The Defenders
Minissérie
2017
Tendo ocorrido a estreia das quatro séries individuais dos heróis, restava à Marvel culminar o projeto reunindo-os em uma única produção; para essa tarefa, eles escolheriam como showrunners a mesma dupla da segunda temporada de Demolidor, Doug Petrie e Marco Ramirez. Petrie e Ramirez começariam o trabalho escrevendo a história completa da minissérie, que depois seria refinada pela roteirista Lauren Schmidt Hissrich - com exceção do sexto episódio, escrito por Ramirez e Drew Goddard, todos os episódios da série teriam roteiros de Petrie, Ramirez e Hissrich, em várias combinações. Petrie e Ramirez também se reuniriam frequentemente com Melissa Rosenberg (showrunner de Jessica Jones), Cheo Hodari Coker (de Luke Cage) e Scott Buck (de Punho de Ferro) para garantir que seus respectivos personagens fossem retratados na série conjunta com máxima fidelidade às suas séries individuais; Rosenberg declararia ter ficado satisfeita com a experiência, e que todos os showrunners se sentiram incluídos no processo. Pouco após o início das filmagens, Petrie pediria para deixar seu posto para trabalhar em outros projetos; Ramirez acabaria sendo o único showrunner da série, mas Petrie ainda seria creditado.
Petrie e Ramirez tinham duas preocupações principais ao escrever os roteiros: a primeira era a de que o resultado final passasse a sensação de ser natural, orgânico, e não criado apenas por decisão de executivos; a segunda a de que não fosse necessário ter assistido a nenhuma das quatro séries anteriores para entender o que estava acontecendo - embora a história faça mais sentido se assistida após as demais séries, e haja vários elementos que complementam ou expandem o que foi visto anteriormente, de fato é perfeitamente possível ter uma ideia de quem são os personagens e por que fazem o que fazem caso seja assistida apenas essa. Embora a referência mais óbvia para o projeto fosse o filme dos Vingadores, Petrie e Ramirez evitariam baseá-lo nele, preferindo se inspirar em outros filmes nos quais heróis de personalidades distintas se unem para uma missão em comum, como Os Doze Condenados ou Os Sete Samurais.
Segundo Ramirez, um dos maiores desafios foi que cada uma das séries anteriores tinha um tom diferente, e era necessário que Os Defensores encontrasse seu próprio tom, ao invés de ser, por exemplo, uma terceira temporada do Demolidor com os demais heróis fazendo participações especiais. Um dos truques que a dupla encontrou para isso foi fazer com que, enquanto os heróis estão agindo em separado, as cenas se pareçam como pertencentes às suas próprias séries, com o tom mudando apenas quando eles agem juntos - até mesmo filtros de imagem foram usados para ampliar essa sensação, com as cenas protagonizadas pelo Demolidor usando um filtro vermelho, as por Jessica um azul, as por Cage um amarelo, as pelo Punho de Ferro um verde, e as nas quais dois ou mais deles agem juntos não usando filtro.
Encontrar um antagonista para a história também se mostraria um desafio: Petrie e Ramirez não queriam seres superpoderosos, extraterrestres ou robôs, por acreditar que as séries exibidas até então mostravam os heróis lidando apenas com criminosos urbanos e desafios do cotidiano; por outro lado, todos os quatro eram extremamente poderosos, o que demandava uma ameaça capaz de exigir que eles se unissem para derrotá-la. Eles introduziriam o Tentáculo na segunda temporada de Demolidor já mal-intencionados, por saber que a organização seria um dos principais elementos de Punho de Ferro e por acreditar que os ninjas com poderes sobrenaturais seriam um desafio à altura para os Defensores, que se veriam tendo de enfrentar não um vilão qualquer, mais um verdadeiro exército, sendo sua união a única forma de fazer frente a essa ameaça.
Também é importante dizer que, quando teve a ideia do projeto, Jeph Loeb pensava em fazer apenas uma temporada de cada um dos heróis, então a dos Defensores, e então avaliar qual caminho deveria seguir. A produção da segunda temporada de Demolidor antes mesmo de Os Defensores e a Netflix ter encomendado segundas temporadas de Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro pouco após a estreia das primeiras fariam com que ele decidisse deixar bem claro que Os Defensores era um evento único, que os quatro heróis não se reuniriam uma vez por ano para enfrentar alguma outra ameaça, e que, se eles voltassem a se encontrar, seria dentro de suas próprias séries; para deixar isso claro, a Marvel decidiria que Os Defensores teria menos episódios que as demais séries de seus heróis, e anunciaria o projeto como uma minissérie, não como uma temporada de uma série. Ramirez se aproveitaria desse fato para fazer com que todas as pontas soltas deixadas em Os Defensores pudessem ser resolvidas nas séries individuais, sem a necessidade de reunir os quatro heróis novamente - segundo ele, foi criada uma situação do tipo "tudo bem se nos encontrarmos novamente, tudo bem se não".
