Iron Man 2
2010
Logo após o lançamento de Homem de Ferro, em 2008, os Marvel Studios anunciariam que estavam trabalhando em uma continuação, com Jon Favreau, o diretor do primeiro filme, declarando ser sua intenção fazer uma trilogia estrelada pelo Homem de Ferro. Inicialmente, seria divulgado que o segundo filme seria inspirado em uma das mais famosas histórias do herói nos quadrinhos, O Demônio na Garrafa na qual Tony Stark lida com o alcoolismo, mas, durante a pré-produção, Favreau optaria por usar apenas alguns elementos dessa história - seguindo uma sugestão do roteirista Shane Black, Favreau mostraria um Stark não sabendo lidar com o fato de ter criado uma arma tão poderosa, espelhando o que ocorreu com o físico J. Robert Oppenheimer, um dos criadores da bomba atômica. Além de avançar a história do Homem de Ferro, os Marvel Studios aproveitariam para preparar o terreno para o filme dos Vingadores, trazendo de volta Nick Fury, que até então só havia aparecido na cena pós-créditos do primeiro filme, e introduzindo a Viúva Negra.
O elenco do filme, aliás, contaria com alguns problemas para fechar. Quando foram contratados para o primeiro filme, Robert Downey Jr. (Tony Stark / Homem de Ferro), Gwyneth Paltrow (Pepper Potts), Terence Howard (James Rhodes), Clark Gregg (Phil Coulson) e Paul Bettany (Jarvis) haviam todos assinado contrato para três filmes; Favreau, entretanto, havia ficado extremamente insatisfeito com a performance de Howard, refilmando e cortando várias de suas cenas, e, para o segundo, planejava diminuir severamente o papel, com Rhodes fazendo apenas pequenas aparições. Acontece que o salário de Howard era o maior de todo o elenco do primeiro filme, então os executivos dos Marvel Studios decidiram se reunir com ele para negociar uma redução de salário. Ninguém sabe até hoje o que foi conversado nessa reunião, mas, ao fim dela, Howard estava demitido, e, para o restante dos filmes do MCU, Rhodes passaria a ser interpretado por Don Cheadle. Após Howard ser substituído, o papel de Rhodes, ao invés de diminuído, seria aumentado, com ele se tornando o herói Máquina de Combate, usando uma das armaduras antigas do Homem de Ferro equipada com várias novas armas.
Desde o início do projeto MCU, estava definido que Nick Fury seria interpretado por Samuel L. Jackson - não por acaso, já que o Nick Fury da linha Ultimates dos quadrinhos Marvel tinha aparência inspirada na do ator. Jackson, porém, faria sua aparição na cena pós-créditos de Homem de Ferro quase que como um favor, sem qualquer contrato, e, na hora de assinar para aparecer em Homem de Ferro 2, já estava envolvido em outros projetos, e quase ficou de fora. Somente em fevereiro de 2009 todos os problemas seriam resolvidos, e, para garantir que nada de parecido acontecesse no futuro, os Marvel Studios assinariam com Jackson um contrato para nove filmes, o mais extenso do MCU até então. Um acordo semelhante, porém, não conseguiria ser firmado com a atriz originalmente escolhida para interpretar a Viúva Negra, Emily Blunt; já envolvida com as filmagens da comédia As Viagens de Gulliver, ela não conseguiria estar disponível a tempo para as filmagens de Homem de Ferro 2, e acabaria sendo substituída por Scarlett Johansson, que assinaria para cinco filmes.
O roteiro do filme ficaria a cargo de Justin Theroux, roteirista de Trovão Tropical, grande sucesso co-estrelado por Downey, que recomendaria o roteirista à Marvel. Theroux sugeriria que o filme tivesse dois vilões: um deles, mais físico, o Chicote Negro, interpretado por Mickey Rourke, o outro, mais cerebral, Justin Hammer, interpretado por Sam Rockwell. O Chicote Negro é, na verdade, Ivan Vanko, filho de um cientista russo que acusa Stark de ter roubado o projeto do reator que alimenta a armadura do Homem de Ferro, e constrói um par de chicotes elétricos para derrotar o herói e humilhá-lo publicamente. Já Hammer é um industrial rival de Stark, que deseja usar a tecnologia criada por Vanko para produzir suas próprias armaduras e vendê-las ao exército, já que Stark se recusa a vender as dele.
