segunda-feira, 6 de maio de 2013

Escrito por em 6.5.13 com 0 comentários

Equitação

De vez em quando, me dá vontade de escrever um megapost esportivo, falando de vários esportes ou de várias modalidades de um esporte de uma vez só. Já fiz isso com o hóquei, com o atletismo, com o ciclismo e com o esqui. Hoje, vou fazer com a equitação - ou hipismo, para aqueles que preferem radicais gregos aos latinos.

Se é que há alguém aí que não saiba, a equitação é aquele esporte no qual os atletas competem montados em cavalos, fazendo-os saltar, correr ou executar rotinas pré-estabelecidas. O que muita gente pode não saber é que as modalidades olímpicas, que envolvem justamente as três coisas que eu citei, não são as únicas reconhecidas pela Federação Equestre Internacional (FEI, na sigla em francês), órgão máximo desse esporte.

concurso de saltosFundada em 1921 pelas organizações nacionais de Bélgica, França, Dinamarca, Itália, Japão, Noruega, Suécia e Estados Unidos, que queriam garantir não somente aos cavaleiros mas também aos animais as melhores condições possíveis de transporte, hospedagem e tratamento enquanto estivessem disputando competições internacionais, a FEI conta hoje com 134 membros, dentre eles o Brasil. Seu esporte, a equitação, que surgiu praticamente ao mesmo tempo em que o homem resolveu montar a cavalo, possui uma série de peculiaridades, sendo a mais notável a de que é um esporte verdadeiramente misto: homens, mulheres, cavalos e éguas competem todos uns contra os outros, sem distinção de masculino ou feminino. Outra peculiaridade é a de que não são os cavaleiros que se submetem a exames anti-doping durante as competições, e sim os cavalos, pois, efetivamente, são eles que estão competindo. Finalmente, salvo uma ou outra exceção, cada conjunto de cavaleiro/cavalo é considerado um único atleta, não podendo um cavaleiro usar vários cavalos diferentes na mesma competição - em termos gerais, é como se fosse uma dupla de vôlei de praia: mudar de dupla é permitido, mas não com o torneio em curso.

Como acontece com todos os esportes, é preciso regras para determinar um vencedor - assim como chutar uma bola não é futebol, montar a cavalo não é equitação, devendo se fazer alguma coisa a partir disso para que tenhamos uma competição. Ao longo dos anos, sempre buscando aliar modernidade e tradição, a FEI foi refinando regras e delimitando áreas de concentração. Hoje, tirando o polo, o turfe, o rodeio e um ou outro eventual esporte obscuro, todas as competições esportivas que envolvem cavalos têm a participação da FEI ou de uma de suas afiliadas.

Ao todo, a FEI reconhece dez modalidades da equitação, atuando como órgão máximo em nível mundial em oito delas e em conjunto com outras federações internacionais nas outras duas. No post de hoje veremos as oito que são da FEI mesmo - as outras duas são até bastante interessantes, mas o post ficaria grande demais.

A primeira modalidade que veremos é o adestramento, conhecido internacionalmente por seu nome em francês, dressage, mas apelidado "balé dos cavalos". Originalmente uma técnica de treinamento que visava integrar cavalo e cavaleiro, trazendo benefícios pra os tempos de guerra, o adestramento se tornou moda entre ricos donos de cavalos na época da Renascença. Desde então, veio sendo refinado até se tornar não somente um esporte, mas uma disciplina através da qual cavalo e cavaleiro praticamente se tornam um só, ao ponto de aprimorar as habilidades da dupla em outras modalidades, como a corrida e os saltos. Como acontece com todo esporte especializado, porém, cavalos de adestramento raramente são usados para outros propósitos, dedicando toda sua vida esportiva a essa modalidade. O adestramento é considerada a mais chique das modalidades da equitação, e o uniforme de seus praticantes reflete esse garbo, sendo usadas jaquetas que lembram fraques, cartolas, botas altas e luvas brancas - até mesmo os cavalos devem estar impecáveis, com crinas e caudas bem penteadas e cascos reluzentes, mas sem nenhum tipo de faixa ou tecido decorativo. Cavaleiros militares podem competir trajando suas fardas de gala.

O adestramento é disputado em uma arena com piso de terra, de 20 metros de largura por 60 de comprimento - eventos de menor importância e treinamentos podem ocorrer em uma arena menor, de 20 por 40 metros. Uma das linhas que delimitam a largura é marcada em seu centro por uma placa ou cone com a letra A, e então, em sentido horário, distantes 12 metros umas das outras, temos as letras K, V, E, S, H, C, M, R, B, P e F. No meio da arena, entre as letras A e C temos as letras D, L, X, I e G, com a letra X marcando o centro exato da arena. Essas letras não estão lá por acaso, servindo para que o cavaleiro saiba os pontos exatos nos quais deve executar cada tipo de movimento - a razão específica pela qual justamente essas letras foram escolhidas se perdeu no tempo, mas a hipótese mais aceita é a de que esse modelo de arena teria sido estabelecido por um regimento alemão, cujo espaço para treinos era delimitado por barracões que tinham essas letras pintadas sobre as portas, com os cavaleiros as utilizando como apoios mnemônicos. O conjunto (nome dado ao cavalo com seu cavaleiro) sempre entra na arena por uma porta onde está a letra A, e os juízes se posicionam onde estão as letras C, E, B, M e K.

