sábado, 18 de outubro de 2025

Escrito por em 18.10.25 com 0 comentários

Rihanna

Uma vez um amigo me disse que eu sou um roqueiro poser, porque eu digo que gosto de rock, mas, na verdade mesmo, eu gosto de cantoras pop tipo Christina Aguilera e Rihanna. O pior é que eu realmente gosto de rock, mas, quando decido escutar música enquanto estou fazendo alguma atividade, tipo escrever esse post, normalmente opto por alguma cantora pop, não sei precisar a razão. De qualquer forma, o comentário dele me fez perceber que existe pelo menos uma cantora pop da qual eu gosto para a qual eu ainda não havia escrito um post. Para corrigir isso, hoje é dia de Rihanna no átomo!


Robyn Rihanna Fenty nasceu em 20 de fevereiro de 1988 em Saint Michael, Barbados. A família de sua mãe é originária da Guiana, e seu pai era descendente de irlandeses, ingleses, escoceses e africanos do oeste da África. Ela foi a primeira de três filhos do casal, tendo dois irmãos mais novos, mas também tem duas meio-irmãs e um meio-irmão, frutos de relacionamentos prévios de seu pai. Quando criança, sua família era pobre, com seu pai trabalhando como administrador de um aramazém quando Rihanna nasceu, mas sendo demitido quando ela ainda era bem pequena; por causa disso, Rihanna cresceria em Bridgetown, a capital de Barbados, morando em um bangalô de três quartos que os Fenty dividiam com duas outras famílias, e ajudando seu pai a vender roupas em uma barraquinha de rua. Para piorar a situção, seu pai era alcóolatra e viciado em cocaína, e batia em sua mãe, nela e nos irmãos quando estava alterado. Talvez por causa disso, durante toda infância e adolescência, ela sofreria com fortes dores de cabeça cuja causa nenhum médico conseguia diagnosticar, desconfiando até de um tumor cerebral, que só começariam a melhorar após o divórcio de seus pais, quando ela tinha 14 anos.

Na escola, Rihanna era considerada uma boa aluna, e se interessava por dança, canto e poesia; ela era apaixonada por reggae, ouvindo especialmente Sizzla e Damien Marley, mas também gostava muito de Whitney Houston e Mariah Carey. Aos 11 anos, ela se alistaria no Programa de Jovens Cadetes do exército de Barbados, que lhe garantiria educação pública e a oportunidade de uma carreira militar, e onde teria como sargento outra futura cantora, Shontelle. Embora não pensasse em seguir carreira militar, Rihanna planejava fazer parte do programa até completar o Ensino Médio, mas acabaria abandonando tanto o projeto quanto a escola aos 16 anos, para viajar aos Estados Unidos e começar sua carreira de cantora de sucesso.

Sua primeira experiência no mundo da música ocorreria um ano antes, em 2003, quando Rihanna, aos 15 anos e ao lado de duas colegas de sala, formaria um grupo musical sem nome e sem material original, que arriscaria a sorte em uma audição promovida pelo produtor norte-americano Evan Rogers, cantando Emotion, do Destiny's Child. Segundo Rogers, o talento de Rihanna era tamanho que, assim que ela entrou na sala, era como se estivesse sozinha, com as outras duas garotas sendo totalmente ofuscadas por sua performance. Impressionado, ele entraria em contato com a mãe de Rihanna e convidaria a menina para se apresentar novamente, dessa vez sozinha. Arrasando também no segundo teste, Rihanna e a mãe seriam convidadas para viajar com Rogers até Connecticut, nos Estados Unidos, para gravar fitas demo que seriam oferecidas a gravadoras norte-americanas. As duas aceitariam, e, em 2004, Rihanna viajaria e gravaria Pon de Replay e The Last Time.

Uma das fitas demo seria enviada para o rapper Jay-Z, que havia acabado de se tornar CEO da gravadora Def Jam Records. Ele acharia que Pon de Replay era "grande demais" para uma artista estreante, mas gostaria da voz de Rihanna, e a convidaria para uma audição, à qual estariam presentes Jay-Z e o executivo Antonio Reid, recém-saído da gravadora Arista. Rihanna cantaria suas duas músicas demo e For the Love of You, de Whitney Houston, e deixaria Reid tão impressionado que ele diria que Jay-Z não poderia deixar que ela saísse do prédio sem um contrato. Ela acabaria assinando para sete álbuns com a Def Jam, cancelando reuniões que ainda tinha marcadas com outras gravadoras, e, às vésperas de completar 17 anos, se mudaria definitivamente com a mãe e os irmãos para os Estados Unidos.

A produção do primeiro álbum de Rihanna levaria três meses, durante os quais Rogers e o também produtor Carl Sturken criariam a Syndicated Rhythm Productions, especialmente para cuidar de sua carreira. Seria Rogers que convenceria Jay-Z a deixar Rihanna gravar e lançar como seu primeiro single, em maio de 2005, Pon de Replay, que se tornaria um gigantesco sucesso, alcançando o segundo lugar tanto no Top 100 da Billboard quanto na lista da OCC, do Reino Unido. Seu primeiro álbum, Music of the Sun, seria lançado em agosto, vendendo 69 mil cópias apenas na primeira semana, rendendo um Disco de Platina e chegando à décima posição na lista de mais vendidos; sua segunda música de trabalho, If It's Lovin' that You Want, chegaria a posição 36 no Top 100. O sucesso do álbum também renderia a Rihanna um convite para uma participação no filme lançado diretamente em DVD As Apimentadas: Tudo ou Nada, interpretando ela mesma, em busca de uma equipe de cheerleaders para participar de seu novo clipe.

Pon de Replay, escrita por Rogers, Sturken, Alisha Brooks e Vada Nobles, é considerada uma das músicas de estreia mais bombásticas da década de 2000 - o que talvez mostre que Jay-Z tinha certa razão - e, por si só, tinha potencial para transformar Rihanna em um fenômeno mundial; ainda assim, talvez não querendo arriscar, o produtor Jonathan Hay espalharia anonimamente que Rihanna e Jay-Z eram um casal, o que faria com que a menina ganhasse matérias em vários jornais e revistas, e com que a música recebesse atenção especial das rádios. O romance seria desmentido ainda em 2005, mas a carreira de Rihanna já havia sido catapultada pela fofoca; anos mais tarde, o publicitário oficial de Rihanna, Lucian Knight, revelaria publicamente que a fofoca havia de fato sido plantada por Hay, o que levaria à produção de vários documentários sobre o caso, e à publicação de diversos estudos sobre as ramificações e limites das relações públicas de artistas pop. Jamais ficou claro se Rihanna sabia que Hay pretendia divulgar a fofoca ou se foi uma vítima inocente.

Assim que lançou seu primeiro álbum, Rihanna já começou a trabalhar no segundo, A Girl Like Me, lançado em abril de 2006. O segundo álbum seria um sucesso ainda maior que o primeiro, vendendo 115 mil cópias somente na primeira semana, chegando ao quinto lugar na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos e no Reino Unido, e rendendo um Disco de Platina Duplo. Sua primeira música de trabalho, SOS, alcançaria o primeiro lugar no Top 100 da Billboard, e a segunda, Unfaithful, chegaria à sexta posição; as outras duas músicas de trabalho seriam We Ride e Break It Off, um dueto com Sean Paul, que chegaria à nona posição. Em julho de 2006, Rihanna sairia em sua primeira turnê, para promover seus dois primeiros álbuns, com shows apenas nos Estados Unidos, apesar de, aos 18 anos, ela já ser considerada um fenômeno mundial.

No início de 2007, Rihanna aceitaria um convite para, junto com Shontelle, participar da música Roll It, do álbum de estreia da banda jamaicana J-Status. Logo após gravar sua participação, ela começaria a trabalhar em seu terceiro álbum; incomodada com a imagem de boa moça que a imprensa norte-americana queria colar nela de qualquer jeito, ela coversaria com Ne-Yo, Timbaland, Justin Timberlake e Tricky Stewart sobre criar um álbum que mostrasse que ela estava, ao mesmo tempo, mais madura e mais rebelde. Assim surgiria Good Girl Gone Bad (algo como "boa moça agindo mal"), lançado em maio de 2007, produzido por Rogers, Sturken, Stewart, Timbaland, The-Dream, Neo da Matrix e Stargate. Abandonando os ritmos caribenhos que permeavam seus dois primeiros álbuns, Rihanna apostaria no dance-pop e no R&B com fortes influências dos anos 1980, no que seria considerado um ponto de virada em sua carreira.

Good Girl Gone Bad venderia 162 mil cópias apenas na primeira semana, chegaria à segunda posição da Billboard, e renderia a Rihanna nada menos que sete Discos de Platina, além de sete indicações ao Grammy, incluindo Álbum do Ano. É nele que está o mega sucesso Umbrella, com participação de Jay-Z, eleita uma das 500 melhores músicas de todos os tempos pela revista Rolling Stone, ganhadora do Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap, indicada ao de Gravação do Ano, e que estourou nas rádios do mundo inteiro, chegando ao primeiro lugar das paradas de sucesso em nada menos que 18 países: Estados Unidos (onde ficou em primeiro por sete semanas consecutivas), Reino Unido (dez semanas), Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Hungria, Irlanda, Noruega, Nova Zelândia, Rússia, Suíça e Venezuela; esse sucesso todo levaria Rihanna à sua primeira turnê internacional, com shows em 30 países ao longo de um ano e meio.

Além de Umbrella, Good Girl Gone Bad também teria como músicas de trabalho Don't Stop the Music (terceiro lugar na Billboard e também um grande sucesso internacional), Hate That I Love You (nono lugar), Shut Up and Drive e Rehab. Em abril de 2008, o álbum ganharia uma segunda versão, Good Girl Gone Bad: Reloaded, com três novas faixas e um DVD mostrando cenas de bastidores da turnê. Todas as três novas faixas seriam lançadas como músicas de trabalho, com Take a Bow e Disturbia sendo grandes sucessos internacionais, ambas chegando ao primeiro lugar do Top 100 da Billboard; a terceira, If I Never See Your Face Again era uma canção do Maroon 5 com a participação de Rihanna, também presente no álbum It Won't Be Soon Before Long. Ainda em 2008, Rihanna lançaria Girl Gone Bad Live, DVD contendo um dos shows de sua turnê, em Manchester, Inglaterra; anunciaria publicamente seu romance com o rapper Chris Brown; e colocaria mais uma música no topo da parada da Billboard, Live Your Life, dueto com o rapper barbadiano T.I., lançada em seu álbum Paper Trail.

Rihanna seria convidada para participar da cerimônia do Grammy em fevereiro de 2009, mas cancelaria sem apresentar motivos; dias antes, boatos correriam na internet de que ela havia sido espancada por Brown, que se entregou às autoridades, mas foi fichado por ameaça. Um mês depois, ele seria conduzido novamente à delegacia e fichado por agressão; o TMZ teria acesso às fotos que Rihanna faria no exame de corpo de delito, divulgando-as na internet e causando um debate sobre ética na imprensa e os limites dos sites e programas de fofocas em relação à privacidade de celebridades que fossem vítimas de crimes, o que levaria um grupo de advogados a propor a "Lei Rihanna", que proibiria a divulgação de fotos feitas por serviços médicos e agentes públicos. Rihanna testemunharia sobre o caso em junho de 2009, em meio às gravações de seu quarto álbum.

Afetada pelo episódio, a cantora se distanciaria do som alegre de seus lançamentos anteriores, preferindo canções com um tom mais introspectivo, estilo futurista e influências de rock. Com o nome de Rated R, o quarto álbum de Rihanna seria lançado em novembro de 2009 e venderia 181 mil cópias na primeira semana, renderia um Disco de Platina Duplo, e chegaria ao quarto lugar na lista dos mais vendidos. O álbum teria nada menos que seis músicas de trabalho: Russian Roulette (nono lugar na Billboard, Top Ten em mais de 20 países), Hard (dueto com Jeezy, oitavo lugar na Billboad), Wait Your Turn, Rude Boy (primeiro lugar na Billboard durante seis semanas seguidas), Rockstar 101 (com a participação do guitarrista Slash) e Te Amo (que, apesar do título, é cantada em inglês, e cujo clipe traz a modelo francesa Laetitia Casta seduzindo Rihanna). Exceto por Rockstar 101, nas capas de todos os singles Rihanna estava seminua e em poses sexy, ideia da própria cantora para passar uma imagem mais adulta. A turnê de lançamento de Rated R, chamada Last Girl on Earth, teria 67 shows, passando por Estados Unidos, Canadá, Austrália e Europa.

Antes do lançamento de Rated R, Rihanna gravaria, com Jay-Z e Kanye West, Run This Town, que chegaria ao segundo lugar da Billboard e ganharia dois Grammys, de Melhor Canção Rap e Melhor Performance Cantada em Rap. No início de 2010, ela aceitaria um convite de Eminem para gravar com ele Love the Way You Lie, de seu álbum Recovery, que chegaria ao primeiro lugar da Billboard, onde se manteria por sete semanas seguidas. Ainda em 2010, ela gravaria os vocais de Who's That Chick?, de David Guetta, de seu álbum One More Love; participaria, junto com Kid Cudi e Fergie, de All of the Lights, de Kanye West (que ganharia mais um Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap), lançada em seu álbum My Beautiful Dark Twisted Fantasy; e faria um dueto com Nicky Minaj (que é nascida em Trinidad e Tobago e amadrinhada por Rihanna) em Fly, lançada em seu álbum de estreia, Pink Friday.

Apesar disso ter sido escolha dela mesma, e de não ter sido nenhum fracasso, Rihanna não ficaria satisfeita com o tom mais sombrio - palavras dela mesma - de Rated R, e, para seu quinto álbum, decidiria voltar às canções alegres de dance-pop. Assim seria Loud, lançado em novembro de 2010, que venderia 207 mil cópias somente na primeira semana, rendendo cinco Discos de Platina e alcançando o terceiro lugar na lista dos mais vendidos. Três de suas músicas de trabalho alcançariam o primeiro lugar da Billboard, Only Girl (In the World) (ganhadora do Grammy de Melhor Gravação Dance), What's My Name? (dueto com Drake, com quem Rihanna havia iniciado um relacionamento no final de 2009) e S&M (que, em 2011, ganharia um remix no qual Rihanna faz dueto com Britney Spears), fazendo com que Rihanna se tornasse não só a artista solo mais jovem a conseguir dez músicas na primeira posição, mas também a que o fez em menos tempo de carreira. As outras três músicas de trabalho seriam Raining Men (dueto com Nicki Minaj; e que não é regravação de It's Raining Men), Man Down, California King Bed e Cheers (Drink to That). A turnê de lançamento do álbum teria 98 shows, incluindo um num estádio de críquete em Barbados, e os quatro primeiros shows de Rihanna no Brasil, em setembro de 2011, em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, esse último parte do festival Rock in Rio.

