Mas era quase certo que eu iria fazer uma continuação, e por um motivo muito simples: os desenhos Marvel da década de 1990 são meus preferidos. Eu adorava Homem-Aranha e Seus Amigos quando era criança, mas os desenhos da década de 1990 passavam quando eu era adolescente e minha paixão por super-heróis estava em seu auge. Acho até que, se até hoje eu gosto mais da Marvel que da DC, esses desenhos estão dentre os culpados.
Assim, peço licença para retornar ao assunto e fazer uma segunda parte do post sobre os Desenhos Marvel, abordando os produzidos na década de 1990! Não prometo que farei mais uma com os produzidos a partir de 2000, mas, em se tratando do átomo, nunca se sabe.
O primeiro desenho Marvel da década de 1990 foi o dos X-Men. A Marvel Productions, estúdio de animação sucessor da DePatie-Freleng Enterprises e responsável pelos desenhos Marvel da década de 1980, já havia tentado produzir um desenho dos X-Men em 1989, mas acabou conseguindo produzir só o piloto antes que dificuldades financeiras fizessem com que ela tivesse de fechar as portas. Esse piloto, chamado Pryde of the X-Men, teria como protagonista Kitty Pryde, mais recente membro de uma equipe que já contava com Ciclope, Colossus, Noturno, Cristal, Tempestade e Wolverine, que tem de impedir Magneto e a Irmandade de Mutantes, cujo pouco ambicioso plano é fazer um cometa colidir com a Terra.
Como já estava pronto mesmo, Pryde of the X-Men seria exibido algumas vezes como parte do programa Marvel Action Hour, que estreou em 1988 e trazia também reprises do desenho do Homem-Aranha de 1981 e de Homem-Aranha e Seus Amigos, além de Dino-Riders e do desenho do Robocop. Pryde of the X-Men também ficaria famoso por dar origem ao jogo de arcades dos X-Men produzido pela Konami (aquele que permitia até 6 jogadores simultâneos), mas a série da qual ele seria o piloto jamais seria produzida, com a Marvel recomeçando do zero quando tivesse uma nova oportunidade de produzir um desenho dos X-Men.
Essa oportunidade viria em 1992, graças à diretora do canal Fox, Margaret Loesch. Quando a Marvel Productions anunciou que não daria continuidade a Pryde of the X-Men, Loesch tentou de várias formas convencê-la do contrário, mas não conseguiu um contrato que permitisse ao estúdio superar suas dificuldades financeiras e prosseguir com a produção. Loesch, entretanto, não desistiria, e, naquele ano, conseguiria finalmente um arranjo para a produção de 13 episódios de um novo desenho dos X-Men: a Marvel cederia os personagens e as histórias e a Fox exibiria o desenho, produzido e distribuído pela Saban, produtora dos Power Rangers, e animado pelo estúdio sul-coreano AKOM, responsável por desenhos da Warner como Tiny Toons e Animaniacs.
Loesch planejava exibir o primeiro episódio do novo desenho em setembro, mas atrasos na produção do piloto, A Noite dos Sentinelas, fariam com que ele só pudesse estrear em 31 de outubro de 1992. Além dos atrasos, a AKOM cometeu vários erros ao animar o desenho, e se recusou a corrigi-los, alegando que seguiu ao pé da letra as informações da Saban e da Marvel. Irritada, e não querendo adiar ainda mais a estreia, a Fox dividiu o piloto em dois, exibindo esses dois primeiros episódios como um "preview", e ameaçou cancelar todos os contratos que tinha com a AKOM. Somente então o estúdio assumiu ter feito burrada e corrigiu os erros. A Fox reexibiria os episódios em janeiro de 1993, seguidos pelos demais 11 da temporada, já corretamente animados.