Uma competição de adestramento é mais ou menos como uma prova de solo da ginástica ou uma competição de patinação artística: cada cavaleiro submete previamente aos juízes uma rotina, composta de movimentos de diferentes graus de dificuldade, e, durante a competição, tentará executá-la com o máximo de perfeição possível. Existe uma ampla gama de movimentos possíveis, incluindo fazer círculos, andar de lado e de "marcha a ré", mas nunca fazendo o cavalo saltar, somente andar ou trotar. A integração entre cavalo e cavaleiro deve ser tamanha ao ponto de o cavalo entender qual movimento o cavaleiro deseja que ele faça com o mínimo estímulo possível: aos olhos dos juízes e do público, a apresentação deve ocorrer como se o cavalo estivesse fazendo tudo "de memória", com o cavaleiro permanecendo impassível sobre ele.

Os conjuntos se apresentam um por vez, em ordem determinada por sorteio ou por série classificatória - por exemplo, os melhores de um dia se apresentam novamente no dia seguinte, do pior para o melhor colocado. Durante cada apresentação, os juízes atribuirão uma nota a cada movimento, sempre de 0 a 10. Multiplicadores podem ser aplicados a essas notas, levando em conta a dificuldade do movimento realizado, a leveza dos movimentos do cavalo, sua submissão ao cavaleiro, sua "boa vontade" em estar efetuando os movimentos e a postura do cavaleiro - esses três últimos fatores diretamente influenciados pela perfeita integração entre cavalo e cavaleiro citada anteriormente. Para não perder nenhum momento da apresentação, cada juiz conta com um assistente, que escreverá suas notas e comentários enquanto ele avalia o conjunto. Ao final de todas as apresentações, o conjunto com a maior nota será o vencedor.

Em nível internacional, as competições de adestramento são divididas em quatro níveis, chamados Prix St. Georges, Intermediare I, Intermediare II e Grand Prix, sendo que o Grand Prix pode ser dividido em Standard, Special (mais curto e com ênfase em movimentos escolhidos pelos juízes antes da competição) e Freestyle (com mais liberdade para os cavaleiros escolherem os movimentos, e único no qual a apresentação usa música). Quanto mais alto o nível, maior a exigência dos juízes, o que significa que os conjuntos devem tentar movimentos mais difíceis - alguns dos movimentos do Prix St. Georges nem são aceitos no Grand Prix, por exemplo.

O adestramento faz parte das Olimpíadas desde 1912, com um evento por equipes - três cavaleiros de cada país, notas somadas para determinar o país vencedor - tendo sido incluído em 1928. Ambas as competições são disputadas simultaneamente: no primeiro dia, um evento Grand Prix determina os medalhistas por equipes; os 25 melhores desse evento competem novamente em um Grand Prix Special, e os 13 melhores desse segundo evento lutarão pelas medalhas individuais em um Grand Prix Freestyle. Além das Olimpíadas, o adestramento individual e por equipes faz parte do programa dos Jogos Equestres Mundiais, o equivalente a um campeonato mundial de equitação, realizado a cada quatro anos desde 1990. Antes da criação dos Jogos Equestres Mundiais, existia um Campeonato Mundial de Adestramento, realizado também a cada quatro anos, de 1966 a 1986. Finalmente, é disputada anualmente, desde 1985, a Copa do Mundo de Adestramento, da qual participam os 14 melhores conjuntos do ano - sempre 9 da Europa Ocidental, 2 do restante da Europa, 2 da América do Norte e 1 da Oceania.

adestramentoSemelhante ao adestramento, regulado pela FEI desde a sua fundação, a modalidade chamada reining (cujo nome vem de rein, "rédeas" em inglês), regulada pela FEI desde 2000, vem crescendo em popularidade. Enquanto o adestramento tem suas origens na disciplina militar, o reining pode ser traçado até o oeste selvagem dos Estados Unidos, no qual os cavalos tinham de ser rápidos, fáceis de controlar e submissos a seus cavaleiros, que os usavam para controlar o rebanho, muitas vezes tendo de perseguir animais desgarrados. Com o tempo, as habilidades demonstradas por esses cavaleiros passaram a ser exibidas em feiras e rodeios, até que, em 1966, surgiu nos Estados Unidos a National Reining Horse Association, que se propôs a criar regras para que, ao invés de espetáculos, essas apresentações se tornassem competições. Conforme as competições de reining foram ganhando popularidade, passaram a ser reguladas pela Federação Equestre dos Estados Unidos, que, após uma campanha, convenceu a FEI a assumir o esporte em âmbito mundial. Hoje, a modalidade, apesar de sofrer um certo preconceito, está em franco desenvolvimento, se tornando cada vez mais popular, principalmente na Europa e na Austrália. Para tentar espalhar ainda mais a modalidade, a FEI a incluiu nos Jogos Equestres Mundiais, dos quais faz parte, nas categorias individual e por equipes, desde 2002.

