sábado, 8 de novembro de 2025

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Rogue One / Andor

Quando a Disney comprou a Lucasfilm, a promessa era de que, além de produzir os Episódios VII, VIII e IX, ela faria outros filmes para o cinema ambientados no universo de Star Wars, principalmente para preencher o espaço entre os episódios III e IV. Após apenas dois filmes, parece que essa promessa foi abandonada em prol da produção de séries para o Disney+. Pelo menos, logo o primeiro desses dois filmes é um dos melhores - para muitos, o melhor - filme de Star Wars, então alguma coisa boa parece ter saído daí. Já faz algum tempo que eu quero falar sobre esse filme, e decidi que o dia seria hoje. Hoje é dia de Rogue One no átomo!

A ideia de Rogue One partiria de John Knoll, um dos criadores do Adobe Photoshop e supervisor dos efeitos especiais dos Episódios I, II e III. O ano era 2003, A Vingança dos Sith estava sendo filmado em Sydney, Austrália, e a Lucasfilm havia acabado de anunciar uma série de TV, com o título provisório de Star Wars: Underworld, cujos episódios não seriam necessariamente ligados uns aos outros, mas seriam todos ambientados entre os Episódios III e IV. George Lucas tinha grandes planos para essa série, mas não queria que ela fosse uma série de ação, e sim "uma novela cheia de diálogos", chegando a dizer em um comunicado oficial que "se Star Wars é inspirado nos filmes de aventura dos anos 1930, Underworld será inspirado nos filmes noir dos anos 1940"; ele também planejava que alguns episódios fossem estrelados por personagens de sucesso dos filmes, como Han Solo, Chewbacca, Lando Calrissian, Boba Fett, C-3PO, e até mesmo o Imperador Palpatine, se possível interpretados por seus atores originais. A série acabaria cancelada antes mesmo de entrar em produção porque, para os padrões da época, ela seria caríssima, e nenhum canal aceitaria investir nela; antes do cancelamento, porém, cerca de 50 roteiros seriam escritos, e bastante arte conceitual seria produzida.

Um desses roteiros, chamado Destroyer of Worlds ("destruidor de mundos"), seria escrito por Knoll em 2005, após ele apresentar a ideia a Lucas durante as filmagens do Episódio III. Knoll não tinha experiência como roteirista, porém, e seu roteiro seria considerado apenas um rascunho, que seria reescrito por Ronald D. Moore quando a série efetivamente entrasse em produção. Como isso jamais aconteceu, Knoll manteria o controle criativo sobre sua ideia, que decidiria apresentar diretamente à Disney em 2012, pouco depois de ela comprar a Lucasfilm. Segundo Knoll, assim que a compra foi concretizada, ele pensaria "tenho que apresentar a ideia agora, ou passar o resto da vida imaginando o que teria acontecido se eu tivesse".

Inicialmente, a Disney tinha planos apenas para os Episódios VII, VIII e IX, mas, após ouvir a ideia de Knoll, decidiria olhar os demais roteiros jamais produzidos para Underworld, e veria ali a excelente oportunidade de fazer não uma série de TV, mas uma série de filmes ambientados entre os Episódios III e IV - até mesmo a ideia de Han Solo: Uma História Star Wars viria de um dos roteiros de Underworld, para um episódio que contava como Han Solo ganhou a Millenium Falcon em uma aposta com Lando Calrissian. A Disney compraria a ideia de Knoll, mudaria o título para Rogue One, e começaria a pré-produção do filme quase que imediatamente, já colocando no anúncio oficial da compra da Lucasfilm que ele seria o primeiro filme de Star Wars ambientado fora da "Saga Skywalker".

Parêntese. Rogue, em inglês, significa algo como "desgarrado", costuma ser traduzido como "fora-da-lei", e é um termo usado quando o integrante de uma equipe desrespeita ordens diretas de seus comandantes e age sozinho, tomando suas próprias decisões - são comuns na ficção histórias de agentes do governo que, percebendo que suas ordens vão causar mais dano que benefícios, decidem to go rogue e agir por sua própria conta, normalmente revelando que seus chefes eram corruptos e foi melhor assim. O nome do filme, Rogue One, é também o nome da equipe que o estrela, que decide agir por sua própria conta após o que considera inação do comando da Aliança Rebelde, e acaba sendo responsável por uma das maiores vitórias dos rebeldes contra o Império. Fecha parêntese.

Em maio de 2014, a Disney anunciaria Gareth Edwards, de Godzilla, como diretor do filme, e Gary Whitta, de O Livro de Eli e Depois da Terra, como roteirista. Em janeiro de 2015, Whitta diria ter entregado a primeira versão do roteiro, mas que, por interferência criativa, não estava mais envolvido com o projeto. A Disney consideraria contratar Simon Kinberg, dos filmes dos X-Men, para reescrever o roteiro de Whitta, mas acabaria fechando com Chris Weitz, de FormiguinhaZ e Um Grande Garoto.

Edwards declararia em entrevistas "estar fazendo um filme de guerra", no qual a realidade nua e crua de um conflito seria mostrado; segundo ele, na guerra "personagens bons são maus, personagens maus são bons, é complicado, cheio de camadas, e um cenário muito rico para um filme". Para diferenciar seu filme dos demais de Star Wars, ele optaria por não incluir o tradicional opening crawl, aquele texto que vai subindo na tela explicando os eventos que levaram a história até ali, nem usar screen wipes, aquele recurso no qual, ao passar de uma cena para a outra, parece que a tela está sendo jogada para o lado aos poucos ou passando por dentro de um buraco. Achando que a Disney não aceitaria que o filme tivesse um final trágico, Edwards pediria a Weitz um final feliz; após ver o tom imposto pelo diretor ao filme, entretanto, os produtores Kathleen Kennedy, Allison Shearmur e Simon Emanuel concluiriam que um final feliz destoaria, e poderia até prejudicar o filme. Edwards, então, trabalharia com Weitz para criar a versão que ele achava mais coerente para o final, com a originalmente escrita jamais chegando a ser filmada.

O filme mostra como os rebeldes conseguiram os planos de construção da Estrela da Morte - aqueles que estão sendo levados pela Princesa Leia quando sua nave é abordada por Darth Vader, fazendo com que ela os esconda em R2-D2 para enviá-los até Obi-Wan Kenobi em Tatooine - segundo o opening crawl do Episódio IV, "a primeira grande vitória da Aliança Rebelde contra o Império". Ele acompanha um improvável grupo formado por Jyn Erso (Felicity Jones), filha de Galen Erso (Mads Mikkelsen), engenheiro obrigado pelo Império a trabalhar no projeto da Estrela da Morte, e protegida do famoso guerrilheiro Saw Gerrera (Forest Whitaker); Cassian Andor (Diego Luna), designado pela Aliança Rebelde para a missão, acompanhado de seu dróide K-2SO (Alan Tudyk); Chirrut Imwe (Donnie Yen), misterioso guerreiro cego que diz conseguir se localizar e se guiar pela Força, e seu colega, o guerreiro Baze Malbus (Jiang Wen); e Bodhi Rook (Riz Ahmed), ex-transportador de cargas do Império convencido a desertar por Galen. O principal antagonista é Orson Krennic (Ben Mendelsohn), diretor do departamento de pesquisa de armas avançadas do Império. Também participam do filme o Senador Bail Organa (Jimmy Smits), Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), os dróides C3-PO (Anthony Daniels) e R2-D2, e Darth Vader, mais uma vez dublado por James Earl Jones, mas com os dublês Spencer Wilding e Daniel Naprous vestindo seu uniforme em diferentes cenas.

As filmagens começariam em Londres, nos famosos Estúdios Pinewood, em agosto de 2015. Os sets de filmagens eram enormes, e muitos deles imitavam locais onde foram filmadas cenas externas, para que partes dessas cenas pudessem ser filmadas de forma mais controlada. Várias das cenas externas também seriam filmadas em Londres, com a base aérea do Império sendo a antiga base aérea da RAF em Bovington, e uma cena na qual os rebeldes se infiltram em uma base imperial sendo filmada na estação de metrô de Canary Wharf, durante a madrugada, quando ela estava fechada ao público. A maioria das outras externas seriam filmadas na Islândia e nas Malvinas; as cenas no planeta Jedah seriam filmadas em Wadi Rum, na Jordânia, e em Masada, Israel. A escolha de Londres para as filmagens se daria devido a incentivos fiscais, que resultariam em uma economia de quase 50 milhões de dólares para a Disney.

Em fevereiro de 2016, a Disney anunciaria que o filme estava concluído, mas, em maio, seria anunciado que o filme teria cinco semanas de refilmagens a partir de junho, com cenas reescritas ou adicionadas por Tony Gilroy, da Trilogia de Jason Bourne, que também atuaria como diretor dessas cenas. Sob orientação de Edwards, Gilroy também supervisionaria a edição do filme, solucionando vários "problemas" com os quais o diretor estava descontente. Gilroy acabaria sendo considerado por muitos como o principal responsável pelo sucesso do filme, mas receberia da Disney apenas 5 milhões de dólares, substancialmente menos que Edwards e Weitz. Apenas Edwards seria creditado como diretor, mas Weitz e Gilroy seriam creditados como roteiristas, com Knoll e Whitta sendo creditados como criadores da história. Edwards diria que Christopher McQuarrie, Scott Z. Burns e Michael Arndt também contribiriam para o roteiro em diversas fases da produção, mas não receberiam crédito.

Os efeitos especiais ficariam integralmente a cargo da Industrial Light & Magic, que se envolveria em uma polêmica ao tornar possível a participação de Peter Cushing, falecido em 1994, como o Grand Moff Tarkin, mesmo papel que ele interpretou no Episódio IV. Após obter autorização da família de Cushing para o uso da imagem do ator, a Disney contratou Guy Henry, de Harry Potter e as Relíquias da Morte e Roma, para interpretar o personagem e falar seu diálogo. Henry estudaria os filmes de Cushing para imitar seus maneirismos, incluindo sua forma de falar, e conseguria imitar a voz de Cushing; durante a pós-produção, um modelo digital de Cushing seria aplicado às imagens de Henry como se fosse uma capa, digitalmente transformando Henry em Cushing. Outra cena que usaria uma técnica parecida, mas criaria menos polêmica, talvez por Carrie Fisher ainda estar viva na época, foi a da Princesa Leia, na qual a face de Fisher substituiria digitalmente a da atriz Ingvild Deila na pós-produção; como Deila não conseguia imitar a voz de Fisher, que já estava diferente devido à idade, a ILM usaria um arquivo de uma fala de Fisher gravada para o Episódio IV. Também vale ser citada a cena na qual Darth Vader enfrenta os rebeldes, totalmente criada por computação gráfica, sem que nenhum ator fosse filmado para ela.

Rogue One: Uma História Star Wars teria pré-estreia em Los Angeles em 10 de dezembro de 2016 e estreia mundial em 14 de dezembro, exceto nos Estados Unidos, onde estrearia em 16 de dezembro, e na China, onde estrearia em 6 de janeiro de 2017. Com orçamento não divulgado, mas calculado entre 200 e 280 milhões de dólares, renderia quase 535 milhões somente nos Estados Unidos e quase 524 milhões no resto do planeta, para uma bilheteria total de 1,059 bilhão de dólares, se tornando o segundo filme mais assistido do ano, atrás apenas de Capitão América: Guerra Civil. A crítica seria bastante positiva, elogiando principalmente sua estética e sua narrativa e a forma como ele complementa o Episódio IV mesmo tendo um estilo e personagens totalmente diferentes. Em uma entrevista, George Lucas diria ter gostado muito mais de Rogue One do que do episódio VII, ao que Edwards respondeu "agora posso morrer feliz".

De forma surpreendente, dois temas presentes no filme bastante comentados e elogiados foram a ética na engenharia, com a falha no projeto da Estrela da Morte sendo introduzida de forma deliberada por Galen Erso para que o Império, que o obrigou a trabalhar no projeto, não pudesse usá-la para dominar a galáxia, e a veracidade da experiência militar, com militares que assistiram o filme se dizendo impressionados com o realismo com o qual o interior das naves espaciais é retratado em relação ao interior de veículos militares atuais, e como o comportamento do esquadrão em batalha de fato espelha a experiência de soldados norte-americanos enviados para missões no exterior. O filme seria indicado a dois Oscars, de Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Especiais.

Quase um ano após a estreia de Rogue One nos cinemas, a Disney anunciaria que estava desenvolvendo séries com atores (sem ser de animação) para estreia no Disney+, sem dar mais detalhes sobre seus enredos ou personagens. Em 2018, o CEO da Disney, Bob Iger, confirmaria que uma dessas séries seria um thriller de espionagem estrelado por Cassian Andor, com Luna já tendo assinado para duas temporadas; essa série seria ambientada antes dos eventos de Rogue One, e mostraria a formação da Aliança Rebelde, como Andor se uniu à causa, e por que ele foi enviado a essa missão. A série seria uma criação de Jared Bush, co-diretor de Zootopia, que escreveria o roteiro do primeiro episódio e definiria o que nos Estados Unidos é conhecido como series bible, uma espécie de guia com todos os elementos da série, que os roteiristas usam como referência para escrever os episódios.

Na época em que assinou contrato, Luna estava filmando Narcos, o que fez com que a Disney decidisse começar a produção da série somente no final de 2019, quando ele já teria terminado. Nesse meio tempo, seria definido que o título da série seria Pilgrim ("peregrino", em inglês), Rick Famuyiwa, diretor de alguns episódios de The Mandalorian, primeira série de Star Wars do Disney+, seria anunciado como seu diretor, e Stephen Schiff seria escolhido como seu produtor executivo e showrunner. Durante as filmagens de Narcos, entretanto, Gilroy conversaria bastante com Luna, chegando a discutir detalhes da história. Ele conseguria uma cópia do roteiro de Bush, e acharia a relação entre Andor e K-2SO "limitada e claustrofóbica", escrevendo uma carta para Kennedy na qual dizia ter interesse em trabalhar na série e daria várias ideias para um melhor desenvolvimento da história. Kennedy ficaria interessada e chamaria Gilroy para uma conversa, da qual ela sairia tão satisfeita que convidaria Gilroy para reescrever o primeiro episódio e ser o chefe dos roteiristas, trabalhando diretamente com Schiff.

Gilroy acabaria substituindo tanto Schiff como showrunner quanto Famuyiwa como diretor em abril de 2020, acumulando as três principais funções da série - produtor, diretor e roteirista. A pré-produção estava marcada para começar ainda naquele mês em Londres, mas, por causa da pandemia, tudo teve de ser suspenso até setembro, quando a Disney finalmente teve autorização para filmar na Inglaterra. Residente em Nova Iorque, Gilroy não quis viajar com a equipe para Londres, e indicou Toby Haynes, de Doctor Who, Sherlock e Black Mirror para substituí-lo. Haynes acabaria dirigindo seis episódios, incluindo os três primeiros, com Susanna White dirigindo outros três, e Benjamin Caron - todos brtânicos - mais três, incluindo os dois últimos. Em dezembro de 2020, Kennedy anunciaria que a série teria 12 episódios, estrearia somente em 2022, e que seu título seria simplesmente Andor - embora parte do material promocional use Star Wars: Andor.

O roteiro dos três primeiros episódios e dos dois últimos seria de Gilroy, com outros três episódios sendo escritos por seu irmão, Dan Gilroy, outros três por Beau Willimon, de House of Cards, e um por Schiff. A primeira reunião da equipe de roteiristas, que contaria com a presença da produtora Sanne Wohlenberg e do designer de produção Luke Hull, duraria cinco dias (não contínuos) e, nela, Gilroy pediria à equipe que "colocasse de lado qualquer nostalgia que tivessem por Star Wars", o que ele achava que podia ser prejudicial para a série, e que evitassem o fan service, sem usar, por exemplo, personagens que não tivessem uma profunda conexão com a história apenas para que eles estivessem ali. Gilroy desejava que a série fosse acessível a qualquer um, não apenas aos fãs de Star Wars, e declararia em entrevistas que sua intenção fosse que os fãs pudessem assisti-la junto com seus amigos e família, mesmo que eles não tivessem interesse no restante da franquia.

