Ok, essa ideia pode parecer, na verdade, a constatação mais óbvia do mundo, mas nesse caso é uma grande ideia, porque Defensores da Terra, se alguém não está ligando o nome às pessoas, é aquele desenho que reúne quatro dos maiores heróis dos quadrinhos da King Features Syndicate: Flash Gordon, o Fantasma, Mandrake e Lothar. A King não é uma editora de revistas em quadrinhos, como a Marvel e a DC, o que significa que esses personagens não são originários de revistas em quadrinhos, e sim de tiras de jornal. Nos Estados Unidos, tiras de jornal não são produzidas pelos próprios jornais, e sim por "distribuidoras", que, em sua essência, são editoras, contratando roteiristas, desenhistas, arte-finalistas, letristas, e todos os demais profissionais necessários para a produção de uma história em quadrinhos. Essas distribuidoras produzirão as tiras e as negociarão com os diversos jornais do país; os que se interessam pagam uma taxa mensal, e, em troca, recebem todos os dias uma tira do personagem escolhido para incluir em sua publicação. O catálogo de cada distribuidora é extremamente diversificado; no da King, a maior do país, estão presente tiras infantis (Dênis, o Pimentinha), de comédia (Hägar, o Horrível), educativas (Mark Trail), e, é claro, de ação e aventura, como a do Fantasma. Nem todas as tiras são produzidas pelos contratados da própria distribuidora, que atua, também, comprando tiras de outras editoras e as repassando aos jornais; no passado, a King fez isso com as tiras do Pato Donald, da Betty Boop, do Archie, e até mesmo do Homem-Aranha, produzida pela Marvel. Quase todas as distribuidoras têm a palavra syndicate no nome, mas não têm nada a ver com sindicatos (que, em inglês, são unions), com esse nome, na época em que elas foram fundadas, sendo usado com o significado de "cooperativa", já que, inicialmente, os próprios artistas se reuniam e fundavam uma distribuidora - obviamente, faz tempo que isso já não é assim, com as distribuidoras hoje sendo parte de grandes conglomerados de empresas; a King, por exemplo, faz parte da multinacional Hearst Communications.
Pois bem, antes que eu digressione demais, vamos falar sobre Defensores da Terra - apresentando, primeiro, seus quatro heróis principais!
Flash Gordon foi criado em 1934 por Alex Raymond, para competir com outro herói de temática espacial, Buck Rogers. Rogers foi criado originalmente para a história Armageddon 2419 A.D., publicada na edição de agosto de 1928 da revista Amazing Stories, e seu grande sucesso logo faria com que ele fosse adaptado para uma novela de rádio, um filme para o cinema e uma tira de jornal, publicada pela primeira vez em 7 de janeiro de 1929. A tira era escrita pelo mesmo autor da história original, Philip Francis Nowlan, e desenhada por Dick Calkins; sua distribuição ficaria a cargo da National Newspaper Syndicate, na época de propriedade de John F. Dille, que negociaria os direitos de publicação diretamente com Nowlan.
Buck Rogers in the 25th Century A.D. logo se tornaria uma das tiras de jornal de maior sucesso dos Estados Unidos, gerando várias imitações, inclusive Speed Spaulding, também publicada pela National Newspaper Syndicate. No início da década de 1930, a King Features Syndicate já era a maior distribuidora de tiras de jornal dos Estados Unidos, e, evidentemente, não podia ficar para trás. A princípio, a King tentaria conseguir os direitos de John Carter, para fazer uma tira inspirada nos livros escritos por Edgar Rice Burroughs, mas, como não conseguiu chegar a um acordo, recorreu a Raymond, que já era um roteirista e desenhista da casa, na época responsável pelos desenhos de Secret Agent X-9, para que ele criasse um personagem original, inspirado em Rogers. A criação de Raymond faria tanto sucesso que ele hoje é considerado um dos maiores autores de ficção científica de todos os tempos, mesmo sem jamais ter publicado um único livro ou escrito para revistas especializadas.
A história começa quando cientistas descobrem que o planeta Mongo está em curso de colisão com a Terra. Para tentar impedir a catástrofe, o Dr. Hans Zarkov, professor na Universidade de Yale, cria um foguete capaz de chegar a Mongo antes que ele chegue à Terra, mas, enlouquecido, sequestra um de seus alunos, Flash Gordon, jogador de polo atlético, popular e bonitão, e sua namorada, Dale Arden. Quando o foguete chega a Mongo, Flash descobre que a colisão era um plano de seu governante, Ming, o Impiedoso, e consegue impedi-la, destruindo a máquina que Ming estava usando para mover o planeta. Flash, Dale e o Dr. Zarkov, então, ficam em Mongo, sendo caçados pelas tropas de Ming, e ajudando rebeldes a confrontá-lo. Vale dizer que, apesar de a arte de Raymond ser claramente futurista, a tira não dá qualquer indicação de que seja ambientada no futuro - inclusive, na primeira tira são mostrados veículos e aparelhos próprios da década de 1930.