Uma competição de reining é disputada em uma arena redonda, com piso de areia. Cada cavaleiro deve executar de oito a doze movimentos, sendo alguns obrigatórios pelo regulamento da competição, outros opcionais, valendo mais pontos se corretamente executados. Diferentemente do adestramento, no qual os movimentos do cavalo são graciosos como um balé, no reining os movimentos são bruscos, com mudanças de direção súbitas, giros rápidos e deslizadas, com o cavalo correndo a maior parte do tempo, embora alguns movimentos usem o caminhar ou o trote. Para proteger o cavalo, é obrigatório o uso de proteções especiais nas pernas, sobre os cascos, e de ferraduras especiais. Para refletir as origens do esporte, os cavaleiros normalmente competem com botas de couro, calças de brim, camisas de flanela, cintos largos e chapéus de caubói.

Os pontos durante uma apresentação são atribuídos não somente à perfeição com a qual os movimentos são executados - com movimentos mais difíceis valendo mais pontos - mas também à finesse, à calma e à precisão com a qual o movimento foi executado - embora os movimentos sejam bruscos, eles devem parecer naturais. A velocidade na qual o cavalo estava também conta pontos, sendo um giro rápido mais valioso que um lento, por exemplo, e, assim como no adestramento, deve parecer que o cavalo está fazendo tudo sozinho, com o cavaleiro sendo capaz de comandá-lo com o mínimo estímulo, perdendo pontos se suas ordens forem muito visíveis. Aliás, as regras do reining preveem um monte de penalidades, a maioria delas relacionadas ao comportamento do cavalo, que não pode demonstrar estar sendo obrigado pelo cavaleiro a se apresentar, nem realizar os movimentos "de má vontade". Graças a essas penalidades, é possível um cavaleiro terminar um evento com pontuação negativa. Não existe uma nota máxima, mas a nota a ser batida é sempre 70 - a pontuação alcançada quando não se ganha bônus nem penalidades.

A modalidade mais famosa da equitação é o concurso de saltos, aquela prova na qual o conjunto tem de passar por um percurso saltando obstáculos decorados. O concurso de saltos tem suas origens nas corridas cross-country, durante as quais os conjuntos tinham de saltar vários obstáculos naturais. Aos poucos, a modalidade foi evoluindo, passando o percurso a ser mais curto e fechado, visando testar a proficiência dos conjuntos nos saltos, não sua velocidade na corrida. Os primeiros obstáculos eram nada mais que cercas, feitas de madeira, tijolos ou plantas; hoje, eles são ricamente trabalhados e decorados, muitas vezes imitando pontos turísticos do local onde a prova está ocorrendo, ou homenageando a cultura e personalidades locais. Em alguns países, existe uma modalidade semelhante ao concurso de saltos chamada concurso de caçada, na qual não somente a velocidade com a qual o conjunto salta os obstáculos é levada em conta, mas também são atribuídas notas para a forma como o cavaleiro se porta e conduz seu cavalo; essa modalidade, entretanto, não é regulada pela FEI.

O concurso de saltos é disputado em uma espécie de parque, com piso de terra, na qual os obstáculos são dispostos não em linha reta, mas em uma configuração que fará com que o cavalo tenha de fazer várias curvas, indo e vindo para completá-los em uma ordem pré-determinada. O número e a disposição dos obstáculos varia de acordo com o torneio, podendo ser mais fácil ou mais difícil - torneios mais difíceis podem exigir que o cavalo salte um obstáculo em curva, ou vários obstáculos altos em sequência, por exemplo. Para que os cavaleiros saibam exatamente o que vão enfrentar, um dia antes das competições começarem eles podem fazer o percurso a pé - sem saltar os obstáculos, evidentemente - decorando a ordem dos obstáculos e estimando quantas passadas seu cavalo precisará dar, e em qual velocidade, para saltar cada um deles.

Os obstáculos são feitos de material leve, que não machuque o cavalo caso ele se choque contra eles ou os toque durante um salto. Obstáculos verticais são posicionados de forma frágil propositadamente, para que um mínimo toque do cavalo os derrube. Os obstáculos podem ter variadas alturas, e podem ser simples (requerendo um salto para serem transpostos), duplos (requerendo dois saltos seguidos, ou seja, sem corrida entre um e outro) ou triplos (três saltos seguidos). Alguns obstáculos são "horizontais", ou seja, ao invés de requerer que o cavalo salte em altura, ele deve saltar uma determinada distância; esses obstáculos normalmente são cheios d'água, para ficar mais claro se o cavalo conseguiu transpô-los corretamente ou não.

Cada conjunto tem um tempo pré-determinado para concluir cada percurso, que depende da complexidade do percurso, mas normalmente fica por volta de 70 a 80 segundos. Cada segundo ou fração de segundo que o conjunto demora a mais que esse tempo para concluir o percurso acarreta na perda de um ponto - 71,01 segundos em um percurso de 70 segundos vale 2 pontos, portanto - mas terminar o percurso antes do tempo não dá nenhuma vantagem além de fazer zero ponto - se você tem 70 segundos, tanto faz terminar com 60 ou com 69,9. Um conjunto também perde pontos por derrubar obstáculos, mas só se isso alterar a altura do obstáculo - se o obstáculo é composto de três barras horizontais uma sobre a outra e o conjunto derruba a do meio, não perde pontos. Da mesma forma, se o cavalo tocar no obstáculo, e ele balançar, mas não cair, nenhum ponto é perdido. Se o cavalo tocar a água de um obstáculo horizontal, também perde pontos. Cada obstáculo derrubado ou não corretamente ultrapassado acarreta na perda de quatro pontos.