O numeroso elenco principal da minissérie traz Charlie Cox como Demolidor / Matt Murdock, Krysten Ritter como Jessica Jones, Mike Colter como Luke Cage, Finn Jones como Danny Rand / Punho de Ferro, Jessica Henwick como Colleen Wing, Rosario Dawson como Claire Temple, Élodie Yung como Elektra, Simone Missick como Misty Knight, Elden Henson como Foggy Nelson, Deborah Ann Woll como Karen Page, Eka Darville como Malcolm Ducasse, Rachael Taylor como Trish Walker, Ramón Rodríguez como Bakuto, Scott Glenn como Stick, e Sigourney Weaver como Alexandra, a líder do Tentáculo, única personagem nova. Apesar de ser uma das principais antagonistas, por ser, junto com Alexandra, um dos "cinco dedos do Tentáculo" (bizarrice que se explica pelo fato de o nome do Tentáculo em inglês, nos quadrinhos e nas séries de TV, ser The Hand, "a mão"), Madame Gao (Wai Ching Ho) é listada nos créditos como personagem recorrente. Além dela, são recorrentes Cole Miller (J. Mallory McCree), jovem do Harlem que se envolve com o Tentáculo, o que leva Cage a se envolver com a organização; Strieber (Ron Simmons), capitão de polícia e chefe de Misty; e outros dois dedos do Tentáculo, o japonês Murakami (Yutaka Takeuchi) e o africano Sowande (Babs Olusanmokun). Fazem participações especiais Peter McRobbie como o Padre Lantom, Carrie-Anne Moss como Jeri Hogarth, Rob Morgan como Turk Barrett, Susan Varon como Josie, e Amy Rutberg como Marci Stahl. Stan Lee aparece no mesmo poster visto na primeira temporada de Punho de Ferro.
Ambientada um mês após os eventos de Punho de Ferro, e alguns meses após os da segunda temporada de Demolidor, a minissérie começa com Danny e Colleen em sua missão de deter o Tentáculo de uma vez por todas, enquanto Matt tenta se adaptar à sua nova vida de herói, recentemente virada de cabeça para baixo por Elektra, Cage tenta se adaptar em seu papel de protetor do Harlem, e Jessica tenta fazer com que sua já atribulada vida não saia ainda mais dos trilhos. Alexandra tem planos para Nova Iorque que irão restaurar a força total do Tentáculo, mas destruirão a cidade no processo; cada um dos quatro heróis (exceto Danny, que já estava investigando mesmo) descobre uma das partes do plano da vilã por acaso, e os quatro acabam se reunindo meio que por acidente - contando com uma ajudinha de Claire, responsável por apresentar Cage a Danny, e que também conhece os outros dois.
Mais uma vez, a minissérie seria integralmente filmada em Nova Iorque, com a ação sendo ambientada principalmente em Hell's Kitchen, mas praticamente todas as cinco regiões da cidade sendo usadas para locações. Os efeitos especiais ficariam a cargo da Shade VFX, mas o principal deles, o do terremoto, seria feito de forma mecânica, com cabos e explosões, já que o diretor do episódio, S.J. Clarkson, achou que o resultado pareceria falso se fosse feito com computação gráfica. Uma curiosidade das gravações foi que, durante as lutas coreografadas, cada um dos quatro heróis tinha estilos de luta diferentes, o que criou um desafio para a equipe de coreografia; Jones declararia ter tido mais tempo para ensaiar, buscando se livrar das críticas que recebeu em Punho de Ferro, e os quatro atores tentaram usar seus dublês o mínimo possível, para agilizar as gravações e transmitir maior realismo. Vale ressaltar que, mais uma vez, a única envolvida em cenas de luta que não usou dublês foi Henwick.
A criação dos figurinos ficaria novamente a cargo de Stephanie Maslansky, que criaria novos uniformes para Colleen, Misty e Elektra, e tentaria vestir Danny com uma roupa que lembrasse seu uniforme dos quadrinhos. Maslansky tentaria manter as roupas dos personagens de acordo com os filtros usados em suas cenas, colocando detalhes em tons sóbrios de vermelho nas roupas de Matt, azul e lavanda nas de Jessica, verde nas de Danny e amarelos e dourados nas de Cage; Alexandra vestiria predominantemente branco com detalhes em cores metálicas. O Demolidor era o único dos quatro heróis que vestia um uniforme na série - e também o único que tinha uma identidade secreta - com um novo capacete, que refletia menos a luz do set, sendo criado para a minissérie.