Ao longo dos anos, Flash viajaria por várias regiões de Mongo, como o Reino de Arbórea, governado pelo Príncipe Barin, legítimo herdeiro do trono usurpado por Ming e namorado da filha de Ming, Aura; o reino gelado de Frígia, governado pela Rainha Fria (cujo nome é esse mesmo em inglês, Queen Fria); o reino selvagem de Trópica, governado pela Rainha Desira; o Reino Submarino dos homens-tubarão, governado pelo Rei Kala; o Reino da Savana dos homens-leão, governada pelo Príncipe Thun; e a mais famosa de todas, a cidade voadora dos homens-gavião, governada pelo Príncipe Vultan. Depois de alguns anos de aventuras, Ming é derrotado, Barin assume o trono, e Flash e seus amigos passam a viajar entre a Terra e Mongo constantemente, vivendo aventuras em ambos os planetas. A partir da década de 1950, Flash também passaria a viajar para outros planetas, usando espaçonaves de aspecto futurista e mais velozes que a luz, e enfrentando diferentes vilões. Uma das sagas mais famosas seria a das Guerras Skorpianas, que introduziria o Barão Dak-Tula, que se tornaria um dos principais vilões da história a partir da década de 1970.
A tira de Flash Gordon estrearia em 7 de janeiro de 1934, exatos cinco anos após a de Buck Rogers. Ela logo se tornaria um sucesso ainda maior que a de Rogers, sendo publicada não só nos principais jornais dos Estados Unidos, mas também internacionalmente - no final da década de 1930, Flash Gordon já era publicado em mais de 130 jornais, em oito idiomas, e tinha uma estimativa de 50 milhões de leitores. Inicialmente, a tira era publicada apenas aos domingos, a cores, com roteiro e arte de Raymond; em 1941, a King decidiria lançar também uma tira diária, em preto e branco, com arte de Austin Briggs. Em 1944, Raymond, que era reservista dos Fuzileiros Navais, seria convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial, e a tira diária seria cancelada para que Briggs pudesse ser roteirista e desenhista da tira dominical. Raymond retornaria em 1946, mas a King decidiria manter a tira de Flash Gordon com Briggs, e faria um acordo para que ele criasse uma nova tira; Raymond, então criaria o detetive particular Rip Kirby, mas preferiria ficar apenas como desenhista, com os roteiros ficando com Ward Greene. Raymond faleceria em um acidente de carro em 1956, e John Prentice assumiria Kirby, sendo seu desenhista e roteirista até ele também falecer, em 1999.
Enquanto isso, a tira dominical de Flash Gordon ficaria com Briggs até 1948, quando ele seria contratado para ser ilustrador da Reader's Digest; ela então passaria para Mac Raboy, que seria seu desenhista e roteirista até 1967. Em 1951, a King decidiria relançar a tira diária, mas com uma história independente da dominical, inicialmente com Dan Barry como roteirista e desenhista. Harry Harrison seria o roteirista entre 1958 e 1964, ainda com Barry como desenhista, com Barry retornando a acumular ambas as funções após sua saída. Após a saída de Raboy, Barry assumiria também a tira dominical, o que faria com que, a partir de 1967, tanto a tira diária quanto a dominical seguissem a mesma história. Barry seria o autor mais longevo de Flash Gordon, somente deixando a tira em 1990, quando seria substituído pelo roteirista Bruce Jones e pelos desenhistas Ralph Reese (tira diária) e Gray Morrow (tira dominical). Já no ano seguinte, 1991, o trio daria lugar ao roteirista Thomas Warkentin e ao desenhista Andrés Klacik. Em 1992, a tira diária seria definitivamente cancelada, mas a dominical seguiria com uma equipe composta por Warkentin, Klacik, e os roteiristas e desenhistas Richard Brunning e Kevin Van Hook até 1996, quando Jim Keefe assumiria como único roteirista e desenhista. Ao longo desses anos todos, algumas tiras contaram com roteiristas e desenhistas convidados, incluindo Harvey Kurtzman, Frank Frazetta, Al Williamson, Bob Fujitani, Jack Davis, Sy Barry, Fred Kida, Emil Gershwin, John Romita e Joe Kubert. A última tira inédita seria publicada em 3 de julho de 2003; até hoje, porém, jornais do mundo inteiro republicam as tiras antigas, principalmente as de Keefe.
As tiras criadas por Raymond são hoje consideradas como algumas das histórias em quadrinhos de melhor roteiro e melhor arte de todos os tempos, e seriam bastante influentes em outras obras de ficção científica e fantasia. Jerry Siegel e Joe Shuster, os criadores do Superman, eram fãs de Flash Gordon, assim como Dennis Neville, que se inspirou no povo-gavião para criar o herói Gavião Negro. Um dos filmes de ficção científica de maior sucesso da década de 1960, Barbarella, seria adaptação de uma história em quadrinhos francesa, criada por Jean-Claude Forest, que decidiria fazer uma "versão adulta" de Flash Gordon. Até mesmo Star Wars teve grande influência de Flash Gordon, mas dos seriados feitos para o cinema, e não dos quadrinhos.
