No fim do ano passado, eu descobri que minha memória também é confusa em relação aos Meses Temáticos. Na minha cabeça, nos primeiros anos do átomo, eu tinha feito um monte de Meses Temáticos, meses nos quais eu escolhia um tema e todos os quatro posts daquele mês seguiam esse tema. Inclusive contei essa história em 2017, quando fiz o Mês do Brasil, e em 2019, quando fiz o Mês dos Convidados. Acontece que ela está errada: na verdade eu só havia feito UM Mês Temático, em 2009, o Mês das Coisas que eu Não Gosto Tanto Assim, quando escolhi quatro assuntos, bem, dos quais eu não gostava tanto assim na época. Na minha cabeça, antes desse eu tinha feito o Mês de Completar Meu Perfil, que talvez mereça uma explicação mais longa: nos primeiros templates que eu usei no átomo, havia uma coluna à esquerda chamada Perfil, na qual eu citava alguns dados pessoais e listava algumas coisas das quais eu gostava; nesse suposto Mês Temático, eu sorteei cinco dessas coisas que ainda não haviam virado posts, e falei sobre elas - o problema é que não foi um Mês Temático, já que um dos posts foi feito na última semana de abril, e os outros quatro, em maio. Detalhe que isso também ocorreu em 2009, quando o átomo já existia há pelo menos seis anos.
Em 2017, não me lembro mais por qual razão, eu senti vontade de ressuscitar os Meses Temáticos, e, como é raro eu falar sobre assuntos nacionais, decidi fazer um Mês do Brasil. Na ocasião, decidi que, a partir de então, faria um Mês Temático por ano, e que o seguinte seria o Mês dos Convidados, no qual eu convidaria meus amigos para escrever posts. Mas aí eu fiz uma nova confusão, e fui fazer o Mês dos Convidados só em 2019 - na minha cabeça, o Mês do Brasil tinha sido em 2018, não em 2017. Ainda em 2019, eu acabei fazendo um Mês do Japão sem querer, já que num mesmo mês falei sobre quatro assuntos japoneses, então meio que compensou. E em 2020 eu fiz o Mês da Mulher, uma espécie de segundo Mês dos Convidados, mas para o qual só convidei amigas.
Pois bem, depois dessa bagunça toda, eu já nem sei se vou mesmo fazer um Mês Temático por ano, mas, mais ou menos como ocorreu com o Mês do Japão, eu acabei conseguindo fazer um esse ano também. Lá no começo do ano, depois de falar sobre Jolin Tsai, eu decidi que iria escrever um post sobre Sonalee Kulkarni. Pouco tempo depois, fiquei com vontade de escrever um sobre Tiger. Como já fazia algum tempo que eu queria falar sobre kabaddi, achei que não custava nada acrescentar um quarto post, deixar todos esses para um mês só, e fazer um Mês da Índia. Assim, decidi escolher uma cantora indiana da qual não sou exatamente fã, mas que tem uma voz linda, para fechar mais esse Mês Temático - que, propositalmente, acabou acontecendo sem muito alarde, assim como o Mês do Japão, com a diferença de que eu juro que aquele foi acidental, enquanto esse foi programado. Para fechar o Mês da Índia, hoje é dia de Sunidhi Chauhan no átomo!
Antes de começarmos, entretanto, vale dizer que a indústria fonográfica na Índia é bem diferente do que estamos acostumados. Lá, cantores e bandas que gravam suas próprias músicas e lançam discos são raros, e não fazem tanto sucesso quanto os chamados playback singers - cantores contratados especificamente para gravar uma música composta especialmente para um filme por um compositor que só faz músicas para filmes. Filmes indianos, como todo mundo sabe, possuem números musicais, mas, apesar de os próprios atores do elenco dançarem durante esses números, eles não cantam, sendo dublados pelos playback singers, que raramente mostram suas verdadeiras faces - o que só ocorre, por exemplo, se um deles for convidado para se apresentar em um programa de televisão, ou se obtiver permissão do compositor (e, algumas vezes, do estúdio) para cantar essas músicas em shows ou aparecer no clipe da música cantando-a. Playback singers são muito bem remunerados, com a maioria jamais gravando músicas próprias ou lançando um álbum, o que fez com que, durante anos, suas músicas só estivessem disponíveis em álbuns de trilhas sonoras ou coletâneas, com os downloads individuais de músicas tendo contribuído bastante para que os fãs tivessem acesso a suas canções. Paradoxalmente, eles também são muito mais conhecidos e possuem muito mais fãs que cantores e bandas que não sejam playback singers - Lata Mangeshkar, considerada a cantora mais famosa da Índia, com 70 anos de carreira (sim, é isso mesmo) e mais de mil músicas gravadas, é uma playback singer, e jamais lançou um álbum próprio. Sunidhi Chauhan, como vocês devem ter imaginado, também é uma playback singer, de forma que esse será um post sobre música um pouco diferente dos que eu costumo escrever, já que, ao invés de falar de álbuns e músicas de trabalho, vou ter que falar sobre filmes e músicas que ela gravou para eles. Aliás, foi bom ter falado nisso, porque playback singers gravam dezenas de músicas por ano, e ficaria inviável eu falar sobre todas, então vou falar só sobre as que tiveram algum destaque - em 2007, por exemplo, Sunidhi gravou nada menos que 55 músicas, sem contar os remixes, mas, no parágrafo que eu falo de 2007, só cito duas delas.
