Astyanax não era, originalmente, um jogo de NES: foi lançado para arcades, em 1989, por uma empresa japonesa chamada Aicom, com o nome de The Lord of King, que não faz muito sentido em inglês. Quando chegou a hora de lançá-lo nos Estados Unidos, a Jaleco, responsável pela localização (a "tradução" do jogo) decidiu mudar o nome para The Astyanax - que na mitologia grega é o nome do filho do herói Heitor, mas isso não significa absolutamente nada, já que não é o nome de nenhum personagem do jogo. Pelo menos é um nome diferente, que serviu para popularizar o jogo.
The Astyanax é ambientado em um mundo místico governado por demônios, cuja população humana vive aterrorizada. Um dia, um bárbaro de nome Roche recebe uma mensagem diretamente de Deus, que revela que ele será o responsável por libertar a população local, e, de quebra, lhe dá o mítico Machado do Fogo. De posse da arma, Roche ruma para o Castelo de Algerine, lar do demônio Argos, governante local, para matá-lo e acabar com o domínio dos demônios. Para chegar ao castelo, Roche terá de passar por seis fases lotadas de insetos gigantes, animais violentos, demônios, mortos-vivos e monstros mitológicos.
Os controles de The Astyanax são bem simples, contando com um joystick, que se move nas oito direções, e três botões: um para pular ou descer de plataformas (apertando o botão enquanto o direcional está sendo pressionado para baixo), um para atacar com o machado, e um para usar um ataque especial limitado com o qual Roche lança raios que atingem todos os inimigos da tela. O painel conta com uma barra de poder do machado, que enche sozinha lentamente quando o botão não é pressionado; quanto mais cheia a barra, mais forte o ataque do machado, e, se ela estiver totalmente cheia, o machado fica em chamas e causa um poderoso ataque mágico ao atingir um inimigo - ou seja, ao longo do jogo, o jogador se verá forçado a escolher entre vários ataques fracos para acabar com os inimigos que o cercam, ou tentar se livrar dos inimigos enquanto carrega um ataque mais poderoso. A barra de vida de Roche conta com quatro segmentos, com o herói perdendo um toda vez que toca em um inimigo ou é atingido por um ataque deles. Ao perder todos os segmentos, Roche perde uma vida, começando o jogo com três delas.
Ao longo das fases, também surgirão do solo pilares, que, quando destruídos, revelam itens. A maioria deles, como os cristais e joias, valem apenas pontos, mas há nos pilares joias especiais que restauram um dos segmentos da barra de vida, pontas de flecha que garantem mais ataques especiais, vidas extras, e de vez em quando um escudo, que pode ser atingido até se quebrar sem que Roche perca um segmento da barra de vida, com a quantidade exata de quantas vezes o escudo pode ser atingido dependendo do inimigo que o atinge. Os continues são ilimitados, bastando inserir uma ficha, e Roche reaparece no exato ponto onde perdeu sua última vida, com mais três. Vale dizer também que The Astyanax é um jogo para dois jogadores simultâneos, com os dois personagens na tela ao mesmo tempo; o primeiro jogador controla Roche, que tem cabelos louros e armadura azul, enquanto o segundo controla um personagem idêntico, mas de cabelos pretos e armadura vermelha, que não tem nome.
A primeira fase é numa floresta, e o chefe é um inseto cruza de escorpião e centopeia que atira bolas de fogo pelo rabo e tem quatro partes do corpo que precisam ser destruídas separadamente. A segunda é em uma caverna cujo teto se move sozinho, mas apenas para efeito estético, e tem como chefe uma estátua de quatro braços com uma espada em cada um. A terceira é sobre uma ponte que cruza um lago, e o chefe é um dragão de duas cabeças, com cada uma tendo de ser derrotada separadamente. A quarta é um elevador, que sobe enquanto levas de inimigos são despejadas na tela, com o jogador não tendo muito o que fazer senão matá-los; além de matar os inimigos com seu machado, Roche pode fazer com que eles caiam pelos lados do elevador, mas tem que tomar cuidado para não cair ele mesmo. Essa fase não tem chefe, e nela os itens caem dos céus junto com os inimigos ao invés de estarem dentro de pilares. A quinta fase é no Castelo de Algerine; essa fase conta com um inimigo curioso: elfas que, quando Roche as acerta, ao invés de morrerem, ficam sem blusa e saem correndo envergonhadas, escondendo os seios. O chefe é um feiticeiro encapuzado que lança raios pelas mãos. A sexta e última fase é uma caverna secreta dentro do castelo, que leva à sala onde Roche enfrentará o último chefe, Argos - que se parece com o alienígena de Alien, o Oitavo Passageiro. Cada fase tem um tempo máximo, com Roche perdendo uma vida caso não consiga chegar a seu final e derrotar seu chefe antes que ele se esgote.
