Guardians of the Galaxy Vol. 2
2017
A continuação de Guardiões da Galáxia seria anunciada antes mesmo da estreia no cinema do primeiro filme, com todo o elenco principal e o diretor James Gunn sendo confirmados para a sequência. O CEO da Disney, Bob Iger, chegaria a anunciar que via nos Guardiões o potencial para criar uma nova franquia de sucesso, e que planejava fazer deles "os novos Vingadores". Como sabemos, isso ainda não chegou a se concretizar, mas o segundo filme, pelo menos, manteve o mesmo nível, a mesma qualidade e o mesmo sucesso do primeiro.
Começando quase que imediatamente após os eventos de Guardiões da Galáxia, Guardiões da Galáxia Vol. 2 lida com Peter Quill tentando descobrir suas origens, após receber a informação de que seu pai era alienígena. Sua busca o leva até Ego, o Planeta Vivo, e a uma vida aparentemente de luxo e tranquilidade, mas que, na verdade (e como sempre) faz parte de um plano terrível. Enquanto isso, Yondu sofre com a indiferença de seus colegas piratas espaciais, que consideram que ele desrespeitou seu código de honra, e com um motim em sua própria nave, com alguns de seus subalternos considerando que ele não está mais apto a ser capitão; Gamora e Nebulosa continuam às turras, mas cada vez se entendendo mais; e os Guardiões têm de lidar com a ira dos Sovereign, cuja Alto-Sacerdotisa os contratou para uma missão que Rocky "acidentalmente" estragou. Um dos maiores destaques do filme é Groot, que, após renascer no final do primeiro filme, aparece como um "bebê" (apelidado Baby Groot), e age conforme a idade.
Gunn ficaria responsável também pelo roteiro, dessa vez sozinho, e planejaria incluir mais dois personagens dos quadrinhos dos Guardiões no filme: Mantis e Adam Warlock, esse último um dos personagens Marvel que os fãs mais vinham pedindo para estrear no MCU. Durante a pré-produção, entretanto, Gunn decidiria manter Mantis mas remover Warlock, por considerar que o filme ficaria com personagens demais com sua inclusão, e que não conseguiria desenvolver sua história propriamente; a origem de Warlock, contudo, seria sugerida em uma das cenas "intercréditos" do filme (que tem nada menos que cinco), com Gunn declarando que ele poderia estrear em um terceiro filme dos Guardiões. Gunn diria em entrevistas que a Marvel inicialmente seria contra a inclusão dessa cena, por considerar que ela poderia dar a entender que Warlock estaria em um dos próximos filmes dos Vingadores - por causa de sua ligação com as Joias do Infinito - e, para convencer os executivos, ele se comprometeria a fazer uma espécie de campanha em suas redes sociais para deixar bem claro que Warlock não estrearia no MCU até depois da Fase 3. Também houve muitos boatos de que Thanos apareceria em Guardiões da Galáxia Vol. 2, mas Gunn não desejava que ele aparecesse a menos que fosse absolutamente necessário; os boatos cessariam quando Feige anunciasse oficialmente que Thanos estava sendo "preservado" para um "retorno em grande estilo" em Vingadores: Guerra Infinita.
Como já foi dito, todo o elenco principal retornaria, incluindo Chris Pratt (Peter Quill), Zoe Saldana (Gamora), Dave Bautista (Drax), Vin Diesel (Baby Groot), Bradley Cooper (Rocky), Michael Rooker (Yondu), Karen Gillan (Nebulosa) e Sean Gunn (Kraglin); Laura Haddock também retorna como Meredith Quill, e Gregg Henry como seu pai, avô de Peter. O papel de Ego, que pode projetar uma representação com aparência humana, ficaria com Kurt Russell, que seria rejuvenescido por computação gráfica para cenas de flashback; Mantis, que, no filme, originalmente é assistente de Ego, seria interpretada por Pom Klementieff. Participações especiais incluem Elizabeth Debicki como Ayesha, Alto-Sacerdotisa dos Sovereign; Chris Sullivan como Taserface, pirata que lidera o motim contra Yondu; e Sylvester Stallone como Stakar Ogord, pirata veterano rival de Yondu. Nos quadrinhos, Yondu e Ogord fazem parte da equipe original dos Guardiões, cuja revista era publicada na década de 1970; em uma das cenas intercréditos, o restante da equipe original é mostrado rapidamente: Michael Rosenbaum como Martinex, Ving Rhames como Charlie-27, Michelle Yeoh como Aleta, e os personagens de computação gráfica Krugarr e Mainframe, esse último com a voz de Miley Cyrus - segundo Gunn, é provável que a equipe original retorne no futuro. Stan Lee faz uma participação como um entregador da FedEx que foi parar onde não deveria; Seth Green faz a voz de Howard, o Pato, na cena pós-créditos; e David Hasselhoff faz uma pequena participação.