Sunidhi nasceu Nidhi Chauhan, em Nova Délhi, capital da Índia, em 14 de agosto de 1983. Seu pai é natuiral de Uttar Pradesh (onde fica o Taj Mahal) e era ator de teatro, tendo tentado influenciar a filha a seguir carreira de atriz, mas sua mãe, recepcionista de uma empresa, ao perceber que ela gostava de música, decidiu incentivá-la a se tornar cantora. Sunidhi considera que começou sua carreira artística aos quatro anos de idade, quando se apresentava cantando como número de introdução de algumas peças do grupo de teatro do pai; aos 11 anos, ela tomaria a decisão de largar a escola para seguir seu sonho de se tornar uma cantora profissional, recebendo o apoio dos pais para isso. Por sorte, naquele mesmo ano, enquanto ela se apresentava em um clube, estava na plateia a famosa apresentadora de TV e ex-atriz mirim Tabassum, que percebeu o potencial da menina e a convidou para cantar em seu programa Tabassum Hit Parade.
Sunidhi cantou ao vivo no programa de Tabassum, arrasou, e a apresentadora decidiu que iria investir na carreira dela. Só havia um porém: Tabassum morava em Mumbai, onde o programa era gravado, e, se fosse ser madrinha da menina, ela teria de se mudar pra lá. Seus pais, mais uma vez apostando no talento da filha, largaram seus respectivos empregos e se mudaram de cidade, enfrentando graves dificuldades financeiras em seus primeiros anos em Mumbai. Tabassum apresentaria Sunidhi aos irmãos, cantores e produtores musicais Kalyanji e Anandji Virji Shah; Kalyanji ficaria impressionado com a menina, e a colocaria para ser a cantora principal de sua companhia infantil, a Little Wonders - foi ele, também, quem sugeriu que ela mudasse seu nome de Nidhi para Sunidhi, por achar que o nome Nidhi "não era auspicioso". Sunidhi, então, começaria a receber muitos convites para participar de eventos, mas seu pai, achando que lá é que estaria o dinheiro, insistiria com Kalyanji para que ele conseguisse contratos para que Sunidhi gravasse trilhas sonoras de filmes.
Usando de seus contatos, Kalyanji conseguiria que os Little Wonders se apresentassem durante a cerimônia de 1995 do Filmfare Awards. Sunidhi mais uma vez arrasou, chamando a atenção do diretor Aadesh Shrivastava, que a contrataria para gravar uma música para seu filme Shastra ("escritura"), de 1996. Aos 13 anos, Sunidhi faria sua estreia profissional, cantando Ladki Deewani Dekho ("olha essa garota doida") em dueto com o cantor adulto Udit Narayan. Narayan sugeriria a Kalyanji que inscrevesse a menina no reality show Meri Awaz Suno ("escute minha voz"), uma espécie de The Voice Kids da Índia, realizado pelo canal Doordarshan; Sunidhi não somente ganharia o programa, como também receberia o Troféu Lata Mangeshkar de Melhor Cantora do Ano por sua apresentação. O título no programa também renderia a Sunidhi um convite para gravar um álbum, Aira Gaira Nathu Khaira (algo como "não é bom ficar zangado"), que seria vendido como um álbum infantil, e não faria muito sucesso. Segundo Sunidhi, a experiência serviria para que ela reconhecesse algumas limitações e decidisse estudar música a sério, com o famoso professor de canto clássico Gautam Mukherjee. Durante dois anos, por opção da própria Sunidhi, ela não participaria de apresentações, apenas estudando e trabalhando como backing vocal em canções de outros artistas.