O sexto álbum, Talk That Talk, seria lançado um ano depois, em novembro de 2011, e manteria a escalada das vendas, com 198 mil cópias vendidas na primeira semana, rendendo um Disco de Platina Triplo e chegando à terceira posição na lista dos mais vendidos. Sua principal música de trabalho seria We Found Love, com a participação de Calvin Harris, que ficaria dez semanas não-consecutivas na primeira posição da Billboard, além de alcançar a primeira posição nas paradas de sucessos de 30 países, e o Top 3 de mais 12. As demais músicas de trabalho seriam You da One, Talk That Talk (com a participação de Jay-Z) e Where Have You Been (quinto lugar na Billboard). O clipe de We Found Love ganharia o Grammy de Melhor Vídeo Musical Curto e o prêmio de Vídeo do Ano no MTV Music Video Awards, o que faria com que Rihanna se tornasse a única mulher a ganhar esse prêmio da MTV mais de uma vez.

Após o lançamento de Talk That Talk, Rihanna faria mais colaborações, começando por Take Care, dueto com Drake lançado no álbum de mesmo nome do rapper canadense, e Princess of China, do Coldplay, lançada no álbum Mylo Xyloto. Em 2012, ela lançaria um remix de uma das faixas de Talk That Talk que não havia sido selecionada para música de trabalho, Birthday Cake, em dueto com Chris Brown, que lançaria um remix de Turn Up the Music, de seu álbum Fortune, em dueto com Rihanna; os lançamentos seriam assunto na imprensa especializada durante semanas, devido às agressoes que Brown havia cometido contra Rihanna no passado, com a cantora sendo muito criticada por aparentemente tê-lo perdoado - e mais criticada ainda quando os dois reataram, em janeiro de 2013, se separando novamente quatro meses depois. Outro remix de uma música não selecionada para música de trabalho de Talk That Talk, Cockiness (Love It), seria lançado com a participação do rapper ASAP Rocky.

Em agosto de 2012, Rihanna seria uma das apresentadoras do reality show Styled to Rock, no qual jovens estilistas apresentavam suas criações. Também em 2012, ela faria sua estreia no cinema no filme Battleship: A Batalha dos Mares, vagamente inspirada no jogo de tabuleiro Batalha Naval, da Hasbro (que, em inglês, se chama Battleship), no papel da Artilheira Cora Raikes, da Marinha dos Estados Unidos. Pouco antes do lançamento de seu sétimo álbum, Rihanna embarcaria em uma turnê chamada 777 Tour, com 7 shows em 7 dias (de 14 a 20 de novembro de 2012) em 7 países diferentes (México, Canadá, Suécia, França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos), durante a qual ela, uma equipe de 150 pessoas jornalistas de 82 países e um grupo seleto de fãs viajaram de um lugar para o outro a bordo de um Boeing 777 especificamente modificado para a função. A empreitada seria registrada e lançada em DVD em maio de 2013, com o nome de Rihanna 777 Documentary... 7Countries7Days7Shows.

O sétimo álbum de Rihanna, Unapologethic, seria lançado em novembro de 2012 (o quarto seguido lançado em novembro) e traria mais uma mudança significativa no estilo da cantora, com elementos de synth-pop, hip hop e música eletrônica. Aparentemente a nova fórmula daria certo, já que Unapologethic se tornaria o primeiro álbum de Rihanna a alcançar o primeiro lugar na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, vendendo 238 mil cópias apenas na primeira semana, rendendo um novo Disco de Platina Triplo e ganhando o Grammy de Melhor Álbum Contemporâneo Urbano. Sua principal música de trabalho, Diamonds, escrita pela cantora australiana Sia, seria mais uma a chegar ao primeiro lugar da parada da Billboard; as demais músicas de trabalho seriam Stay (dueto com Mikky Ekko, terceiro lugar na Billboard), Pour It Up, Right Now (com a participação de David Guetta), What Now e Jump

Em 2013, Rihanna faria uma participação especial no filme É o Fim, e estaria em um remix de Bad, faixa do álbum The Gifted, do cantor Wale (cuja versão original também era um dueto, mas com Tiara Thomas), e faria uma participação especial na faixa The Monster, do álbum The Marshall Mathers LP 2, de Eminem, mais uma alcançar o primeiro lugar na Billboard e ganhar um Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap. No ano seguinte, seria a vez de Rihanna fazer um dueto com Shakira, em Can't Remember to Forget You, do álbum Shakira. Em 2015, ela estaria em FourFiveSeconds, junto com Kanye West e Paul McCartney, lançada exclusivamente no formato single, que chegaria à quarta posição da Billboard. Também em 2015, ela gravaria Towards the Sun, para a trilha sonora do filme de animação Cada um na sua Casa, no qual ela estrearia como dubladora, dando voz à protagonista Tip.

A turnê de lançamento de Unapologethic se chamaria Diamonds World Tour, e teria 96 shows nos cinco continentes - um novo show em Barbados estava previsto, mas teria de ser cancelado por "problemas técnicos". Ao retornar da turnê, ela decidiria dar um tempo de gravações para "fazer o que quisesse, criativamente". Aproveitando que já tinha cumprido seu contrato com a Def Jam Records, ela optaria por não estendê-lo, assinando com a Roc Nation, fundada por Jay-Z em 2008. Em 2015, ela lançaria dois singles, Bitch Better Have My Money e American Oxygen, e faria mais um show no Rock in Rio, em setembro.

O oitavo e por enquanto último álbum de Rihanna, Anti, seria lançado em janeiro de 2016. Sua primeira música de trabalho, Work, mais um dueto com Drake, seria a 14a da cantora a chegar ao topo da parada da Billboard, o que garantiria a Rihanna o terceiro lugar dentre os artistas com mais primeiros lugares na história, atrás apenas dos Beatles, que têm 20, e de Mariah Carey, que tem 19. As demais músicas de trabalho seriam Kiss It Better, Needed Me (sétimo lugar na Billboard) e Love on the Brain (quinto lugar). Anti venderia 1,4 milhão de cópias em sua primeira semana, mas todas seriam cópias exclusivamente digitais, e um milhão delas seriam compradas pela Samsung, que a distribuiria de graça em seus celulares e notebooks, como parte de um acordo para que a cantora fosse a nova garota propaganda da marca. Mesmo sem essas cópias, consideradas promocionais e que por isso não contam para a Billboard e a RIAA, o álbum seria o segundo de Rihanna a alcançar o topo da lista dos mais vendidos, rendendo seis Discos de Platina. A turnê de lançamento teria 75 shows, nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Abu Dhabi.

Após o lançamento de Anti, Rihanna gravaria Sledgehammer, para a trilha sonora de Star Trek: Sem Fronteiras. Ela também voltaria a fazer colaborações, estando em This Is What You Came For, de Calvin Harris; Nothing is Promised, do álbum Ransom 2, de Mike Will Made It; Too Good, do álbum Views, de Drake; Selfish, do álbum Hndrxx, de Future; Wild Thoughts, do álbum Grateful, do DJ Khaled, que também conta com a participação de Bryson Tiller; Loyalty, do álbum Damn, de Kendrick Lamar (vencedora de mais um Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap, nono e por enquanto último de Rihanna); e Lemon, do álbum No One Ever Really Dies, da banda N.E.R.D.; todas lançadas em 2016 e 2017.

Depois desses lançamentos, ela aparentemente daria um tempo em sua carreira de cantora para investir na de atriz: em 2017, Rihanna interpretaria Marion Crane na quinta e última temporada da série Bates Motel, um papel recorrente que receberia excelentes comentários da crítica especializada; no mesmo ano, ela estaria em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, do diretor Luc Besson, no papel de uma dançarina que pode mudar de forma. Em 2018, ela estaria no filme Oito Mulheres e um Segredo, no papel de uma hacker, e, em 2019, seria, ao lado de Donald Glover, a protagonista de Guava Island.

Na vida pessoal, em 2017, ela anunciaria estar namorando o empresário saudita Hassan Jameel; o relacionamento duraria até 2020, mesmo ano no qual ela voltaria a gravar uma canção, participando de Believe It, do cantor canadense PartyNextDoor. Um ano depois, em 2021, o rapper ASAP Rocky confirmaria que não somente ele e Rihanna estavam juntos como também que ela esperava seu primeiro filho, que nasceu em 2022. Também em 2022, ela gravaria Lift Me Up, trilha sonora de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar de Melhor Canção Original. Em 2023, ela seria a atração do show do intervalo do Super Bowl LVII, durante o qual o mundo descobriria que ela estava grávida de seu segundo filho - o que faria com que Rihanna se tornasse a primeira mulher a se apresentar grávida no show do intervalo do Super Bowl. O show seria o mais assistido da história do Super Bowl, superando o de Katy Perry no Super Bowl XLIX, e seria indicado ao Emmy de Melhor Especial Ao Vivo de Variedades. Após dois anos afastada dos holofotes, ela retornaria em 2025 para dublar a Smurfette no longa animado Smurfs, para a trilha sonora do qual gravaria a música Friend of Mine, por enquanto seu último lançamento.

Atualmente, Rihanna está aposentada da música, se dedicando à família, que não para de crescer - seu terceiro filho, uma menina, nasceria em setembro de 2025 - gerenciando sua empresa Fenty, que tem um ramo de cosméticos (Fenty Beauty), um de produtos para a pele (Fenty Skin), um de produtos para o cabelo (Fenty Hair), um de roupas de luxo (Fenty Fashion House) e um de lingeries (Savage X Fenty), e estando à frente da Clara Lionel Foundation, que criou em 2012 (e tem o nome de seus avós maternos, Clara e Lionel Braithwaite) para arrecadar fundos para o tratamento de crianças com o vírus da AIDS, já tendo custeado a construção de um centro de oncologia no Queen Elizabeth Hospital, em Barbados. Por enquanto ela não tem planos para novos shows ou álbuns, embora não descarte gravar novas canções.
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sábado, 11 de outubro de 2025

Escrito por em 11.10.25 com 0 comentários

Venom

Eu juro que não é minha intenção falar sobre todos os filmes que tenham personagens Marvel, mas, já que eu falei esse ano sobre os do Blade, Deadpool, Wolverine e até sobre os do Quarteto Fantástico, achei que não custava nada falar sobre os do Venom também. Assim, hoje é dia de Venom no átomo!

Embora hoje seja amplamente considerado um anti-herói, Venom faria sua estreia como um vilão do Homem-Aranha, criado pelo roteirista David Michelinie e pelo desenhista Todd McFarlane, na revista The Amazing Spider-Man número 300, de maio de 1988 (após uma breve aparição no último quadrinho da edição anterior). Sua origem, porém, remonta a quatro anos antes, ao famoso uniforme preto do Homem-Aranha, que fez sua estreia na The Amazing Spider-Man 252, de maio de 1984, mas que foi adquirido pelo herói na minissérie Guerras Secretas, mais especificamente na revista Secret Wars 8, de dezembro de 1984 - sem que o Aranha soubesse que não se tratava de apenas um uniforme, mas de um simbionte alienígena.

Por incrível que pareça, quem deu a sugestão para que o Homem-Aranha passasse a usar um uniforme totalmente preto, exceto pelos olhos brancos e uma enorme aranha branca no peito, foi um leitor, chamado Randy Schueller, que enviou uma carta para a Marvel em 1982. A carta foi publicada e ninguém mais falou no assunto até 1984, quando, durante as Guerras Secretas, foi feita uma reunião com vários artistas da Marvel especificamente para tratar de novos uniformes para os personagens que estavam participando da minissérie, por um motivo bem capitalista: antes de mais nada, a Guerras Secretas era uma estratégia para vender brinquedos, e novos uniformes significavam que mais versões do mesmo personagem poderiam ser vendidas - o próprio Homem-Aranha, aliás, seria vendido em duas versões, uma com seu tradicional uniforme vermelho e azul, outra com o uniforme preto. Por motivos que vocês podem ler no meu post sobre Guerras Secretas, a linha de brinquedos foi um grande fracasso, mas diversos personagens realmente ganhariam uniformes novos que passariam a ser usados em suas respectivas revistas mensais, com o do Homem-Aranha sendo o mais diferente e o de maior destaque.

O responsável pela introdução do uniforme preto seria Jim Shooter, editor-chefe da Marvel em 1984 e roteirista da minissérie Guerras Secretas. Quando aconteceu a tal reunião para tratar dos uniformes novos, Shooter se lembrou da ideia de Schueller de um uniforme preto para o Homem-Aranha, e pediu para que Mike Zeck, desenhista da Guerras Secretas, criasse um, o que ele fez em parceria com o também desenhista Rick Leonardi. Para evitar que a Marvel fosse processada por Schueller, já que a carta havia sido publicada, o que provava que a ideia tinha sido dele, Shooter entraria em contato com o leitor e compraria os diretos de uso do uniforme preto por 220 dólares. Para ter um motivo para o Homem-Aranha trocar seu uniforme por um de cor preta, Shooter e Zeck criariam uma nova Mulher-Aranha, que faria sua estreia na Secret Wars 6, de outubro de 1984. A intenção de Shooter era usar a Mulher-Aranha apenas nessa minissérie, para aumentar o número de mulheres na batalha - junto com ela, estreariam também duas vilãs, Titânia e Vulcana - mas depois ela acabaria voltando para a Terra com os demais heróis e tendo sua própria carreira - que não nos compete discutir aqui, já que esse é um post sobre o Venom.