Ah, sim, falando nisso, o grande sucesso das tiras de Flash Gordon fariam com que o herói migrasse para as telas do cinema ainda na década de 1930, com o lançamento de três serials - seriados filmados em película e exibidos nos cinemas, por vezes em sessões próprias, por vezes antes de algum outro filme. O primeiro se chamaria simplesmente Flash Gordon, e seria lançado em 1936, com 13 episódios; em seguida viriam Flash Gordon's Trip to Mars (1938, 15 episódios) e Flash Gordon Conquers the Universe (1940, 12 episódios). Os três seriam filmados pela Universal, em preto e branco, e contariam com Buster Crabbe como Flash Gordon, Charles B. Middleton como Ming e Frank Shannon como o Dr. Zarkov; Dale é interpretada nos dois primeiros por Jean Rogers e no terceiro por Carol Hughes, e Barin nos dos primeiros por Richard Alexander e no terceiro por Roland Drew. Na década de 1940, cada um dos três seria condensado, editado e relançado como um filme.
Mas o filme mais famoso com Flash Gordon é o de 1980, dirigido por Mike Hodges, escrito por Lorenzo Semple Jr., produzido pelo lendário Dino de Laurentiis e com trilha sonora composta pelo Queen. De Laurentiis adquiriria os direitos para adaptar Flash Gordon na década de 1960, mas o projeto passaria anos suspenso; diz a lenda que George Lucas tentaria adquiri-los de de Laurentiis na década de 1970, e decidiria fazer Star Wars após não conseguir. Antes de Hodges, de Laurentiis convidaria para a direção Federico Fellini, que não aceitou, e Nicolas Roeg, que seria demitido por estar fazendo o filme "muito sério". Apesar de bem fiel aos quadrinhos, o filme possui, por exigência de de Laurentiis, um tom humorístico semelhante ao da série do Batman (com Adam West e Burt Ward, da qual Semple também era roteirista), e, por isso, não costuma ser muito bem-visto pelos fãs. No filme, Ming (Max von Sydow) decide destruir a Terra causando desastres naturais, dentre eles fazer com que a Lua saia de sua órbita e se choque contra o planeta; Flash (Sam J. Jones) é um jogador de futebol americano (do New York Jets) que está viajando com sua agente, Dale Arden (Melody Anderson), quando o avião é atingido por um meteoro, parte do ataque de Ming, e faz um pouso de emergência na estufa do Dr. Hans Zarkov (Topol), que construiu uma espaçonave para ir investigar a fonte dos desastres, e engana Flash e Dale para que vão com ele. Além de von Sydow e Topol, que eram grandes astros na época, o filme conta com a participação de vários atores do primeiríssimo time, como Ornella Muti (Princesa Aura), Timothy Dalton (Príncipe Barin), Brian Blessed (Príncipe Vultan), Peter Wyngarde (General Klytus, o comandante das tropas de Ming, criado exclusivamente para o filme) e George Harris (Príncipe Thun). Jones se desentenderia com de Laurentiis durante as filmagens, e as abandonaria durante a pós-produção; não se sabe se por implicância ou por algum problema de gravação, vários de seus diálogos seriam regravados pelo dublador Peter Marinker. Filmado na Inglaterra, o filme seria um grande sucesso na Europa, mas um fracasso nos Estados Unidos; a crítica o receberia bem e, nos anos seguintes, ele se tornaria cult. O filme ganharia uma adaptação em quadrinhos, com roteiro de Bruce Jones e arte de Al Williamson, uma versão em romance, escrita por Arthur Byron Cover, um game para o Atari 2600 e uma máquina de pinball.
Na televisão, Flash já foi astro de quatro séries. A primeira teria 39 episódios de 30 minutos cada em preto e branco, exibidos entre 15 de outubro de 1954 e 15 de julho de 1955, e contaria com Steve Holland como Flash, Irene Champlin como Dale, e Joseph Nash como o Dr. Zarkov. Essa série ficaria famosa por dois motivos: primeiro, ela não tinha nada a ver com os quadrinhos, sendo ambientada no ano 3203 e mostrando o trio viajando pela galáxia em uma nave espacial e enfrentando vários vilões genéricos; segundo, ela seria filmada em Berlim menos de dez anos após o fim da Guerra, mostrando como a cidade foi devastada pelo conflito. Entre 22 de setembro de 1979 e 6 de novembro de 1982, seria exibida, em duas temporadas de 16 episódios cada, As Novas Aventuras de Flash Gordon, criada pela famosa dupla Norm Prescott e Lou Scheimer, que inicialmente seria filmada com atores, mas, para cortar custos, acabaria sendo uma série de animação; essa seria mais fiel aos quadrinhos, mas também ficaria mais infantil. Em 1982, o famoso estúdio Filmation produziria um filme de animação para a TV, chamado Flash Gordon: The Greatest Adventure of All, ambientado durante a Segunda Guerra Mundial; esse filme seria feito a partir de um roteiro não utilizado para a série, no qual Ming decide ajudar Hitler a ganhar a guerra. Em 1996 seria lançada uma nova série animada, de 26 episódios, na qual Flash e Dale são adolescentes e praticam esportes radicais. A série mais recente seria produzida pelo canal Sci-Fi, teria 21 episódios de uma hora cada exibidos entre 10 de agosto de 2007 e 8 de fevereiro de 2008, e contaria com Eric Johnson como Flash, Gina Holden como Dale, Jody Racicot como o Dr. Zarkov, e John Ralston como Ming.
