domingo, 22 de janeiro de 2023

Escrito por em 22.1.23 com 1 comentário

Milli Vanilli

Escrever o Post 1000 me deu ideias para vários novos posts. Por exemplo, quando eu estava escrevendo a seção sobre as histórias bizarras, me lembrei da história mais bizarra que eu conheço, a da dupla Milli Vanilli. Eu nunca senti vontade de escrever sobre Milli Vanilli porque nunca tive vontade de incluí-los dentre meus favoritos, até porque eu só conheço três músicas - que devem ser, inclusive, as que todo mundo conhece - mas essa história é tão bizarra que eu concluí que ela merece virar um post. Portanto, embora eu nunca tenha imaginado que um dia escreveria essa frase, hoje é dia de Milli Vanilli no átomo!


Milli Vanilli não é o nome dos integrantes da banda (tipo "o Milli e o Vanilli"), mas é um dueto, formado pelo alemão Rob Pilatus e pelo francês Fab Morvan. Os dois se conheceram em 1987, quando Rob tinha 23 anos e Fab 22, em um clube em Munique, Alemanha Ocidental, durante um seminário sobre dança pop. Os dois decidiriam trocar experiências, já que ambos eram negros que haviam nascido e crescido em cidades europeias nas quais a maioria da população era branca, ambos trabalhavam como modelos, e ambos tinham interesse em dança e música negra norte-americana, especialmente funk, soul e hip hop, e logo se tornaram amigos. Ainda em 1987, eles formariam um grupo chamado Empire Bizarre, que gravaria um álbum de música soul por uma pequena gravadora alemã e venderia alguns milhares de cópias.

A Empire Bizarre conseguiria se apresentar em algumas casas noturnas de Munique, e, durante uma dessas apresentações, chamaria a atenção do produtor musical Frank Farian, que convidaria Rob e Fab para visitar seu estúdio de gravação em Frankfurt. Lá, ele mostraria uma gravação demo para a dupla, da música Girl You Know It's True, de autoria da banda pop norte-americana Numarx. Segundo Farian, ele havia gostado muito da música, mas não tinha interesse em contratar a Numarx, e preferiria que Rob e Fab a gravassem. Ingênuos e inexperientes, os dois sequer imaginaram que isso poderia gerar qualquer tipo de problema, e, atiçados pela promessa de Farian de que a música seria um grande sucesso e os deixaria milionários, assinaram contrato em 1 de janeiro de 1988. Também não estranharam quando Farian disse que, apenas uma semana depois da assinatura, eles teriam que fazer um show, mas que não se preocupassem porque já estava tudo acertado.

No dia seguinte à assinatura do contrato, Rob e Fab realmente foram ao estúdio e gravaram Girl You Know It's True - mas a gravação não agradaria Farian, que achava que a dupla tinha carisma, mas não tinha as vozes adequadas para aquela canção. Eles fariam seus primeiros shows cantando playback, ou seja, com a música que gravaram tocando a partir de uma fita e eles apenas fingindo que estavam cantando, e ainda acreditaram quando Farian falou que isso era perfeitamente normal para cantores iniciantes e que todos agiam assim. Nos bastidores, porém, Farian já pensava em gravar uma nova versão da música, contratando Charles Shaw, John Davis, Brad Howell, Jodie Rocco e Linda Rocco para gravar várias versões, a final sendo selecionada em abril de 1988.

Também seria Farian o criador do nome Milli Vanilli. Ele não gostava de Empire Bizarre, e não queria que os jovens se apresentassem como Rob & Fab, então decidiu criar um nome parecido com o da banda britânica Scritti Politti, que havia começado sua carreira em 1977, e cujo nome Farian achava sensacional. Ele escolheria Milli porque esse era o apelido de sua namorada na época, a modelo Ingrid Segieth, e Vanilli inspirado em vanilla, "baunilha" em inglês, apenas porque rimava e mantinha a mesma métrica de Scritti Politti.

Entre março e abril, Shaw, Davis, Howell e as irmãs Rocco gravariam um álbum inteiro, e, em maio, o Milli Vanilli sairia em uma grande turnê internacional, com shows na Espanha, França e Itália. Mais uma vez, apenas Rob e Fab iriam ao palco, dublando as músicas gravadas pelo quinteto em playback. Farian os assegurou de que isso era procedimento padrão, que todos os artistas iniciantes faziam, e que, assim que eles se tornassem suficientemente famosos, poderiam escrever e gravar suas próprias músicas, e até mesmo cantar com suas próprias vozes durante os shows.