Co-produzida pela Marvel Television, ABC Studios, Nine and a Half Fingers, Inc. e Goddard Textiles, Os Defensores teria um total de oito episódios, lançados, como de costume, todos no mesmo dia, 18 de agosto de 2017. Segundo a Netflix, essa seria sua série Marvel de menor audiência, e aquela cuja audiência mais baixou de um episódio para o seguinte, embora, mais uma vez, os números reais não tenham sido divulgados. A crítica, por outro lado, gostou, elogiando o ritmo da minissérie, o fato de que cada episódio sempre deixava algo em suspenso, e o de que a reunião dos heróis foi natural, sem parecer forçada (embora tenha contado com uma das famosas "luta estilo Marvel entre dois heróis que ainda não se conhecem") nem imposta por um outro personagem (o que era um temor quando tudo dava a crer que Claire seria "o Nick Fury dos Defensores", sendo responsável por reunir os quatro). Uma das maiores críticas foi ao fato de Jessica parecer deslocada, com o Punho de Ferro e o Demolidor, que já tinham um passado com o Tentáculo, claramente recebendo mais foco, e Cage funcionando bem em sintonia com Danny, mas a srta. Jones parecendo um personagem convidado, sem nada na história que usasse o que já foi visto dela ou contribuísse para desenvolver seu personagem no futuro. Os Defensores seria indicado a um Emmy, de Melhor Tema de Sequência de Abertura, mas não ganharia.
The Punisher
1ª temporada
2017
Assim como o Demolidor, o Justiceiro foi um dos heróis Marvel que já havia feito sua estreia em filmes - para ser mais exato, em três deles. O primeiro, de 1989, dirigido por Mark Goldblatt e produzido pela Carolco em parceria com a New World Pictures, trazia o sueco Dolph Lundgren no papel do anti-herói, que buscava se vingar da máfia pelo assassinato de sua família enquanto evitava ser capturado por um detetive de polícia interpretado por Louis Gosset, Jr. Apesar de ter estreado nos cinemas quase no mundo inteiro, nos Estados Unidos (e, por alguma razão, na Suécia), esse filme passou direto na televisão, o que fez com que a efetiva estreia do Justiceiro nos cinemas fosse com seu segundo filme, de 2004, dirigido por Jonathan Hensleigh e produzido pela Lionsgate, que adquiriu os direitos do personagem no agora já famoso leilão que a Marvel fez por estar precisando de dinheiro; com enredo até parecido com o do primeiro filme, esse trazia Thomas Jane como o Justiceiro e um improvável John Travolta como o chefão do crime Howard Saint, mandante do ataque que resultou na morte da família de Castle e alvo da vingança do ex-fuzileiro. Apesar de ser até bom, o segundo filme faria pouco sucesso, sendo criticado principalmente por ser muito diferente dos quadrinhos, o que motivaria a Lionsgate a cancelar uma sequência já em pré-produção. Ela ainda produziria um terceiro filme, O Justiceiro em Zona de Guerra, dirigido por Lexi Alexander e estrelado por Ray Stevenson, esse ruim de doer, lançado em 2008 apenas para que ela não perdesse os direitos sobre o personagem.
Como aparentemente a Lionsgate não iria mais investir no personagem, a Marvel começaria a se preparar para receber os direitos sobre ele de volta, o que, contratualmente, ocorreria em 2013. Em 2011, a ABC, canal de televisão, assim como a Marvel, de propriedade da Disney, começaria a planejar uma série de TV do Justiceiro, tendo Ed Bernero como produtor; nessa série, ao invés de um ex-fuzileiro em busca de vingança, Frank Castle seria um policial da cidade de Nova Iorque que secretamente combate o crime à noite usando a alcunha de Justiceiro. Talvez achando que a série não era apropriada para a TV aberta, a ABC negociaria com a Fox, que daria luz verde para o piloto, ficando pendente o retorno dos direitos do personagem para a Marvel. Até os direitos retornarem, entretanto, não houve qualquer movimentação no sentido de tirar a série do papel, como contratar roteiristas ou escolher elenco, e, no início de 2013, o projeto seria oficialmente engavetado.