Flash também seria astro de duas novelas de rádio, a primeira transmitida entre 22 de abril e 26 de outubro de 1935, a segunda entre 28 de outubro de 1935 e 6 de fevereiro de 1936, ambas inspiradas nas tiras dos jornais mas com histórias diferentes; de um musical de teatro infantil, que estreou em 1989; e de duas séries de livros, a primeira voltada para o público infanto-juvenil, com 15 títulos publicados pela Whitman entre 1934 e 1948, e a segunda voltada para o público adulto, com 6 títulos publicados em 1973 pela Avon Books. Um romance baseado na saga dos quadrinhos As Cavernas de Mongo seria publicado em 1936 pela Grosset & Dunlap, e uma revista com contos estrelados pelo herói, chamada Flash Gordon Strange Adventure Magazine seria publicada no mesmo ano pela Harold Hersey. Finalmente, Flash Gordon seria astro, ao longo dos anos, de várias revistas em quadrinhos, a maioria delas republicando as tiras dos jornais; as mais notáveis exceções são uma minissérie de nove edições lançada pela DC em 1988, com roteiro e arte de Dan Jurgens, e um especial da Marvel em duas edições, com roteiro de Mark Schultz e arte de Al Williamson, lançadas em 1995.
Mandrake, o Mágico é do mesmo ano que Flash Gordon, mas foi criado por Lee Falk. Um mágico de palco que secretamente possui poderes, ao invés de usar apenas truques, Mandrake (cujo nome em inglês, pronunciado "mendrêik", significa mandrágora, planta historicamente relacionada à bruxaria e à feitiçaria) é considerado o primeiro super-herói das histórias em quadrinhos, e estrearia em uma tira diária (de segunda a sábado em preto e branco, aos domingos em cores) escrita e desenhada por Falk em 11 de junho de 1934; poucas semanas depois, Phil Davis assumiria como desenhista, ficando Falk, que trabalhava em outras tiras da King, apenas como roteirista. Davis faleceria repentinamente de ataque cardíaco em 1964, e seria substituído nos roteiros por Fred Fredericks, escolhido pessoalmente por Falk. Fredericks e Falk seriam a dupla responsável pela tira até 1999, quando Falk faleceria, aos 87 anos; Fredericks, então, ficaria responsável pelos roteiros e desenhos até decidir se aposentar, em 2013, quando a King decidiria cancelar a tira de Mandrake - que já estava sendo publicada apenas de segunda a sábado desde 2002, quando a dominical foi cancelada. A última tira inédita de Mandrake seria publicada em 6 de julho de 2013; assim como ocorre com Flash Gordon, muitos jornais ainda republicam as antigas, especialmente as originalmente publicadas a partir de 1995.
Falk criaria Mandrake na infância, e tinha apenas 23 anos quando o ofereceu à King; ele sempre foi apaixonado por números de mágica, e se inspiraria em sua própria aparência - magro, cabelos penteados para trás, bigode fino - para criar a do herói, dando a ele o uniforme que se tornaria o estereótipo de mágico nos quadrinhos: fraque, cartola, capa e bengala. A aparência e o gestual de Mandrake influenciariam praticamente todos os mágicos criados para os quadrinhos depois dele, sendo o mais famoso Zatara, o pai da feiticeira Zatanna, da DC. Curiosamente, na década de 1930 havia um mágico, chamado Leon Giglio, que se parecia fisicamente com Mandrake e se apresentava com uma roupa semelhante - inclusive com uma capa de fundo vermelho, que, na época, não era comum, mas depois se tornou a "capa de mágico" - e, por publicidade, depois da estreia da tira, começaria a declarar que Falk havia se inspirado nele para criar o personagem. Giglio chegaria a passar a trabalhar com o nome artístico de Leon Mandrake, atraindo grande público; apesar de declarar em entrevistas que ele não foi a fonte de sua inspiração, Falk nunca tomou nenhuma ação para impedi-lo, achando tudo muito divertido.
Nos quadrinhos, Mandrake é um mestre do hipnotismo; através de gestos rápidos e quase imperceptíveis, ele consegue hipnotizar qualquer pessoa em segundos, normalmente usando esse poder para que seus alvos enxerguem ilusões ou pensem que ele está invisível - e nunca para controlar suas mentes. Em algumas histórias, Mandrake demonstra possuir outros poderes, como o de mudar de forma, levitar ou se teletransportar, e em algumas ocasiões é deixado subentendido que ele envelhece mais lentamente que uma pessoa normal, podendo já ter uma centena de anos. Apesar de todos os poderes serem dele mesmo, sua cartola, capa e varinha também são itens mágicos, que ele recebeu de seu pai, Theron, que também era um mágico, e que ele pode usar para feitiços ainda mais poderosos. Mandrake vive em uma fortaleza de alta tecnologia, chamada Xanadu, no topo de uma montanha no norte do Estado de Nova Iorque, e, para todos os efeitos é um mágico de palco comum; quando não está se apresentando, ele atua como detetive, desvendando crimes e enfrentando criminosos, e de vez em quando entra em combate contra alguma entidade sobrenatural que deseje dominar a Terra.