Já a ideia de o uniforme não ser de tecido, mas sim material biológico viria do roteirista e desenhista John Byrne, que a teria não para um uniforme do Homem-Aranha, mas para um do Punho de Ferro: na época em que era o desenhista da Iron Fist, Byrne dizia que uma coisa que ele achava bizarra era que o herói rasgava seu uniforme em todas as edições, mas, na seguinte, estava com um novo em folha, sendo impraticável que ele o consertasse nesse meio tempo ou tivesse um baú repleto de uniformes idênticos para ir trocando. Ele conversaria com o roteirista da Iron Fist, Roger Stern, sobre a possibilidade de introduzir um "uniforme vivo", que tivesse a capacidade de se auto-consertar toda vez que fosse danificado. Essa ideia jamais seria usada com o Punho de Ferro, mas, por acaso, Stern era o roteirista da The Amazing Spider-Man 252, na qual o Homem-Aranha apareceria com o uniforme preto pela primeira vez - se vocês repararem nas datas, antes mesmo de ganhá-lo nas Guerras Secretas, já que uma das estratégias da minissérie foi que as revistas de abril de 1984 eram ambientadas antes dela, mas as de maio de 1984 eram ambientadas depois, para deixar os leitores curiosos em relação às mudanças.

Mas ainda falta um elemento: além de preto e vivo, o uniforme precisava ser alienígena, o que foi ideia do roteirista Tom DeFalco e do desenhista Ron Frenz, que assumiram a The Amazing Spider-Man após a saída de Stern - acreditem ou não, na edição 253, ou seja, Stern escreveu apenas a primeira aparição do unifome preto e saiu. Foi de DeFalco a ideia de que o uniforme era uma criatura simbionte - na verdade um parasita, já que, para sobreviver, precisa se ligar ao corpo de um hospedeiro, como uma orquídea, enquanto um simbionte simplesmente tem uma relação mútua com outra criatura, como os passarinhos que limpam os dentes dos crocodilos - que estava dominando lentamente a mente de Peter Parker e tornando-o maligno, e que era vulnerável a ondas sonoras de volume elevado. Shooter ajustaria a Guerras Secretas de acordo, com o Homem-Aranha usando a máquina errada para obter um novo uniforme após ver outros heróis saindo da uma sala com os seus, e ela expelindo uma bola preta que cobriu seu corpo - em uma das cenas mais emblemáticas da história dos quadrinhos.

Sob o comando de DeFalco, Peter se livraria do simbionte na The Amazing Spider-Man 258, de novembro de 1984 - um mês antes de a Secret Wars mostrar como ele obteve o uniforme - mas, para que o uniforme vermelho não voltasse antes da conclusão das Guerras Secretas, passaria a usar um uniforme preto idêntico, mas feito de tecido, a partir da edição 259 - usando-o até justamente a edição 300, quando, aterrorizada pelo surgimento de Venom, Mary Jane o convenceria a voltar a usar o uniforme vermelho. Exceto por uma breve aparição na Web of Spider-Man número 1, de abril de 1985, o destino do simbionte seria ignorado até o surgimento de Venom.

Aqui entra na história, finalmente, o criador de Venom, David Michelinie, que assumiria a Web of the Spider-Man na edição 8, de novembro de 1985, e a The Amazing Spider-Man na edição 290, de julho de 1987 - após essa última passar, depois da saída de DeFalco, pelas mãos de Christopher Priest e Peter David. Já há alguns anos, Michelinie considerava que o maior poder do Homem-Aranha não era sua força, sua agilidade ou suas teias, mas seu sentido de aranha, que o alertava antes de ataques, dando a ele uma vantagem que outros heróis não tinham. Ao longo dos anos, o Duende Verde e Mystério conseguiriam anular o sentido de aranha temporariamente com produtos químicos, mas Michelinie queria criar um vilão que fosse imune a ele, o que representaria um desafio tanto para o Homem-Aranha quanto para Peter Parker.

Quando Michelinie assumiu a Web of the Spider-Man, o Homem-Aranha usava seu uniforme preto de tecido, e o simbionte estava desaparecido; ele então decidiria fazer o simbionte se ligar a outra pessoa, que, através da ligação, ficaria sabendo que Peter Parker é o Homem-Aranha, e, devido ao tempo que o simbionte passou ligado a Parker, ele não ativaria seu sentido de aranha. Como esse seria um vilão que poderia mudar o universo do Homem-Aranha para sempre, primeiro ele buscou a aprovação do editor da Marvel na época, Jim Salicrup, depois decidiu que sua estreia seria na edição 300 da The Amazing Spider-Man, usando o tempo que tinha até lá para refinar o personagem - ele daria uma amostra do que estava por vir, entretanto, nas Web of the Spider-Man 16, de setembro de 1986, e 24, de março de 1987, com em ambas o Homem-Aranha sendo atacado por um vilão misterioso que não ativa seu sentido de aranha.

Michelinie chamaria o personagem de Venom - palavra usada em inglês para se referir ao veneno injetado através de mordidas e picadas de animais como cobras, abelhas, escorpiões e, evidentemente, aranhas (enquanto poison é usado para veneno proveniente de plantas e fungos, ou secretado por animais como sapos e peixes) - e decidiria que ele seria uma antítese do Homem-Aranha - assim, como uma das principais características do Homem-Aranha era ser pequeno e esguio, Venom seria um brutamontes, alto e musculoso - e um reflexo de seu lado sombrio - devendo ter, portanto, uma aparência monstruosa, cuja principal caracteristica seria uma boca na máscara. A aparência do personagem seria criada por Todd McFarlane, que assumiria a The Amazing Spider-Man na edição 298; inicialmente, a maior característica da boca de Venom eram os dentes, com McFarlane gostando de desenhar o personagem nas sombras, apenas com os olhos e o sorriso visíveis; a língua comprida e babenta, apesar de também criada por McFarlane, só se tornaria destaque anos depois.

A identidade secreta de Venom também seria um personagem totalmente novo, o repórter Eddie Brock, que trabalhava para o Globo Diário, jornal rival do Clarim Diário onde Peter Parker trabalhava. Michelinie usaria uma retcon para determinar que, durante os eventos da The Spectacular Spider-Man 107 a 110, de outubro de 1985 a janeiro de 1986, escritas por Peter David, Brock estava escrevendo uma matéria que desmascarava um assassino serial enfrentado pelo Homem-Aranha, mas nomeava o homem errado, sendo demitido, caindo em desgraça e culpando o herói, que acreditava tê-lo enganado de propósito. Todo esse ódio pelo Homem-Aranha atrairia o simbionte, que havia acabado de ser rejeitado pelo herói, se uniria a Brock e daria a ele todas as memórias que Peter e o alienígena compartilharam. Brock, então, passaria anos planejando sua vingança, até finalmente decidir se revelar sequestrando Mary Jane.

Venom rapidamente se tornaria um dos personagens preferidos dos leitores; na década de 1990, ele seria considerado um dos três arqui-inimigos do Homem-Aranha, ao lado do Duende Verde e do Dr. Octopus, e o vilão mais famoso do Homem-Aranha que não foi criado por Stan Lee e Steve Ditko. Em suas primeiras histórias, sua obsessão era matar o Homem-Aranha, e ele até chegaria a vencer o herói várias vezes, somente não atingindo seu objetivo porque algum evento externo o impediu. Sabendo a identidade secreta do Homem-Aranha, e tendo os mesmos poderes que o herói, Venom também costumava atacar Peter Parker quando ele estava sem uniforme, Mary Jane, e até mesmo a Tia May, transformando-o em um dos oponentes mais perigosos do Amigão da Vizinhança - talvez até o mais perigoso de todos.

Mas os anos 1990 seriam conhecidos por seus anti-heróis, com personagens como Wolverine e o Justiceiro fazendo enorme sucesso; sendo Venom tão querido pelos fãs, logicamente a Marvel iria querer apostar também nele e, aos poucos, ele deixaria de ser um vilão obcecado para se tornar uma espécie de rival do Homem-Aranha. Nesse cenário, seria criado outro vilão, chamado Carnificina, que surgiu quando parte do simbionte contaminou o sangue do assassino serial Cletus Kasady; também criado por Michelinie, em parceria com o desenhista Mark Bagley, Carnificina estrearia na The Amazing Spider-Man 345, de março de 1991, com sua origem sendo revelada um ano depois, na 361, de abril de 1992. Considerado uma ameaça tanto pelo Homem-Aranha quanto por Venom, Carnificina faria com que Brock deixasse seu ódio de lado e aceitasse lutar junto à sua nêmese para detê-lo; a partir daí, ele tomaria gosto pela vida de herói e, eventualmente, decidiria usar seus poderes para o bem. Depois do surgimento de Carnificina, o nome Venom passaria a se referir ao simbionte, e não à combinação dele com Brock, e ficaria estabelecido que um fragmento do simbionte é suficiente para criar um novo personagem inteiro, sendo os mais famosos Scream, também originária do simbionte de Venom, criada por Michelinie e Ron Lim em 1993, e Toxina, originário do simbionte de Carnificina, criado por Peter Milligan e Clayton Crain em 2004.

A vida de herói (ou anti-herói) de Venom começaria com a minissérie Venom: Lethal Protector, de Michelinie e Bagley, em seis edições publicadas entre fevereiro e julho de 1993 - sendo que a edição 4 trouxe a estreia de Scream - na qual Brock se muda para San Francisco e decide se tornar protetor dos moradores de rua da cidade. A intenção da Marvel era que essa minissérie desse origem a uma série regular na qual Venom viveria aventuras heroicas na Costa Oeste, mas as vendas foram abaixo do esperado e a ideia seria abandonada. Depois disso, Venom alternaria entre vilão nas histórias do Homem-Aranha e anti-herói em minisséries como Venom: Separation Anxiety, em quatro edições lançadas entre dezembro de 1994 e março de 1995, roteiro de Howard Mackie e arte de Ron Randall, na qual o simbionte é usado pelo governo em vários experimentos após ser separado de Brock, que precisa cruzar o país para salvá-lo.

Brock perderia o simbionte de vez em 2005, quando ele se uniria ao vilão Mac Gargan, anteriormente conhecido como Escorpião, que faria parte dos Thunderbolts e dos Vingadores Sombrios liderados por Norman Osborn. Em 2008, Brock se uniria a parte do simbionte para se tornar o Anti-Venom, que quase mataria o Venom original. Em 2011, o simbionte se uniria a Flash Thompson, que se tornaria o Agente Venom, estrela de uma revista chamada Venom, com 47 edições publicadas entre maio de 2011 e dezembro de 2013, e que faria parte dos Guardiões da Galáxia. Quando Thompson retornasse do espaço, o simbionte se uniria novamente a Brock, que ganharia uma nova revista chamada Venom, com 22 edições publicadas entre janeiro de 2017 e junho de 2018 - sendo que, após a edição 6, a numeração de todas as séries e minisséries do Venom seriam somadas, com a sétima edição sendo a 150, e a última a 165. Isso aparentemente seria confuso, e a revista seria relançada em julho de 2018 com um novo número 1, durando 35 edições, a última de agosto de 2021. Depois disso, o simbionte se uniria ao filho de Brock, Dylan, que seria estrela da mais recente Venom, com 39 edições publicadas até agora, a primeira de janeiro de 2022.

Sendo um personagem tão popular, é óbvio que Venom teria presença garantida nas adaptações do Homem-Aranha para o cinema e TV, como o desenho animado produzido para a Fox entre 1994 e 1998 e The Spectacular Spider-Man, que teve uma temporada exibida no canal The CW em 2008 e outra no Disney XD em 2009. No cinema, a primeira tentativa de se fazer um filme de Venom ocorreria em 1997, quando a New Line Cinema contrataria o roteirista David S. Goyer para escrever um filme no qual Dolph Lundgreen interpretaria Eddie Brock, com Venom sendo o herói e o Carnificina o vilão. Quando os três primeiros filmes do Homem-Aranha foram produzidos, o produtor Avi Arad exigiu que Venom estivesse no terceiro, de 2007, com Eddie Brock sendo interpretado por Topher Grace. Em julho de 2007, pouco após a estreia de Homem-Aranha 3, Arad revelaria que a Sony tinha planos de fazer um spin-off estrelado por Venom, para que ele pudesse ser "para os filmes do Homem-Aranha o que Wolverine era para os filmes dos X-Men".

Em julho de 2008, a Sony contrataria Jacob Estes para escrever um roteiro, que colocava Brock vivendo em San Francisco e tentando se reinventar como herói com a ajuda de uma garçonete chamada Honey Horowitz; o vilão seria o Carnificina, que surgiria quando um assassino serial mordesse (pois é) Venom durante o primeiro embate entre os dois. A Sony não tinha certeza quanto a Grace ser o protagonista ideal para esse filme, mas, segundo Arad, ele era a escolha certa para interpretar um "malfeitor de quem as pessoas poderiam gostar"; assim, Estes escreveria o roteiro com Grace em mente, recomendando Martin Donovan para interpretar o Carnificina e ou Rashida Jones, ou Maya Rudolph para o papel de Honey. Mas a Sony não gostaria de alguns detalhes do roteiro de Estes e, em setembro, contrataria Paul Wernick e Rhett Reese para reescrevê-lo. Wernick e Reese optariam por uma abordagem "realística, pé no chão e sombria", na qual Venom não seria um herói, mas um vilão forçado a enfrentar algo pior.

Wernick e Reese entregariam em abril de 2009 a primeira versão do roteiro, que tinha um papel especialmente escrito para Stan Lee e uma sequência na qual o simbionte em fuga passa por várias pessoas, com cada uma delas se tornando extremamente violenta ao se combinar com ele. A Sony não gostaria da abordagem sombria, e forçaria a dupla a escrever um filme "mais otimista", com uma segunda versão do roteiro sendo entregue em setembro de 2009. A Sony seguiria insatisfeita, e pediria para que Gary Ross, que na época estava reescrevendo o roteiro do cancelado Homem-Aranha 4, reescrevesse o roteiro de Wernick e Reese, considerando-o também para a direção do filme. Ao ler a versão preliminar de Ross, Grace diria ser improvável que ele retornasse ao papel, já que a Sony queria fazer de Venom não um vilão motivado a cometer atos heroicos, mas um herói desde o início, e isso não combinava com a forma como o personagem foi retratado em Homem-Aranha 3.

