domingo, 18 de julho de 2021

Escrito por em 18.7.21 com 0 comentários

Shreya Ghoshal

Quando eu fui fazer o quarto post para encerrar o Mês da Índia, fiquei na dúvida entre duas cantoras, Sunidhi Chauhan e Shreya Ghoshal. Curiosamente, na Índia as duas são tidas como rivais, e seus fãs se envolvem em verdadeiras batalhas para tentar provar que uma é melhor cantora que a outra, incluindo provocações, corridas para comprar os mais recentes lançamentos e até mesmo boicotes aos filmes que tenham músicas da rival. Como eu não sou indiano, e acho isso meio que uma palhaçada, gosto das duas, e acabei optando por Sunidhi por achar que ela tem uma voz mais bonita. Continuei com vontade de falar sobre Shreya, porém, e, como não há nenhuma lei que diga que eu não posso fazer um post sobre uma cantora indiana fora do Mês da Índia, resolvi fazer um sobre ela hoje. Hoje é dia de Shreya Ghoshal no átomo!

Shreya nasceu em 12 de março de 1984 na cidade de Berhampore, no estado indiano de Bengala Ocidental, próxima à fronteira com Bangladesh, mas cresceu em Rawatbhata, no Rajastão, no norte do país, para onde seus pais se mudaram quando ela tinha três anos de idade. Seu pai, Bishwajit Ghoshal, era funcionário da NPCIL, a empresa pública indiana de geração de energia elétrica a partir de usinas nucleares, e foi transferido de cidade ao ser promovido; sua mãe, Sarmistha Ghoshal, era formada em literatura, mas não trabalhava. O casal ainda teve um outro filho, mais novo que Shreya, chamado Soumyadeep Ghoshal.

Shreya começaria a estudar música aos quatro anos de idade, graças a um programa de atividades para filhos de funcionários da NCPIL; graças ao emprego de seu pai, aliás, ela estudaria até a oitava série na Atomic Energy Central School No.4, parte de uma rede apenas para filhos de funcionários da NPCIL. Aos 6 anos, ela faria sua primeira apresentação no palco, e chamaria a atenção de Kalyanji Bhai, cantor da dupla Kalyanji-Anandji, que decidiria ser seu professor de canto por um ano e meio. Em 1995, quando Shreya tinha 11 anos e estudava na sexta série, seu professor de música sugeriu que ela se inscrevesse no All India Light Vocal Music Competition, concurso de jovens talentos realizado em Nova Délhi, o qual ela acabou vencendo. Em 1997, seu pai seria transferido de novo, para Anushakti Nagar, próxima a Mumbai, o que faria com que Shreya concluísse seus estudos na Atomic Energy Central School No.1. Em seguida, ela seria matriculada na Atomic Energy Junior College, para estudar ciências, mas, sem se adaptar, abandonaria o curso e se matricularia na SIES, faculdade de artes, ciência e comércio em Mumbai, onde estudaria artes e língua inglesa.

Enquanto ainda estava no colégio, Shreya seria convidada pela gravadora Sagarika Music, da cidade de Kolkata (anteriormente conhecida como Calcutá), capital de Bengala Ocidental, para gravar a canção Ganraj Rangi Nachato, (a "dança das cores da república"), versão em bengali de uma famosa canção de Lata Mangeshkar. O sucesso da música nas rádios levaria a um convite para gravar um álbum infantil, Bendhechhi Beena (algo como "afinando os instrumentos musicais"), também em bengali, lançado em 1998, quando Shreya tinha 14 anos. No ano seguinte, ela lançaria mais um, Ekti Katha ("uma palavra"), apenas com versões em bengali de famosas canções de filmes de Bollywood, e, em 2000, lançaria dois, Rupasi Raate ("noite bonita"), álbum de covers de famosas canções em bengali, e Mukhor Porag ("pólen oral"), seu segundo álbum de inéditas, esse já voltado para o público adulto. Todos os quatro teriam vendas medianas, mas a crítica já começaria a elogiar a voz e a afinação da garota.