Inicialmente, Glenn Close repetiria seu papel como Nova Prime, e Nathan Fillion, que fez uma participação especial no primeiro filme dublando um prisioneiro, apareceria em pôsteres de um cinema como o ator Simon Williams, que, nos quadrinhos, é conhecido como Magnum. Segundo Gunn, as cenas de ambos chegariam a ser gravadas, mas seriam cortadas da versão final; as de Close por ele considerar que parecia que eles estavam querendo enfiar Nova Prime de qualquer jeito no filme, sem nenhuma razão aparente, as do cinema porque prejudicaram o ritmo do filme. Gunn ainda considera Fillion como o intérprete de Williams, porém, e espera que ele retorne ao MCU nesse papel.
Um dos profissionais que teve mais trabalho durante a produção foi o aderecista Russell Bobbitt, responsável pelos objetos que os atores iriam usar em cena. Sua missão mais difícil foi encontrar um walkman e fones de ouvido idênticos aos que Quill usava no primeiro filme, e que se quebraram durante as filmagens; o único par de fones que ele encontrou, no site de leilões online eBay, custava 1.800 dólares, e não eram do mesmo modelo, e sim de um parecido. Bobbit acabaria fazendo um walkman e um par de fones do zero, que obviamente não funcionava, mas servia para as gravações. Bobbitt também ficaria responsável pelas armas dos piratas espaciais, decidindo dar a elas um ar steampunk, e por várias comidas feitas de chocolate que imitavam insetos e raízes alienígenas.
Guardiões da Galáxia Vol. 2 foi o primeiro filme da história a ser filmado com uma câmera de resolução 8k Ultra HD, mas, curiosamente, não por causa da resolução, e sim porque a equipe achou as câmeras usadas no primeiro filme muito pesadas, e as 8k eram as únicas que conseguiriam manter a mesma qualidade de imagem tendo um peso mais leve. Mesmo com várias cenas do filme usando chroma key e computação gráfica, Guardiões da Galáxia Vol. 2 foi o filme da Marvel que ocupou a maior quantidade de estúdios, incluindo um para representar o planeta Contraxia, um para a sala de audiências dos Sovereing, e o maior de todos, o da nave dos piratas espaciais, a Eclector, que tinha vários ambientes espalhados por três andares, e câmeras montadas de forma a permitir uma visão em 360 graus do ambiente - incluindo uma câmera de alta velocidade usada na cena em que Yondu escapa da nave.
Nove empresas de efeitos digitais trabalhariam no filme, com a Framestore mais uma vez ficando responsável por Rocky e Groot, e decidindo refazer Rocky, para aproveitar as novas tecnologias, ao invés de simplesmente atualizar o modelo usado no primeiro filme. Todo o planeta Ego ficou a cargo da Weta Digital, que criou até uma versão em computação gráfica de Russell para que os efeitos especiais ficassem mais realísticos, colocando o modelo digital sobre o ator em algumas cenas; Ego é considerado o maior efeito especial da história do cinema, com mais de um trilhão de polígonos tendo sido usados em sua confecção. A versão rejuvenescida de Russell ficou mais uma vez a cargo da Lola VFX, que também trabalhou na aparência de Nebulosa, que conta com mais partes artificiais que no primeiro filme - falando nisso, uma combinação de látex e efeitos visuais seria usada para cobrir os cabelos de Gillan, para evitar que ela precisasse raspar a cabeça novamente. A cena na qual Ego explica como se envolveu com Meredith ficou a cargo da Animal Logic, que começou a desenvolvê-la como uma série de pinturas a óleo, mudou para esculturas de areia, e acabou decidindo pelo efeito semelhante a esculturas plásticas que foi usado na versão final. Os Sovereign, que têm a pele dourada, não foram feitos com pintura de pele como, por exemplo, Gamora e Yondu, mas com o tom de pele dos atores sendo alterado digitalmente pela empresa Luma.
Mais uma vez, a trilha sonora do filme seria composta por clássicos do pop dos anos 1960 e 1970, presentes em uma segunda fita gravada pela mãe de Quill. Dentre as da vez, estavam presentes Mr. Blue Sky, da Electric Light Orchestra; Brandy (You're a Fine Girl), do Looking Glass; The Chain, do Fletwood Mac; e Father and Son, de Cat Stevens. Mais uma vez, a trilha seria lançada em duas versões, uma com todas as músicas do filme e outra apenas com as músicas presentes na fita cassete de Quill, essa lançada também em cassete, com arte imitando a da fita do filme; uma edição limitada, com ambas as versões, seria lançada em um LP de vinil.