Pode ocorrer de o cavalo se recusar a saltar um obstáculo, o que é chamado refugo. Quando o cavalo refuga um obstáculo, o conjunto perde quatro pontos, e o cavaleiro deve retornar com ele até uma distância que o possibilite tentar saltar de novo, o que acarreta em perda de tempo. Se um cavalo refugar em meio a um obstáculo duplo ou triplo, o conjunto deve retornar para o primeiro obstáculo da sequência e saltar os dois ou três de novo, não somente o refugado. Um cavalo que refugue duas vezes na mesma prova é automaticamente desclassificado.

Assim como no adestramento e no reining, no concurso de saltos cada conjunto se apresenta separadamente, um por vez. Após todos terem concluído o percurso, o vencedor será aquele que perdeu menos pontos. Caso haja necessidade de desempate, os conjuntos empatados deverão passar por um novo percurso, mais curto, sendo vencedor o que perder menos pontos nessa segunda vez.

Existem várias subcategorias de concurso de saltos. A mais comum, disputada nas Olimpíadas, nos Jogos Equestres Mundiais e em vários torneios ao redor do mundo é o CSI (de Concurso de Saltos Internacional), no qual o conjunto deve saltar entre 10 e 16 obstáculos em um percurso que compreende entre 500 e 600 metros. A sigla CSI costuma vir acompanhada de uma a cinco estrelas, que determinam o nível do torneio - sua importância, valor da premiação e grau de dificuldade. O nível também determina a altura máxima dos obstáculos (de 1,40 m nos de uma estrela até 1,56 m nos de cinco) e a idade mínima dos cavalos (6 anos para uma ou duas estrelas, 7 para os demais). Independente do número de estrelas, o comprimento máximo dos obstáculos verticais é 2 metros, e dos horizontais 4,5 metros. As Olimpíadas e os Jogos Equestres Mundiais são considerados eventos cinco estrelas.

Outras subcategorias incluem o Speed Derby, onde o traçado não tem tempo máximo e é vencedor quem o concluir em menos tempo, com penalidades aplicadas por derrubar obstáculos; o Puissance, no qual é testada a capacidade do cavalo saltar, com obstáculos de até sete metros de altura; o Six-bar, no qual o objetivo é saltar um obstáculo sêxtuplo, no qual cada barra seguinte é mais alta que a anterior; o Double Slalom ou Match Race, no qual dois percursos idênticos são percorridos por dois conjuntos ao mesmo tempo, com o perdedor sendo eliminado e o vencedor avançando para a etapa seguinte; e o Accumulator, no qual cada obstáculo vale um número de pontos de acordo com sua dificuldade, e é o cavaleiro que escolhe quais deles vai saltar e em que ordem, sendo vencedor o que acumular mais pontos dentro de um tempo pré-determinado.

O concurso de saltos é regulado pela FEI desde sua fundação, e fez parte do programa das Olimpíadas de 1900, embora só tenha passado a integrá-lo definitivamente, nas categorias individual e por equipes, em 1912. Nas Olimpíadas, o torneio dura cinco sessões de saltos; a primeira sessão soma pontos para o torneio individual e determina a ordem do torneio por equipes. Os 50 melhores conjuntos no individual somando os resultados da primeira e segunda sessões se classificam para a terceira sessão, assim como as oito melhores equipes da segunda sessão. A terceira sessão distribui as medalhas da prova por equipes, e seus 35 melhores conjuntos, sendo no máximo três de cada país, passam para a quarta sessão. As medalhas são distribuídas somando os resultados da quarta e quinta sessões. O torneio por equipes é conhecido como Prêmio das Nações, e dele participam quatro conjuntos de cada equipe, sendo o de pior resultado descartado para a nota final. O concurso de saltos também faz parte dos Jogos Equestres Mundiais desde 1990. Antes da criação dos Jogos Equestres Mundiais, existia um Campeonato Mundial de Saltos, realizado anualmente de 1953 a 1956, e então a cada quatro anos de 1960 a 1986. Outro torneio de grande importância é a Copa do Mundo de Saltos, competição individual disputada anualmente desde 1979, da qual só podem participar os 45 primeiros conjuntos do ranking da FEI. A Copa do Mundo possui uma classificação especial, CSI-W, sem estrelas.

concurso completoA terceira modalidade regulada pela FEI desde sua fundação é o concurso completo, conhecido internacionalmente como eventing, e apelidado de "o triatlo dos cavalos", já que é composto de três provas, o adestramento, o cross-country e o concurso de saltos. O adestramento e o concurso de saltos seguem as mesmas regras do adestramento comum e do CSI; o que nos interessa, portanto, é o cross-country, que não existe como uma modalidade em separado da FEI - embora diversas federações nacionais organizem torneios exclusivamente de cross-country.

O cross-country nada mais é que uma corrida em um percurso em espaço aberto, de preferência uma mata ou floresta, contando com obstáculos. Diferentemente dos obstáculos do concurso de saltos, os obstáculos do cross-country são sólidos, muitas vezes naturais, como pedras, troncos e fossos, e não se derrubam facilmente caso o cavalo os toque - embora, em nome da segurança, obstáculos mais altos tenham encaixes para que desmontem caso tocados. Os obstáculos podem ser naturais ou construídos, mas esses últimos sempre terão a aparência de algo natural. Além dos obstáculos, contribuem para a dificuldade do terreno elevações, depressões, córregos e diferentes materiais de piso, como terra, areia, lama e cascalho. Diferentemente de no concurso de saltos, os conjuntos no cross-country não se apresentam um por vez - mas também não correm todos juntos: cada um deles recebe permissão para largar depois que o anterior já largou há algum tempo, para que não se encontrem no percurso mas também não seja necessário esperar o anterior concluí-lo.