Também em 2000, aos 16 anos, Shreya seria selecionada para participar de uma edição especial do reality show Sa Re Ga Ma Pa, parecido com o The Voice Kids, do canal Zee TV, o principal de Mumbai. Ela seria a vencedora, mas seu principal prêmio seria que uma de suas performances chamaria a atenção do diretor Sanjay Leela Bhansali - ou melhor, da mãe do diretor, que, ao ver Shreya cantando, chamaria o filho para que ele a ouvisse. Bhansali ficaria tão impressionado que a convidaria para seu próximo filme, Devdas; o diretor musical, Ismail Darbar, ficaria ainda mais impressionado com o teste que ela faria para o filme, e decidira dar a ela as canções da personagem principal, interpretada por uma das atrizes mais famosas de Bollywood, Aishwarya Rai. Shreya cantaria nada menos que cinco canções no filme, fazendo duetos com os já famosos Kavita Krishnamurthy, Udit Narayan, Vinod Rathod, Krishnakumar Kunnath e Jaspinder Narula. Uma coisa que chamaria a atenção da equipe seria que, como a época de provas estava se aproximando, Shreya levaria seus livros e cadernos para o estúdio, e estudaria durante os intervalos das gravações.

Devdas seria lançado em 2002, mesmo ano do lançamento de mais um álbum de Shreya pela Sagarika, Banomali Re ("de frente para o céu"), apenas com regravações de músicas religiosas. O álbum não faria muito sucesso, mas o filme catapultaria Shreya para o estrelato, lhe rendendo dois Filmfare Awards, o de Novo Talento Musical e o de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Dola Re ("raio de luz"); outra canção, Bairi Piya ("amada, mas sem coração"), chegaria ao primeiro lugar da parada de sucessos, e lhe renderia um National Film Awards, o principal prêmio do cinema indiano, na categoria Melhor Playback Singer Feminina. O sucesso lhe renderia mais de dez convites para gravar músicas para filmes; ela decidiria aceitar o de Darbar, que lhe deu a primeira chance, e gravar três músicas para Desh Devi ("a deusa local"), também de 2002.

A maior parte dos convites recebidos por Shreya - e, consequentemente, a maior parte das canções gravadas por ela - eram de temática religiosa, o que fez com que ela ficasse com medo de ficar estereotipada e somente ser chamada para esse tipo de trabalho; por isso, em 2003, ela surpreenderia e faria um teste para o filme Jism ("corpo"), dirigido por Amit Saxena, com canções de M.M. Keerevani. Inspirado no filme norte-americano Corpos Ardentes, de 1981, Jism era um thriller erótico com canções repletas de sensualidade, o que causou um rebuliço dentre os fãs de Shreya, na época com 19 anos; em entrevistas, ela diria que o filme "faria com que todos a vissem sob uma nova ótica", e diversificaria os convites, com os que ela provaria ser uma das mais versáteis playback singers de Bollywood. A canção Jaadu Hai Nasha Hai ("é mágico, é um vício") lhe renderia seu segundo Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina.

Shreya também receberia convites para gravar músicas de filmes gravados fora de Bollywood, nos mais variados idiomas. A partir de 2003, ela passaria a aceitar também convites para cantar em marata, punjabi, tâmil, telugo, urdu, boiapuri, canarês, malaiala, assamês, guzerate, oriá, angica, túlu e até mesmo francês e nepalês. Ela evidentemente não é fluente nessas línguas todas, "só" em inglês, hindi e bengali, mas possui grande facilidade em decorar e pronunciar de forma correta as palavras, o que faz com que ela seja uma das cantoras mais requisitadas do cinema regional indiano.

Em 2003, Shreya aceitaria um convite para trabalhar com o compositor Anu Malik em Saaya ("sombra"), filme no qual faria sua estreia na tela, interpretando uma colegial no número musical da canção Har Taraf ("em todos os lugares"), uma das quatro que ela gravou para a produção. No mesmo ano, ela trabalharia novamente com Malik em nada menos que três outros filmes, Inteha ("limite"), Munna Bhai M.B.B.S. (a versão indiana do sucesso Patch Adams: O Amor é Contagioso) e LOC Kargil. Também em 2003, ela gravaria Tu Hi Bata Zindagi ("me diz como é a vida"), composição do trio Shankar-Ehsaan-Loy para o filme Armaan ("desejos"), que seria aclamada pelos críticos, perplexos com como ela conseguia "cantar uma canção tão difícil sem nenhum esforço".

