Enquanto eu estava escrevendo o post sobre Wolverine, fiquei pensando que, quando fiz a série sobre os filmes da Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel, e aproveitei para fazer posts sobre o Cavaleiro da Lua e Shang-Chi, poderia ter aproveitado e feito também um sobre Namor. Bom, antes tarde do que nunca, hoje é dia de Namor no átomo!
Namor é um dos personagens que a Marvel herdou de suas antecessoras, no caso a Timely Comics, que publicou revistas em quadrinhos entre 1939 e 1950, quando mudou de nome para Atlas Comics. Namor era um dos três principais personagens da Timely, junto com o Capitão América e o Tocha Humana original, e é considerado o primeiro anti-herói da história dos quadrinhos, já que, em suas aventuras, ele não combatia ameaças aos Estados Unidos, e sim os próprios Estados Unidos: em uma pegada meio ecológica, Namor atacava qualquer um que ameaçasse os oceanos, frequentemente afundando navios, destruindo arranha-céus de empresas poluidoras e até mesmo enfrentando o exército norte-americano; apesar disso, os leitores não o viam como um vilão, e argumentavam que, mesmo que seus atos fossem criminosos, através deles ele alcançava a justiça.
Namor foi uma criação do roteirista e desenhista Bill Everett, a pedido da empresa First Funnies, que prestava, nas décadas de 1930 e 1940, um serviço que não existiria mais após a Segunda Guerra Mundial: produzir histórias em quadrinhos sob demanda para que as editoras não precisassem contratar roteiristas e desenhistas. Basicamente, a First Funnies, e outras empresas do mesmo tipo, contratavam roteiristas e desenhistas a preço de banana, e eles produziam histórias sob encomenda que eram então vendidas para as editoras de revistas em quadrinhos, que as colocavam em suas publicações. A First Funnies produziria todo tipo de história, de comédia a romance adolescente, de faroeste a piratas, passando, evidentemente, por super-heróis - outro dos grandes heróis da Timely, o Tocha Humana, um androide com o poder de deixar seu próprio corpo em chamas, seria criado por Carl Burgos para a First Funnies, que, então, revenderia suas histórias para a Timely.
Em 1939, a First Funnies encomendaria a Everett um novo super-herói, mas que ela não revenderia a outra editora; ao invés disso, ele seria uma das estrelas da revista Motion Pictures Funnies Weekly, produzida pela própria First Funnies, que não seria vendida, e sim distribuída de graça em cinemas selecionados em todos os Estados Unidos - por isso o Motion Pictures no título. A ideia original era que, caso a revista fosse bem sucedida, a First Funnies se transformaria em uma editora ela mesma, publicando suas próprias revistas ao invés de vender suas histórias para as outras. Por algum motivo que se perdeu no tempo, contudo, o projeto foi cancelado, e apenas uma pequena quantidade de cópias - oito ou nove, dependendo de para quem você pergunte - foram impressas como teste. Essas cópias permaneceriam inéditas até 1974, quando Lloyd Jacquet, o dono da First Funnies, faleceria, e elas seriam encontradas em sua casa.
Mas Namor não ficaria inédito até 1974: gostando do personagem e achando que ele tinha potencial para ser um grande sucesso, Jacquet pediria para que Everett fizesse uma "versão estendida" da história publicada na Motion Pictures Funnies Weekly - que tinha apenas 8 páginas e terminava com um quadro dizendo "continua na próxima edição". Jacquet venderia essa história, de 12 páginas, para a Timely, que a publicaria na muito curiosamente chamada Marvel Comics número 1, de outubro de 1939. Como a Motion Pictures Funnies Weekly jamais foi publicada, a Marvel Comics 1 é considerada a estreia oficial de Namor nos quadrinhos. Também é interessante dizer que Namor estrearia nos quadrinhos mais de dois anos antes de outro super-herói muito parecido com ele, o Aquaman, caso alguém aí esteja disposto a discutir quem copiou quem.
Boatos dizem que, quando recebeu o encargo de criar um super-herói, Everett decidiria por um ligado aos oceanos porque Burgos havia inventado um que pega fogo, então ele quis fazer um contraponto entre o fogo e a água. Seja isso verdade ou não, ele se inspiraria no poema O Conto do Velho Marinheiro, escrito por Samuel Taylor Coleridge em 1798, e chegaria ao nome Namor após escrever uma lista de nomes "apropriados para nobres" e escrevê-los de trás para a frente, vendo qual soava melhor - sendo Namor a versão invertida do nome Roman. Em sua primeira aparição, Everett definiria Namor como "um ultra-homem", capaz de respirar na terra e sob a água, voar nos céus com a mesma facilidade com que nadava, de pele quase impenetrável e com a força de 100 homens da superfície. Embora nunca tenha assumido, e ele não voasse nessa época, Everett provavelmente se inspiraria no Superman, que havia estreado um ano e meio antes, para definir os poderes de Namor.
A origem de Namor também seria criada por Everett: ele era filho de um marinheiro, Leonard McKenzie, capitão do navio quebra-gelo Oracle, em missão na Antártida. Sem que a Marinha soubesse, sob o gelo antártico estava localizada a cidade perdida de Atlântida, e seu governante, o Imperador Thakorr, não gostou de ver um navio passando tão perto. Para espionar os intrusos, Thakorr enviaria sua própria filha, Fen, o que não se mostrou uma decisão acertada quando ela se apaixonou por McKenzie, decidindo se casar com ele e viver para sempre no mundo da superfície. Revoltado, Thakorr enviou guerreiros para matar toda a tripulação do navio, inclusive McKenzie, e levar Fen de volta para a Atlântida; sem que ele soubesse, porém, ela estava grávida, e Namor nasceria nove meses depois. Ao invés de rejeitado, ele seria criado como um verdadeiro Príncipe de Atlântida, ensinado a odiar o mundo da superfície e a proteger os oceanos a qualquer custo, se tornando o maior campeão do reino quando adulto.
