segunda-feira, 27 de junho de 2011

Escrito por em 27.6.11 com 2 comentários

Kirby (I)

Já faz algum tempo que eu estou com vontade de escrever um post sobre os jogos estrelados por Kirby, mas tenho adiado por causa dos posts sobre os jogos esportivos de Mario. Kirby, para que não sabe, é um smile rosa ambulante protagonista de alguns jogos lançados para os videogames da Nintendo, todos fofinhos e aparentemente destinados ao público infantil, mas muito divertidos. Hoje, ele protagonizará também um post para o átomo!

Kirby's Dream LandKirby foi criado por Masahiro Sakurai, que na época trabalhava para a softhouse HAL Laboratory, que desenvolvia um novo jogo para o Game Boy, da Nintendo. Esse jogo se chamaria Twinkle Popopo, em homenagem a seu protagonista, Popopo. Enquanto desenvolvia o jogo, Sakurai criou uma bolota com braços, pernas e um rosto sorridente, para usar como personagem no lugar de Popopo. Conforme o jogo ficava pronto, entretanto, a equipe de desenvolvedores se afeiçoava cada vez mais a essa bolota, até que decidiram usá-la como protagonista e mudar seu nome para Kirby. O jogo, consequentemente, acabaria rebatizado para Hoshi no Kirby, "Kirby das Estrelas".

Até hoje há muita discussão sobre por que o personagem se chamaria Kirby - e Sakurai não ajuda, sempre dizendo em entrevistas que não se lembra. A teoria mais bizarra diz que o nome seria em homenagem a John Kirby, advogado que defendeu a Nintendo em um processo movido pela Universal, que alegou que o jogo Donkey Kong seria uma violação de direitos do filme King Kong. A mais provável diz que Kirby teria sido batizado em homenagem à Kirby Corporation, empresa norte-americana que fabricava aspiradores de pó, muito populares no Japão na época. Embora pareça igualmente bizarra, essa teoria é mais provável porque a principal habilidade de Kirby é sugar itens e inimigos, como se fosse mesmo um aspirador de pó.

Kirby é um nativo do planeta Pop Star - em japonês, originalmente, era a Estrela Pop, porque, como eu já disse aqui uma vez, japoneses estranhamente imaginam que gente more em estrelas - mais precisamente do reino de Dream Land (Pupupu Land no original japonês). "Kirby", aparentemente, é um nome próprio, mas nunca ficou claro se há uma espécie inteira de kirbies por lá, embora alguns jogos mostrem kirbies coloridos, mais ou menos como acontecem com os Yoshis nos jogos de Mario. Pequeno, redondo e sempre feliz, ele possui um fôlego impressionante, capaz de sugar qualquer coisa, até mesmo ar suficiente para que flutue como um balão. Munido de um enorme senso de justiça, Kirby se utiliza dessa habilidade para derrotar inimigos que ameacem a paz de Dream Land.

O jogo de estreia de Kirby seria lançado para o Game Boy em 1992, e ganharia um novo nome nos Estados Unidos, Kirby's Dream Land. Como os gráficos eram em preto e branco, acabou criando-se uma nova controvérsia, desta vez quanto à cor que Kirby deveria ter no material relacionado ao jogo, como pôsteres, comerciais e a embalagem: Sakurai queria que ele fosse rosa, enquanto Shigeru Miyamoto, diretor da Nintendo, preferia amarelo. Alheio a essa discussão, o pessoal da Nintendo of America decidiu deixá-lo branco, porque, afinal, branca era a cor dele no jogo. Após muita discussão, Miyamoto se renderia à vontade de Sakurai, e Kirby apareceria rosa em todo o material relacionado ao jogo no Japão, se tornando rosa também posteriormente nos Estados Unidos.

Sakurai planejou o jogo de estreia de Kirby como voltado para iniciantes, então é um jogo bem simples: o pinguim King Dedede roubou toda a comida de Dream Land, e cabe a Kirby enfrentá-lo e detê-lo, passando por cinco fases diferentes. Além de andar e pular, Kirby pode sugar inimigos e objetos, engolindo-os ou cuspindo-os. Inimigos cuspidos se transformam em estrelas, que destroem outros inimigos e alguns elementos de cenário e tiram energia de chefes. Kirby também pode sugar ar para inflar como um balão e voar por um curto período de tempo, e, enquanto está inflado, pode cuspir o ar para destruir inimigos e alguns elementos do cenário - com o efeito colateral de desinflar e cair lá de cima se estiver voando. Durante as fases, Kirby também encontra vários itens, como a poção, que recupera parte de sua energia, e o arroz apimentado, que lhe dá o poder de cuspir fogo durante um curto período de tempo.