Dois anos depois, quando a Netflix encomendasse uma segunda temporada de Demolidor, os showrunners Doug Petrie e Marco Ramirez, sabendo que o Justiceiro estava disponível, sem estar reservado para nenhum outro projeto, considerariam que ele seria um personagem ideal para ser o principal antagonista da temporada, realçando a dicotomia entre seus métodos de combate ao crime e os do Demolidor. O ator Jon Bernthal foi escalado e o personagem fez grande sucesso, como vocês puderam ler no post anterior dessa série.
Em janeiro de 2016, antes mesmo da estreia da segunda temporada de Demolidor, a Netflix perguntaria à Marvel, assim como quem não quer nada, se ela poderia encomendar uma série do Justiceiro também - inicialmente, o personagem não estava dentre os que seriam contemplados com uma série na Saga dos Defensores, mas a Netflix diria que uma série do Justiceiro poderia ser tratada como um spin off de Demolidor, com seus eventos ocorrendo no mesmo universo, levando em conta os da segunda temporada do Homem sem Medo, mas afetando o mínimo possível as demais séries que faziam parte da saga principal. A ideia agradaria Jeph Loeb, o mentor da Saga dos Defensores, que diria que, embora eles estivessem fazendo a segunda temporada de Demolidor sem levar em conta quaisquer ramificações que pudessem dar origem a uma série do Justiceiro, também não desencorajariam a Netflix a querer mais de personagens que ela considerasse dignos de ganharem suas próprias séries - ou seja, deixando o caminho aberto também para futuras séries de outros heróis Marvel que aparecessem como coadjuvantes nas séries do Demolidor, de Jessica Jones, de Luke Cage e do Punho de Ferro.
Após a estreia da segunda temporada de Demolidor, os detalhes seriam acertados, e a série do Justiceiro entraria em produção, com Bernthal assinando contrato para repetir o papel e Steve Lightfoot sendo escolhido como showrunner. Lightfoot optaria por não adaptar nenhuma história em especial dos quadrinhos, desenvolvendo o personagem de onde ele havia parado em Demolidor, explorando seu passado e questionando seu futuro; segundo Loeb, a pergunta central da série seria "quem é Frank Castle?". Curiosamente, a série, ambientada cerca de seis meses após os eventos da segunda temporada de Demolidor, começa com uma montagem de poucos minutos na qual o personagem completa sua vingança, para que esse não seja seu tema central; após finalmente vingar sua família, Castle acaba se tornando uma espécie de fantasma, sem saber para onde ir com seu objetivo de vida tendo sido concluído, até ser revisitado por ações questionáveis de seu passado, também citadas em Demolidor - e que serão a força motriz que fará o enredo andar.
Fã de filmes de faroeste, Lightfoot imaginou que Castle funcionaria melhor se sua jornada se parecesse com a dos anti-heróis desse gênero: um homem que só quer viver sua vida, mas que, graças a seu código de honra, constantemente se envolve em situações que o obrigam a voltar a matar, com a principal inspiração para o primeiro episódio sendo Os Brutos Também Amam. Outras inspirações para o tom da temporada seriam os filmes de conspiração recheados de paranoia dos anos 1970, como Maratona da Morte - já que Castle era um fugitivo da polícia - e filmes de espionagem como a Trilogia Bourne. Tendo trabalhado anteriormente na série Hannibal, Lightfoot diria acreditar que mesmo quem não concorda com as ações do protagonista pode aproveitar a série se entender suas motivações - no caso de Castle, um homem que conhece a violência desde cedo, teve sua família tirada de si durante um momento de alegria, e não sabe lidar com o luto.
Ainda segundo Lightfoot, ele teria três preocupações principais em relação à série. A primeira seria que a violência exacerbada não deveria ser o foco, com os episódios contando com muitas cenas de ação, mas poucas de violência gratuita, e sempre no mesmo nível já visto, por exemplo, em Demolidor. Segundo, era importante deixar claro que o que Castle fazia era errado, em um nível que ele mesmo sabia que estava errado, mas não conseguia deixar de fazer. Finalmente, era de especial preocupação a forma como os veteranos de guerra eram mostrados, pois, segundo ele, é um absurdo que os Estados Unidos enviem jovens para a guerra e esperem que eles retornem e se reintegrem à sociedade como se nada tivesse acontecido, mas também é injusto colocá-los como incapazes de retomar suas vidas fora de um contexto de violência. Lightfoot não possuía experiência no serviço militar, mas ele e os roteiristas dedicariam um bom tempo a ler relatos de veteranos de guerra sobre o que viveram em combate e quando tentaram retomar suas vidas, e contariam com a ajuda de consultores ligados às forças armadas, às forças especiais e à CIA, que participavam das reuniões de roteiristas, incluindo um consultor especial das forças armadas que lia todos os roteiros e fazia anotações sobre o que estava correto ou não.