Gilroy prepararia uma nova series bible, com cerca de 100 páginas, com a intenção de que a série fosse o mais ancorada na realidade possível - o que teria o efeito colateral de transformá-la na primeira produção de Star Wars sem nenhum jedi nem sabre de luz. Luna ficaria extremamente empolgado ao ler os primeiros roteiros, e declararia ser muito interessante estar em uma história da qual já se sabe o final. O ator sugeriria elementos para o passado do personagem nos quais havia pensado durante as filmagens de Rogue One, e se diria grato por Gilroy ter feito de Andor um refugiado, o que possibilitava um paralelo com sua própria história de imigrante e tornava o personagem importante para a comunidade latina nos Estados Unidos. Gilroy e Luna concordariam que a parte mais difícil seria explicar como alguém, voluntariamente, sem vaidade e sem buscar reconhecimento, sacrifica sua vida por um ideal, e que seria preciso construir a vida de Andor desde o início de uma forma que esse sacrifício parecesse natural e coerente.

Gilroy também diria repetidas vezes que não era sua intenção fazer da série um comentário político sobre a situação atual do planeta como um todo e dos Estados Unidos em particular, mas que não tinha controle sobre como cada espectador interpretaria determinadas cenas; de fato, muitos dos atos do Império foram interpretados como paralelos ou críticas a ações de governos da atualidade. Os roteiristas também tiveram o cuidado de mostrar os personagens do Império como tendo suas próprias vidas, ambições e opiniões, evitando o clichê "farei isso apenas por maldade"; a personagem Meero, por exemplo, é uma mulher tentando triunfar em um ambiente majoritariamente masculino, algo que Gilroy imaginou que faria com que parte das espectadoras se identificasse com ela, mesmo ela sendo do time dos vilões. Gilroy também faria questão de expandir o papel de Mon Mothma na Rebelião, para que os fãs deixassem de vê-la somente como a mulher que enviou Luke Skywalker para destruir a Estrela da Morte. Para construir sua personalidade, Gilroy partiria de uma cena que O'Reilly gravou para o Episódio III mas acabou não utilizada.

A série começa cinco anos antes da Batalha de Yavin, o clímax do Episódio IV, na qual a Estrela da Morte foi destruída, e, exceto por alguns flashbacks de sua infância, acompanha um ano da vida de Cassian Andor (Diego Luna), com histórias paralelas protagonizadas por Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), senadora que secretamente financia uma rebelião contra o Império; Luthen Rael (Stellan Skarsgard), codinome Eixo, um dos líderes da rebelião, que finge ser comerciante de antiguidades; Syril Karn (Kyle Soller), inspetor do Império que tem uma vida absurdamente regrada e sonha subir na carreira; e Dedra Meero (Denise Gough), ambiciosa supervisora do Bureau de Segurança Imperial (BSI), que descobre que a rebelião está se formando, mas poucos acreditam nela, o que faz com que ela fique obcecada por descobrir a identidade de Eixo para encontrá-lo e prendê-lo. Outros personagens de destaque são Bix Caleen (Adria Arjona), mecânica que tem interesse romântico em Andor e contatos na rebelião; a mãe adotiva de Andor, Maarva (Fiona Shaw) e seu dróide, B2EMO (Dave Chapman); a mãe de Syril, Eedy (Kathryn Hunter); o marido de Mothma, Perrin Fertha (Alastair Mackenzie), que não sabe das atividades ilegais da esposa, e a filha do casal, Leida (Bronte Carmichael); Tay Kolma (Ben Miles), banqueiro e amigo de infância de Mothma; Davo Sculdun (Richard Dillane), milionário mau-caráter que Mothma manipula para financiar a rebelião sem seu conhecimento; o chefe do setor de Meero no BSI, Lio Partagaz (Anton Lesser); Lonni Jung (Robert Emms), supervisor do BSI que é na verdade um agente infiltrado por Luthen; Exmar Kloris (Lee Ross), espião do BSI que trabalha como motorista de Mothma; o torturador do BSI, Dr. Gorst (Joshua James); o Coronel Wullf Yularen (Malcolm Sinclair), líder do BSI; os amigos de Andor e Bix, Brasso (Joplin Sibtain), Timm Karlo (James McArdle) e Wilmon Paak (Muhannad Bhaier); e os rebeldes sob o comando de Luthen, Vel Sartha (Faye Marsay), Cinta Kaz (Varada Sethu), Karis Nemik (Alex Lawther), Arvel Skeen (Ebon Moss-Bachrach) e Kleya Marki (Elizabeth Dulau), essa última sua protegida, que posa como sua assistente na loja de antiuguidades. Participações especiais incluem Kino Loy (Andy Serkis), preso político que ajuda Andor na prisão; Ruescott Melshi (Duncan Pow), prisioneiro que escapa junto com Andor e se une à rebelião (e que estava em Rogue One, também interpretado por Pow); e Saw Gerrera (Forest Whitaker), que é amigo de Luthen e lidera um grupo paramilitar.

No início da série, Andor, que nutre um profundo desprezo pelo Império, que destruiu seu planeta natal, Kenari, leva a vida como ladrão e assassino de aluguel, tentando encontrar sua irmã desaparecida enquanto vende no mercado negro objetos que adquire ilegalmente em suas missões. Em uma dessas vendas, ele é abordado por Luthen, que tenta recrutá-lo para a rebelião sem sucesso. O quadro muda, entretanto, quando Andor é preso por engano, e se vê forçado a fugir da prisão ou permanecer lá durante o resto da vida; ao retornar ao planeta onde morava com os pais adotivos, ele vê mais atrocidades do Império, e acaba aceitando a proposta de Luthen, realizando tanto missões junto a outros rebeldes quanto empreitadas pessoais de Luthen, o que o transforma em um grande trunfo para o comerciante de antiguidades.

As filmagens começariam nos Estúdios Pinewood em novembro de 2020; Gilroy escreveria os roteiros dos três primeiros episódios de forma que a série se beneficiasse de sets enormes e cenas externas ao invés de fundos digitais aplicados sobre chroma key, o que faria com que Andor não utilizasse a tecnologia StageCraft, criada pela ILM para The Mandalorian. Todas as externas seriam filmadas na Inglaterra e na Escócia, com os locais escolhidos incluindo uma refinaria abandonada em Essex, o Barbican Centre, em Londres, a pedreira de Winspit, a represa de Cruachan, e, mais uma vez, a estação de metrô de Canary Wharf, além de um trerreno em Little Marlow onde cinco quarteirões inteiros de uma cidade cenográfica seriam montados para as filmagens. Devido aos protocolos em vigor durante a pandemia, que determinavam número máximo de pessoas em cada cena e exigiam, dentre outros procedimentos, medir a temperatura de todo o elenco antes de cada dia de gravações, Haynes sugeriria que os episódios fossem filmados em blocos de três, como se fossem quatro filmes aos invés de 12 episódios.

Andor estrearia no Disney+ em 21 de setembro de 2022, com os três primeiros episódos sendo lançados nesse dia e os demais um por semana, até 23 de novembro. Para tentar atrair mais audiência, após todos os episódios já estarem disponíveis no Disney+, a Disney exibiria os dois primeiros episódios no canal aberto ABC, nos canais a cabo FX e Freeform, e os disponibilizaria no serviço de streaming Hulu. A série seria a terceira mais assistida em streaming nos Estados Unidos em outubro, e a mais assistida do país em novembro, mas, em números totais, seria a menos assistida das séries de Star Wars, ficando atrás de The Mandalorian, O Livro de Boba Fett, Obi-Wan Kenobi e até mesmo de Ahsoka, que estrearia depois dela; as principais razões apontadas pelos críticos para esse desempenho seriam "fadiga da franquia", fan service insuficiente, e até mesmo que as críticas negativas a Obi-Wan Kenobi afastaram o público.

Contraditoriamente, a crítica ficaria encantada com Andor, que foi considerada "madura", "complexa" e "política", com muitos críticos considerando-a a melhor de todas as produções de Star Wars; um dos principais pontos positivos apontados seriam que ela mostrava a vida de pessoas comuns, "sem Solos, Skywalkers ou Palpatines", mas que também tinham importância nesse universo. Publicações especializadas, como a Variety, a elegeriam a melhor série de TV de 2022. Andor seria indicada a oito Emmys - Melhor Série de Drama; Melhor Direção para uma Série de Drama; Melhor Roteiro para uma Série de Drama; Melhor Fotografia para uma Série de TV de Uma Hora; Melhor Edição de Som para uma Série de TV de Uma Hora; Melhor Trilha Sonora Original para uma Série de TV de Drama; Melhor Canção Original de Abertura; e Melhores Efeitos Especiais para uma Temporada de Série ou Filme - e Luna receberia uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em uma Série de TV de Drama.

Originalmente, a ideia de Gilroy era que a série tivesse cinco temporadas, cada uma abordando um ano, até a conclusão ligá-la diretamente aos eventos de Rogue One. Durante a produção da primeira temporada, entretanto, o próprio Gilroy chegaria à conclusão de que esse era um planejamento impossível, já que, devido ao alto nível de produção da série, seria inviável gravar uma temporada por ano, e impraticável que Andor ficasse no ar, com o mesmo elenco, durante dez ou doze anos. Em abril de 2022, o diretor de fotografia Adriano Goldman diria em entrevistas que a série teria três temporadas, e, um mês depois, a Disney faria o anúncio oficial de que uma segunda temporada havia sido confirmada, para estreia em 2024. Em dezembro, Gilroy declararia que, após uma reunião com Kennedy, ficaria definido que a segunda temporada seria a última, e que ela mostraria os principais eventos dos quatro anos restantes entre o final da primeira temporada e o início de Rogue One.

A segunda temporada teria mais 12 episódios, divididos em quatro blocos de três. O primeiro episódio começa um ano após os eventos do último da primeira temporada, e o último terminando quase que imediatamente antes do início de Rogue One, com cada bloco acompanhando os personagens durante alguns dias consecutivos, e começando um ano após o fim do bloco anterior. A trama principal da segunda temporada é o Império criando um pretexto para invadir e dominar o planeta Ghorman, única fonte conhecida de um mineral raro necessário para a construção de uma nova arma secreta, cuja mineração levará à destruição do planeta. Enquanto Andor realiza missões para Luthen, vemos o início da Aliança Rebelde, o estabelecimento de sua base em Yavin, como Andor se tornou parceiro de K2-SO, e os motivos que o levaram a aceitar a missão para roubar os planos da Estrela da Morte.

Novos personagens da segunda temporada incluem Orson Krennic (Ben Mendelsohn); K-2SO (Alan Tudyk); o Senador Bail Organa (Benjamin Bratt; Jimmy Smits não pôde repetir o papel devido a conflitos de agenda); Erskin Semaj (Pierro Niel-Mee), secretário de Mothma e espião de Luthen; Carro Rylanz (Richard Sammel), político de Ghorman que se opõe à ocupação do Império; Lezine (Thierry Godard), que planeja fundar uma célula da rebelião em Ghorman, da qual também faz parte a filha de Rylanz, Enza (Alaïs Lawson); o General rebelde Dravits Draven (Alistair Petrie), comandante da base de Yavin, que também estava em Rogue One; e o Capitão Kaido (Jonjio O'Neil), designado para botar em andamento o plano do Império em Ghorman. Enquanto traçava as diretrizes da segunda temporada, Gilroy pensaria em incluir o Imperador Palpatine em algum dos episódios, mas acabaria jamais encontrando o melhor momento; outra ideia abandonada seria incluir uma Leia adolescente, provavelmente acompanhando Organa em alguma sessão do Senado, o que Gilroy acabaria desistindo de fazer por achar que ela distrairia os espectadores da história do episódio - pelo mesmo motivo, Gilroy jamais consideraria uma aparição de Darth Vader, por achar que ele chamaria todas as atenções para si e desviaria o foco da série.

Tony Gilroy escreveria os três primeiros episódios, com os três do segundo bloco ficando a cargo de Beau Willimon, os três do terceiro com Dan Gilroy, e os três últimos sendo escritos por Tom Bissell. Originalmente, Tony Gilroy havia escrito também o nono episódio, que introduz K-2SO e seria um episódio fechado com clima de filme de terror, descartado porque iria estourar o orçamento da série; Dan Gilroy, então, reescreveria o episódio colocando nele o discurso de Mon Mothma no Senado, que ela faria apenas no décimo episódio. O'Reilly construiria o discurso junto com Tony Gilroy, que inicialmente havia pensado em escrever apenas trechos, que seriam mostrados em telas televisionando o discurso nos diferentes ambientes nos quais o episódio seria ambientado, com a atriz o convencendo a escrever e gravar o discurso inteiro, com os destaques televisionados sendo escolhidos durante a pós-produção. Para aproveitar o espaço no décimo episódio criado pela remoção do discurso, Tony Gilroy, impressionado com a atuação de Dulau na primeira temporada e não querendo que o relacionamento de Kleya e Luthen fosse alvo de especulação ou retratado erroneamente em produções futuras, escreveria cenas de flashback que mostravam como os dois se conheceram e por que mantinham sua parceria.

As filmagens mais uma vez ocorreriam com os episódios sendo filmados em blocos, como se fossem quatro filmes; os dois primeiros blocos seriam dirigidos por Ariel Kleiman, o terceiro por Janus Metz e o último por Alonso Ruizpalacios. As filmagens começariam em novembro de 2022 em Xàtiva e Valencia, na Espanha; a ideia era reutilizar várias das locações da primeira temporada, mas a pedreira de Winspit teve de ser descartada devido a risco de desabamento. A produção seria interrompida em maio de 2023 por causa da greve dos roteiristas, e só pôde ser retomada em janeiro de 2024, o que acabou empurrando a data de estreia da temporada para 2025.

A segunda temporada de Andor, que, no material promocional, se chamava Andor: A Star Wars Story, estrearia no Disney+ em 22 de abril de 2025, com três episódios sendo lançados por semana até 13 de maio. Seria a segunda série mais assistida no streaming nos Estados Unidos, atrás apenas da segunda temporada de The Last of Us. A estratégia de lançar três episódios por semana foi considerada um grande acerto, pois, diferentemente do que ocorreu na primeira temporada e com as séries Ahsoka e Skeleton Crew, cuja audiência foi caindo a cada semana, na segunda temporada de Andor a audiência foi crescente, com os três últimos episódios tendo os melhores números de toda a série.

A crítica mais uma vez seria extremamente positiva, com alguns críticos brincando que a única coisa ruim da segunda temporada era que não haveria uma terceira. A segunda temporada seria indicada a 14 Emmys, ganhando cinco: Melhor Roteiro para uma Série de Drama; Melhores Efeitos Especiais para uma Temporada de Série ou Filme; Melhor Produção para um Programa de Época ou de Fantasia de Uma Hora ou Mais; Melhor Edição de Imagem para uma Série de Drama; e Melhor Figurino para uma Produção de Fantasia ou Ficção Científica. As demais indicações seriam a Melhor Série de Drama; Melhor Direção para uma Série de Drama; Melhor Ator Convidado em uma Série de Drama (Whitaker); Melhor Dublagem de Personagem (Tudyk); Melhor Canção Original com Letra; Melhor Trilha Sonora Original para uma Série de TV de Drama; Melhor Edição de Som para uma Série de TV de Uma Hora; Melhor Mixagem de Som para uma Série de TV de Uma Hora; e Melhor Fotografia para uma Série de TV de Uma Hora.
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sábado, 1 de novembro de 2025

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Contos de Fadas BLOGuil (XI)

Quando eu e minha irmã éramos crianças, lá em casa tinha um livrinho de contos de fadas que pertencia à minha mãe. Dentre histórias mais tradicionais, como A Pequena Sereia e O Gato de Botas, uma chamava a atenção: A Moura Torta. Parte dessa atenção vinha do fato de que minha mãe dizia que, quando ela era criança e lia essa história, não fazia ideia do que seria uma moura torta, somente descobrindo anos depois que mouros eram como se chamavam os árabes do norte da África que conquistaram e ocuparam a Península Ibérica entre os séculos VIII e XV, e que essa, em específico, era uma "moura torta" porque tinha uma deformidade física.

Por causa desse livro, eu achava que A Moura Torta era um conto de fadas tão famoso quanto outros da Série B presentes no livro, como Pele de Asno ou A Princesa e a Ervilha, embora tivesse uma noção de que ele não era tão famoso quanto Cinderela ou A Bela Adormecida, principalmente porque nunca fizeram um desenho Disney da Moura Torta. Conforme o tempo passava, porém, eu descobria que quase ninguém conhecia a Moura Torta, e que esse não era um conto tão famoso assim. O motivo pelo qual ele estava no livro da minha mãe me pareceu obscuro, mas, por minha intimidade com a história desde a tenra infância - escrevi que nem um narrador de contos de fadas agora - sempre a guardei em meu coração, com A Moura Torta, pelo menos pra mim, sendo um conto de fadas da Série A.