The Astyanax seria um grande sucesso no Japão, se tornando um dos arcades mais jogados do ano. Com isso, a Jaleco decidiria fazer uma versão para NES, lançada em 1990, mas tomaria, digamos, algumas liberdades criativas na adaptação. Pra não dizer que faria um jogo completamente diferente.
Na versão NES, que não tem artigo e se chama Astyanax, Astyanax é o nome do protagonista, um jovem de 16 anos calouro da escola de ensino médio Greenview High, que tem estranhos sonhos com uma garota que chama seu nome. Um dia, enquanto está indo para a escola, Astyanax é transportado para outra dimensão, onde é recebido pela fadinha Cutie. Cutie revela que eles estão no reino de Remlia, e que a garota de seus sonhos é a Princesa Rosebud, legítima governante do lugar. Rosebud foi sequestrada pelo maligno feiticeiro Blackhorn, e somente Astyanax, que por alguma razão possui dentro de si o Poder Milagroso, pode derrotá-lo e salvá-la - como um incentivo extra, Cutie diz que não tem poder suficiente para mandar Astyanax de volta para casa, e somente Rosebud, após ser salva, poderá fazê-lo. Cutie presenteia Astyanax com uma armadura parecida com a de Roche e com um machado mágico chamado Bash, e o envia em uma missão que passará por 6 fases, até o castelo de Blackhorn.
Diferentemente da versão arcade, Astyanax é um jogo para um único jogador, mas, assim como naquela, os controles são simples, com um botão sendo usado para pular, um sendo usado para atacar com o machado, o direcional para baixo sendo combinado com o botão de pulo para descer de plataformas, e o direcional para cima sendo combinado com o botão de ataque para usar magias. A barra de vida de Astyanax possui 20 corações, mas cada ataque inimigo tira um número diferente de corações, dependendo de sua força. Ao ficar sem corações, Astyanax perde uma vida, reaparecendo do mesmo ponto onde estava, e começando o jogo com três delas. Se precisar dar continue, ele retorna de um ponto pré-determinado da fase, com mais três vidas. Astyanax também conta com uma barra de magias, com 20 joias, com uma quantidade delas que depende de alguns fatores sendo gasta quando ele usa um ataque especial. No início de cada fase, tanto a barra de vida quanto a barra de magias são totalmente recarregadas.
Uma coisa que o jogo tem em comum com a versão arcade é a barra de potência do machado, que enche sozinha quando ele não está sendo usado, e faz com que seus golpes sejam mais poderosos de acordo com o quanto ela está cheia. No início do jogo essa barra é bem curta, mas itens recolhidos quebrando os pilares (que não surgem do chão, já estão no cenário desde sempre) fazem com que ela aumente, havendo também itens que fazem com que ela se encha mais rápido. Dentro dos pilares também há itens que valem pontos, que recuperam corações da barra de vida, que recuperam a barra de magia, vidas extras, magias extras e novas armas.
