Ant-Man
2015
Os planos para fazer um filme do Homem-Formiga começariam muito antes dos Marvel Studios, no final da década de 1980, quando um dos principais acionistas da Marvel era o estúdio de cinema New World Pictures. O Homem-Formiga sempre foi um dos personagens preferidos de Stan Lee, que procurou a New World e deu a ideia para a produção de um filme do herói. O projeto chegou a ser aprovado, mas, depois que a Disney anunciou que estava trabalhando em um projeto semelhante - chamado Querida, Encolhi as Crianças - a New World desistiu, e o filme do Homem-Formiga acabou engavetado.
Anos se passaram, até que, em 2000, após o leilão que distribuiu os principais heróis Marvel pelos estúdios de cinema dispostos a realizar seus filmes (no qual o Homem-Formiga acabou não sendo incluído), e após o sucesso do filme dos X-Men, Howard Stern, ator, produtor, radialista e uma das figuras mais controversas da mídia norte-americana, procuraria a Marvel se dizendo disposto a comprar os direitos do personagem para a realização de um filme, e conseguiria um contrato entre a Marvel e o estúdio Artisan Pictures, que produziria, financiaria e distribuiria um filme do herói. Em 2003, a Artisan contrataria o diretor Edgar Wright e o roteirista Joe Cornish para o projeto, e Wright daria a ideia de que o filme deveria ser estrelado não por Hank Pym, o primeiro a vestir o uniforme do Homem-Formiga nos quadrinhos, e sim por Scott Lang, que usaria os poderes do herói para cometer roubos, vivendo aventuras no processo - nos quadrinhos, Lang é um ladrão que rouba o uniforme e a tecnologia de Pym, e recebe a bênção do herói para se tornar o segundo Homem-Formiga após ele descobrir que sua intenção era salvar a vida de sua filha, Cassie Lang. A Artisan, porém, não ficaria satisfeita com a ideia de Wright, pois teria pedido especificamente por um filme "para toda a família", e achou que o roteiro de Cornish não cumpria essa exigência. O projeto entraria em uma espécie de limbo e acabaria engavetado, com Wright acreditando que o roteiro jamais havia sido sequer lido.
Após a formação dos Marvel Studios, Wright procuraria Kevin Feige, e ofereceria sua ideia de filme para o Homem-Formiga. Ele acabaria contratado em 2006, e anunciaria durante a Comic-Con Internacional, em San Diego, sua intenção de fazer uma nova versão do roteiro, contando tanto com Pym quanto com Lang - segundo o diretor, o filme começaria nos anos 1960, com Pym vivendo aventuras como Homem-Formiga, e então passaria para a época atual, na qual Lang roubaria seu uniforme e os dois acabariam se tornando uma dupla. O roteiro, porém, não ficaria pronto nunca: em 2007, primeiro Wright alegaria estar estudando nanotecnologia para que ele ficasse mais realístico, e, em 2008, declararia já ter uma versão pronta, mas a estar revisando. Em 2010, ele diria que Feige não estava com pressa, já que o Homem-Formiga não estava nos planos da Fase 1 e não apareceria no filme dos Vingadores, e que o havia dito que era mais importante conseguir uma boa história do que lançar o filme logo. Na Comic-Con de 2011, Wright declararia já ter entregado o roteiro revisado para a Marvel, mas ter decidido trabalhar em uma nova revisão.
Em 2012, Wright decidiria filmar um teste de vídeo para ver como os poderes do Homem-Formiga ficariam em um filme; esse teste seria exibido durante a Comic-Con, e faria bastante sucesso dentre o público e a crítica. Diante disso, a Disney marcaria a data de estreia do filme para 2015, e anunciaria que o elenco seria escolhido em 2013 e as filmagens começariam em 2014. Em janeiro de 2013, Feige declararia que o roteiro estava em fase de revisão para adaptar a história aos eventos dos demais filmes. Logo depois, Wright declararia que o filme seria separado do restante da continuidade do MCU, com muito poucos elementos dos demais filmes sendo relevantes para sua história.
A pré-produção começaria em outubro de 2013, com vários veículos de imprensa anunciando que Joseph Gordon-Lewitt e Paul Rudd estavam sendo sondados para o elenco; Gordon-Lewitt declararia que sua sondagem era apenas um rumor, mas Rudd confirmaria que havia sido procurado para interpretar Pym. Pouco depois, Wright declararia que Homem-Formiga era diferente dos demais filmes que tinham um protagonista que encolhia, pois, normalmente, o protagonista se vê encolhido contra a sua vontade, enquanto o Homem-Formiga pode mudar de tamanho conforme deseje. Ele também declararia estar empolgado por trabalhar em um filme familiar, já que seus principais trabalhos anteriores haviam sido filmes voltados para o público adulto. No início de 2014, a Marvel anunciaria que Rudd ficaria com o papel de Lang, o veterano ator Michael Douglas havia sido contratado para o papel de Pym, e que Evangeline Lily seria a protagonista feminina do filme.