Mandrake possui um parceiro, Lothar, Príncipe das Sete Nações Africanas. Mandrake e Lothar se conheceram durante uma viagem do mágico à África, e, após viverem uma aventura juntos, se tornaram melhores amigos, com Lothar decidindo regressar aos Estados Unidos com Mandrake para ajudá-lo a combater o crime. Lothar também possui superpoderes, tendo força suficiente para conseguir erguer um carro ou elefante com apenas uma das mãos, jamais se cansando durante qualquer atividade física, sendo imune aos efeitos do calor e do frio, e tendo pele impenetrável por qualquer arma criada por mãos humanas, desde facas a balas de metralhadora; além disso tudo, apesar de poder ser ferido por magia, ele não pode ser hipnotizado ou controlado por ela, e nunca recebe dano direto de ataques mágicos - como ser atingido por uma bola de fogo ou raio mágico. A origem de todos esses poderes jamais foi explicada. Lothar é considerado por muitos historiadores como o primeiro super-herói negro dos quadrinhos, e é um dos primeiros combatentes do crime negros da ficção. Ele estrearia já na primeira tira de Mandrake, mas, durante muito tempo, foi retratado como uma espécie de escravo do mágico, ajudando-o porque ele era seu mestre, e falando inglês com erros ortográficos e gramaticais; somente em 1964, quando Fredericks assumiu os roteiros, ele decidiu mudar a história para que os dois fossem melhores amigos, para que Lothar ajudasse Mandrake voluntariamente, e passou a escrever seus diálogos com inglês correto, inclusive dando a entender que, além de poderoso, Lothar também era muito inteligente.
Outros aliados de Mandrake são a Princesa Narda, interesse amoroso do mágico, da fictícia nação europeia de Cockaigne, governada por seu irmão, Segrid; Hojo, o chef de Xanadu, na verdade um agente secreto mestre das artes marciais, que fala seis idiomas e usa a ajuda de Mandrake para solucionar casos bizarros; Bradley, o Chefe de Polícia, que recorre a Mandrake sempre que se depara com algum caso inexplicável; Lenore, meio-irmã de Mandrake por parte de mãe, arqueóloga e exploradora; e Karma, modelo africana e noiva de Lothar, introduzida na década de 1960 por Fredericks. Fredericks também passaria a usar como personagem coadjuvante o pai de Mandrake, Theron, fazendo dele diretor de uma escola de magia no Himalaia, e revelando que ele tem centenas de anos.
O arqui-inimigo de Mandrake é o Cobra, que na verdade é Luciphor, seu meio-irmão por parte de pai, que é mais velho que Mandrake e se ressente por não ter sido escolhido como sucessor de Theron. Seu principal objetivo é encontrar os dois Cubos de Cristal, que elevarão seu poder mágico latente ao infinito e o transformarão no mágico mais poderoso da Terra. Além de Luciphor e Lenore, Mandrake tem um irmão gêmeo, Derek, que possui poderes muito inferiores aos dele, os utiliza na maior parte das vezes para ganhar dinheiro, e em algumas histórias é o vilão, normalmente cometendo pequenos crimes. Outros vilões recorrentes são Saki, o Mestre dos Disfarces, capaz de assumir qualquer aparência, e que deixa um pequeno camelo de argila nos locais onde comete crimes; Aleena, mágica ex-colega de Mandrake, que usa seus poderes para cometer crimes, e sempre está tentando seduzir o mágico; Nitro Cain, criminoso que usa bastões explosivos como armas; e a organização criminosa 8, cujo símbolo é um polvo, que existe desde a época medieval e é liderada pelo misterioso Octon, cujo rosto só aparece em uma tela de computador.
A longo dos anos, além de nos jornais, Mandrake também teria histórias publicadas em várias revistas em quadrinhos, a maior parte delas republicações ou remakes das tiras. Em 1995, a Marvel tentaria lançar uma minissérie do personagem em três edições, com roteiro de Mike W. Barr e arte de Rob Ortaleza, mas as vendas seriam tão baixas que apenas duas edições seriam lançadas. O mágico também seria astro de uma novela de rádio, transmitida entre 11 de novembro de 1940 e 6 de fevereiro de 1942; de um seriado para o cinema em 12 episódios em preto e branco, produzido pela Columbia e lançado em 1939, com Warren Hull como Mandrake e Al Kikume como Lothar; e de dois filmes para a TV, lançados em 1954 e 1979. Desde a década de 1960, quando Federico Fellini, que era amigo de Falk, se mostrou interessado em dirigir, se fala na produção de um filme de Mandrake para o cinema; em 1980, após o lançamento do filme de Flash Gordon, a Embassy Pictures chegaria a contratar Michael Almereyda para escrever um roteiro, mas depois o engavetaria. Em 2007, a Baldwin Entertainment Group e a Hyde Park Entertainment comprariam os direitos de Mandrake para produzir um filme dirigido por Mimi Leder, com Jonathan Rhys Meyers no papel do mágico; em 2009 seria anunciado que Meyers seria substituído por Hayden Christensen, e que Lothar seria interpretado por Djimon Hounson, mas as filmagens jamais começariam. As últimas notícias sobre o filme são de 2016, segundo as quais Sacha Baron Cohen teria substituído Christensen.