A estreia mundial de Guardiões da Galáxia Vol. 2 ocorreria em Tóquio, Japão, em 10 de abril de 2017; a estreia nos EUA seria em 5 de maio do mesmo ano. Com orçamento de 200 milhões de dólares, renderia quase 390 milhões nos Estados Unidos, superando a bilheteria do primeiro filme; um dado interessante é que o filme superaria Vingadores: Era de Ultron como o filme da Marvel que mais vendeu ingressos na pré-venda. A crítica também receberia bem o filme, elogiando principalmente seus efeitos visuais e seu humor irreverente. O filme seria indicado a um Grammy de Melhor Trilha Sonora (perdido para La La Land) e a um Oscar de Melhores Efeitos Visuais (perdido para Blade Runner 2049).
Para terminar, uma curiosidade bizarra sobre o filme: originalmente, Gunn iria incluir os Sneepers, uma raça alienígena que figurava nos quadrinhos Marvel na década de 1960, mas o departamento de marketing da Marvel foi contra, porque o nome Sneepers se parece com a palavra snípur - que significa "clitóris" em islandês. Em uma referência ao caso, a música dos créditos finais, Guardians Inferno, composta para o filme, foi creditada a "The Sneepers featuring David Hasselhoff".
Spider-Man: Homecoming
2017
O Homem-Aranha é considerado o personagem principal da Marvel, aquele que possui mais fama e vende mais revistas; nada mais natural, portanto, que, quando a Marvel decidiu licenciar seus personagens para estúdios de cinema, no final da década de 1990, sua licença tenha sido rapidamente comprada - no caso, pela Sony. De posse dessa licença, a Sony produziria dois filmes que seriam enormes sucessos de público e crítica, seguidos de um que, apesar de também ter sido considerado um sucesso, causou uma certa controvérsia. Incapazes de chegar a termos satisfatórios com o diretor e elenco desses três filmes para que essa série continuasse, entretanto, os executivos da Sony decidiriam por um reboot, recomeçando do zero com um novo Homem-Aranha que ignorava todos os eventos dos três filmes anteriores. Foram produzidos, então, mais dois filmes que, apesar de boas bilheterias, não foram tão bem recebidos quanto os primeiros. Ainda assim, se dependesse da vontade da Sony, essa segunda série do Homem-Aranha não somente continuaria como seria expandida para criar uma espécie de "Aranhaverso", com vários filmes estrelados por personagens dos quadrinhos do Aranha que se interligariam, emulando o que ocorria no MCU.
Quando Anthony e Joe Russo foram contratados para dirigir Capitão América: Guerra Civil, porém, essa história teve uma reviravolta inesperada. Mesmo sabendo que os direitos do Homem-Aranha para o cinema pertenciam à Sony, os Russo faziam questão de que ele fosse um dos personagens do filme, e basicamente encheram o saco de Feige até que ele aceitasse negociar com Amy Pascal, produtora responsável pelos filmes do Aranha na Sony, sua inclusão no MCU. Pelos termos do acordo, três filmes do Homem-Aranha seriam produzidos pelos Marvel Studios, todos financiados e distribuídos pela Sony, que teria o controle criativo total sobre suas histórias, podendo vetar ou modificar quaisquer elementos com os quais não concordasse; a Marvel também abriria mão de parte do retorno financeiro que teria direito pelo fato de os filmes terem sido produzidos pelos Marvel Studios, em troca de o Homem-Aranha poder ser incluído em qualquer filme do MCU que julgasse apropriado. A inclusão de personagens do MCU (cujos direitos pertenciam à Disney) nesses três filmes do Homem-Aranha não fazia parte do acordo, mas, como os filmes seriam produzidos pelos Marvel Studios, ligados à Disney, não seria necessária nenhuma alteração para que isso ocorresse. O acordo também previa que Feige e Pascal seriam co-produtores nesses três filmes, e teria duração ilimitada, podendo ser cancelado unilateralmente por qualquer uma das partes a qualquer momento, mas sendo automaticamente estendido para mais filmes após a realização do terceiro.
