sábado, 8 de novembro de 2025

Escrito por em 8.11.25 com 0 comentários

Rogue One / Andor

Quando a Disney comprou a Lucasfilm, a promessa era de que, além de produzir os Episódios VII, VIII e IX, ela faria outros filmes para o cinema ambientados no universo de Star Wars, principalmente para preencher o espaço entre os episódios III e IV. Após apenas dois filmes, parece que essa promessa foi abandonada em prol da produção de séries para o Disney+. Pelo menos, logo o primeiro desses dois filmes é um dos melhores - para muitos, o melhor - filme de Star Wars, então alguma coisa boa parece ter saído daí. Já faz algum tempo que eu quero falar sobre esse filme, e decidi que o dia seria hoje. Hoje é dia de Rogue One no átomo!

A ideia de Rogue One partiria de John Knoll, um dos criadores do Adobe Photoshop e supervisor dos efeitos especiais dos Episódios I, II e III. O ano era 2003, A Vingança dos Sith estava sendo filmado em Sydney, Austrália, e a Lucasfilm havia acabado de anunciar uma série de TV, com o título provisório de Star Wars: Underworld, cujos episódios não seriam necessariamente ligados uns aos outros, mas seriam todos ambientados entre os Episódios III e IV. George Lucas tinha grandes planos para essa série, mas não queria que ela fosse uma série de ação, e sim "uma novela cheia de diálogos", chegando a dizer em um comunicado oficial que "se Star Wars é inspirado nos filmes de aventura dos anos 1930, Underworld será inspirado nos filmes noir dos anos 1940"; ele também planejava que alguns episódios fossem estrelados por personagens de sucesso dos filmes, como Han Solo, Chewbacca, Lando Calrissian, Boba Fett, C-3PO, e até mesmo o Imperador Palpatine, se possível interpretados por seus atores originais. A série acabaria cancelada antes mesmo de entrar em produção porque, para os padrões da época, ela seria caríssima, e nenhum canal aceitaria investir nela; antes do cancelamento, porém, cerca de 50 roteiros seriam escritos, e bastante arte conceitual seria produzida.

Um desses roteiros, chamado Destroyer of Worlds ("destruidor de mundos"), seria escrito por Knoll em 2005, após ele apresentar a ideia a Lucas durante as filmagens do Episódio III. Knoll não tinha experiência como roteirista, porém, e seu roteiro seria considerado apenas um rascunho, que seria reescrito por Ronald D. Moore quando a série efetivamente entrasse em produção. Como isso jamais aconteceu, Knoll manteria o controle criativo sobre sua ideia, que decidiria apresentar diretamente à Disney em 2012, pouco depois de ela comprar a Lucasfilm. Segundo Knoll, assim que a compra foi concretizada, ele pensaria "tenho que apresentar a ideia agora, ou passar o resto da vida imaginando o que teria acontecido se eu tivesse".

Inicialmente, a Disney tinha planos apenas para os Episódios VII, VIII e IX, mas, após ouvir a ideia de Knoll, decidiria olhar os demais roteiros jamais produzidos para Underworld, e veria ali a excelente oportunidade de fazer não uma série de TV, mas uma série de filmes ambientados entre os Episódios III e IV - até mesmo a ideia de Han Solo: Uma História Star Wars viria de um dos roteiros de Underworld, para um episódio que contava como Han Solo ganhou a Millenium Falcon em uma aposta com Lando Calrissian. A Disney compraria a ideia de Knoll, mudaria o título para Rogue One, e começaria a pré-produção do filme quase que imediatamente, já colocando no anúncio oficial da compra da Lucasfilm que ele seria o primeiro filme de Star Wars ambientado fora da "Saga Skywalker".