O Fantasma é o mais recente dos três. Também criado por Falk, ele faria sua estreia numa tira em preto e branco, publicada de segunda a sábado, em 17 de fevereiro de 1936; em 28 de maio de 1939 estrearia a tira dominical, a cores e apresentando histórias independentes daquelas de segunda a sábado. A história do Fantasma começa em 1536, quando o pai do marinheiro inglês Christopher Walker é morto no litoral do fictício país africano de Bangala durante um ataque de piratas. Walker jura sobre o crânio do pai que combaterá o mal e protegerá o povo de Bangala pelo resto da eternidade, e, para isso, ele cria a Lenda do Fantasma: usando um uniforme que deixa apenas parte de seu rosto e suas mãos à mostra, e contando com seu conhecimento da selva, Walker inflige o medo no coração dos bandidos, que acreditam não estarem lutando contra um ser humano comum. Uma parte essencial da Lenda do Fantasma é que ele é imortal; para isso, todos os descendentes masculinos de Walker, ao atingir a idade apropriada, devem também assumir o manto do herói, para que aparente ser sempre o mesmo Fantasma desde o século XVI. As tiras de jornal acompanham as aventuras do vigésimo-primeiro Fantasma, também chamado Christopher Walker, mas de apelido Kit.
O Fantasma não possui superpoderes, contando apenas com sua força, agilidade, inteligência e com o mito de sua imortalidade; Walker treinou até atingir o ápice de sua forma física, e é considerado brilhante em várias áreas do conhecimento, mas ainda é um ser humano comum. Ele foi enviado por seu pai, também chamado Christopher (o vigésimo Fantasma), para estudar nos Estados Unidos, onde conheceu e se casou com Diana Palmer e teve dois filhos, a menina Heloise e o menino Kit (aparentemente, o nome verdadeiro do Fantasma também tem de ser sempre o mesmo), que já começou seu treinamento para se tornar o vigésimo-segundo Fantasma. Todos os Fantasmas, quando estão em Bangala, moram em uma moderna fortaleza construída dentro da sinistra Caverna da Caveira, e contam com a ajuda de dois companheiros animais, o cavalo Herói e o lobo Capeto - que, assim como o Fantasma, são substituídos de tempos em tempos, mas sempre por animais idênticos, para passar a impressão de que são imortais. O Fantasma conta com um anel com o símbolo da caveira, com o qual deixa sua marca em seus oponentes, conhecida como Marca do Bem. Os nativos de Bangala costumam chamar o herói de "O Espírito que Anda" e "O Homem que Não Pode Morrer", acreditando em sua imortalidade.
O Fantasma seria o primeiro super-herói a usar collant, algo que se tornaria uma marca registrada do gênero, e o primeiro a usar uma máscara do tipo domino, preta e que só cobre os olhos, que são retratados sem pupilas, algo que também se tornaria uma marca dos super-heróis - Falk declararia ter se inspirado nas esculturas gregas, cujos olhos sem pupilas deixavam com um aspecto sobrenatural que ele queria que o Fantasma transmitisse. Para os historiadores, ele é considerado um "herói de transição", no meio do caminho entre heróis pulp como o Sombra e Tarzan e os primeiros super-heróis a receberem esse nome, Superman e Batman. Vale citar como curiosidade que o uniforme do Fantasma é roxo, mas, em diversos países, como a tinta roxa era muito cara, ele seria pintado com outra cor - no Brasil, durante muitos anos, o Fantasma vestiria um uniforme vermelho.
A criação do Fantasma seria um produto direto do grande sucesso de Mandrake, que levaria a King a pedir que Falk criasse um novo herói. Ele inicialmente criaria uma história baseada na lenda do Rei Arthur, que seria rejeitada, tendo a ideia para o Fantasma, um herói que se faz passar por imortal, por acaso, enquanto voltava para casa. Inicialmente, o Fantasma seria um playboy milionário chamado Jimmy Wells, que vestiria o uniforme para combater o crime durante a noite; enquanto escrevia sua primeira história, que seria ambientada na selva por influência de Os Livros da Selva, uma das obras preferidas de Falk na infância, ele decidiria mudar toda a história, criando a Lenda do Fantasma e seus demais elementos. "O Fantasma" seria um nome provisório, e Falk não gostava muito dele, por já existirem vários outros personagens com "fantasma" no nome (incluindo O Fantasma da Ópera, de onde Falk teria tirado o nome, segundo boatos), mas, por não conseguir criar outro até o dia de entregar a história à King, deixaria esse mesmo.
Falk seria roteirista e desenhista do Fantasma por duas semanas, quando seria substituído na arte por Ray Moore, ficando só com os roteiros. Durante a Segunda Guerra Mundial, Moore, que serviu aquartelado, passaria a dividir os desenhos com seu assistente, Wilson McCoy, que assumiria definitivamente a arte em 1949. McCoy faleceria repentinamente de uma doença desconhecida em 1961, sendo substituído inicialmente por Carmen Infantino, que faria fama como desenhista da DC, então por Bill Lignante, e, antes do fim do ano, por Sy Barry. Barry seria responsável por uma modernização do Fantasma, dando várias ideias a Falk para deixar o personagem mais de acordo com a época na qual as histórias se passavam, dentre elas a de que Bangala deveria ser uma democracia, e que seu presidente pedia ajuda ao Fantasma para solucionar crimes ocorridos no país - até então, Bangala era uma espécie de estado tribal, algo já bem incomum na África da década de 1960, e as aventuras do Fantasma que não envolvessem elementos da selva, como contrabandistas e piratas, eram ambientadas em outros países, normalmente nos Estados Unidos.