Assim como no concurso de saltos, o percurso possui um tempo máximo para ser concluído, com cada segundo ou fração de segundo a mais que o conjunto levar acarretando na perda de 0,4 pontos. Se o cavalo refugar saltar um obstáculo, o conjunto perde 20 pontos pelo primeiro refugo e 40 pelo segundo no mesmo obstáculo. Como os obstáculos raramente caem, não há perda de pontos por derrubar um deles. Caso o cavalo refugue três vezes o mesmo obstáculo ou quatro vezes no total, o conjunto é instantaneamente desclassificado. Um conjunto também é desclassificado se o cavaleiro cair do cavalo, se o cavalo cair no chão, se o conjunto contornar um obstáculo ao invés de saltá-lo, se saltar duas vezes o mesmo obstáculo, se "cavalgar de forma perigosa" (a critério dos fiscais de prova) ou se concluir a prova com o mais que dobro do tempo máximo. No concurso completo, todos os pontos perdidos no cross-country e no concurso de saltos são deduzidos da nota obtida no adestramento. Ao final, aquele com a maior nota será o vencedor.

O concurso completo pode ser disputado em duas formas: na CCI (de Concurso Completo Internacional), as provas são realizadas ao longo de três dias, com o adestramento no primeiro, o cross-country no segundo e o concurso de saltos no terceiro - a maioria dos torneios de CCI, entretanto, já está dividindo as competições em quatro dias, com o adestramento, a parte mais demorada, nos dois primeiros. Já na CIC (de Concurso Internacional Combinado), todas as três provas são disputadas em um único dia, com o adestramento primeiro, então os saltos e por fim o cross-country. Em ambas as formas, assim como no CSI, o número de estrelas após a sigla determina o nível do torneio, que ditará o valor de sua premiação, e, no cross-country, a dificuldade do percurso, a distância percorrida (entre 4 e 6 Km no CCI, 2,4 e 4 Km no CIC) e o número de obstáculos (entre 32 e 45 no CCI, 24 e 40 no CIC). Ao todo, existem quatro níveis, sendo o de uma estrela para iniciantes, duas estrelas o intermediário, três estrelas o avançado e o de quatro estrelas o equivalente ao Grand Slam do concurso completo, pois apenas seis torneios no mundo possuem essa classificação, todos CCI: Badminton Horse Trials (Inglaterra), Burghley Horse Trials (Inglaterra), Rolex Kentucky Three Day (Estados Unidos), Australian International Three Day Event (disputado em Adelaide), Luhmühlen Horse Trials (Alemanha) e Étoiles de Pau (França). As Olimpíadas e os Jogos Equestres Mundiais também são considerados torneios quatro estrelas.

O concurso completo faz parte das Olimpíadas desde 1912. Cada cidade-sede tem autonomia para decidir se o torneio será CCI ou CIC, sendo que a maioria escolhe CCI, por ser menos cansativo - Atenas, em 2004, escolheu CIC, visando redução de custos, e foi muito criticada pelos cavaleiros. Os Jogos Equestres Mundiais, dos quais o concurso completo faz parte desde 1990, sempre foram disputados em CCI. Tanto as Olimpíadas quanto os Jogos Equestres Mundiais contam com provas individuais e em equipes, na qual as notas dos membros de uma mesma equipe são somadas para se determinar o vencedor. Antes da criação dos Jogos Equestres Mundiais, também existia um Campeonato Mundial de Eventing, realizado a cada quatro anos, de 1966 a 1986.

Se você achou o concurso completo estafante, espere até conhecer o endurance, a "maratona dos cavalos". A primeira prova de endurance do mundo foi disputada em 1955, quando um grupo de cavaleiros quis recriar a famosa Trilha dos Estados do Oeste, utilizada na época do Velho Oeste norte-americano. Partindo de Lake Tahoe, passando por Sierra Nevada e chegando à cidade de Auburn, tudo isso na Califórnia, eles percorreram mais de 100 milhas em 24 horas. O sucesso da competição fez com que esse percurso fosse repetido anualmente, com o nome de Tevis Cup em homenagem a Lloyd Tevis, amante dos cavalos e das corridas de cavalos e avô do principal patrocinador da prova. Nos anos seguintes, cada vez mais percursos do tipo começaram a ser disputados nos Estados Unidos e Europa, até que, em 1982, a FEI reconheceu o endurance como uma nova modalidade, passando a regular as competições internacionais.

Uma prova de endurance é disputada em várias etapas. Antes de seu início, todos os cavalos são inspecionados por veterinários para ver se estão aptos a competir, e os cavaleiros ganham um mapa com o percurso da prova, indicando locais de parada compulsória para novos exames, além de obstáculos naturais como elevações, depressões e córregos. Cada parada para avaliação veterinária marca o final de uma etapa, e nela o cavalo é submetido a novos exames, que podem até determinar que ele seja desclassificado, caso não esteja em boas condições de saúde. Após a inspeção veterinária, cada cavalo terá direito a um tempo para descansar, beber água e se alimentar, de no mínimo 20 e no máximo 45 minutos. É permitido aos competidores desmontar e guiar seu cavalo a pé durante o percurso para que o animal descanse, mas todos os cavaleiros devem chegar aos postos de inspeção e cruzar a linha de chegada montados.