Parêntese. Rogue, em inglês, significa algo como "desgarrado", costuma ser traduzido como "fora-da-lei", e é um termo usado quando o integrante de uma equipe desrespeita ordens diretas de seus comandantes e age sozinho, tomando suas próprias decisões - são comuns na ficção histórias de agentes do governo que, percebendo que suas ordens vão causar mais dano que benefícios, decidem to go rogue e agir por sua própria conta, normalmente revelando que seus chefes eram corruptos e foi melhor assim. O nome do filme, Rogue One, é também o nome da equipe que o estrela, que decide agir por sua própria conta após o que considera inação do comando da Aliança Rebelde, e acaba sendo responsável por uma das maiores vitórias dos rebeldes contra o Império. Fecha parêntese.

Em maio de 2014, a Disney anunciaria Gareth Edwards, de Godzilla, como diretor do filme, e Gary Whitta, de O Livro de Eli e Depois da Terra, como roteirista. Em janeiro de 2015, Whitta diria ter entregado a primeira versão do roteiro, mas que, por interferência criativa, não estava mais envolvido com o projeto. A Disney consideraria contratar Simon Kinberg, dos filmes dos X-Men, para reescrever o roteiro de Whitta, mas acabaria fechando com Chris Weitz, de FormiguinhaZ e Um Grande Garoto.

Edwards declararia em entrevistas "estar fazendo um filme de guerra", no qual a realidade nua e crua de um conflito seria mostrado; segundo ele, na guerra "personagens bons são maus, personagens maus são bons, é complicado, cheio de camadas, e um cenário muito rico para um filme". Para diferenciar seu filme dos demais de Star Wars, ele optaria por não incluir o tradicional opening crawl, aquele texto que vai subindo na tela explicando os eventos que levaram a história até ali, nem usar screen wipes, aquele recurso no qual, ao passar de uma cena para a outra, parece que a tela está sendo jogada para o lado aos poucos ou passando por dentro de um buraco. Achando que a Disney não aceitaria que o filme tivesse um final trágico, Edwards pediria a Weitz um final feliz; após ver o tom imposto pelo diretor ao filme, entretanto, os produtores Kathleen Kennedy, Allison Shearmur e Simon Emanuel concluiriam que um final feliz destoaria, e poderia até prejudicar o filme. Edwards, então, trabalharia com Weitz para criar a versão que ele achava mais coerente para o final, com a originalmente escrita jamais chegando a ser filmada.

O filme mostra como os rebeldes conseguiram os planos de construção da Estrela da Morte - aqueles que estão sendo levados pela Princesa Leia quando sua nave é abordada por Darth Vader, fazendo com que ela os esconda em R2-D2 para enviá-los até Obi-Wan Kenobi em Tatooine - segundo o opening crawl do Episódio IV, "a primeira grande vitória da Aliança Rebelde contra o Império". Ele acompanha um improvável grupo formado por Jyn Erso (Felicity Jones), filha de Galen Erso (Mads Mikkelsen), engenheiro obrigado pelo Império a trabalhar no projeto da Estrela da Morte, e protegida do famoso guerrilheiro Saw Gerrera (Forest Whitaker); Cassian Andor (Diego Luna), designado pela Aliança Rebelde para a missão, acompanhado de seu dróide K-2SO (Alan Tudyk); Chirrut Imwe (Donnie Yen), misterioso guerreiro cego que diz conseguir se localizar e se guiar pela Força, e seu colega, o guerreiro Baze Malbus (Jiang Wen); e Bodhi Rook (Riz Ahmed), ex-transportador de cargas do Império convencido a desertar por Galen. O principal antagonista é Orson Krennic (Ben Mendelsohn), diretor do departamento de pesquisa de armas avançadas do Império. Também participam do filme o Senador Bail Organa (Jimmy Smits), Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), os dróides C3-PO (Anthony Daniels) e R2-D2, e Darth Vader, mais uma vez dublado por James Earl Jones, mas com os dublês Spencer Wilding e Daniel Naprous vestindo seu uniforme em diferentes cenas.