Assim, quando decidi escrever os Contos de Fadas BLOGuil, um dos primeiros que escrevi foi A Moura Torta. Por algum motivo, entretanto, jamais o publiquei. Me lembro que fiquei com medo de acharem que eu era racista, já que "moura torta" não é exatamente uma expressão politicamente correta. Seja como for, ele ficou lá escrito, mas inédito, sem ser postado no BLOGuil nem revisado para o Crônicas de Categoria. Até o dia em que eu decidi escrever essa série para o átomo e, ao contar quantos contos havia publicado no BLOGuil, descobrir que foram 11. Se eu tivesse mais um, poderia fechar o ano inteiro. E eu tinha: A Moura Torta, que hoje, finalmente, devidamente revisado, verá a luz do sol. Espero que vocês gostem.





A Moura Torta

Era uma vez um Rei que, já tendo alcançado a idade avançada de 35 anos, estando à beira da morte de acordo com a expectativa de vida da época em que essa história se passa, se ressentia de que seu filho, que já havia passado dos 15 anos, ainda não havia encontrado uma moça de quem gostasse para se desposar, já sendo considerado um solteirão encalhado pela corte real. O temor do Rei era de que ele viesse a falecer sem nora e sem netos, de forma que enviou o Príncipe para uma viagem ao redor do mundo, ordenando que ele não se atravesse a voltar sem uma noiva.

Assim, ao longo de oitenta dias, o Príncipe daria a volta ao mundo, sempre colocando defeitos em todas as moças que conhecia. Uma era muito alta, outra era muito baixa, outra gostava de pagode, que ele não suportava, outra tinha os pés feios, outra ria que nem um alarme de incêndio, e por aí vai. Quando já estava pensando que, além de solteiro, morreria no exílio, o Príncipe encontraria uma velha muito feia com dificuldades para atravessar a rua, e decidiria ajudá-la. Em retribuição, a idosa senhora deu a ele uma laranja, e recomendou que, quando ele fosse descascá-la, o fizesse próximo à água corrente. O Príncipe riu e imaginou que depois dos 40 anos as pessoas começam a ficar meio malucas, mas guardou a laranja com muito amor e carinho.

Retornando para casa, o Príncipe decidiria parar à beira de um rio, à sombra de uma árvore, para pensar como enfrentaria a fúria de seu pai, e se lembraria da laranja, decidindo chupá-la para pensar melhor. Ao descascá-la, entretranto, a laranja se transformaria na mulher mais formosa que ele já havia visto na vida. Após uma breve entrevista para se assegurar de que ela tinha zero defeito, o Príncipe decidiria se casar com ela, resolvendo, por fim, o problema que deu origem à sua viagem. Só havia um porém: a moça estava suja, fedida e maltrapilha, de forma que ele recomendou que ela tomasse um banho no rio e em seguida se escondesse na copa da árvore, enquanto ele iria ao castelo buscar roupas finas e perfumes delicados, para apresentá-la ao pai como uma Princesa.

Enquanto o garboso Príncipe fazia seu bate-volta e a futura Princesa se escondia sabe-se lá por qual motivo, eis que vem descendo a estrada uma moura torta, caregando um jarro de barro que deveria encher de água para sua patroa. Ao olhar o reflexo da linda moça na água, ela imaginou ser o seu, pensou que era bonita demais para se submeter a esse serviço, quebou o jarro numa pedra e voltou para casa. Ao saber do que aconteceu, sua patroa desandou a rir, pois a moura torta não tinha esse apelido à toa, sendo corcunda, caolha, banguela, e tendo uma perna mais curta que a outra. Punindo-a com 40 chibatadas, a patroa lhe daria um caldeirão de ferro que pesava 40 quilos, e diria que, se ela voltasse mais uma vez sem água, dobraria a quantidade de chibatadas e o peso do caldeirão.

Ao retornar ao riacho, a moura torta veria a ainda não Princesa no alto da árvore, e entenderia o que aconteceu. Jurando vingança, ela subiria também na árvore, e, usando seus poderes mágicos, enfiaria um alfinete na cabeça da moça, transformando-a em uma pomba. A última coisa que a linda mulher fez antes de sua transformação foi perguntar por que a moura torta se sujeitava a ser empregada doméstica se tinha poderes mágicos, mas a bruxa não soube responder.

Nesse exato momento, vinha o Príncipe pela estrada, com uma carruagem riquíssima, trazendo as roupas mais finas para sua amada, quando viu a moura torta no alto da árvore e, surpreso, perguntou como uma mulher tão bonita havia se transformado numa criatura tão horripilante. A moura torta respondeu que aquela era sua verdadeira aparência, revelada após o banho, e, depois de ponderar se não teria sido melhor ter se casado com uma mulher fedida, porém linda, o Príncipe vestiu a moura torta com roupas de princesa e a levou para o castelo. O Rei ficou horrizado quando conheceu sua futura nora, e boatos dizem que conselheiros o ouviram falar "escolheu tanto pra isso?", mas, achando que aquela seria sua única chance de ver seu filho casado, deu sua bênção para que ocorresse o matrimônio.

Durante os preparativos, a moura torta demonstraria ser tão feia por dentro quanto por fora, de forma que ninguém no reino entendia como o Príncipe havia se apaixonado por ela, mas ele insistia em falar que um homem não é nada sem sua palavra, e seguia com os preparativos do casamento. No dia marcado para a cerimônia, enquanto o jardineiro real colhia as flores que enfeitariam a igreja, uma bela pombinha pousou no jardim. Reconhecendo-a como sua rival, a moura torta ordenou que o jardineiro a capturasse, pois queria comê-la. Mesmo revoltado com o fato de que, além de todos os defeitos que aquela mulher tinha, ela ainda comia pombo, o jardineiro obedeceu, e estava levando a ave para a cozinha real quando se encontrou com o Príncipe por acaso. Notando um estranho calombo na cabeça do pássaro, o Príncipe decidiu cutucá-lo, e viu que era um alfinete. Ao removê-lo, a pomba se fez moça, revelando o ardil da moura torta.

O Rei notou que seu filho era um imbecil por ter caído naquela história, mas gostou mais da nova nora que da anterior, e condenou a moura torta à morte. Ela ainda tentou fugir, mas o povo da cidade, na qual as fofocas corriam rápido, a capturou, linchou, enforcou, esquartejou, queimou em praça pública e jogou suas cinzas no mesmo rio onde ela havia amaldiçoado a Princesa, como licença poética.

E, a única exceção sendo a moura torta, todos viveram felizes para sempre.
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sábado, 25 de outubro de 2025

Escrito por em 25.10.25 com 0 comentários

Studio Ghibli (VII)

Após uma pausa um pouco mais longa que o normal, mais três filmes do Studio Ghibli!

O Mundo dos Pequeninos
Kari-gurashi no Arrietty
2010

Lançado em 1952 e escrito pela inglesa Mary Norton, The Borrowers é um dos mais famosos livros infantis do Reino Unido. Ele é estrelado por uma família de pessoas minúsculas, que moram sob o assoalho de uma casa no interior da Inglaterra, pegando emprestado dos humanos que vivem na casa os objetos dos quais necessitam - daí o nome do livro, já que to borrow, em inglês, é o verbo "pegar emprestado". Vencedor da Carnegie Medal, o mais importante prêmio literário do Reino Unido, o livro teria quatro continuações, todos acompanhando a mesma família de Pequeninos, seria publicado em 1953 nos Estados Unidos, onde também faria muito sucesso, e adaptado diversas vezes, incluindo um filme para a TV produzido pela Hallmark para o canal norte-americano NBC em 1973; uma minissérie da BBC de 1992; um filme para o cinema de 1997, estrelado por John Goodman (lançado aqui no Brasil como Os Pequeninos); e uma minissérie de 2011 com Stephen Fry e Christopher Eccleston.

Embora no Brasil o livro não seja particularmente conhecido ou famoso, ele o é no Japão, de forma que tanto Hayao Miyazaki quanto Isao Takahata tentaram, desde a década de 1960, por diversas vezes fazer uma adaptação para um anime, sempre desistindo por um motivo ou outro. Após o lançamento de Contos de Terramar, Miyazaki estava conversando com Toshio Suzuki, e os dois concluiriam que, após adaptar Diana Wynne Jones e Ursula K. Le Guin, talvez esse fosse o momento certo para adaptar o livro de Mary Norton. Já envolvido com Ponyo, Miyazaki teria de abrir mão da direção, o que levaria Suzuki a escolher Hiromasa Yonebayashi, que faria sua estreia como diretor; tendo trabalhado como animador em A Viagem de Chihiro, O Castelo Animado e Ponyo, Yonebayashi era a escolha de Miyazaki para Contos de Terramar, mas Suzuki acabaria impondo Goro Miyazaki, filho de Hayao, considerado ainda muito cru para a função. Mesmo já estando trabalhando em outro projeto, Hayao Miyazaki escreveria uma versão preliminar do roteiro, passando então o encargo a Keiko Niwa, e revisando-o ao final; ambos seriam creditados como roteiristas.

Por ter uma ligação afetiva com a história, Miyazaki decidiria contá-la sob o seu ponto de vista, ao invés de seguir fielmente o livro; no filme, portanto, há um menino doente que mora na casa, e ele e a Pequenina protagonista vivem uma espécie de romance, embora sem nenhuma cena explícita. Miyazaki, aliás, era apaixonado pelo nome da Pequenina, Arrietty (que é falado exatamente como se lê, "arriéte") e planejava que o título do filme, ao invés de The Borrowers, fosse simplesmente Arrietty; Suzuki, entretanto, argumentaria que o tema de pegar coisas emprestadas estava em voga na cultura japonesa, e que deveria haver alguma referência o nome do livro no título do filme, que acabaria sendo algo como "Arrietty, aquela que pega emprestado". Também vale registrar que o livro é ambientado na Inglaterra do Século XIX, mas Miyazaki decidiria ambientar o filme no Japão do século XXI, mas ainda na zona rural, escolhendo a cidade de Hirakawa como inspiração.

No filme, Arrietty é uma menina da raça dos Pequeninos, que têm poucos cm de altura, e mora com sua mãe, Homily, e seu pai, Pod, em uma pequena casa escondida no fundo de um armário de uma casa de campo que passa a maior parte do tempo vazia, cuidada apenas pela governanta, Haru. A família acredita serem os últimos remanescentes da raça dos Pequeninos, e, como Pequeninos não produzem nada, desde o início dos tempos seu modo de vida envolve "pegar emprestado" - tecnicamente, furtar - aquilo do que precisam da casa maior. Assim, regularmente, Pod se utiliza de vários caminhos secretos por detrás das paredes da casa para pegar emprestadas coisas como comida, lenços de papel, elásticos e alfinetes, que a família utiliza em seu dia a dia.

Quando o filme começa, Arrietty está prestes a completar a idade na qual poderá sair para pegar coisas emprestadas, e espera ansiosamente pela ocasião na qual seu pai a levará com ele e a ensinará os segredos da profissão. Justamente nesse momento, porém, chega à casa o menino Sho, levado por sua tia avó; Sho tem um problema no coração, e precisa ficar em repouso absoluto enquanto aguarda sua cirurgia, com a casa de campo sendo considerada o lugar ideal. O problema para Arrietty é que a Lei dos Pequeninos diz que, se algum ser humano vir um Pequenino, a família precisará se mudar de casa, o que será um grande transtorno, já que a casa de campo é um lugar ideal que dificilmente será igualado, pois passa a maior parte do tempo vazia, e Sho ficará lá apenas temporariamente. Evidentemente, não somente Sho vê Arrietty como os dois conversam e se tornam amigos, com a menina tendo de esconder essa situação dos pais para que eles não sejam forçados a se mudar.

O Mundo dos Pequeninos seria o primeiro filme do Studio Ghibli no qual alguém que não fosse japonês ficaria a cargo da trilha sonora, com a escolhida sendo a francesa Cécile Corbel, que era grande fã dos filmes de Miyazaki, e enviou uma cópia de seu álbum Songbook Vol. 2 diretamente para Suzuki, na esperança de conseguir um trabalho. Suzuki ficaria impressionado com a carta escrita à mão que Corbel enviaria junto com o CD, e, ao ouvi-lo, concluiu que a voz e o estilo da cantora eram exatamente o que ele estava procurando para o filme. Suzuki mostraria o álbum para Yonebayashi, que concordaria em contratar Corbel para escrever e cantar a música-tema do filme; empolgada, ela mostraria várias de suas composições para a dupla, o que acabaria fazendo com que ela gravasse a trilha sonora inteira.

Corbel gravaria na França, acompanhada de músicos de sua confiança, e combinaria música folclórica celta com canções medievais turcas, madrigais barrocos e marchas irlandesas. O álbum resultante seria um grande sucesso no Japão, rendendo à cantora um Disco de Ouro e o prêmio de Melhor Álbum de Trilha Sonora no Japan Gold Disc Awards. A música-tema, chamada simplesmente Arrietty's Song, seria gravada pela própria Corbel em japonês, francês, inglês, italiano, alemão e bretão - idioma da Bretanha, região da França onde Corbel nasceu. A versão japonesa entraria para o Top 100 das mais tocadas nas rádios japonesas, alcançando a posição 58. Curiosamente, apesar de a versão dublada pela Disney trazer a versão em inglês de Arrietty's Song, sua música-tema é outra, Summertime, gravada por Bridgit Mendler, que dubla Arrietty nessa versão.

Falando nisso, O Mundo dos Pequeninos teria duas dublagens em inglês distintas; a primeira seria produzida pela Optimum Releasing para o lançamento do filme no Reino Unido, em 29 de julho de 2011, se chamaria, conforme o desejo de Miyazaki, simplesmente Arrietty, e contaria com Saoirse Ronan como Arrietty, Tom Holland como Sho, Olivia Colman como Homily e Mark Strong como Pod. A segunda seria a tradicional versão Disney, que estrearia nos cinemas dos Estados Unidos e Canadá em 17 de fevereiro de 2012, com o título de The Secret World of Arrietty. Uma curiosidade da versão Disney é que alguns personagens têm nomes diferentes: Sho se chama Shawn, sua tia-avó (que, na versão japonesa, se chama Sadako) se chama Jessica, e Haru se chama Hara. Além de Mendler como Arrietty, a versão Disney traz Amy Pohler como Homily, Will Arnett como Pod, Carol Burnett como Hara, e David Henrie como Shawn. No Brasil, o filme estrearia nos cinemas apenas em 21 de junho de 2012.

No Japão, distribuído mais uma vez pela Toho, O Mundo dos Pequeninos estrearia em 17 de julho de 2010, após uma pré-estreia que contaria com Miyazaki, Yonebayashi, Corbet cantando a música-tema em japonês ao vivo, e a presença do casal real da Suécia, a Rainha Sílvia e o Rei Carlos Gustavo XVI. O filme seria o mais assistido do país em seu primeiro fim de semana, quando renderia 1,35 bilhão de ienes e atraindo mais de um milhão de espectadores; também seria o filme japonês que conseguiria mais rápido ultrapassar a marca de 3,5 bilhões de ienes, levando 20 dias. O Mundo dos Pequeninos fecharia o ano como o filme mais assistido no Japão em 2010, e arrecadaria quase 10 bilhões de ienes na bilheteria. A crítica o receberia com enorme entusiasmo, considerando-o "Studio Ghibli em seu melhor" e "visualmente exuberante, livre de pieguices para toda a família e ancorado em grande profundidade". O filme ganharia os prêmios de Animação do Ano da Academia Japonesa de Cinema e do Tokyo Anime Awards, e muitos críticos norte-americanos considerariam injusto ele não ter sido indicado ao Oscar.

Ambicioso, Yonebayashi queria bater o recorde de salas de Ponyo, mas, por razões fora do controle da Toho, O Mundo dos Pequeninos estrearia em "apenas" 447 salas - ele conseguiria bater o recorde, entretanto, nos Estados Unidos, onde a versão Disney estrearia em 1522 salas. Nos Estados Unidos, aliás, o filme seria o segundo de maior bilheteria em seu fim de semana de estreia, perdendo apenas para a versão 3D de Star Wars: Episódio I: A Ameaça Fantasma, e no total renderia quase 20 milhões de dólares, se tornando o quarto anime de maior bilheteria na história do país e o primeiro que não era inspirado em uma franquia de games, já que ficaria atrás apenas de Pokémon: O Filme, Pokémon: O Filme 2000 e Yu-Gi-Oh!: O Filme.