Girl You Know It's True seria lançada como single na Alemanha Ocidental em julho de 1988, e, em novembro, seria lançado o primeiro álbum do Milli Vanilli, All or Nothing. Lançado na Alemanha Ocidental pela gravadora Hansa, e simultaneamente em uma dezena de países europeus pela BMG, All or Nothing, que tinha metade de suas 13 faixas escrita por Farian, que também seria seu produtor, seria um gigantesco sucesso, rendendo Disco de Ouro na Alemanha Ocidental e Espanha, Disco de Prata no Reino Unido, chegando à terceira posição dos mais vendidos na Áustria e à quinta na Suíça. Todas as suas músicas eram cantadas em inglês, sendo a principal, evidentemente, Girl You Know It's True, que chegaria ao primeiro lugar nas paradas de sucessos da Alemanha Ocidental, Áustria, Espanha e Grécia, e ao segundo lugar na França, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça. Suas demais músicas de trabalho, Baby Don't Forget My Number, Girl I'm Gonna Miss You (primeiro lugar na Áustria, Bélgica, Holanda e Suíça, segundo na Alemanha Ocidental) e All or Nothing também seriam bastante bem sucedidas, todas entrando para o Top 10 Europeu.

Após o álbum estourar, Farian confessaria a Rob e Fab que o que eles estavam fazendo não era o padrão, e que, se alguém descobrisse, isso seria o fim de suas carreiras, mas que agora era muito tarde para voltar atrás, e que ele garantia que ninguém jamais saberia que não eram eles quem cantavam. Os dois ficaram assustados, mas Farian pagou 20 mil dólares para que eles seguissem com a farsa. Segundo Rob, em dezembro de 1988 finalmente cairia a ficha de que suas vozes jamais seriam ouvidas em uma música do Milli Vanilli, mas, embriagados com o sucesso e o dinheiro, os dois decidiriam prosseguir.

Um dos motivos que levaram Rob e Fab a enganarem a si mesmos e acreditarem que conseguiriam enganar o resto do mundo foi que o Milli Vanilli não era um sucesso apenas por causa das vozes das músicas, mas também por causa deles. Ambos eram considerados homens bonitos, chamavam atenção por sua altura e porte, e o visual criado para a dupla por Farian, apesar de poder ser considerado um tanto brega demais hoje - longos cabelos com tranças afro, blazers com ombreiras enormes, calças ao estilo corsário, com as panturrilhas aparecendo, e sapatos sociais dois números maiores que seus pés, normalmente de duas cores e com biqueiras - logo se tornariam sua marca registrada, com o "visual Milli Vanilli" se tornando instantaneamente reconhecível e até mesmo imitado por outros cantores negros. Rob e Fab seriam chamados não somente para entrevistas, mas para sessões de fotos nas principais revistas da Europa e Estados Unidos, e causariam grande estardalhaço ao se permitirem fotografar totalmente nus (embora sem mostrar as genitais) em uma banheira de um hotel no qual estavam hospedados nos Estados Unidos.

Falando em Estados Unidos, All or Nothing seria lançado lá em março de 1989, pela gravadora Arista, com o nome de Girl You Know It's True, para capitalizar sobre o sucesso da música, que chegaria ao primeiro lugar na parada de música dance da Billboard e ao segundo lugar no Top 100. Baby Don't Forget My Number, Girl I'm Gonna Miss You e Blame It On The Rain (música de trabalho exclusiva para o mercado norte-americano, embora também estivesse no álbum europeu) chegariam todas ao primeiro lugar do Top 100 da Billboard, e All or Nothing chegaria à quarta posição. O álbum renderia nada menos que seis Discos de Platina nos Estados Unidos e um Disco de Diamante no Canadá, chegando ao topo da lista dos mais vendidos am ambos os países, ficando sete semanas no topo da lista norte-americana, 41 semanas no Top 10 e 78 semanas no Top 100, dando ainda ao Milli Vanilli um Grammy de Melhor Artista Novo.

Mas aí, graças a uma aleatoriedade que parece até castigo, tudo isso começaria a se esfarelar.