As filmagens começariam em Londres, nos famosos Estúdios Pinewood, em agosto de 2015. Os sets de filmagens eram enormes, e muitos deles imitavam locais onde foram filmadas cenas externas, para que partes dessas cenas pudessem ser filmadas de forma mais controlada. Várias das cenas externas também seriam filmadas em Londres, com a base aérea do Império sendo a antiga base aérea da RAF em Bovington, e uma cena na qual os rebeldes se infiltram em uma base imperial sendo filmada na estação de metrô de Canary Wharf, durante a madrugada, quando ela estava fechada ao público. A maioria das outras externas seriam filmadas na Islândia e nas Malvinas; as cenas no planeta Jedah seriam filmadas em Wadi Rum, na Jordânia, e em Masada, Israel. A escolha de Londres para as filmagens se daria devido a incentivos fiscais, que resultariam em uma economia de quase 50 milhões de dólares para a Disney.

Em fevereiro de 2016, a Disney anunciaria que o filme estava concluído, mas, em maio, seria anunciado que o filme teria cinco semanas de refilmagens a partir de junho, com cenas reescritas ou adicionadas por Tony Gilroy, da Trilogia de Jason Bourne, que também atuaria como diretor dessas cenas. Sob orientação de Edwards, Gilroy também supervisionaria a edição do filme, solucionando vários "problemas" com os quais o diretor estava descontente. Gilroy acabaria sendo considerado por muitos como o principal responsável pelo sucesso do filme, mas receberia da Disney apenas 5 milhões de dólares, substancialmente menos que Edwards e Weitz. Apenas Edwards seria creditado como diretor, mas Weitz e Gilroy seriam creditados como roteiristas, com Knoll e Whitta sendo creditados como criadores da história. Edwards diria que Christopher McQuarrie, Scott Z. Burns e Michael Arndt também contribiriam para o roteiro em diversas fases da produção, mas não receberiam crédito.

Os efeitos especiais ficariam integralmente a cargo da Industrial Light & Magic, que se envolveria em uma polêmica ao tornar possível a participação de Peter Cushing, falecido em 1994, como o Grand Moff Tarkin, mesmo papel que ele interpretou no Episódio IV. Após obter autorização da família de Cushing para o uso da imagem do ator, a Disney contratou Guy Henry, de Harry Potter e as Relíquias da Morte e Roma, para interpretar o personagem e falar seu diálogo. Henry estudaria os filmes de Cushing para imitar seus maneirismos, incluindo sua forma de falar, e conseguria imitar a voz de Cushing; durante a pós-produção, um modelo digital de Cushing seria aplicado às imagens de Henry como se fosse uma capa, digitalmente transformando Henry em Cushing. Outra cena que usaria uma técnica parecida, mas criaria menos polêmica, talvez por Carrie Fisher ainda estar viva na época, foi a da Princesa Leia, na qual a face de Fisher substituiria digitalmente a da atriz Ingvild Deila na pós-produção; como Deila não conseguia imitar a voz de Fisher, que já estava diferente devido à idade, a ILM usaria um arquivo de uma fala de Fisher gravada para o Episódio IV. Também vale ser citada a cena na qual Darth Vader enfrenta os rebeldes, totalmente criada por computação gráfica, sem que nenhum ator fosse filmado para ela.

Rogue One: Uma História Star Wars teria pré-estreia em Los Angeles em 10 de dezembro de 2016 e estreia mundial em 14 de dezembro, exceto nos Estados Unidos, onde estrearia em 16 de dezembro, e na China, onde estrearia em 6 de janeiro de 2017. Com orçamento não divulgado, mas calculado entre 200 e 280 milhões de dólares, renderia quase 535 milhões somente nos Estados Unidos e quase 524 milhões no resto do planeta, para uma bilheteria total de 1,059 bilhão de dólares, se tornando o segundo filme mais assistido do ano, atrás apenas de Capitão América: Guerra Civil. A crítica seria bastante positiva, elogiando principalmente sua estética e sua narrativa e a forma como ele complementa o Episódio IV mesmo tendo um estilo e personagens totalmente diferentes. Em uma entrevista, George Lucas diria ter gostado muito mais de Rogue One do que do episódio VII, ao que Edwards respondeu "agora posso morrer feliz".