Então, em maio de 2014, surpreendentemente, Feige e Wright anunciariam a saída do diretor do projeto, citando "divergências criativas". Mais tarde, Wright declararia que a Marvel jamais se mostrava satisfeita com seu roteiro - que, então, já se encontrava na quinta revisão - e havia cogitado contratar um roteirista, algo que ele não aceitou, pois sempre escreveu o roteiro de todos os seus filmes. Para seu lugar, a Marvel convidaria Adam McKay, que não aceitaria por ser amigo de Wright, mas aceitaria trabalhar no roteiro. Após cogitar Ruben Fleischer, Rawson Marshall Thurber, Nicholas Stoller, Michael Dowse e David Wain, a Marvel fecharia com Peyton Reed, e decidiria que, ao invés de um novo roteiro, McKay reescreveria o roteiro já existente para deixá-lo de acordo com o que o estúdio estava querendo; a versão final do roteiro seria creditada a Wright, Cornish, McKay e Rudd, que também contribuiria, principalmente com os diálogos.
As principais adições feitas por McKay e Rudd foram uma importância maior para a personagem de Lily, que, no roteiro de Wright, era praticamente uma figurante; a luta do Homem-Formiga contra o Falcão, no melhor estilo Marvel de "heróis se enfrentam antes de se tornarem amigos"; e as menções a Janet van Dyne, que nos quadrinhos é a Vespa, uma personagem essencial na história do Homem-Formiga, mas até então inexistia no roteiro do filme, e ao Reino Quântico, nome sugerido pelo físico Spiros Michalakis, pesquisador do Instituto de Tecnologia da Califórnia e consultor do filme, para o que nos quadrinhos é conhecido como Microverso, nome que a Disney não poderia utilizar por questões contratuais - nos quadrinhos, o Microverso foi originalmente criado para a revista Micronauts, que, no estilo dos Comandos em Ação e dos Transformers, eram uma linha de brinquedos que ganhou uma revista Marvel como parte de seu merchandising; após o fim do contrato da Marvel com a Mego, fabricante dos brinquedos, o Microverso passou a aparecer bem menos nos quadrinhos, sempre sem nome ou com um nome genérico (tipo "universo microscópico alternativo"), mas, sendo uma parte importantíssima do filme (e do MCU), ele precisava de um novo nome, para não ferir os direitos da Hasbro, que comprou a Mego em 2009. Lily também declararia que a nova versão do roteiro integraria muito mais o Homem-Formiga ao MCU, e que a versão original de Wright, apesar de ser excelente e com certeza resultar em um ótimo filme, acabaria destoando do restante dos filmes dos Marvel Studios. Wright pareceria confirmar essa teoria ao declarar que ele "estava disposto a fazer um filme da Marvel, mas a Marvel não estava disposta a fazer um filme de Edgar Wright".
Um dos maiores desafios da equipe de filmagens foi como gravar as cenas nas quais o Homem-Formiga estivesse diminuto pelo ponto de vista do herói. Ao invés de recorrer ao método tradicional - criar objetos de cena gigantescos, como, por exemplo, em Terra de Gigantes - a equipe optaria por trabalhar com macrofotografia, que consiste em filmar os objetos bem de perto, para que eles pareçam enormes, e então inserir o Homem-Formiga digitalmente. Um verdadeiro aparato com cinco câmeras presas a Rudd seria criado para capturar os movimentos e expressões faciais do ator, para então serem adicionadas a um modelo digital do personagem, o que dispensaria o uso de um chroma key. O entomólogo Steven Kutcher também atuaria como consultor, para ajudar na filmagem das formigas - apenas as formigas que se comportam de maneira, digamos, pouco usual são de computação gráfica, com as demais sendo formigas reais filmadas pela equipe.
Ao todo, seis empresas de efeitos visuais trabalhariam no filme, com a Double Negative ficando responsável pelas citadas cenas do Homem-Formiga encolhido, mas a Industrial Light & Magic ficando responsável pelas sequências nas quais ele encolhe; a intenção era imitar o efeito dos quadrinhos, onde, quando o Homem-Formiga encolhe, deixa várias silhuetas de seu formato visíveis, em vários tamanhos diferentes. A ILM também ficaria responsável pelo Reino Quântico, enquanto a Method Studios ficaria com as formigas digitais. Uma das sequências mais comentadas do filme foi o flashback de 1989, na qual Douglas aparece rejuvenescido, enquanto Hayley Atwell aparece como uma Peggy Carter envelhecida; para rejuvenescer Douglas, a empresa Lola VFX usaria um processo semelhante ao usado para criar o Steve Rogers fraco e franzino de Capitão América: O Primeiro Vingador, usando imagens do ator em filmes nos quais ele participou na década de 1980 como referência, enquanto Atwell usou peruca e uma camada de látex sobre a pele, com a Lola VFX adicionando elementos do rosto de uma dublê mais velha ao da atriz.