Completam o elenco John Slattery como Howard Stark, o falecido pai de Tony, que aparece em mensagens gravadas; Garry Shandling como o Senador Stern, que lidera uma comissão do senado que investiga Stark e quer obrigá-lo a entregar o projeto da armadura do Homem de Ferro para o governo; e o próprio Favreau, mais uma vez como Happy Hogan. O filho de Favreau, Max Favreau, interpretaria um garotinho salvo pelo Homem de Ferro; anos mais tarde, os Marvel Studios fariam um retcon e diriam que esse garotinho é Peter Parker, o então futuro Homem-Aranha. Stan Lee, como de costume, faz uma participação, dessa vez sendo confundido com o âncora de TV Larry King.
No filme, Stark sofre as consequências de ter revelado que era o Homem de Ferro, se tornando uma espécie de popstar, e sendo pressionado pelo governo, que acha inadmissível um particular ter acesso a uma arma tão poderosa quanto a armadura do herói. Paralelamente a isso, ele descobre que o reator que o mantém vivo também o está envenenando, e, incapaz de encontrar um substituto, se entrega à depressão e ao álcool, agindo de forma cada vez mais imprudente. Como parte de seu novo estilo de vida hedonista, ele promove uma funcionária bonitona das Indústrias Stark a sua secretária pessoal, sem saber que ela, na verdade, é Natasha Romanova, a Viúva Negra, agente da S.H.I.E.L.D. designada por Fury para vigiá-lo. Mas o alcoolismo e o hedonismo não são os únicos problemas de Stark no filme: Ivan Vanko, acreditando que seu pai morreu pobre por culpa de Stark, decide se vingar, e Justin Hammer, seu maior rival, quer usar a Stark Expo, feira patrocinada pelas Indústrias Stark, para revelar seu novo projeto e tomar o lugar de seu rival como maior fornecedor de armas do governo - posto que Stark passa a rejeitar cada vez mais, desejando usar suas criações para a paz, e não para a guerra.
O segundo filme faria muito mais uso de computação gráfica do que o primeiro; a maior parte da sequência da Stark Expo, por exemplo, seria filmada em frente a um gigantesco chroma key montado em meio à Represa de Sepulveda, em Los Angeles. O primeiro ataque do Chicote Negro contra o Homem de Ferro ocorreria em Mônaco, durante uma corrida supostamente de Fórmula 1; os Marvel Studios tinham conseguido autorização para filmar no principado antes do GP de Mônaco de 2009, mas, poucos dias antes da corrida, Bernie Ecclestone, que mandava e desmandava na categoria na época, suspenderia a autorização - a solução seria filmar apenas o traçado, adicionar os carros digitalmente, e realizar as cenas com os atores em estúdio com chroma key. Em quase todas as cenas (à exceção da festa na Mansão Stark e da loja de rosquinhas), as armaduras do Homem de Ferro e do Máquina de Combate seriam totalmente criadas por computação gráfica, e, para que elas se encaixassem melhor nos atores, seria usado um recurso chamado pela Industrial Light & Magic, de football armor, que consistia de ombreiras e parte do capacete vestidos pelos atores - como se fossem as proteções usadas pelos jogadores de futebol americano, daí o nome - que serviriam de guia para que as armaduras fossem "encaixadas" digitalmente. Ao todo, 11 empresas trabalhariam nos efeitos visuais do filme, cada uma ficando responsável por uma parte.
Homem de Ferro 2 estrearia em 26 de abril de 2010, e seria mais um gigantesco sucesso de público; os Marvel Studios não revelariam o orçamento exato do filme, mas a bilheteria somente nos Estados Unidos seria de 312,4 milhões de dólares, sendo 51 milhões somente no primeiro dia, recorde para o ano de 2010. A crítica ficaria dividida, com alguns considerando-o inferior ao primeiro, mas, no geral, o resultado seria positivo. O filme seria indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais, mas perderia para A Origem.