Apesar de simples, Kirby's Dreamland foi um grande sucesso, o que levou a Nintendo a encomendar um novo jogo com Kirby para a HAL, dessa vez para o NES, no qual ela começou a trabalhar imediatamente. Esse segundo jogo seria lançado em 1993, com o nome de Kirby's Adventure nos Estados Unidos e Hoshi no Kirby: Yume no Izumi no Monogatari ("Kirby das Estrelas: A Lenda da Fonte dos Sonhos") no Japão.

Em Kirby's Adventure, King Dedede rouba o Star Rod, um cetro mágico que dá poder à Fonte dos Sonhos do título original. Sem ele, nenhum dos habitantes de Dream Land consegue sonhar, abrindo caminho para o vilão Nightmare destruir tudo. Kirby parte para reaver o cetro, mas a tarefa não será fácil: King Dedede o dividiu em sete partes, presenteando seis de seus amigos com elas. Kirby, então, deverá passar por sete fases diferentes para recuperá-las, e então usar o cetro completo para derrotar Nightmare e restaurar o poder da Fonte dos Sonhos.

Kirby's Adventure trouxe uma nova habilidade para Kirby, que acabaria se tornando sua marca registrada: ao engolir certos inimigos, ele ganha também seus poderes, podendo, por exemplo, se transformar em bola, lançar raios, cuspir fogo e pular mais alto, dentre outras habilidades. Kirby só pode usar um poder de cada vez, e não pode sugar inimigos ou itens enquanto estiver com um poder, embora possa abdicar de um poder a qualquer momento. Algumas fases também trazem puzzles, minigames e subchefes com poderes especiais que Kirby pode roubar, além de itens básicos como a poção.

Kirby's Adventure foi um dos últimos jogos lançados para o NES, e costuma ser considerado um dos melhores. Como se não tivessem nada a perder, os programadores da HAL espremeram tudo o que puderam do console, obtendo gráficos e efeitos que muitas softhouses nem consideravam possíveis em um videogame de 8 bits. Foi extremamente bem recebido pela crítica, embora tenha sido criticado por ser muito curto.

Depois de Kirby's Adventure, sabe-se lá por quê, a HAL decidiu investir em jogos de Kirby, digamos, alternativos. O primeiro, lançado para o Game Boy ainda em 1993 no japão e em 1994 nos Estados Unidos, foi Kirby's Pinball Land (somente Kirby's Pinball no Japão), um jogo de Pinball no qual Kirby era a bola. Ao todo, o jogo contava com três mesas, cada uma com três níveis, um minigame e um chefe; derrotando os três chefes, Kirby enfrenta King Dedede, e, vencendo-o, pode passar a jogar qualquer uma das três mesas quando quiser, como em um jogo de pinball normal.

Kirby's AdventureEm seguida, foi lançado Kirby's Dream Course, primeiro jogo de Kirby para o Super Nintendo, em 1994 no Japão (com o nome de Kirby Bowl) e 1995 nos Estados Unidos. Esse é um jogo de golfe, no qual, mais uma vez, Kirby é a bola. O modo para um jogador conta com oito campos de oito buracos cada; em cada um deles, o objetivo é usar Kirby para destruir os inimigos do percurso - quando apenas um inimigo sobrar, ele virará um buraco, e aí o objetivo passa a ser acertar Kirby no buraco. Kirby pode ganhar vários poderes conforme destrói os inimigos, que por sua vez permitem que ele se transforme em tornado (anda de lado), bola elétrica (destrói certos obstáculos), disco voador (pode ser controlado à vontade), guarda-chuva (viaja e cai mais lentamente) ou pedra (para onde está). De acordo com o desempenho do jogador, Kirby ganha medalhas, que dão acesso a novas versões dos campos.

No modo de dois jogadores, há quatro campos de oito buracos cada, e dois Kirbys competem para ver quem chega a cada buraco primeiro, sendo que um pode usar seus poderes para atrapalhar o outro. Tanto no modo de um quanto no de dois jogadores, Kirby tem energia e vidas, perdendo energia quando recebe tacadas e recuperando-a quando acerta inimigos ou o buraco, e perdendo uma vida toda vez que fica totalmente sem energia. Se Kirby perder todas as vidas, o jogo acaba (e o outro jogador é automaticamente declarado vencedor, caso dois estejam jogando). Curiosamente, originalmente Kirby's Dream Course seria um jogo de golfe comum, chamado Special Tee Shot; quando mais ou menos metade do jogo estava pronta, os programadores resolveram refazê-lo como um jogo de Kirby.