De forma surpreendente, dois temas presentes no filme bastante comentados e elogiados foram a ética na engenharia, com a falha no projeto da Estrela da Morte sendo introduzida de forma deliberada por Galen Erso para que o Império, que o obrigou a trabalhar no projeto, não pudesse usá-la para dominar a galáxia, e a veracidade da experiência militar, com militares que assistiram o filme se dizendo impressionados com o realismo com o qual o interior das naves espaciais é retratado em relação ao interior de veículos militares atuais, e como o comportamento do esquadrão em batalha de fato espelha a experiência de soldados norte-americanos enviados para missões no exterior. O filme seria indicado a dois Oscars, de Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Especiais.

Quase um ano após a estreia de Rogue One nos cinemas, a Disney anunciaria que estava desenvolvendo séries com atores (sem ser de animação) para estreia no Disney+, sem dar mais detalhes sobre seus enredos ou personagens. Em 2018, o CEO da Disney, Bob Iger, confirmaria que uma dessas séries seria um thriller de espionagem estrelado por Cassian Andor, com Luna já tendo assinado para duas temporadas; essa série seria ambientada antes dos eventos de Rogue One, e mostraria a formação da Aliança Rebelde, como Andor se uniu à causa, e por que ele foi enviado a essa missão. A série seria uma criação de Jared Bush, co-diretor de Zootopia, que escreveria o roteiro do primeiro episódio e definiria o que nos Estados Unidos é conhecido como series bible, uma espécie de guia com todos os elementos da série, que os roteiristas usam como referência para escrever os episódios.

Na época em que assinou contrato, Luna estava filmando Narcos, o que fez com que a Disney decidisse começar a produção da série somente no final de 2019, quando ele já teria terminado. Nesse meio tempo, seria definido que o título da série seria Pilgrim ("peregrino", em inglês), Rick Famuyiwa, diretor de alguns episódios de The Mandalorian, primeira série de Star Wars do Disney+, seria anunciado como seu diretor, e Stephen Schiff seria escolhido como seu produtor executivo e showrunner. Durante as filmagens de Narcos, entretanto, Gilroy conversaria bastante com Luna, chegando a discutir detalhes da história. Ele conseguria uma cópia do roteiro de Bush, e acharia a relação entre Andor e K-2SO "limitada e claustrofóbica", escrevendo uma carta para Kennedy na qual dizia ter interesse em trabalhar na série e daria várias ideias para um melhor desenvolvimento da história. Kennedy ficaria interessada e chamaria Gilroy para uma conversa, da qual ela sairia tão satisfeita que convidaria Gilroy para reescrever o primeiro episódio e ser o chefe dos roteiristas, trabalhando diretamente com Schiff.

Gilroy acabaria substituindo tanto Schiff como showrunner quanto Famuyiwa como diretor em abril de 2020, acumulando as três principais funções da série - produtor, diretor e roteirista. A pré-produção estava marcada para começar ainda naquele mês em Londres, mas, por causa da pandemia, tudo teve de ser suspenso até setembro, quando a Disney finalmente teve autorização para filmar na Inglaterra. Residente em Nova Iorque, Gilroy não quis viajar com a equipe para Londres, e indicou Toby Haynes, de Doctor Who, Sherlock e Black Mirror para substituí-lo. Haynes acabaria dirigindo seis episódios, incluindo os três primeiros, com Susanna White dirigindo outros três, e Benjamin Caron - todos brtânicos - mais três, incluindo os dois últimos. Em dezembro de 2020, Kennedy anunciaria que a série teria 12 episódios, estrearia somente em 2022, e que seu título seria simplesmente Andor - embora parte do material promocional use Star Wars: Andor.

O roteiro dos três primeiros episódios e dos dois últimos seria de Gilroy, com outros três episódios sendo escritos por seu irmão, Dan Gilroy, outros três por Beau Willimon, de House of Cards, e um por Schiff. A primeira reunião da equipe de roteiristas, que contaria com a presença da produtora Sanne Wohlenberg e do designer de produção Luke Hull, duraria cinco dias (não contínuos) e, nela, Gilroy pediria à equipe que "colocasse de lado qualquer nostalgia que tivessem por Star Wars", o que ele achava que podia ser prejudicial para a série, e que evitassem o fan service, sem usar, por exemplo, personagens que não tivessem uma profunda conexão com a história apenas para que eles estivessem ali. Gilroy desejava que a série fosse acessível a qualquer um, não apenas aos fãs de Star Wars, e declararia em entrevistas que sua intenção fosse que os fãs pudessem assisti-la junto com seus amigos e família, mesmo que eles não tivessem interesse no restante da franquia.