Os atlantes possuem pele azul e não conseguem respirar fora da água, precisando de um capacete cheio d'água para poder visitar a superfície, mas Namor, sendo um híbrido (com mais tarde se tornando um mutante através de uma retcon, que é como se chama quando uma nova história altera alguma coisa do passado, sendo considerado que tudo sempre foi assim), possui pele rosada como a de seu pai e pode respirar tanto na superfície quanto sob a água indefinidamente; ele também herdaria a força dos atlantes, muito superior à dos humanos devido à grande pressão do fundo do oceano, e nasceria com asas nos tornozelos que lhe permitiam voar, algo que, antes de ele ser definido como mutante, jamais teve explicação, já que nem humanos, nem atlantes, voam. Everett também faria o rosto de Namor com uma aparência levemente alienígena, com orelhas pontudas, olhos pequenos e sobrancelhas arqueadas, para deixar claro que ele não era humano; esses traços acabariam suavizados nas histórias mais recentes.
A Marvel Comics teria apenas uma edição, o que levaria Namor a viver suas aventuras, junto com o Tocha Humana, Ka-Zar e outros heróis menos conhecidos, como o Anjo, o Cavaleiro Mascarado e American Ace, na revista Marvel Mystery Comics, lançada em dezembro de 1939. Como foi dito, em seu início, Namor era quase um vilão, frequentemente atacando os Estados Unidos; ele também seria o responsável pelo primeiro crossover da história dos quadrinhos, quando tentaria causar um tsunami para afundar toda a ilha de Manhattan, e acabaria sendo impedido pelo Tocha Humana. A principal coadjuvante do Príncipe Submarino - alcunha pela qual Namor era conhecido dentre os habitantes da superfície - nas primeiras histórias era a atlante Dorma, que, originalmente, era sua prima, confidente e melhor amiga de infância, mas, quando Namor estreasse na Marvel, também sofreria uma retcon e passaria a ser sua prometida e futura esposa.
Na Marvel Mystery Comics 3, de janeiro de 1940, Namor ganharia sua primeira aliada na superfície, a policial novaiorquina Betty Dean, e, na edição 82, de maio de 1947 estrearia Namora, outra prima de Namor, que tinha os mesmos poderes que ele e uma origem muito parecida (sendo filha de um atlante com uma humana), sendo mais uma das "versões femininas" dos heróis, como a Supergirl e a Batgirl, que começariam a se popularizar na época. Namora seria uma personagem bastante popular no final da década de 1940, e até chegaria a ganhar uma revista própria The Sea Beauty Namora, que acabaria tendo apenas três edições, publicadas em agosto, outubro e dezembro de 1948, após ser cancelada por baixas vendas.
O comportamento de Namor passaria a ser mais heroico quando os Estados Unidos entrassem na Segunda Guerra Mundial, e ele, assim como praticamente todos os demais super-heróis de todas as editoras, passassem a enfrentar as forças do Eixo ao lado dos Aliados. Nessa época, ele faria parte do Esquadrão Vitorioso, que contava também com o Capitão América, Bucky, Tocha Humana, Centelha, Ciclone, Miss América, a Fantasma Loura e o Anjo, e tinha suas aventuras publicadas na revista All-Winners Squad - de forma interessante, a história de que Namor teria feito parte de uma equipe conhecida como Os Invasores, com mais ou menos os mesmos mebros do Esquadrão Vitorioso, e que lutou na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, também é na verdade uma retcon, só tendo sido criada pela Marvel na década de 1970. Sendo membro do Esquadrão Vitorioso, não pegaria bem para Namor ficar atacando os Estados Unidos, de forma que, a partir de então, ele passaria a ser retratado como um super-herói clássico, que usava seus poderes para combater o crime e ajudar a humanidade.
Namor ganharia uma revista própria - ou quase, já que ela trazia sempre uma história dele e uma do Anjo - em março de 1941; a primeira edição se chamaria The Sub-Mariner and the Angel, mas, a partir da segunda, o título mudaria para Sub-Mariner Comics. Originalmente, a revista era trimestral, mas passaria a ter periodicidade indefinida (basicamente sendo lançada quando a Timely estava com vontade) em março de 1944, se tornando bimestral em abril de 1948, e sendo cancelada em junho de 1949, na edição 32. Ao longo desses oito anos, as vendas foram sempre boas quando comparadas a outras revistas da Timely, mas, em 1949, nenhuma revista de super-heróis vendia bem, o que motivou o cancelamento. A Atlas ainda faria uma tentativa de ressuscitar a revista, com o nome de Sub-Mariner, mas numeração continuando da 33, em abril de 1954; esse relançamento seria financiado por uma série de TV estrelada por Namor, que jamais sairia do papel, o que faria com que a Atlas decidisse cancelar a revista novamente após apenas dez edições, na 42, de outubro de 1955.
A década de 1950 não seria boa para os super-heróis, com várias editoras fechando as portas - para não fechar, a Timely se transformaria em Atlas - e somente peso-pesados como Superman, Batman e Mulher Maravilha conseguindo boas vendas. Nesse cenário, antes de relançar a Sub-Mariner, a Atlas tentaria trazer de volta Namor, o Tocha Humana e o Capitão América em histórias na revista Young Men, começando na edição 24, de dezembro de 1953 - seria essa, aliás, a infame versão do Capitão América que, quando o herói foi integrado ao Universo Marvel, descoberto congelado pelos Vingadores, sofreria uma retcon e passaria a ser um imitador. As histórias dos super-heróis na Young Men - que, originalmente, era uma revista com histórias de guerra, tanto que, até a edição 20, se chamava Young Men on the Battlefield - jamais teriam boas vendas, entretanto, e a revista, bimestral, seria cancelada na edição 28, de junho de 1954.
Após o cancelamento da Sub-Mariner, Namor ficaria fora dos quadrinhos até 1962, quando Stan Lee, que era um dos roteiristas da Young Men, e havia acabado de criar o Quarteto Fantástico, decidiria trazer de volta o personagem como um vilão - fazendo, de certa forma, com que ele voltasse às origens. Assim, na Fantastic Four número 4, de maio de 1962, da Marvel Comics, Johnny Storm, que herdou o nome de Tocha Humana, encontraria Namor vivendo nas ruas de Manhattan como mendigo e com amnésia. Após recuperar a memória, ele tentaria retornar à Atlântida - que, agora, já não ficava sob a Antártida, mas em algum lugar do Oceano Pacífico - mas descobriria que todo o reino foi destruído por testes nucleares, com a população atlante se espalhando pelo mundo. Namor, então, atacaria a humanidade motivado por vingança - com, inclusive, seu nome sendo explicado como significando "filho vingador" na língua atlante. Para piorar as coisas, ele ainda se apaixonaria por Sue Storm, a Mulher Invisível, o que faria com que ele e Reed Richards, o Sr. Fantástico e namorado de Sue, se tornassem ferrenhos rivais.