O endurance possui duas subcategorias, sendo a mais comum a chamada CEI (de Concurso de Endurance Internacional), que, assim como o CSI, o CCI e o CIC, usa um sistema de estrelas para determinar o nível de seus torneios. Os torneios CEI podem ser de uma a quatro estrelas, sendo que os de uma a três estrelas podem ter suas etapas divididas em mais de um dia, enquanto os de quatro estrelas devem ter todo o percurso concluído em um único dia. Não há distância máxima para os torneios de um a três estrelas, mas a distância média percorrida por dia deve ficar entre 40 e 79 Km nos torneios de uma estrela, entre 80 e 119 Km nos de duas, e acima de 120 Km nos de três. Torneios de quatro estrelas devem ter uma distância fixa de 160 Km, percorrida em no máximo 12 horas. Em todos os torneios CEI o vencedor é o conjunto que cruzar a linha de chegada primeiro, o que significa que o tempo gasto com a inspeção veterinária e com o descanso e alimentação do cavalo também contam para o tempo final do conjunto, por isso é importante que o cavaleiro conheça bem seu cavalo, para não forçá-lo demais e perder muito tempo nas paradas obrigatórias. Além do vencedor, há um prêmio especial para o cavalo que terminou a prova em melhores condições físicas, determinado por um exame veterinário ao final da competição; muitos cavaleiros consideram esse prêmio mais importante que a vitória.

A outra subcategoria é a chamada TREC (do francês para Técnicas de Trilha Equestre de Competição). Uma prova de TREC é bastante semelhante a uma prova CEI, mas o vencedor não é simplesmente quem cruza a linha de chegada primeiro, sendo levados em conta quatro quesitos: a orientação e regularidade, que avaliam se o cavaleiro soube se manter no percurso determinado pelo mapa e em ritmo constante; a velocidade com a qual ele conseguiu cumprir o percurso; a apresentação do conjunto, que avalia se o cavaleiro e seu cavalo estão em sincronia e se o cavalo está se sentindo à vontade na prova; e as técnicas de cavalgada, que avaliam a forma como o cavaleiro conduz o cavalo. Cada um desses quesitos vale pontos, sendo o vencedor aquele que somar mais. Uma prova de TREC pode ser disputada em um único dia ou em várias etapas ao longo de vários dias; se disputada em um único dia deve ter entre 10 e 50 Km; em vários dias o mínimo é 24 Km, mas não há máximo, desde que a média de distência percorrida por dia fique entre 24 e 64 Km. Provas de TREC possuem um tempo mínimo e um máximo para serem concluídas, sendo desclassificados os cavaleiros que a completarem abaixo do mínimo ou acima do máximo.

O endurance não faz parte das Olimpíadas, mas está nos Jogos Equestres Mundiais desde 1990, nas categorias individual e por equipes - na qual, como sempre, se somam os tempos dos conjuntos de uma mesma equipe para se determinar o vencedor. Os Jogos Equestres Mundiais são considerados um torneio CEI de quatro estrelas, assim como a Tevis Cup; a Old Dominion Ride, disputada no estado da Virgínia, Estados Unidos; e o Campeonato Mundial de Endurance, disputado anualmente desde 1998. O endurance é a terceira modalidade da FEI com o maior número de praticantes, atrás apenas do concurso de saltos e do concurso completo.

attelageUma das modalidades mais curiosas da equitação é a attelage, na qual os conjuntos não são formados apenas por cavalo e cavaleiro, mas por cavalo, cavaleiro e uma charrete. A attelage (palavra francesa que significa "arreio") possui três submodalidades, uma na qual a charrete é puxada por um único cavalo ("Simples"), uma na qual ela é puxada por dois cavalos lado a lado ("Duplas"), e uma na qual é puxada por quatro cavalos, dois na frente e dois atrás (conhecida em inglês como "Four-in-Hand"). Torneios regionais também podem usar a configuração Tandem (dois cavalos, um na frente do outro) ou Troika (três cavalos lado a lado). Infelizmente, a attelage não é uma corrida de charretes ao estilo Ben-Hur, e sim um evento combinado parecido com o concurso completo.

A primeira etapa da attelage é uma prova de adestramento, subdividida em duas outras etapas, chamadas A1 e A2. Na A1, os juízes verificarão o estado da charrete, se todos os cavalos são do mesmo porte e cor, e se o condutor e seus passageiros - pois é, além de tudo, a charrete leva passageiros, dois, para ser mais exato, um navegador e um ajudante do condutor - estão adequadamente vestidos e seguramente posicionados - acreditem ou não, essa etapa também vale pontos. A A2 é uma prova de adestramento normal, mas disputada em uma arena maior, de 40 por 100 metros, e com o condutor podendo usar comandos de voz para guiar seus cavalos. Essa etapa também valerá pontos, que serão somados aos da A1, e então subtraídos do máximo possível para determinar quantos pontos o conjunto perdeu nessa primeira etapa.