Em janeiro de 2010, a Sony anunciaria que Sam Raimi estava se desligando dos filmes do Homem-Aranha, e que ela aproveitaria para fazer um reboot da série, com um novo elenco. Isso significava que um filme do Venom agora não precisava se prender à aparição do personagem em Homem-Aranha 3, e, em março de 2012, quando O Espetacular Homem-Aranha estava prestes a ser lançado, negociações começaram entre o estúdio e Josh Trank para que ele fosse o diretor e roteirista de Venom. Trank e Robert Siegel escreveriam um roteiro no estilo de O Máskara, com Brock sendo controlado pelo simbionte e fazendo coisas contra sua vontade, mas violento e sombrio, que provavelmente receberia classificação R - menores de 17 anos só podem assistir acompanhados de um responsável.

Após o lançamento de O Espetacular Homem-Aranha, em junho de 2012, o produtor Matt Tolmach conversaria com Arad sobre a possibilidade de a Sony criar um "Universo Aranha", com vários filmes ambientados no mesmo universo levando a um filme que contasse com a presença de todos os seus personagens, como a Marvel havia feito em Os Vingadores, de maio de 2012; dentro desse plano, o roteiro de Trank e Siegel não se encaixava. O projeto do filme do Venom, então, ficaria suspenso por mais um ano, até que, em dezembro de 2013, a Sony anunciaria oficialmente que O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, de 2014, seria o primeiro de seu "Universo Aranha", preparando o terreno para filmes estrelados por Venom, pelo Sexteto Sinistro, e até mesmo pela Tia May, todos sob o comando de Tolmach, que faria o papel que na Marvel cabe a Kevin Feige.

Em abril de 2014, Tolmach anunciaria que Venom estava oficialmente em pré-produção, com Alex Kurtzman, Roberto Orci e Ed Solomon escrevendo o roteiro e Kurtzman dirigindo; segundo ele, Venom faria sua estreia em O Espetacular Homem-Aranha 3, previsto para 2016, e Venom seria lançado entre aquele e O Espetacular Homem-Aranha 4, previsto para 2018. O fracasso de público e crítica de O Espetacular Homem-Aranha 2, entretanto, faria com que O Espetacular Homem-Aranha 3 fosse adiado para 2018, mas Venom confirmado para 2017, com Venom então estreando em seu próprio filme e fazendo uma participação especial em O Espetacular Homem-Aranha 3. Tudo isso mudaria de novo em fevereiro de 2015, quando a Sony anunciaria ter chegado a um acordo com a Marvel para fazer um novo reboot do Homem-Aranha, integrado ao MCU, com todos os planos de filmes do "Universo Aranha" sendo suspensos por tempo indeterminado. Kurtzman e Solomon seguiriam com a incumbência de escrever um roteiro para Venom, mas interromperiam seus trabalhos em novembro de 2015, acreditando que o projeto havia sido cancelado.

A Sony, contudo, ainda não havia desistido, e, em março de 2016, contrataria Dante Harper para escrever um novo roteiro, dessa vez para um filme totalmente independente, sem nenhuma ligação com qualquer filme do Homem-Aranha passado ou futuro - Harper, inclusive, diria ter recebido instruções para escrever uma história de Venom sem nenhuma menção ao Homem-Aranha, como se o personagem nem existisse no universo do filme. O roteiro de Harper seria reescrito um ano depois por Scott Rosenberg e Jeff Pinkner, que, graças ao sucesso de Deadpool e Logan, receberiam autorização para fazer um filme de classificação R, mas receberiam instruções para que o orçamento fosse o mais baixo possível. Para a direção, a Sony consideraria Adi Shankar, Adam Wingard e David F. Sandberg, que chegaria a ler o roteiro e se mostrar favorável, mas preferiria assinar com a Warner para dirigir Shazam!; a direção, então, ficaria com Ruben Fleischer, de Zumbilândia, que se diria "fã de longa data" de Venom, e "empolgado com as possibilidades" que o filme apresentava. Fleischer seria anunciado em maio de 2017, na mesma coletiva em que a Sony anunciaria que Tom Hardy interpretaria Eddie Brock, e que Venom seria o primeiro filme do chamado SSU, de Sony's Spider-Man Universe, uma série de filmes estrelados por personagens do universo do Homem-Aranha nos quadrinhos, mas sem ligação com os filmes do MCU.

O roteiro seria creditado a Rosenberg, Pinkner e Kelly Marcel, que, em outubro de 2017, o reescreveria para mudar alguns pontos que a Sony considerou "problemáticos" - principalmente porque o estúdio voltaria atrás e decidiria que o filme deveria ser PG-13 (maiores de 13 anos podem assistir desacompanhados). O filme seria inspirado principalmente nas minisséries Lethal Protector e Planet of the Symbiotes, publicada em cinco edições entre julho e outubro de 1995; segundo Pinkner, o maior desafio foi fazer com que um personagem cuja origem é intrinsecamente ligada ao Homem-Aranha funcionasse sem a presença do Homem-Aranha, e que, para isso, ele e Rosenberg se inspirariam não somente em Lethal Protector, mas também no Venom da linha Ultimate, que não é alienígena, tendo sido criado por engenharia genética, e nunca foi um uniforme do Homem-Aranha.

No filme, pelo menos, Venom é alienígena, e chega à Terra através de um cometa explorado por uma sonda da Fundação Life. Eddie Brock é um jornalista desacreditado que fica sabendo através de documentos secretos que a Fundação faz testes com cobaias humanas, e decide invadir o laboratório para obter provas e recuperar seu prestígio. Durante essa invasão, ele acaba se combinando ao simbionte, que revela que sua raça usa o cometa para encontrar planetas nos quais eles possam sobreviver e devorar toda a vida; Venom, que é como o simbionte se chama, promete poupar Eddie se ele ajudá-lo a escapar, e confere a ele poderes sobre-humanos ao cobrir totalmente seu corpo. Mas o maior problema de Eddie é Carlton Drake, presidente da Fundação Life, que quer usar os simbiontes para seus próprios propósitos, e decide perseguir o jornalista para matá-lo e se combinar com Venom. O elenco conta com Tom Hardy como Eddie Brock e a voz de Venom; Michelle Williams como Anne Weying, advogada e ex-noiva de Eddie; Riz Ahmed como Carlton Drake; Scott Haze como Roland Treece, chefe da segurança de Drake; Reid Scott como Dan Lewis, novo namorado de Anne; Jenny Slate como a cientista Dora Skirth; e Peggy Lu como a Sra. Chen, dona de um mercadinho que Eddie frequenta. Woody Harrelson faz uma participação como Cletus Kasady na cena intercréditos; Chris O'Hara aparece brevemente como o astronauta John Jameson; e Stan Lee faz uma aparição como um homem caminhando com seu cachorro. Tom Holland gravaria uma participação especial como Peter Parker, removida do filme a pedido da Marvel.

As filmagens ocorreriam em Atlanta e Nova Iorque, com apenas algumas cenas sendo filmadas em San Francisco - onde o filme é ambientado - já no final das gravações; algumas cenas extras teriam de ser filmadas e outras refilmadas em Los Angeles, já durante a pós-produção. Todos os efeitos especiais do filme ficariam a cargo de uma única empresa, a anglo-indiana DNEG, que, para criar a aparência do simbionte, filmaria coloides deslizando e estudaria imagens de amebas. As cenas que mostram Eddie e o simbionte se combinando usaram efeitos práticos e um modelo de computação gráfica de Hardy. Venom seria um personagem totalmente digital, de 2,31 m de altura e pele negra oleosa, inspirada da das orcas; para que ele não desaparecesse nas cenas à noite, seria usada uma técnica de iluminação originalmente criada para comerciais de carro, que fazia com que a pele de Venom refletisse parte do ambiente a seu redor. Como a origem do personagem não está ligada à do Homem-Aranha, ele não tem a aranha branca no peito, mas, para que não fosse totalmente preto, foram adicionados detalhes brancos em seu tronco que lembram vagamente um V. A lingua seria animada à parte, e adicionada ao restante do personagem ao final da pós-produção, e, como os olhos dele não têm pupilas, seu formato muda a cada cena para que ele possa ter expressões faciais e os espectadores saibam para onde ele está olhando. Hardy dublaria as falas de Venom - gravando-as anteriormente e ouvindo-as em um ponto eletrônico ao gravar as cenas em que Eddie conversa com o simbionte - e desejava fazer a captura de movimentos do personagem, o que não foi possível devido às diferenças físicas entre os dois, sendo usado um dublê de 2,08 m de altura com saltos plataforma e um capacete comprido para cima.

Venom estrearia nos cinemas em 5 de outubro de 2018; com orçamento de 100 milhões de dólares, renderia 213,5 milhões apenas nos Estados Unidos e 856 milhões somando o mundo todo, sendo o sexto filme mais rentável do ano e considerado um grande sucesso pela Sony. A crítica não o veria da mesma forma, porém, considerando-o caótico e barulhento, seu enredo bagunçado, seu roteiro incoerente, e que Venom não conseguiria se manter interessante sem a presença do Homem-Aranha. Desde o início, contudo, já estava certo que o filme seria o primeiro de uma série, e o sucesso de público bastou para que a Sony desse a luz verde para uma continuação.

Se dependesse da Sony, o Carnificina seria o vilão do primeiro filme, mas Pinkner e Roseberg argumentariam que deixar o vilão para um segundo filme permitiria desenvolver melhor a história de Venom, e Fleischer concordaria, dizendo que a franquia teria para onde ir caso um vilão tão importante fosse preservado. Diante da certeza de que o Carnificina seria o vilão do segundo filme, Fleischer convidaria Woody Harrelson, com quem havia trabalhado em Zumbilândia, para interpretá-lo, achando que o alter ego do personagem, o psicopata Cletus Kasady, se parecia com o personagem que Harrelson havia interpretado em Assassinos por Natureza. Harrelson aceitaria o papel durante um jantar com Fleischer e Hardy ainda durante a produção de Venom, mas, em entrevistas posteriores, admitiria que foi um tiro no escuro, já que ainda nem havia roteiro do segundo filme quando ele assinou o contrato; o acerto possibilitaria, entretanto, que Harrelson gravasse a tal cena intercréditos para Venom já interpretando Kasady.

A Sony reservaria a data de outubro de 2020 para a estreia do então chamado Venom 2, mas nem Pinkner, nem Rosenberg, nem Fleischer retornariam para a sequência: em janeiro de 2019, Marcel seria anunciada como a única roteirista, e Fleischer declararia não poder retornar por estar envolvido com as filmagens de Zumbilândia: Atire Duas Vezes, já que a Sony não aceitou que ele só começasse a trabalhar em Venom 2 após a conclusão desse filme. A Sony convidaria Rupert Sanders, que não aceitaria, e, em julho de 2019, assinaria com Andy Serkis, segundo o estúdio, devido à sua experiência com captura de movimentos e personagens de computação gráfica - já que Serkis, dentre outros, havia sido o "intérprete" de Gollum, na trilogia O Senhor dos Anéis. Diferentemente do que muitos imaginam, essa não seria a estreia de Serkis na direção, já que ele já havia dirigido Uma Razão para Viver, de 2017, e Mogli: Entre Dois Mundos, de 2018. Tolmach tinha esperança de que o filme pudesse ser feito com classificação R, principalmente devido ao sucesso de Coringa, mas acabaria vencido pelo argumento de que foi a classificação PG-13 que permitiu a grande bilheteria de Venom, com o segundo filme também tendo classificação PG-13.

As filmagens começariam em novembro de 2019 - curiosamente, após a estreia de Zumbilândia: Atire Duas Vezes - e ocorreriam quase que integralmente em San Francisco, onde o filme é ambientado, com algumas cenas sendo gravadas em Londres, Inglaterra. Matrix Resurrections estava sendo filmado ao mesmo tempo em San Francisco, de forma que várias locações de Venom 2 tiveram de ser mudadas em cima da hora porque já haviam sido reservadas para o filme da Warner; em uma determinada cena, helicópteros da produção de Matrix podem ser vistos ao fundo, com a explicação de Venom sendo a de que são helicópteros da polícia procurando por Kasady. O filme tem uma cena intercréditos na qual Eddie é transportado para o MCU durante os eventos de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, assistindo na TV  acenas de Homem-Aranha: Longe de Casa nas quais J. Jonah Jameson incrimina Peter Parker pela morte de Mystério; essa cena seria filmada por Jon Watts durante a produção do filme do Homem-Aranha.

Quando a quarentena da pandemia começou, as filmagens já estavam concluídas, e o filme se encontrava na pós-produção, com Serkis tendo de acompanhar o processo de forma remota. O filme ficaria pronto antes da data prevista, que a Sony planejava manter, mas acabaria tendo de alterar porque em outubro de 2020 os cinemas ainda não estavam abertos ao público. Naquele mês, a Sony divulgaria o título oficial do filme, Venom: Let There Be Carnage (Venom: Tempo de Carnificina, em português), após a imprensa vazar o título provisório Venom: Love Will Tear Us Apart, em homenagem à canção do Joy Division, e anunciaria junho de 2021 como a nova data prevista de estreia. Serkis aproveitaria o tempo extra para refinar os efeitos especiais e cortar mais 15 minutos do filme, que ele queria que fosse "intenso", mas tinha algumas cenas que ele estava achando arrastadas demais.

A data de estreia ainda seria adiada mais três vezes, devido ao surgimento de novas variantes do vírus da Covid nos Estados Unidos, com a Sony chegando a considerar estrear o filme apenas em 2022, mas decidindo por 1 de outubro de 2021 após a Disney lançar Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis no cinema e obter boa bilheteria. Com orçamento de 110 milhões de dólares, Venom: Tempo de Carnificina renderia 213 milhões nos Estados Unidos e quase 507 milhões somando o mundo inteiro, sendo considerado um sucesso pela Sony. O filme teria a melhor bilheteria de primeiro fim de semana no pós-pandemia até então, com 90,1 milhões de dólares, inclusive ultrapassando o primeiro Venom (que havia somado 80,3 milhões), e seria o segundo de maior bilheteria no pós-pandemia até então, atrás apenas de Shang-Chi, fechando o ano como o terceiro mais assistido de 2021, atrás de Shang-Chi e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. A crítica mais uma vez não ficaria tão entusiasmada quanto o público, elogiando as performances de Hardy e Harrelson e a química entre Eddie e Venom, mas considerando o roteiro bobo e previsível, e declarando que o filme somente agradaria aos fãs.