Namor logo se tornaria um dos personagens mais populares de Marvel e, aos poucos, deixaria de ser um vilão - que se aliava ao Dr. Destino e a Magneto para alcançar seus objetivos - para se tornar novamente um anti-herói - defendendo os oceanos com violência, mas sem atacar sem provocação e mantendo um rígido código de nobreza. Essa popularidade faria com que ele fosse convidado especial em histórias dos mais variados heróis, dos Vingadores ao Hulk, do Demolidor ao Homem-Aranha, mas problemas legais envolvendo a transformação da Atlas em Marvel fariam com que não fosse possível que ele tivesse uma revista própria. Em 1965, entretanto, os advogados da Marvel achariam uma brecha que permitiria que Namor dividisse a Tales to Astonish com outro personagem - no caso, o Hulk - com o Príncipe Submarino fazendo sua estreia na edição 70, de agosto de 1965.
Desde o início ficaria claro que o Namor da Marvel era o mesmo da Timely/Atlas, que estava na ativa desde 1939; para que isso fosse possível, ficaria subentendido que a vida dos atlantes é mais longa que a dos humanos, e Namor também tinha herdado essa longevidade. Mais velho, ele se comportava de forma ligeiramente diferente de sua versão anterior, não sendo tão impetuoso, sendo um estrategista melhor, se portando de forma mais autoritária, solene e arrogante, e, principalmente, falando de forma mais rebuscada, quase da mesma forma como falava o Thor - e ganhando, inclusive, um grito de guerra, Imperius Rex, que não significa nada em latim ("ordem real"?) mas Stan Lee achou que tinha a sonoridade apropriada.
A Tales to Astonish seguiria tendo uma história do Hulk e uma de Namor a cada edição até a 101, de março de 1968; na edição seguinte, ela passaria a ser exclusiva do Hulk, mudando de nome para The Incredible Hulk, mas mantendo a numeração. Em abril de 1968 seria lançada uma única edição de uma revista chamada Iron Man and Sub-Mariner, com uma história do Homem de Ferro e uma de Namor; enquanto ela estava na gráfica, as questões legais envolvendo a Atlas foram resolvidas, e, em maio de 1968, Namor finalmente ganharia sua revista solo na Marvel, Prince Namor, The Sub-Mariner - que, na edição 25, passaria a se chamar somente Sub-Mariner, na 65 mudaria para Prince Namor, The Savage Sub-Mariner, e, na 68, se tornaria The Savage Sub-Mariner, mas, oficialmente, seria registrada como Sub-Mariner do início ao fim.
A Sub-Mariner da Marvel começaria com roteiros de Roy Thomas e arte de John Buscema, que introduziriam vários novos vilões e heróis de temática marinha, como o vilão Tubarão Rei, que estreou na edição 5, e o herói Arraia, que estreou na 19 e, na década de 1980, chegou a fazer parte dos Vingadores. A revista também traria de volta Lady Dorma e Namora (que morreria na edição 50), integrando-as ao Universo Marvel, e introduziria a filha de Namora, Namorita, que tem os mesmos poderes da mãe e, mais tarde, faria parte do grupo de super-heróis adolescentes Novos Guerreiros. Muitas das edições da Sub-Mariner foram desenhadas por Everett, com a revista sendo o último trabalho do criador de Namor antes de ele falecer, em 1973. Também em 1973, cada revista teria duas histórias, com a primeira sendo a principal e a segunda se chamando Tales of Atlantis; com roteiro de Steve Gerber e arte primeiro de Howard Chaykin, então de Jim Mooney, essa série focaria na história e no passado de Atlântida.
Em fevereiro de 1970, a Sub-Mariner 22 publicaria a segunda de três partes de uma história de Thomas que havia começado na Doctor Strange 183, de novembro de 1969, mas ficaria sem conclusão após o cancelamento da revista do Dr. Estranho. Thomas aproveitaria ser o roteirista de Namor e do Hulk para fazer com que os dois se aliassem a Estranho em uma batalha contra demônios de outra dimensão - com a história se concluindo na The Incredible Hulk 126, de abril de 1970 - e decidindo formar uma equipe não-oficial chamada Os Defensores. Os Defensores voltariam à ativa, com a mesma formação, na Marvel Feature 1, de dezembro de 1971, com roteiros de Thomas e arte de Neal Adams, e, após mais duas edições, publicadas em março e junho de 1972, ganhariam sua própria revista, The Defenders, lançada em agosto de 1972, com roteiros de Steve Englehart e arte de Sal Buscema. A revista seria um grande sucesso, durando 152 edições e sendo cancelada apenas em fevereiro de 1986, mas Namor participaria apenas de 50 delas, com a formação da equipe variando muito ao longo dos anos.
Já a Sub-Mariner, ao todo, teria 72 edições, a última de setembro de 1974; desde pelo menos dois anos antes, a revista vinha sofrendo com vendas baixas, com a Tales of Atlantis tendo sido uma das tentativas de melhorar as vendas e salvá-la - outra seria dar a Namor um novo uniforme e um comportamento ainda mais heroico, a partir da edição 67, na qual Gerber assumiria os roteiros e Don Heck a arte. A última edição traria uma história pra lá de inusitada: o roteirista seria Steve Skeates, que havia sido contratado pela Marvel após anos na DC, onde trabalhou justamente na revista do Aquaman, que foi cancelada de repente em abril de 1971, deixando uma de suas histórias sem conclusão. Com a permissão da Marvel, Skeates usaria a última edição da Sub-Mariner para encerrar a história que vinha escrevendo em Aquaman, mas com Namor no lugar do Aquaman - em uma espécie de crossover não oficial entre a Marvel e a DC.