Com tudo isso estabelecido, ficaria definido que, de fato, o Homem-Aranha faria sua estreia no MCU em Guerra Civil. Nem a Marvel, nem a Sony, queriam que o personagem fosse interpretado nem por Tobey Maguire, seu intérprete na trilogia original (até porque ele já estava com mais de 40 anos), nem por Andrew Garfield, seu intérprete nos dois filmes seguintes; Pascal declararia estar procurando por um ator mais jovem, e Feige diria em entrevistas que, buscando ser fiel aos primeiros quadrinhos do Homem-Aranha, o ideal seria que Peter Parker tivesse 15 ou 16 anos em seu primeiro filme. Os primeiros atores considerados pela Sony para o papel seriam Logan Lerman (de Percy Jackson) e Dylan O'Brien (de Maze Runner), mas, após negociações com ambos falharem, seria elaborada uma extensa lista, que contava, dentre outros, com Nat Wolff, Asa Butterfield, Tom Holland, Timothée Chalamet, Judah Lewis, Matthew Lintz, Charlie Plummer, Charlie Rowe e Liam James. Butterfield e Holland eram considerados os favoritos, e, após a bateria de testes de sempre, fariam um teste especial contracenando com Robert Downey, Jr., que, nessa nova versão, seria uma espécie de mentor de Parker; os Russo gostariam mais de Holland, e pediriam que ele fizesse também uma cena com Chris Evans, anunciando-o como o novo Homem-Aranha pouco depois.
Simultaneamente à busca por um novo Homem-Aranha, começaria a busca pelo diretor do primeiro dos três filmes do herói produzidos pelos Marvel Studios. A Sony sugeriria Drew Goddard, previamente contratado para escrever e dirigir o filme do Sexteto Sinistro - o primeiro do tal "Aranhaverso", que, após o acordo da Sony com a Marvel, subiu no telhado - mas o próprio Goddard recusou, alegando não ter estrutura emocional para se envolver com um novo filme do Homem-Aranha após todo o trabalho que ele havia feito com o Sexteto Sinistro ser descartado. Após considerar Jonathan Levine, Ted Melfi e Jason Moore, a Marvel fecharia com Jon Watts, considerado uma escolha arriscada por só ter dois outros filmes no currículo, um de horror e uma comédia de humor negro. Watts, porém, se mostraria extremamente dedicado ao filme, acompanhando os Russo em todas as cenas de Guerra Civil nas quais o Homem-Aranha aparecesse, dando sua opinião e sugestões sobre a forma como o personagem deveria ser retratado. Watts se declararia empolgado com a possibilidade de abordar uma parte mais "pé no chão" do MCU, sem os elementos grandiosos dos filmes que o integravam até então.
Watts começaria a estabelecer as bases para a história do filme, criando uma versão na qual Tony Stark seria o mentor de Parker e outra na qual esse papel caberia a Nick Fury. Em entrevistas, ele declararia ter como sua principal inspiração os filmes de John Hughes, e considerar que o crescimento de Parker como pessoa seria tão importante para o enredo quanto seu estabelecimento como um super-herói; Watts também declararia preferir usar um vilão do Homem-Aranha que ainda não tivesse aparecido em nenhum filme. Em julho de 2015, John Francis Daley e Jonathan Goldstein seriam contratados como roteiristas, e declarariam que tentariam fazer algo totalmente diferente do que já havia sido feito com o Homem-Aranha no cinema, inclusive criando uma lista de tópicos presentes nos filmes do personagem para poder evitar repetir situações; eles evitariam até mesmo os arranha-céus de Manhattan, nos quais o Homem-Aranha já havia se balançado á exaustão, preferindo ambientar o filme nos subúrbios de Nova Iorque e em locais como Coney Island, de prédios baixos e muitas casas. A dupla também declararia que o foco principal do filme seria na vida escolar de Parker, e não nas tragédias de sua vida pessoal como costumava ser o lugar-comum; o próprio nome do filme seria uma referência a esse fato, já que homecoming é o nome do tradicional baile de volta às aulas realizado nas escolas de ensino médio norte-americanas - além de um trocadilho com o fato de que, após anos com a Sony, o Homem-Aranha estaria voltando para sua "casa", a Marvel. Finalmente, ao criar uma "ameaça local" para que o Homem-Aranha combatesse, eles buscaram evitar que a plateia se perguntasse "por que os Vingadores não lidam com isso?", o que poderia minar a credibilidade do filme.
Watts, Daley e Goldstein também prefeririam evitar personagens do elenco de apoio do Homem-Aranha que já haviam aparecido em outros filmes, mantendo apenas May Parker e Flash Thompson, o que significava nada de Gwen Stacy, Harry Osborn ou J. Jonah Jameson; até mesmo o Tio Ben seria somente referenciado, sem sequer ter seu nome mencionado. Um efeito colateral dessa decisão foi não poder usar Mary Jane Watson, mas, querendo manter um interesse amoroso de Parker na história, eles decidiriam por uma personagem que fizesse uma espécie de homenagem a ela, criando Michelle Jones, cujo apelido, assim como o de Mary Jane, também é MJ. Outras duas personagens do filme acabariam sendo criadas de forma parecida: Liz Allen, uma referência à primeira paixão de Parker nos quadrinhos; e Betty Brant, que nos quadrinhos é secretária de Jameson, mas no filme é colega de escola de Peter e apresentadora do jornal da escola. O melhor amigo de Peter, Ned Leeds, também é uma referência a um personagem dos quadrinhos que não tem nada a ver com ele, originalmente um repórter do Clarim Diário. Uma preocupação do diretor e dos roteiristas foi fazer a escola de Peter o mais diversa possível, um espelho da sociedade norte-americana atual, contando com crianças negras, latinas, asiáticas e polinésias, ao invés de apenas brancas como era o caso na década de 1960, quando o Homem-Aranha foi criado.