Além do próprio Justiceiro, a série conta com dois importantes personagens dos quadrinhos do herói. O primeiro é Micro, que nos quadrinhos é o "homem na cadeira" do Justiceiro, oferecendo-o suporte tático enquanto faz pesquisas na internet, observa filmagens de câmeras de segurança e hackeia sistemas em geral; na série, Micro se chama David Lieberman, é interpretado por Ebon Moss-Bacharach, e é um especialista em computadores e ex-agente da NSA (a Agência de Segurança Nacional) forçado a ir para a clandestinidade após descobrir o que não devia, que tenta fazer um trato com Castle para que ambos se ajudem mutuamente e limpem seus nomes. O segundo é Billy Russo, que na série é interpretado por Ben Barnes, e é um ex-colega de Castle da época dos fuzileiros navais, que deixou as forças armadas e fundou uma empresa de segurança privada, chamada Anvil ("bigorna", em inglês); nos quadrinhos, Russo é o vilão Retalho, arqui-inimigo do Justiceiro, que possui horríveis deformidades físicas - criando terreno para que, no futuro, ele assuma essa alcunha, na série o apelido de Russo é Billy the Beau ("Billy, o Belo"), e ele faz muito sucesso com as mulheres devido à sua aparência.
Também merece ser citada em separado uma personagem que não existe nos quadrinhos, mas que foi fruto de um intenso brainstorming, Dinah Madani, americana descendente de iranianos agente do Departamento de Segurança Interna, que investiga eventos ocorridos no Afeganistão na época em que Castle serviu lá, e acaba cruzando o caminho do Justiceiro, interpretada por Amber Rose Revah - que é inglesa de nascimento e descendente de quenianos e indianos. Madani seria criada durante uma reunião dos roteiristas na qual estavam tentando definir qual seria o principal antagonista de Castle na série, e chegaram à conclusão de que deveria ser alguém "tão patriota quanto ele" e "um herói de ação no mesmo estilo", mas que, tirando isso, deveria ser seu exato oposto, então a conclusão óbvia é que deveria ser uma agente do governo mulher, e que seria interessante se ela tivesse ascendência do Oriente Médio.
Não tendo ligação com a Saga dos Defensores, O Justiceiro seria a primeira série Marvel da Netflix sem a presença de Rosario Dawson, já que fazer com que Claire Temple também achasse um motivo para ficar amiga do Justiceiro seria muita forçação de barra. A série considera todos os eventos das demais, porém, e também conta com uma personagem que serve como ligação entre o Justiceiro e os demais heróis: a Karen Page de Deborah Ann Woll. Karen segue trabalhando como jornalista, e mantém a amizade que fez com Castle na segunda temporada de Demolidor, ajudando-o a obter informações valiosas, dando-o conselhos e até sendo alvo de um atentado direcionado a ele. Também vale citar que, além de não ter Claire, O Justiceiro é a primeira série Marvel da Netflix sem contar com a foto de Stan Lee pendurada em algum lugar.
Além de Bernthal, Moss-Bacharach, Barnes, Revah e Woll, o elenco principal conta com Paul Schulze como William Rawlins III, diretor da CIA que serviu como consultor da unidade de Castle no Afeganistão; Jason R. Moore como Curtis Hoyle, ex-fuzileiro naval amigo de Castle que perdeu uma perna na guerra e agora coordena um grupo de ajuda para veteranos; Daniel Webber como Lewis Wilson, veterano de guerra que participa do grupo de Curtis, mas tem muita dificuldade em se reintegrar à sociedade; Michael Natanson como Sam Stein, parceiro de Madani; e Jaime Ray Newman como Sarah Lieberman, esposa de Micro, que acredita que ele está morto. Personagens recorrentes incluem Gunner Henderson (Jeb Kreager), ex-colega de Castle nos fuzileiros navais, que agora mora em uma fazenda isolada e cheia de armadilhas; Isaac Lange (Jordan Mahome), veterano que participa do grupo de Curtis; O'Connor (Delaney Williams), membro da Associação Nacional de Rifles que frequenta as reuniões do grupo de Curtis; Farah Madani (Shoreh Aghdashloo), a mãe de Madani; Rafael Hernandez (Tony Plana), diretor de operações do Departamento de Segurança Interna e mentor de Madani; Carson Wolfe (C. Thomas Howell), supervisor de Madani e responsável pelo sumiço de Micro; Marion James (Mary Elizabeth Mastrantonio), vice-diretora da CIA; Donny Chavez (Lucca de Oliveira), imigrante que trabalha na construção civil e quer ficar amigo de Castle; e os filhos de Micro, Leo (Ripley Sobo) e Zach (Kobi Frumer). A falecida família de Castle, composta por sua esposa Maria (Kelli Barrett) e por seus filhos Frank Jr. (Aidan Pierce Brennan) e Lisa (Nicolette Pierini) aparece em flashbacks. Brett Mahoney (Royce Johnson), Mitchell Ellison (Geoffrey Cantor) Turk Barrett (Rob Morgan) e Ray Schoonover (Clancy Brown), todos diretamente de Demolidor, também têm papéis recorrentes na série. Os jornalistas Pat Kiernan, Roma Torre e Stacy-Ann Gooden aparecem como eles mesmos.