Quando Loesch costurou o acordo, planejava produzir a série da qual Pryde of the X-Men foi o piloto; a Marvel, porém, sabia que os tempos tinham mudado - Kitty Pryde, Cristal, Colossus e Noturno já não eram exatamente protagonistas nos quadrinhos - e decidiu fazer um desenho que tivesse como X-Men a equipe popularizada na década de 1990 por Jim Lee: Ciclope, Wolverine, Vampira, Tempestade, Fera, Gambit, Jean Grey e Jubileu, liderados pelo Professor X. O desenho traria versões das maiores histórias dos X-Men, como Dias de um Futuro Esquecido e a Saga da Fênix Negra, mas com adaptações para a época e a equipe que as viviam, além de referências às histórias clássicas - no episódio de estreia de Magneto, assim como em sua história de estreia nos quadrinhos, os X-Men o enfrentam em uma base de lançamento de mísseis. Dentre os vilões, os principais eram Magneto, Apocalipse, Mística, Dentes de Sabre, os Sentinelas e o Sr. Sinistro, com os secundários incluindo o Rei das Sombras, Ômega Vermelho, Henry Peter Gyrich, o Fanático, Sauron, Mojo, Espiral, Avalanche, Pyro e Blob. Alguns episódios contaram com participações especiais de outros personagens do universo dos X-Men, especialmente Bishop e Cable.
O desenho dos X-Men foi um grande sucesso de público e de crítica, principalmente por abordar temas espinhosos como divórcio, religiosidade, o Holocausto e até mesmo a Aids em seus episódios. As posturas de Xavier e Magneto em relação aos mutantes eram frequentemente comparadas às posturas de Martin Luther King Jr. e Malcolm X em relação aos direitos dos negros nos Estados Unidos. Hoje pouco se fala nisso, mas, na época, o desenho dos X-Men rivalizava com aquele do Batman produzido por Paul Dini e Bruce Timm em termos de audiência e elogios da crítica. Esse sucesso fez com que o desenho durasse nada menos que cinco temporadas, se tornando, até hoje, o desenho Marvel com o maior número de episódios, 76, o último tendo sido exibido em 20 de setembro de 1997.
O sucesso da primeira temporada dos X-Men também garantiu à Marvel uma extensão de seu contrato com a Saban para a produção de mais desenhos. Para melhor gerir essa nova produção, a Marvel criaria uma nova subsidiária, a Marvel Films, que mais tarde se tornaria a Marvel Studios, hoje responsável por filmes como Homem de Ferro e Os Vingadores.
A primeira produção da Marvel Films foi The Marvel Action Hour, um bloco de uma hora exibido desde o início em syndication - ou seja, passava desde a estreia em vários canais ao mesmo tempo, diferentemente de X-Men, que, originalmente, só passava na Fox. Cada "episódio" de The Marvel Action Hour começava com um episódio de um desenho do Homem de Ferro e terminava com um do Quarteto Fantástico. A estreia foi em 24 de setembro de 1994 e o encerramento em 24 de fevereiro de 1996, após duas temporadas e 26 episódios de cada desenho. Curiosamente, esses desenhos sofreriam de uma certa esquizofrenia, com a segunda temporada sendo totalmente diferente da primeira - no caso do Homem de Ferro, tão diferente que parece que são dois desenhos distintos. Isso aconteceu porque, insatisfeitas com a qualidade dos desenhos, que recebiam pesadas críticas tanto aos roteiros quanto à animação, Marvel e Saban demitiram o roteirista-chefe, Ron Friedman, substituindo-o por Tom Tataranowicz, e passaram a animação, a cargo da Rainbow Animation Group no caso do Homem de Ferro e da Wang Film Productions no caso do Quarteto Fantástico, para o estúdio sul-coreano Koko Enterprises, que, por um acaso, também tinha assumido os desenhos da Warner após mais uma besteira da AKOM. Talvez por causa dessas mudanças, depois do fim do bloco, nenhum dos dois desenhos se sustentou sozinho.