No filme, Scott Lang é um ex-analista de sistemas preso após um roubo, que, ao sair da cadeia, aceita uma proposta de seu ex-companheiro de cela, Luis, para participar de uma empresa de instalação de alarmes residenciais - que, na verdade, é fachada para cometer novos roubos. Lang a princípio é contra, mas, incapaz de conseguir emprego por ser um ex-presidiário, e tendo de arrumar dinheiro para pagar a pensão de sua filha Cassie, acaba concordando. Em seu primeiro trabalho pela empresa, Lang invade a casa do cientista Hank Pym, e acaba levando o que ele acredita ser um traje de motociclismo. Acontece que Pym é o criador de uma tecnologia que permite o encolhimento de objetos e pessoas, e usou tal traje quando participou de missões pela S.H.I.E.L.D. na década de 1960 como o Homem-Formiga; em 1989, quando a agência anunciou que desejava duplicar sua tecnologia, Pym não concordou, por considerá-la perigosa em mãos erradas, se demitiu e fundou uma empresa particular, a Pym Technologies.
Lang acaba mais uma vez preso, mas o próprio Pym decide ajudá-lo a fugir, com a condição de que ele o ajude em uma empreitada: um antigo protegido do cientista, Darren Cross, roubou a tecnologia de encolhimento, e pretende usá-la para construir um traje que venderá aos militares, contando com a ajuda de ninguém menos que a filha de Pym, Hope van Dyne (que usa o sobrenome da mãe por estar brigada com o pai). Acontece que Cross não conhece a tecnologia a fundo, o que pode fazer com que o traje seja extremamente perigoso para seu usuário. Incapaz de dissuadir sua filha ou o empresário, Pym quer que Lang use o traje do Homem-Formiga para invadir a empresa de Cross e roubar o tal traje, batizado como Jaqueta Amarela - em inglês, Yellowjacket, o nome de uma espécie de vespa, e, nos quadrinhos, um dos muitos codinomes usados por Pym, pela primeira vez quando ele desenvolveu uma segunda personalidade mais para vilão que para herói.
Além de Rudd como Lang, Douglas como Pym, e Lily como Hope, o elenco conta com Michael Peña como Luis; Corey Stoll como o vilão Darren Cross; Judy Greer como Maggie, a ex-esposa de Lang; Bobby Cannavale como seu novo marido, o policial Jim Paxton; Abby Ryder Fortson como Cassie Lang; Tip T.I. Harris como Dave, e David Dastmalchian como Kurt, os dois outros sócios de Luis na empresa de alarmes; e Wood Harris como Gale, o parceiro de Jim na polícia. Anthony Mackie faz uma participação como o Falcão, e Martin Donovan interpreta o agente da S.H.I.E.L.D. Mitchell Carson, que tem interesse em que Cross desenvolva a tecnologia de encolhimento. No flashback de 1989, Hayley Atwell faz uma participação como Peggy Carter, então diretora da S.H.I.E.L.D., e John Slattery participa como Howard Stark. Garrett Morris faz uma pequena participação como um taxista, a youtuber Anna Akana faz uma no papel de uma jornalista, Chris Evans e Sebastian Stan participam da cena pós-créditos como o Capitão América e o Soldado Invernal, e Hayley Lovitt participa em um flashback como Janet van Dyne, a Vespa, esposa de Pym e mãe de Hope. Stan Lee faz uma participação como um barman.
Fechando a Fase 2, Homem-Formiga estrearia em 29 de junho de 2015. Como orçamento exato não divulgado, mas entre 130 e 170 milhões de dólares, renderia 180 milhões apenas nos Estados Unidos. A crítica também receberia muito bem o filme, elogiando principalmente a atuação de Rudd e o tom de comédia do filme, inclusive comparando-o a filmes de ação com comédia da década de 1980 como Viagem Insólita.
Captain America: Civil War
2016
Guerra Civil é considerada uma das melhores sagas dos quadrinhos da Marvel, portanto, era natural que, quando o MCU engrenasse, muitos fãs começassem a pedir uma adaptação para o cinema. A Marvel, porém, sempre pareceu ignorar esses pedidos, escondendo muito bem que um filme baseado em Guerra Civil estava em produção desde 2013. Em 2014, por exemplo, quando Feige anunciou os filmes da Fase 3, o terceiro do Capitão América seria anunciado como Captain America: The Serpent Society ("A Sociedade da Serpente", em alusão a um grupo de vilões dos quadrinhos), e somente depois alterado para revelar que seria Capitão América: Guerra Civil - para delírio dos fãs presentes no anúncio.
É claro que a Guerra Civil do MCU não poderia ser idêntica à dos quadrinhos - um ponto central dos quadrinhos é que o governo estava obrigando os super-heróis a revelar suas identidades secretas, e, no MCU, nenhum dos heróis até então tinha uma, com suas identidades sendo conhecidas do grande público - mas, mesmo assim, a equipe conseguiria realizar um filme à altura, considerado a obra prima dos Marvel Studios até então, e um dos melhores filmes do MCU até hoje.