Ela começaria 2004 gravando três canções para Thoda Tum Badlo Thoda Hum ("um pouco de você muda um pouco de nós"), que seriam consideradas "medianas" pela crítica, mas, em seguida, sua performance em Khakee ("cáqui", a cor), mais uma vez dando voz a uma personagem de Rai, seria considerada "impressionante", e levaria alguns críticos a declarar que ela era a mais apropriada cantora para as atrizes daquela geração. Também em 2004, ela trabalharia com a dupla de compositores Nikhil-Vinay em Dil Bechara Pyaar Ka Maara ("acerte meu coração desamparado de amor"), e com outra dupla, Nadeem-Shravan, em Tumsa Nahin Dekha ("não vi você"). O álbum da trilha sonora de Tumsa Nahin Dekha era praticamente um álbum de Shreya, já que das nove músicas, ela só não cantava uma; segundo Shreya, a experiência permitiu que ela explorasse ao máximo suas habilidades de canto. Finalmente, em 2004 ela voltaria a trabalhar com Malik em Main Hoon Na ("não sou eu"), faria seu primeiro trabalho com Rajesh Roshan em Aetbaar ("confiança"), e gravaria Shikdum para o mega sucesso Dhoom ("entusiasmo") - na primeira vez em que ela e sua "rival", Sunidhi Chauhan, estariam ambas na trilha de um mesmo filme.

Em 2005, Shreya começaria a namorar seu amigo de infância Shiladitya Mukhopadhyaya; os dois sempre mantiveram o relacionamento longe de qualquer escrutínio do público, com ela sempre se recusando a responder a perguntas do tipo "como é namorar alguém que não é uma celebridade?". Os dois namorariam quase dez anos antes de se casarem em uma cerimônia tradicional bengali, em Kolkata, em 5 de fevereiro de 2015, e estão juntos até hoje. Em março de 2021, Shreya anunciaria que está grávida de seu primeiro filho, mas não deu maiores informações, como, por exemplo, se já sabe o sexo da criança ou se já escolheu um nome.

Também em 2005, ela ganharia seu segundo National Film Award de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Dheere Jalna ("queimando lentamente"), do filme Paheli ("charada"). No mesmo ano, ela trabalharia pela primeira vez com o compositor Shantanu Moitra, em duas produções, Parineeta ("o especialista") e Yahaan ("aqui"), gravando três faixas para cada um, sendo uma das de Yahaan em punjabi. O desempenho de Shreya em ambas as trilhas seria elogiadíssimo pela crítica, e a canção Piyu Bole ("ele disse"), de Parineeta, lhe renderia mais uma indicação ao Filmfare Awards de Melhor Playback Singer Feminina - aliás, nessa cerimônia ela concorreria com duas, já que também seria indicada por Agar Tum Mil Jao ("se eu te pegar"), do filme Zeher ("veneno"), mas acabaria perdendo para Alisha Chinai. Segundo Moitra, Shreya não foi sua primeira escolha para Piyu Bole, com ela tendo sido escolhida através de um teste do qual participaram mais de 15 cantoras; a dificuldade na escolha se deu porque o diretor do filme, Pradeep Sarkar, queria uma risada no meio da música, que nenhuma cantora acertava - até que Shreya acertou de primeira, sem esforço nenhum, e ainda repetiu para provar que não havia sido sorte.

Em 2006, Shreya gravaria quatro duetos compostos por Ravindra Jain para o filme Vivah ("casado"), inclusive uma música que era uma conversa entre duas irmãs, dueto com Pamela Jain, absolutamente ovacionado pela crítica, que descreveu seus vocais como "obessessivos". No mesmo ano, ela gravaria So Jaoon Main ("vou dormir"), composição de Roop Kumar Rathod para o filme Woh Lahme ("aqueles momentos"); apesar de ter um pouco mais que seis minutos de duração, considerada longa para as rádios, a música seria uma das mais tocadas do ano, entrando para o Top 10, e elogiadíssima pela crítica. Ela também ganharia mais uma indicação ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, por Pal Pal Har Pal ("cada momento a cada momento"), do filme Lage Raho Munna Bhai (algo como "siga em frente, irmão Munna"), continuação de Munna Bhai M.B.B.S.; esse ela perderia justamente para Sunidhi Chauhan, que, nesse ano, concorreria com nada menos que três canções. Nessa época, aliás, Shreya e Sunidhi começavam a ser retratadas como rivais, e seus fãs começavam a se estranhar; talvez para tentar afastar essa imagem, as duas gravariam um dueto, Imaan Ka Asar ("efeito da fé"), composição da dupla Salim-Sulaiman para o filme Dor ("porta"), que foi considerado um verdadeiro encontro de titãs pela crítica - as duas já haviam cantado "em grupo", acompanhada por dois ou mais cantores, mas esse seria o primeiríssimo dos três duetos que elas gravariam, sendo o segundo Bollywood Bollywood, do filme Chargesheet, de 2011, e o terceiro Sye Raa, canção de abertura do filme telugo Sye Raa Narasimha Reddy, de 2019.