Em 1995 seria lançado Kirby's Avalanche (conhecido como Kirby's Ghost Trap na Europa), um jogo de puzzle, também para o Super Nintendo. Esse jogo, na verdade, era uma nova versão do jogo japonês Puyo Puyo, adaptado para mostrar personagens de Kirby, e por isso nunca foi lançado no Japão. Como em Puyo Puyo, bolotas coloridas caem do alto da tela, e o jogador, no papel de Kirby, deve combiná-las para que elas desapareçam antes de encher toda a tela, senão perderá o jogo. Kirby joga contra oponentes controlados pelo computador (o último deles sendo, evidentemente, King Dedede), e deve "sobreviver" até que eles percam, quando então, bizarramente, uma cut scene ao estilo Street Fighter II mostra Kirby se gabando e os provocando com frases imensas - sendo que, em todos os seus demais jogos, Kirby é praticamente mudo.

Kirby voltaria totalmente às origens ainda em 1995, ano de lançamento de Kirby's Dream Land 2 (Hoshi no Kirby 2 no Japão), para o Game Boy. Desta vez, uma entidade maligna conhecida como Dark Matter domina King Dedede e o faz roubar as sete Pontes do Arco-Íris, que ligam sete ilhas a Dream Land. Kirby parte com três companheiros animais - o hamster Rick, o peixe Kine e a coruja Coo - para derrotar Dark Matter e restaurar a paz nas ilhas. Ao todo, Kirby's Dream Land 2 conta com sete fases.

Mais uma vez, Kirby conta com sua habilidade de engolir ar para voar, sugar inimigos para cuspi-los ou engoli-los para ganhar seus poderes. A maior novidade do jogo, entretanto, são os companheiros animais: toda vez que derrota um subchefe, Kirby liberta um deles, e pode ser carregado pelo animal, ganhando habilidades especiais - Rick é veloz e não escorrega no gelo, Kine manobra melhor na água, e Coo pode voar. Além disso, se Kirby estava com um poder quando se combinou a um animal, esse poder terá um efeito diferente do que tinha quando Kirby estava sozinho.

Mas a HAL parecia mais disposta a usar o pobre Kirby como bola, ao invés de colocá-lo para viver aventuras, e, também em 1995, lançaria Kirby's Block Ball, jogo para Game Boy no estilo Arkanoid, no qual Kirby era rebatido por plataformas para destruir blocos na parte superior da tela. Além dos blocos, as fases tinham inimigos, que, quando acertados por Kirby, se transformavam em itens. O jogo conta com 11 mundos, os 10 primeiros com 4 fases cada e o último com 6; ao final de cada mundo há também um chefe, e cada um dos 10 primeiros mundos tem também um minigame escondido. O objetivo, como de costume, é derrotar King Dedede ao final do Mundo 11.

Em 1996, seria lançado mais um jogo para o Super Nintendo, Kirby Super Star (originalmente, no Japão, Hoshi no Kirby Super Deluxe, e Kirby's Fun Park na Europa). Esse jogo trazia duas novidades: primeiro, quando Kirby ganhava um poder, ele ganhava também um chapéu - uma coroa de gelo para o poder que congela inimigos ou um boné para o que dá a Kirby dois io-iôs que ele usa como armas, por exemplo; segundo, quando engolia certos inimigos, ao invés de ganhar seu poder, Kirby podia recrutá-los como ajudantes. Os ajudantes eram controlados pelo segundo jogador (o jogo era majoritariamente para um jogador), e suas habilidades algumas vezes eram necessárias para Kirby alcançar itens ou passar por uma fase mais facilmente. Kirby Super Star não traz, entretanto, Rick, Kine e Coo.

A caixa de Kirby Super Star o anunciava como "8 jogos em 1". De fato, ao iniciar o jogo, o jogador podia escolher entre oito aventuras diferentes: Spring Breeze era uma espécie de remake de Kirby's Dream Land, mas com a adição dos poderes e dos ajudantes, além de algumas mudanças aqui e ali (não há a necessidade de se enfrentar todos os chefes de novo na última fase, por exemplo), além, é claro, de novos gráficos. Dyna Blade é um novo jogo, com quatro fases, duas fases secretas e um subchefe, no qual o objetivo é derrotar o pássaro Dyna Blade (o último chefe), que está destruindo as plantações de Dream Land. Já Gourmet Race é um jogo de corrida, no qual Kirby e King Dedede competem para ver quem consegue recolher mais comida, além de completar a corrida no menor tempo, em três circuitos diferentes. O jogador pode escolher correr contra King Dedede, contra um Kirby fantasma - que representa seu menor tempo em cada circuito - ou sozinho, sem a obrigação de recolher a comida.