Como foi dito, tudo começou em 2013, mais precisamente três meses após o lançamento de Capitão América 2: O Soldado Invernal, quando os irmãos Anthony e Joe Russo foram contratados para dirigir o terceiro filme do Capitão, assim como os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely seriam contratados para escrevê-lo. Joe Russo declararia que Guerra Civil, dentre outras coisas, seria a segunda parte de O Soldado Invernal, dando um fechamento à história de Bucky, e aprofundando seu relacionamento com o Capitão América. Além disso, o filme, assim como O Soldado Invernal, mais uma vez traria um evento que alteraria o MCU para sempre, repercutindo em todos os filmes vindouros - a diferença era que, enquanto o evento de O Soldado Invernal foi uma grande surpresa, o de Guerra Civil já era sabido desde sempre, pois se tratava de um conflito entre os grupos de heróis nos mesmos moldes do que ocorreu nos quadrinhos.
O que motiva a tal guerra civil entre os heróis é a atuação dos Vingadores contra Ultron, que, cerca de um ano antes dos eventos de Guerra Civil, quase destruiu o fictício país do Leste Europeu chamado Sokóvia. Preocupado com a atuação de tantos seres superpoderosos sem controle, o governo dos Estados Unidos decide criar um protocolo segundo o qual eles só poderiam agir quando acionados, e não de acordo com sua própria vontade. Tony Stark, ainda se sentindo culpado por seu papel na criação de Ultron, concorda, mas Steve Rogers, acreditando que isso limitará severamente a atuação dos heróis, discorda. O Falcão, a Feiticeira Escarlate, o Gavião Arqueiro e o Homem-Formiga ficam ao lado do Capitão América e contra o governo, enquanto o Homem de Ferro reúne uma equipe composta pelo Máquina da Combate, o Visão e a Viúva Negra, para agir apenas de acordo com as determinações do General Ross, agora Secretário de Segurança e enviado pelo governo para implementar o chamado Protocolo de Sokóvia.
O caldo entorna graças à participação de Helmut Zemo, que quer encontrar a base soviética na qual o Soldado Invernal foi criado, e onde outros Soldados Invernais estão mantidos em animação suspensa. Através de um código secreto, ele consegue o controle de Bucky, que aparentemente realiza um atentado à ONU, no qual morre o Rei T'Chaka de Wakanda, pai do Príncipe T'Challa, que também é o Pantera Negra. Ross envia a equipe do Homem de Ferro, acrescida do Pantera Negra e do Homem-Aranha, para capturar Bucky, mas o grupo do Capitão América se opõe, já que Rogers não aceita que seu amigo tenha sido o responsável pelo atentado. Durante o confronto, muitos segredos do passado serão revelados.
Inicialmente, Robert Downey, Jr. não estaria no filme, que seria centrado em uma equipe composta pelo Capitão América, o Soldado Invernal e o Falcão; na segunda revisão do roteiro, para que o filme pudesse emular o confronto dos quadrinhos (no qual o Capitão América e o Homem de Ferro também ficam de lados opostos, o primeiro contra as medidas do governo, o segundo a favor), o Homem de Ferro seria incluído, e a Marvel teria de negociar com Downey sua participação, já que ele não tinha mais contrato. Joe Russo declararia que, caso a negociação não fosse bem-sucedida, eles adaptariam uma história famosa do Capitão América, A Bomba Enlouquecedora, fazendo com que os heróis se enfrentassem por estarem dominados mentalmente. Felizmente, a negociação foi um sucesso, e Downey acabou aceitando renovar por mais quatro filmes, o que garantiu sua permanência no MCU até o fim da Fase 3.
Downey seria anunciado no elenco no final de 2014, junto com Daniel Brühl, que faria um "papel não especificado" (um ano depois revelado como sendo o de Zemo), e com Chadwick Boseman, intérprete do Pantera Negra, que faria sua estreia em Guerra Civil antes de estrelar seu filme solo. Outro herói que estrearia no MCU antes de ganhar um filme solo seria o Homem-Aranha, o qual os irmãos Russo pediriam praticamente desde o início da produção. A questão, nesse caso, era mais complicada, já que o contrato da Marvel com a Sony ainda estava valendo, e apenas a Sony poderia fazer um filme do Homem-Aranha. Após meses de negociação, Disney e Sony chegariam a um acordo para incluir o Homem-Aranha no MCU que previa não somente sua aparição em Guerra Civil, mas também a produção de um novo filme do Homem-Aranha, totalmente integrado ao MCU, que seria lançado ainda durante a Fase 3. Para o papel do Amigão da Vizinhança, seria anunciado Tom Holland, o terceiro ator a interpretar o Homem-Aranha no cinema em 15 anos.