Astyanax começa o jogo com seu machado, mas, pegando um determinado item, passa a contar com uma maça, e, pegando-o de novo, com uma espada. Em relação ao machado, a maça é menos poderosa, precisando de mais golpes para matar um mesmo inimigo, mas aumenta o poder mágico de Astyanax, o que significa que ele consome menos joias da barra de magias cada vez que usa um ataque especial; já a espada é o contrário, matando os inimigos com menos golpes, mas gastando mais joias ao usar um ataque especial. Não é possível escolher qual arma será usada, exceto se Astyanax não pegar o item, mas também não é possível passar do machado diretamente para a espada sem passar pela maça; além disso, toda vez que Astyanax perde uma vida, ele retorna com a arma imediatamente anterior à que estava usando.
Pegando itens dos pilares, Astyanax também consegue até três magias diferentes, podendo escolher qual vai usar com os botões direcionais para cima e para baixo enquanto o jogo está pausado; cada uma delas gasta uma quantidade diferente de joias a cada uso, com esse custo sendo modificado por qual arma Astyanax está empunhando. A magia que gasta menos joias é a de parar o tempo, que simplesmente paralisa todos os oponentes da tela por alguns segundos; a seguinte é a bola de fogo, com a qual Astyanax lança bolas de fogo que viajam em linha reta a partir de seu corpo nas oito direções e destroem o primeiro inimigo em que cada uma toca; a que gasta mais joias é parecida com a da versão arcade, e faz com que raios destruam todos os inimigos da tela. Ao destruir alguns pilares, Astyanax também encontra Cutie, que lhe dá a opção de trocar sua arma ou recarregar totalmente sua barra de magias.
Astyanax tem gráficos enormes, com o herói tendo o dobro do tamanho, por exemplo, de Ryu Hayabusa ou Simon Belmont. Diferentemente da versão arcade, não há limite de tempo por fase e as fases não são temáticas, com cada uma delas passando por vários ambientes diferentes; os inimigos também são menos variados, com a maioria se repetindo em todas as fases. As fases são divididas em subfases (no famoso esquema do NES de "fase 2-1", "fase 2-2" etc.), e cada subfase conta com um subchefe em seu final, inimigos que são mais poderosos que os demais, mas não têm energia própria ou ataques estratégicos como os chefes. Os chefes incluem um cavaleiro montado em um dragão com cara de cachorro, uma medusa, uma espécie de inseto alienígena dentro de uma armadura de pedra e um minotauro com os órgãos internos expostos. A última fase é um curioso labirinto de portas, com o jogador tendo de prestar atenção nas dicas do cenário para escolher a porta certa em cada tela e avançar, e tem dois chefes, Thorndog, o braço-direito de Blackhorn, e o próprio Blackhorn, que possui duas formas, além de um elevador no qual Astyanax deverá enfrentar novamente todos os subchefes. O jogo também conta com as famosas cut scenes, as "historinhas" entre uma fase e outra, que revelam aos poucos a história do jogo.
Eu desconfio que um dos motivos pelo qual eu nunca tinha falado sobre Astyanax foi que o post ficaria muito curto, mas nem desconfio por que não o combinei com um segundo jogo, como fiz com diversos outros de NES, e que é exatamente o que eu vou fazer agora. E o segundo jogo de hoje será Baraduke. Infelizmente, Baraduke não teve uma versão NES; até hoje, eu achava que ele só existia mesmo em versão arcade. Felizmente, tinha um num fliperama perto de onde eu estudava, e pude gastar muitas fichas nele; terminá-lo mesmo eu só consegui depois, com um emulador. Outro fato curioso é que, na época do BLOGuil, eu usei uma captura de tela de Baraduke para fingir que tinha criado um jogo estrelado pelo Ombudsman como brincadeira de Primeiro de Abril, um amigo meu acreditou e ficou chateado porque queria jogar.
Em Baraduke, o jogador controla um astronauta equipado com uma mochila a jato e um rifle de energia, enviado a um planeta inóspito para atender a um pedido de socorro dos Paccets. Pequenas criaturinhas esféricas com um olho só, os Paccets são aliados dos humanos - e, para deixar isso claro, no início do jogo um Paccet se aproxima e diz "I am your friend", "eu sou seu amigo", tanto em um balãozinho estilo histórias em quadrinhos quanto em uma voz digitalizada, o que era uma grande novidade para a época - e eram os habitantes originais do planeta, que foi invadido por alienígenas gosmentos chamados Octy. A missão do astronauta é destruir o maior número possível de Octy, libertando os Paccets pelo caminho, para que eles possam retomar o controle de seu próprio planeta.