2011
Assim como ocorreu com o Homem de Ferro, planos para um filme do Thor existiam desde a década de 1990, mais precisamente desde 1991, quando o diretor Sam Raimi (de Homem-Aranha) conversou diretamente com Stan Lee sobre a possibilidade de dirigir um filme do herói. Raimi tentaria convencer a Fox a fazer o filme, mas os executivos do estúdio não se interessariam, e o projeto acabaria engavetado. Após o sucesso do filme dos X-Men, em 2000, a Paramount procuraria a Marvel para fechar um acordo para um filme do Thor, mas não para os cinemas, e sim para a televisão, para ser exibido em seu canal por assinatura UPN. Tyler Mane (o Dentes de Sabre do filme dos X-Men) chegaria a ser contratado para interpretar Thor, mas o projeto acabaria não indo para a frente, sendo mais uma vez engavetado. Vale citar que, caso tivesse sido realizado, o filme com Mane seria a segunda aparição de Thor em um longa para a TV, tendo sido a primeira no filme O Retorno do Incrível Hulk, de 1988, uma espécie de continuação da série de TV com Bill Bixby e Lou Ferrigno, no qual Thor fez uma participação especial, interpretado por Eric Kramer.
Após o leilão dos personagens Marvel para o cinema, ficaria determinado que a Sony teria os direitos de fazer o filme do Thor, e David S. Goyer (de Blade: Trinity) seria contratado pelo estúdio para ser seu diretor e roteirista em 2004. A pré-produção se arrastaria, entretanto, e Goyer acabaria desistindo pouco mais de um ano depois de ter sido contratado, sem jamais ter escrito uma versão do roteiro. Em 2006, Mike Protosevich, fã dos quadrinhos de Thor, seria contratado e escreveria um roteiro, mas, mais uma vez, a pré-produção se arrastaria durante quase um ano, o que levaria a Sony a desistir do projeto, com os direitos de Thor retornando para os Marvel Studios. Por sugestão da Paramount, que distribuiria o filme, a Marvel contrataria o diretor Matthew Vaughn, que reescreveria o roteiro de Protosevich, inicialmente orçado na absurda quantia de 300 milhões, para tentar cortar esse valor pela metade. Com o sucesso de Homem de Ferro e o início da pré-produção de Homem de Ferro 2, a Marvel estabeleceria a data de estreia de Thor para junho de 2010, com planos de que o herói fosse introduzido ao público já em Homem de Ferro 2.
Ainda em 2008, porém, Vaughn desistiria do projeto, e a Marvel entraria em negociações com Guillermo del Toro, que se mostraria bastante interessado, mas acabaria desistindo para assinar com a Warner e dirigir O Hobbit (o que acabaria não acontecendo). Após uma recusa de D.J. Caruso, Kenneth Branagh seria contratado em dezembro de 2008. Com o ano de 2009 reservado para encontrar um roteirista e um elenco, as filmagens foram marcadas para começar em janeiro de 2010, e a data de estreia adiada para 2011. O roteiro acabaria ficando a cargo de Ashley Edward Miller, Zack Stentz e Don Payne, até então mais conhecidos por seus trabalhos em séries de TV.
A primeira opção da Marvel para o papel de Thor seria Daniel Craig, que recusaria por temer que as gravações de múltiplos filmes da Marvel conflitassem com seu papel na franquia 007. Chris Hemsworth, que havia feito um teste junto com seu irmão, Liam, no qual ambos foram rejeitados, acabaria recebendo uma segunda chance, após a qual seria contratado. Tom Hiddleston também faria um teste para o papel de Thor, por sugestão de Branagh, com quem já havia trabalhado no teatro, mas ficaria com o papel de Loki por sugestão de Kevin Feige. Natalie Portman seria lembrada para o papel de Jane Foster, interesse amoroso de Thor, por sua atuação em Star Wars, e aceitaria o papel pela oportunidade de trabalhar com Branagh em um filme de grande orçamento e pela possibilidade de interpretar uma mulher cientista - nos quadrinhos, Foster é enfermeira, mas, após se reunir com um grupo de físicos da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, para tentar retratar o universo mítico de Thor da maneira mais realística possível, Branagh concluiria que faria muito mais sentido se ela fosse uma astrofísica que estivesse estudando as relações entre o nosso universo e o do herói.