As filmagens mais uma vez ocorreram totalmente na cidade de Nova Iorque, principalmente no Brooklyn e no Queens. Com Stephanie Maslansky ocupada com a minissérie dos Defensores, os figurinos ficariam a cargo de Lorraine Calvert, que se inspiraria nas indumentárias dos quadrinhos, mas evitando usar a caveira característica do Justiceiro, já que ele era um fugitivo, e esse era um símbolo facilmente reconhecível - Castle só usa a caveira na montagem inicial do primeiro episódio, na mesma versão que usou em Demolidor, e na batalha final da temporada, em uma nova versão criada por Calvert; no restante da série, ele usa muito preto e tons de camuflagem.
Os efeitos especiais ficaram a cargo da FuseFX, e consistiam principalmente em aumentar a violência - basicamente, as armas cenográficas não davam tiros, as explosões eram mínimas e o sangue cenográfico era pouco, e, na pós-produção, os flashes de disparo, o fogo das explosões e a quantidade de sangue eram aumentadas com efeitos especiais. O efeito especial mais trabalhoso adveio do fato de que o personagem Curtis era amputado de uma perna, mas o ator Moore não, o que exigia que Moore usasse uma meia especial da cor do chroma key e que todo o cenário atrás de onde estava a perna de Moore tivesse de ser recriado digitalmente para cada cena. Também vale citar a cena na qual criminosos foram jogados no cimento; a produção chegou a criar um "cimento falso", que, na hora, não ficou realístico, então ele foi melhorado por computação gráfica para se parecer com cimento real. Por outro lado, uma das cenas mais impressionantes, a da perseguição motorizada envolvendo Castle, Madani e Micro no porto, usou pouquíssimos efeitos especiais, e ainda contou com o próprio Moss-Bacharach no volante de um dos carros.
Após algumas críticas de que as séries da Marvel na Netflix eram muito longas, a Marvel Television decidiria aproveitar que O Justiceiro seria um spin-off para propor que ela tivesse apenas 10 episódios, mas Lightfoot faria questão de que fossem 13, para que ela ficasse em pé de igualdade com as demais séries, e usaria o argumento de que sua história "tinha um cozimento lento", não podendo ser devidamente contada em poucos episódios. Assim, seriam 13 episódios, que estreariam na Netflix todos no mesmo dia, 17 de novembro de 2017. Originalmente, a série estrearia na primeira semana de outubro, mas seria adiada para o primeiro trimestre de 2018 sem maiores explicações, e posteriormente anunciada de surpresa para novembro durante um painel na Comic Con também em outubro, que revelaria que o adiamento ocorreu em respeito às vítimas de um tiroteio em Las Vegas ocorrido no primeiro dia daquele mês. Após o anúncio, ocorreria outro tiroteio, em Sutherland Springs, no dia 5 de novembro; Lightfoot diria em entrevistas ter temido que a série fosse cancelada e jamais lançada após esse segundo tiroteio, mas a Marvel e a Netflix concluiriam que, a série não sendo especificamente sobre violência armada, poderia servir para amplificar a discussão sobre o controle de armas e a violência armada nos Estados Unidos - embora, durante a produção, Lightfoot evitasse ao máximo que a série fosse panfletária, não abordando diretamente esses dois temas em nenhum dos episódios.
A Netflix consideraria a temporada, co-produzida pela Marvel Television, ABC Studios e Bohemian Risk Productions, um sucesso de público, mas a crítica ficaria dividida, com alguns críticos dizendo que finalmente uma produção sobre o Justiceiro encontrou o tom certo para o personagem, outros dizendo que tudo não passava de "um show de horrores militar". O Justiceiro seria indicada ao Emmy de Melhor Coordenação de Dublês em uma Série de Drama, Série Limitada ou Filme, e teria uma segunda temporada encomendada pela Netflix já em dezembro de 2017.