Baraduke possui oito fases, sendo cada uma dividida em seis salas. Nas quatro primeiras salas, o astronauta entra por um portal e deve destruir todos os Octy para liberar o portal seguinte, com o qual terá acesso à próxima sala. Cada Octy destruído deixa para trás uma espécie de baú do tesouro, que o astronauta tem que tocar para que se abra; lá dentro, pode haver um Paccet, itens que valem pontos ou que aumentam a força dos disparos do rifle, ou inimigos chamados Baggans, que se parecem com um Pac-Man roxo com dentes afiados que tomou anabolizantes - motivo pelo qual não é recomendado abrir o baú e ficar parado esperando o que tem dentro. Também vale dizer que, embora destruindo todos os Octy - que não se movem, mas atiram muito e em todas as direções - a saída da sala seja liberada, os Octy não são os únicos inimigos em cada sala, com alguns que voam inclusive podendo passar por cima das paredes, então também não é recomendável ficar demorando para abrir os baús após os Octy serem destruídos.
A quinta sala de cada fase conta apenas com baús e uns poucos inimigos, sem Octy, e a sexta é a luta contra o chefe, contando apenas com o chefe e com alguns inimigos de fase, sem Octy nem baús - o jogo possui apenas três chefes, mas que em cada nova aparição vão ficando progressivamente mais difíceis, um para as fases 1, 3, 5 e 7, um para as fases 2, 4 e 6, e o Rei dos Octy na fase 8. Após cada fase, ocorre um joguinho, uma espécie de roleta na qual o cursor passa em velocidade por oito casas, com o jogador devendo apertar um botão quando quiser que ele pare. Se o cursor parar em uma casa com um Paccet, o astronauta ganha um escudo - o que significa que sua barra de vida recupera ou ganha mais um segmento - mas, se parar em uma casa com um Octy, ele perde um escudo, podendo até mesmo perder uma vida se for seu último; parando em qualquer das outras casas, nada acontece, e, quanto mais Paccets o jogador salvar durante a fase, mais casas com Paccets terá a roleta, embora não seja uma proporção de um pra um.
Baraduke tem controles simples, com um direcional que permite mover o personagem nas oito direções e apenas um botão, que dispara a arma; pressionar o direcional para cima dá uma carga na mochila a jato, e a partir daí o jogador pode manobrar o astronauta enquanto ele está no ar. A barra de vida começa o jogo com dois escudos, mas é possível conseguir até mais seis, para um total de oito, nos joguinhos. Toda vez que o astronauta é atingido por um tiro ou bate em um oponente, perde um escudo, e, se perder todos, perde uma vida, tendo de recomeçar do início da sala onde estava. O jogador começa o jogo com três vidas, e, se der continue, deve recomeçar da primeira sala da fase onde estava quando morreu.
Baraduke começa fácil, mas rapidamente fica difícil ao ponto de se tornar enervante. A principal razão para isso é que os Octy atiram sem parar, e, conforme as fases vão avançando, o número de inimigos em cada tela aumenta, o que faz com que certas telas sejam uma confusão de inimigos e tiros quase impossível de ser navegada - vale avisar que, além de serem mortos pelos inimigos, os Paccets que saem dos baús também podem ser mortos pelos tiros do jogador, o que faz com que os que já foram resgatados fujam e o jogador fique sem nenhum, então é preciso cuidado para não matá-los acidentalmente. Outro motivo que contribui para a dificuldade do jogo é que o astronauta na maior parte do tempo estará no ar, e não pisando no solo, e ele é afetado tanto pela gravidade quanto pelo coice dos tiros de seu rifle, o que faz com que o jogador a toda hora tenha de estar corrigindo sua trajetória com o direcional. E, diferentemente de outros jogos, ao ser atingido o astronauta não fica invencível por alguns instantes, então é possível morrer ao ser atingido por vários tiros em sequência.