O sucesso do álbum nos Estados Unidos faria com que a dupla viajasse para lá, para dar entrevistas, tirar fotos para revistas e, logicamente, fazer shows. Durante uma entrevista para a Mtv, em junho de 1989, a diretora Beth McCarthy-Miller estranhou que o inglês da dupla era muito ruim, com um sotaque muito forte, e revelou a colegas estar desconfiada de que não eram eles quem cantavam suas músicas. Aproximadamente um mês depois, em 21 de julho de 1989, durante um show do Milli Vanilli em Bristol, Connecticut, seria usada uma gravação digital para o playback, considerada mais segura que uma fita, que podia dar problema no meio da apresentação. Ironicamente, a gravação digital deu um problema no meio da apresentação, e o trecho do refrão girl you know it's ficou se repetindo várias e várias vezes, como se fosse um disco arranhado. Ao perceber o que tinha acontecido, Rob fugiu do palco, e teve de ser convencido pela DJ Downtown Julie Brown a voltar e terminar o show. Fab estancou e ficou com o microfone na mão, sem saber o que fazer, até que a música parou de pular, voltou a tocar normalmente, e ele decidiu continuar como se nada tivesse acontecido. Por alguma razão, a maior parte do público não percebeu o problema, inclusive dizendo em entrevistas que não notou que se tratava de playback - a imprensa presente, porém, percebeu, e logo começou a perguntar aqui e ali por que eles não estavam cantando ao vivo. Anos depois, em entrevistas, Rob diria ter fugido por palco porque, quando a música começou a pular, ele percebeu que sua carreira havia acabado ali.

No segundo semestre de 1989, a imprensa norte-americana ficaria enlouquecida atrás de notícias sobre Milli Vanilli, não pelo seu sucesso, mas para tentar descobrir se Rob e Fab realmente cantavam suas músicas. Em dezembro, Shaw, alegando estar irritado com Farian por Rob e Fab tendo sido creditados como vocalistas no álbum norte-americano - o álbum europeu trazia apenas um crédito genérico, que incluía Shaw, Davis e Howell, sem atribuir funções a cada um - procuraria a Mtv e confessaria que a voz principal nas canções era dele, chamando Rob e Fab de "impostores". Ao ser procurado por outros jornalistas, porém, Shaw negaria ter dito qualquer coisa sobre o assunto; anos mais tarde, ele confessaria ter aceitado 150 mil dólares de Farian para voltar atrás. As negativas não adiantariam de nada, pois o estrago já estava feito, com agora todos tendo certeza de que o Milli Vanilli era um embuste.

O ano de 1990 seria um verdadeiro inferno astral para o Milli Vanilli. Em março, a dupla daria uma entrevista para a revista Time, que publicaria que Rob teria dito que ele era "o novo Elvis", e que os dois eram mais talentosos que Mick Jagger, Paul McCartney e Bob Dylan; Fab reagiria dizendo que não foi isso que o colega disse, e que eles tiveram dificuldade para entender as perguntas por não serem fluentes em inglês. Em abril, o humorístico In Living Color traria uma paródia do Milli Vanilli, interpretados por Keenan e Damon Wayans; isso abriria a porteira para a zoação da dupla, com um dos esquetes mais famosos sendo o do programa de David Letterman, que listaria dez profissões às quais Rob e Fab poderiam se dedicar agora que não eram mais cantores.

Com o mundo caindo a seu redor, Rob e Fabian começariam a exigir que Farian os deixasse gravar as músicas e cantar nos shows em seu segundo álbum, buscando um recomeço e provar que eram cantores talentosos. Em 14 de novembro de 1990, Farian decidiria demitir os dois, e convocaria uma entrevista coletiva em Frankfurt, na qual confessaria que as vozes não eram deles e os shows eram feitos com playback. Procurado pelo jornal The Los Angeles Times, Rob confirmaria toda a história, e adicionaria que seus dois últimos anos haviam sido "um pesadelo total", que se sentia como "um mosquito sendo esmagado", e que o contrato com Farian era "um pacto com o diabo", pois o produtor era um maníaco que não deixava que eles se expressassem. Uma semana depois da entrevista, o Grammy da dupla foi cassado, e eles tiveram de devolvê-lo; Rob e Fab, então, decidiriam dar uma entrevista coletiva em Los Angeles, para cerca de 100 jornalistas, na qual mais uma vez confessariam não serem os cantores do Milli Vanilli, contariam resumidamente toda a história, e diriam que já iriam devolver mesmo o Grammy, por não se considerarem dignos de mantê-lo - no final da entrevista, os dois ainda cantariam a capella algumas músicas do Milli Vanilli e fariam um rap, para provar que tinham talento e poderiam ter feito tudo eles mesmos se Farian tivesse deixado.