Após o cancelamento da Sub-Mariner, a Marvel tentaria duas táticas bem diferentes para investir em Namor. A primeira seria trazer de volta o Namor herói da Segunda Guerra Mundial, na revista The Invaders, lançada em agosto de 1975, que o colocava em uma equipe ao lado do Capitão América e do Tocha Humana original, dentre outros, vivendo aventuras e combatendo o Eixo na década de 1940; a revista teria vendas medianas e duraria 41 edições, sendo cancelada em setembro de 1979. A segunda seria trazer de volta o Namor vilão, colocando-o para dividir com o Dr. Destino uma revista chamada Super Villains Team-Up, lançada também em agosto de 1975; as vendas seriam baixíssimas desde o início, e Namor seria trocado pelo Caveira Vermelha na edição 11 - mas, como a história da edição 10 ficou sem final, ele retornou para encerrá-la na 13, de agosto de 1977. Depois disso, Namor ficaria até meados da década seguinte sem revista própria, aparecendo ocasionalmente em títulos de outros heróis, principalmente do Quarteto Fantástico, às vezes como aliado, às vezes como oponente.
O retorno de Namor a uma revista própria viria com uma minissérie chamada Prince Namor, The Sub-Mariner, com quatro edições mensais publicadas entre setembro e dezembro de 1984, roteiros de J.M. DeMatteis e arte de Bob Budiansky; totalmente ambientada em Atlântida, ela mostraria Namor tendo de sobreviver a um plano para removê-lo do trono e colocar em seu lugar um atlante de sangue puro. A minissérie seria um grande sucesso, e motivaria Thomas a sugerir uma "maxissérie", em 12 edições, contando pela primeira vez toda a história de Namor, desde seu nascimento até a época presente. Com roteiros de Roy e Dann Thomas (sua esposa) e arte de Rich Buckler, a série, chamada Saga of the Sub-Mariner e publicada entre novembro de 1988 e outubro de 1989, revisitava várias das histórias de Namor da Timely, da Atlas e da própria Marvel, fechando pontas soltas, tapando furos de continuidade e removendo contradições, para que o Namor da Marvel finalmente tivesse uma história contínua, ao invés de uma colcha de retalhos formada ao longo de 30 anos de publicações esporádicas.
O sucesso da maxissérie motivaria a Marvel a apostar em mais uma série mensal, com o nome de Namor, The Sub-Mariner. Lançada em abril de 1990, com roteiro e arte de John Byrne, ela atualizaria Namor para os anos 1990, colocando-o como presidente da empresa Oracle Inc., devotada a despoluir os oceanos, e enfrentando todos os desafios do mundo corporativo - dentre eles supervilões que querem tirar Namor do mercado. A série seria bastante bem sucedida, passando pelas mãos dos roteiristas Bob Harras e Glenn Herding e dos desenhistas Jae Lee e Geoff Isherwood após a saída de Byrne, e durando até maio de 1995, quando seria cancelada por decisão editorial, e não por baixas vendas, na edição 62. A ideia da Marvel era trazer Namor de volta em uma nova série mensal, sem os elementos corporativos, já no ano seguinte, mas a saga Heróis Renascem removeria o Príncipe Submarino da continuidade principal, o que faria com que ele ficasse quase dez anos mais uma vez apenas fazendo participações em histórias de outros heróis.
Em junho de 2003, seria lançada mais uma maxissérie em 12 edições, a última de maio de 2004 chamada simplesmente Namor; com roteiros de Andi Watson e Bill Jemas, e arte de Salvador Larroca, a série é ambientada no início do Século XX, quando um jovem Namor ainda é Príncipe da Atlântida e faz suas primeiras incursões pelo mundo da superfície, inclusive se apaixonando por uma humana, Sandy Pierce. No ano seguinte, seria lançada uma minissérie dos Defensores chamada simplesmente The Defenders, com roteiros de DeMatteis e Keith Giffen, arte de Kevin Maguire, e tom bem mais cômico que o usual, na qual Namor se une ao Hulk, o Dr. Estranho e o Surfista Prateado para derrotar uma aliança de Dormammu e Umar, em cinco edições publicadas entre setembro de 2005 e janeiro de 2006. Também em 2005, ficaria estabelecido que, junto com Homem de Ferro, Raio Negro, Sr. Fantástico, Dr. Estranho e Professor X, Namor fazia parte de um grupo chamado Illuminati, que agia nas sombras para avaliar eventos-chave do Universo Marvel e determinar a melhor forma de reagir a eles; o grupo seria criado por Brian Michael Bendis e apareceria pela primeira vez na revista New Avengers 7, o que faria com que Namor fizesse diversas participações nessa série.
Após ser parte importante de sagas como Guerra Civil e Guerra Mundial Hulk, Namor retornaria a um título próprio na minissérie Sub-Mariner, com 6 edições publicadas entre agosto de 2007 e janeiro de 2008, roteiros de Peter Johnson e Matt Cherniss e arte de Philippe Briones, na qual ele é acusado de comandar um ataque terrorista contra os Estados Unidos e deve provar sua inocência. A série seguinte do Príncipe Submarino viria dois anos depois, Namor: The First Mutant, com roteiros de Stuart Moore e arte de June Chung, na qual é revelado que ele é mutante, o que faz com que ele tenha de se posicionar na caótica sociedade mutante criada após a saga Dinastia M. A série mais uma vez teria baixas vendas desde o início, e seria publicada entre outubro de 2010 e agosto de 2011, com 11 edições mensais e uma anual. A última história teria um final aberto, e continuaria na minissérie Fear Itself: The Deep, ligada à saga A Essência do Medo, que teria quatro edições publicadas entre agosto e novembro de 2011.
Desde o início dos anos 2000, Namor tem sido mais aproveitado como coadjuvante em histórias de outros heróis ou como membro de equipes, como os Vingadores, os Invasores, os Defensores, os Illuminati ou até mesmo os X-Men, aos quais se juntou durante a saga Vingadores vs. X-Men, de 2012, quando recebeu uma parcela do poder da Fênix. Em fevereiro de 2012, seria lançada uma nova série The Defenders, com roteiros de Matt Fraction e arte de Terry Dodson, mas que não faria sucesso e acabaria cancelada após apenas 12 edições, a última de janeiro de 2013. A última revista solo de Namor seria um one shot publicada em fevereiro de 2019, Namor: The Best Defense, com roteiro de Chip Zdarsky e arte de Carlos Magno, na qual ele procura por uma tribo perdida de atlantes que possa ajudá-lo em mais uma guerra contra a superfície.