O jogo comporta dois jogadores, mas de forma alternada, o que significa que o primeiro joga até completar uma fase ou até perder uma vida, quando será a vez do segundo. Os astronautas de ambos os jogadores são idênticos em aparência e cor, com somente seus nomes, mostrados no placar e na tela do mapa, que aparece entre uma sala e outra, sendo diferentes: o primeiro jogador se chama Kissy, enquanto o segundo se chama Takky, esses nomes sendo versões americanizadas dos apelidos de dois programadores do jogo, Yoshihiro Kishimoto e Yukio Takahashi - da primeira vez que eu joguei, eu demorei pra perceber que Kissy era o nome do astronauta, e por alguma razão achava que era o nome do chefe da primeira fase, só percebendo que não era quando passei para a segunda e o nome continuou sendo Kissy.
Baraduke seria lançado pela Namco em julho de 1985, e, ao invés de uma placa própria, usava a mesma placa de outro jogo da empresa, Pac-Land, lançado um ano antes, um jogo de plataforma estrelado pelo Pac-Man e baseado em um desenho criado para o personagem pela Hanna-Barbera. Curiosamente, Baraduke não seria o único jogo a usar essa placa, o que talvez seja um testemunho à sua versatilidade, com outros dois jogos de plataforma, ambos anteriores a Baraduke, Dragon Buster e Metro-Cross, e um shoot 'em up horizontal, Sky Kid, de dezembro de 1985, também a usando. Algumas versões fora do Japão seriam lançadas com o nome de Alien Sector, mas a única diferença entre elas e a original seria a tela-título - mesmo em sua versão japonesa, todo o texto de Baraduke era escrito em inglês, provavelmente em uma tentativa de facilitar a venda do jogo fora do Japão - e a única versão caseira do jogo seria lançada em 1995 para o X68000, computador lançado pela Sharp exclusivamente no Japão, que ficaria conhecido justamente por suas versões extremamente fiéis de jogos de arcade.
Hoje, Baraduke costuma ser comparado a Section Z, da Capcom, lançado em dezembro de 1985, pois ambos são protagonizados por um astronauta com uma mochila a jato e um rifle de energia, embora o jogo da Capcom seja um shot 'em up, com o astronauta estando eternamente em movimento, como se fosse uma nave. Mas a comparação mais curiosa é com Metroid, que somente seria lançado pela Nintendo um ano depois, se enganando quem acha que ela ocorre apenas porque ambos trazem um astronauta em armadura completa explorando um planeta alienígena dividido em salas: no final de Baraduke, Kissy retira seu capacete e revela ser uma mulher, o que foi uma gigantesca surpresa para quem estava jogando, já que absolutamente nada no decorrer do jogo dava pistas de que isso iria acontecer - o que é a exatamente a mesma coisa que aconteceu com Metroid, embora, no jogo da Nintendo, Samus Aran só seja revelada como mulher em três dos cinco finais possíveis, justamente os mais difíceis de obter.
Baraduke não era tão conhecido fora do Japão ao ponto de isso se tornar uma polêmica - nem mesmo quando as publicações norte-americanas especializadas em games começassem a dizer que Metroid era um jogo "extremamente inovador" por ter uma protagonista feminina - mas, no Japão, rolou um certo furdunço sim, com alguns jornalistas até perguntando a Kishimoto e Takahashi se eles acreditavam que a Nintendo havia plagiado sua ideia; os dois prefeririam ser políticos e declarar que acreditavam que era apenas uma coincidência, causada pelo fato de que ambos os jogos tinham como uma de suas inspirações o filme Alien: O Oitavo Passageiro, que também tinha como protagonista uma mulher, embora a versão oficial da Nintendo seja a de que Samus seja mulher por sugestão do responsável pela trilha sonora do jogo. Vale citar como curiosidade que a Capcom também já declarou que uma das principais inspirações para Section Z foi Alien, com inclusive o cartaz do jogo se parecendo com uma cena do filme.