Em The Great Cave Offensive, Kirby está perdido em uma caverna cheia de tesouros. O jogador pode optar por tentar sair de lá no menor tempo possível ou recolher todos os 60 tesouros, que fazem referência a outros jogos da Nintendo. Em The Revenge of Meta Knight, Kirby passa por seis fases tentando impedir que Meta Knight, inimigo que fez sua estreia em Kirby's Adventure, conquiste Dream Land com seu navio voador Halberd; cada fase tem um limite de tempo, e Kirby perde uma vida se não conseguir concluí-la dentro desse limite. Samurai Kirby é um minigame no qual o objetivo é atacar inimigos, que vão ficando progressivamente mais difíceis, no momento certo, nem antes nem depois de sua reação. E Megaton Punch é um minigame no qual o objetivo é quebrar blocos de concreto com mais força que os oponentes, apertando o botão certo quando os marcadores de força de Kirby estiverem o mais próximos possível da marca máxima. Estes dois minigames podem ser jogados por dois jogadores.

Milky Way Wishes é um jogo incomum, já que nele Kirby não ganha poderes engolindo inimigos, mas recolhendo itens chamados copy pedestals; uma vez que tenha encontrado um copy pedestal correspondente a um poder, Kirby poderá usá-lo a qualquer momento, selecionando-o de uma lista. Neste jogo, um vilão chamado Marx está tentando conquistar Pop Star, e enganou o Sol e a Lua para que eles briguem; Kirby deve visitar dez planetas (cada um correspondente a uma fase) para detê-lo. O jogo é majoritariamente de plataforma, mas tem uma fase no estilo shoot-'em-up (os famosos "jogos de navezinha"). Vencendo os oito jogos, Kirby libera um nono jogo secreto, Arena. Neste minigame, Kirby tem apenas uma vida, e deve derrotar, um após o outro, 19 chefes presentes nos outros oito jogos de Kirby Super Star.

Kirby Super StarEm 1997, Kirby ganharia mais um jogo de puzzle para o Game Boy, Kirby's Star Stacker (Kirby no Kirakira Kizzu, "as crianças radiantes de Kirby", no original japonês). Nele, figuras de Rick, Kine e Coo caíam do alto da tela, junto com estrelas; o objetivo era posicionar uma estrela entre dois animais iguais, para que o trio desaparecesse, antes que a tela se enchesse de figuras e o jogador perdesse. Diferentemente de em Kirby's Avalanche, Kirby não enfrenta inimigos, mas tem uma quantidade pré-determinada de estrelas para eliminar em cada fase, antes de poder passar para a próxima. O jogo possui também um modo para dois jogadores, através do cabo link, no qual quem vê a tela se encher de figuras primeiro, perde. Kirby no Kirakira Kizzu ganhou uma versão para Super Nintendo, lançada exclusivamente no Japão ainda em 1997.

Ainda em 1997, Kirby faria sua última aparição no Super Nintendo, com o lançamento de Kirby's Dream Land 3 (Hoshi no Kirby 3 no Japão). Dark Matter retorna e, mais uma vez, domina King Dedede e outros vilões de Dream Land, desta vez planejando destruir toda Pop Star. Kirby parte para se aventurar em 5 mundos de 6 fases e um chefe cada; em cada fase ele encontrará um coração, e, encontrando todos, poderá enfrentar Dark Matter e livrar Dream Land mais uma vez do perigo.

Kirby conta novamente com sua habilidade de engolir inimigos para ganhar seus poderes, e agora ainda tem a ajuda de Gooey, uma estranha criatura feita de geleia. A qualquer momento, Kirky pode abdicar de dois pontos de energia para conjurar Gooey, que o acompanha pela fase, controlado pelo computador, devorando inimigos. Quando não desejar mais seu auxílio, Kirby poderá engoli-lo, recuperando seus dois pontos de energia. Rick, Kine e Coo também estão de volta, junto com mais três companheiros animais: Nago, o gato, possui um pulo triplo, que lhe permite alcançar grandes distâncias; Pitch, o pássaro, amplifica os poderes de Kirby e ainda pode voar como Coo; e Chuchu, que se parece com um chiclete, pode andar no teto e voar por curtos períodos de tempo.

Pois bem, esse post já está maior que um Kirby inflado voador, então os demais jogos ficarão para a semana que vem. Até lá!

Kirby

Parte 1

2 comentários:

  1. Meio off-topic, mas aí vai: Li uma vez que, no japão, usam a palavra, Hoshi (星), pra "qualquer corpo celeste que emita ou reflita luz, exceto o Sol e a Lua". Não é tão fora da casinha se pensarmos que os planetas visíveis (como Vênus) são pouco maiores que as estrelas, vistos daqui, e poderiam ser colocados na mesma categoria.

    Claro que eu não quero subestimar a criatividade dos japoneses, perto do que já inventaram, morar em estrelas é facinho facinho; mas usar hoshi também pra "planeta" pode ter confundido muito.

    Belo artigo como sempre o/

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  2. Também já li isso, e concordo que é muito provável que seja a explicação. Só acho muito engraçado que "hoshi" acabe sempre traduzido para "estrela" (tanto em português quanto em inglês), ao invés de para "planeta", já que existe essa possibilidade e ela faria muito mais sentido.

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