O estelar elenco de Guerra Civil contaria com Chris Evans como Steve Rogers / Capitão América, Robert Downey, Jr. como Tony Stark / Homem de Ferro, Scarlett Johansson como Natasha Romanova / Viúva Negra, Sebastian Stan como Bucky Barnes / Soldado Invernal, Anthony Mackie como Sam Wilson / Falcão, Don Cheadle como James Rhodes / Máquina de Combate, Jeremy Renner como Clint Barton / Gavião Arqueiro, Chadwick Boseman como T'Challa / Pantera Negra, Paul Bettany como Visão, Elizabeth Olsen como Wanda Maximoff / Feiticeira Escarlate, Paul Rudd como Scott Lang / Homem Formiga, Emily VanCamp como Sharon Carter, Tom Holland como Peter Parker / Homem-Aranha, Frank Grillo como Brock Rumlow / Ossos Cruzados, William Hurt como Thaddeus Ross, e Daniel Brühl como Helmut Zemo. As participações especiais incluem John Slattery como Howard Stark; Hope Davis como Maria Stark, esposa de Howard e mãe de Tony; Martin Freeman como o agente da CIA Everett Ross, que, nos quadrinhos, faz parte do universo do Pantera Negra; Kerry Condon como a voz da inteligência artificial Sexta-Feira; John Kani como o Rei T'Chaka; Gene Farber como Vasily Karpov, o oficial responsável pela criação do Soldado Invernal; Marisa Tomei como May Parker (popularmente conhecida como Tia May, embora no MCU Peter a chame somente de May), tia de Peter Parker; e Stan Lee como um entregador da FedEx.
Samuel L. Jackson se diria surpreso por Nick Fury não estar no filme, e que os Russo teriam conversado com ele e dito que estava; Markus declararia em uma entrevista que eles optariam por não incluir Fury para que ele não tivesse de escolher um lado, o que não combinaria com sua personalidade apresentada até então. Anthony Russo, aliás, declararia que os grupos de heróis não seriam formados por acaso, com cada personagem tendo seu passado e suas atitudes nos filmes anteriores do MCU analisadas para que fosse determinado com qual grupo ele melhor se identificava - por isso a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, habituais parceiros, ficariam cada um em um grupo. Nas primeiras versões do roteiro, Hope van Dyne também estava presente como a Vespa, mas, mais tarde, Feige pediria para que ela fosse retirada, pois o filme já tinha heróis suficientes, incluindo dois que estavam sendo mostrados pela primeira vez, então seria melhor que a personagem fosse preservada para ser apresentada propriamente em um filme no qual ela tivesse mais destaque. Thor e o Hulk seriam deixados de fora propositalmente, para que malabarismos não precisassem ser feitos para justificar sua presença na Terra; ainda assim, o filme seria apelidado pela imprensa de Vingadores 2,5.
Quase vinte empresas de efeitos visuais trabalhariam no filme, incluindo a Lola VFX, que trabalharia em uma cena de flashback rejuvenescendo Downey, e a Industrial Light & Magic, responsável pela principal cena do filme, a batalha entre os dois grupos de heróis no Aeroporto de Leipzig, que precisou de uma equipe de filmagem dedicada e um aparato de câmeras presas a cabos, guindastes e hastes para ser filmada nos ângulos corretos; segundo a ILM, eles substituíram cerca de 99% dos elementos filmados por versões digitais, incluindo grande parte dos heróis, e só pararam por aí porque a Marvel não queria uma sequência de vinte minutos de computação gráfica no meio do filme. O clímax do filme, a luta entre o Homem de Ferro e o Capitão América, ficaria a cargo dos Method Studios.
Capitão América: Guerra Civil estrearia em 12 de abril de 2016. Com orçamento de 250 milhões de dólares, renderia 408 milhões apenas nos Estados Unidos, e mais de um bilhão quando somada a bilheteria mundial, se tornando o quarto filme do MCU a ultrapassar essa marca e o filme de maior bilheteria de 2016. O filme também seria aclamado pela crítica, que elogiaria principalmente o roteiro adulto e coeso. Esse também seria o último filme do contrato de Evans, que, ao invés de renovar, decidiria negociar filme a filme a partir de então.
Doctor Strange
2016
O Dr. Estranho foi um dos poucos heróis Marvel que estrelou um filme antes do MCU - no caso, não para o cinema, mas produzido diretamente para a TV, estrelado por Peter Hooten e exibido pela CBS em 1978. O filme foi um gigantesco fracasso de crítica e de audiência, mas, mesmo assim, em 1986 o estúdio New World Pictures anunciou à Marvel seu desejo de fazer um novo filme do personagem, dessa vez para o cinema. Bob Gale chegaria a escrever um roteiro, mas, por razões nunca divulgadas, o filme jamais entraria em produção. Três anos depois, em 1989, outro roteirista, Alex Cox, co-escreveria um roteiro em pareceria com Stan Lee, que seria oferecido a diversos estúdios; a Regency se interessaria, mas seus filmes eram distribuídos pela Warner Bros., dona da DC, maior rival da Marvel, que bloqueou as negociações. Mais três anos se passaram, e, em 1992, o diretor Wes Craven, famoso por seus filmes de terror (dentre eles A Hora do Pesadelo), assinaria com a Savoy Pictures para dirigir um filme do herói, com roteiro de David S. Goyer, que também jamais sairia do papel. Mais cinco anos se passariam, e, em 1997, seria a vez da Columbia Pictures negociar com a Marvel um filme do personagem que estrearia em 2000. Essa data chegaria, porém, sem que o filme sequer entrasse em pré-produção, com a Columbia passando o projeto para a Dimension Films, que contrataria Goyer para escrever e dirigir. Em 2001, sem qualquer explicação, a Dimension passaria os direitos para a Miramax, o que faria com que Goyer decidisse se demitir. A Miramax estabeleceria 2005 como o ano de estreia do filme, mas, mais uma vez, esse ano chegaria sem que sequer houvesse um roteiro, e os direitos acabariam sendo negociados com a Paramount, que havia acabado de fechar o contrato de distribuição dos filmes dos Marvel Studios. Mas o projeto ficara paralisado até 2007, quando Guillermo del Toro e Neil Gaiman procurariam a Marvel se oferecendo para, respectivamente, dirigir e escrever o roteiro; aparentemente, as negociações seriam infrutíferas porque Gaiman fazia questão da presença da personagem Clea, na qual a Marvel não estava interessada. Como nenhum filme foi feito, em 2009 os direitos voltariam para a Marvel, que começou a procurar um roteirista. Então, depois dessa peregrinação toda, em 2013 Feige finalmente anunciaria que um filme do Dr. Estranho estava em pré-produção pelos Marvel Studios, para fazer parte da Fase 3 do MCU.