Falando nisso, um dos pontos mais controversos de Thor é que o herói e seus conterrâneos de Asgard não são deuses, e sim "alienígenas". Na cosmologia do MCU, Asgard é um planeta distante, conectado à Terra (cujo nome, para eles, é Midgard) e a outros sete planetas (que, junto com Asgard e Midgard, são conhecidos como Nove Reinos) por uma série de portais estelares. Como são mais fortes, resistentes e longevos que os humanos, além de terem alguns poderes especiais, das poucas ocasiões em que os asgardianos visitaram nosso planeta, foram confundidos com deuses e idolatrados, com as histórias dessas visitas se tornando a mitologia nórdica que conhecemos hoje. Embora alguns fãs tenham considerado essa uma solução elegante, uma grande parte detestou, achando que grande parte da mística de Thor, Loki e dos demais era justamente o fato de eles serem deuses, e não simplesmente mortais nascidos em outro planeta.
Seja como for, além de Thor e Loki, o filme conta com vários outros asgardianos, no que pode ser considerado o maior elenco de apoio do MCU. Anthony Hopkins seria escolhido para interpretar Odin, Rei de Asgard e pai de Thor e Loki, e Rene Russo interpretaria Frigga, esposa de Odin e mãe da dupla. Idris Elba seria o escolhido para interpretar Heimdall, protetor de Asgard e guardião da Bifröst, a ponte mística que a conecta aos outros oito reinos - o que também gerou uma certa controvérsia, pelo fato de o ator ser negro. Outros personagens famosos das histórias de Thor, Lady Sif e os Três Guerreiros, também estariam no filme, com Sif sendo interpretada por Jamie Alexander, o enorme Volstagg por Ray Stevenson, o soturno Hogun por Tadanobu Asano, e o romântico Fandral por Josh Dallas - originalmente, Fandral seria interpretado por Stuart Townsend, que pediria demissão pouco após o início das filmagens, alegando "diferenças criativas". De todos os principais asgardianos dos quadrinhos, somente Balder, o Bravo, não estaria no filme.
O elenco se completaria com Stellan Skarsgård como o Dr. Erik Selvig, cientista que foi professor de Jane e a ajuda em sua pesquisa; Kat Dennings como Darcy Lewis, estagiária de Jane; Colm Feore como Laufey, rei dos gigantes do gelo, maiores inimigos dos asgardianos; Clark Gregg mais uma vez como o agente da S.H.I.E.L.D. Phil Coulson; e Maximiliano Hernández como o agente da S.H.I.E.L.D. Jasper Sitwell. Samuel L. Jackson mais uma vez faria uma pequena participação como Nick Fury, o comandante da S.H.I.E.L.D., que avalia se Thor será uma boa adição aos Vingadores; Jackson seria o primeiro ator a ser chamado para o elenco, mas depois receberia a notícia de que Fury não estaria no filme, e, no fim, acabaria fazendo uma participação não-creditada. Outra participação sem créditos seria a de Jeremy Renner, que apareceria em uma única cena como Clint Barton, agente da S.H.I.E.L.D. que, nos Vingadores, é conhecido como Gavião Arqueiro. Stan Lee faria uma participação especial como um motorista de caminhonete que tenta mover o martelo de Thor, assim como J. Michael Straczynski, famoso roteirista de TV que também escreveu quadrinhos de Thor. Um dos mais famosos roteiristas de Thor, Walter Simonson, também faria uma participação, como um asgardiano.
O maior desafio da equipe de produção seria a criação de Asgard, que, segundo Branagh, deveria ser uma fusão entre o antigo e o moderno. Três empresas de efeitos digitais, a BUF Compagnie, a Digital Domain e a Fuel VFX, trabalhariam nos efeitos do filme, se inspirando não apenas no visual de Asgard nos quadrinhos, mas também em fotos do espaço feitas pelo telescópio Hubble. Praticamente tudo em Asgard, da Bifröst até a sala do trono, foi criado por computação gráfica, com pouquíssimos elementos existindo fisicamente em estúdio. Para criar a aparência de Jotunheim, o reino dos gigantes do gelo, a Digital Domain se inspiraria em pinturas de William Turner, através de uma sugestão de Branagh.
Thor estrearia nos Estados Unidos em 2 de maio de 2011, após uma pré-estreia na Austrália. Assim como fez com Homem de Ferro, a Marvel pagou um comercial durante o Super Bowl, o horário mais caro da programação da TV norte-americana, para promover o filme. Junto com o filme, seriam produzidas uma série animada de 26 episódios, que estrearia junto com o filme, e um longa-metragem animado lançado diretamente em DVD no mesmo dia. Com orçamento de 150 milhões de dólares, Thor renderia 181 milhões somente nos Estados Unidos; a crítica também o receberia bem, embora a parte em que Thor está na Terra tenha sido considerada inferior à ambientada em Asgard, e as críticas negativas tenham sido bastante virulentas.