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Namor é um dos personagens que a Marvel herdou de suas antecessoras, no caso a Timely Comics, que publicou revistas em quadrinhos entre 1939 e 1950, quando mudou de nome para Atlas Comics. Namor era um dos três principais personagens da Timely, junto com o Capitão América e o Tocha Humana original, e é considerado o primeiro anti-herói da história dos quadrinhos, já que, em suas aventuras, ele não combatia ameaças aos Estados Unidos, e sim os próprios Estados Unidos: em uma pegada meio ecológica, Namor atacava qualquer um que ameaçasse os oceanos, frequentemente afundando navios, destruindo arranha-céus de empresas poluidoras e até mesmo enfrentando o exército norte-americano; apesar disso, os leitores não o viam como um vilão, e argumentavam que, mesmo que seus atos fossem criminosos, através deles ele alcançava a justiça.
Namor foi uma criação do roteirista e desenhista Bill Everett, a pedido da empresa First Funnies, que prestava, nas décadas de 1930 e 1940, um serviço que não existiria mais após a Segunda Guerra Mundial: produzir histórias em quadrinhos sob demanda para que as editoras não precisassem contratar roteiristas e desenhistas. Basicamente, a First Funnies, e outras empresas do mesmo tipo, contratavam roteiristas e desenhistas a preço de banana, e eles produziam histórias sob encomenda que eram então vendidas para as editoras de revistas em quadrinhos, que as colocavam em suas publicações. A First Funnies produziria todo tipo de história, de comédia a romance adolescente, de faroeste a piratas, passando, evidentemente, por super-heróis - outro dos grandes heróis da Timely, o Tocha Humana, um androide com o poder de deixar seu próprio corpo em chamas, seria criado por Carl Burgos para a First Funnies, que, então, revenderia suas histórias para a Timely.
Em 1939, a First Funnies encomendaria a Everett um novo super-herói, mas que ela não revenderia a outra editora; ao invés disso, ele seria uma das estrelas da revista Motion Pictures Funnies Weekly, produzida pela própria First Funnies, que não seria vendida, e sim distribuída de graça em cinemas selecionados em todos os Estados Unidos - por isso o Motion Pictures no título. A ideia original era que, caso a revista fosse bem sucedida, a First Funnies se transformaria em uma editora ela mesma, publicando suas próprias revistas ao invés de vender suas histórias para as outras. Por algum motivo que se perdeu no tempo, contudo, o projeto foi cancelado, e apenas uma pequena quantidade de cópias - oito ou nove, dependendo de para quem você pergunte - foram impressas como teste. Essas cópias permaneceriam inéditas até 1974, quando Lloyd Jacquet, o dono da First Funnies, faleceria, e elas seriam encontradas em sua casa.
Mas Namor não ficaria inédito até 1974: gostando do personagem e achando que ele tinha potencial para ser um grande sucesso, Jacquet pediria para que Everett fizesse uma "versão estendida" da história publicada na Motion Pictures Funnies Weekly - que tinha apenas 8 páginas e terminava com um quadro dizendo "continua na próxima edição". Jacquet venderia essa história, de 12 páginas, para a Timely, que a publicaria na muito curiosamente chamada Marvel Comics número 1, de outubro de 1939. Como a Motion Pictures Funnies Weekly jamais foi publicada, a Marvel Comics 1 é considerada a estreia oficial de Namor nos quadrinhos. Também é interessante dizer que Namor estrearia nos quadrinhos mais de dois anos antes de outro super-herói muito parecido com ele, o Aquaman, caso alguém aí esteja disposto a discutir quem copiou quem.
Boatos dizem que, quando recebeu o encargo de criar um super-herói, Everett decidiria por um ligado aos oceanos porque Burgos havia inventado um que pega fogo, então ele quis fazer um contraponto entre o fogo e a água. Seja isso verdade ou não, ele se inspiraria no poema O Conto do Velho Marinheiro, escrito por Samuel Taylor Coleridge em 1798, e chegaria ao nome Namor após escrever uma lista de nomes "apropriados para nobres" e escrevê-los de trás para a frente, vendo qual soava melhor - sendo Namor a versão invertida do nome Roman. Em sua primeira aparição, Everett definiria Namor como "um ultra-homem", capaz de respirar na terra e sob a água, voar nos céus com a mesma facilidade com que nadava, de pele quase impenetrável e com a força de 100 homens da superfície. Embora nunca tenha assumido, e ele não voasse nessa época, Everett provavelmente se inspiraria no Superman, que havia estreado um ano e meio antes, para definir os poderes de Namor.
A origem de Namor também seria criada por Everett: ele era filho de um marinheiro, Leonard McKenzie, capitão do navio quebra-gelo Oracle, em missão na Antártida. Sem que a Marinha soubesse, sob o gelo antártico estava localizada a cidade perdida de Atlântida, e seu governante, o Imperador Thakorr, não gostou de ver um navio passando tão perto. Para espionar os intrusos, Thakorr enviaria sua própria filha, Fen, o que não se mostrou uma decisão acertada quando ela se apaixonou por McKenzie, decidindo se casar com ele e viver para sempre no mundo da superfície. Revoltado, Thakorr enviou guerreiros para matar toda a tripulação do navio, inclusive McKenzie, e levar Fen de volta para a Atlântida; sem que ele soubesse, porém, ela estava grávida, e Namor nasceria nove meses depois. Ao invés de rejeitado, ele seria criado como um verdadeiro Príncipe de Atlântida, ensinado a odiar o mundo da superfície e a proteger os oceanos a qualquer custo, se tornando o maior campeão do reino quando adulto.