Uma decisão controversa do trio foi a de fazer o uniforme do Homem-Aranha um produto da alta tecnologia, contando com várias regulagens para o lançador de teias, uma interface holográfica, um paraquedas, um drone embutido no símbolo do peito, e até mesmo uma inteligência artificial que fala com Peter, como a armadura do Homem de Ferro; isso foi criticado por muitos fãs, que consideraram que o Homem-Aranha foi transformado em uma versão adolescente do Homem de Ferro, mas Watts declarou que, se procurarmos nas histórias em quadrinhos, os uniformes do Homem-Aranha sempre tiveram todo tipo de inovação tecnológica (afinal, Parker é um cientista), com apenas várias delas tendo sido adicionadas ao mesmo tempo, em um único uniforme, para o filme. O fato de Stark ser o mentor de Peter também seria criticado pelos fãs mais puristas, mas Daley e Goldstein declarariam que o personagem ficaria mais plausível com a ajuda de Stark do que sendo um adolescente que criou seu próprio uniforme e se tornou super-herói do zero - ainda assim, o fluído de teia é uma criação de Parker, não de Stark. Por decisão de Feige, o filme não mostraria a origem dos poderes do herói nem mesmo em flashbacks; segundo ele, isso já havia sido feito no cinema duas vezes, então era de conhecimento geral como Peter Parker se tornou o Homem-Aranha, podendo o tempo que seria dedicado a isso ser usado no desenvolvimento da história.
O roteiro de Homem-Aranha: De Volta ao Lar acabaria creditado a Daley, Goldstein, Watts, Christopher Ford, Chris McKenna e Erik Sommers. Daley e Goldstein escreveram a versão inicial do roteiro, que então foi revisada por Watts e Ford, amigo do diretor de longa data, que o ajudou a incluir alguns detalhes que ele estava tendo dificuldades para integrar ao filme. McKenna e Sommers entraram já durante as filmagens, reescrevendo algumas cenas para que o filme não tivesse seu ritmo prejudicado; segundo Watts, nem tudo o que eles imaginaram fazer parecia dar certo durante as filmagens, e era preciso alguém de fora para apontar o que precisava ser alterado e de que forma.
No filme, Peter Parker é um estudante do ensino médio que ganhou habilidades semelhantes às de uma aranha em um acidente de laboratório; após ser chamado por Stark para se unir aos Vingadores durante a Guerra Civil, ele decide manter seu uniforme para combater o crime na vizinhança. Ao se deparar com uma gangue de criminosos que usa artefatos alienígenas para cometer crimes, ele começa a investigar mais a fundo, o que prejudica sua vida escolar e seu relacionamento com sua tia e seus amigos, levando Stark a aconselhá-lo abandonar a vida de herói. Ele até tenta, mas, ao descobrir novas informações sobre os vilões, acaba se enredando mais que o possível para voltar atrás.