Após essa coletiva, centenas de processos surgiriam na justiça, com fãs pedindo a devolução do dinheiro pago pela compra do álbum e de ingressos dos shows; a Arista aceitaria um acordo segundo o qual os consumidores poderiam manter os álbuns e ainda receberiam um crédito equivalente ao que pagaram para comprar futuros lançamentos da gravadora, e as empresas responsáveis pelos shows aceitariam devolver o valor integral dos ingressos de todos os que se sentiram enganados, incorrendo em prejuízo de dezenas de milhões de dólares. Em dezembro de 1990, o compositor David Clayton-Thomas também processaria o Milli Vanilli, alegando que a música All or Nothing continha um trecho plagiado de uma de suas canções.

Surpreendentemente, apesar de Rob e Fab terem suas carreiras destruídas para sempre, a Arista ter tido um prejuízo gigante, e algumas das empresas que organizaram shows do Milli Vanilli terem até falido, não aconteceu absolutamente nada com Farian, que seguiu sua carreira de produtor musical como se não tivesse culpa nenhuma na história. Ele chegaria até mesmo a pegar as faixas que já estavam sendo gravadas para um segundo álbum do Milli Vanilli e lançar um álbum chamado The Moment of Truth, creditado a uma banda chamada The Real Milli Vanilli - "os verdadeiros Milli Vanilli". Como se isso já não fosse bizarro o suficiente, a capa ainda trazia, sob o título do álbum, a inscrição The 2nd Album - "o segundo álbum".

A capa do álbum trazia quatro dos verdadeiros cantores de suas faixas: Davis, Howell, Gina Mohammed e o rapper Icy Bro - Shaw, de relações cortadas com Farian, não aceitou participar do projeto. Mas o que chamava mais atenção era que a posição central na capa, formando um quinteto, era de Ray Horton, creditado como vocalista, mas que na verdade não participou de nenhuma das músicas, e só estava lá para todo mundo saber que era um lançamento do Milli Vanilli, já que ele era praticamente um clone de Rob e Fab, com o mesmo estilo de cabelo e o mesmo blazer com ombreiras gigantes. A rapper Tammy T, que participa de uma das faixas, bem como as irmãs Rocco, que fizeram backing vocals, não aparecem na capa ou no encarte do álbum, mas são creditadas.

The Moment of Truth seria lançado pela BMG na Europa, Ásia, Nova Zelândia e Brasil, mas não nos Estados Unidos - talvez por Farian não ter tanta audácia assim, talvez por a Arista não querer ter nada a ver com o projeto. O único país no qual ele seria bem sucedido seria a Alemanha, onde seria lançado mais uma vez pela Hansa, e chegaria à vigésima posição na lista dos mais vendidos. Suas duas músicas de trabalho seriam Keep on Running, quarto lugar na parada de sucessos alemã, e Too Late (True Love), a que contava com a participação de Tammy T, mas a música mais famosa seria When I Die, que, no Brasil, faria parte da trilha sonora da novela Lua Cheia de Amor e tocaria bastante nas rádios, e, no exterior, seria regravada por vários outros artistas, incluindo a banda No Mercy, que também tinha Farian como empresário. Outras músicas de sucesso seriam Hard as Hell, cantada por Icy Bro, e Tell Me Where It Hurts, também bastante regravada.

Para terminar de falar sobre a picaretagem de Farian, vale dizer que, em 1992, ele criaria um grupo chamado Try 'n' B, que contava com Kevin Weatherspoon, que também usava o mesmo estilo do Milli Vanilli, Tracy Ganser e as irmãs Rocco. O primeiro e único álbum do Try 'n' B, lançado na Europa e Estados Unidos pela RCA, contava com nada menos que sete das doze faixas de The Moment of Truth, regravadas por Whiterspoon e Ganser, e três novas, incluindo uma cover de Sexy Eyes da banda Dr. Hook & The Medicine Show. O álbum do Try 'n' B fez um sucesso moderado, e depois dele Farian desistiu de vez dessa história de Milli Vanilli.