No filme, Thor se prepara para se tornar Rei de Asgard, substituindo seu pai, Odin, que está idoso. O deus do trovão, porém, não tem qualquer senso de responsabilidade, e, ao liderar um grupo composto por Loki, Sif, Fandral, Hogun e Volstagg a Jotunheim, acaba causando uma espécie de incidente diplomático. Para puni-lo, Odin o manda em exílio para Midgard, e coloca um feitiço em sua arma, o martelo Mjölnir, para que somente alguém que seja digno possa usá-lo. Ao chegar na Terra, Thor encontra Jane, Darcy e o Dr. Selvig, e, ao descobrir que não consegue sequer erguer o Mjölnir, se resigna e decide viver para sempre em exílio. Maquinações de Loki, entretanto, farão com que ele tenha de redescobrir o herói dentro de si, para que Asgard não seja dominada pelos gigantes do gelo.
O Blu-ray de Thor contaria com um curta exclusivo como extra, dirigido por Abed Leythum e estrelado por Gregg e Hernández, que tentava criar uma maior integração entre O Incrível Hulk e o restante do MCU. No curta, Coulson e Sitwell discutem o fato de que o Conselho de Segurança Mundial quer que o Abominável integre a equipe dos Vingadores, já que Blonsky é um herói de guerra. Como Nick Fury é contra, eles decidem enviar a pessoa mais irritante possível para discutir o assunto com o General Ross, para que o militar se negue a autorizar a libertação do vilão. O Blu-ray de Capitão América: O Primeiro Vingador contaria com mais um curta dirigido por Leythum e estrelado por Gregg, que conta um curioso episódio ocorrido com Coulson quando ele estava a caminho do local onde o martelo de Thor foi encontrado.
Captain America: The First Avenger
2011
Originalmente, a Marvel pensava em começar seu MCU com um filme do Capitão América; alguns problemas, entretanto, fariam com que ele acabasse sendo o penúltimo da Fase 1. A primeira tentativa da Marvel de realizar um filme para o cinema do Capitão América, porém, ocorreria bem antes do MCU, em 1997, quando a editora entraria em negociações com os produtores Mark Gordon e Gary Levinsohn, e contrataria os roteiristas Larry Wilson e Leslie Bohem. O projeto chegaria a uma fase bastante avançada, e, em 2000, a Marvel fecharia um acordo com a Artisan Entertainment para a realização e distribuição do filme. Pouco depois, contudo, Joe Simon, o roteirista que criou o Capitão América junto com o desenhista Jack Kirby, entraria na justiça contra a Marvel disputando com a editora os direitos autorais sobre o personagem, o que fez com que o projeto do filme tivesse de ser paralisado, e com que o Capitão América não pudesse ser incluído dentre os heróis que a Marvel ofereceu aos grandes estúdios no leilão realizado após o sucesso do filme dos X-Men. O lado bom seria que, quando os Marvel Studios fossem formados e o MCU planejado, os direitos do Capitão América já estavam com a Marvel.
A ideia inicial da equipe dos Marvel Studios era fazer com que o filme do Capitão América, que seria lançado em 2008, fosse ambientado metade na época da Segunda Guerra Mundial e metade na época atual, quando seriam sugeridas as existências dos demais heróis do MCU. David Self, de Estrada para a Perdição, seria contratado para escrever o roteiro, e Joe Johnston, de Jumanji, começaria a negociar para dirigir. Então, em novembro de 2007, os roteiristas de Hollywood entrariam em greve, suspendendo o trabalho de Self. O filme do Homem de Ferro não seria afetado, e, de segundo, passaria a primeiro; o do Capitão América, por outro lado, sem roteiro e sem diretor, teria que ser adiado, o que levaria à decisão de fazer dele o penúltimo, utilizando-o também para preparar o terreno para o principal projeto da Fase 1, o filme dos Vingadores, que encerraria esse ciclo - a cena pós-créditos de Capitão América, inclusive, terminava com um trailer de Os Vingadores.