No filme, Kasady é um assassino serial preso em uma instituição de segurança máxima, que alega só aceitar dar entrevistas para Eddie. Durante uma visita, parte do simbionte de Venom se solta e entra no corpo de Kasady, se transformando em um novo simbionte chamado Carnificina, que usa seus novos poderes para escapar e libertar a namorada de Kasady da prisão Ravencroft, para indivíduos com poderes sobre-humanos - já que ela tem o poder de emitir gritos ultrassônicos, o que lhe rendeu o apelido de Shriek (palavra usada em inglês para se referir a um grito bem agudo). Após libertar Shriek, Carnificina põe em prática a segunda parte de seu plano: matar Eddie e Venom, para que ninguém possa impedi-lo de viver como quiser. O elenco conta com Tom Hardy como Eddie Brock / Venom; Woody Harrelson como Cletus Kasady / Carnificina; Michelle Williams como Anne Weying; Naomie Harris como Frances Barrison / Shriek; Reid Scott como Dan Lewis; Stephen Graham como o detetive de polícia Patrick Mulligan; e Peggy Lu como a Sra. Chen.

Após o lançamento de Tempo de Carnificina, Hardy, que havia assinado para três filmes, declararia que a Sony estava planejando fazer um crossover de Venom com o MCU, e Tom Holland, intérprete do Homem-Aranha, confirmaria ter conversado com a produtora Amy Pascal sobre a possibilidade de fazer uma participação no terceiro filme do Venom. Em abril de 2022, Marcel seria anunciada como roteirista também do terceiro filme, além de diretora, sendo esta sua estreia na função, já que Serkis, apesar de ter manifestado interesse em dirigir, estava envolvido com a produção do longa de animação A Revolução dos Bichos. Em sua primeira entrevista após o anúncio, Marcel diria que o terceiro filme não teria qualquer ligação com o MCU, e que daria um encerramento à trilogia de Venom, com Hardy dando várias ideias quanto a detalhes da história.


Fortemente inspirado em Separation Anxiety, o filme começa com Eddie em fuga após ser acusado pelo assassinato do detetive Mulligan. Sem que ele saiba, uma organização chamada Imperium, sediada na famosa Área 51, conseguiu capturar simbiontes, e estuda como utilizá-los como arma, mas sempre falha em combiná-los com hospedeiros; ao descobrir que Venom ainda está vivo, o Imperium envia o ex-militar Rex Strickland para capturá-lo, para poder estudar como a simbiose entre Eddie e Venom funcionou. Como se isso já não fosse problema suficiente, Venom ainda é caçado por um xenófago, criatura alienígena enviada por Knull, criador de todos os simbiontes, que precisa de seu código genético para escapar da prisão onde está confinado. Assim, Eddie e Venom têm a missão de limpar o nome do repórter, fugir do xenófago e libertar os simbiontes presos pelo Imperium, algo que talvez possa se mostrar fatal para a dupla. O elenco traz Tom Hardy como Eddie Brock / Venom; Chiwetel Ejiofor como Rex Strickland; Juno Temple como a Dra. Teddy Paine, cientista que trabalha para o Imperium e tem o braço direito paralisado por ter sido atingida por um raio na infância; Clark Backo como Sadie Christmas, pesquisadora do Imperium que se torna aliada de Venom; Stephen Graham como Patrick Mulligan; Peggy Lu como a Sra. Chen; Rhys Ifans como Martin Moon, hippie fanático por alienígenas que está indo visitar a Área 51 com sua esposa, Nova (Alanna Ubach), e seus filhos, Echo (Hala Finley) e Leaf (Dash McCloud), e dá uma carona a Eddie em sua kombi; Reid Scott como o líder do Imperium, que só aparece nas sombras; e Andy Serkis como Knull.

As filmagens começariam em junho de 2023 na Espanha e Inglaterra, mas teriam de ser interrompidas no mês seguinte devido às greves dos roteiristas e dos atores de Hollywood, somente retornando em novembro, em Las Vegas. As greves fariam com que, mais uma vez, a data prevista de estreia tivesse de ser alterada três vezes. Os efeitos especiais ficariam a cargo das empresas Industrial Light & Magic, DNEG, Digital Domain, Rodeo FX, Territory Studio, Torchlight, Host, e Third Floor, Inc.

Com o nome de Venom: A Última Rodada (Venom: The Last Dance, no original), o filme estrearia em 25 de outubro de 2024; com orçamento de 120 milhões de dólares, renderia 139 milhões nos Estados Unidos e 479 milhões quando somado o mundo todo, sendo considerado um sucesso, mas por pouco. A crítica, curiosamente, seria mais receptiva, elogiando a performance de Hardy e considerando o filme o melhor da trilogia, embora a fraqueza do roteiro e algumas cenas consideradas absurdas tenham sido bastante criticadas.

Pouco antes do lançamento de A Última Rodada, Marcel diria em entrevistas que, embora o filme encerre definitivamente o arco de história iniciado em Venom, a aparição de Knull deixa claro que seria possível a introdução de simbiontes em futuros filmes do SSU, não descartando participações de Venom em alguns deles; Hardy também se diria favorável a participar como Eddie Brock de outros filmes do SSU, e que ainda não havia descartado a possibilidade de participar de um filme do Homem-Aranha com Holland. Em dezembro de 2024, entretanto, uma fonte da Sony diria extra-oficialmente que o SSU, que, além dos três Venom, contava com Morbius e Madame Teia, seria encerrado após o filme seguinte, Kraven, o Caçador; a posição oficial do estúdio seria a de que, como um universo compartilhado jamais havia sido oficialmente estabelecido, o encerramento do SSU não significava nada em termos práticos, e que a Sony continuaria fazendo filmes estrelados por personagens do universo do Homem-Aranha. O que isso significa para a carreira de Hardy como Eddie Brock, só o futuro dirá.
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sábado, 4 de outubro de 2025

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Contos de Fadas BLOGuil (X)

Hoje trago mais um dos Contos de Fadas BLOGuil, encerrando não somente a controversa Trilogia do João - que tem esse nome porque é composta por três contos cujos protagonistas se chamam João, não sendo o mesmo João nem continuações uns dos outros - mas também os contos que eu revisei e modifiquei para serem republicados no Crônicas de Categoria. Mas esse não é o final dessa série, já que ainda restam dois, que serão postados em novembro e dezembro.





Trilogia do João - Episódio III: João e Maria

Era uma vez, um menino chamado João. Que não é o mesmo João dos outros dois episódios, é apenas um homônimo. João tinha uma irmã gêmea chamada Maria. Eles também tinham uma irmã mais velha chamada Rocicleusa, mas isso não é importante para a história. De qualquer forma, João e Maria moravam com sua mãe em uma pequena casa de alvenaria às bordas da Floresta dos Temores Horríveis, uma feia e escura floresta supostamente habitada por seres malignos, dentre eles uma bruxa de mil anos comedora de criancinhas. João e Maria, porém, não acreditavam nesta história, achavam que no interior da floresta havia um parque de diversões com pipoca de graça, e que a lenda da bruxa havia sido inventada pelos adultos porque eles não queriam que as crianças descobrissem este segredo.

Um dia, aproveitando que sua mãe adormecera enquanto assistia televisão, João e Maria decidiram sair de casa e explorar a floresta. Para que não se perdessem, eles tiveram uma brilhante ideia: levaram um saco enorme de Confetti, aquelas pastilhinhas de chocolate coloridas, que João costumava vender no ônibus para ajudar na renda da família, e foram marcando o caminho, jogando um Confetti no chão a cada poucos metros. O que eles não contavam é que um fofo coelho chocólatra começasse a segui-los. Assim, quando já estavam irremediavelmente perdidos e olharam para trás, tudo o que viram foi um gordo coelho com a boca suja de chocolate olhando para o saco já vazio.

João e Maria então se desesperaram por não saber onde estavam, mas tiveram uma grande ideia: bastava andar para a frente sem fazer curvas, e eles acabariam saindo da floresta pelo outro lado, quando então poderiam pedir ajuda. Durante sua caminhada, algo insólito surigiu à frente dos irmãos: uma enorme casa, feita de bolos, confeitos e chocolates. Como estavam com fome após tanto caminhar, João e Maria puseram-se a comer a moradia, sem imaginar que alguém pudesse de fato viver ali dentro.

Foi quando a porta se abriu e uma bela mulher perguntou por que eles estavam comendo sua casa. Assustados, João e Maria pediram ajuda, pois estavam famintos e sem saber como voltar para casa. A dama os acolheu, lhes ofereceu um farto banquete, e depois os colocou para dormir em camas quentinhas, feitas de muffins. Mas, quando os gêmeos acordaram, a realidade era outra: João estava preso em uma gaiola dourada, enquanto Maria restava acorrentada a uma parede por um grosso grilhão. A mulher então deu uma vassoura e um balde para a menina, e ordenou que ela limpasse toda a casa, pois agora era sua escrava. João, porém, era tratado de forma diferente, recebendo cada vez mais comida e guloseimas, e ficando cada vez mais gordo. Todos os dias, a bela mulher media a pança do menino com uma fita métrica, e dizia algo como "está quase no ponto".

Maria, que não era burra, começou a desconfiar que algo estava errado. Afinal, por que só o menino recebia comida, enquanto ela trabalhava feito um jegue? Um dia, enquanto limpava o banheiro, um estalo veio à sua mente: ela era a bruxa que devorava criancinhas! Maria contou sua teoria ao irmão, que não acreditou. Afinal, a bruxa tinha mil anos, e esta era uma jovem e bela mulher. Convencida de que estava certa, Maria decidiu procurar por provas enquanto limpava o quarto da mulher. Não somente ela encontrou uma certidão de nascimento datada de mil anos atrás, como também várias contas de cirurgiões plásticos e aplicações de botox! Maria também encontrou uma coleção completa da Reader's Digest, mas isso não é importante para a história. Sua teoria estava confirmada, bastava agora um plano de fuga.

Infelizmente isto não foi possível, já que a bruxa chegou em casa a tempo de pegar a menina no flagra, e decidiu antecipar seus planos. Ela planejava assar João para o dia de Ação de Graças, mas, já que os irmãos haviam descoberto tudo e planejavam fugir, ela iria assar ambos hoje mesmo. Untou o tabuleiro, ajustou o forno para 280 graus, e estava pronta para temperar as crianças, quando algo inesperado aconteceu: João estava tão gordo que o fundo da gaiola se partiu, e ele conseguiu escapar. A princípio, João pensou em fugir para pedir ajuda, mas estava tão gordo que só conseguiu caminhar até a porta da cozinha antes de ter de parar para descansar. A bruxa então correu para recapturá-lo, mas Maria foi mais rápida: atravessou o caminho da bruxa, fazendo com que ela tropeçasse em sua corrente e caísse dentro do forno. Mais do que depressa, as crianças fecharam a porta, e este foi o irônico fim da maligna feiticeira, transformada naquilo em que fazia suas vítimas.

João, então, ajudou Maria a partir sua corrente. Os dois estavam finalmente livres, mas ainda havia um problema: como sair da floresta, ainda por cima com João tão gordo e lerdo? Enquanto comiam mais um pouquinho da casa, a resposta literalmente bateu à sua porta. Era o namorado da bruxa, que havia sido convidado para um assado. Após ouvir a história das crianças, ele tomou uma decisão: entregou ambas ao juizado de menores. Afinal, onde já se viu bruxa de mil anos fazendo assado de crianças?

Hoje, João e Maria residem em um instituto de ressocialização de menores, para lá encaminhados por terem assassinado uma pobre mulher que vivia na floresta e comido sua casa. Sua mãe vai visitá-los todos os dias, e já começou a procurar uma casa bem longe daquela floresta, que tão más recordações traz a esta família.

E todos viveram felizes para sempre.
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sábado, 27 de setembro de 2025

Escrito por em 27.9.25 com 0 comentários

Namor

Enquanto eu estava escrevendo o post sobre Wolverine, fiquei pensando que, quando fiz a série sobre os filmes da Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel, e aproveitei para fazer posts sobre o Cavaleiro da Lua e Shang-Chi, poderia ter aproveitado e feito também um sobre Namor. Bom, antes tarde do que nunca, hoje é dia de Namor no átomo!

Namor é um dos personagens que a Marvel herdou de suas antecessoras, no caso a Timely Comics, que publicou revistas em quadrinhos entre 1939 e 1950, quando mudou de nome para Atlas Comics. Namor era um dos três principais personagens da Timely, junto com o Capitão América e o Tocha Humana original, e é considerado o primeiro anti-herói da história dos quadrinhos, já que, em suas aventuras, ele não combatia ameaças aos Estados Unidos, e sim os próprios Estados Unidos: em uma pegada meio ecológica, Namor atacava qualquer um que ameaçasse os oceanos, frequentemente afundando navios, destruindo arranha-céus de empresas poluidoras e até mesmo enfrentando o exército norte-americano; apesar disso, os leitores não o viam como um vilão, e argumentavam que, mesmo que seus atos fossem criminosos, através deles ele alcançava a justiça.

Namor foi uma criação do roteirista e desenhista Bill Everett, a pedido da empresa First Funnies, que prestava, nas décadas de 1930 e 1940, um serviço que não existiria mais após a Segunda Guerra Mundial: produzir histórias em quadrinhos sob demanda para que as editoras não precisassem contratar roteiristas e desenhistas. Basicamente, a First Funnies, e outras empresas do mesmo tipo, contratavam roteiristas e desenhistas a preço de banana, e eles produziam histórias sob encomenda que eram então vendidas para as editoras de revistas em quadrinhos, que as colocavam em suas publicações. A First Funnies produziria todo tipo de história, de comédia a romance adolescente, de faroeste a piratas, passando, evidentemente, por super-heróis - outro dos grandes heróis da Timely, o Tocha Humana, um androide com o poder de deixar seu próprio corpo em chamas, seria criado por Carl Burgos para a First Funnies, que, então, revenderia suas histórias para a Timely.