Da Colina Kokuriko
Kokuriko-zaka Kara
2011

Após uma estreia desastrosa com Contos de Terramar, Goro Miyazaki pediria mais uma chance a Suzuki, dessa vez com o apoio de seu pai, Hayao Miyazaki, que sugeriria que ele adaptasse o mangá Kokuriko-zaka Kara, escrito por Tetsuro Sayama e desenhado por Chizuru Takahashi, publicado entre janeiro e agosto de 1980, que Hayao conheceria quando estava em sua casa de veraneio nas montanhas com um casal de sobrinhos, e eles encontraram uma versão encadernada do mangá, deixada lá por algum amigo de seus filhos. Ele leria a história e acharia interessante, tendo com seus amigos Mamoru Oshii e Hideaki Anno uma discussão acalorada sobre a possibilidade de fazer uma adaptação do mangá para o cinema. Hayao chegaria a garantir os direitos da adaptação, mas o projeto ficaria engavetado até a produção de O Mundo dos Pequeninos, quando ele decidiria que esse seria o próximo, aproveitando a disposição de Goro para assumir um novo projeto para sugeri-lo.

Ambientado em 1963, o mangá tem como protagonista a adolescente Umi Komatsuzaki, cujo pai, que era marinheiro, desapareceu dez anos antes, quando seu navio foi afundado durante a Guerra da Coreia, e cuja mãe, fotógrafa, decidiu aceitar um emprego nos Estados Unidos, deixando-a sozinha na casa da família, na cidade de Yokohama. Atráves de uma série de eventos, ela se apaixona por um menino de sua escola, Shun Kazama, que descobre que ambos são irmãos por parte de pai, mas, ao invés de contar para a menina, decide ficar rejeitando-a. A história, portanto, é centrada na paixão não correspondida de Umi, que não compreende a razão da rejeição. O nome do mangá vem do fato de que a casa de Umi fica no alto de uma colina onde crescem várias kokuriko, uma flor japonesa da família da papoula, famosa por sua cor vermelha.

Hayao Miyazaki escreveria uma versão preliminar do roteiro, e delegaria mais uma vez a Keiko Niwa a função de escrever a versão final. Ele aproveitaria que a história era ambientada em 1963, um ano antes da primeira Olimpíada disputada em Tóquio, e fazia referência à Guerra da Coreia, para incluir uma subtrama: a escola onde Umi e Shun estudam tem uma república estudantil, que congrega, dentre outros, os clubes de literatura, filosofia, astronomia e o jornal da escola; como parte de uma renovação da escola motivada pelo sentimento de que estava sendo criado um "novo Japão" após a Guerra da Coreia e com a proximidade das Olimpíadas, a república será demolida, com Shun sendo contra e convencendo Umi a lutar junto com ele para que o projeto seja cancelado.

Essa alteração teria como base acontecimentos históricos: após a derrota na Segunda Guerra Mundial, o Japão, como punição, foi proibido de ter forças armadas, mas, como a marinha japonesa ainda tinha navios, durante a Guerra da Coreia os Estados Unidos pressionaram o governo japonês para que esses navios fossem usados para transportar soldados norte-americanos e suprimentos para a Coreia, voltando com japoneses repatriados. Esses navios eram frequentemente atacados ou encontravam minas pelo caminho, de forma que muitos cidadãos japoneses acabaram mortos durante a Guerra da Coreia, da qual o Japão sequer estava participando, a maioria como resultado de navios colidindo contra minas - o pai de Umi seria dado como morto quando seu navio afundaria após colidir contra uma mina, tanto no mangá quanto no filme. Estimativas oficiais do número de japoneses mortos jamais seriam divulgadas, e nem o governo dos Estados Unidos, nem o do Japão, jamais reconheceriam oficialmente que essas mortes aconteceram. Isso levaria a uma onda de protestos estudantis que se alastrariam por várias escolas e universidades japonesas na década de 1960, não somente por causa da Guerra, mas por qualquer motivo que os estudantes achassem junto, coisa que não era comum no Japão antes disso.

No filme, Umi mora com uma avó em um antigo hospital transformado em pensão, sendo responsável por seu gerenciamento, enquanto sua mãe está estudando medicina nos Estados Unidos; uma irmã e um irmão mais novos de Umi também moram na pensão, que tem, dentre os hóspedes, uma residente de medicina e uma artista plástica. Durante um protesto contra a demolição da república estudantil, Umi conhece Shun, que é o responsável pelo jornal da escola, que a convida para trabalhar produzindo os estênceis. Os dois acabam se apaixonando, e Umi entra de cabeça na defesa da república estudantil, chegando a viajar com Shun até Tóquio para convencer Yasuyoshi Tokumaru, presidente do grupo dono da escola, a visitar Yokohama e ver que faria mais sentido reformar o local do que demolir. Mas a história do jovem casal sofrerá um revertério quando, durante um almoço na pensão, Shun descobrir que os dois podem ser irmãos por parte de pai.

Além de fazer alterações na história, Hayao Miyazaki decidiria mudar o sobrenome de Umi para Matzuzaki, e faria Tokumaru, tanto em maneirismos quanto em aparência, inspirado em Yasoyushi Tokuna, presidente da Tokuma Shoten, editora da qual o Studio Ghibli foi uma subsidiária até 2005. Goro Miyazaki viajaria para Yokohama, disposto a retratar a cidade no filme da forma mais fiel possível, mas, enquanto estava lá, chegaria à conclusão de que seria melhor se os cenários fossem extremamente bonitos do que extremamente fiéis, então faria apenas algumas notas gerais sobre a cidade, dando carta branca para que os diretores de arte a retratassem da forma que achassem melhor. Para criar a república estudantil, chamada Latin Quarter, Goro decidiria criar uma mansão na qual cada quarto tinha características diferentes, dependendo de qual clube o ocupasse. Ele trabalharia com os diretores de arte para criar um prédio que fosse "um amálgama de vários estilos", mas que também transmitisse a sensação de amontoado e sujeira que ele sentia ao entrar nas repúblicas estudantis de sua época de escola.

A produção seria impactada pelo terremoto e tsunami que atingiriam a região de Tohoku em março de 2011, já que o governo japonês faria apagões de energia programados para que não houvesse colapso do sistema; isso faria com que os animadores tivessem de trabalhar à noite, quando os apagões eram mais espaçados e menos frequentes. Apesar do contratempo, Hayao Miyazaki se recusaria a mudar a data prevista para a estreia do filme nos cinemas, alegando ser sua responsabilidade garantir que o tudo estivesse pronto na data programada. Em maio, Goro Miyazaki declararia que por volta de 50% da animação estava pronta, quando o planejado, se não houvesse ocorrido o desastre, seria que 70% já estivesse pronto; ele também diria que o principal fator que causaria o atraso não seriam os apagões, mas o fato de que vários profissionais que trabalhavam no filme ficariam abalados com a tragédia, com o Studio Ghibli decidindo dar a eles um tempo para que se recuperassem.

Da Colina Kokuriko estrearia nos cinemas japoneses, distribuído pela Toho, em 16 de julho de 2011. Seria o terceiro filme mais assistido do ano, atrás de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 e Pokémon, o Filme: Preto - Victini e Reshiram / Branco - Victini e Zekrom. Uma exposição chamada THE ART OF Kokuriko-zaka Kara, que contava com 130 peças de arte conceitual e storyboards usados no filme estrearia no mesmo dia na Seibu Ikebukuro, em Tóquio, ficando por lá até 28 de julho e depois, entre 10 e 15 de agosto, na galeria Sogo's de Yokohama. Um dia antes, em 9 de agosto, o canal de TV NHK exibiria um especial chamado Futari Kokuriko-zaka Chantoko no 300-nichi Senso: Miyazaki Hayao x Miyazaki Goro ("A Guerra de 300 Dias entre Pai e Filho"), que mostrava os bastidores da produção. Em setembro, Da Colina Kokuriko seria exibido fora de concurso no Festival Internacional de Cinema de Toronto, e estrearia nos cinemas da Coreia do Sul.

O filme seria o primeiro do Studio Ghibli a estrear na Europa distribuído pela Disney, com a Walt Disney Studios Motion Pictures France distribuindo o filme na França, onde ele estrearia em janeiro de 2012; com diferentes distribuidores, ele estrearia ao longo de 2012 também na Alemanha, Espanha, Itália, Suíça e Turquia, e seria o terceiro filme do Studio Ghibli a estrear na China, em setembro de 2021. Curiosamente, a Disney decidiria não lançar o filme nos Estados Unidos, com a GKIDS se oferecendo para um lançamento limitado nos cinemas, em 15 de março de 2013, e amplo em home video, em setembro de 2013; no Reino Unido, Da Colina Kokuriko seria lançado apenas em home video. A dublagem em inglês conta com Sarah Bolger como Umi, Anton Yelchin como Shun, Jamie Lee Curtis como a mãe de Umi, Beau Bridges como Tokumaru, e Gillian Anderson, Aubrey Plaza e Christina Hendricks como as hóspedes da pensão.

A crítica ficaria dividida, com alguns considerando-o "gentil e nostálgico" e "tão adorável quanto os fãs do Studio Ghibli esperariam", e outros achando o enredo previsível e o final sem graça. A direção de Goro Miyazaki também dividiria a crítica, com a maioria achando que ele conseguiu superar os erros cometidos em Contos de Terramar e se firmar como um bom diretor, outros achando a direção amadora e descuidada; seja como for, Goro se tornaria o primeiro diretor, à exceção de seu pai e de Takahata, a dirigir mais de um filme do Studio Ghibli, e Da Colina Kokuriko seria o segundo filme seguido do Studio Ghibli a ganhar o prêmio de Animação do Ano tanto pela Academia Japonesa de Cinema quanto no Tokyo Anime Awards.

Vidas ao Vento
Kaze Tachinu
2013

Apaixonado por aviação, Hayao Miyazaki, entre novembro de 1984 e janeiro de 2010, contribuiu esporadicamente com artigos, resenhas e mangás de sua autoria para a revista Model Graphix, especializada em modelos de montar e voltada para aqueles que têm o modelismo como hobby. Dentre essas contribuições, estariam os mangás Hikotei Jidai, de 1989, que seria adaptado para o filme Porco Rosso; Buta no Tora, de 1992, e Hans no Kikan, de 1994, ambos sobre um mecânico alemão chamado Hans, que cuida de um tanque como se fosse seu melhor amigo; Doromamire no Tora, de 1999, adaptação das memórias do alemão Otto Carius sobre a Segunda Guerra Mundial; e Kaze Tachinu, publicado entre abril de 2009 e janeiro de 2010, versão ficcional da vida de Jiro Horikoshi, engenheiro japonês responsável pela criação do Mitsubishi A6M, apelido Zero, caça japonês usado durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecidas coletivamente como Miyazaki Hayao no Zasso Noto (algo como "anotações aleatórias de Hayao Miyazaki"), essas contribuições seriam lançadas em diversos encadernados publicados pela mesma editora da Model Graphix, a Dainippon Kaiga, e se tornariam extremamente famosas, sendo citadas como influência por diversos outos autores, dentre eles Kazuma Kujo, que diria em entrevistas que elas serviriam de inspiração para sua maior criação, o game Metal Slug.

Após concluir Ponyo, Miyazaki decidiria que estava na hora de o Studio Ghibli investir em uma continuação, prática comum dentre outros estúdios no Japão e no ocidente, mas que ainda não havia sido explorada por eles. Sua primeira opção seria uma continuação de Porco Rosso, que acabaria engavetada por não conseguir financiamento. Ele decidiria, então, trabalhar em uma continuação de Ponyo, que era mais recente e havia sido um grande sucesso, mas, enquanto ele ainda estava pensando no roteiro, Suzuki, que não era favorável à ideia da continuação, sugeriria uma adaptação para o cinema de Kaze Tachinu. Miyazaki inicialmente seria contra, achando que o assunto do mangá não era familiar para crianças, mas mudaria de ideia quando um membro da equipe diria que "deveríamos permitir que crianças fossem expostas a assuntos com os quais elas não estão familiarizadas", se lembrando, então, de uma frase do próprio Horikoshi: "tudo o que eu quero é fazer algo bonito".

Curiosamente, o mangá usava porcos antropomórficos, semelhantes ao protagonista de Porco Rosso, como persongens, mas, empolgado por produzir o primeiro filme "baseado em fatos reais" do Studio Ghibli, Miyazaki decidiria que a animação teria personagens humanos. Ele também decidiria fazer o filme bem menos ficcional e mais fiel aos eventos históricos do que o mangá, exceto por um detalhe: o título do mangá (que significa algo como "o vento soprou") havia vindo de um romance escrito por Tatsuo Hori e publicado em 1937. O livro não tem absolutamente nada a ver com a vida de Jiro Horikoshi, acompanhando um homem sem nome que conhece acidentalmente uma mulher chamada Setsuko, que tem como hobby a pintura, se apaixona por ela e, após alguns encontros e desencontros, descobre que ela tem tuberculose, decidindo ir viver com ela no sanatório para que possam se casar. O romance é semi-autobiográfico, já que Hori se inspiraria em sua própria história de amor com sua esposa, Ayako Kano, que também faleceria de tuberculose - embora a maioria dos eventos do livro seja ficcional, jamais tendo acontecido entre Hori e Kano.

Miyazaki, que leria o livro ao fazer pesquisa para escrever o mangá, se encantaria com a história e, para o filme, criaria uma namorada para Horikoshi - que, na vida real, jamais existiu - inspirada em Setsuko, com a história intercalando seu trabalho como engenheiro aeroespacial e seu romance com ela. Hori também não seria o criador do título do livro, retirando-o de um poema do francês Paul Valéry, que, falando sobre vida e morte, diz "o vento soprou, precisamos viver"; no filme, o poema é citado, e esse trecho usado como uma espécie de lema de Horikoshi. Outra obra frequentemente referenciada durante o filme é A Montanha Mágica, de Thomas Mann, preferido de Stephen Alpert, diretor executivo da divisão internacional do Studio Ghibli, que deixou o cargo por razões pessoais em 2011, mas seguiu sendo amigo de Miyazaki e Suzuki; Miyazaki criaria para o filme um personagem secundário com o mesmo nome do protagonista de A Montanha Mágica, Hans Castorp, inspirado em Alpert, desenhado à sua imagem e semelhança, e o convidaria para dublá-lo na versão japonesa.

O filme começa em 1918, quando Jiro Horikoshi, ainda criança, sonha em ser piloto de avião, mas, devido à sua miopia, isso se mostra impossível. Ele decide, então, seguir os passos do engenheiro italiano Giovanni Battista Caproni, que jamais pilotou um avião na vida, mas criou dezenas de modelos, e se tornar ele mesmo um engenheiro aeroespacial. Anos mais tarde, já como aluno da Universidade Imperial de Tóquio, ele conhece a jovem Naoko Satomi, por quem se apaixona, mas de quem se desencontra após um terremoto que atingiu a região de Kanto em 1923. Após se formar, Horikoshi e seu melhor amigo, Kiro Honjo, vão trabalhar para a Mitsubishi, mas todos os seus projetos fracassam. A fábrica, então, decide retirá-los do projeto do caça e colocá-los no de um bombardeiro, enviando-os para um intercâmbio com a Junkers, na Alemanha, em 1929. Ao retornar, Horikoshi tam várias novas ideias para o caça e, durante férias em um resort, em 1933, se reencontra com Naoko, com os dois começando a namorar. A moça, entretanto, tem tuberculose e pouco tempo de vida, com Horikoshi decidindo se casar com ela em segredo, dividindo seu tempo entre o projeto do caça e seu amor.

Distribuído pela Toho, Vidas ao Vento estrearia no Japão em 20 de julho de 2013; seria o filme mais assistido do ano no país, rendendo 11,6 bilhões de ienes na bilheteria. Ao mesmo tempo em que Miyazaki trabalhava em Vidas ao Vento, Takahata também produzia seu novo filme, O Conto da Princesa Kaguya. Os dois, então, decidiriam repetir o que fizeram com Meu Amigo Totoro e Túmulos dos Vagalumes, e lançar ambos os filmes em sessão dupla; atrasos na produção de O Conto da Princesa Kaguya, entretanto, fariam com que ele tivesse de ser adiado quatro meses, estreando apenas em novembro.