Em uma jogada de marketing, o Homem de Ferro foi escolhido, ao invés, por exemplo, do Homem-Aranha, por seu potencial para vender brinquedos - de fato, após o lançamento do desenho foi lançada uma extensa linha de brinquedos, cuja maioria era de variações da armadura do herói. Na primeira temporada, o desenho do Homem de Ferro seguia a fórmula de "grupo do bem versus grupo do mal" comum em desenhos dos anos 80 como He-Man e Thundercats: um arquivilão, o Mandarim, deseja roubar um artefato, a tecnologia da armadura do Homem de Ferro, que lhe permitirá dominar o mundo. Tony Stark, playboy bilionário responsável por criar a tal tecnologia, se transforma no Homem de Ferro para impedi-lo, e ambos os lados reunem grupos de colegas/capangas para facilitar sua tarefa: o Homem de Ferro lidera um grupo de heróis formado por Máquina de Combate, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate, Century e a segunda Mulher-Aranha (a de uniforme preto; essa equipe não foi escolhida por acaso, sendo baseada na Força-Tarefa, equipe que o Homem de Ferro formou nos quadrinhos no início da década de 1990), enquanto o Mandarim tem como asseclas o Cavaleiro do Medo, Chicote Negro, Gárgula Cinzento, Nevasca, Ciclone e Hypnotia, todos meio incompetentes como os capangas de um vilão de desenho animado devem ser. A maior parte dos episódios consistia de histórias fechadas, nas quais o Mandarim enviava um ou mais capangas para fazer alguma maldade e o Homem de Ferro selecionava um ou mais heróis para ajudá-lo a detê-los. Em vários episódios, o Homem de Ferro usava armaduras diferentes, como uma armadura submarina ou uma que lhe permitia ir ao espaço sideral.
Já na segunda temporada os episódios seguiam um arco, e, assim como no desenho dos X-Men, temas adultos como fobias, alcoolismo e consequências de seus atos eram abordados. Os anéis do Mandarim foram espalhados pelo mundo, e ele passou de vilão a coadjuvante, aparecendo apenas quando procurava por eles. Os aliados do Homem de Ferro também passaram a aparecer cada vez menos, e ele passou a cuidar de seus problemas sozinho, ou, no máximo, com a ajuda da Mulher-Aranha e do Máquina de Combate, que, após desenvolver uma fobia de ficar preso dentro da armadura para sempre, aparecia mais como James Rhodes do que como o super-herói. Os principais vilões da segunda temporada eram Justin Hammer, MODOK e Fin Fang Foom, que planejava reunir um grupo de dragões para dominar o mundo.
Por sua vez, o desenho do Quarteto Fantástico seguia fielmente o enredo das histórias clássicas da década de 1960, como a da chegada de Galactus, a incursão de Namor ao mundo terrestre e a invasão dos Skrulls, com o principal vilão da série sendo o Dr. Destino. Friedman, porém, tentou tornar os desenhos mais cômicos e apropriados às crianças, inserindo mais piadas e criando uma nova personagem, uma senhoria britânica para o prédio onde morava o Quarteto, o que desagradou aos fãs e à crítica. No início de cada episódio, Stan Lee fazia uma breve introdução, explicando quem seriam os pewrsonagens daquele episódio e o que o teria inspirado a criá-los, o que era considerado chato e desnecessário pelos telespectadores.
Na segunda temporada essa introdução foi removida, o humor foi deixado de lado e o Dr. Destino apareceu menos, com a maior parte dos episódios contando com vilões como o Homem-Psíquico e o Mago e com a participação de heróis como os Inumanos, o Hulk e o Demolidor. Galactus também retornou, mas sem a companhia do Surfista Prateado, seu arauto na primeira temporada. No geral, as mudanças feitas para a segunda temporada não agradaram, e tanto o desenho do Quarteto Fantástico quanto o do Homem de Ferro tiveram péssimos índices de audiência, o que acabou levando ao cancelamento do bloco.