Durante suas aulas com Mukherjee, Sunidhi conheceria o cantor Sonu Nigam, que a colocaria em contato com o produtor musical Sandeep Chowta, que trabalhava produzindo trilhas sonoras de filmes de Bollywood. Na época, ele estava montando a trilha do filme Mast ("maleável"), de 1999, e, após um teste de Sunidhi, ficou tão impressionado com seu talento que a contratou. Em duas semanas, ela estava no estúdio gravando duas músicas para a trilha do filme, Suna Tha ("você ouviu?") e Ruki Ruki Si Zindagi ("vida paralisada"), pela qual ganhou o RD Burman Award, maior prêmio da indústria fonográfica indiana para um artista iniciante, além de ser indicada ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina. Esses prêmios abririam as portas de Bollywood para Sunidhi, que, aos 16 anos, assinaria contrato para gravar músicas para mais três filmes.
No ano seguinte, 2000, Sunidhi receberia sua segunda indicação ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, por sua gravação de Mehboob Mere para o filme Fiza ("atmosfera"). No mesmo ano, ela assinaria contrato para gravar Bumbro, música que seria parte da trilha sonora do filme Mission Kashmir, mas como música de fundo, ou seja, tocando durante alguma cena, como é o normal em filmes norte-americanos, e não como parte de um número musical; ao ouvir a música, entretanto, o diretor Vidhu Vinod Chopra ficou tão impressionado que decidiu reescrever uma cena para que a música fosse executada em um número musical da personagem da atriz Preity Zinta - segundo ele, a voz de Sunidhi tinha a inocência que ele queria que a personagem passasse para o público.
Com Mehboob Mere, Sunidhi começaria uma parceria com o compositor Anu Malik, que lhe renderia, em 2001, quatro músicas para o filme Ajnabee ("desconhecido"); segundo Sunidhi, Malik teve papel fundamental em sua evolução como cantora e para o deslanche de sua carreira, já que ele praticamente brigou com os produtores do filme para conseguir que quatro músicas fossem gravadas por uma cantora que ainda não tinha sequer dezoito anos. O desempenho de Sunidhi em Ajnabee lhe renderia convites para, ainda em 2001, gravar mais seis músicas para três filmes diferentes, com duas delas, da trilha do filme Yaadein ("recordações"), sendo aclamadas pela crítica. Em 2001 ela também apareceria pela primeira vez em um filme, em uma pequena cena, como ela mesma, em Ehsaas: The Feeling (ehsaas significa "sentimento", então o título e o subtítulo do filme significam a mesma coisa).
Sunidhi continuaria com a parceria com Malik para 2002, mais uma vez emplacando quatro músicas em um único filme, Awara Paagal Deewana ("o ladrão vagabundo louco"), e decidiria aceitar um convite do compositor Ismail Darbar para gravar uma de suas músicas para o filme Deewangee ("loucura") - que ela consideraria a mais difícil de sua carreira. Antes do fim do ano, ela ainda gravaria mais três músicas para dois filmes, sendo uma delas, Aa Bhi Ja ("vamos", o equivalente indiano do let's go), do filme Sur: The Melody of Life sendo extremamente elogiada pelos críticos, que a apontaram como um sinal de sua maturidade como cantora. Finalmente, em 2002 ela teria uma música, Peehu Peehu, selecionada para fazer parte da trilha de fundo do filme paquistanês Pyar Hi Pyar Mein ("na paixão como no amor"), o que configuraria sua estreia internacional.
Mas o maior acontecimento da vida de Sunidhi em 2002 seria um surpreendente casamento com o coreógrafo Bobby Khan, 13 anos mais velho que ela. O casamento foi realizado em uma cerimônia secreta, com a presença de apenas alguns amigos, e sem avisar a família de Sunidhi, que era contra o relacionamento. O pai de Sunidhi, extremamente insatisfeito, a deserdou, e deixou de acompanhar a filha nas gravações, algo que fazia desde o início de sua carreira. O casamento durou pouco mais de um ano, até Sunidhi decidir pedir o divórcio. Ela se reconciliaria com o pai depois disso.