Vidas ao Vento seria exibido no Festival Internacional de Cinema de Veneza, no Festival Internacional de Cinema de Toronto, e no Festival de Cinema de Telluride, sempre ovacionado pelo público, mas acabaria tendo distribuição limitadíssima na Europa, estreando em 2014 apenas na França e Itália; no Brasil, estrearia em 28 de fevereiro de 2014. A Disney decidiria distribuí-lo nos Estados Unidos através de sua subsidiária Touchstone Pictures; a princípio, ele teria distribuição limitada apenas na cidade de Los Angeles, estreando em 8 de novembro, somente para que pudesse concorrer ao Oscar, mas depois a Disney mudaria de ideia, o lançaria em cidades selecionadas em 21 de fevereiro de 2014, e em todo o país em 28 de fevereiro. A dublagem da Disney traria Joseph Gordon-Levitt como Horikoshi, Emily Blunt como Naoko, John Krasinski como Honjo, Martin Short como o engenheiro-chefe da Mitsubishi, Werner Herzog como Castorp, William H. Macy como o pai de Naoko, e Stanley Tucci como Caproni. Vale citar como curiosidade que, na versão japonesa, Horikoshi é dublado por Hideaki Anno, o criador de Neon Genesis Evangelion.

A crítica seria extremamente positiva, destacando a beleza da animação, a fluidez do roteiro, e a proeza de Miyazaki ter conseguido fazer um filme ambientado durante uma guerra, protagonizado por um homem que criava máquinas de guerra, sem jogar nenhuma luz positiva sobre a guerra - de fato, o filme tem a mesma crítica contra a guerra presente em todas as obras de Miyazaki, embora de forma mais sutil. Essa característica, aliás, faria com que o filme fosse alvo de críticas por parte de políticos japoneses, que acharam que o filme era "anti-patriótico" e mostrava os japoneses como incompetentes e arrogantes. Miyazaki colocaria mais lenha na fogueira ao escrever para um jornal um artigo condenando a proposta de alguns políticos que queriam que o Japão voltasse a ter forças armadas. O filme também seria alvo de duras críticas na Coreia do Sul, com alguns alegando que o Zero era um "instrumento de opressão", "fabricado por coreanos em campos de trabalho forçado".

Vidas ao Vento ganharia dois prêmios da Academia Japonesa de Cinema, o de Animação do Ano e o de Melhor Trilha Sonora, para Joe Hisahi; também seria indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação, perdendo para Frozen, e para o Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira, perdendo para o italiano A Grande Beleza. Miyazaki declariria em entrevistas que ele seria seu primeiro filme que o faria chorar ao assisti-lo; alegando esgotamento físico e idade avançada, aos 72 anos, ele anunciaria sua aposentadoria, dizendo que se afastaria da produção de longa-metragens para cuidar exclusivamente das exposições do Museu Ghibli. Em reconhecimento à sua importância para a animação mundial, em 2014 Miyazaki receberia um Oscar honorário pelo Conjunto da Obra.
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sábado, 18 de outubro de 2025

Escrito por em 18.10.25 com 0 comentários

Rihanna

Uma vez um amigo me disse que eu sou um roqueiro poser, porque eu digo que gosto de rock, mas, na verdade mesmo, eu gosto de cantoras pop tipo Christina Aguilera e Rihanna. O pior é que eu realmente gosto de rock, mas, quando decido escutar música enquanto estou fazendo alguma atividade, tipo escrever esse post, normalmente opto por alguma cantora pop, não sei precisar a razão. De qualquer forma, o comentário dele me fez perceber que existe pelo menos uma cantora pop da qual eu gosto para a qual eu ainda não havia escrito um post. Para corrigir isso, hoje é dia de Rihanna no átomo!


Robyn Rihanna Fenty nasceu em 20 de fevereiro de 1988 em Saint Michael, Barbados. A família de sua mãe é originária da Guiana, e seu pai era descendente de irlandeses, ingleses, escoceses e africanos do oeste da África. Ela foi a primeira de três filhos do casal, tendo dois irmãos mais novos, mas também tem duas meio-irmãs e um meio-irmão, frutos de relacionamentos prévios de seu pai. Quando criança, sua família era pobre, com seu pai trabalhando como administrador de um aramazém quando Rihanna nasceu, mas sendo demitido quando ela ainda era bem pequena; por causa disso, Rihanna cresceria em Bridgetown, a capital de Barbados, morando em um bangalô de três quartos que os Fenty dividiam com duas outras famílias, e ajudando seu pai a vender roupas em uma barraquinha de rua. Para piorar a situção, seu pai era alcóolatra e viciado em cocaína, e batia em sua mãe, nela e nos irmãos quando estava alterado. Talvez por causa disso, durante toda infância e adolescência, ela sofreria com fortes dores de cabeça cuja causa nenhum médico conseguia diagnosticar, desconfiando até de um tumor cerebral, que só começariam a melhorar após o divórcio de seus pais, quando ela tinha 14 anos.

Na escola, Rihanna era considerada uma boa aluna, e se interessava por dança, canto e poesia; ela era apaixonada por reggae, ouvindo especialmente Sizzla e Damien Marley, mas também gostava muito de Whitney Houston e Mariah Carey. Aos 11 anos, ela se alistaria no Programa de Jovens Cadetes do exército de Barbados, que lhe garantiria educação pública e a oportunidade de uma carreira militar, e onde teria como sargento outra futura cantora, Shontelle. Embora não pensasse em seguir carreira militar, Rihanna planejava fazer parte do programa até completar o Ensino Médio, mas acabaria abandonando tanto o projeto quanto a escola aos 16 anos, para viajar aos Estados Unidos e começar sua carreira de cantora de sucesso.

Sua primeira experiência no mundo da música ocorreria um ano antes, em 2003, quando Rihanna, aos 15 anos e ao lado de duas colegas de sala, formaria um grupo musical sem nome e sem material original, que arriscaria a sorte em uma audição promovida pelo produtor norte-americano Evan Rogers, cantando Emotion, do Destiny's Child. Segundo Rogers, o talento de Rihanna era tamanho que, assim que ela entrou na sala, era como se estivesse sozinha, com as outras duas garotas sendo totalmente ofuscadas por sua performance. Impressionado, ele entraria em contato com a mãe de Rihanna e convidaria a menina para se apresentar novamente, dessa vez sozinha. Arrasando também no segundo teste, Rihanna e a mãe seriam convidadas para viajar com Rogers até Connecticut, nos Estados Unidos, para gravar fitas demo que seriam oferecidas a gravadoras norte-americanas. As duas aceitariam, e, em 2004, Rihanna viajaria e gravaria Pon de Replay e The Last Time.

Uma das fitas demo seria enviada para o rapper Jay-Z, que havia acabado de se tornar CEO da gravadora Def Jam Records. Ele acharia que Pon de Replay era "grande demais" para uma artista estreante, mas gostaria da voz de Rihanna, e a convidaria para uma audição, à qual estariam presentes Jay-Z e o executivo Antonio Reid, recém-saído da gravadora Arista. Rihanna cantaria suas duas músicas demo e For the Love of You, de Whitney Houston, e deixaria Reid tão impressionado que ele diria que Jay-Z não poderia deixar que ela saísse do prédio sem um contrato. Ela acabaria assinando para sete álbuns com a Def Jam, cancelando reuniões que ainda tinha marcadas com outras gravadoras, e, às vésperas de completar 17 anos, se mudaria definitivamente com a mãe e os irmãos para os Estados Unidos.

A produção do primeiro álbum de Rihanna levaria três meses, durante os quais Rogers e o também produtor Carl Sturken criariam a Syndicated Rhythm Productions, especialmente para cuidar de sua carreira. Seria Rogers que convenceria Jay-Z a deixar Rihanna gravar e lançar como seu primeiro single, em maio de 2005, Pon de Replay, que se tornaria um gigantesco sucesso, alcançando o segundo lugar tanto no Top 100 da Billboard quanto na lista da OCC, do Reino Unido. Seu primeiro álbum, Music of the Sun, seria lançado em agosto, vendendo 69 mil cópias apenas na primeira semana, rendendo um Disco de Platina e chegando à décima posição na lista de mais vendidos; sua segunda música de trabalho, If It's Lovin' that You Want, chegaria a posição 36 no Top 100. O sucesso do álbum também renderia a Rihanna um convite para uma participação no filme lançado diretamente em DVD As Apimentadas: Tudo ou Nada, interpretando ela mesma, em busca de uma equipe de cheerleaders para participar de seu novo clipe.

Pon de Replay, escrita por Rogers, Sturken, Alisha Brooks e Vada Nobles, é considerada uma das músicas de estreia mais bombásticas da década de 2000 - o que talvez mostre que Jay-Z tinha certa razão - e, por si só, tinha potencial para transformar Rihanna em um fenômeno mundial; ainda assim, talvez não querendo arriscar, o produtor Jonathan Hay espalharia anonimamente que Rihanna e Jay-Z eram um casal, o que faria com que a menina ganhasse matérias em vários jornais e revistas, e com que a música recebesse atenção especial das rádios. O romance seria desmentido ainda em 2005, mas a carreira de Rihanna já havia sido catapultada pela fofoca; anos mais tarde, o publicitário oficial de Rihanna, Lucian Knight, revelaria publicamente que a fofoca havia de fato sido plantada por Hay, o que levaria à produção de vários documentários sobre o caso, e à publicação de diversos estudos sobre as ramificações e limites das relações públicas de artistas pop. Jamais ficou claro se Rihanna sabia que Hay pretendia divulgar a fofoca ou se foi uma vítima inocente.

Assim que lançou seu primeiro álbum, Rihanna já começou a trabalhar no segundo, A Girl Like Me, lançado em abril de 2006. O segundo álbum seria um sucesso ainda maior que o primeiro, vendendo 115 mil cópias somente na primeira semana, chegando ao quinto lugar na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos e no Reino Unido, e rendendo um Disco de Platina Duplo. Sua primeira música de trabalho, SOS, alcançaria o primeiro lugar no Top 100 da Billboard, e a segunda, Unfaithful, chegaria à sexta posição; as outras duas músicas de trabalho seriam We Ride e Break It Off, um dueto com Sean Paul, que chegaria à nona posição. Em julho de 2006, Rihanna sairia em sua primeira turnê, para promover seus dois primeiros álbuns, com shows apenas nos Estados Unidos, apesar de, aos 18 anos, ela já ser considerada um fenômeno mundial.

No início de 2007, Rihanna aceitaria um convite para, junto com Shontelle, participar da música Roll It, do álbum de estreia da banda jamaicana J-Status. Logo após gravar sua participação, ela começaria a trabalhar em seu terceiro álbum; incomodada com a imagem de boa moça que a imprensa norte-americana queria colar nela de qualquer jeito, ela coversaria com Ne-Yo, Timbaland, Justin Timberlake e Tricky Stewart sobre criar um álbum que mostrasse que ela estava, ao mesmo tempo, mais madura e mais rebelde. Assim surgiria Good Girl Gone Bad (algo como "boa moça agindo mal"), lançado em maio de 2007, produzido por Rogers, Sturken, Stewart, Timbaland, The-Dream, Neo da Matrix e Stargate. Abandonando os ritmos caribenhos que permeavam seus dois primeiros álbuns, Rihanna apostaria no dance-pop e no R&B com fortes influências dos anos 1980, no que seria considerado um ponto de virada em sua carreira.

Good Girl Gone Bad venderia 162 mil cópias apenas na primeira semana, chegaria à segunda posição da Billboard, e renderia a Rihanna nada menos que sete Discos de Platina, além de sete indicações ao Grammy, incluindo Álbum do Ano. É nele que está o mega sucesso Umbrella, com participação de Jay-Z, eleita uma das 500 melhores músicas de todos os tempos pela revista Rolling Stone, ganhadora do Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap, indicada ao de Gravação do Ano, e que estourou nas rádios do mundo inteiro, chegando ao primeiro lugar das paradas de sucesso em nada menos que 18 países: Estados Unidos (onde ficou em primeiro por sete semanas consecutivas), Reino Unido (dez semanas), Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Hungria, Irlanda, Noruega, Nova Zelândia, Rússia, Suíça e Venezuela; esse sucesso todo levaria Rihanna à sua primeira turnê internacional, com shows em 30 países ao longo de um ano e meio.

Além de Umbrella, Good Girl Gone Bad também teria como músicas de trabalho Don't Stop the Music (terceiro lugar na Billboard e também um grande sucesso internacional), Hate That I Love You (nono lugar), Shut Up and Drive e Rehab. Em abril de 2008, o álbum ganharia uma segunda versão, Good Girl Gone Bad: Reloaded, com três novas faixas e um DVD mostrando cenas de bastidores da turnê. Todas as três novas faixas seriam lançadas como músicas de trabalho, com Take a Bow e Disturbia sendo grandes sucessos internacionais, ambas chegando ao primeiro lugar do Top 100 da Billboard; a terceira, If I Never See Your Face Again era uma canção do Maroon 5 com a participação de Rihanna, também presente no álbum It Won't Be Soon Before Long. Ainda em 2008, Rihanna lançaria Girl Gone Bad Live, DVD contendo um dos shows de sua turnê, em Manchester, Inglaterra; anunciaria publicamente seu romance com o rapper Chris Brown; e colocaria mais uma música no topo da parada da Billboard, Live Your Life, dueto com o rapper barbadiano T.I., lançada em seu álbum Paper Trail.

Rihanna seria convidada para participar da cerimônia do Grammy em fevereiro de 2009, mas cancelaria sem apresentar motivos; dias antes, boatos correriam na internet de que ela havia sido espancada por Brown, que se entregou às autoridades, mas foi fichado por ameaça. Um mês depois, ele seria conduzido novamente à delegacia e fichado por agressão; o TMZ teria acesso às fotos que Rihanna faria no exame de corpo de delito, divulgando-as na internet e causando um debate sobre ética na imprensa e os limites dos sites e programas de fofocas em relação à privacidade de celebridades que fossem vítimas de crimes, o que levaria um grupo de advogados a propor a "Lei Rihanna", que proibiria a divulgação de fotos feitas por serviços médicos e agentes públicos. Rihanna testemunharia sobre o caso em junho de 2009, em meio às gravações de seu quarto álbum.

Afetada pelo episódio, a cantora se distanciaria do som alegre de seus lançamentos anteriores, preferindo canções com um tom mais introspectivo, estilo futurista e influências de rock. Com o nome de Rated R, o quarto álbum de Rihanna seria lançado em novembro de 2009 e venderia 181 mil cópias na primeira semana, renderia um Disco de Platina Duplo, e chegaria ao quarto lugar na lista dos mais vendidos. O álbum teria nada menos que seis músicas de trabalho: Russian Roulette (nono lugar na Billboard, Top Ten em mais de 20 países), Hard (dueto com Jeezy, oitavo lugar na Billboad), Wait Your Turn, Rude Boy (primeiro lugar na Billboard durante seis semanas seguidas), Rockstar 101 (com a participação do guitarrista Slash) e Te Amo (que, apesar do título, é cantada em inglês, e cujo clipe traz a modelo francesa Laetitia Casta seduzindo Rihanna). Exceto por Rockstar 101, nas capas de todos os singles Rihanna estava seminua e em poses sexy, ideia da própria cantora para passar uma imagem mais adulta. A turnê de lançamento de Rated R, chamada Last Girl on Earth, teria 67 shows, passando por Estados Unidos, Canadá, Austrália e Europa.

Antes do lançamento de Rated R, Rihanna gravaria, com Jay-Z e Kanye West, Run This Town, que chegaria ao segundo lugar da Billboard e ganharia dois Grammys, de Melhor Canção Rap e Melhor Performance Cantada em Rap. No início de 2010, ela aceitaria um convite de Eminem para gravar com ele Love the Way You Lie, de seu álbum Recovery, que chegaria ao primeiro lugar da Billboard, onde se manteria por sete semanas seguidas. Ainda em 2010, ela gravaria os vocais de Who's That Chick?, de David Guetta, de seu álbum One More Love; participaria, junto com Kid Cudi e Fergie, de All of the Lights, de Kanye West (que ganharia mais um Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap), lançada em seu álbum My Beautiful Dark Twisted Fantasy; e faria um dueto com Nicky Minaj (que é nascida em Trinidad e Tobago e amadrinhada por Rihanna) em Fly, lançada em seu álbum de estreia, Pink Friday.