Gilroy prepararia uma nova series bible, com cerca de 100 páginas, com a intenção de que a série fosse o mais ancorada na realidade possível - o que teria o efeito colateral de transformá-la na primeira produção de Star Wars sem nenhum jedi nem sabre de luz. Luna ficaria extremamente empolgado ao ler os primeiros roteiros, e declararia ser muito interessante estar em uma história da qual já se sabe o final. O ator sugeriria elementos para o passado do personagem nos quais havia pensado durante as filmagens de Rogue One, e se diria grato por Gilroy ter feito de Andor um refugiado, o que possibilitava um paralelo com sua própria história de imigrante e tornava o personagem importante para a comunidade latina nos Estados Unidos. Gilroy e Luna concordariam que a parte mais difícil seria explicar como alguém, voluntariamente, sem vaidade e sem buscar reconhecimento, sacrifica sua vida por um ideal, e que seria preciso construir a vida de Andor desde o início de uma forma que esse sacrifício parecesse natural e coerente.

Gilroy também diria repetidas vezes que não era sua intenção fazer da série um comentário político sobre a situação atual do planeta como um todo e dos Estados Unidos em particular, mas que não tinha controle sobre como cada espectador interpretaria determinadas cenas; de fato, muitos dos atos do Império foram interpretados como paralelos ou críticas a ações de governos da atualidade. Os roteiristas também tiveram o cuidado de mostrar os personagens do Império como tendo suas próprias vidas, ambições e opiniões, evitando o clichê "farei isso apenas por maldade"; a personagem Meero, por exemplo, é uma mulher tentando triunfar em um ambiente majoritariamente masculino, algo que Gilroy imaginou que faria com que parte das espectadoras se identificasse com ela, mesmo ela sendo do time dos vilões. Gilroy também faria questão de expandir o papel de Mon Mothma na Rebelião, para que os fãs deixassem de vê-la somente como a mulher que enviou Luke Skywalker para destruir a Estrela da Morte. Para construir sua personalidade, Gilroy partiria de uma cena que O'Reilly gravou para o Episódio III mas acabou não utilizada.

A série começa cinco anos antes da Batalha de Yavin, o clímax do Episódio IV, na qual a Estrela da Morte foi destruída, e, exceto por alguns flashbacks de sua infância, acompanha um ano da vida de Cassian Andor (Diego Luna), com histórias paralelas protagonizadas por Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), senadora que secretamente financia uma rebelião contra o Império; Luthen Rael (Stellan Skarsgard), codinome Eixo, um dos líderes da rebelião, que finge ser comerciante de antiguidades; Syril Karn (Kyle Soller), inspetor do Império que tem uma vida absurdamente regrada e sonha subir na carreira; e Dedra Meero (Denise Gough), ambiciosa supervisora do Bureau de Segurança Imperial (BSI), que descobre que a rebelião está se formando, mas poucos acreditam nela, o que faz com que ela fique obcecada por descobrir a identidade de Eixo para encontrá-lo e prendê-lo. Outros personagens de destaque são Bix Caleen (Adria Arjona), mecânica que tem interesse romântico em Andor e contatos na rebelião; a mãe adotiva de Andor, Maarva (Fiona Shaw) e seu dróide, B2EMO (Dave Chapman); a mãe de Syril, Eedy (Kathryn Hunter); o marido de Mothma, Perrin Fertha (Alastair Mackenzie), que não sabe das atividades ilegais da esposa, e a filha do casal, Leida (Bronte Carmichael); Tay Kolma (Ben Miles), banqueiro e amigo de infância de Mothma; Davo Sculdun (Richard Dillane), milionário mau-caráter que Mothma manipula para financiar a rebelião sem seu conhecimento; o chefe do setor de Meero no BSI, Lio Partagaz (Anton Lesser); Lonni Jung (Robert Emms), supervisor do BSI que é na verdade um agente infiltrado por Luthen; Exmar Kloris (Lee Ross), espião do BSI que trabalha como motorista de Mothma; o torturador do BSI, Dr. Gorst (Joshua James); o Coronel Wullf Yularen (Malcolm Sinclair), líder do BSI; os amigos de Andor e Bix, Brasso (Joplin Sibtain), Timm Karlo (James McArdle) e Wilmon Paak (Muhannad Bhaier); e os rebeldes sob o comando de Luthen, Vel Sartha (Faye Marsay), Cinta Kaz (Varada Sethu), Karis Nemik (Alex Lawther), Arvel Skeen (Ebon Moss-Bachrach) e Kleya Marki (Elizabeth Dulau), essa última sua protegida, que posa como sua assistente na loja de antiuguidades. Participações especiais incluem Kino Loy (Andy Serkis), preso político que ajuda Andor na prisão; Ruescott Melshi (Duncan Pow), prisioneiro que escapa junto com Andor e se une à rebelião (e que estava em Rogue One, também interpretado por Pow); e Saw Gerrera (Forest Whitaker), que é amigo de Luthen e lidera um grupo paramilitar.