Barry seria desenhista do Fantasma até se aposentar, em 1994, quando seria substituído por George Olsen na tira diária; Eric Doescher assumiria a tira dominical por um ano, sendo então substituído por Fred Fredericks. Em 1999, Falk faleceria, e a King entraria em contato com a editora dinamarquesa Egomont, que publicava na Escandinávia a revista Fantomen, que republicava as tiras do Fantasma junto a aventuras inéditas, escritas por Tony DePaul e Claes Reimerthi. No primeiro ano, DePaul ficaria responsável pela tira diária e Reimerthi pela dominical, mas, a partir de 2000, DePaul passaria a ser o único roteirista. Essa seria uma época muito conturbada para os fãs do Fantasma, que não gostavam dos roteiros de DePaul, principalmente porque ele reaproveitava muitas das histórias da Fantomen; as críticas aumentariam ainda mais quando, também em 2000, Graham Nolan passaria a ser o desenhista da tira dominical, e, em 2005, Paul Ryan passaria a ser o da diária, pois ambos também desenhavam as histórias de DePaul na Fantomen. A King, porém, pagaria pra ver, e não somente manteria o trio como também passaria a tira diária para Ryan em 2007, após a saída de Nolan. Em 2011, o uruguaio Eduardo Barreto assumiria a dominical, mas faleceria apenas alguns meses depois, com Ryan desenhando dois domingos antes de Terry Beatty assumir. Em 2016, Ryan também faleceria de repente, sendo substituído por Mike Manley, e, no ano seguinte, Beatty seria substituído por Jeff Weigel.
As tiras do Fantasma são publicadas até hoje, sendo que, desde 2016, as tiras diárias também são em cores; atualmente, os roteiros são de responsabilidade de DePaul, com Manley desenhando as tiras diárias e Weigel as dominicais. Ele é considerado o herói mais popular da King e parte do Top 3 da empresa, junto com Popeye e o Recruta Zero. No auge de sua popularidade, ele chegou a ser publicado em 583 jornais do mundo todo, com uma estimativa de 100 milhões de leitores; as tiras do Fantasma já foram publicadas em mais de 100 países, e em mais de 20 idiomas. Mas a história mais curiosa envolvendo o Fantasma num país estrangeiro ocorreu quando soldados norte-americanos aquartelados na Papua Nova Guiné durante a Segunda Guerra Mundial receberam caixas com revistas em quadrinhos para passar o tempo. O rosto do Fantasma se tornaria tão popular com o povo local que eles passariam a pintá-lo em escudos, junto a seus desenhos tribais característicos.
Assim como Flash Gordon e Mandrake, o Fantasma foi publicado em diversas revistas em quadrinhos, a maioria delas com republicações das tiras; dentre as inéditas, o destaque vai para uma minissérie publicada pela DC entre maio e agosto de 1988, com roteiro de Peter David e arte de Joe Orlando, que daria origem a uma série regular, com 13 edições publicadas entre março de 1989 e março de 1990, escrita por Mark Verheiden e desenhada por Luke McDonnell, que fez bastante sucesso e só foi cancelada porque a DC não conseguiu chegar a um acordo com a King para a renovação da licença. A Marvel também publicaria uma minissérie, em três edições entre fevereiro e abril de 1995, com roteiro de David de Vries e arte de Glenn Lumsden, mas ambientada no futuro e acompanhando o vigésimo-segundo Fantasma. A editora Moonstone também publicaria várias minisséries, edições especiais e séries regulares do Fantasma, com histórias diferentes daquelas das tiras de jornal, a partir de 2002. Mas a mais longa série em quadrinhos com histórias inéditas do Fantasma foi publicada na Austrália entre 1948 e 2008 pela editora Frew; todas essas histórias seriam feitas por artistas australianos, e jamais seriam republicadas em nenhum outro lugar do planeta.
No cinema, o Fantasma seria astro de um seriado em 15 episódios em preto e branco produzido pela Columbia em 1943, com Tom Tyler no papel do herói e Jeanne Bates como Diana Palmer; no enredo, dois cientistas de países rivais tentam encontrar a Cidade Perdida de Zoloz, um para explorá-la pelo conhecimento, o outro para usar seus recursos na Guerra, e, para isso, precisam de sete partes de um mapa, que estão escondidas em Bangala. Em 1996, seria lançado um filme para o cinema, com Billy Zane no papel do herói e Kristy Swanson como Diana; ambientado em 1938, o filme alterna entre Bangala e Nova Iorque, com o Fantasma tendo de impedir o empresário Xander Drax (Treat Williams) de reunir três crânios mágicos que lhe darão poderes ilimitados. Na TV, o personagem seria astro do desenho animado Fantasma 2040, que teve 35 episódios divididos em duas temporadas (a primeira com 20, a segunda com 15), exibidos entre 18 de setembro de 1994 e 3 de março de 1996, ambientado no futuro (em 2040, como diz o título) e acompanhando as aventuras do vigésimo-quarto Fantasma. A produção mais recente é uma minissérie em dois episódios do canal Syfy, exibidos em 22 e 23 de dezembro de 2009, também ambientada no futuro, com Ryan Carnes interpretando Kit Walker, o filho, já adulto e no papel de um vigésimo-segundo Fantasma futurista que não agradou muito aos fãs.