Os atlantes possuem pele azul e não conseguem respirar fora da água, precisando de um capacete cheio d'água para poder visitar a superfície, mas Namor, sendo um híbrido (com mais tarde se tornando um mutante através de uma retcon, que é como se chama quando uma nova história altera alguma coisa do passado, sendo considerado que tudo sempre foi assim), possui pele rosada como a de seu pai e pode respirar tanto na superfície quanto sob a água indefinidamente; ele também herdaria a força dos atlantes, muito superior à dos humanos devido à grande pressão do fundo do oceano, e nasceria com asas nos tornozelos que lhe permitiam voar, algo que, antes de ele ser definido como mutante, jamais teve explicação, já que nem humanos, nem atlantes, voam. Everett também faria o rosto de Namor com uma aparência levemente alienígena, com orelhas pontudas, olhos pequenos e sobrancelhas arqueadas, para deixar claro que ele não era humano; esses traços acabariam suavizados nas histórias mais recentes.
A Marvel Comics teria apenas uma edição, o que levaria Namor a viver suas aventuras, junto com o Tocha Humana, Ka-Zar e outros heróis menos conhecidos, como o Anjo, o Cavaleiro Mascarado e American Ace, na revista Marvel Mystery Comics, lançada em dezembro de 1939. Como foi dito, em seu início, Namor era quase um vilão, frequentemente atacando os Estados Unidos; ele também seria o responsável pelo primeiro crossover da história dos quadrinhos, quando tentaria causar um tsunami para afundar toda a ilha de Manhattan, e acabaria sendo impedido pelo Tocha Humana. A principal coadjuvante do Príncipe Submarino - alcunha pela qual Namor era conhecido dentre os habitantes da superfície - nas primeiras histórias era a atlante Dorma, que, originalmente, era sua prima, confidente e melhor amiga de infância, mas, quando Namor estreasse na Marvel, também sofreria uma retcon e passaria a ser sua prometida e futura esposa.
Na Marvel Mystery Comics 3, de janeiro de 1940, Namor ganharia sua primeira aliada na superfície, a policial novaiorquina Betty Dean, e, na edição 82, de maio de 1947 estrearia Namora, outra prima de Namor, que tinha os mesmos poderes que ele e uma origem muito parecida (sendo filha de um atlante com uma humana), sendo mais uma das "versões femininas" dos heróis, como a Supergirl e a Batgirl, que começariam a se popularizar na época. Namora seria uma personagem bastante popular no final da década de 1940, e até chegaria a ganhar uma revista própria The Sea Beauty Namora, que acabaria tendo apenas três edições, publicadas em agosto, outubro e dezembro de 1948, após ser cancelada por baixas vendas.
O comportamento de Namor passaria a ser mais heroico quando os Estados Unidos entrassem na Segunda Guerra Mundial, e ele, assim como praticamente todos os demais super-heróis de todas as editoras, passassem a enfrentar as forças do Eixo ao lado dos Aliados. Nessa época, ele faria parte do Esquadrão Vitorioso, que contava também com o Capitão América, Bucky, Tocha Humana, Centelha, Ciclone, Miss América, a Fantasma Loura e o Anjo, e tinha suas aventuras publicadas na revista All-Winners Squad - de forma interessante, a história de que Namor teria feito parte de uma equipe conhecida como Os Invasores, com mais ou menos os mesmos mebros do Esquadrão Vitorioso, e que lutou na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, também é na verdade uma retcon, só tendo sido criada pela Marvel na década de 1970. Sendo membro do Esquadrão Vitorioso, não pegaria bem para Namor ficar atacando os Estados Unidos, de forma que, a partir de então, ele passaria a ser retratado como um super-herói clássico, que usava seus poderes para combater o crime e ajudar a humanidade.
Namor ganharia uma revista própria - ou quase, já que ela trazia sempre uma história dele e uma do Anjo - em março de 1941; a primeira edição se chamaria The Sub-Mariner and the Angel, mas, a partir da segunda, o título mudaria para Sub-Mariner Comics. Originalmente, a revista era trimestral, mas passaria a ter periodicidade indefinida (basicamente sendo lançada quando a Timely estava com vontade) em março de 1944, se tornando bimestral em abril de 1948, e sendo cancelada em junho de 1949, na edição 32. Ao longo desses oito anos, as vendas foram sempre boas quando comparadas a outras revistas da Timely, mas, em 1949, nenhuma revista de super-heróis vendia bem, o que motivou o cancelamento. A Atlas ainda faria uma tentativa de ressuscitar a revista, com o nome de Sub-Mariner, mas numeração continuando da 33, em abril de 1954; esse relançamento seria financiado por uma série de TV estrelada por Namor, que jamais sairia do papel, o que faria com que a Atlas decidisse cancelar a revista novamente após apenas dez edições, na 42, de outubro de 1955.
A década de 1950 não seria boa para os super-heróis, com várias editoras fechando as portas - para não fechar, a Timely se transformaria em Atlas - e somente peso-pesados como Superman, Batman e Mulher Maravilha conseguindo boas vendas. Nesse cenário, antes de relançar a Sub-Mariner, a Atlas tentaria trazer de volta Namor, o Tocha Humana e o Capitão América em histórias na revista Young Men, começando na edição 24, de dezembro de 1953 - seria essa, aliás, a infame versão do Capitão América que, quando o herói foi integrado ao Universo Marvel, descoberto congelado pelos Vingadores, sofreria uma retcon e passaria a ser um imitador. As histórias dos super-heróis na Young Men - que, originalmente, era uma revista com histórias de guerra, tanto que, até a edição 20, se chamava Young Men on the Battlefield - jamais teriam boas vendas, entretanto, e a revista, bimestral, seria cancelada na edição 28, de junho de 1954.
Após o cancelamento da Sub-Mariner, Namor ficaria fora dos quadrinhos até 1962, quando Stan Lee, que era um dos roteiristas da Young Men, e havia acabado de criar o Quarteto Fantástico, decidiria trazer de volta o personagem como um vilão - fazendo, de certa forma, com que ele voltasse às origens. Assim, na Fantastic Four número 4, de maio de 1962, da Marvel Comics, Johnny Storm, que herdou o nome de Tocha Humana, encontraria Namor vivendo nas ruas de Manhattan como mendigo e com amnésia. Após recuperar a memória, ele tentaria retornar à Atlântida - que, agora, já não ficava sob a Antártida, mas em algum lugar do Oceano Pacífico - mas descobriria que todo o reino foi destruído por testes nucleares, com a população atlante se espalhando pelo mundo. Namor, então, atacaria a humanidade motivado por vingança - com, inclusive, seu nome sendo explicado como significando "filho vingador" na língua atlante. Para piorar as coisas, ele ainda se apaixonaria por Sue Storm, a Mulher Invisível, o que faria com que ele e Reed Richards, o Sr. Fantástico e namorado de Sue, se tornassem ferrenhos rivais.