Apesar disso ter sido escolha dela mesma, e de não ter sido nenhum fracasso, Rihanna não ficaria satisfeita com o tom mais sombrio - palavras dela mesma - de Rated R, e, para seu quinto álbum, decidiria voltar às canções alegres de dance-pop. Assim seria Loud, lançado em novembro de 2010, que venderia 207 mil cópias somente na primeira semana, rendendo cinco Discos de Platina e alcançando o terceiro lugar na lista dos mais vendidos. Três de suas músicas de trabalho alcançariam o primeiro lugar da Billboard, Only Girl (In the World) (ganhadora do Grammy de Melhor Gravação Dance), What's My Name? (dueto com Drake, com quem Rihanna havia iniciado um relacionamento no final de 2009) e S&M (que, em 2011, ganharia um remix no qual Rihanna faz dueto com Britney Spears), fazendo com que Rihanna se tornasse não só a artista solo mais jovem a conseguir dez músicas na primeira posição, mas também a que o fez em menos tempo de carreira. As outras três músicas de trabalho seriam Raining Men (dueto com Nicki Minaj; e que não é regravação de It's Raining Men), Man Down, California King Bed e Cheers (Drink to That). A turnê de lançamento do álbum teria 98 shows, incluindo um num estádio de críquete em Barbados, e os quatro primeiros shows de Rihanna no Brasil, em setembro de 2011, em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, esse último parte do festival Rock in Rio.

O sexto álbum, Talk That Talk, seria lançado um ano depois, em novembro de 2011, e manteria a escalada das vendas, com 198 mil cópias vendidas na primeira semana, rendendo um Disco de Platina Triplo e chegando à terceira posição na lista dos mais vendidos. Sua principal música de trabalho seria We Found Love, com a participação de Calvin Harris, que ficaria dez semanas não-consecutivas na primeira posição da Billboard, além de alcançar a primeira posição nas paradas de sucessos de 30 países, e o Top 3 de mais 12. As demais músicas de trabalho seriam You da One, Talk That Talk (com a participação de Jay-Z) e Where Have You Been (quinto lugar na Billboard). O clipe de We Found Love ganharia o Grammy de Melhor Vídeo Musical Curto e o prêmio de Vídeo do Ano no MTV Music Video Awards, o que faria com que Rihanna se tornasse a única mulher a ganhar esse prêmio da MTV mais de uma vez.

Após o lançamento de Talk That Talk, Rihanna faria mais colaborações, começando por Take Care, dueto com Drake lançado no álbum de mesmo nome do rapper canadense, e Princess of China, do Coldplay, lançada no álbum Mylo Xyloto. Em 2012, ela lançaria um remix de uma das faixas de Talk That Talk que não havia sido selecionada para música de trabalho, Birthday Cake, em dueto com Chris Brown, que lançaria um remix de Turn Up the Music, de seu álbum Fortune, em dueto com Rihanna; os lançamentos seriam assunto na imprensa especializada durante semanas, devido às agressoes que Brown havia cometido contra Rihanna no passado, com a cantora sendo muito criticada por aparentemente tê-lo perdoado - e mais criticada ainda quando os dois reataram, em janeiro de 2013, se separando novamente quatro meses depois. Outro remix de uma música não selecionada para música de trabalho de Talk That Talk, Cockiness (Love It), seria lançado com a participação do rapper ASAP Rocky.

Em agosto de 2012, Rihanna seria uma das apresentadoras do reality show Styled to Rock, no qual jovens estilistas apresentavam suas criações. Também em 2012, ela faria sua estreia no cinema no filme Battleship: A Batalha dos Mares, vagamente inspirada no jogo de tabuleiro Batalha Naval, da Hasbro (que, em inglês, se chama Battleship), no papel da Artilheira Cora Raikes, da Marinha dos Estados Unidos. Pouco antes do lançamento de seu sétimo álbum, Rihanna embarcaria em uma turnê chamada 777 Tour, com 7 shows em 7 dias (de 14 a 20 de novembro de 2012) em 7 países diferentes (México, Canadá, Suécia, França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos), durante a qual ela, uma equipe de 150 pessoas jornalistas de 82 países e um grupo seleto de fãs viajaram de um lugar para o outro a bordo de um Boeing 777 especificamente modificado para a função. A empreitada seria registrada e lançada em DVD em maio de 2013, com o nome de Rihanna 777 Documentary... 7Countries7Days7Shows.

O sétimo álbum de Rihanna, Unapologethic, seria lançado em novembro de 2012 (o quarto seguido lançado em novembro) e traria mais uma mudança significativa no estilo da cantora, com elementos de synth-pop, hip hop e música eletrônica. Aparentemente a nova fórmula daria certo, já que Unapologethic se tornaria o primeiro álbum de Rihanna a alcançar o primeiro lugar na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, vendendo 238 mil cópias apenas na primeira semana, rendendo um novo Disco de Platina Triplo e ganhando o Grammy de Melhor Álbum Contemporâneo Urbano. Sua principal música de trabalho, Diamonds, escrita pela cantora australiana Sia, seria mais uma a chegar ao primeiro lugar da parada da Billboard; as demais músicas de trabalho seriam Stay (dueto com Mikky Ekko, terceiro lugar na Billboard), Pour It Up, Right Now (com a participação de David Guetta), What Now e Jump

Em 2013, Rihanna faria uma participação especial no filme É o Fim, e estaria em um remix de Bad, faixa do álbum The Gifted, do cantor Wale (cuja versão original também era um dueto, mas com Tiara Thomas), e faria uma participação especial na faixa The Monster, do álbum The Marshall Mathers LP 2, de Eminem, mais uma alcançar o primeiro lugar na Billboard e ganhar um Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap. No ano seguinte, seria a vez de Rihanna fazer um dueto com Shakira, em Can't Remember to Forget You, do álbum Shakira. Em 2015, ela estaria em FourFiveSeconds, junto com Kanye West e Paul McCartney, lançada exclusivamente no formato single, que chegaria à quarta posição da Billboard. Também em 2015, ela gravaria Towards the Sun, para a trilha sonora do filme de animação Cada um na sua Casa, no qual ela estrearia como dubladora, dando voz à protagonista Tip.

A turnê de lançamento de Unapologethic se chamaria Diamonds World Tour, e teria 96 shows nos cinco continentes - um novo show em Barbados estava previsto, mas teria de ser cancelado por "problemas técnicos". Ao retornar da turnê, ela decidiria dar um tempo de gravações para "fazer o que quisesse, criativamente". Aproveitando que já tinha cumprido seu contrato com a Def Jam Records, ela optaria por não estendê-lo, assinando com a Roc Nation, fundada por Jay-Z em 2008. Em 2015, ela lançaria dois singles, Bitch Better Have My Money e American Oxygen, e faria mais um show no Rock in Rio, em setembro.

O oitavo e por enquanto último álbum de Rihanna, Anti, seria lançado em janeiro de 2016. Sua primeira música de trabalho, Work, mais um dueto com Drake, seria a 14a da cantora a chegar ao topo da parada da Billboard, o que garantiria a Rihanna o terceiro lugar dentre os artistas com mais primeiros lugares na história, atrás apenas dos Beatles, que têm 20, e de Mariah Carey, que tem 19. As demais músicas de trabalho seriam Kiss It Better, Needed Me (sétimo lugar na Billboard) e Love on the Brain (quinto lugar). Anti venderia 1,4 milhão de cópias em sua primeira semana, mas todas seriam cópias exclusivamente digitais, e um milhão delas seriam compradas pela Samsung, que a distribuiria de graça em seus celulares e notebooks, como parte de um acordo para que a cantora fosse a nova garota propaganda da marca. Mesmo sem essas cópias, consideradas promocionais e que por isso não contam para a Billboard e a RIAA, o álbum seria o segundo de Rihanna a alcançar o topo da lista dos mais vendidos, rendendo seis Discos de Platina. A turnê de lançamento teria 75 shows, nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Abu Dhabi.

Após o lançamento de Anti, Rihanna gravaria Sledgehammer, para a trilha sonora de Star Trek: Sem Fronteiras. Ela também voltaria a fazer colaborações, estando em This Is What You Came For, de Calvin Harris; Nothing is Promised, do álbum Ransom 2, de Mike Will Made It; Too Good, do álbum Views, de Drake; Selfish, do álbum Hndrxx, de Future; Wild Thoughts, do álbum Grateful, do DJ Khaled, que também conta com a participação de Bryson Tiller; Loyalty, do álbum Damn, de Kendrick Lamar (vencedora de mais um Grammy de Melhor Performance Cantada em Rap, nono e por enquanto último de Rihanna); e Lemon, do álbum No One Ever Really Dies, da banda N.E.R.D.; todas lançadas em 2016 e 2017.

Depois desses lançamentos, ela aparentemente daria um tempo em sua carreira de cantora para investir na de atriz: em 2017, Rihanna interpretaria Marion Crane na quinta e última temporada da série Bates Motel, um papel recorrente que receberia excelentes comentários da crítica especializada; no mesmo ano, ela estaria em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, do diretor Luc Besson, no papel de uma dançarina que pode mudar de forma. Em 2018, ela estaria no filme Oito Mulheres e um Segredo, no papel de uma hacker, e, em 2019, seria, ao lado de Donald Glover, a protagonista de Guava Island.

Na vida pessoal, em 2017, ela anunciaria estar namorando o empresário saudita Hassan Jameel; o relacionamento duraria até 2020, mesmo ano no qual ela voltaria a gravar uma canção, participando de Believe It, do cantor canadense PartyNextDoor. Um ano depois, em 2021, o rapper ASAP Rocky confirmaria que não somente ele e Rihanna estavam juntos como também que ela esperava seu primeiro filho, que nasceu em 2022. Também em 2022, ela gravaria Lift Me Up, trilha sonora de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar de Melhor Canção Original. Em 2023, ela seria a atração do show do intervalo do Super Bowl LVII, durante o qual o mundo descobriria que ela estava grávida de seu segundo filho - o que faria com que Rihanna se tornasse a primeira mulher a se apresentar grávida no show do intervalo do Super Bowl. O show seria o mais assistido da história do Super Bowl, superando o de Katy Perry no Super Bowl XLIX, e seria indicado ao Emmy de Melhor Especial Ao Vivo de Variedades. Após dois anos afastada dos holofotes, ela retornaria em 2025 para dublar a Smurfette no longa animado Smurfs, para a trilha sonora do qual gravaria a música Friend of Mine, por enquanto seu último lançamento.

Atualmente, Rihanna está aposentada da música, se dedicando à família, que não para de crescer - seu terceiro filho, uma menina, nasceria em setembro de 2025 - gerenciando sua empresa Fenty, que tem um ramo de cosméticos (Fenty Beauty), um de produtos para a pele (Fenty Skin), um de produtos para o cabelo (Fenty Hair), um de roupas de luxo (Fenty Fashion House) e um de lingeries (Savage X Fenty), e estando à frente da Clara Lionel Foundation, que criou em 2012 (e tem o nome de seus avós maternos, Clara e Lionel Braithwaite) para arrecadar fundos para o tratamento de crianças com o vírus da AIDS, já tendo custeado a construção de um centro de oncologia no Queen Elizabeth Hospital, em Barbados. Por enquanto ela não tem planos para novos shows ou álbuns, embora não descarte gravar novas canções.
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sábado, 11 de outubro de 2025

Escrito por em 11.10.25 com 0 comentários

Venom

Eu juro que não é minha intenção falar sobre todos os filmes que tenham personagens Marvel, mas, já que eu falei esse ano sobre os do Blade, Deadpool, Wolverine e até sobre os do Quarteto Fantástico, achei que não custava nada falar sobre os do Venom também. Assim, hoje é dia de Venom no átomo!

Embora hoje seja amplamente considerado um anti-herói, Venom faria sua estreia como um vilão do Homem-Aranha, criado pelo roteirista David Michelinie e pelo desenhista Todd McFarlane, na revista The Amazing Spider-Man número 300, de maio de 1988 (após uma breve aparição no último quadrinho da edição anterior). Sua origem, porém, remonta a quatro anos antes, ao famoso uniforme preto do Homem-Aranha, que fez sua estreia na The Amazing Spider-Man 252, de maio de 1984, mas que foi adquirido pelo herói na minissérie Guerras Secretas, mais especificamente na revista Secret Wars 8, de dezembro de 1984 - sem que o Aranha soubesse que não se tratava de apenas um uniforme, mas de um simbionte alienígena.

Por incrível que pareça, quem deu a sugestão para que o Homem-Aranha passasse a usar um uniforme totalmente preto, exceto pelos olhos brancos e uma enorme aranha branca no peito, foi um leitor, chamado Randy Schueller, que enviou uma carta para a Marvel em 1982. A carta foi publicada e ninguém mais falou no assunto até 1984, quando, durante as Guerras Secretas, foi feita uma reunião com vários artistas da Marvel especificamente para tratar de novos uniformes para os personagens que estavam participando da minissérie, por um motivo bem capitalista: antes de mais nada, a Guerras Secretas era uma estratégia para vender brinquedos, e novos uniformes significavam que mais versões do mesmo personagem poderiam ser vendidas - o próprio Homem-Aranha, aliás, seria vendido em duas versões, uma com seu tradicional uniforme vermelho e azul, outra com o uniforme preto. Por motivos que vocês podem ler no meu post sobre Guerras Secretas, a linha de brinquedos foi um grande fracasso, mas diversos personagens realmente ganhariam uniformes novos que passariam a ser usados em suas respectivas revistas mensais, com o do Homem-Aranha sendo o mais diferente e o de maior destaque.

O responsável pela introdução do uniforme preto seria Jim Shooter, editor-chefe da Marvel em 1984 e roteirista da minissérie Guerras Secretas. Quando aconteceu a tal reunião para tratar dos uniformes novos, Shooter se lembrou da ideia de Schueller de um uniforme preto para o Homem-Aranha, e pediu para que Mike Zeck, desenhista da Guerras Secretas, criasse um, o que ele fez em parceria com o também desenhista Rick Leonardi. Para evitar que a Marvel fosse processada por Schueller, já que a carta havia sido publicada, o que provava que a ideia tinha sido dele, Shooter entraria em contato com o leitor e compraria os diretos de uso do uniforme preto por 220 dólares. Para ter um motivo para o Homem-Aranha trocar seu uniforme por um de cor preta, Shooter e Zeck criariam uma nova Mulher-Aranha, que faria sua estreia na Secret Wars 6, de outubro de 1984. A intenção de Shooter era usar a Mulher-Aranha apenas nessa minissérie, para aumentar o número de mulheres na batalha - junto com ela, estreariam também duas vilãs, Titânia e Vulcana - mas depois ela acabaria voltando para a Terra com os demais heróis e tendo sua própria carreira - que não nos compete discutir aqui, já que esse é um post sobre o Venom.

Já a ideia de o uniforme não ser de tecido, mas sim material biológico viria do roteirista e desenhista John Byrne, que a teria não para um uniforme do Homem-Aranha, mas para um do Punho de Ferro: na época em que era o desenhista da Iron Fist, Byrne dizia que uma coisa que ele achava bizarra era que o herói rasgava seu uniforme em todas as edições, mas, na seguinte, estava com um novo em folha, sendo impraticável que ele o consertasse nesse meio tempo ou tivesse um baú repleto de uniformes idênticos para ir trocando. Ele conversaria com o roteirista da Iron Fist, Roger Stern, sobre a possibilidade de introduzir um "uniforme vivo", que tivesse a capacidade de se auto-consertar toda vez que fosse danificado. Essa ideia jamais seria usada com o Punho de Ferro, mas, por acaso, Stern era o roteirista da The Amazing Spider-Man 252, na qual o Homem-Aranha apareceria com o uniforme preto pela primeira vez - se vocês repararem nas datas, antes mesmo de ganhá-lo nas Guerras Secretas, já que uma das estratégias da minissérie foi que as revistas de abril de 1984 eram ambientadas antes dela, mas as de maio de 1984 eram ambientadas depois, para deixar os leitores curiosos em relação às mudanças.