Johnston seria contratado em novembro de 2008, e escolheria Christopher Markus e Stephen McFeely para escrever o roteiro. Por sugestão do diretor, o filme seria totalmente ambientado na época da Segunda Guerra Mundial, exceto por uma pequena sequência no final. Em parte, essa decisão seria tomada para mitigar uma das principais preocupações dos envolvidos na produção do filme, a de que o sentimento de anti-americanismo prejudicasse sua bilheteria. Arad e Feige estavam bastante otimistas, achando que esse não seria um fator relevante, já que os quatro filmes anteriores do MCU já haviam preparado o terreno para a estreia de mais um dos titãs da Marvel nos cinemas; o pessoal que cuidava do dinheiro, por outro lado, estava receoso, preferindo não arriscar que o amor pela Marvel seria maior que o ódio aos Estados Unidos. O título do filme, por exemplo, seria sugerido pela Paramount, distribuidora do filme, que deixaria suas filiais internacionais livres para distribuir o filme com seu título completo ou com a versão na língua local de "O Primeiro Vingador"; surpreendentemente, apenas três países, Rússia, Ucrânia e Coreia do Sul, optariam pela segunda opção, com os demais mantendo o "Capitão América" no título. Antes que começassem as filmagens, Joss Whedon, diretor de Os Vingadores, revisaria o roteiro, apenas para adequar algumas cenas ao que aconteceria no filme seguinte, que já estava em pré-produção.
Os principais candidatos a interpretar o Capitão América eram Ryan Phillippe, John Krasinski e Sebastian Stan, mas, após os testes, o papel iria para Chris Evans (que já havia interpretado o Tocha Humana nos filmes do Quarteto Fantástico de 2005 e 2007), com Stan passando para o papel de Bucky Barnes (que, nos quadrinhos, é um pré-adolescente, mas no filme é adulto), o melhor amigo de Steve Rogers, o homem que viria a se tornar o Capitão América. Para o papel do vilão do filme, Johann Schmitt, o Caveira Vermelha, arqui-inimigo do Capitão, seria escolhido Hugo Weaving. Evans e Stan assinariam para cinco filmes cada, mas Weaving só aceitaria o papel se seu contrato fosse apenas para esse filme, não querendo se ligar a uma nova série após já ter participado de O Senhor dos Anéis e Matrix.
Samuel L. Jackson também retornaria para o papel de Nick Fury, como parte de seu contrato para múltiplos filmes. Nos quadrinhos, Fury também era um personagem originário da Segunda Guerra Mundial, mas, no filme, isso foi abandonado, com os comandados de Fury, os Comandos Selvagens, sendo aproveitados como parte de um esquadrão comandado pelo Capitão América, apelidado durante a produção de Invasores - nome de uma equipe que, nos quadrinhos, era composta apenas por super-heróis e seus parceiros mirins, incluindo o Capitão América, Namor e o Tocha Humana original. Os Invasores / Comandos Selvagens do filme eram compostos por Dum Dum Dugan (Neal McDonough), Gabe Jones (Derek Luke), Jim Morita (Kenneth Choi), Jacques Dernier (Bruno Ricci) e James Montgomery Falsworth (JJ Feild).
O principal papel feminino do filme, Peggy Carter, britânica que trabalha no projeto do super soldado, que criaria o Capitão América, e se tornaria interesse amoroso do herói, ficaria com Hailey Atwell, que também assinaria para nove filmes. Dominic Cooper interpretaria um jovem Howard Stark, o pai de Tony, trabalhando para o exército dos Estados Unidos. O veterano ator Tommy Lee Jones seria o Coronel Chester Phillips, chefe do programa do super soldado, e Stanley Tucci ficaria com o papel de Abraham Erskine, o cientista que criou o processo usado no programa. Arnim Zola, o cientista que trabalha para os nazistas, ficaria com Toby Jones, e o principal capanga do Caveira Vermelha, Heinz Kruger, seria interpretado por Richard Armitage. Como curiosidade, vale citar que Jenna Coleman, de Doctor Who, e Natalie Dormer, de Game of Thrones, fazem participações minúsculas como potenciais namoradas de Steve e Bucky, e Laura Haddock, que mais tarde interpretaria a mãe de Peter Quill em Guardiões da Galáxia e Guardiões da Galáxia Vol. 2, faz uma ponta como uma moça que caça autógrafos - James Gunn, o diretor dos filmes dos Guardiões, brincaria dizendo que essa personagem é a avó de Quill. Stan Lee faria uma participação como um general do exército norte-americano.