A segunda etapa é conhecida como maratona, e é composta por um percurso de 10 a 22 Km, dividido em de três a cinco sessões. O percurso se parece com o do cross-country, com terreno acidentado e obstáculos como córregos, curvas fechadas e portais por dentre os quais a charrete deve passar - mas não saltos, evidentemente. Os conjuntos perdem pontos caso não consigam ultrapassar o obstáculo da forma correta ou concluam o percurso acima do tempo máximo ou abaixo do tempo mínimo determinado para cada seção. Cada seção também possui uma distância máxima para o percurso, uma velocidade máxima que a charrete pode atingir e um tipo de movimento para o cavalo (andar, trotar ou correr), sendo desclassificado o conjunto que exceder a velocidade máxima ou se mover da forma incorreta. Competições da FEI costumam ter apenas três seções, sendo a primeira de no máximo 8 Km, com o cavalo podendo trotar ou correr; a segunda de no máximo 1 Km, mas com o cavalo só podendo andar; e a terceira com no máximo 9 Km com o cavalo podendo andar, trotar ou correr - sendo que nos últimos 500 metros ele só pode andar ou trotar, e não pode parar de forma nenhuma. Algumas competições incluem duas seções extras entre a segunda e a terceira, uma com no máximo 3 Km e o cavalo só podendo trotar, e mais uma de no máximo 1 Km com o cavalo só podendo andar. Torneios para iniciantes costumam usar apenas a última seção.

A terceira etapa é o percurso de obstáculos, prova semelhante ao concurso de saltos, mas sem saltos: nela, os obstáculos são pares de cones com bolas equilibradas no topo, distantes entre si apenas 22 cm a mais que a distância entre as rodas da charrete. Assim como no concurso de saltos, eles não estão dispostos em ordem, e o condutor deve fazer o percurso indo e vindo, passando no meio dos cones sem derrubar as bolas. Cada bola derrubada acarreta em perda de pontos, assim como cada segundo a mais além do tempo máximo para conclusão do percurso. Ao fim do percurso de obstáculos, o conjunto com menos pontos perdidos levando em conta as três etapas será o vencedor do evento.

As subcategorias da attelage são chamadas CAI (de Concurso de Attelage Internacional - já notaram o padrão?). Se a subcategoria usa cavalos para puxar as charretes, a sigla é somente CAI; se usa pôneis (máximo de 108 cm de altura), a sigla é CAIP. Dependendo da premiação e da qualidade dos locais de prova, o torneio pode ser considerado A ou B. Finalmente, um número após esse A ou B determina se é um torneio de Simples, Duplas ou Four-in-Hand. Assim, torneios de attelage possuem denominações como CAI-A2 ou CAIP-B4.

A attelage é regulada pela FEI desde 1970, e faz parte dos Jogos Equestres Mundiais desde 1990. Nos Jogos Equestres Mundiais só é disputada a submodalidade Four-in-Hand, nas categorias individual e por equipes. O Campeonato Mundial de Four-in-Hand é disputado a cada dois anos desde 1972, o Campeonato Mundial de Duplas a cada dois anos desde 1985, o Campeonato Mundial de Simples a cada dois anos desde 1998, e o Campeonato Mundial de Pôneis, que abrange as três subcategorias, a cada dois anos desde 2003. Outros torneios de destaque são o Indoor Drive Trials, disputado anualmente desde 1998 nas três submodalidades, mas sempre em uma arena fechada, ao invés de ao ar livre; e a Copa do Mundo, disputada anualmente desde 2001 apenas na Four-in-Hand e também em uma arena fechada, mas com um formato diferente: não há a etapa do adestramento, e as etapas da maratona e do percurso de obstáculos são combinadas em uma só, em uma pista com dois obstáculos tipo os da maratona com de seis a oito obstáculos tipo os do percurso entre eles, sendo vencedor o conjunto que completar o percurso perdendo menos pontos. Boatos dizem que esse novo formato foi criado visando incluir a attelage nas Olimpíadas, mas não há posição oficial da FEI quanto a isso.

Mais curiosa ainda que a attelage é o volteio, a "ginástica sobre cavalo". Numa prova de volteio, o cavalo é atrelado por uma vara de 15 metros de comprimento a um condutor que se posiciona no centro de uma arena circular, e, enquanto ele corre em círculos em volta desse condutor, um, dois ou três atletas realizam movimentos acrobáticos sobre seu dorso. É realmente como uma prova de ginástica, mas, ao invés de realizada sobre um tablado, é realizada sobre um cavalo em movimento.

O volteio é regulado pela FEI desde 1983, e tira seu nome de um movimento de treinamento bastante comum entre cavaleiros franceses da época do Renascimento - embora suas origens possam ser traçadas bem mais longe, com indícios de que algo semelhante era praticado na Roma Antiga e na Ilha de Creta. Durante muito tempo, o volteio foi considerado apenas uma atração circense, até que, na década de 1950, a Alemanha decidiu realizar competições esportivas da modalidade e promovê-la como uma forma de estimular crianças e adolescentes a se dedicar à equitação. Desde então, o esporte se espalhou pela Europa, e hoje adquire cada vez mais adeptos nas Américas e na África.