Também em 2006, Shreya ganharia seu primeiro Filmfare Award South (versão do prêmio dedicado a filmes gravados no sul da Índia, falados nos idiomas locais; o norte quase todo fala hindi) de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Munbe Vaa ("venha mais cedo"), do filme tâmil Sillunu Oru Kaadhal ("a brisa do amor"). Finalmente, junto com Sonu Nigam, Sunidhi Chauhan e Shiamak Davar, Shreya se apresentaria na Cerimônia de Encerramento dos Jogos da Comunidade Britânica em Melbourne, Austrália, como parte de um mini-show que visava promover a edição seguinte do evento, que ocorreria em 2010 em Nova Délhi, capital da Índia; em dueto com Nigam, ela gravaria Haath Se Haath Milaa (algo como "de mãos dadas"), canção cuja renda seria integralmente revertida para uma campanha de conscientização sobre a AIDS.

Em 2007, Shreya se arriscaria a gravar uma canção tradicional indiana no estilo thumri, que possui vocais extremamente complexos e sincronizados com a dança. Chamada Chale Aao Saiyan ("vem a noite") e composta por Moitra para o filme Khoya Khoya Chand ("a lua perdida"), a canção irritaria a alguns puristas, mas cairia nas graças dos críticos, que descreveriam os vocais de Shreya como "diferentes". Ela também gravaria canções em um estilo mais tradicional para o filme Saawariya, deixando de lado o pop que a fez famosa; uma dessas canções, Thode Badmaash (algo como "meio safadinho"), seria seu primeiro trabalho com Sanjay Leela Bhansali, que elogiaria enormemente suas "nuances temperadas" em entrevistas. Também em 2007, ela ganharia seu terceiro National Film Award de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Yeh Ishq Haaye ("oi meu amor"), composição de Pritam para o filme Jab We Met ("quando nos encontramos"), e seu terceiro Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Barso Re ("raios na chuva"), composição de A.R. Rahman para o filme Guru.

Em 2008, Shreya ganharia nada menos que seu quarto National Film Award de Melhor Playback Singer Feminina, por Pherari Mon ("mente inquieta"), do filme Antaheen ("sem fim"), que não era uma produção de Bollywood, e sim um filme regional bengali, o que tornou o sabor do prêmio ainda maior; na mesma cerimônia, ela ainda concorreria com Jeev Dangla Gungla Rangla Asa ("desentendimento na rebelião da vida"), de Jogwa ("evitar"), que também não era um filme de Bollywood, e sim uma produção regional marata, o que fez com que ela se tornasse a única vencedora do National Film Award de Melhor Playback Singer Feminina a concorrer com duas músicas em dois idiomas diferentes no mesmo ano. Ela também ganharia seu quarto Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Teri Ore ("para você"), do filme Singh is Kinng (com dois n mesmo, e esse sim um filme de Bollywood). Nesse ano ela também ganharia dois Filmfare Awards South de Melhor Playback Singer Feminina, um por Ninna Nodalenthu ("olhe para você"), do filme canarês Mussanjemaatu ("crepúsculo"), e um por Jagadhananda Karaka ("o aspecto de Jagadananda"), do filme telugo Sri Rama Rajyam ("o reino de Sri Rama").

Em 2009, Shreya teria mais uma indicação ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina por Zoobi Doobi, do filme 3 Idiots, e concorreria contra Sunidhi, mas ambas perderiam para Kavita Seth. No ano seguinte, ela e Sunidhi praticamente dominariam o prêmio, cada uma concorrendo com duas canções (sendo a quinta finalista uma canção de Mamta Sharma); Shreya concorreria com Bahara ("surdo"), de I Hate Luv Stories, e Noor-e-Khuda, de My Name is Khan, mas a vencedora seria Sunidhi. Em 2010, Shreya ganharia mais dois Filmfare Awards South de Melhor Playback Singer Feminina, um por Kizhakku Pookkum ("indo para o leste"), do filme malaiala Anwar, e um por Un Perai Sollum ("diga o seu nome"), do filme tâmil Angadi Theru ("a rua da loja").