Além de Holland como Peter Parker / Homem-Aranha e Downey como Tony Stark / Homem de Ferro, o filme conta com Jon Favreau como Happy Hogan; Marisa Tomei como May Parker, a tia de Peter; Michael Keaton como Adrian Toomes, dono de uma empresa de remoção de entulho que, após ser impedido de remover os destroços da batalha dos Vingadores contra os Chitauri pelo governo, decide usar a tecnologia alienígena que já havia recolhido para cometer crimes, se tornando o vilão Abutre; Zendaya como Michele Jones, apelido MJ, garota esperta e descolada da turma de Peter; Jacob Batallon como Ned, colega e melhor amigo de Peter; Laura Harrier como Liz, colega e interesse amoroso de Peter; Tony Revolori como Eugene Thompson, apelido Flash, colega da turma de Peter que faz bullying com ele e acha que o dinheiro pode comprar tudo; Bokeem Woodbine como Herman Schultz, empregado de Toomes que usa um par de manoplas que disparam ondas sônicas e chama a si mesmo de Shocker; Michael Chernus como Phineas Mason, empregado de Toomes responsável por adaptar a tecnologia alienígena e criar equipamentos que a equipe possa usar em seus crimes; Logan Marshall-Green como Jackson Brice, outro empregado de Toomes; Martin Starr como Roger Harrington, professor da turma de Peter; Angourie Rice e Jorge Lendeborg Jr. respectivamente como Betty Brant e Jason Ionello, colegas de Peter e apresentadores do jornal da escola; e Donald Glover como o contrabandista de armas Aaron Davis. Participações especiais incluem Tyne Daly como a chefe do Departamento de Controle de Danos, empresa criada em uma parceria entre as Indústrias Stark e o governo, que impede que Toomes recolha o entulho da batalha contra os Chitauri; Gwyneth Paltrow como Pepper Potts; Kerry Condon como a voz de Sexta-Feira, inteligência artificial da armadura do Homem de Ferro; Jennifer Connelly como a voz de Karen, a inteligência artificial do uniforme do Homem-Aranha; Garcelle Beauvois como Doris, mãe de Liz; Hemky Madera como o Sr. Delmar, dono de uma vendinha que Peter frequenta; Michael Mando como o criminoso Mac Gargan; Christopher Barry como o criminoso Randy Vale; Kenneth Choi, que já havia interpretado Jim Morita em Capitão América: O Primeiro Vingador, como outro Jim Morita, descendente do original e diretor da escola de Peter; Hannibal Buress como o Treinador Wilson, professor de educação física; e Martha Kelly como uma guia de turismo. Stan Lee participa como um vizinho fofoqueiro, e Chris Evans faz uma pequena participação como o Capitão América.
Oito empresas de efeitos visuais trabalharam no filme, incluindo a Sony Pictures Imageworks; a princípio, a produtora executiva Victoria Alonso não queria a Imageworks trabalhando no filme, já que ela havia participado dos cinco filmes anteriores do Homem-Aranha, e a Marvel desejava um visual completamente diferente para esse, mas ela seria convencida após a Imageworks mostrar material preliminar que provava que era possível ir em direção diferente do que eles já haviam criado para o personagem. Uma das cenas mais impressionantes do filme, a da balsa de Staten Island, foi filmada em Atlanta e contou com efeitos visuais da Digital Domain, incluindo um Homem-Aranha, um Abutre e um Homem de Ferro totalmente feitos de computação gráfica; a equipe de produção, porém, construiu uma balsa real, que podia se dividir ao meio em 12 segundos e se encher completamente de água em oito, com as cenas alternando entre a balsa real e uma versão criada em computação gráfica. A Digital Domain também ficaria a cargo da teia do Homem-Aranha, já que também a havia criado em Guerra Civil.
Lançado em 28 de junho de 2017, Homem-Aranha: De Volta ao Lar seria o primeiro filme do MCU a não ser distribuído pela Disney desde Capitão América: O Primeiro Vingador. A crítica o receberia extremamente bem, após ficar receosa pelo fato de já ser o segundo reboot do Homem-Aranha, elogiando o humor do roteiro e o foco na parte humana de Peter. Com orçamento de 175 milhões de dólares, renderia pouco mais de 334 milhões nos Estados Unidos, e quase 900 milhões no mundo inteiro, se tornando o filme de super-herói de maior bilheteria de 2017, à frente do favorito para ocupar o cargo, Mulher Maravilha. O filme também teria a segunda maior bilheteria do fim de semana de estreia da história da Sony, perdendo apenas, ora vejam só, para Homem-Aranha 3, de 2007.
2017
Após o lançamento de Thor: O Mundo Sombrio, Chris Hemsworth declararia estar disposto a interpretar Thor "por tanto tempo quanto os fãs queiram". De fato, ele ainda tinha contrato para mais três filmes, então não foi surpresa quando Feige anunciou, em 2014, que Thor ganharia um terceiro filme solo, para, assim como o Homem de Ferro e o Capitão América, fechar uma trilogia. O que foi surpresa foi o fato de o terceiro filme de Thor ser programado para 2017, já perto do final da Fase 3, o que Feige justificou dizendo que ele seria "extremamente importante" para o MCU. Ao revelar o título do filme, Thor: Ragnarok - uma referência à batalha entre os deuses da mitologia nórdica que levará ao fim do mundo - Feige diria que o filme também trataria "do fim de todas as coisas", e que os fãs não conseguiriam deduzir sua história apenas por esse título.
