziria dois outros personagens dos quadrinhos, mas com formas bem diferentes. Topher (Jan Luis Castellanos) não é um vampiro, e sim um jovem que Molly encontra acidentalmente, e descobre ter os mesmos poderes que ela; após ela muito insistir, os demais acabam aceitando que ele vá morar com eles no Albergue, e sua estada, a princípio, é benéfica, pois, já que ele também vive fugindo há um bom tempo, os ensina vários truques na arte de se virar sozinho, e ainda fornece algumas respostas sobre o verdadeiro propósito do Orgulho - mas, ao descobrir que ele também possui um propósito egoísta, que pode prejudicá-los, os demais Fugitivos se voltam contra ele. Já Xavin (Clarissa Thibeaux) não é um skrull, e sim um xartan, que era escravo na nave de Jonah. Assim como os skrulls, os xartans (criados especialmente para a série) podem mudar de forma, e Xavin acaba assumindo uma forma feminina, que decide manter já que sua própria raça não possui gênero. Xavin também se considera noivo de Karolina e a quer levar para o espaço de qualquer jeito, mas acaba se unindo aos Fugitivos porque jurou protegê-la de todos os perigos. Outros personagens recorrentes da segunda temporada são Livvy (Ajiona Alexus), irmã adolescente de Tamar, por quem Alex se apaixona; Awol (Myles Bullock), policial corrupto que recebe a missão de encontrar e capturar os Fugitivos; e Susan Ellerh (Kathleen Quinlan), a mãe de Leslie.

A terceira temporada traria uma nova vilã, a bruxa Morgan le Fay (Elizabeth Hurley), que possui um passado em comum com Tina e finge querer treinar Nico, mas na verdade está interessada em usar os poderes da menina para se salvar de um exílio em outra dimensão e dominar a nossa; na terceira temporada também ocorreria uma espécie de redenção dos pais, que fariam as pazes com os adolescentes, e em algumas situações até mesmo lutariam ao lado deles. Personagens recorrentes da terceira temporada incluem Bronwyn (Scarlett Byrne), também bruxa e principal discípula de Morgan, e Quinton, o Magnífico (John Ales), mágico que era o dono original do Albergue. Dois episódios da terceira temporada contaram com a participação de dois outros super-heróis da Marvel, Manto (Aubrey Joseph) e Adaga (Olivia Holt), que tiveram sua própria série no serviço de streaming Freeform, que estrearia pouco após a primeira temporada dos Fugitivos, em 7 de junho de 2018, mas seria cancelada antes da estreia da terceira, em 30 de maio de 2019, após duas temporadas.

A terceira temporada dos Fugitivos seria encomendada pelo Hulu em março de 2019, e todos os seus dez episódios estreariam no mesmo dia, 13 de dezembro de 2019. Um mês antes da estreia, porém, sem dar maiores explicações, o Hulu diria a Schwartz e Savage que iria cancelar a série, e que não tinha interesse em encomendar uma quarta temporada. Os produtores, então, fariam mudanças no último episódio, para que ele servisse como um encerramento satisfatório, mas deixasse algumas pistas que serviriam para uma quarta temporada caso algum outro canal se dispusesse a assumi-la - Schwartz e Savage pensavam em introduzir Mancha e Klara na quarta temporada, e algumas dessas pistas dizem respeito à existência do primeiro. Com o início da pandemia global, nenhum canal se interessou, e parece que a série foi mesmo encerrada após três temporadas; Schwartz e Savage, entretanto, ainda têm esperança de que ela possa ser continuada no Disney+, que atualmente a tem em seu catálogo.

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