Em 2003, ela gravaria Bhoot Hoon Main ("sou um fantasma"), para o filme de terror Bhoot ("fantasma"), do famoso diretor Ram Gopal Varma, e acabaria sendo selecionada, pela primeira vez em sua carreira, para aparecer cantando no clipe da música (mas não no filme). Graças à influência de Malik, ela gravaria duas músicas para o filme Main Prem Ki Diwani Hoon (algo como "eu sou fã do amor"), que na tela seriam dubladas pela famosa atriz Kareena Kapoor, o que também ajudaria a alavancar sua carreira. No ano seguinte, 2004, ela gravaria nada menos que seis músicas para a trilha do filme Chameli ("jasmin"), com duas delas se destacando: Bhaage Re Mann ("vamos fugir") seria elogiadíssima pela crítica, que consideraria sua voz perfeita para esse tipo de música, e Sanja Ve Sanja ("Sanja por Sanja") se tornaria uma das preferidas da própria Sunidhi.
O restante de 2004 seria uma montanha-russa: pra começar, Sunidhi receberia sua terceira indicação ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Dhoom Machaale (algo como "deixando todos eufóricos"), da trilha do mega sucesso Dhoom ("entusiasmo"), filme de ação que geraria duas continuações, uma delas parcialmente filmada no Rio de Janeiro. Em seguida, ela gravaria quatro músicas para o filme Garv ("orgulhoso"), compostas por Sajid Wajid, que seriam consideradas "estereotipadas" e "todas iguais umas às outras" pela crítica. No fim do ano, ela gravaria Aisa Jadoo ("grande magia"), para o filme Khakee ("cáqui", a cor), e duas músicas para o filme Musafir ("viajante"), todas as três compostas por Ram Sampath, que, em entrevistas, disse ter pedido para que Sunidhi ficasse a meio metro do microfone ao gravar Aisa Jadoo, pois o equipamento não estava aguentando a força de sua voz.
Conforme Sunidhi recebia mais e mais críticas positivas, mais compositores se interessavam em convidá-la para gravar suas músicas. Em 2005,ela gravaria duas de Shantanu Moitra, para dois filmes diferentes, uma delas Kaisi Paheli Zindagani ("o quebra-cabeça da vida"), para o filme Parineeta ("especialista"), que seria aclamada pela crítica, que elogiaria a sensualidade de sua voz e o "toque ocidental" que ela deu à gravação, comparando-a a uma cantora de jazz. Ela também faria duetos com os cantores Sukhwinder Singh, Kumar Sanu, Sonu Nigam e Vishal Dadlani, com todos os quatro declarando em entrevistas que foi extremamente prazeroso gravar com ela, e que ela sempre sabia tudo o que deveria fazer para extrair o máximo de cada música - Nigam também declararia que ela foi a cantora mais fantástica com quem ele já havia trabalhado. Também em 2005, Sunidhi concorreria ao Filmfare Awards de Melhor Playback Singer Feminina com duas músicas diferentes, sua quarta e quinta indicações: a já citada Kaisi Paheli Zindagani, e Deedar De ("dar crédito"), do filme Dus ("dez", o número).
Ainda em 2005, Sunidhi e 16 outros cantores indianos gravariam uma música chamada Zindagi Pukaarti Hai ("a vida chama"), que teve toda a renda das vendas revertidas para as famílias das vítimas do tsunami do sudeste asiático de dezembro de 2004; ela também doaria uma quantia não-especificada para organizações que trabalharam na limpeza e reconstrução dos locais atingidos. Seria a primeira experiência da cantora com a filantropia, mas não a última: em 2006, ela participaria de um concerto na Trafalgar Square, em Londres, cuja renda seria utilizada para construir escolas para os filhos de viúvas da Índia, mais uma vez doando uma quantia não-especificada para o projeto; e participaria de um show na Índia junto com os cantores Suresh Wadkar e KK, que fazia parte de uma campanha para arrecadar fundos para a construção de casas de repouso para idosos no país. Nos anos seguintes, ela também seria uma das mais ativas participantes da campanha Salvem Nossos Tigres, que buscava impedir a extinção desses animais no sul asiático, e seria anfitriã em Mumbai da campanha World of Betters, criada pela cantora norte-americana Alicia Keys, que visava angariar fundos para a manutenção de escolas em todo o planeta.