Em 1939, a First Funnies encomendaria a Everett um novo super-herói, mas que ela não revenderia a outra editora; ao invés disso, ele seria uma das estrelas da revista Motion Pictures Funnies Weekly, produzida pela própria First Funnies, que não seria vendida, e sim distribuída de graça em cinemas selecionados em todos os Estados Unidos - por isso o Motion Pictures no título. A ideia original era que, caso a revista fosse bem sucedida, a First Funnies se transformaria em uma editora ela mesma, publicando suas próprias revistas ao invés de vender suas histórias para as outras. Por algum motivo que se perdeu no tempo, contudo, o projeto foi cancelado, e apenas uma pequena quantidade de cópias - oito ou nove, dependendo de para quem você pergunte - foram impressas como teste. Essas cópias permaneceriam inéditas até 1974, quando Lloyd Jacquet, o dono da First Funnies, faleceria, e elas seriam encontradas em sua casa.

Mas Namor não ficaria inédito até 1974: gostando do personagem e achando que ele tinha potencial para ser um grande sucesso, Jacquet pediria para que Everett fizesse uma "versão estendida" da história publicada na Motion Pictures Funnies Weekly - que tinha apenas 8 páginas e terminava com um quadro dizendo "continua na próxima edição". Jacquet venderia essa história, de 12 páginas, para a Timely, que a publicaria na muito curiosamente chamada Marvel Comics número 1, de outubro de 1939. Como a Motion Pictures Funnies Weekly jamais foi publicada, a Marvel Comics 1 é considerada a estreia oficial de Namor nos quadrinhos. Também é interessante dizer que Namor estrearia nos quadrinhos mais de dois anos antes de outro super-herói muito parecido com ele, o Aquaman, caso alguém aí esteja disposto a discutir quem copiou quem.

Boatos dizem que, quando recebeu o encargo de criar um super-herói, Everett decidiria por um ligado aos oceanos porque Burgos havia inventado um que pega fogo, então ele quis fazer um contraponto entre o fogo e a água. Seja isso verdade ou não, ele se inspiraria no poema O Conto do Velho Marinheiro, escrito por Samuel Taylor Coleridge em 1798, e chegaria ao nome Namor após escrever uma lista de nomes "apropriados para nobres" e escrevê-los de trás para a frente, vendo qual soava melhor - sendo Namor a versão invertida do nome Roman. Em sua primeira aparição, Everett definiria Namor como "um ultra-homem", capaz de respirar na terra e sob a água, voar nos céus com a mesma facilidade com que nadava, de pele quase impenetrável e com a força de 100 homens da superfície. Embora nunca tenha assumido, e ele não voasse nessa época, Everett provavelmente se inspiraria no Superman, que havia estreado um ano e meio antes, para definir os poderes de Namor.

A origem de Namor também seria criada por Everett: ele era filho de um marinheiro, Leonard McKenzie, capitão do navio quebra-gelo Oracle, em missão na Antártida. Sem que a Marinha soubesse, sob o gelo antártico estava localizada a cidade perdida de Atlântida, e seu governante, o Imperador Thakorr, não gostou de ver um navio passando tão perto. Para espionar os intrusos, Thakorr enviaria sua própria filha, Fen, o que não se mostrou uma decisão acertada quando ela se apaixonou por McKenzie, decidindo se casar com ele e viver para sempre no mundo da superfície. Revoltado, Thakorr enviou guerreiros para matar toda a tripulação do navio, inclusive McKenzie, e levar Fen de volta para a Atlântida; sem que ele soubesse, porém, ela estava grávida, e Namor nasceria nove meses depois. Ao invés de rejeitado, ele seria criado como um verdadeiro Príncipe de Atlântida, ensinado a odiar o mundo da superfície e a proteger os oceanos a qualquer custo, se tornando o maior campeão do reino quando adulto.

Os atlantes possuem pele azul e não conseguem respirar fora da água, precisando de um capacete cheio d'água para poder visitar a superfície, mas Namor, sendo um híbrido (com mais tarde se tornando um mutante através de uma retcon, que é como se chama quando uma nova história altera alguma coisa do passado, sendo considerado que tudo sempre foi assim), possui pele rosada como a de seu pai e pode respirar tanto na superfície quanto sob a água indefinidamente; ele também herdaria a força dos atlantes, muito superior à dos humanos devido à grande pressão do fundo do oceano, e nasceria com asas nos tornozelos que lhe permitiam voar, algo que, antes de ele ser definido como mutante, jamais teve explicação, já que nem humanos, nem atlantes, voam. Everett também faria o rosto de Namor com uma aparência levemente alienígena, com orelhas pontudas, olhos pequenos e sobrancelhas arqueadas, para deixar claro que ele não era humano; esses traços acabariam suavizados nas histórias mais recentes.

A Marvel Comics teria apenas uma edição, o que levaria Namor a viver suas aventuras, junto com o Tocha Humana, Ka-Zar e outros heróis menos conhecidos, como o Anjo, o Cavaleiro Mascarado e American Ace, na revista Marvel Mystery Comics, lançada em dezembro de 1939. Como foi dito, em seu início, Namor era quase um vilão, frequentemente atacando os Estados Unidos; ele também seria o responsável pelo primeiro crossover da história dos quadrinhos, quando tentaria causar um tsunami para afundar toda a ilha de Manhattan, e acabaria sendo impedido pelo Tocha Humana. A principal coadjuvante do Príncipe Submarino - alcunha pela qual Namor era conhecido dentre os habitantes da superfície - nas primeiras histórias era a atlante Dorma, que, originalmente, era sua prima, confidente e melhor amiga de infância, mas, quando Namor estreasse na Marvel, também sofreria uma retcon e passaria a ser sua prometida e futura esposa.

Na Marvel Mystery Comics 3, de janeiro de 1940, Namor ganharia sua primeira aliada na superfície, a policial novaiorquina Betty Dean, e, na edição 82, de maio de 1947 estrearia Namora, outra prima de Namor, que tinha os mesmos poderes que ele e uma origem muito parecida (sendo filha de um atlante com uma humana), sendo mais uma das "versões femininas" dos heróis, como a Supergirl e a Batgirl, que começariam a se popularizar na época. Namora seria uma personagem bastante popular no final da década de 1940, e até chegaria a ganhar uma revista própria The Sea Beauty Namora, que acabaria tendo apenas três edições, publicadas em agosto, outubro e dezembro de 1948, após ser cancelada por baixas vendas.

O comportamento de Namor passaria a ser mais heroico quando os Estados Unidos entrassem na Segunda Guerra Mundial, e ele, assim como praticamente todos os demais super-heróis de todas as editoras, passassem a enfrentar as forças do Eixo ao lado dos Aliados. Nessa época, ele faria parte do Esquadrão Vitorioso, que contava também com o Capitão América, Bucky, Tocha Humana, Centelha, Ciclone, Miss América, a Fantasma Loura e o Anjo, e tinha suas aventuras publicadas na revista All-Winners Squad - de forma interessante, a história de que Namor teria feito parte de uma equipe conhecida como Os Invasores, com mais ou menos os mesmos mebros do Esquadrão Vitorioso, e que lutou na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, também é na verdade uma retcon, só tendo sido criada pela Marvel na década de 1970. Sendo membro do Esquadrão Vitorioso, não pegaria bem para Namor ficar atacando os Estados Unidos, de forma que, a partir de então, ele passaria a ser retratado como um super-herói clássico, que usava seus poderes para combater o crime e ajudar a humanidade.

Namor ganharia uma revista própria - ou quase, já que ela trazia sempre uma história dele e uma do Anjo - em março de 1941; a primeira edição se chamaria The Sub-Mariner and the Angel, mas, a partir da segunda, o título mudaria para Sub-Mariner Comics. Originalmente, a revista era trimestral, mas passaria a ter periodicidade indefinida (basicamente sendo lançada quando a Timely estava com vontade) em março de 1944, se tornando bimestral em abril de 1948, e sendo cancelada em junho de 1949, na edição 32. Ao longo desses oito anos, as vendas foram sempre boas quando comparadas a outras revistas da Timely, mas, em 1949, nenhuma revista de super-heróis vendia bem, o que motivou o cancelamento. A Atlas ainda faria uma tentativa de ressuscitar a revista, com o nome de Sub-Mariner, mas numeração continuando da 33, em abril de 1954; esse relançamento seria financiado por uma série de TV estrelada por Namor, que jamais sairia do papel, o que faria com que a Atlas decidisse cancelar a revista novamente após apenas dez edições, na 42, de outubro de 1955.

A década de 1950 não seria boa para os super-heróis, com várias editoras fechando as portas - para não fechar, a Timely se transformaria em Atlas - e somente peso-pesados como Superman, Batman e Mulher Maravilha conseguindo boas vendas. Nesse cenário, antes de relançar a Sub-Mariner, a Atlas tentaria trazer de volta Namor, o Tocha Humana e o Capitão América em histórias na revista Young Men, começando na edição 24, de dezembro de 1953 - seria essa, aliás, a infame versão do Capitão América que, quando o herói foi integrado ao Universo Marvel, descoberto congelado pelos Vingadores, sofreria uma retcon e passaria a ser um imitador. As histórias dos super-heróis na Young Men - que, originalmente, era uma revista com histórias de guerra, tanto que, até a edição 20, se chamava Young Men on the Battlefield - jamais teriam boas vendas, entretanto, e a revista, bimestral, seria cancelada na edição 28, de junho de 1954.

Após o cancelamento da Sub-Mariner, Namor ficaria fora dos quadrinhos até 1962, quando Stan Lee, que era um dos roteiristas da Young Men, e havia acabado de criar o Quarteto Fantástico, decidiria trazer de volta o personagem como um vilão - fazendo, de certa forma, com que ele voltasse às origens. Assim, na Fantastic Four número 4, de maio de 1962, da Marvel Comics, Johnny Storm, que herdou o nome de Tocha Humana, encontraria Namor vivendo nas ruas de Manhattan como mendigo e com amnésia. Após recuperar a memória, ele tentaria retornar à Atlântida - que, agora, já não ficava sob a Antártida, mas em algum lugar do Oceano Pacífico - mas descobriria que todo o reino foi destruído por testes nucleares, com a população atlante se espalhando pelo mundo. Namor, então, atacaria a humanidade motivado por vingança - com, inclusive, seu nome sendo explicado como significando "filho vingador" na língua atlante. Para piorar as coisas, ele ainda se apaixonaria por Sue Storm, a Mulher Invisível, o que faria com que ele e Reed Richards, o Sr. Fantástico e namorado de Sue, se tornassem ferrenhos rivais.

Namor logo se tornaria um dos personagens mais populares de Marvel e, aos poucos, deixaria de ser um vilão - que se aliava ao Dr. Destino e a Magneto para alcançar seus objetivos - para se tornar novamente um anti-herói - defendendo os oceanos com violência, mas sem atacar sem provocação e mantendo um rígido código de nobreza. Essa popularidade faria com que ele fosse convidado especial em histórias dos mais variados heróis, dos Vingadores ao Hulk, do Demolidor ao Homem-Aranha, mas problemas legais envolvendo a transformação da Atlas em Marvel fariam com que não fosse possível que ele tivesse uma revista própria. Em 1965, entretanto, os advogados da Marvel achariam uma brecha que permitiria que Namor dividisse a Tales to Astonish com outro personagem - no caso, o Hulk - com o Príncipe Submarino fazendo sua estreia na edição 70, de agosto de 1965.

Desde o início ficaria claro que o Namor da Marvel era o mesmo da Timely/Atlas, que estava na ativa desde 1939; para que isso fosse possível, ficaria subentendido que a vida dos atlantes é mais longa que a dos humanos, e Namor também tinha herdado essa longevidade. Mais velho, ele se comportava de forma ligeiramente diferente de sua versão anterior, não sendo tão impetuoso, sendo um estrategista melhor, se portando de forma mais autoritária, solene e arrogante, e, principalmente, falando de forma mais rebuscada, quase da mesma forma como falava o Thor - e ganhando, inclusive, um grito de guerra, Imperius Rex, que não significa nada em latim ("ordem real"?) mas Stan Lee achou que tinha a sonoridade apropriada.

A Tales to Astonish seguiria tendo uma história do Hulk e uma de Namor a cada edição até a 101, de março de 1968; na edição seguinte, ela passaria a ser exclusiva do Hulk, mudando de nome para The Incredible Hulk, mas mantendo a numeração. Em abril de 1968 seria lançada uma única edição de uma revista chamada Iron Man and Sub-Mariner, com uma história do Homem de Ferro e uma de Namor; enquanto ela estava na gráfica, as questões legais envolvendo a Atlas foram resolvidas, e, em maio de 1968, Namor finalmente ganharia sua revista solo na Marvel, Prince Namor, The Sub-Mariner - que, na edição 25, passaria a se chamar somente Sub-Mariner, na 65 mudaria para Prince Namor, The Savage Sub-Mariner, e, na 68, se tornaria The Savage Sub-Mariner, mas, oficialmente, seria registrada como Sub-Mariner do início ao fim.

A Sub-Mariner da Marvel começaria com roteiros de Roy Thomas e arte de John Buscema, que introduziriam vários novos vilões e heróis de temática marinha, como o vilão Tubarão Rei, que estreou na edição 5, e o herói Arraia, que estreou na 19 e, na década de 1980, chegou a fazer parte dos Vingadores. A revista também traria de volta Lady Dorma e Namora (que morreria na edição 50), integrando-as ao Universo Marvel, e introduziria a filha de Namora, Namorita, que tem os mesmos poderes da mãe e, mais tarde, faria parte do grupo de super-heróis adolescentes Novos Guerreiros. Muitas das edições da Sub-Mariner foram desenhadas por Everett, com a revista sendo o último trabalho do criador de Namor antes de ele falecer, em 1973. Também em 1973, cada revista teria duas histórias, com a primeira sendo a principal e a segunda se chamando Tales of Atlantis; com roteiro de Steve Gerber e arte primeiro de Howard Chaykin, então de Jim Mooney, essa série focaria na história e no passado de Atlântida.

Em fevereiro de 1970, a Sub-Mariner 22 publicaria a segunda de três partes de uma história de Thomas que havia começado na Doctor Strange 183, de novembro de 1969, mas ficaria sem conclusão após o cancelamento da revista do Dr. Estranho. Thomas aproveitaria ser o roteirista de Namor e do Hulk para fazer com que os dois se aliassem a Estranho em uma batalha contra demônios de outra dimensão - com a história se concluindo na The Incredible Hulk 126, de abril de 1970 - e decidindo formar uma equipe não-oficial chamada Os Defensores. Os Defensores voltariam à ativa, com a mesma formação, na Marvel Feature 1, de dezembro de 1971, com roteiros de Thomas e arte de Neal Adams, e, após mais duas edições, publicadas em março e junho de 1972, ganhariam sua própria revista, The Defenders, lançada em agosto de 1972, com roteiros de Steve Englehart e arte de Sal Buscema. A revista seria um grande sucesso, durando 152 edições e sendo cancelada apenas em fevereiro de 1986, mas Namor participaria apenas de 50 delas, com a formação da equipe variando muito ao longo dos anos.