Enquanto produzia The Marvel Action Hour, a Marvel Films também produziu um novo desenho para a Fox, dessa vez estrelando o Homem-Aranha. Assim como o dos X-Men, ele era baseado nas maiores histórias do Aranha, e não tinha um vilão principal - quem mais se aproximava desse papel era o Rei do Crime. Na primeira temporada, cada episódio era uma história fechada, na qual o Homem-Aranha enfrentava um de seus vilões clássicos, como o Lagarto, o Escorpião, Dr. Octopus, Mysterio ou Morbius, com alguns sendo, no máximo, em duas partes, como o do Duende Macabro, ou em três, como o do Venom; curiosamente, Norman Osborn era um dos principais personagens, mas o Duende Verde só daria as caras na terceira temporada. A partir da segunda temporada, começaram a surgir os arcos de história, e vários outros heróis Marvel fizeram participações especiais em alguns episódios, como o Demolidor, Blade, Dr. Estranho, o Justiceiro, Capitão América e até mesmo o Homem de Ferro, o Quarteto Fantástico e os X-Men - a Quinta temporada, aliás, foi um grande arco de história recriando resumidamente a saga Guerras Secretas, com a Madame Teia escolhendo o Homem-Aranha para liderar uma equipe formada por Sr. Fantástico, Mulher Invisível, Tocha Humana, Coisa, Capitão América, Gata Negra, Homem de Ferro e Tempestade contra uma equipe de vilões liderada pelo Dr. Destino e formada por Dr. Octopus, o Lagarto, o Caveira Vermelha e Alistair Smythe. É interessante notar que, assim como no filme de Sam Raimi, o desenho não conta com Gwen Stacy, com o principal interesse amoroso de Peter Parker sendo Mary Jane.
Assim como o desenho dos X-Men, o do Homem-Aranha fez um grande sucesso e durou cinco temporadas, embora tenha tido menos episódios, 65, o primeiro sendo exibido em 19 de novembro de 1994 e o último em 31 de janeiro de 1998. A série, aliás, só seria cancelada porque o presidente da Marvel Films, Avi Arad, se desentenderia com Loesch, chegando a prometer jamais trabalhar com ela novamente - na quinta temporada, a audiência ainda era excelente, e até mesmo a popularidade dos quadrinhos do Homem-Aranha foi alavancada pela popularidade do desenho. Assim como o desenho do Homem de Ferro, o do Homem-Aranha também teve uma linha de brinquedos relacionada, que também fez grande sucesso.
Enquanto os desenhos do Homem-Aranha e dos X-Men ainda estavam no ar, a Saban conseguiu um novo contrato para a Marvel Films, para produzir um desenho para o canal UPN, de propriedade da Paramount. Após algumas negociações, ficaria decidido que esse desenho seria estrelado pelo Hulk. Esse seria o último desenho produzido pela Marvel Films, que, em meados de 1996, se transformaria na Marvel Studios.
O novo desenho do Hulk, que em inglês se chamava The Incredible Hulk, estrearia em 8 de setembro de 1996, e, assim como os desenhos do Quarteto Fantástico e do Homem de Ferro, sofreria de esquizofrenia. Na primeira temporada, de 13 episódios, Bruce Banner tenta, com a ajuda de seus amigos Betty Ross, Leonard Samson e Rick Jones, encontrar uma cura para a radiação gama que faz com que ele, quando nervoso, se transforme no Hulk (dublado por Lou Ferrigno, que interpretava o Hulk na série da década de 1970), enquanto foge de dois antagonistas: o General Thunderbolt Ross, pai de Betty, que considera o Hulk uma ameaça ao país e planeja usar o exército para destruí-lo, e o Líder, outra criatura criada pela radiação gama, mas que, ao invés de grande força, adquiriu grande inteligência, e que, com a ajuda de capangas também modificados pela radiação gama, como o Gárgula e o Abominável, planeja capturar o Hulk para extrair seu DNA e criar um exército que lhe permitirá dominar o mundo. Como de costume, o desenho contaria com a participação de outros heróis Marvel, como Thor, o Motoqueiro Fantasma, o Quarteto Fantástico, o Máquina de Combate e a Mulher-Hulk, que teria sua origem contada em um episódio de duas partes.