Uma diferença fundamental entre Baraduke e Metroid é que, enquanto Samus Aran se tornaria uma das principais personagens da Nintendo, Kissy seria esquecida pela Namco até 1999, quando seria lançado o jogo Mr. Driller, também para arcades. O protagonista desse jogo se chama Susumu Hori, e, segundo a história do jogo, é filho de Kissy, cujo nome verdadeiro é Toby Masuyo (um trocadilho com a frase tobi de arimasu yo, "eu consigo voar" em japonês), com Taizo Hori, o protagonista da série Dig Dug, cujo primeiro jogo foi lançado para arcades em 1982. Ainda segundo a história de Mr. Driller, Kissy e Taizo passaram por "um divórcio complicado", que fez com que ela ficasse fora dos holofotes até então. Kissy seria uma personagem coadjuvante na série Mr. Driller, que teria oito jogos ao todo, e seria uma das personagens do jogo de estratégia Namco x Capcom, lançado em 2005 para Playstation 2 exclusivamente no Japão - e que conta com uma excelente piada recorrente, na qual Tronn Bonne, de Megaman Legends, cisma que Kissy é um homem - mas seria só, e muito pouco para uma inovadora soldado espacial que estreou um ano antes de sua rival mais famosa.
Kissy não retornaria à série, mas Baraduke ganharia uma sequência, chamada Baraduke II: Bakutotsu Kijuutei (algo como "gigantesca nave-metralhadora de assalto"), lançada pela Namco para arcades exclusivamente no Japão em 1988. Desa vez os astronautas são dois homens, Takky e Hommy, que retornam ao planeta dos Paccets para uma segunda investida contra os Octy. Ao invés de ser dividido em salas, o jogo é linear, o que significa, dentre outras coisas, que, ao invés de ter que destruir todos os Octy para abrir portais, o jogador precisa apenas se mover para a direita e sobreviver até chegar à saída. Os controles são os mesmos do primeiro jogo, nas agora não há mais coice quando o rifle é disparado, embora a gravidade ainda puxe o astronauta lentamente para baixo. A dificuldade também é a mesma, com a tela quase sempre ficando lotada de inimigos e tiros. Para piorar ainda mais a situação, é impossível retornar depois que a tela avança, e não há mais escudos, o que significa que, sendo atingido uma única vez, o astronauta morre e deve retornar para o início da fase - pelo menos, dando continue o jogador também retorna para o início da fase, o que faz com que não haja muita diferença entre perder a primeira vida ou a última.
Dois detalhes, entretanto, dão um certo alento para os jogadores. O principal deles é que os Paccets são mais pró-ativos, participando diretamente da luta ao invés de apenas conferir mais chances em uma roleta: após serem resgatados, os Paccets passam a seguir o astronauta, com alguns disparando junto com ele como se fossem options do jogo Gradius. Antes de serem resgatados, os Paccets ainda podem ser mortos pelos tiros do astronauta, deixando seu olho para trás, que, se recolhido, vale 1 ponto. Outro detalhe é que os baús que aparecem quando os Octy são mortos não têm mais conteúdo surpresa, com seu conteúdo dependendo de sua cor: amarelo para Paccets, vermelho para Baganns, azul para itens que aumentam o poder dos tiros e verde para itens que aumentam a velocidade do astronauta. Ao longo das fases, o astronauta também pode ganhar uma mini-nave, que aumenta sua mobilidade e poder de fogo, e mini-naves para os Paccets.
Baraduke II tem um total de 41 fases, com os chefes sendo enfrentados nas fases 4, 11, 17, 23, 30, 36 e 41. Foi lançado para a Namco System-1, placa de 16 bits que permitia vários jogos diferentes, apenas trocando a parte onde a memória do jogo era armazenada. Não fez muito sucesso, principalmente por ser considerado "muito infantil" quando comparado ao anterior - os gráficos são mais coloridos, mais parecidos com os de um desenho animado, e há até mesmo uma trilha sonora animadinha. Por causa disso, jamais ganharia uma versão caseira, até ser incluído, junto com Baraduke, no Console Virtual do Wii, em 2009.
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