Em 2014, Scott Derrickson, também famoso por ter dirigido filmes de terror (dentre eles O Exorcismo de Emily Rose), seria anunciado como diretor de Doutor Estranho. Após descobrir que mais diretores estavam oferecendo seus serviços aos Marvel Studios para esse do que para qualquer um de seus outros filmes, Derrickson criaria uma cena completa, com direito a storyboards e arte conceitual pagos de seu próprio bolso, no qual o Dr. Estranho enfrenta um oponente no Plano Astral enquanto tenta proteger seu próprio corpo em um hospital, inspirado em uma das sequências da minissérie em quadrinhos Dr. Estranho: O Juramento. A Marvel ficaria tão empolgada com a apresentação de Derrickson que, além de contratá-lo, pediria para que a cena fosse incluída no filme nos moldes em que o diretor a concebeu. Derrickson também negociaria co-escrever o filme junto com C. Robert Cargill, roteirista de outro de seus filmes (A Entidade), mas a Marvel achou que não conseguiria lançar o filme ainda em 2016 caso ele acumulasse as funções de diretor e roteirista, e não estava disposta a adiar o lançamento.
A Marvel também não ficaria totalmente satisfeita com Cargill como único roteirista, e contrataria John Spaihts, em um processo muito parecido com o de Derrickson. Segundo o roteirista, fã do Dr. Estranho desde a infância, assim que soube que o filme estava em produção ele começou a "encher o saco" da Marvel para ser escolhido, até ter a chance de apresentar um roteiro completo. Inicialmente, a Marvel diria não ter ficado empolgada, mas, com a insistência de Spaihts, acabaria contratando-o e revelando que, na verdade, jamais levou as propostas dos outros roteiristas a sério, só não queria contratar Spaihts de primeira.
Um dos pontos mais discutidos do roteiro seria sobre se a origem do Dr. Estranho deveria ser ou não contada. Feige chegaria a anunciar que o público já não aguentava mais filmes de origem, e que Doutor Estranho seria no mesmo estilo de O Incrível Hulk, com Strange já começando o filme como o Feiticeiro Supremo, e sua origem sendo contada apenas muito rapidamente em flashbacks; Spaihts, entretanto, argumentaria que a origem do personagem nos quadrinhos é tão lírica, trágica e épica que seria praticamente impossível fazer o filme direito sem contá-la (Nota do Guil: de fato, pra mim, é a melhor história de origem de todos os heróis Marvel). Derrickson concordaria com o roteirista, e Feige acabaria sendo voto vencido - talvez não por acaso, porém, nenhum dos dois primeiros filmes de heróis Marvel seguintes, o do Homem-Aranha e o do Pantera Negra, teriam suas origens, nem em flashbacks.
No filme, Stephen Strange é um neurocirurgião rico e arrogante, que, após um acidente de carro, perde parcialmente os movimentos das mãos. Ao saber que pode recuperá-los através de magia, ele parte para o oriente buscando encontrar quem o ensine as artes místicas. Lá, ele encontra a Anciã, que possui uma turma de alunos, dos quais o de maior destaque é Karl Mordo. Inicialmente, ela se recusa a treiná-lo, mas, com muita dedicação e perseverança, ele prova ser digno. Durante seus estudos, ele descobre que a Terra é protegida por uma espécie de escudo místico, e que um feiticeiro renegado, chamado Kaecilius, está tentando destruir esse escudo para que Dormammu, uma criatura de outra dimensão, invada e domine a nossa. Inicialmente focado em apenas recuperar os movimentos das mãos, após uma epifania Strange decide usar seus novos poderes para deter Kaecilius, assumindo o papel de protetor de nossa realidade.