Não faltaria trabalho para Sunidhi em 2006, principalmente porque ela gravaria nada menos que 18 músicas compostas por Himesh Reshammiya para dez filmes diferentes. No mesmo ano, ela também gravaria Beedi Jalaile, para o filme Omkara; Soniye, para o filme Aksar ("frequentemente"); e Aashiqui Main ("apaixonado"), para o filme 36 China Town. Essas três músicas seriam responsáveis pela entrada de Sunidhi em um seleto clube de cantoras indicadas a um mesmo Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina com três canções diferentes; dessa vez, ela finalmente conquistaria o prêmio, com Beedi Jalaile. A atriz Biphasa Basu, que dublou a música no filme, em entrevistas declarou que Sunidhi era uma "deusa da música", e que considerava esse um de seus melhores números musicais, graças à canção. Ainda em 2006, ela participaria de mais um clipe, da música Dheemey Dheemey ("lento, lento"), do filme Bas Ek Pal ("apenas um"), um dueto com o cantor KK; ao todo, ela gravaria três músicas para Bas Ek Pal, todas grandes sucessos de crítica. Finalmente, em 2006 ela gravaria sete músicas do compositor Pritam, para cinco filmes diferentes, incluindo Dhoom 2; gravaria duas músicas para filmes paquistaneses, Cherey Badal Jaate Hain ("ficar de pé não mudaria nada"), do filme Mein Ek Din Laut Kay Aaoon Ga ("eu voltarei um dia"), e Galiyan Galiyan Husan Diyaan ("as ruas são lindas"), do filme Mohabbataan Sachiyaan ("verdades do amor"), essa segunda gravada junto com a banda paquistanesa Junoon; e cantaria ao vivo pela primeira vez em inglês, interpretando a canção Reach Out na Cerimônia de Abertura dos Jogos Asiáticos, realizados em Doha, capital do Qatar.
Em 2006 Sunidhi também faria seu primeiro dueto com Shreya Ghoshal, no que foi considerado um "encontro de titãs" pela crítica especializada, já que ambas estavam dentre as mais requisitadas, mais bem sucedidas e mais elogiadas playback singers da época. Curiosamente, desde um pouco antes do dueto, Sunidhi e Shreya começaram a ser retratadas como "rivais", com os fãs de uma detestando a outra, ao ponto de criarem confusão e se envolverem em brigas para "defender" sua preferida diante dos fãs da "inimiga". Houve, inclusive, quem dissesse que o dueto foi uma tentativa de afastar essa imagem e acalmar os ânimos dos fãs, mas, se foi o caso, não adiantou nada, já que eles alimentam a rivalidade até hoje. Em inúmeras entrevistas, tanto Sunidhi quanto Shreya sempre negaram existir essa rivalidade de parte de ambas, e sempre deixaram claro que, mesmo não sendo amigas íntimas, ambas se respeitam e celebram o sucesso uma da outra, sem nenhum sentimento negativo envolvido na relação. Ah, sim, a música que as duas gravaram juntas foi Imaan Ka Asar ("efeito da fé"), composição da dupla Salim-Sulaiman para o filme Dor ("porta").
Sunidhi e Shreya também cantariam, mas separadamente, na Cerimônia de Encerramento dos Jogos da Comunidade Britânica de 2006, em Melburne, Austrália, como parte de um mini-show, que também contou com os cantores Sonu Nigam e Shiamak Davar, e visava promover a edição seguinte do evento, que ocorreria em 2010 em Nova Délhi. Elas voltariam a fazer um dueto cinco anos depois, em Bollywood Bollywood, do filme Chargesheet, de 2011, e repetiriam a experiência em Sye Raa, canção de abertura do filme telugo Sye Raa Narasimha Reddy, de 2019; ao longo de suas carreiras, as duas também participariam de várias canções "em grupo", acompanhadas de dois ou mais cantores.
Em 2007, dentre outros trabalhos, Sunidhi gravaria três músicas para o filme Aaja Nachle ("vem dançar"), que marcaria o retorno da atriz Madhuri Dixit a Bollywood, com a cantora sendo especialmente escolhida para a tarefa. Ela também teria duas novas indicações ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, uma com Aaja Nachle (com a música tendo o mesmo título do filme) e uma com Sajnaji Vari Vari, do filme Honeymoon Travels Pvt. Ltd.. Mais uma indicação viria em 2008, pela música Dance Pe Chance, do filme Rab Ne Bana Di Jodi ("Deus fez o casamento"); também em 2008, ela gravaria mais duas músicas que seriam dubladas por Kareena Kapoor, ambas para o filme Tashan, e quatro músicas compostas por Pritam para o filme Race, incluindo a música-título, em inglês. Em 2009, ela seguiria trabalhando com Pritam, Wajid e Malik, mas sua música mais bem recebida pela crítica seria Raat Ke Dhai Baje ("duas e meia da madrugada"), um dueto com Rekha Bhardwaj, composto por Vishal Bhardwaj (marido de Rekha) para o filme Kaminey, com o maior destaque, segundo os especialistas, sendo a forma como as vozes das duas cantoras se alternavam naturalmente nos versos da música. Ela também receberia em 2009 sua décima-segunda indicação ao Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, pela canção Chor Bazaari ("mercado de ladrões"), do filme Love Aaj Kaj ("ame hoje mesmo").