Os roteiristas de Thor: O Mundo Sombrio, Craig Kyle e Christopher Yost, aceitariam retornar para o terceiro filme, mas o diretor, Alan Taylor, se recusaria, dizendo que a Marvel lhe havia dado liberdade total durante as filmagens, mas alterado tantas coisas na pós-produção que seu trabalho havia se tornado um filme diferente, e que ele não desejava isso para nenhum diretor. A Marvel, então, elaboraria uma lista com Ruben Fleischer, Rob Letterman, Rawson Marshall Thurber e Taika Waititi, daria a cada um uma lista de dez ideias que planejavam executar no filme, e pediria para que eles demonstrassem como as executariam. Waititi faria uma montagem com cenas de vários filmes antigos, sob o som de Immigrant Song, do Led Zeppelin, e, embora essa seja uma prática desencorajada pelos estúdios, porque o resultado normalmente sai ruim, a montagem de Waititi ficaria tão boa que a Marvel decidiria contratá-lo.
Thor: Ragnarok estrearia nos Estados Unidos em 3 de novembro de 2017, rendendo pouco mais de 315 milhões de dólares contra um orçamento de 180 milhões. Além de um sucesso de público, o filme seria um sucesso de crítica, que o consideraria emocionante e divertido. No filme, Thor e Loki ficam sabendo da existência de Hela, filha de Odin há muito exilada, que retorna e planeja dominar Asgard. Durante uma luta contra a vilã, eles acabam sendo banidos para o planeta Sakaar, governado pelo Grão-Mestre, um aficcionado por jogos, onde Thor é transformado contra a sua vontade em um gladiador. Para escapar de lá e retornar a Asgard a tempo de salvá-la, ele precisará contar com a ajuda de novos aliados e de velhos conhecidos.
Além do retorno de Thor, Loki, Odin e Heimdall, o filme traria três novos asgardianos: Hela, Valquíria e Skurge, o Executor. Nos quadrinhos, Hela é a deusa da morte, governante do mundo dos mortos e filha de Loki; no filme, os roteiristas prefeririam fazer dela uma espécie de deusa da guerra, capaz de gerar várias armas do nada, e torná-la filha de Odin, uma irmã desconhecida de Thor devido a seu longo exílio. Os roteiristas chegariam a cogitar incluir novos asgardianos, como Balder, Amora ou até mesmo Bill Raio Beta (que não é asgardiano mas é como se fosse), mas acabaram abandonando essa ideia para que o filme não ficasse com personagens demais, mudando o alvo da devoção de Skurge de Amora para Hela. Também houve muita discussão sobre se os Três Guerreiros, Fandral, Hogun e Volstagg, participariam do filme, o que foi resolvido quando Waititi pediu para que eles fizessem apenas uma pequena participação que demonstrasse a força de Hela; Jamie Alexander, intérprete de Lady Sif, não pôde conciliar as gravações do filme com as da série Blindspot, da qual era a protagonista, mas Waititi declararia que, mesmo não estando no filme, Sif morreu durante o ataque de Hela a Asgard. A pedido de Feige, como o filme se passaria totalmente no espaço, nenhum dos personagens da Terra seria incluído, o que significava que nem o Dr. Erik Selvig, nem Jane Foster estariam presentes, ficando subentendido que Thor e Jane haviam terminado entre um filme e outro.
Outros personagens famosos das histórias de Thor que aparecem no filme são o gigante do fogo Surtur, obcecado por derrotar Odin e destruir Asgard, e o lobo Fenris, que guarda a entrada do mundo dos mortos; ambos seriam feitos de computação gráfica, com Surtur tendo a voz do ator Clancy Brown e movimentos fornecidos via captura por Waititi, mas Fenris, que, diferentemente de sua versão nos quadrinhos, não fala, não teria dublador. De forma semelhante, dois alienígenas que se tornam amigos de Thor quando ele vira gladiador contra a vontade também seriam feitos de computação gráfica: Korg, uma criatura humanoide feita de pedra, e seu parceiro Miek, uma larva com braços e pernas cibernéticos; Korg receberia a voz e os movimentos do próprio Waititi, mas Miek, que não fala, não teria nenhum ator associado.
Uma das presenças mais significativas em Thor: Ragnarok é a do Hulk, que não era visto em um filme do MCU desde Vingadores: Era de Ultron. A ideia de incluir o Hulk em um filme do Thor surgiria ainda nos primeiros estágios da pré-produção, quando ainda se discutia se a Marvel poderia fazer ou não um filme baseado em Planeta Hulk, uma das histórias em quadrinhos do Golias Esmeralda que os leitores mais pediam por uma adaptação. Durante uma reunião da equipe de produção, o produtor executivo Brad Winderbaum chamaria atenção para o fato de que, se não fosse possível fazer um filme do Hulk, a história daria um excelente filme do Thor, porque (talvez tirando os Guardiões da Galáxia) ele era o personagem com mais possibilidades de viajar pelo espaço, e o mais provável a se tornar um gladiador por acidente em um mundo alienígena. Quando essas ideias começaram a ser adicionadas ao enredo do filme, Feige o apelidaria de Planeta Thor, e, a partir daí, os roteiristas começaram a trabalhar para incluir o Hulk na história. Mark Ruffalo seria confirmado no elenco do filme logo após a ideia de inserir o Hulk se concretizar, em outubro de 2015.