No início do projeto, Feige, Derrickson e Spaihts todos imaginaram Benedict Cumberbatch como o ator perfeito para viver Strange, e, quando essa informação vazou, o público também começou a exigi-lo, mas o ator declarou que não poderia aceitar devido a conflitos de horários de filmagens com compromissos previamente assumidos. Patrick Dempsey chegaria a se oferecer para o papel, mas jamais seria seriamente considerado pela Marvel, que negociaria com Tom Hardy, Jared Leto e Édgar Ramírez, que já havia trabalhado com Derrickson em Livrai-nos do Mal. No final de 2014, Joaquin Phoenix seria anunciado, e a Marvel começaria a separar as locações e estúdios, mas, pouco depois, o ator anunciaria ter desistido, alegando não querer participar de um blockbuster naquele momento de sua carreira. A Marvel, então, faria uma lista com os nomes de Leto, Ethan Hawke, Oscar Isaac, Ewan McGregor, Matthew McConaughey, Jake Gyllenhaal, Colin Farrell, Ryan Gosling e Keanu Reeves, mas só conversaria com Gosling, que não aceitaria. Cumberbatch, então, seria novamente procurado, e a Marvel se comprometeria a alterar a agenda de gravações de forma que não houvesse nenhum conflito com seus outros compromissos, incluindo alterando a data de lançamento de julho para novembro de 2016, após o que ele acabaria aceitando e fechando contrato.
Com a nova data de lançamento, Derrickson e Cargill pediriam para revisar o roteiro original de Spaihts; uma das ideias originais de Derrickson, a de que o vilão principal do filme fosse o Pesadelo, com grande parte da ação ocorrendo no Mundo dos Sonhos, foi descartada por Feige, mas outras adições inspiradas nas minisséries do Dr. Estranho nos quadrinhos O Juramento e Shamballa, foram bem-vindas. Após a revisão de Derrickson e Cargill, a Marvel entregaria o roteiro novamente a Spaihts, que se diria "deliciado" pelas adições da dupla. Após uma nova revisão de Spaihts, se chegaria ao roteiro final do filme, creditado a Spaihts, Derrickson e Cargill.
Derrickson faria questão de que a magia mostrada no filme não fosse ao estilo de filmes como Fantasia e Harry Potter, mas mais palpável, realizada apenas através de gestos, e não de palavras mágicas ou artefatos como varinhas de condão. Ele também aproveitaria o fato de que Strange era um homem da ciência antes de se envolver com magia para intercambiar elementos de uma e de outra, como se a magia fosse apenas um aspecto pouco conhecido da ciência. Segundo ele, assim como as primeiras histórias do Dr. Estranho abriram o Universo Marvel dos quadrinhos para a magia e os universos paralelos, o filme teria a missão de introduzir esses mesmos elementos no MCU; ao invés de Terras paralelas com novas versões dos personagens, entretanto, ele focaria em dimensões paralelas tão alienígenas às nossas mentes que, apesar de estarem sempre diante de nós, sequer conseguimos percebê-las, como o Plano Astral, o Mundo Espelho e a Dimensão Sombria. A Marvel contrataria o astrofísico Adam Frank como consultor, para que não somente as dimensões paralelas, mas também os diálogos dos personagens ao descrevê-las de acordo com seus pontos de vista, fossem realísticos, sem soar como invenções descabidas.
Parte das filmagens ocorreu no Nepal; Derrickson viajou para lá e escolheu todos os locais, só para depois ver muitos deles destruídos pelo terremoto que devastou o país em 2015. Ao invés de escolher outro local, o diretor achou que incentivar o turismo no Nepal era mais necessário que nunca, e manteve grande parte de suas escolhas, trocando os cenários que não podiam ser aproveitados devido à destruição por outros semelhantes. O fictício santuário de Kamar-Taj seria construído em estúdio, junto com uma reprodução da rua nepalesa na qual ele estaria localizado, para que a transição do mundo real para o ficcional não fosse sentida no filme. Outro local totalmente construído em estúdio foi a residência do Dr. Estranho em Nova Iorque, o Sanctum Sanctorum, cuja fachada seria depois inserida digitalmente nas filmagens. Muitos dos locais que no filme ficam em Nova Iorque, aliás, na realidade ficam na Inglaterra, onde grande parte das filmagens ocorreu - o acidente de carro do início do filme, por exemplo, foi filmado em Northfleet, às margens do Rio Tâmisa.
Sendo um filme sobre magia, Doutor Estranho teve muitos efeitos visuais, realizados por quase vinte empresas diferentes. As principais inspirações para os efeitos, segundo Derrickson, foram os quadrinhos de Steve Ditko, um dos criadores do Dr. Estranho, e a arte do pintor M.C. Escher. As sequências do Mundo Espelho ficariam a cargo da Industrial Light & Magic, para a qual Derrickson diria querer fazer "algo como o filme A Origem, mas maior e mais surreal". Para que os efeitos ficassem prontos a tempo de serem incorporados ao filme, a ILM começaria a trabalhar neles dez meses antes do início das filmagens. A sequência na qual Strange descobre a existência das dimensões paralelas ficaria a cargo dos Method Studios, também responsáveis pelo acidente de carro e pela cena na qual Strange experimenta magia do tempo numa maçã. O Manto da Levitação, um dos principais artefatos místicos do Dr. Estranho, foi filmado como se fosse um personagem, inclusive contando com dublês para marcar sua posição.