Nesses últimos cinco anos, Shreya rapidamente se tornaria a playback singer mais requisitada de Bollywood, gravando nada menos que 438 músicas entre 2005 e 2010. Por causa disso, a partir de 2011 ela passaria a ser mais criteriosa, selecionando melhor os convites e não se inscrevendo mais para testes. Dois de seus maiores sucessos daquele ano seriam Saibo, dueto com Tochi Raina composição da dupla Sachin-Jigar para o filme Shor in the City, e Teri Meri ("seu e meu"), dueto com o paquistanês Rahat Fateh Ali Khan composto por Himesh Resahmiya para o filme Bodyguard; essas duas canções lhe renderiam duas indicações no mesmo ano ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, mas ela perderia o prêmio para um dueto de Usha Uthup e Rekha Bhardwaj. Em compensação, ela ganharia mais um Filmfare Awards South de Melhor Playback Singer Feminina, por Gaganave Baagi ("dobre o céu"), do filme canarês Sanju Weds Geetha.

Em 2012, Shreya encantaria a crítica mais uma vez com Chikni Chameli ("jasmin suave"), composição da dupla Ajay-Atul para o filme Jatra que era a versão em hindi de uma música deles mesmos em marata, Kombdi Palali; em entrevistas, ela revelaria que "não se sentiu confortável" com alguns "termos vulgares" da letra, e pediu para que os compositores os alterassem. Naquele ano, Shreya concorreria mais uma vez ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina com duas canções, Chikni Chameli e Saans ("respiração"), essa última do filme Jab Tak Hai Jaan ("enquanto houver vida"), mas perderia o prêmio para Shalmali Kholgade. Ela receberia, entretanto, um importante prêmio regional, o Tamil Nadu State Film Award de Melhor Playback Feminina, por Sollitaley Ava Kaadhala ("o amor solitário"), do filme Kumki ("elefante"), além do Filmfare Award South de Melhor Playback Singer Feminina por Paattil Ee Paattil ("a música na música"), do filme malaiala Pranayam ("amor").

No ano seguinte, ela concorreria mais uma vez com duas canções, Sunn Raha Hai ("sentindo-se entorpecido"), do filme Aashiqui 2 ("romance 2"), e Nagada Sang Dhoi ("perfume de lavanda"), do filme Goliyon Ki Raasleela Ram-Leela ("Ram-Leela e a dança das balas"), mas perderia para Monali Thakur. Ambas essas músicas possuem curiosidades: Nagada Sang Dhoi foi composta por Bhansali, que também dirigiu o filme, e Sunn Raha Hai tinha duas versões no filme, uma feminina, cantada por Shreya, e uma masculina, cantada por Ankit Tiwari, que também compôs a música - e que, em entrevistas, declarou que a versão de Shreya era muito melhor que a dele.

Shreya é uma das poucas playback singers indianas a ter feito uma turnê mundial; a dela, no caso, ocorreu em 2013, e começou na Austrália, com shows em Brisbane, Melbourne e Sydney; passou por Auckland, Nova Zelândia; Pailles, nas Ilhas Maurício (com um show cuja renda foi totalmente revertida para as vítimas de uma inundação que ocorreu no país naquele ano); Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos; e terminou em Londres, Inglaterra, com um show no famoso Royal Albert Hall, no qual ela voltaria a se apresentar em 2014. Essa turnê seria parte das comemorações pelos "100 anos de Bollywood" (na verdade, do cinema indiano, já que o termo Bollywood só foi criado nos anos 1970), e nela Shreya cantaria grandes clássicos dos filmes indianos, e não só as canções que foram originalmente interpretadas por ela. Também é interessante mencionar que Shreya é uma das poucas playback singers a terem feito um show nos Estados Unidos, com o dela tendo sido realizado em 2017, em Detroit.

Em 2014, Shreya gravaria Manwa Laage ("atração mental"), dueto com Arijit Singh, composta pela dupla Vishal-Shekhar, com letra de Irshad Kamil, para o filme Happy New Year, que lhe renderia mais uma indicação ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina. Ela não ganharia o prêmio, mas a canção estabeleceria um recorde não batido até hoje, o de ter ultrapassado dois milhões de visualizações no Youtube nas primeiras 48 horas após seu lançamento. Ela também receberia mais um Filmfare Award South de Melhor Playback Singer Feminina por um filme malaiala, How Old Are You?, pela canção Vijanathayil ("desolação"). No ano seguinte, ela ganharia seu quarto prêmio nessa categoria, por Kaathirunnu ("espera"), do filme Ennu Ninte Moideen ("isso é seu, obrigada").