Enquanto Farian continuava fazendo dinheiro, Rob e Fab lutavam para seguir com suas agora destruídas carreiras. Em 1991, eles aceitariam aparecer em um comercial da goma de mascar sem açúcar Carefree que fazia uma paródia com a história do Milli Vanilli, e dublaram suas versões animadas em um episódio do desenho animado The Adventures of Super Mario Bros. 3. Em 1992, eles pagariam de seus próprios bolsos a gravação da canção Don't Give Up the Fight, para provar que sabiam mesmo cantar; essa canção chamaria a atenção do Joss Enterntainment Group, que os convidaria para se mudarem para Los Angeles e gravar um álbum que seria lançado em maio de 1993 pela Taj Records. Chamado Rob & Fab, o álbum teria como única música de trabalho We Can Get It On, e seria lançado apenas nos Estados Unidos; infelizmente, o escândalo do playback ainda estava muito fresco na memória do público, e o álbum foi um fracasso, vendendo apenas duas mil cópias e não entrando em nenhuma parada de sucessos.

Depois disso, a relação entre Rob e Fab azedou, ao ponto de os dois deixarem de se falar. Fab jamais desistiu de retomar sua carreira fazendo dupla com o amigo, porém, e, após anos de luta, conseguiria convencer Farian a deixá-los gravar um novo álbum com o nome de Milli Vanilli, que pertencia ao produtor, com ele finalmente concordando em 1997. Rob e Fab, então, voltariam a se reunir para uma entrevista para o canal VH1, para o primeiro episódio do programa Behind the Music, e voltaram ao estúdio em Frankfurt para gravar Back and in Attack, aquele que seria o verdadeiro álbum do Milli Vanilli.

Ao longo dos anos, entretanto, Rob, passando por graves problemas pessoais, se entregaria às drogas e ao crime, e chegaria a praticar roubos e assaltos em Los Angeles. Enquanto a dupla estava gravando o álbum, ele seria preso por porte de drogas e armas, e condenado a três meses de cadeia e seis meses em uma instituição de reabilitação para viciados em narcóticos.

Como parte da estratégia de divulgação do álbum, o Milli Vanilli sairia em turnê pela Europa em abril de 1998. No dia 2 daquele mês, contudo, Rob seria encontrado morto, por overdose, em um hotel de Frankfurt. A pedido de Fab, o álbum, já totalmente gravado, jamais seria lançado, permanecendo inédito até hoje.

Ao longo dos anos, Fab trabalharia como músico contratado, orador e DJ. Em 2003, ele finalmente conseguiria lançar um álbum solo, Love Revolution, usando o nome de Fab Morvan e atuando como cantor, compositor, letrista, arranjador e produtor de todas as faixas. Em 2007, ele conseguiria autorização de Farian para lançar uma coletânea do Milli Vanilli, contendo músicas de All or Nothing, The Moment of Truth, Rob & Fab e Love Revolution, lançada na Europa com o nome de Best of the Best e nos Estados Unidos, em 2013, como Girl You Know It's True: The Best of Milli Vanilli.

Em 2012, Fab tentaria montar uma banda chamada Fabulous Addiction, mas só conseguiria gravar um single, See the Light, não conseguindo uma gravadora para lançar um álbum. Dois anos depois, em 2014, ele tentaria de novo, se reunindo com Clarence Jey e Delious Kennedy para gravar o single One of These Nights, usando o nome de NightAir; mais uma vez, eles não conseguiriam uma gravadora disposta a lançar um álbum completo.

Em 2015, Fab e John Davis, um dos "cantores verdadeiros" do Milli Vanilli, anunciariam que estavam trabalhando em um novo álbum que seria lançado sob o nome Milli Vanilli, chamado Face Meets Voice - "o rosto encontra a voz", uma referência bem-humorada ao fato de que Davis fazia a voz enquanto Fab fazia a mímica. A produção seria conturbada, sofreria vários atrasos, e acabaria interrompida em 2021, quando Davis faleceu de covid-19.

Atualmente, Fab trabalha como DJ, mas ganha mais dinheiro fazendo comerciais nos quais interpreta ele mesmo e figurando em produções para a TV e documentários que contem a história do Milli Vanilli.

Um comentário:

  1. Gente, que história cheia de reviravoltas! Eles foram do céu ao inferno muito rápido. Foram enganados e nunca tiveram a chance de dizer o seu lado da história. Tô besta que o Farian nunca prestou contas.
    E cá entre nós, diante de tanta música ruim atualmente, prefiro ouvir a música deles mesmo sendo uma farsa.

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