Em 2010, Sunidhi começaria a namorar o compositor Hitesh Sonik, também 13 anos mais velho que ela, a quem conheceu durante as gravações de Meri Awaz Suno, mas de quem curiosamente, jamais havia interpretado uma canção; a primeira vez seria em 2011, quando ela gravaria Tu ("vocês") para o filme My Friend Pinto. Sunidhi e Sonik se casariam em abril de 2012, com a bênção dos pais de Sunidhi, em uma discreta cerimônia em Goa, mas com uma gigantesca recepção em Mumbai, que contou com a presença de várias celebridades de Bollywood. O casal está junto até hoje, e, em 1 de janeiro de 2018, Sunidhi daria a luz a seu primeiro filho, Tegh.
Ainda em 2010, Sunidhi seria convidada pelo cantor Enrique Iglesias para gravar uma versão especial da música Heartbeat em dueto com ele, lançada com o nome de Heartbeat (India Mix) e incluída na versão lançada na Índia do álbum Euphoria; Sunidhi participaria da promoção do álbum, inclusive dando entrevistas e cantando ao lado de Iglesias em programas de TV. No mesmo ano, ela seria convidada para se apresentar no Festival de Holi, cantando a música Chhan Ke Mohalla ("filtrando"), do filme Action Replayy, e gravaria três músicas que receberiam muito destaque na imprensa: Ainvayi Ainvayi ("desse jeito"), do filme Band Baaja Baarat (algo como "turma de bananas"), que chamaria atenção por seu número musical, inspirado na dança punjabi; Udi, do filme Guzaarish ("o pedido"), eleita uma das melhores do ano pela crítica, que elogiaria principalmente a voz de Sunidhi; e Parda ("cortinas"), uma composição de Pritam para Once Upon a Time in Mumbai, cantada no estilo cabaré.
2010 também seria o primeiro ano no qual Sunidhi seria indicada ao Filmfare Awards South, versão do prêmio criada em 1956 especificamente para filmes regionais do sul da Índia, aqueles filmados nos idiomas tâmil, telugo, canarês e malaiala. Ela seria indicada ao Filmfare Award South de Melhor Playback Singer Feminina com duas canções, Saradaaga ("diversão"), do filme telugo Oye ("olá"), e Rock Me Baby, do filme canarês Haage Summane ("bem assim"), mas não ganharia o prêmio. Falando nisso, ao longo da carreira, Sunidhi não gravaria canções apenas para filmes de Bollywood e paquistaneses, tendo canções suas também em filmes em telugo, canarês, marata, punjabi, tâmil, malaiala, bengali, guzerate, boiapuri e assamês - Sunidhi não fala todos esses idiomas, então a maior parte dessas canções são em inglês ou hindi e usadas como trilha de fundo, com ela apenas decorando as palavras que tem que cantar no caso de números musicais, como nas duas que concorreram ao prêmio.
Também em 2010, Sunidhi gravaria músicas compostas por Vishal Shekhar para três filmes, com duas delas, Bin Tere ("sem você"), de I Hate Luv Stories, e Sheila Ki Jawani ("a juventude de Sheila"), de Tees Maar Khan, sendo incluídas no Top 10 Anual de Canções de Bollywood do jornal The Express Tribune, na estreia de Sunidhi nessa lista. Sheila Ki Jawani causaria uma certa controvérsia, sendo descrita pelo jornal como "a canção mais sexy do ano", e criticada por alguns por sua letra, considerada erótica; em entrevistas, Sunidhi declararia que a música reflete a história do filme, e isso basta. Sheila Ki Jawani renderia a Sunidhi seu segundo Filmfare Award de Melhor Playback Singer Feminina, prêmio para o qual ela também seria indicada por Udi, na quarta vez em que teve mais de uma canção concorrendo ao mesmo prêmio. Além do cinema, em 2010 Sunidhi se dedicaria à TV, atuando como jurada no programa Indian Idol, e se apresentaria na Cerimônia de Encerramento dos Jogos da Commonwealth, realizados em Nova Délhi, cantando um trecho da canção Universal Music of Love junto a outros dez famosos cantores e cantoras indianos.