A primeira temporada seria considerada muito adulta e sombria pela UPN, que exigiria mudanças para a segunda - praticamente todos os episódios tinham um final triste, no qual Banner parecia estar ainda mais miserável do que quando o episódio começou. A pedido do canal, Samson e os mutantes criados pelo Líder foram removidos da série, Rick Jones e Betty Ross passaram a ter cada vez menos importância, o General Ross deixaria de ser um dos antagonistas, restando somente o Líder, e a Mulher-Hulk teria muito mais destaque, tanto que o nome do desenho seria alterado para The Incredible Hulk and She-Hulk. A segunda temporada também traria o Hulk Cinza, que lutaria pelo controle da mente de Banner contra o Hulk original. Essas mudanças não agradaram ao público, e a audiência da segunda temporada foi sofrível, o que faria com que ela fosse cancelada após apenas oito episódios, para um total de 21, o último sendo exibido em 23 de novembro de 1997.
Em 1997, Larry Brody, criador da Série Animada de Jornada nas Estrelas e do desenho do Super-Homem produzido por Paul Dini e Bruce Timm, procuraria a Marvel Studios com a ideia de um desenho do Surfista Prateado, herói que realmente não era muito lembrado nessas horas. Como a produção do desenho dos X-Men já havia se encerrado, a Marvel entregou a produção do desenho do Surfista à Saban. Mesclando animação tradicional e computação gráfica, o desenho seria fortemente inspirado nas histórias clássicas criadas por Jack Kirby, principalmente no tocante ao visual dos personagens. Para que o Surfista fosse a verdadeira estrela do desenho, alguns pontos-chave das histórias seriam alterados, como a total ausência do Quarteto Fantástico na chegada de Galactus à Terra, que é salva pelo Surfista por lembrá-lo de Zenn-La, seu planeta natal.
O desenho do Surfista Prateado estrearia em 7 de fevereiro de 1998 na Fox - na época, Loesch já não era a diretora do canal, tendo sido substituída por Roland Poindexter, e, após as experiências ruins com a UPN e com os desenhos em syndication, a Marvel decidiria tentar mais uma vez com o canal que havia televisionado seus maiores sucessos da década. Seus 13 episódios contariam um grande arco de história, tocando em temas como ecologia, imperialismo, pacifismo e escravidão, e contando com a participação de vários personagens "espaciais" da Marvel, como Thanos, Nebula, o Vigia, Frankie Raye, Pip, Drax, Gamora, Bill Raio Beta e Adam Warlock. Apesar de ter tido boa audiência e agradado à crítica - cuja única reclamação foi quanto ao excesso de monólogos longos do protagonista - o desenho só teria essa temporada, se encerrando em 16 de maio de 1998. Oito roteiros chegaram a ser escritos para uma segunda temporada, mas a produção do desenho era caríssima, e a Marvel, passando mais uma vez por um momento complicado, preferiria investir em um desenho mais barato e de maior retorno.
Esse desenho, na opinião da Marvel, era o do Homem-Aranha. Sem Loesch na Fox, Arad aceitaria retomar a produção, e começariam os planos para uma hipotética sexta temporada, com orçamento bastante reduzido em relação às cinco anteriores. Essa temporada, porém, esbarrou em um problema: mais ou menos na mesma época, a Marvel negociou os direitos do Homem-Aranha com a Sony, para que fosse produzido o filme do Sam Raimi. Por causa do contrato firmado com a Sony, a Saban não poderia usar o uniforme original do herói, nem adaptar nenhuma de suas histórias clássicas.
A Saban poderia simplesmente ter convencido a Marvel a produzir um desenho de outro personagem, mas resolveu pagar pra ver com uma solução bem bizarra: no novo desenho, o uniforme do Homem-Aranha teria nanotecnologia criada pelo Sr. Fantástico, que incluía tecnologia de camuflagem e raios sônicos, e ele viveria suas aventuras não na Terra, mas na Contra-Terra, um planeta extremamente semelhante ao nosso, descoberto por John Jameson, o filho astronauta do dono do Clarim Diário. A Contra-Terra é dominada pelo Alto Evolucionário, um geneticista que combina DNA de humanos e animais buscando criar a raça perfeita, e o Homem-Aranha vai parar lá quando Venom e Carnificina sabotam o ônibus espacial que está levando John Jameson para o planeta enquanto Peter está tirando fotos do evento - quando o Homem-Aranha tenta impedir os vilões, os quatro acabam viajando pelo espaço, e, graças à sabotagem, ficam presos na Contra-Terra.