Defensores da Terra é ambientado no ano de 2015, no qual todos os recursos naturais do planeta Mongo se extinguiram, e Ming decide dominar a Terra para explorá-la. Flash Gordon, que há anos estava em Mongo lutando contra Ming, consegue chegar à Terra antes dele, e, para deter a invasão, recruta o Fantasma, Mandrake e Lothar. Flash e Mandrake são bem fiéis aos quadrinhos, mas o Fantasma e Lothar tiveram algumas alterações: o Fantasma, que também se chama Kit Walker, mas é o vigésimo-sétimo Fantasma, o que é matematicamente impossível de conciliar com as tiras de jornal, tem um anel capaz de disparar um raio laser, que deixa a Marca do Bem nos inimigos à distância, e, ao recitar a frase "pela Lei da Selva, o Espírito que Anda conclama a força de dez tigres" (o que também não faz sentido, já que não existem tigres na África) adquire força sobre-humana por alguns minutos; já Lothar, apesar de retratado como bastante forte, ágil, conhecedor de artes marciais, um gênio da estratégia e expert em mecânica, não possui nenhum dos superpoderes que tem nos quadrinhos, sendo um humano comum no ápice da forma física, como o Fantasma das tiras - além disso, no desenho, Lothar é caribenho, e não africano.
Além dos quatro heróis, a equipe de Defensores da Terra conta com quatro adolescentes: Rick Gordon é o filho de Flash, um gênio da computação tão corajoso quanto o pai, mas muito mais impulsivo; L.J. (sigla para Lothar Junior) é o filho de Lothar, prodígio das artes marciais; Jedda é a filha do Fantasma, que, sem maiores explicações, possui telepatia e poderes extrassensoriais; e Kshin é um órfão adotado por Mandrake para ser seu pupilo, que possui pequenos poderes de hipnotismo por estar ainda no início de seu treinamento. A base dos Defensores é equipada com o moderno computador Dynac X, que possui a mente da esposa de Flash e mãe de Rick, assassinada por Ming - o nome dela jamais é dito, mas fica subentendido que é Dale Arden. A equipe conta também com dois mascotes, a pantera negra Kisa, companheira inseparável de Jedda, com a qual ela consegue se comunicar usando telepatia, e o alienígena Zuffy, que se parece com um macaquinho, foi resgatado por Rick no planeta Mongo, e se tornou amigo de Kshin. O cavalo Herói e o lobo Capeto fazem participações especiais em alguns episódios, e um episódio que envolve viagem no tempo conta com a participação de outro personagem das tiras de jornal da King, o Príncipe Valente.
O principal antagonista é Ming, o Impiedoso, que montou uma base no ártico de onde coordena ataques que visam explorar os recursos naturais da Terra. Ele é acompanhado por seu filho, o Príncipe Kro-Tan, tão impiedoso quanto ele; sua filha, a mimada Princesa Castra; Mongor, uma serpente gigante que ele tem como animal de estimação; e Octon, uma inteligência artificial em um corpo robótico que se parece com um polvo, que serve como conselheiro e estrategista de Ming. Ming comanda um exército de robôs, destruídos às dezenas pelos heróis em cada episódio e comandados pelo General Garax. Outros vilões são os Piratas Espaciais; a Rainha Hadea, governante do Submundo, habitado por uma raça de humanoides pálidos e deformados, apaixonada pelo Fantasma e supostamente mãe de Jedda; Graviton, um ser extradimensional que procura por um artefato mágico que lhe dará poder para governar a Terra; e Kurt Walker, o irmão mais velho de Kit, criado especialmente para o desenho, que foi deserdado por seu pai após trapacear na prova para se tornar Fantasma, e agora quer destruir Kit para se vingar.
Defensores da Terra seria exibido, já em regime de syndication (em vários canais simultaneamente), entre 8 de setembro e 5 de dezembro de 1986, para um total de 65 episódios. Surpreendentemente, o desenho foi criado pela Marvel, que procurou a King com a proposta de olho em uma série em quadrinhos e uma linha de brinquedos associadas. A série em quadrinhos realmente seria lançada, mas um mês após o fim da primeira temporada da série animada, em janeiro de 1987; a primeira edição teria roteiro de Stan Lee, e a série foi pensada para ser regular, mas, após outras três edições (escritas por Michael Higgins; todas as quatro tiveram arte de Alex Saviuk), ela seria cancelada por baixas vendas, mesmo com uma história em aberto e um aviso de que a história continuava na próxima edição. O insucesso da revista seria usado como argumento pela King para não renovar o contrato para uma segunda temporada do desenho, embora a primeira tenha tido boa audiência. A linha de brinquedos também seria lançada em 1987, pela Galoob, e contaria com apenas seis bonecos: Flash Gordon, Mandrake, Lothar, o Fantasma, Ming e Garax. Em 1990, seria lançado Defenders of the Earth, um game para os computadores Amiga, Atari ST, Commodore 64, Amstrad CPC, SAM Coupe e ZX Spectrum, no qual o jogador controlava Flash Gordon tendo de invadir a fortaleza de Ming para impedir o vilão, enfrentando Garax, Octon e Mongor pelo caminho e contando com a ajuda de Mandrake, Lothar e do Fantasma em algumas fases.
Para terminar, vale dizer que a letra da música de abertura do desenho foi escrita por ninguém mais, ninguém menos, que Stan Lee. Curiosamente, e não sei por qual motivo, na versão brasileira, exibida pelo SBT, a abertura não era cantada, contando apenas com um tema instrumental.
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