Mas ainda falta um elemento: além de preto e vivo, o uniforme precisava ser alienígena, o que foi ideia do roteirista Tom DeFalco e do desenhista Ron Frenz, que assumiram a The Amazing Spider-Man após a saída de Stern - acreditem ou não, na edição 253, ou seja, Stern escreveu apenas a primeira aparição do unifome preto e saiu. Foi de DeFalco a ideia de que o uniforme era uma criatura simbionte - na verdade um parasita, já que, para sobreviver, precisa se ligar ao corpo de um hospedeiro, como uma orquídea, enquanto um simbionte simplesmente tem uma relação mútua com outra criatura, como os passarinhos que limpam os dentes dos crocodilos - que estava dominando lentamente a mente de Peter Parker e tornando-o maligno, e que era vulnerável a ondas sonoras de volume elevado. Shooter ajustaria a Guerras Secretas de acordo, com o Homem-Aranha usando a máquina errada para obter um novo uniforme após ver outros heróis saindo da uma sala com os seus, e ela expelindo uma bola preta que cobriu seu corpo - em uma das cenas mais emblemáticas da história dos quadrinhos.

Sob o comando de DeFalco, Peter se livraria do simbionte na The Amazing Spider-Man 258, de novembro de 1984 - um mês antes de a Secret Wars mostrar como ele obteve o uniforme - mas, para que o uniforme vermelho não voltasse antes da conclusão das Guerras Secretas, passaria a usar um uniforme preto idêntico, mas feito de tecido, a partir da edição 259 - usando-o até justamente a edição 300, quando, aterrorizada pelo surgimento de Venom, Mary Jane o convenceria a voltar a usar o uniforme vermelho. Exceto por uma breve aparição na Web of Spider-Man número 1, de abril de 1985, o destino do simbionte seria ignorado até o surgimento de Venom.

Aqui entra na história, finalmente, o criador de Venom, David Michelinie, que assumiria a Web of the Spider-Man na edição 8, de novembro de 1985, e a The Amazing Spider-Man na edição 290, de julho de 1987 - após essa última passar, depois da saída de DeFalco, pelas mãos de Christopher Priest e Peter David. Já há alguns anos, Michelinie considerava que o maior poder do Homem-Aranha não era sua força, sua agilidade ou suas teias, mas seu sentido de aranha, que o alertava antes de ataques, dando a ele uma vantagem que outros heróis não tinham. Ao longo dos anos, o Duende Verde e Mystério conseguiriam anular o sentido de aranha temporariamente com produtos químicos, mas Michelinie queria criar um vilão que fosse imune a ele, o que representaria um desafio tanto para o Homem-Aranha quanto para Peter Parker.

Quando Michelinie assumiu a Web of the Spider-Man, o Homem-Aranha usava seu uniforme preto de tecido, e o simbionte estava desaparecido; ele então decidiria fazer o simbionte se ligar a outra pessoa, que, através da ligação, ficaria sabendo que Peter Parker é o Homem-Aranha, e, devido ao tempo que o simbionte passou ligado a Parker, ele não ativaria seu sentido de aranha. Como esse seria um vilão que poderia mudar o universo do Homem-Aranha para sempre, primeiro ele buscou a aprovação do editor da Marvel na época, Jim Salicrup, depois decidiu que sua estreia seria na edição 300 da The Amazing Spider-Man, usando o tempo que tinha até lá para refinar o personagem - ele daria uma amostra do que estava por vir, entretanto, nas Web of the Spider-Man 16, de setembro de 1986, e 24, de março de 1987, com em ambas o Homem-Aranha sendo atacado por um vilão misterioso que não ativa seu sentido de aranha.

Michelinie chamaria o personagem de Venom - palavra usada em inglês para se referir ao veneno injetado através de mordidas e picadas de animais como cobras, abelhas, escorpiões e, evidentemente, aranhas (enquanto poison é usado para veneno proveniente de plantas e fungos, ou secretado por animais como sapos e peixes) - e decidiria que ele seria uma antítese do Homem-Aranha - assim, como uma das principais características do Homem-Aranha era ser pequeno e esguio, Venom seria um brutamontes, alto e musculoso - e um reflexo de seu lado sombrio - devendo ter, portanto, uma aparência monstruosa, cuja principal caracteristica seria uma boca na máscara. A aparência do personagem seria criada por Todd McFarlane, que assumiria a The Amazing Spider-Man na edição 298; inicialmente, a maior característica da boca de Venom eram os dentes, com McFarlane gostando de desenhar o personagem nas sombras, apenas com os olhos e o sorriso visíveis; a língua comprida e babenta, apesar de também criada por McFarlane, só se tornaria destaque anos depois.

A identidade secreta de Venom também seria um personagem totalmente novo, o repórter Eddie Brock, que trabalhava para o Globo Diário, jornal rival do Clarim Diário onde Peter Parker trabalhava. Michelinie usaria uma retcon para determinar que, durante os eventos da The Spectacular Spider-Man 107 a 110, de outubro de 1985 a janeiro de 1986, escritas por Peter David, Brock estava escrevendo uma matéria que desmascarava um assassino serial enfrentado pelo Homem-Aranha, mas nomeava o homem errado, sendo demitido, caindo em desgraça e culpando o herói, que acreditava tê-lo enganado de propósito. Todo esse ódio pelo Homem-Aranha atrairia o simbionte, que havia acabado de ser rejeitado pelo herói, se uniria a Brock e daria a ele todas as memórias que Peter e o alienígena compartilharam. Brock, então, passaria anos planejando sua vingança, até finalmente decidir se revelar sequestrando Mary Jane.

Venom rapidamente se tornaria um dos personagens preferidos dos leitores; na década de 1990, ele seria considerado um dos três arqui-inimigos do Homem-Aranha, ao lado do Duende Verde e do Dr. Octopus, e o vilão mais famoso do Homem-Aranha que não foi criado por Stan Lee e Steve Ditko. Em suas primeiras histórias, sua obsessão era matar o Homem-Aranha, e ele até chegaria a vencer o herói várias vezes, somente não atingindo seu objetivo porque algum evento externo o impediu. Sabendo a identidade secreta do Homem-Aranha, e tendo os mesmos poderes que o herói, Venom também costumava atacar Peter Parker quando ele estava sem uniforme, Mary Jane, e até mesmo a Tia May, transformando-o em um dos oponentes mais perigosos do Amigão da Vizinhança - talvez até o mais perigoso de todos.

Mas os anos 1990 seriam conhecidos por seus anti-heróis, com personagens como Wolverine e o Justiceiro fazendo enorme sucesso; sendo Venom tão querido pelos fãs, logicamente a Marvel iria querer apostar também nele e, aos poucos, ele deixaria de ser um vilão obcecado para se tornar uma espécie de rival do Homem-Aranha. Nesse cenário, seria criado outro vilão, chamado Carnificina, que surgiu quando parte do simbionte contaminou o sangue do assassino serial Cletus Kasady; também criado por Michelinie, em parceria com o desenhista Mark Bagley, Carnificina estrearia na The Amazing Spider-Man 345, de março de 1991, com sua origem sendo revelada um ano depois, na 361, de abril de 1992. Considerado uma ameaça tanto pelo Homem-Aranha quanto por Venom, Carnificina faria com que Brock deixasse seu ódio de lado e aceitasse lutar junto à sua nêmese para detê-lo; a partir daí, ele tomaria gosto pela vida de herói e, eventualmente, decidiria usar seus poderes para o bem. Depois do surgimento de Carnificina, o nome Venom passaria a se referir ao simbionte, e não à combinação dele com Brock, e ficaria estabelecido que um fragmento do simbionte é suficiente para criar um novo personagem inteiro, sendo os mais famosos Scream, também originária do simbionte de Venom, criada por Michelinie e Ron Lim em 1993, e Toxina, originário do simbionte de Carnificina, criado por Peter Milligan e Clayton Crain em 2004.

A vida de herói (ou anti-herói) de Venom começaria com a minissérie Venom: Lethal Protector, de Michelinie e Bagley, em seis edições publicadas entre fevereiro e julho de 1993 - sendo que a edição 4 trouxe a estreia de Scream - na qual Brock se muda para San Francisco e decide se tornar protetor dos moradores de rua da cidade. A intenção da Marvel era que essa minissérie desse origem a uma série regular na qual Venom viveria aventuras heroicas na Costa Oeste, mas as vendas foram abaixo do esperado e a ideia seria abandonada. Depois disso, Venom alternaria entre vilão nas histórias do Homem-Aranha e anti-herói em minisséries como Venom: Separation Anxiety, em quatro edições lançadas entre dezembro de 1994 e março de 1995, roteiro de Howard Mackie e arte de Ron Randall, na qual o simbionte é usado pelo governo em vários experimentos após ser separado de Brock, que precisa cruzar o país para salvá-lo.

Brock perderia o simbionte de vez em 2005, quando ele se uniria ao vilão Mac Gargan, anteriormente conhecido como Escorpião, que faria parte dos Thunderbolts e dos Vingadores Sombrios liderados por Norman Osborn. Em 2008, Brock se uniria a parte do simbionte para se tornar o Anti-Venom, que quase mataria o Venom original. Em 2011, o simbionte se uniria a Flash Thompson, que se tornaria o Agente Venom, estrela de uma revista chamada Venom, com 47 edições publicadas entre maio de 2011 e dezembro de 2013, e que faria parte dos Guardiões da Galáxia. Quando Thompson retornasse do espaço, o simbionte se uniria novamente a Brock, que ganharia uma nova revista chamada Venom, com 22 edições publicadas entre janeiro de 2017 e junho de 2018 - sendo que, após a edição 6, a numeração de todas as séries e minisséries do Venom seriam somadas, com a sétima edição sendo a 150, e a última a 165. Isso aparentemente seria confuso, e a revista seria relançada em julho de 2018 com um novo número 1, durando 35 edições, a última de agosto de 2021. Depois disso, o simbionte se uniria ao filho de Brock, Dylan, que seria estrela da mais recente Venom, com 39 edições publicadas até agora, a primeira de janeiro de 2022.

Sendo um personagem tão popular, é óbvio que Venom teria presença garantida nas adaptações do Homem-Aranha para o cinema e TV, como o desenho animado produzido para a Fox entre 1994 e 1998 e The Spectacular Spider-Man, que teve uma temporada exibida no canal The CW em 2008 e outra no Disney XD em 2009. No cinema, a primeira tentativa de se fazer um filme de Venom ocorreria em 1997, quando a New Line Cinema contrataria o roteirista David S. Goyer para escrever um filme no qual Dolph Lundgreen interpretaria Eddie Brock, com Venom sendo o herói e o Carnificina o vilão. Quando os três primeiros filmes do Homem-Aranha foram produzidos, o produtor Avi Arad exigiu que Venom estivesse no terceiro, de 2007, com Eddie Brock sendo interpretado por Topher Grace. Em julho de 2007, pouco após a estreia de Homem-Aranha 3, Arad revelaria que a Sony tinha planos de fazer um spin-off estrelado por Venom, para que ele pudesse ser "para os filmes do Homem-Aranha o que Wolverine era para os filmes dos X-Men".

Em julho de 2008, a Sony contrataria Jacob Estes para escrever um roteiro, que colocava Brock vivendo em San Francisco e tentando se reinventar como herói com a ajuda de uma garçonete chamada Honey Horowitz; o vilão seria o Carnificina, que surgiria quando um assassino serial mordesse (pois é) Venom durante o primeiro embate entre os dois. A Sony não tinha certeza quanto a Grace ser o protagonista ideal para esse filme, mas, segundo Arad, ele era a escolha certa para interpretar um "malfeitor de quem as pessoas poderiam gostar"; assim, Estes escreveria o roteiro com Grace em mente, recomendando Martin Donovan para interpretar o Carnificina e ou Rashida Jones, ou Maya Rudolph para o papel de Honey. Mas a Sony não gostaria de alguns detalhes do roteiro de Estes e, em setembro, contrataria Paul Wernick e Rhett Reese para reescrevê-lo. Wernick e Reese optariam por uma abordagem "realística, pé no chão e sombria", na qual Venom não seria um herói, mas um vilão forçado a enfrentar algo pior.

Wernick e Reese entregariam em abril de 2009 a primeira versão do roteiro, que tinha um papel especialmente escrito para Stan Lee e uma sequência na qual o simbionte em fuga passa por várias pessoas, com cada uma delas se tornando extremamente violenta ao se combinar com ele. A Sony não gostaria da abordagem sombria, e forçaria a dupla a escrever um filme "mais otimista", com uma segunda versão do roteiro sendo entregue em setembro de 2009. A Sony seguiria insatisfeita, e pediria para que Gary Ross, que na época estava reescrevendo o roteiro do cancelado Homem-Aranha 4, reescrevesse o roteiro de Wernick e Reese, considerando-o também para a direção do filme. Ao ler a versão preliminar de Ross, Grace diria ser improvável que ele retornasse ao papel, já que a Sony queria fazer de Venom não um vilão motivado a cometer atos heroicos, mas um herói desde o início, e isso não combinava com a forma como o personagem foi retratado em Homem-Aranha 3.

Em janeiro de 2010, a Sony anunciaria que Sam Raimi estava se desligando dos filmes do Homem-Aranha, e que ela aproveitaria para fazer um reboot da série, com um novo elenco. Isso significava que um filme do Venom agora não precisava se prender à aparição do personagem em Homem-Aranha 3, e, em março de 2012, quando O Espetacular Homem-Aranha estava prestes a ser lançado, negociações começaram entre o estúdio e Josh Trank para que ele fosse o diretor e roteirista de Venom. Trank e Robert Siegel escreveriam um roteiro no estilo de O Máskara, com Brock sendo controlado pelo simbionte e fazendo coisas contra sua vontade, mas violento e sombrio, que provavelmente receberia classificação R - menores de 17 anos só podem assistir acompanhados de um responsável.

Após o lançamento de O Espetacular Homem-Aranha, em junho de 2012, o produtor Matt Tolmach conversaria com Arad sobre a possibilidade de a Sony criar um "Universo Aranha", com vários filmes ambientados no mesmo universo levando a um filme que contasse com a presença de todos os seus personagens, como a Marvel havia feito em Os Vingadores, de maio de 2012; dentro desse plano, o roteiro de Trank e Siegel não se encaixava. O projeto do filme do Venom, então, ficaria suspenso por mais um ano, até que, em dezembro de 2013, a Sony anunciaria oficialmente que O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro, de 2014, seria o primeiro de seu "Universo Aranha", preparando o terreno para filmes estrelados por Venom, pelo Sexteto Sinistro, e até mesmo pela Tia May, todos sob o comando de Tolmach, que faria o papel que na Marvel cabe a Kevin Feige.

Em abril de 2014, Tolmach anunciaria que Venom estava oficialmente em pré-produção, com Alex Kurtzman, Roberto Orci e Ed Solomon escrevendo o roteiro e Kurtzman dirigindo; segundo ele, Venom faria sua estreia em O Espetacular Homem-Aranha 3, previsto para 2016, e Venom seria lançado entre aquele e O Espetacular Homem-Aranha 4, previsto para 2018. O fracasso de público e crítica de O Espetacular Homem-Aranha 2, entretanto, faria com que O Espetacular Homem-Aranha 3 fosse adiado para 2018, mas Venom confirmado para 2017, com Venom então estreando em seu próprio filme e fazendo uma participação especial em O Espetacular Homem-Aranha 3. Tudo isso mudaria de novo em fevereiro de 2015, quando a Sony anunciaria ter chegado a um acordo com a Marvel para fazer um novo reboot do Homem-Aranha, integrado ao MCU, com todos os planos de filmes do "Universo Aranha" sendo suspensos por tempo indeterminado. Kurtzman e Solomon seguiriam com a incumbência de escrever um roteiro para Venom, mas interromperiam seus trabalhos em novembro de 2015, acreditando que o projeto havia sido cancelado.

A Sony, contudo, ainda não havia desistido, e, em março de 2016, contrataria Dante Harper para escrever um novo roteiro, dessa vez para um filme totalmente independente, sem nenhuma ligação com qualquer filme do Homem-Aranha passado ou futuro - Harper, inclusive, diria ter recebido instruções para escrever uma história de Venom sem nenhuma menção ao Homem-Aranha, como se o personagem nem existisse no universo do filme. O roteiro de Harper seria reescrito um ano depois por Scott Rosenberg e Jeff Pinkner, que, graças ao sucesso de Deadpool e Logan, receberiam autorização para fazer um filme de classificação R, mas receberiam instruções para que o orçamento fosse o mais baixo possível. Para a direção, a Sony consideraria Adi Shankar, Adam Wingard e David F. Sandberg, que chegaria a ler o roteiro e se mostrar favorável, mas preferiria assinar com a Warner para dirigir Shazam!; a direção, então, ficaria com Ruben Fleischer, de Zumbilândia, que se diria "fã de longa data" de Venom, e "empolgado com as possibilidades" que o filme apresentava. Fleischer seria anunciado em maio de 2017, na mesma coletiva em que a Sony anunciaria que Tom Hardy interpretaria Eddie Brock, e que Venom seria o primeiro filme do chamado SSU, de Sony's Spider-Man Universe, uma série de filmes estrelados por personagens do universo do Homem-Aranha nos quadrinhos, mas sem ligação com os filmes do MCU.