No início da série, Andor, que nutre um profundo desprezo pelo Império, que destruiu seu planeta natal, Kenari, leva a vida como ladrão e assassino de aluguel, tentando encontrar sua irmã desaparecida enquanto vende no mercado negro objetos que adquire ilegalmente em suas missões. Em uma dessas vendas, ele é abordado por Luthen, que tenta recrutá-lo para a rebelião sem sucesso. O quadro muda, entretanto, quando Andor é preso por engano, e se vê forçado a fugir da prisão ou permanecer lá durante o resto da vida; ao retornar ao planeta onde morava com os pais adotivos, ele vê mais atrocidades do Império, e acaba aceitando a proposta de Luthen, realizando tanto missões junto a outros rebeldes quanto empreitadas pessoais de Luthen, o que o transforma em um grande trunfo para o comerciante de antiguidades.

As filmagens começariam nos Estúdios Pinewood em novembro de 2020; Gilroy escreveria os roteiros dos três primeiros episódios de forma que a série se beneficiasse de sets enormes e cenas externas ao invés de fundos digitais aplicados sobre chroma key, o que faria com que Andor não utilizasse a tecnologia StageCraft, criada pela ILM para The Mandalorian. Todas as externas seriam filmadas na Inglaterra e na Escócia, com os locais escolhidos incluindo uma refinaria abandonada em Essex, o Barbican Centre, em Londres, a pedreira de Winspit, a represa de Cruachan, e, mais uma vez, a estação de metrô de Canary Wharf, além de um trerreno em Little Marlow onde cinco quarteirões inteiros de uma cidade cenográfica seriam montados para as filmagens. Devido aos protocolos em vigor durante a pandemia, que determinavam número máximo de pessoas em cada cena e exigiam, dentre outros procedimentos, medir a temperatura de todo o elenco antes de cada dia de gravações, Haynes sugeriria que os episódios fossem filmados em blocos de três, como se fossem quatro filmes aos invés de 12 episódios.

Andor estrearia no Disney+ em 21 de setembro de 2022, com os três primeiros episódos sendo lançados nesse dia e os demais um por semana, até 23 de novembro. Para tentar atrair mais audiência, após todos os episódios já estarem disponíveis no Disney+, a Disney exibiria os dois primeiros episódios no canal aberto ABC, nos canais a cabo FX e Freeform, e os disponibilizaria no serviço de streaming Hulu. A série seria a terceira mais assistida em streaming nos Estados Unidos em outubro, e a mais assistida do país em novembro, mas, em números totais, seria a menos assistida das séries de Star Wars, ficando atrás de The Mandalorian, O Livro de Boba Fett, Obi-Wan Kenobi e até mesmo de Ahsoka, que estrearia depois dela; as principais razões apontadas pelos críticos para esse desempenho seriam "fadiga da franquia", fan service insuficiente, e até mesmo que as críticas negativas a Obi-Wan Kenobi afastaram o público.