Já a Sub-Mariner, ao todo, teria 72 edições, a última de setembro de 1974; desde pelo menos dois anos antes, a revista vinha sofrendo com vendas baixas, com a Tales of Atlantis tendo sido uma das tentativas de melhorar as vendas e salvá-la - outra seria dar a Namor um novo uniforme e um comportamento ainda mais heroico, a partir da edição 67, na qual Gerber assumiria os roteiros e Don Heck a arte. A última edição traria uma história pra lá de inusitada: o roteirista seria Steve Skeates, que havia sido contratado pela Marvel após anos na DC, onde trabalhou justamente na revista do Aquaman, que foi cancelada de repente em abril de 1971, deixando uma de suas histórias sem conclusão. Com a permissão da Marvel, Skeates usaria a última edição da Sub-Mariner para encerrar a história que vinha escrevendo em Aquaman, mas com Namor no lugar do Aquaman - em uma espécie de crossover não oficial entre a Marvel e a DC.

Após o cancelamento da Sub-Mariner, a Marvel tentaria duas táticas bem diferentes para investir em Namor. A primeira seria trazer de volta o Namor herói da Segunda Guerra Mundial, na revista The Invaders, lançada em agosto de 1975, que o colocava em uma equipe ao lado do Capitão América e do Tocha Humana original, dentre outros, vivendo aventuras e combatendo o Eixo na década de 1940; a revista teria vendas medianas e duraria 41 edições, sendo cancelada em setembro de 1979. A segunda seria trazer de volta o Namor vilão, colocando-o para dividir com o Dr. Destino uma revista chamada Super Villains Team-Up, lançada também em agosto de 1975; as vendas seriam baixíssimas desde o início, e Namor seria trocado pelo Caveira Vermelha na edição 11 - mas, como a história da edição 10 ficou sem final, ele retornou para encerrá-la na 13, de agosto de 1977. Depois disso, Namor ficaria até meados da década seguinte sem revista própria, aparecendo ocasionalmente em títulos de outros heróis, principalmente do Quarteto Fantástico, às vezes como aliado, às vezes como oponente.

O retorno de Namor a uma revista própria viria com uma minissérie chamada Prince Namor, The Sub-Mariner, com quatro edições mensais publicadas entre setembro e dezembro de 1984, roteiros de J.M. DeMatteis e arte de Bob Budiansky; totalmente ambientada em Atlântida, ela mostraria Namor tendo de sobreviver a um plano para removê-lo do trono e colocar em seu lugar um atlante de sangue puro. A minissérie seria um grande sucesso, e motivaria Thomas a sugerir uma "maxissérie", em 12 edições, contando pela primeira vez toda a história de Namor, desde seu nascimento até a época presente. Com roteiros de Roy e Dann Thomas (sua esposa) e arte de Rich Buckler, a série, chamada Saga of the Sub-Mariner e publicada entre novembro de 1988 e outubro de 1989, revisitava várias das histórias de Namor da Timely, da Atlas e da própria Marvel, fechando pontas soltas, tapando furos de continuidade e removendo contradições, para que o Namor da Marvel finalmente tivesse uma história contínua, ao invés de uma colcha de retalhos formada ao longo de 30 anos de publicações esporádicas.

O sucesso da maxissérie motivaria a Marvel a apostar em mais uma série mensal, com o nome de Namor, The Sub-Mariner. Lançada em abril de 1990, com roteiro e arte de John Byrne, ela atualizaria Namor para os anos 1990, colocando-o como presidente da empresa Oracle Inc., devotada a despoluir os oceanos, e enfrentando todos os desafios do mundo corporativo - dentre eles supervilões que querem tirar Namor do mercado. A série seria bastante bem sucedida, passando pelas mãos dos roteiristas Bob Harras e Glenn Herding e dos desenhistas Jae Lee e Geoff Isherwood após a saída de Byrne, e durando até maio de 1995, quando seria cancelada por decisão editorial, e não por baixas vendas, na edição 62. A ideia da Marvel era trazer Namor de volta em uma nova série mensal, sem os elementos corporativos, já no ano seguinte, mas a saga Heróis Renascem removeria o Príncipe Submarino da continuidade principal, o que faria com que ele ficasse quase dez anos mais uma vez apenas fazendo participações em histórias de outros heróis.

Em junho de 2003, seria lançada mais uma maxissérie em 12 edições, a última de maio de 2004 chamada simplesmente Namor; com roteiros de Andi Watson e Bill Jemas, e arte de Salvador Larroca, a série é ambientada no início do Século XX, quando um jovem Namor ainda é Príncipe da Atlântida e faz suas primeiras incursões pelo mundo da superfície, inclusive se apaixonando por uma humana, Sandy Pierce. No ano seguinte, seria lançada uma minissérie dos Defensores chamada simplesmente The Defenders, com roteiros de DeMatteis e Keith Giffen, arte de Kevin Maguire, e tom bem mais cômico que o usual, na qual Namor se une ao Hulk, o Dr. Estranho e o Surfista Prateado para derrotar uma aliança de Dormammu e Umar, em cinco edições publicadas entre setembro de 2005 e janeiro de 2006. Também em 2005, ficaria estabelecido que, junto com Homem de Ferro, Raio Negro, Sr. Fantástico, Dr. Estranho e Professor X, Namor fazia parte de um grupo chamado Illuminati, que agia nas sombras para avaliar eventos-chave do Universo Marvel e determinar a melhor forma de reagir a eles; o grupo seria criado por Brian Michael Bendis e apareceria pela primeira vez na revista New Avengers 7, o que faria com que Namor fizesse diversas participações nessa série.

Após ser parte importante de sagas como Guerra Civil e Guerra Mundial Hulk, Namor retornaria a um título próprio na minissérie Sub-Mariner, com 6 edições publicadas entre agosto de 2007 e janeiro de 2008, roteiros de Peter Johnson e Matt Cherniss e arte de Philippe Briones, na qual ele é acusado de comandar um ataque terrorista contra os Estados Unidos e deve provar sua inocência. A série seguinte do Príncipe Submarino viria dois anos depois, Namor: The First Mutant, com roteiros de Stuart Moore e arte de June Chung, na qual é revelado que ele é mutante, o que faz com que ele tenha de se posicionar na caótica sociedade mutante criada após a saga Dinastia M. A série mais uma vez teria baixas vendas desde o início, e seria publicada entre outubro de 2010 e agosto de 2011, com 11 edições mensais e uma anual. A última história teria um final aberto, e continuaria na minissérie Fear Itself: The Deep, ligada à saga A Essência do Medo, que teria quatro edições publicadas entre agosto e novembro de 2011.

Desde o início dos anos 2000, Namor tem sido mais aproveitado como coadjuvante em histórias de outros heróis ou como membro de equipes, como os Vingadores, os Invasores, os Defensores, os Illuminati ou até mesmo os X-Men, aos quais se juntou durante a saga Vingadores vs. X-Men, de 2012, quando recebeu uma parcela do poder da Fênix. Em fevereiro de 2012, seria lançada uma nova série The Defenders, com roteiros de Matt Fraction e arte de Terry Dodson, mas que não faria sucesso e acabaria cancelada após apenas 12 edições, a última de janeiro de 2013. A última revista solo de Namor seria um one shot publicada em fevereiro de 2019, Namor: The Best Defense, com roteiro de Chip Zdarsky e arte de Carlos Magno, na qual ele procura por uma tribo perdida de atlantes que possa ajudá-lo em mais uma guerra contra a superfície.
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sábado, 20 de setembro de 2025

Escrito por em 20.9.25 com 0 comentários

A Casa das Sete Mulheres

Já que mês passado eu falei sobre A Muralha, esse mês eu vou falar sobre a outra minissérie que eu havia cogitado em 2020 mas abandonado. Hoje é dia de A Casa das Sete Mulheres no átomo!


A Casa das Sete Mulheres é a adaptação de um livro de mesmo nome, escrito por Letícia Wierzchowski e publicado em abril de 2002 pela editora Record. A história é o que se costuma chamar de ficção histórica, trazendo fatos que realmente ocorreram, mas nem todos da forma como de fato ocorreram, misturando personagens reais e fictícios. A trama acompanha a Revolução Farroupilha, que, na época do Brasil Imperial, tentou conseguir a independência primeiro do Rio Grande do Sul, depois também de Santa Catarina, sob o nome de República Riograndense. Considerada a mais longa guerra civil da América do Sul, a Revolução Farroupilha durou dez anos, de 1835 a 1845, e terminou com a derrota dos Farrapos, como os revolucionários ficaram conhecidos, o que faz com que o conflito também seja conhecido como Guerra dos Farrapos. A Casa das Sete Mulheres tem sua história centrada na família de um dos principais líderes da Revolução, o General Bento Gonçalves, mas, no livro, as verdadeiras protagonistas são as mulheres da família, que passaram os dez anos da Revolução protegendo a estância onde moravam, muitas vezes sem saber o que estava acontecendo com os homens que lutavam contra as forças imperiais.

A minissérie é narrada através do diário de Manuela (Camila Morgado), sobrinha de Bento Gonçalves (Werner Schünemann), que fica com suas irmãs, tias e primas na estância, acompanhando de longe os eventos da guerra. A dona da estância é uma das irmãs de Bento Gonçalves, Ana Joaquina (Bete Mendes), mulher conciliadora, bondosa e disposta a tudo para manter a família unida, ao contrário de sua irmã, Maria (Nívea Maria), a mãe de Manuela, mulher fria e amarga que aparetemente não consegue encontrar alegria na vida. Maria é casada com Anselmo (Zé Carlos Machado), que também luta na Revolução, e tem outras duas filhas, a frágil e sonhadora Rosário (Mariana Ximenes) e a irreverente e bem-humorada Mariana (Samara Felippo). Já Bento Gonçalves é casado com a uruguaia Dona Caetana (Eliane Giardini), mulher belíssima, forte e corajosa, e tem uma filha, Perpétua (Daniela Escobar), que sonha viver um grande amor. As "sete mulheres" do título, portanto, são Manuela, Ana Joaquina, Maria, Rosário, Mariana, Perpétua e Dona Caetana.

Bento Gonçalves tem ainda uma terceira irmã, Antônia (Jandira Martini), que é dona de uma estância vizinha e só aparece na história eventualmente, quando vai visitar as irmãs ou quando alguma sobrinha vai visitá-la. Ele e Dona Caetana também têm filhos homens: Bentinho (Dado Dolabella), Joaquim (Rodrigo Faro), apelido Quincas, e Caetano (Bruno Gagliasso), que veem o pai como herói e desejam seguir seus passos no exército; Leão (primeiro Lucas Rocha, depois Sérgio Vieira) e Marco Antônio (primeiro Pedro Malta, depois Carlos Machado Filho), que são crianças e não podem ir à revolução; além de Angélica (primeiro Beatriz Browne, depois Carla Diaz), também criança e muito nova para entender os efeitos que o isolamento tem em suas primas e irmã. No livro, Maria e Anselmo também têm um filho homem, Antônio, que até é citado na minissérie, mas jamais aparece.

No livro, aliás, o isolamento das mulheres é total, e essencial para o desenvolvimento da história e psicológico dos personagens; o caráter conservador na educação das mulheres, bem como a pobreza em que viviam - que teria sido um dos catalisadores da Revolução - e a rotina tediosa de seu cotidiano são bastante enfatizados, com elas somente tomando conhecimento dos acontecimentos da Revolução através de cartas e mensageiros. Seria impossível, entretanto, fazer a minissérie assim - uma daquelas famosas coisas que "funciona num livro, mas não numa obra audivisual" - de forma que, na minissérie, as mulheres têm participação ativa nos eventos da Revolução, os homens voltam para casa constantemente, e a estância é palco de frequentes encontros e festas. Apesar do sucesso da minissérie, essa descaracterização da história seria alvo de muitas críticas, principalmente em relação ao comportamento de Manuela, Rosário, Mariana e Perpétua, que, segundo os críticos, em nada se diferenciava daquele das jovens das novelas ambientadas no Rio de Janeiro do século XXI, sendo totalmente inadequado a moças estancieiras do século XIX. Outra mudança foi em relação à idade das três sobrinhas de Bento Gonçalves: no livro (e na vida real), Manuela era a mais nova das três, enquanto na minissérie é a mais velha.

Na minissérie, Rosário tem um prometido, Afonso Corte Real (Murilo Rosa), que luta ao lado de Bento Gonçalves, mas se apaixona por Estêvão (Thiago Fragoso), um soldado das tropas imperiais, para desepero de toda família. Já Perpétua se apaixona por Inácio (Marcelo Novaes), dono da estância vizinha casado com uma mulher enferma, Teresa (Sabrina Greve), e luta contra o remorso, tanto por estar se relacionando com um homem casado, quanto por secretamente desejar que Teresa morra logo para que eles fiquem juntos. E Mariana parece não estar muito interessada no amor até conhecer o peão João Gutierrez (Heitor Martinez), por quem se apaixona perdidamente, para desespero de sua mãe, que o considera um bugre (indígena) inferior e deseja acabar com esse relacionamento a qualquer custo.

Para provar que todas as mulheres da família têm o dedo podre para o amor, Manuela se apaixona por ninguém menos que Giuseppe Garibaldi (Thiago Lacerda), revolucionário italiano que luta contra a tirania em todo o planeta, e vem ao Rio Grande do Sul ajudar Bento Gonçalves e sua causa, ficando hospedado na estância de Antônia. Garibaldi corresponde ao amor de Manuela, e chega a pedi-la em casamento a Bento Gonçalves, mas ele precisa recusar porque ela já está prometida a Joaquim. Convencido de que é melhor para ela se casar com o primo, Garibaldi parte para lutar em Santa Catarina, onde conhece Anita (Giovanna Antonelli), mulher guerreira e à frente de seu tempo, totalmente diferente de Manuela, com quem acaba se casando.