Em 2011, Sunidhi gravaria músicas de Pritam para quatro filmes, incluindo Te Amo (em português mesmo), canção elogiadíssima do filme Dum Maaro Dum ("caindo fora"), e gravaria mais uma música, Illah Illah ("meu Deus"), para um filme paquistanês, Love Mein Ghum ("sem rumo no amor"), dessa vez junto com a banda Hunterz. No ano seguinte, 2012, ela voltaria a ser jurada do Indian Idol, e gravaria Sava Dollar ("todos os dólares"), uma canção lavani, composta por Amit Trivedi, cantando em hindi com sotaque marata, para o filme Aiyyaa ("cama"), pela qual seria novamente elogiadíssima pela crítica. Sunidhi voltaria a trabalhar com Trivedi para gravar outra canção em hindi mas ao estilo marata, Navrai Majhi ("Navrai é meu"), para o filme English Vinglish, o retorno a Bollywood da atriz Sridevi. 2012 também marcaria a estreia de Sunidhi como dubladora, interpretando Sita, a esposa do protagonista da animação Sons of Ram.
Em 2013, Sunidhi gravaria duas músicas para o filme paquistanês Anjuman, além de Ruthey Ho Tum ("por que você chora?"), um dueto com o cantor Shaan, para o filme Aina, que fariam sua carreira deslanchar também no país vizinho, e seria indicada a mais um Filmfare Award South de Melhor Playback Singer Feminina, com a canção Atu Itu ("e assim por diante"), do filme telugo Yeto Vellipoyindhi Manasu ("e a mente se foi"). Ela também seria uma das artistas selecionadas para gravar um trecho da canção Apna Bombay Talkies ("nossas conversas de Bombaim"), parte do filme Bombay Talkies, uma celebração ao centenário do cinema indiano. Ainda em 2013, a atriz Sonakshi Sinha expressaria publicamente seu desejo de dublar alguma canção de Suinidhi em um filme, e teria seu desejo atendido com uma composição de Sachin Jigar, Thank God It's Friday, do filme Himmatwala ("corajosa"), para o qual Sunidhi ainda gravaria uma segunda canção, Dhoka Dhoka ("enganação"), composta por Wajid, um dueto com Mamta Sharma, que ficaria conhecido como "o encontro de Munni e Sheila", em referência aos nomes das canções com as quais Sharma e Sunidhi ganharam seus respectivos Filmfare Awards.
Em 2014, Sunidhi voltaria a participar de ações de caridade, participando de um concerto que visava estimular as doações de córneas, e se tornando ativista da YouWeCan, fundação criada pelo ex-jogador de críquete indiano Yuvraj Singh, que busca incentivar a descoberta e o tratamento precoces do câncer. Ela continuaria realizando ações relacionadas ao tratamento do câncer nos anos seguintes, participando de uma campanha e um concerto dedicados a promover a pesquisa e a descoberta precoce do câncer de mama e de ovário em 2015, e sendo escolhida para uma campanha nacional de descoberta precoce do câncer de mama em 2017. Em 2015, Sunidhi também seria escolhida como a representante da Índia no Global Citizen Festival, organizado pela ONU no Central Park, em Nova Iorque, Estados Unidos, cantando ao lado de Pearl Jam, Coldplay, Beyoncé e outros.