Contraditoriamente, a crítica ficaria encantada com Andor, que foi considerada "madura", "complexa" e "política", com muitos críticos considerando-a a melhor de todas as produções de Star Wars; um dos principais pontos positivos apontados seriam que ela mostrava a vida de pessoas comuns, "sem Solos, Skywalkers ou Palpatines", mas que também tinham importância nesse universo. Publicações especializadas, como a Variety, a elegeriam a melhor série de TV de 2022. Andor seria indicada a oito Emmys - Melhor Série de Drama; Melhor Direção para uma Série de Drama; Melhor Roteiro para uma Série de Drama; Melhor Fotografia para uma Série de TV de Uma Hora; Melhor Edição de Som para uma Série de TV de Uma Hora; Melhor Trilha Sonora Original para uma Série de TV de Drama; Melhor Canção Original de Abertura; e Melhores Efeitos Especiais para uma Temporada de Série ou Filme - e Luna receberia uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em uma Série de TV de Drama.

Originalmente, a ideia de Gilroy era que a série tivesse cinco temporadas, cada uma abordando um ano, até a conclusão ligá-la diretamente aos eventos de Rogue One. Durante a produção da primeira temporada, entretanto, o próprio Gilroy chegaria à conclusão de que esse era um planejamento impossível, já que, devido ao alto nível de produção da série, seria inviável gravar uma temporada por ano, e impraticável que Andor ficasse no ar, com o mesmo elenco, durante dez ou doze anos. Em abril de 2022, o diretor de fotografia Adriano Goldman diria em entrevistas que a série teria três temporadas, e, um mês depois, a Disney faria o anúncio oficial de que uma segunda temporada havia sido confirmada, para estreia em 2024. Em dezembro, Gilroy declararia que, após uma reunião com Kennedy, ficaria definido que a segunda temporada seria a última, e que ela mostraria os principais eventos dos quatro anos restantes entre o final da primeira temporada e o início de Rogue One.

A segunda temporada teria mais 12 episódios, divididos em quatro blocos de três. O primeiro episódio começa um ano após os eventos do último da primeira temporada, e o último terminando quase que imediatamente antes do início de Rogue One, com cada bloco acompanhando os personagens durante alguns dias consecutivos, e começando um ano após o fim do bloco anterior. A trama principal da segunda temporada é o Império criando um pretexto para invadir e dominar o planeta Ghorman, única fonte conhecida de um mineral raro necessário para a construção de uma nova arma secreta, cuja mineração levará à destruição do planeta. Enquanto Andor realiza missões para Luthen, vemos o início da Aliança Rebelde, o estabelecimento de sua base em Yavin, como Andor se tornou parceiro de K2-SO, e os motivos que o levaram a aceitar a missão para roubar os planos da Estrela da Morte.

Novos personagens da segunda temporada incluem Orson Krennic (Ben Mendelsohn); K-2SO (Alan Tudyk); o Senador Bail Organa (Benjamin Bratt; Jimmy Smits não pôde repetir o papel devido a conflitos de agenda); Erskin Semaj (Pierro Niel-Mee), secretário de Mothma e espião de Luthen; Carro Rylanz (Richard Sammel), político de Ghorman que se opõe à ocupação do Império; Lezine (Thierry Godard), que planeja fundar uma célula da rebelião em Ghorman, da qual também faz parte a filha de Rylanz, Enza (Alaïs Lawson); o General rebelde Dravits Draven (Alistair Petrie), comandante da base de Yavin, que também estava em Rogue One; e o Capitão Kaido (Jonjio O'Neil), designado para botar em andamento o plano do Império em Ghorman. Enquanto traçava as diretrizes da segunda temporada, Gilroy pensaria em incluir o Imperador Palpatine em algum dos episódios, mas acabaria jamais encontrando o melhor momento; outra ideia abandonada seria incluir uma Leia adolescente, provavelmente acompanhando Organa em alguma sessão do Senado, o que Gilroy acabaria desistindo de fazer por achar que ela distrairia os espectadores da história do episódio - pelo mesmo motivo, Gilroy jamais consideraria uma aparição de Darth Vader, por achar que ele chamaria todas as atenções para si e desviaria o foco da série.