Em 2015, Shreya gravaria canções de A.R. Rahman para o filme tâmil I. Ela não só gravaria a canção principal do filme, Pookkalae Sattru Oyivedungal ("deixe as flores brilharem"), um dueto com o cantor Haricharan, em tâmil, como também a versão em telugo da mesma música, Poolane Kunukeyamantaa (mesmo significado), também com Haricharan, e a versão em hindi, Tu Chale ("você vai"), dueto com Arijit Singh. A versão tâmil foi especialmente elogiada, com uma crítica dizendo que "será preciso criar novos adjetivos para elogiar" a cantora. No mesmo ano, ela faria mais um filme de Bhansali, Bajirao Mastani, para o qual ela também gravaria três músicas em hindi, tâmil e telugo; uma dessas músicas, Deewani Mastani, lhe renderia seu quinto Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina.

Shreya começaria 2016 gravando Tere Bin ("sem você"), música de abertura do filme Wazir, um dueto com Sonu Nigam, considerado "clássico demais para um filme ambientado na época atual", mas no qual a performance dela foi bastante elogiada. Em um fato inédito, esse seria o primeiro ano desde 2004 no qual nenhuma canção interpretada por ela seria indicada ao Filmfare Awards; no ano seguinte, ela voltaria a estar dentre as finalistas com Thodi Der ("um pouco mais tarde"), do filme Half Girlfriend. Também em 2017 ela surpreenderia mais uma vez ao gravar Aashiq Surrender Hua (algo como "renda-se e deixe a paixão acontecer"), dueto com Amaal Mallik, também compositor da música, para o filme Badrinath Ki Dulhania ("Badrinath, cidadão do mundo"), cantando em um tom muito mais grave do que estava acostumada, mas ainda assim lindamente. Outra música extremamente elogiada de Shreya em 2017 foi Rozana, do filme Naam Shabana ("o nome do plano"), com alguns críticos dizendo que sua voz deixava a canção "hipnotizante".

Shreya também conseguiria uma grande proeza ao colocar nada menos de quatro canções na lista das "dez mais românticas de 2017" do jornal The Times of India: Usire Usire ("respire, respire"), do filme Hebbuli ("paraíso"), Ondu Malebillu ("arco-íris"), do filme Chakravarthy ("o imperador"), Ninna Snehadinda ("sua amizade"), do filme Mugulu Nage ("riso e sorriso"), e Chippinolagade ("dentro das conchas"), do filme Maasthi Gudi ("adeus") - para tornar a proeza ainda mais absurda, todas as quatro eram cantadas em canarês, com as seis outras da lista sendo cantadas em hindi. No mesmo ano, ela também teria a canção número 1 da lista das "dez mais animadas do ano", Blockbuster, do filme Sarrainodu ("para Sarrai") - cantada em telugo.

Em 2018, Shreya gravaria a canção através da qual eu a conheci: Ghoomar, dueto com Swaroop Khan composta por Bhansali para o filme Padmaavat, também dirigido por ele, um épico que conta a história da Rainha Padmaavat, que resistiu à investida de invasores afegãos nos primórdios da história da Índia; a canção era inspirada na música e dança tradicionais das rainhas do Rajastão, e rapidamente se tornaria uma das favoritas das dançarinas indianas, sendo usada em números de dança por todo o país. Ghoomar renderia a Shreya seu sexto, e por enquanto último, Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina; ela também ganharia o Filmfare Award South de Melhor Playback Singer Feminina por Mandaraa Mandaraa, do filme telugo Bhaagamathle.

Em 2019, Shreya conseguiria suas por enquanto duas últimas indicações ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, com Yeh Aaina ("este espelho"), do filme Kabir Singh, e Ghar More Pardesiya ("nossa casa em Pardesiya"), um dueto com Vaishali Mhade, trilha do filme Kalank ("borrão"). Em 2020, o cinema indiano seria muito afetado pela pandemia, e Shreya só gravaria nove canções, seu número mais baixo em um ano, empatado com seu ano de estreia, 2002. Em 2021, a produção está lentamente voltando ao normal, e ela já gravou duas músicas para o filme Tuesdays And Fridays e quatro, compostas por Mallik, para Saina; com a gravidez, porém, a tendência é que ela pegue mais leve, e esse seja mais um ano de pouca produção. Mas, com apenas 37 anos e sendo uma das mais respeitadas e requisitadas playback singers, não há dúvida de que Shreya ainda tem uma longa carreira de sucesso pela frente.

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