As competições de volteio, sempre realizadas ao som de música, são compostas de duas sessões, uma na qual os movimentos obrigatórios são realizados junto com os opcionais, e uma chamada Freestyle ou Kur, na qual o atleta usará apenas movimentos opcionais. O tempo de cada apresentação é de 1 minuto no individual e 4 minutos nas duplas e trios. Cada atleta receberá pontos de acordo com a complexidade do movimento que tentou executar e com a perfeição com que ele foi executado. Os cavalos também recebem notas de acordo com a fluidez de seus movimentos e seu bom comportamento, mas a nota dos cavalos só é usada em caso de desempate. A maioria dos movimentos opcionais do volteio é acrobático, mas os movimentos obrigatórios incluem montar e desmontar, permanecer de pé e cavalgar em posições complicadas. Para facilitar os movimentos do atleta, o cavalo não usa sela, mas uma proteção especial no dorso. O normal é que o cavalo corra em torno do condutor no sentido anti-horário, mas alguns torneios permitem que o cavalo corra no sentido horário. O volteio é a única modalidade da equitação na qual os atletas são divididos em masculino e feminino, mas apenas no individual; as duplas (chamadas pas-de-deux) são obrigatoriamente compostas por um homem e uma mulher, enquanto os trios (chamados squads) podem ter qualquer número de homens e mulheres.

volteioO volteio fez parte do programa das Olimpíadas de 1920, nas categorias individual masculino e trios. A modalidade também faz parte dos Jogos Equestres Mundiais desde 1990, nas categorias individual masculino, individual feminino e trios. O Campeonato Mundial de Volteio é disputado a cada dois anos desde 1986, e inclui as categorias individual masculino, individual feminino, duplas e trios. Finalmente, há a Copa do Mundo de Volteio, disputada pelos oito atletas mais bem colocados no ranking das categorias individual masculino e individual feminino, anualmente desde 2011.

Finalmente, temos a oitava e última modalidade regulada pela FEI, o para-equestrianismo, que nada mais é que a equitação paralímpica. Quando começou a ser disputada em nível internacional, a equitação paralímpica era regulada pelo CP-ISRA, a federação internacional de esportes para paralisados cerebrais. Em 2006, a FEI decidiu assumir, o que possibilitou que paratletas amputados, cegos, paraplégicos, tetraplégicos e com deformidades como o nanismo também pudessem competir.

O para-equestrianismo se divide em duas outras modalidades, o adestramento e o attelage. No adestramento, os paratletas são divididos em cinco classes, de acordo com seu equilíbrio, coordenação motora e força abdominal - quanto mais alto o número da classe, menos dificuldades o atleta tem para se manter sobre o cavalo e realizar os movimentos necessários. As cinco classes são 1A, 1B, 2, 3 e 4, sendo que atletas com paralisia cerebral, paraplegia, tetraplegia e deformidades podem ser enquadrados em qualquer uma delas; amputados só não podem ser enquandrados na 1A e 1B; cegos totais ficam na 3 e cegos parciais na 4.

O adestramento segue as regras normais da FEI, mas com algumas adaptações: atletas da classe 1A, 1B, 2 e 3 competem em uma arena de 20 por 40 metros, enquanto os da 4 competem em uma arena de 20 por 60 metros. Todos os movimentos da classe 1A são feitos com o cavalo andando, a classe 1B inclui também trotes, a 2 inclui giros e a 3 inclui os movimentos laterais; os movimentos da classe 4 são semelhantes aos de um Prix St. Georges, mas com menor grau de dificuldade. Nas competições por equipes, cada equipe é composta por três atletas, sendo que pelo menos um deles deve ser de classe 1A, 1B ou 2.

O adestramento para-equestre fez parte do programa das Paralimpíadas de 1984, entrando definitivamente para a competição em 1996. Nos Jogos Equestres Mundiais, faz parte do programa desde 2010. Em ambas essas competições, a categoria individual é disputada nos modelos Test, que inclui movimentos obrigatórios e opcionais, e Freestyle, que inclui apenas movimentos opcionais, ao som de música - são disputadas, portanto, 11 medalhas, uma para cada classe no individual Test, uma para cada classe no individual Freestyle e uma por equipes.

Já na attelage a classificação é feita em Classe I e Classe II, com participação de atletas com paralisia cerebral, paraplégicos, tetraplégicos, amputados e portadores de deformidades, mas não cegos. Os atletas da Classe II possuem melhor coordenação motora e reflexos que os da Classe I. A attelage é disputada apenas nas Simples e Duplas (sem Four-in-Hand), com cavalos ou pôneis. Condutores da Classe I podem contar com a ajuda de um segundo ajudante, não-paratleta, que seguirá a charrete nas provas da maratona e do percurso de obstáculos em uma bicicleta. As distâncias da maratona também são diferentes, com apenas três seções, de no máximo 6 Km, 1 Km e 8 Km respectivamente, e com a terceira seção tendo no máximo 6 obstáculos.

O torneio mais importante da attelage para-equestre é o Campeonato Mundial, realizado a cada dois anos desde 2008. A rigor, o campeonato possui seis eventos (Simples I, Simples II, Duplas I, Duplas II, Equipes Simples e Equipes Duplas), mas o número de participantes muitas vezes faz com que alguns eventos sejam cancelados, ou que atletas das Classes I e II disputem o mesmo evento juntos. De todas as modalidades da FEI, o attelage para-equestre é o que conta com menos praticantes, o que justifica o pequeno número de competidores e sua ausência nas Paralimpíadas e nos Jogos Equestres Mundiais.

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