Apesar de ser oficialmente uma continuação, o desenho sairia tão diferente do anterior que a Marvel decidiria lhe dar um subtítulo, Homem-Aranha: Ação Sem Limites (Spider-Man Unlimited em inglês). O desenho estrearia em 2 de outubro de 1999 com boa audiência, mas, devido à popularidade de Pokémon no concorrente Kids WB, a Fox optaria por investir em Digimon, tirando o Homem-Aranha do ar após apenas quatro episódios. A série só voltaria ao ar em 13 de janeiro de 2001, mais de um ano após a exibição do quarto episódio, quando os nove restantes, para um total de 13, seriam finalmente exibidos. Talvez pelo longo hiato, talvez porque o desenho era ruinzinho mesmo, essa "segunda metade" não teve boa audiência, e uma segunda temporada não foi produzida, mesmo com oito roteiros já estando prontos - o último episódio, que foi ao ar em 31 de março de 2001, aliás, termina com um final aberto, cuja conclusão ninguém jamais saberá.
Antes de a década terminar, Marvel e Fox ainda produziriam um último desenho, dos Vingadores (chamado, em inglês, Avengers: United They Stand). Poindexter já planejava fazer um desenho dos Vingadores desde 1997, e dois dos roteiristas do desenho dos X-Men chegaram a criar uma sinopse para um arco de história de 13 episódios, mas os problemas financeiros da Marvel adiariam a produção da série até 1999. No desenho, a equipe dos Vingadores é formada por Homem-Formiga, Vespa, Magnum, Tigra, Gavião Arqueiro, Falcão, Visão e Feiticeira Escarlate. Segundo o roteirista-chefe Eric Lewald, mesmo do desenho dos X-Men, a opção de deixar os "Vingadores principais" - Capitão América, Homem de Ferro, Thor e Hulk - de fora se deveu ao fato de que ele preferia focar em um grupo equilibrado de super-heróis ao invés de um grupo de coadjuvantes liderado por estrelas, mas a verdade é que a Marvel, assim como havia feito com Homem-Aranha e X-Men, planejava negociar os direitos desses personagens para filmes, e colocá-los no desenho podia prejudicar as negociações. Capitão América e Homem de Ferro ainda chegaram a fazer participações especiais em um episódio cada, mas Thor só aparece na abertura, e o Hulk nem isso.
Na época, o desenho de super-heróis mais popular era Batman do Futuro, exibido pela Kids WB, o que fez com que a Fox pedisse à Marvel que ambientasse o desenho dos Vingadores cerca de 20 anos no futuro, para tentar pegar uma carona no sucesso do concorrente. Assim, Nova Iorque, onde a ação se passa, possui prédios e carros futuristas, e os Vingadores contam com tecnologias como armaduras e um comunicador em forma de A ao estilo dos de Jornada nas Estrelas. Os antagonistas, porém, são os mesmos dos quadrinhos, como Ultron, Kang, os Mestres do Mal, o Zodíaco e o Ceifador, que no desenho também é irmão de Magnum. Embora as histórias clássicas não tenham sido adaptadas para o desenho, vários episódios faziam referências a elas.
O desenho dos Vingadores também só teve uma temporada, de 13 episódios, estreando em 30 de outubro de 1999 e se encerrando em 26 de fevereiro de 2000. Sinopses para a segunda temporada chegaram a ser planejadas, incluindo participações especiais de Hulk, Thor e dos X-Men, mas, devido à baixa audiência da primeira, a Fox preferiu não encomendar a segunda.
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Década de 1990 |
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