O roteiro seria creditado a Rosenberg, Pinkner e Kelly Marcel, que, em outubro de 2017, o reescreveria para mudar alguns pontos que a Sony considerou "problemáticos" - principalmente porque o estúdio voltaria atrás e decidiria que o filme deveria ser PG-13 (maiores de 13 anos podem assistir desacompanhados). O filme seria inspirado principalmente nas minisséries Lethal Protector e Planet of the Symbiotes, publicada em cinco edições entre julho e outubro de 1995; segundo Pinkner, o maior desafio foi fazer com que um personagem cuja origem é intrinsecamente ligada ao Homem-Aranha funcionasse sem a presença do Homem-Aranha, e que, para isso, ele e Rosenberg se inspirariam não somente em Lethal Protector, mas também no Venom da linha Ultimate, que não é alienígena, tendo sido criado por engenharia genética, e nunca foi um uniforme do Homem-Aranha.

No filme, pelo menos, Venom é alienígena, e chega à Terra através de um cometa explorado por uma sonda da Fundação Life. Eddie Brock é um jornalista desacreditado que fica sabendo através de documentos secretos que a Fundação faz testes com cobaias humanas, e decide invadir o laboratório para obter provas e recuperar seu prestígio. Durante essa invasão, ele acaba se combinando ao simbionte, que revela que sua raça usa o cometa para encontrar planetas nos quais eles possam sobreviver e devorar toda a vida; Venom, que é como o simbionte se chama, promete poupar Eddie se ele ajudá-lo a escapar, e confere a ele poderes sobre-humanos ao cobrir totalmente seu corpo. Mas o maior problema de Eddie é Carlton Drake, presidente da Fundação Life, que quer usar os simbiontes para seus próprios propósitos, e decide perseguir o jornalista para matá-lo e se combinar com Venom. O elenco conta com Tom Hardy como Eddie Brock e a voz de Venom; Michelle Williams como Anne Weying, advogada e ex-noiva de Eddie; Riz Ahmed como Carlton Drake; Scott Haze como Roland Treece, chefe da segurança de Drake; Reid Scott como Dan Lewis, novo namorado de Anne; Jenny Slate como a cientista Dora Skirth; e Peggy Lu como a Sra. Chen, dona de um mercadinho que Eddie frequenta. Woody Harrelson faz uma participação como Cletus Kasady na cena intercréditos; Chris O'Hara aparece brevemente como o astronauta John Jameson; e Stan Lee faz uma aparição como um homem caminhando com seu cachorro. Tom Holland gravaria uma participação especial como Peter Parker, removida do filme a pedido da Marvel.

As filmagens ocorreriam em Atlanta e Nova Iorque, com apenas algumas cenas sendo filmadas em San Francisco - onde o filme é ambientado - já no final das gravações; algumas cenas extras teriam de ser filmadas e outras refilmadas em Los Angeles, já durante a pós-produção. Todos os efeitos especiais do filme ficariam a cargo de uma única empresa, a anglo-indiana DNEG, que, para criar a aparência do simbionte, filmaria coloides deslizando e estudaria imagens de amebas. As cenas que mostram Eddie e o simbionte se combinando usaram efeitos práticos e um modelo de computação gráfica de Hardy. Venom seria um personagem totalmente digital, de 2,31 m de altura e pele negra oleosa, inspirada da das orcas; para que ele não desaparecesse nas cenas à noite, seria usada uma técnica de iluminação originalmente criada para comerciais de carro, que fazia com que a pele de Venom refletisse parte do ambiente a seu redor. Como a origem do personagem não está ligada à do Homem-Aranha, ele não tem a aranha branca no peito, mas, para que não fosse totalmente preto, foram adicionados detalhes brancos em seu tronco que lembram vagamente um V. A lingua seria animada à parte, e adicionada ao restante do personagem ao final da pós-produção, e, como os olhos dele não têm pupilas, seu formato muda a cada cena para que ele possa ter expressões faciais e os espectadores saibam para onde ele está olhando. Hardy dublaria as falas de Venom - gravando-as anteriormente e ouvindo-as em um ponto eletrônico ao gravar as cenas em que Eddie conversa com o simbionte - e desejava fazer a captura de movimentos do personagem, o que não foi possível devido às diferenças físicas entre os dois, sendo usado um dublê de 2,08 m de altura com saltos plataforma e um capacete comprido para cima.

Venom estrearia nos cinemas em 5 de outubro de 2018; com orçamento de 100 milhões de dólares, renderia 213,5 milhões apenas nos Estados Unidos e 856 milhões somando o mundo todo, sendo o sexto filme mais rentável do ano e considerado um grande sucesso pela Sony. A crítica não o veria da mesma forma, porém, considerando-o caótico e barulhento, seu enredo bagunçado, seu roteiro incoerente, e que Venom não conseguiria se manter interessante sem a presença do Homem-Aranha. Desde o início, contudo, já estava certo que o filme seria o primeiro de uma série, e o sucesso de público bastou para que a Sony desse a luz verde para uma continuação.

Se dependesse da Sony, o Carnificina seria o vilão do primeiro filme, mas Pinkner e Roseberg argumentariam que deixar o vilão para um segundo filme permitiria desenvolver melhor a história de Venom, e Fleischer concordaria, dizendo que a franquia teria para onde ir caso um vilão tão importante fosse preservado. Diante da certeza de que o Carnificina seria o vilão do segundo filme, Fleischer convidaria Woody Harrelson, com quem havia trabalhado em Zumbilândia, para interpretá-lo, achando que o alter ego do personagem, o psicopata Cletus Kasady, se parecia com o personagem que Harrelson havia interpretado em Assassinos por Natureza. Harrelson aceitaria o papel durante um jantar com Fleischer e Hardy ainda durante a produção de Venom, mas, em entrevistas posteriores, admitiria que foi um tiro no escuro, já que ainda nem havia roteiro do segundo filme quando ele assinou o contrato; o acerto possibilitaria, entretanto, que Harrelson gravasse a tal cena intercréditos para Venom já interpretando Kasady.

A Sony reservaria a data de outubro de 2020 para a estreia do então chamado Venom 2, mas nem Pinkner, nem Rosenberg, nem Fleischer retornariam para a sequência: em janeiro de 2019, Marcel seria anunciada como a única roteirista, e Fleischer declararia não poder retornar por estar envolvido com as filmagens de Zumbilândia: Atire Duas Vezes, já que a Sony não aceitou que ele só começasse a trabalhar em Venom 2 após a conclusão desse filme. A Sony convidaria Rupert Sanders, que não aceitaria, e, em julho de 2019, assinaria com Andy Serkis, segundo o estúdio, devido à sua experiência com captura de movimentos e personagens de computação gráfica - já que Serkis, dentre outros, havia sido o "intérprete" de Gollum, na trilogia O Senhor dos Anéis. Diferentemente do que muitos imaginam, essa não seria a estreia de Serkis na direção, já que ele já havia dirigido Uma Razão para Viver, de 2017, e Mogli: Entre Dois Mundos, de 2018. Tolmach tinha esperança de que o filme pudesse ser feito com classificação R, principalmente devido ao sucesso de Coringa, mas acabaria vencido pelo argumento de que foi a classificação PG-13 que permitiu a grande bilheteria de Venom, com o segundo filme também tendo classificação PG-13.

As filmagens começariam em novembro de 2019 - curiosamente, após a estreia de Zumbilândia: Atire Duas Vezes - e ocorreriam quase que integralmente em San Francisco, onde o filme é ambientado, com algumas cenas sendo gravadas em Londres, Inglaterra. Matrix Resurrections estava sendo filmado ao mesmo tempo em San Francisco, de forma que várias locações de Venom 2 tiveram de ser mudadas em cima da hora porque já haviam sido reservadas para o filme da Warner; em uma determinada cena, helicópteros da produção de Matrix podem ser vistos ao fundo, com a explicação de Venom sendo a de que são helicópteros da polícia procurando por Kasady. O filme tem uma cena intercréditos na qual Eddie é transportado para o MCU durante os eventos de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, assistindo na TV  acenas de Homem-Aranha: Longe de Casa nas quais J. Jonah Jameson incrimina Peter Parker pela morte de Mystério; essa cena seria filmada por Jon Watts durante a produção do filme do Homem-Aranha.

Quando a quarentena da pandemia começou, as filmagens já estavam concluídas, e o filme se encontrava na pós-produção, com Serkis tendo de acompanhar o processo de forma remota. O filme ficaria pronto antes da data prevista, que a Sony planejava manter, mas acabaria tendo de alterar porque em outubro de 2020 os cinemas ainda não estavam abertos ao público. Naquele mês, a Sony divulgaria o título oficial do filme, Venom: Let There Be Carnage (Venom: Tempo de Carnificina, em português), após a imprensa vazar o título provisório Venom: Love Will Tear Us Apart, em homenagem à canção do Joy Division, e anunciaria junho de 2021 como a nova data prevista de estreia. Serkis aproveitaria o tempo extra para refinar os efeitos especiais e cortar mais 15 minutos do filme, que ele queria que fosse "intenso", mas tinha algumas cenas que ele estava achando arrastadas demais.

A data de estreia ainda seria adiada mais três vezes, devido ao surgimento de novas variantes do vírus da Covid nos Estados Unidos, com a Sony chegando a considerar estrear o filme apenas em 2022, mas decidindo por 1 de outubro de 2021 após a Disney lançar Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis no cinema e obter boa bilheteria. Com orçamento de 110 milhões de dólares, Venom: Tempo de Carnificina renderia 213 milhões nos Estados Unidos e quase 507 milhões somando o mundo inteiro, sendo considerado um sucesso pela Sony. O filme teria a melhor bilheteria de primeiro fim de semana no pós-pandemia até então, com 90,1 milhões de dólares, inclusive ultrapassando o primeiro Venom (que havia somado 80,3 milhões), e seria o segundo de maior bilheteria no pós-pandemia até então, atrás apenas de Shang-Chi, fechando o ano como o terceiro mais assistido de 2021, atrás de Shang-Chi e Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. A crítica mais uma vez não ficaria tão entusiasmada quanto o público, elogiando as performances de Hardy e Harrelson e a química entre Eddie e Venom, mas considerando o roteiro bobo e previsível, e declarando que o filme somente agradaria aos fãs.

No filme, Kasady é um assassino serial preso em uma instituição de segurança máxima, que alega só aceitar dar entrevistas para Eddie. Durante uma visita, parte do simbionte de Venom se solta e entra no corpo de Kasady, se transformando em um novo simbionte chamado Carnificina, que usa seus novos poderes para escapar e libertar a namorada de Kasady da prisão Ravencroft, para indivíduos com poderes sobre-humanos - já que ela tem o poder de emitir gritos ultrassônicos, o que lhe rendeu o apelido de Shriek (palavra usada em inglês para se referir a um grito bem agudo). Após libertar Shriek, Carnificina põe em prática a segunda parte de seu plano: matar Eddie e Venom, para que ninguém possa impedi-lo de viver como quiser. O elenco conta com Tom Hardy como Eddie Brock / Venom; Woody Harrelson como Cletus Kasady / Carnificina; Michelle Williams como Anne Weying; Naomie Harris como Frances Barrison / Shriek; Reid Scott como Dan Lewis; Stephen Graham como o detetive de polícia Patrick Mulligan; e Peggy Lu como a Sra. Chen.

Após o lançamento de Tempo de Carnificina, Hardy, que havia assinado para três filmes, declararia que a Sony estava planejando fazer um crossover de Venom com o MCU, e Tom Holland, intérprete do Homem-Aranha, confirmaria ter conversado com a produtora Amy Pascal sobre a possibilidade de fazer uma participação no terceiro filme do Venom. Em abril de 2022, Marcel seria anunciada como roteirista também do terceiro filme, além de diretora, sendo esta sua estreia na função, já que Serkis, apesar de ter manifestado interesse em dirigir, estava envolvido com a produção do longa de animação A Revolução dos Bichos. Em sua primeira entrevista após o anúncio, Marcel diria que o terceiro filme não teria qualquer ligação com o MCU, e que daria um encerramento à trilogia de Venom, com Hardy dando várias ideias quanto a detalhes da história.


Fortemente inspirado em Separation Anxiety, o filme começa com Eddie em fuga após ser acusado pelo assassinato do detetive Mulligan. Sem que ele saiba, uma organização chamada Imperium, sediada na famosa Área 51, conseguiu capturar simbiontes, e estuda como utilizá-los como arma, mas sempre falha em combiná-los com hospedeiros; ao descobrir que Venom ainda está vivo, o Imperium envia o ex-militar Rex Strickland para capturá-lo, para poder estudar como a simbiose entre Eddie e Venom funcionou. Como se isso já não fosse problema suficiente, Venom ainda é caçado por um xenófago, criatura alienígena enviada por Knull, criador de todos os simbiontes, que precisa de seu código genético para escapar da prisão onde está confinado. Assim, Eddie e Venom têm a missão de limpar o nome do repórter, fugir do xenófago e libertar os simbiontes presos pelo Imperium, algo que talvez possa se mostrar fatal para a dupla. O elenco traz Tom Hardy como Eddie Brock / Venom; Chiwetel Ejiofor como Rex Strickland; Juno Temple como a Dra. Teddy Paine, cientista que trabalha para o Imperium e tem o braço direito paralisado por ter sido atingida por um raio na infância; Clark Backo como Sadie Christmas, pesquisadora do Imperium que se torna aliada de Venom; Stephen Graham como Patrick Mulligan; Peggy Lu como a Sra. Chen; Rhys Ifans como Martin Moon, hippie fanático por alienígenas que está indo visitar a Área 51 com sua esposa, Nova (Alanna Ubach), e seus filhos, Echo (Hala Finley) e Leaf (Dash McCloud), e dá uma carona a Eddie em sua kombi; Reid Scott como o líder do Imperium, que só aparece nas sombras; e Andy Serkis como Knull.

As filmagens começariam em junho de 2023 na Espanha e Inglaterra, mas teriam de ser interrompidas no mês seguinte devido às greves dos roteiristas e dos atores de Hollywood, somente retornando em novembro, em Las Vegas. As greves fariam com que, mais uma vez, a data prevista de estreia tivesse de ser alterada três vezes. Os efeitos especiais ficariam a cargo das empresas Industrial Light & Magic, DNEG, Digital Domain, Rodeo FX, Territory Studio, Torchlight, Host, e Third Floor, Inc.

Com o nome de Venom: A Última Rodada (Venom: The Last Dance, no original), o filme estrearia em 25 de outubro de 2024; com orçamento de 120 milhões de dólares, renderia 139 milhões nos Estados Unidos e 479 milhões quando somado o mundo todo, sendo considerado um sucesso, mas por pouco. A crítica, curiosamente, seria mais receptiva, elogiando a performance de Hardy e considerando o filme o melhor da trilogia, embora a fraqueza do roteiro e algumas cenas consideradas absurdas tenham sido bastante criticadas.

Pouco antes do lançamento de A Última Rodada, Marcel diria em entrevistas que, embora o filme encerre definitivamente o arco de história iniciado em Venom, a aparição de Knull deixa claro que seria possível a introdução de simbiontes em futuros filmes do SSU, não descartando participações de Venom em alguns deles; Hardy também se diria favorável a participar como Eddie Brock de outros filmes do SSU, e que ainda não havia descartado a possibilidade de participar de um filme do Homem-Aranha com Holland. Em dezembro de 2024, entretanto, uma fonte da Sony diria extra-oficialmente que o SSU, que, além dos três Venom, contava com Morbius e Madame Teia, seria encerrado após o filme seguinte, Kraven, o Caçador; a posição oficial do estúdio seria a de que, como um universo compartilhado jamais havia sido oficialmente estabelecido, o encerramento do SSU não significava nada em termos práticos, e que a Sony continuaria fazendo filmes estrelados por personagens do universo do Homem-Aranha. O que isso significa para a carreira de Hardy como Eddie Brock, só o futuro dirá.
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