A primeira metade do filme acompanha Rogers, que é fraco e franzino, tentando se alistar no exército, mas falhando nas provas físicas. Devido a sua bondade, honra e senso do dever, ele é escolhido por Erskine para o programa do super soldado, mas, logo após ele ser transformado, um ataque destrói o necessário para o projeto e mata o cientista, impossibilitando que sejam criados outros super soldados. Adquirindo força, velocidade e resistência sobre-humanas, Rogers, ao invés de ser mandado para lutar na linha de frente da Segunda Guerra Mundial, passa a ser usado como instrumento de marketing, para arrecadar dinheiro para o exército e estimular os jovens a se alistarem, recebendo um uniforme com as cores da bandeira norte-americana e o apelido de Capitão América.
Paralelamente a isso, entretanto, Schmitt encontra um artefato que pode virar o jogo a favor do Terceiro Reich, um cubo de cor azulada aparentemente capaz de gerar energia infinita. Ele e Zola usam o poder do cubo, chamado Tesseract, para criar armas de última geração, contra as quais os Aliados não possuem defesa. Ao saber que Bucky desapareceu após uma missão na Itália contra as forças do Eixo enquanto ele estava lá participando de um show, Rogers decide montar um pequeno esquadrão e ir salvá-lo, e logo fica claro que ele é o único capaz de deter a ameaça do Caveira Vermelha. No fim, para frustrar os planos do vilão, Rogers se sacrifica, mas, por uma providência do destino, não morre, ficando congelado. Graças ao soro do super soldado, ele sobrevive, até ser resgatado na época atual pela S.H.I.E.L.D., com Fury oferecendo para que ele faça parte dos Vingadores.
Treze empresas de efeitos visuais trabalhariam no filme; o mais impressionante, que transformava Evans, um musculoso de 1,84 m, em um franzino de 1,50 m, ficaria a cargo da LOLA, de Los Angeles. A arma preferida do Capitão, seu escudo, existiria em cinco versões, sendo uma de alumínio, uma de fibra de vidro, uma de borracha, uma de poliuretano e uma totalmente gerada por computação gráfica, com cada cena usando a que fosse mais apropriada. O rosto do Caveira Vermelha, por outro lado, era uma máscara de látex à moda antiga, criada pelo designer David White, para que o resultado ficasse realístico.
O filme estrearia em 19 de julho de 2011, e seria considerado um sucesso de público: orçado em 140 milhões de dólares, renderia 176 milhões nos Estados Unidos e 370 milhões no mundo inteiro. Ele seria o filme de super-heróis de maior bilheteria no dia da estreia em 2011, superando Thor, Lanterna Verde e X-Men: Primeira Classe, e o segundo de maior bilheteria no primeiro fim de semana, atrás de Thor; como curiosidade, foi também o terceiro filme ambientado na Segunda Guerra Mundial de maior bilheteria em todos os tempos, atrás de O Resgate do Soldado Ryan e Pearl Harbor. A crítica também receberia bem o filme, com poucos o avaliando negativamente.
Capitão América: O Primeiro Vingador seria o último filme do MCU distribuído pela Paramount. O contrato original dos Marvel Studios com o estúdio previa também a distribuição de Os Vingadores e Homem de Ferro 3, mas, após a Marvel ser comprada pela Disney, a casa do Mickey negociaria com a Paramount um acordo para que fosse ela a distribuí-los, que incluía a manutenção do logotipo da Paramount no início de Os Vingadores, e o pagamento da mesma porcentagem da bilheteria que eles receberiam se o tivessem distribuído. A venda da Marvel para a Disney acabaria fazendo bem ao MCU em termos financeiros: com os filmes cada vez mais engrenados, e agora com muito mais dinheiro à disposição, o MCU deixaria de ser um projeto ousado para se tornar um objetivo a ser copiado por vários outros estúdios - a Sony chegaria a planejar um Aranhaverso; a Universal tentaria criar um Dark Universe, ligando filmes estrelados pelos monstros clássicos que a fizeram famosa nos anos 1930 e 1940; e a Warner, dona da DC, principal rival da Marvel, tenta até hoje engrenar seu DCU. Mas, até o final de Capitão América: O Primeiro Vingador, tudo isso era apenas uma aposta - que, felizmente, se mostraria bem-sucedida.
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