Waititi planejaria fazer um filme mais leve e divertido que os anteriores, com o mesmo tom de Guardiões da Galáxia, o que Hemsworth considerou muito bem-vindo, já que achava que o tom shakespeareano dos dois primeiros filmes não combinava com a personalidade do Thor do MCU, desde o início mostrado como uma espécie de bon vivant - sendo essa, inclusive, a razão pela qual Odin o baniu para a Terra no primeiro filme. Feige daria carta branca ao diretor para que ele não precisasse respeitar nada do que tivesse sido mostrado nos outros dois filmes, incluindo a personalidade dos personagens. Waititi faria um Thor mais descompromissado e brincalhão, que seria bem aceito pelas plateias de teste, mas com alguns estranhando a mudança; para tentar explicá-la, ele faria dois curta-metragens, Team Thor e Team Thor: Part 2, nos quais Thor, durante os eventos de Guerra Civil, mora na Austrália e divide apartamento com um rapaz chamado Darryl (Daley Pearson), se tornando mais descontraído. Exibidos originalmente durante as Comic Con de 2016 e 2017, os curtas seriam posteriormente incluídos como extras nos blu-rays de Capitão América: Guerra Civil e Doutor Estranho, e seu sucesso daria origem a um terceiro curta, Team Darryl, que conta com a participação do Grão-Mestre, lançado no blu-ray de Thor: Ragnarok.
A maior parte das filmagens ocorreria na Austrália, terra natal de Hemsworth, por sugestão do ator. Waititi, que é de ascendência maori, faria questão de que a maior parte dos trabalhadores envolvidos na construção dos sets de filmagens fossem de ascendência indígena ou aborígene, para oferecer oportunidades de trabalho às minorias australianas. Durante as filmagens, Waititi também faria várias modificações no roteiro, a maior parte delas para incluir novas piadas, e o roteirista Eric Pearson seria chamado para fazer mudanças de última hora em nome do ritmo e da coesão da história; o roteiro acabaria creditado a Pearson, Kyle e Yost.
Os efeitos visuais ficariam a cargo de 17 empresas, com a Industrial Light & Magic ficando a cargo do Hulk, que, como nesse filme possui muitas falas (sendo dublado pelo próprio Ruffalo), teve de ter sua face totalmente reformulada em relação a suas aparições anteriores. A ILM usou um software de captura de movimentos chamado Medusa para capturar os movimentos faciais de Ruffalo enquanto ele interpretava, para que o resultado ficasse o mais realístico possível. Korg, Miek, Fenris e Surtur ficariam a cargo da Framestore, com a Luma Pictures também trabalhando em Korg e Miek. Uma das cenas mais comentadas do filme, a Batalha das Valquírias, ficaria a cargo da Rising Sun, que usaria um método revolucionário que combinava captura de movimentos, computação gráfica, câmeras de alta velocidade e uma iluminação especial em 360 graus usando mais de 200 luzes estroboscópicas.
Além de Chris Hemsworth como Thor, Tom Hiddleston como Loki, Mark Ruffalo como Bruce Banner / Hulk, Taika Waititi como Korg, Clancy Brown como Surtur, Idris Elba como Heimdall, e Anthony Hopkins como Odin, o elenco conta com Cate Blanchett como Hela; Jeff Goldblum como o Grão-Mestre; Rachel House como sua guarda-costas Topaz; Tessa Thompson como a Catadora 142, na verdade uma Valquíria de Asgard auto-exilada em Sakaar; e Karl Urban como Skurge, um asgardiano mau-caráter que vê na chegada de Hela uma oportunidade para se dar bem. As participações especiais incluem Zachary Levi como Fandral, Tadanobu Asano como Hogun, e Ray Stevenson como Volstagg; e Benedict Cumberbatch como o Dr. Estranho, que guia Thor em uma breve visita à Terra. Em uma das cenas em Asgard, atores interpretam em uma peça de teatro os eventos do final de Thor: O Mundo Sombrio; o "elenco" inclui Sam Neill como Odin, Matt Damon como Loki, Luke Hemsworth (irmão de Chris) como Thor, e Charlotte Nicdao como Sif. Stan Lee faz uma participação como um barbeiro, e Scarlett Johansson aparece como a Viúva Negra em uma cena tirada de Era de Ultron exibida em uma tela do Quinjet que levou o Hulk a Sakaar.
Série Universo Cinematográfico Marvel |
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•Guardiões da Galáxia Vol. 2 |
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