Tony Gilroy escreveria os três primeiros episódios, com os três do segundo bloco ficando a cargo de Beau Willimon, os três do terceiro com Dan Gilroy, e os três últimos sendo escritos por Tom Bissell. Originalmente, Tony Gilroy havia escrito também o nono episódio, que introduz K-2SO e seria um episódio fechado com clima de filme de terror, descartado porque iria estourar o orçamento da série; Dan Gilroy, então, reescreveria o episódio colocando nele o discurso de Mon Mothma no Senado, que ela faria apenas no décimo episódio. O'Reilly construiria o discurso junto com Tony Gilroy, que inicialmente havia pensado em escrever apenas trechos, que seriam mostrados em telas televisionando o discurso nos diferentes ambientes nos quais o episódio seria ambientado, com a atriz o convencendo a escrever e gravar o discurso inteiro, com os destaques televisionados sendo escolhidos durante a pós-produção. Para aproveitar o espaço no décimo episódio criado pela remoção do discurso, Tony Gilroy, impressionado com a atuação de Dulau na primeira temporada e não querendo que o relacionamento de Kleya e Luthen fosse alvo de especulação ou retratado erroneamente em produções futuras, escreveria cenas de flashback que mostravam como os dois se conheceram e por que mantinham sua parceria.

As filmagens mais uma vez ocorreriam com os episódios sendo filmados em blocos, como se fossem quatro filmes; os dois primeiros blocos seriam dirigidos por Ariel Kleiman, o terceiro por Janus Metz e o último por Alonso Ruizpalacios. As filmagens começariam em novembro de 2022 em Xàtiva e Valencia, na Espanha; a ideia era reutilizar várias das locações da primeira temporada, mas a pedreira de Winspit teve de ser descartada devido a risco de desabamento. A produção seria interrompida em maio de 2023 por causa da greve dos roteiristas, e só pôde ser retomada em janeiro de 2024, o que acabou empurrando a data de estreia da temporada para 2025.

A segunda temporada de Andor, que, no material promocional, se chamava Andor: A Star Wars Story, estrearia no Disney+ em 22 de abril de 2025, com três episódios sendo lançados por semana até 13 de maio. Seria a segunda série mais assistida no streaming nos Estados Unidos, atrás apenas da segunda temporada de The Last of Us. A estratégia de lançar três episódios por semana foi considerada um grande acerto, pois, diferentemente do que ocorreu na primeira temporada e com as séries Ahsoka e Skeleton Crew, cuja audiência foi caindo a cada semana, na segunda temporada de Andor a audiência foi crescente, com os três últimos episódios tendo os melhores números de toda a série.

A crítica mais uma vez seria extremamente positiva, com alguns críticos brincando que a única coisa ruim da segunda temporada era que não haveria uma terceira. A segunda temporada seria indicada a 14 Emmys, ganhando cinco: Melhor Roteiro para uma Série de Drama; Melhores Efeitos Especiais para uma Temporada de Série ou Filme; Melhor Produção para um Programa de Época ou de Fantasia de Uma Hora ou Mais; Melhor Edição de Imagem para uma Série de Drama; e Melhor Figurino para uma Produção de Fantasia ou Ficção Científica. As demais indicações seriam a Melhor Série de Drama; Melhor Direção para uma Série de Drama; Melhor Ator Convidado em uma Série de Drama (Whitaker); Melhor Dublagem de Personagem (Tudyk); Melhor Canção Original com Letra; Melhor Trilha Sonora Original para uma Série de TV de Drama; Melhor Edição de Som para uma Série de TV de Uma Hora; Melhor Mixagem de Som para uma Série de TV de Uma Hora; e Melhor Fotografia para uma Série de TV de Uma Hora.

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