2ª temporada
2018
Jessica Jones seria renovada para uma segunda temporada, novamente co-produzida pela Marvel Television, ABC Studios e Tall Girls Productions, pouco após a estreia da primeira; rapidamente, a showrunner Melissa Rosenberg se reuniria com a equipe de roteiristas e começaria a discutir qual poderia ser o enredo, para que a nova temporada fosse tão intrigante quanto a anterior. Rosenberg também nutria o desejo de que a segunda temporada de Jessica Jones pudesse estrear antes da minissérie dos Defensores, para ajudar a "marcar o território" de Jessica na saga, mas, com Luke Cage e Punho de Ferro já em pré-produção, ela veria que isso era impossível, e decidiria fazer a produção mais lentamente, para que nada nos novos episódios parecesse afobado ou incompleto, o que faria com que a segunda temporada de Jessica Jones só estivesse pronta para ser lançada em 2018. Rosenberg aproveitaria que Os Defensores estrearia antes para inserir na minissérie alguns elementos que poderiam servir de chamariz para a segunda temporada de Jessica Jones, trabalhando em conjunto com Doug Petrie e Marco Ramirez para incluir algumas dicas aqui e ali em seus episódios.
Segundo Rosenberg, Jessica seria a heróina da Saga Defensores cujo passado foi menos explorado durante sua primeira temporada, então ela gostaria de aproveitar a segunda para dar mais informações sobre como Jessica conseguiu seus poderes e se tornou uma pessoa tão amarga. A showrunner também decidiria dar mais tempo de tela e histórias emocionalmente fortes para Trish e Jeri, por achar que a primeira temporada foi muito centrada em Jessica - o que, apesar de ser natural, já que ela era a personagem-título, causou o efeito colateral de que, quando Jessica não estava em cena, a história não andava para a frente. Assim, Trish também teria bastante destaque, não somente nos flashbacks, mas também devido a uma tentativa de, após se sentir impotente diante de Killgrave, tentar se tornar ela mesma uma super-heroína, custe o que custar, enquanto Jeri se envolveria em uma jornada de autoconhecimento e autopreservação que a levaria a fazer escolhas questionáveis.
Um problema que Rosenberg teria com que lidar seria o fato de que, após os eventos da primeira temporada e de Os Defensores, Jessica ficaria famosa. Segundo a showrunner, não seria do feitio da personagem se aproveitar dessa fama, então ela decidiria que Jessica a renegaria, tentando viver sua conturbada vida normalmente, e mantendo o círculo de pessoas que podem se aproximar dela bem pequeno. Assim como a primeira temporada lidava com temas espinhosos como estupro e gaslighting, a segunda passearia por abandono, solidão e autodestruição, tudo pontuado por feminismo, principalmente em relação à questão "como é ser uma mulher no mundo de Jessica Jones?". Diferentemente da primeira temporada, Rosenberg decidiria não utilizar nenhum elemento dos quadrinhos na segunda, por acreditar que a série já estava seguindo seu próprio caminho, e que seria difícil adaptar outras histórias de Jessica dos quadrinhos para um mundo tão adulto e sombrio quanto o construído na temporada anterior.
No elenco principal, retornam Krysten Ritter como Jessica Jones, Rachael Taylor como Trish Walker, Eka Darville como Malcolm Ducasse, e Carrie-Anne Moss como Jeri Hogarth. A eles se juntam J.R. Ramirez como Oscar Arocho, síndico do prédio de Jessica, pintor e falsificador nas horas vagas, com quem ela acaba tendo um caso amoroso; Terry Chen como Pryce Cheng, detetive particular rival de Jessica, que quer tirá-la do negócio; Leah Gibson como Inez Green, enfermeira que tem ligação com o passado de Jessica e acaba se envolvendo romanticamente com Jeri; Callum Keith Rennie como Karl Malus, cientista responsável por Jessica ter ganhado seus poderes; e Janet McTeer como Alisa Jones, mãe de Jessica (interpretada em flashbacks na primeira temporada por Miriam Shor), que, assim como ela, sobreviveu ao acidente, mas esteve esses anos todos vivendo escondida.