Namor logo se tornaria um dos personagens mais populares de Marvel e, aos poucos, deixaria de ser um vilão - que se aliava ao Dr. Destino e a Magneto para alcançar seus objetivos - para se tornar novamente um anti-herói - defendendo os oceanos com violência, mas sem atacar sem provocação e mantendo um rígido código de nobreza. Essa popularidade faria com que ele fosse convidado especial em histórias dos mais variados heróis, dos Vingadores ao Hulk, do Demolidor ao Homem-Aranha, mas problemas legais envolvendo a transformação da Atlas em Marvel fariam com que não fosse possível que ele tivesse uma revista própria. Em 1965, entretanto, os advogados da Marvel achariam uma brecha que permitiria que Namor dividisse a Tales to Astonish com outro personagem - no caso, o Hulk - com o Príncipe Submarino fazendo sua estreia na edição 70, de agosto de 1965.
Desde o início ficaria claro que o Namor da Marvel era o mesmo da Timely/Atlas, que estava na ativa desde 1939; para que isso fosse possível, ficaria subentendido que a vida dos atlantes é mais longa que a dos humanos, e Namor também tinha herdado essa longevidade. Mais velho, ele se comportava de forma ligeiramente diferente de sua versão anterior, não sendo tão impetuoso, sendo um estrategista melhor, se portando de forma mais autoritária, solene e arrogante, e, principalmente, falando de forma mais rebuscada, quase da mesma forma como falava o Thor - e ganhando, inclusive, um grito de guerra, Imperius Rex, que não significa nada em latim ("ordem real"?) mas Stan Lee achou que tinha a sonoridade apropriada.
A Tales to Astonish seguiria tendo uma história do Hulk e uma de Namor a cada edição até a 101, de março de 1968; na edição seguinte, ela passaria a ser exclusiva do Hulk, mudando de nome para The Incredible Hulk, mas mantendo a numeração. Em abril de 1968 seria lançada uma única edição de uma revista chamada Iron Man and Sub-Mariner, com uma história do Homem de Ferro e uma de Namor; enquanto ela estava na gráfica, as questões legais envolvendo a Atlas foram resolvidas, e, em maio de 1968, Namor finalmente ganharia sua revista solo na Marvel, Prince Namor, The Sub-Mariner - que, na edição 25, passaria a se chamar somente Sub-Mariner, na 65 mudaria para Prince Namor, The Savage Sub-Mariner, e, na 68, se tornaria The Savage Sub-Mariner, mas, oficialmente, seria registrada como Sub-Mariner do início ao fim.
A Sub-Mariner da Marvel começaria com roteiros de Roy Thomas e arte de John Buscema, que introduziriam vários novos vilões e heróis de temática marinha, como o vilão Tubarão Rei, que estreou na edição 5, e o herói Arraia, que estreou na 19 e, na década de 1980, chegou a fazer parte dos Vingadores. A revista também traria de volta Lady Dorma e Namora (que morreria na edição 50), integrando-as ao Universo Marvel, e introduziria a filha de Namora, Namorita, que tem os mesmos poderes da mãe e, mais tarde, faria parte do grupo de super-heróis adolescentes Novos Guerreiros. Muitas das edições da Sub-Mariner foram desenhadas por Everett, com a revista sendo o último trabalho do criador de Namor antes de ele falecer, em 1973. Também em 1973, cada revista teria duas histórias, com a primeira sendo a principal e a segunda se chamando Tales of Atlantis; com roteiro de Steve Gerber e arte primeiro de Howard Chaykin, então de Jim Mooney, essa série focaria na história e no passado de Atlântida.
Em fevereiro de 1970, a Sub-Mariner 22 publicaria a segunda de três partes de uma história de Thomas que havia começado na Doctor Strange 183, de novembro de 1969, mas ficaria sem conclusão após o cancelamento da revista do Dr. Estranho. Thomas aproveitaria ser o roteirista de Namor e do Hulk para fazer com que os dois se aliassem a Estranho em uma batalha contra demônios de outra dimensão - com a história se concluindo na The Incredible Hulk 126, de abril de 1970 - e decidindo formar uma equipe não-oficial chamada Os Defensores. Os Defensores voltariam à ativa, com a mesma formação, na Marvel Feature 1, de dezembro de 1971, com roteiros de Thomas e arte de Neal Adams, e, após mais duas edições, publicadas em março e junho de 1972, ganhariam sua própria revista, The Defenders, lançada em agosto de 1972, com roteiros de Steve Englehart e arte de Sal Buscema. A revista seria um grande sucesso, durando 152 edições e sendo cancelada apenas em fevereiro de 1986, mas Namor participaria apenas de 50 delas, com a formação da equipe variando muito ao longo dos anos.
Já a Sub-Mariner, ao todo, teria 72 edições, a última de setembro de 1974; desde pelo menos dois anos antes, a revista vinha sofrendo com vendas baixas, com a Tales of Atlantis tendo sido uma das tentativas de melhorar as vendas e salvá-la - outra seria dar a Namor um novo uniforme e um comportamento ainda mais heroico, a partir da edição 67, na qual Gerber assumiria os roteiros e Don Heck a arte. A última edição traria uma história pra lá de inusitada: o roteirista seria Steve Skeates, que havia sido contratado pela Marvel após anos na DC, onde trabalhou justamente na revista do Aquaman, que foi cancelada de repente em abril de 1971, deixando uma de suas histórias sem conclusão. Com a permissão da Marvel, Skeates usaria a última edição da Sub-Mariner para encerrar a história que vinha escrevendo em Aquaman, mas com Namor no lugar do Aquaman - em uma espécie de crossover não oficial entre a Marvel e a DC.