Voltando ao cinema, Sunidhi começaria 2014 gravando Punjabi Wedding Song, um dueto com Benny Dayal, composição de Shekhar para o filme Hasee Toh Phasee (algo como "riso frouxo"), que se tornaria moda nos casamentos indianos marcados para aquele ano. Em seguida, ela regravaria Tu Kuja ("vocês também"), de A.R. Rahman, para o filme Highway, com a crítica elogiando bastante sua interpretação. Ela também apareceria cantando nos clipes de duas canções: Ghoom Gayi ("vagando sem rumo"), do filme Hawaa Hawaai ("pelo ar", nada a ver com o Havaí), uma composição de Sonik; e Baal Khade ("cabelos ao vento"), do filme Khoobsurat ("beleza"), composta por Sneha Khanwalkar e dublada no filme por Sonam Kapoor - no mesmo filme, Sunidhi cantaria Engine Ki Seeti ("o apito da locomotiva"), uma canção tradicional do Rajastão, com mais uma vez sua interpretação sendo bastante elogiada pela crítica. Ainda em 2014, ela gravaria a canção-título de Mardaani (algo como "empoderada", na tradução literal seria "viril", mas o filme é sobre empoderamento feminino); Adhure ("incompleta"), do filme Mary Kom, sobre uma famosa lutadora de boxe indiana, interpretada por Priyanka Chopra, talvez o maior nome feminino de Bollywood; e faria a trilha sonora da série de TV Ek Hasina Thi ("uma linda mulher").
Sunidhi começaria 2015 gravando mais uma música para Sonam Kapoor, Phatte Tak Nachna ("dançar até estourar"), uma composição de Wajid para o filme Dolly Ki Doli ("a chave de Dolly"). Ela também gravaria a dificílima Girls Like to Swing, música em estilo jazz composta por Shankaar Ehsaan Loy para Dil Dhadakne Do ("deixe o coração bater"), sendo extremamente elogiada pela potência de sua voz e pela precisão com que cantou, mesmo sendo uma canção de estrutura tão complexa. Também em 2015, ela estrearia como treinadora no programa The Voice. No ano seguinte, ela seria mais uma vez aclamada pela crítica após gravar Tere Liye ("para você"), um dueto com Jubin Nautiyal, para o filme Fitoor; sua interpretação de Titliyan ("borboletas"), no estilo cabaré, para o filme Rocky Handsome, também geraria muitas críticas positivas. Também em 2016, ela faria sua estreia como atriz, interpretando uma dona de casa no suspense Playing Priya; a crítica se mostraria desapontada com o filme, mas elogiaria a atuação de Sunidhi, especialmente sua capacidade de passar ao público uma gama variada de emoções tendo poucos diálogos.
Em 2017, ela gravaria duas composições de Bhardwaj, Bloody Hell, no clipe da qual também apareceria cantando, e Tippa, para o filme Rangoon; Tippa era cantada por ela, Sukhwinder Singh e Rekha Bhardwaj, e foi classificada pela crítica como "um dos melhores números de Bollywood com a presença de múltiplas estrelas da música". Inusitadamente, ela também seria escolhida pela AIBA, a Associação Internacional de Boxe Amador, para gravar a música oficial do Campeonato Mundial de Boxe de 2017, realizado em Hamburgo, Alemanha, um rap cuja letra misturava trechos em inglês, hindi e assamês; Sunidhi se apresentaria ao vivo na Cerimônia de Abertura da competição.
Em 2018, Sunidhi estrearia como jurada em dois outros programas de TV, The Remix e Dil Hai Hindustani ("o coração da Índia"), ambos reality shows de música. Ela também gravaria mais duas canções que seriam indicadas ao Filmfare Awards de Melhor Playback Singer Feminina, Ae Watan ("conhecendo o país"), do filme Raazi ("persuação"), e Manwaa ("humanos"), do filme October, além de ter mais uma música em um filme paquistanês, a música-título do filme Zeher-e-Ishq ("veneno de amor"). No ano seguinte, 2019, ela seria convidada pela Disney para gravar três músicas para a versão em hindi de Frozen 2, e teria mais duas músicas em filmes paquistaneses, Gangster Guriya ("choro de gangster"), do filme Baaji ("irmãs"), e Noori ("olhos"), do filme Superstar, essa última um dueto com o cantor Jabar Abbas.
Devido ao nascimento de seu filho, ela passaria 2018 e 2019 aceitando menos convites para gravar canções, interpretando apenas 26 nesses dois anos, cerca da metade do que ela gravaria em um ano comum; em 2020, seria a vez de a pandemia global impactar seriamente a indústria cinematográfica indiana, o que faria com que Sunidhi gravasse apenas quatro músicas, para três filmes. Esse ano, as coisas estão lentamente voltando ao normal, mas, até agora, ela só seria chamada para uma, Paise Ka Nasha ("viciados em dinheiro"), composição de Mehul Vyas para o filme The Big Bull. Mas Sunidhi segue sendo uma das mais respeitadas e requisitadas playback singers, e, aos 37 anos, ainda tem uma longa carreira pela frente.
0 Comentários:
Postar um comentário