Embora apareça apenas em uma cena, Dormammu, o arqui-inimigo do Dr. Estranho nos quadrinhos, é considerado o principal antagonista do filme. A cena na qual ele aparece foi realizada pela Luma Pictures, sob supervisão do diretor de efeitos visuais do filme, Stephane Ceretti. Nos quadrinhos, a cabeça de Dormammu está eternamente em chamas, mas Ceretti decidiu não fazê-la dessa forma no filme por considerar que se tratava de um clichê. O Dormammu do filme é um ser psicodélico, integrado à Dimensão Sombria que governa, que, por sua vez, foi inspirada nos quadrinhos de Ditko, mas modernizada para o século XXI. O próprio Cumberbatch fez também a voz de Dormammu, em uma das raras ocasiões nas quais o protagonista e o antagonista de um filme são representados pelo mesmo ator. A sugestão partiu do próprio Cumberbatch, que imaginou que seria mais impactante se Dormammu fosse uma versão distorcida de Strange, ao invés de apenas um monstro qualquer.
Doutor Estranho estrearia em 4 de novembro de 2016. Seu orçamento seria de 165 milhões de dólares, e só nos Estados Unidos ele renderia 232,6 milhões, se tornando o "primeiro filme" (ou seja, sem contar sequências ou os filmes dos Vingadores) mais rentável do MCU. A crítica também seria bastante favorável, elogiando principalmente o visual do filme e a originalidade do roteiro. O filme seria indicado a um Oscar de Melhores Efeitos Visuais, mas perderia para Mogli, o Menino Lobo.
Além de Cumberbatch como Strange e Dormammu, o filme conta com Chiwetel Ejiofor como Mordo; Mads Mikkelsen como Kaecilius; Tilda Swinton como a Anciã; Rachel McAdams como Christine Palmer, cirurgiã colega e meio que interesse amoroso de Strange; Benedict Wong como Wong, responsável pela biblioteca de Kamar Taj que acaba se tornando uma espécie de parceiro de Strange; Michael Stuhlbarg como Nicodemus West, cirurgião rival de Strange, a quem ele culpa pela cirurgia ter acabado com os movimentos de suas mãos; e Benjamin Bratt como Jonathan Pangborn, que revela a Strange que a cura para sua aflição pode estar na magia. Mark Anthony Brighton faz uma participação como Daniel Drumm, responsável pelo Sanctum Sanctorum antes de Strange, e Topo Wresniwiro participa como Hamir, colega de Mordo e Strange no treinamento. Chris Hemsworth aparece como Thor na cena pós-créditos, e Stan Lee participa como um passageiro de ônibus lendo um livro.
Um dos personagens mais controversos do filme foi o da Anciã, já que, nos quadrinhos, o personagem (que em português se chama Ancião, e em inglês não importa, pois Ancient One não tem gênero) é um homem tibetano. Cargill declarou que os roteiristas se viram diante de um beco sem saída, pois nenhuma das opções que tinham para o personagem era a ideal: colocar um homem tibetano no filme poderia levantar questões relacionadas à independência do Tibete; manter o homem, mas fazê-lo asiático, poderia transformar Strange no estereótipo do personagem ocidental que viaja ao oriente para aprender como ser oriental; fazer uma mulher asiática mais velha incorreria no estereótipo da Dragon Lady, a mulher oriental misteriosa, forte e dominadora que lidera um grupo de homens, enquanto uma mais nova poderia levar a acusações de que ela só estava no filme para agradar aos espectadores masculinos. Fazer com que o personagem fosse branco traria acusações de whitewashing, ou seja, substituir um personagem sabidamente não-branco por um branco, mas, considerado que esse era, dos males, o menor, Derrickson optou por ele - fazendo questão de que não fosse somente um personagem branco, mas também uma mulher, para que, pelo menos, houvesse uma mulher com um papel forte e de destaque no filme, para tentar diluir o estrago feito pelo whitewashing. Swinton foi escolhida por sua familiaridade com personagens fortes, etéreos e enigmáticos; de fato, quando Derrickson definiu que a personagem seria uma mulher, já pensou imediatamente nela.
A Anciã não foi a única personagem com "cor trocada" no filme, já que, nos quadrinhos, Mordo é branco, enquanto no filme é negro; a principal mudança em relação ao personagem, porém, foi a de que nos quadrinhos ele é um barão ambicioso, que busca destronar o Ancião e tomar seu lugar, enquanto no filme é bondoso e chega a se tornar amigo de Strange. Também é interessante registrar que, nos quadrinhos, Christine Palmer é uma heroína, conhecida como Enfermeira Noturna; embora no filme ela não seja enfermeira, e sim uma cirurgiã, Feige deixou escapar em entrevistas que, em futuros filmes, ela pode vir a ter uma carreira heroica.
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