Após o cancelamento da Sub-Mariner, a Marvel tentaria duas táticas bem diferentes para investir em Namor. A primeira seria trazer de volta o Namor herói da Segunda Guerra Mundial, na revista The Invaders, lançada em agosto de 1975, que o colocava em uma equipe ao lado do Capitão América e do Tocha Humana original, dentre outros, vivendo aventuras e combatendo o Eixo na década de 1940; a revista teria vendas medianas e duraria 41 edições, sendo cancelada em setembro de 1979. A segunda seria trazer de volta o Namor vilão, colocando-o para dividir com o Dr. Destino uma revista chamada Super Villains Team-Up, lançada também em agosto de 1975; as vendas seriam baixíssimas desde o início, e Namor seria trocado pelo Caveira Vermelha na edição 11 - mas, como a história da edição 10 ficou sem final, ele retornou para encerrá-la na 13, de agosto de 1977. Depois disso, Namor ficaria até meados da década seguinte sem revista própria, aparecendo ocasionalmente em títulos de outros heróis, principalmente do Quarteto Fantástico, às vezes como aliado, às vezes como oponente.
O retorno de Namor a uma revista própria viria com uma minissérie chamada Prince Namor, The Sub-Mariner, com quatro edições mensais publicadas entre setembro e dezembro de 1984, roteiros de J.M. DeMatteis e arte de Bob Budiansky; totalmente ambientada em Atlântida, ela mostraria Namor tendo de sobreviver a um plano para removê-lo do trono e colocar em seu lugar um atlante de sangue puro. A minissérie seria um grande sucesso, e motivaria Thomas a sugerir uma "maxissérie", em 12 edições, contando pela primeira vez toda a história de Namor, desde seu nascimento até a época presente. Com roteiros de Roy e Dann Thomas (sua esposa) e arte de Rich Buckler, a série, chamada Saga of the Sub-Mariner e publicada entre novembro de 1988 e outubro de 1989, revisitava várias das histórias de Namor da Timely, da Atlas e da própria Marvel, fechando pontas soltas, tapando furos de continuidade e removendo contradições, para que o Namor da Marvel finalmente tivesse uma história contínua, ao invés de uma colcha de retalhos formada ao longo de 30 anos de publicações esporádicas.
O sucesso da maxissérie motivaria a Marvel a apostar em mais uma série mensal, com o nome de Namor, The Sub-Mariner. Lançada em abril de 1990, com roteiro e arte de John Byrne, ela atualizaria Namor para os anos 1990, colocando-o como presidente da empresa Oracle Inc., devotada a despoluir os oceanos, e enfrentando todos os desafios do mundo corporativo - dentre eles supervilões que querem tirar Namor do mercado. A série seria bastante bem sucedida, passando pelas mãos dos roteiristas Bob Harras e Glenn Herding e dos desenhistas Jae Lee e Geoff Isherwood após a saída de Byrne, e durando até maio de 1995, quando seria cancelada por decisão editorial, e não por baixas vendas, na edição 62. A ideia da Marvel era trazer Namor de volta em uma nova série mensal, sem os elementos corporativos, já no ano seguinte, mas a saga Heróis Renascem removeria o Príncipe Submarino da continuidade principal, o que faria com que ele ficasse quase dez anos mais uma vez apenas fazendo participações em histórias de outros heróis.
Em junho de 2003, seria lançada mais uma maxissérie em 12 edições, a última de maio de 2004 chamada simplesmente Namor; com roteiros de Andi Watson e Bill Jemas, e arte de Salvador Larroca, a série é ambientada no início do Século XX, quando um jovem Namor ainda é Príncipe da Atlântida e faz suas primeiras incursões pelo mundo da superfície, inclusive se apaixonando por uma humana, Sandy Pierce. No ano seguinte, seria lançada uma minissérie dos Defensores chamada simplesmente The Defenders, com roteiros de DeMatteis e Keith Giffen, arte de Kevin Maguire, e tom bem mais cômico que o usual, na qual Namor se une ao Hulk, o Dr. Estranho e o Surfista Prateado para derrotar uma aliança de Dormammu e Umar, em cinco edições publicadas entre setembro de 2005 e janeiro de 2006. Também em 2005, ficaria estabelecido que, junto com Homem de Ferro, Raio Negro, Sr. Fantástico, Dr. Estranho e Professor X, Namor fazia parte de um grupo chamado Illuminati, que agia nas sombras para avaliar eventos-chave do Universo Marvel e determinar a melhor forma de reagir a eles; o grupo seria criado por Brian Michael Bendis e apareceria pela primeira vez na revista New Avengers 7, o que faria com que Namor fizesse diversas participações nessa série.
Após ser parte importante de sagas como Guerra Civil e Guerra Mundial Hulk, Namor retornaria a um título próprio na minissérie Sub-Mariner, com 6 edições publicadas entre agosto de 2007 e janeiro de 2008, roteiros de Peter Johnson e Matt Cherniss e arte de Philippe Briones, na qual ele é acusado de comandar um ataque terrorista contra os Estados Unidos e deve provar sua inocência. A série seguinte do Príncipe Submarino viria dois anos depois, Namor: The First Mutant, com roteiros de Stuart Moore e arte de June Chung, na qual é revelado que ele é mutante, o que faz com que ele tenha de se posicionar na caótica sociedade mutante criada após a saga Dinastia M. A série mais uma vez teria baixas vendas desde o início, e seria publicada entre outubro de 2010 e agosto de 2011, com 11 edições mensais e uma anual. A última história teria um final aberto, e continuaria na minissérie Fear Itself: The Deep, ligada à saga A Essência do Medo, que teria quatro edições publicadas entre agosto e novembro de 2011.
Desde o início dos anos 2000, Namor tem sido mais aproveitado como coadjuvante em histórias de outros heróis ou como membro de equipes, como os Vingadores, os Invasores, os Defensores, os Illuminati ou até mesmo os X-Men, aos quais se juntou durante a saga Vingadores vs. X-Men, de 2012, quando recebeu uma parcela do poder da Fênix. Em fevereiro de 2012, seria lançada uma nova série The Defenders, com roteiros de Matt Fraction e arte de Terry Dodson, mas que não faria sucesso e acabaria cancelada após apenas 12 edições, a última de janeiro de 2013. A última revista solo de Namor seria um one shot publicada em fevereiro de 2019, Namor: The Best Defense, com roteiro de Chip Zdarsky e arte de Carlos Magno, na qual ele procura por uma tribo perdida de atlantes que possa ajudá-lo em mais uma guerra contra a superfície.