É importante nesse ponto dizer que Manuela não é uma personagem fictícia, mas real, e, no livro, assim como na vida, após saber que ela está prometida a Joaquim, Garibaldi propõe que os dois fujam para Santa Catarina para se casarem, mas ela não tem coragem e os dois acabam terminando. Manuela, tanto no livro, quanto na minissérie, quanto na vida real, jamais se casaria, vivendo solteira e solitária até o fim de seus dias, deixando registrado em diários seu arrependimento e sofrimento por não ter tido coragem para fugir com Garibaldi; nas ruas de Pelotas, onde foi morar na velhice, ela era apontada nas ruas e conhecida como "a noiva de Garibaldi". Outro ponto muito criticado da minissérie foi que nela, após saber de Anita - que no livro é apenas citada, não existindo como personagem - Manuela viaja a Santa Catarina, se envolve nos combates da Revolução e se torna uma personagem mais forte e decidida.

Outro personagem muito importante é Bento Manuel (Luís Melo), estancieiro rival de Bento Gonçalves que, por ser exímio estrategista, foi uma das peças principais e um dos grandes nomes da Revolução; na vida real, dizia-se que ele tinha um pacto com o diabo, e na minissérie ele é uma espécie de vilão, lutando na Revolução mas fazendo de tudo para prejudicar Bento Golçalves, incluindo ajudar o Império quando lhe é conveniente. Um dos motivos é que Bento Manuel é apaixonado por Dona Caetana, a quem corteja incessantemente, sempre sem sucesso. Ele chega a fazer um pacto com a feiticeira Teiniaguá (Juliana Paes), que usa forças ocultas para que Dona Caetana corresponda ao amor do general, em uma trama retirada de outra história, A Salamanca do Jarau, de Simões Lopes Neto.

Um dos pontos centrais da Revolução Farroupilha era a abolição da escravidão, que ainda existia no Império, mas os Revolucionários pretendiam extinguir na República Riograndense. Na minissérie, é mostrado que os negros, apesar de ainda escravizados, não estavam submetidos a estrita vigilância, punições constantes ou confinamento às senzalas como no restante do país, e tinham importante papel nas charqueadas, principal atividade econômica da região, com muitos deles lutando na Revolução por vontade própria. O principal núcleo de personagens negros da minissérie é formado por João Congo (Antônio Pompêo), criado pessoal de Bento Gonçalves; o capataz Terêncio (Maurício Gonçalves), sua esposa, Zefina (Viviane Porto), e seu filho, Netinho (André Luiz Miranda); e os criados Zé Pedra (Bukassa Kabengele), Viriata (Mariah da Penha) e Beata (Mary Sheila). Outros criados mostrados como membros da família são a mestiça Luzia (Amandha Lee), empregada da estância que fica amiga de Rosário, e Rosa (Ana Beatriz Nogueira), governanta e cozinheira de Ana Joaquina.

Outros personagens reais de nossa História presentes na minissérie são, pelo lado dos Farrapos, o General Antônio de Sousa Neto (Tarcísio Filho), o General Canabarro (Oscar Simch), o Coronel Onofre Pires (José de Abreu), o jornalista italiano Luigi Rossetti (Dalton Vigh), o revolucionário Tito Lívio (Ângelo Antônio), e o médico Francisco Sabino (Stepan Nercessian), e, do lado do Império, o Coronel Moringue (Gilson Moura), o Marechal Mena Barreto (Roberto Pirilo), o Presidente da Província do Rio Grande do Sul, José de Araújo Ribeiro (Ney Latorraca) e o Duque de Caxias (Nelson Diniz), que, na época, ainda era Barão. Outros personagens que merecem ser citados são Chico Mascate (José Victor Castiel), que visitava as estâncias com sua carroça cheia de produtos à venda, e teve importante papel nas comunicações entre os Revolucionários e suas famílias; Francisca (Ítala Nandi), esposa do Coronel Onofre; Joana (Manuela do Monte), filha bastarda do Coronel Onofre, criada em um convento desde criança; Bárbara (Arietha Corrêa), mulher de personalidade forte que luta pela emancipação feminina; o Padre Villar (Lafayette Galvão), que acompanha as tropas de Bento Gonçalves; e o Padre Cordeiro (Sérgio Viotti), que é a favor dos revolucionários, mas contra o relacionamento de Anita e Garibaldi, já que, quando eles se conheceram, ela ainda era casada com Manuel Aguiar (Roberto Bomtempo).

O elenco se completa com os revolucionários Antônio (Sebastião Vasconcelos), Gavião (Douglas Simon), João Grandão (Ricardo Herriot), Pedro (Teodoro Cochrane) e Eduardo (Gabriel Gracindo) e com as "chinas", mulheres que seguiam as tropas revolucionárias para se prostituir com os soldados, na esperança de se casar com um deles, lideradas por Consuelo (Rosi Campos), e que contavam, dentre outras, com Quitéria (Christiane Tricerri), Papagaia (Cinira Camargo) e Tina (Carla Regina). Vários atores famosos da Globo fariam participações especiais, muitas delas de um só capítulo, como Tonico Pereira como o Padre Roberto; Irene Ravache como Madalena Aguilar (que tem um caso com Bento Gonçalves enquanto ele está na Guerra); Cláudio Correia e Castro como um homem que vive isolado na mata e dá abrigo ao grupo de Garibaldi; Ariclê Perez como a Madre Cecília, responsável pelo convento onde Joana está internada, onde também vive a Irmã Damiana (Christiana Guinle); Carmo Dalla Vecchia como Batista; André Mattos como Pedro Boticário; Jandir Ferrari como João Silvério; Ilya São Paulo como um soldado imperial desertor; José Dumont como o comandante de um forte onde Bento Gonçalves passa um tempo preso; Othon Bastos como o Coronel Crescêncio; e Norma Geraldy como Manuela, idosa, no último capítulo.

A minissérie seria a estreia na Globo de dois atores que fariam muito sucesso nos anos seguintes, Werner Schünemann e Camila Morgado. Camila ganharia o Prêmio Austragésilo de Athayde de atriz revelação, e faria tanto sucesso que todos os dias a emissora recebia dezenas de cartas e e-mails pedindo para que o final da história fosse alterado e Manuela se casasse com Garibaldi. Outra atriz bastante elogiada pela crítica e pelo público, apesar de seu personagem detestável, seria Nívea Maria, que ganharia o prêmio de Melhor Atriz da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Outro ator premiado seria Thiago Lacerda, que receberia o Prêmio INTE, considerado o Oscar da televisão latino-americana, de melhor ator.

As filmagens ocorreriam no Rio de Janeiro e em quatro cidades gaúchas: Cambará do Sul, São José dos Ausentes, Pelotas e Uruguaiana - o que também levou a críticas de historiadores, já que as batalhas da Guerra dos Farrapos ocorreram próximo à Lagoa dos Patos, e não na Serra Gaúcha, e, na minissérie, os personagens cobriam distâncias de centenas de quilômetros, como de Pelotas a Laguna, em pouco tempo se comparado com o que realmente levava na época. Cerca de 2500 pessoas viajaram até o Rio Grande do Sul especialmente para as filmagens, que durariam 40 dias; os figurantes, cerca de 150 a cada cena de batalha, seriam contratados nas próprias cidades onde as filmagens estavam ocorrendo. Para representar a Estância da Barra, onde as mulheres da família de Bento Gonçalves ficaram em isolamento, seria usada a Charqueada São João, fazenda na cidade de Pelotas com um casarão colonial construído em 1810. Todos os atores do elenco principal tiveram aulas de equitação, esgrima, tiro, tradições gaúchas, prosódia (para que os que tinham sotaque de outras regiões do Brasil conseguirem amenizá-lo) e assistiram palestras sobre a Revolução Farroupilha.

Apesar de ter destaque na minissérie, a cidade catarinense de Laguna não seria usada como locação, com suas cenas sendo filmadas no Rio de Janeiro. No Projac, em Jacarepaguá, seriam construídas ruas que lembravam as históricas de Pelotas, Porto Alegre, Caçapava e Laguna, além das áreas externas das estâncias; para obter o tom amarelado característico da região, seriam espalhadas pelo chão cascas de arroz. O cenário que reproduzia a parte interna da estância também seria construído no Projac, ocuparia 400 m2, e era composto por cinco quartos, adega, cozinha, biblioteca, capela, pátio, sala de estar com lareira, sala de jantar e banheiro, todos com ornamentos e pinturas envelhecidos propositalmente, para parecer que foram desgastados pelo tempo. Todos os objetos de cena, desde os móveis até as cuias de chimarrão, passando pelas cerâmicas, flâmulas e bandeiras, seriam produzidos pela equipe de cenografia da Globo especialmente para a minissérie, sem ser usado qualquer objeto original de época. O maior destaque da cenografia foi o diário de Manuela, no qual a personagem aparecia escrevendo de forma intercalada com as cenas da minissérie; o diário realmente contava toda a história da minissérie, sendo mostrados em destaque os trechos narrados por Camila Morgado, e foi escrito por um calígrafo especialmente contratado para a função.

Uma das cenas mais complexas foi a de um grupo liderado por Garibaldi levando dois barcos por terra, com a ajuda de carros de boi. Seriam construídas para ela pesadas rodas de madeira, de 1,80 m de diâmetro, que seriam atreladas às embarcações, apenas um pouco menores que as originais da Revolução, e então puxadas por 48 bois. Um dos barcos, o Seival, seria construído no Rio de Janeiro e levado desmontado até Uruguaiana, onde ocorreria sua montagem; o outro, o Farroupilha era uma embarcação encontrada pela produção na região nos primeiros dias de filmagem, e adaptada para ficar mais parecida com o Farroupilha original. Dizem os registros históricos que, no dia do transporte, estava chovendo; para que não fosse necessário esperar um dia em que estivesse chovendo para filmar, seriam usados oito carros-pipa, que jogariam água para cima na direção dos atores e embarcações.

Escrita por Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, com colaboração de Lúcio Manfredi e Vincent Villari, direção de Teresa Lampreia e Marcos Schechtman, e direção geral de Jayme Monjardim, A Casa das Sete Mulheres teria 51 capítulos, exibidos entre 7 de janeiro e 8 de abril de 2003 - curiosamente, a data original prevista para a exibição do último capítulo seria 4 de abril, uma sexta-feira, como é convencional, mas problemas com a grade de programação causados pela exibição de jogos de futebol o acabariam empurrando para o dia 8, a terça-feira da semana seguinte. A minissérie seria uma das mais premiadas da história da televisão brasileira, levando o Grande Prêmio da Crítica da APCA, o Troféu Imprensa de Melhor Programa, e o INTE de Melhor Minissérie, com Monjardim levando o de Melhor Diretor.

A abertura imitava um mapa antigo, mostrando cenas da minissérie e os rostos dos principais atores junto a seus nomes, com o título trazendo a imagem das "sete mulheres" - Ana Joaquina, Maria e Rosário do lado esquerdo, Manuela, Perpétua, Dona Caetana e Mariana do lado direito, o que em sempre achei estranho, já que, na minha opinião, faria mais sentido as mais velhas de um lado e as mais novas do outro. A trilha sonora ficaria a cargo de Marcus Vianna, que também comporia o tema de abertura, executado pela Transfônika Oskestra. A trilha instrumental composta por Vianna acabaria sendo lançada pelo selo Sonhos e Sons, do próprio compositor, com o nome de Sete Vidas, Amores e Guerras, mas, para aproveitar o sucesso da minissérie, a Globo prepararia um CD de trilha sonora ao estilo dos das novelas, lançado pela Som Livre com Thiago Lacerda na capa, e que trazia, dentre outros, Gal Costa, Zizi Possi, Milton Nascimento, Flávio Venturini, Leila Pinheiro e Agnaldo Rayol. Duas curiosidades dessa trilha são a presença de duas músicas da peruana Adriana Mezzadri, e La Media Vuelta, cantada por Rodrigo Faro, no elenco como Joaquim.

O livro de Wierzchowski era um lançamento recente quando a minissérie foi produzida, e o sucesso desta ajudou alavancar suas vendas - até o início da exibição, o livro havia vendido 13 mil exemplares, mas, apenas nas três primeiras semanas da minissérie, vendeu mais 30 mil. A minissérie também aumentaria as vendas de livros que falavam sobre a Revolução Farroupilha e sobre a história do Rio Grande do Sul em geral, e estimularia o turismo no estado, especialmente na Serra Gaúcha. O sucesso da minissérie também levaria ao lançamento de uma série de cartões telefônicos com suas cenas, e ao de um outro livro chamado A Casa das Sete Mulheres, de Valentina Nunes, lançado pela Globo ainda em 2003, que trazia fotografias da minissérie de seus bastidores. A TV Bandeirantes também tentaria pegar uma carona nesse sucesso, reexibindo, ainda em 2003, em formato de minissérie, o filme A Guerra dos Farrapos, de 1985, que trazia Nelson Xavier como Bento Gonçalves e Herson Capri como Garibaldi.

A Casa das Sete Mulheres seria lançada em DVD, em forma condensada, em 2004. Dois anos depois, entre 15 de agosto e 22 de setembro de 2006, seria reexibida, também em versão compacta, pela Globo. Uma nova reexibição ocorreria entre 21 de agosto e 4 de outubro de 2012, mas apenas no Distrito Federal e no sinal captado por antenas parabólicas, para preencher um buraco na programação criado pelo Horário Eleitoral Gratuito - que não seria exibido no DF nem pelas parabólicas no período. A minissérie também seria exibida na íntegra pelo canal Viva três vezes, entre 18 de maio e 27 de julho de 2010, entre 26 de junho e 5 de setembro de 2013, e entre 3 de janeiro e 14 de março de 2022. Desde agosto de 2022, ela também pode ser encontrada no catálogo do serviço de streaming Globoplay.

Em 2024, foi anunciado que o livro de Wierzchowski ganharia uma nova adaptação, mais curta e talvez mais fiel, produzida pela Boutique Films e escrita por Angela Chaves, da série Pedaço de Mim, da Netflix. Até eu publicar esse texto ("até o fechamento dessa edição") eu ainda não havia encontrado mais informações sobre data de estreia, número de episódios, elenco, ou em qual canal essa nova versão seria exibida.
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