Dentre os novos personagens recorrentes, temos Griffin Sinclair (Hal Ozsan), âncora de TV e namorado de Trish; Steven Benowitz (Maury Ginsberg) e Linda Chao (Angel Desai), sócios de Jeri em seu escritório de advocacia; Char (Rachel McKeon), a assistente de Jeri; Vido Arocho (Kevin Chacon), filho de Oscar; Sonia Arocho (Victoria Cartagena), ex-mulher de Oscar e mãe de Vido; Eddy Costa (John Ventimiglia) e Ruth Sunday (Lisa Tharps), policiais que investigam uma série de crimes e desconfiam que Jessica pode estar envolvida; Max Tatum (James McCaffrey), diretor de cinema que possui um passado sombrio compartilhado com Trish; Stirling Adams (Mat Vairo), primeiro namorado de Jessica; Dale Holiday (Brian Hutchinson), carcereiro sádico que gosta de torturar os presidiários; Maynard Tiboldt (Ben van Bergen), hipnoterapeuta de Trish, que tenta ajudar Jessica a se lembrar de mais de seu passado (que, nos quadrinhos, é o vilão Mestre do Picadeiro, que tem poderes hipnóticos); Robert Coleman (Jay Klaitz), homem que supostamente ganhou supervelocidade ao ser submetido ao mesmo procedimento que Jessica, e chama a si mesmo de Ciclone (que, nos quadrinhos, é um dos heróis clássicos da Marvel, e durante um tempo foi oficialmente o pai do Mercúrio e da Feiticeira Escarlate); e Shane Ryback (Eden Marryshow), homem que supostamente tem o poder de curar com as mãos.
Retornam da primeira temporada Dorothy Walker (Rebecca de Mornay), Will Simpson (Wil Traval) e Maury Tuttlebaum (Daniel Marcus); David Tennant faz uma participação especial em um dos episódios como Killgrave. Dentre os que estrearam em outras séries, fazem participações especiais Foggy Nelson (Elden Henson), Turk Barrett (Rob Morgan) e Thembi Wallace (Tijuana Ricks); pela segunda vez na história das Séries Marvel da Netflix, Claire Temple não aparece em nenhum episódio, mas a foto de Stan Lee está lá, dessa vez sem a roupa de policial, em um anúncio na traseira de um ônibus, da firma de advocacia Forbush & Associates.
Como já era costume, toda a temporada seria integralmente filmada em Nova Iorque. Rosenberg decidiria usar apenas diretoras mulheres para os episódios, contando com o apoio da Marvel para seu plano; não somente isso, ela conseguiria reunir 13 diretoras diferentes, muitas delas tendo sua primeira oportunidade em um projeto dessa grandeza. Os efeitos especiais ficariam mais uma vez a cargo da Shade VFX, que teria bem mais trabalho, devido ao maior número de cenas, digamos, criativas; a mais impressionante seria a explosão de um tanque de peixes no Long Island Aquarium and Exhibition Center, totalmente feita de forma digital e sobreposta às imagens reais do aquário. Os figurinos ficariam mais uma vez a cargo de Stephanie Maslansky, que novamente encheria Jessica de jaquetas de couro, botinas e calças jeans - uma das melhores cenas da temporada mostra como Jessica conseguiu sua inseparável jaqueta, e por que ela se tornou sua vestimenta preferida. Vale citar também que as pinturas que, na série, são de obra de Oscar, na vida real foram pintadas por David Mack, responsável pela série em quadrinhos Alias, estrelada por Jessica Jones.
A segunda temporada de Jessica Jones teria mais 13 episódios, que mais uma vez estreariam na Netflix todos no mesmo dia, 8 de março de 2018, escolhido a dedo por ser o Dia Internacional da Mulher. A Netflix novamente consideraria a temporada um grande sucesso de público, e a crítica mais uma vez a receberia bem, elogiando as atuações de Ritter e Moss e o fato de a série ser totalmente focada nas personagens femininas. Nem tudo seriam flores, porém, com a maioria dos críticos concordando que os episódios sofriam com falta de ritmo e por não terem um vilão claro, com os antagonistas de Jessica sequer chegando aos pés do que era Killgrave.
Também muito criticado foi o fato de que, mais uma vez, Jessica Jones parece totalmente dissociada do restante não só do MCU mas também das demais séries da Netflix, com os eventos das séries que foram lançadas entre a primeira temporada e a segunda não tendo absolutamente nenhum impacto na história ou na vida de Jessica - nem mesmo os eventos de Os Defensores parecem ter tido qualquer impacto sobre a personagem - e as únicas ligações com outras produções sendo referências à Rand, à prisão Balsa, e o fato de o escudo do boneco caseiro do Capitão América criado por Vido estar quebrado - uma referência aos eventos de Capitão América: Guerra Civil.
Séries Marvel da Netflix |
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