Vamos começar pelo futevôlei, que, por um acaso, foi inventado no Brasil. O ano era 1962, e uma lei da época proibia a prática do futebol nas praias, mas não a do vôlei, que contava, inclusive, com quadras próprias, na faixa de areia mais próxima ao calçadão, para sua prática. Um dia, na praia de Copacabana, um grupo de amigos, liderado por Octávio de Moraes, conhecido como Tatá, jogador de futebol do time do Botafogo, decidiria esperar os jogadores de vôlei encerrarem sua partida e usar sua quadra para criar um novo esporte, que misturasse características do futebol e do vôlei, e, assim, não contrariasse a proibição. Tatá planejava chamar o novo esporte de "pévôlei", mas o nome não pegou, e logo foi alterado para futevôlei, que, naturalmente, é a mistura dos nomes futebol e vôlei.
Em 1965, o futevôlei, que, originalmente, assim como o vôlei, era jogado com seis de cada lado, chamaria a atenção de jogadores famosos de futebol, inclusive da seleção brasileira, como Jairzinho e Fontana. Ele começaria a ser disputado também em Ipanema, criando uma rivalidade entre os times de lá e os de Copacabana. Em 1967, uma partida seria filmada por Carlinhos Niemeyer, responsável pelo documentário esportivo Canal 100, que era exibido antes dos filmes nas salas de cinema do Rio de Janeiro, o que contribuiria ainda mais para a proliferação do futevôlei nas praias cariocas. No ano seguinte, 1968, já disputado em praticamente toda a orla, o futevôlei sofreria importantes modificações nas regras, que o deixariam mais parecido com o jogo que temos hoje; essas modificações seriam motivadas por reclamações dos jogadores, como por exemplo a de que, com seis de cada lado, a bola demorava muito a cair e o jogo ficava muito longo, o que fez com que o jogo passasse a ser disputado em duplas (ou em "umplas", termo criado pelo jogador Feitosa, com apenas um jogador de cada lado). Uma das principais modificações nas regras foi que, originalmente, o saque era feito com as mãos, mas, a partir de 1968, passou a também ser feito com os pés.
O futevôlei alcançaria o auge de sua popularidade no final da década de 1980, quando superastros do futebol carioca, como Renato Gaúcho, Edmundo e Romário, atrairiam multidões para suas partidas, que sempre eram temas de matérias nos principais programas esportivos da TV. Essa popularidade levaria, na década de 1990, não só à fundação das primeiras organizações devotadas a regular, promover e organizar campeonatos de futevôlei, o que culminaria na fundação da Confederação Brasileira de Futevôlei (CBFv), em 1998, mas também à difusão do futevôlei pelo mundo, levado por atletas brasileiros que iam jogar no exterior ou por estrangeiros que vinham visitar o Brasil e o ficavam conhecendo. Em 2002, sob a liderança da CBFv, seria fundada a Federação Internacional de Futevôlei (FIFV), que hoje já conta com 40 membros dos cinco continentes.
O primeiro Campeonato Mundial de futevôlei seria disputado em 2003, com a participação de 18 duplas de 14 países diferentes; atualmente, porém, não é disputado um Mundial com sede única, e sim um Circuito Mundial de Futevôlei, que conta com várias etapas ao redor do mundo, valendo pontos para as duplas, com a dupla com o maior número de pontos na última etapa sendo a campeã. O Circuito Mundial é disputado anualmente no masculino desde 2007 e no feminino desde 2010; o Brasil ganhou todos os títulos exceto dois do masculino, conquistados por duplas paraguaias. Falando nisso, o futevôlei é disputado também no feminino, com as mesmas regras do masculino (mas contando com menos uso do peito e mais dos ombros e da cabeça); o futevôlei feminino surgiria nas praias cariocas na década de 1980, e o primeiro campeonato brasileiro feminino seria realizado em 2006. Além da versão em duplas, o futevôlei tem uma versão com as mesmas regras jogada com quatro jogadores de cada lado, conhecida como 4x4; o Mundial masculino de 4x4 teve três edições, entre 2011 e 2013, a primeira vencida pelo Paraguai, as outras duas pelo Brasil.
O futevôlei é disputado em uma quadra de areia, que pode ser "natural" (localizada em uma praia) ou "artificial" (construída depositando areia, com um mínimo de 30 cm de profundidade, em um estádio ou ginásio). A quadra deve ter 18 m de comprimento por 9 m de largura (o tamanho das quadras de vôlei presentes nas praias do Rio de Janeiro quando o esporte foi inventado), devendo ter uma área de segurança de pelo menos 3 m ao seu redor, que não pode contar com nenhum elemento, exceto a cadeira do árbitro e os postes da rede. As únicas marcações da quadra são as linhas de lado e de fundo, que devem ter entre 5 e 8 cm de largura, e ser de cor que contraste com a areia. A quadra é dividida no meio por uma rede de 9,5 m de comprimento por 1 m de largura, posicionada a 2,20 m de altura no masculino, ou a 2 m de altura no feminino e no 4x4. A rede é amarrada a dois postes de 2,55 m de altura, que devem ficar entre 50 cm e 1 m das laterais da quadra. Os postes devem contar com revestimento acolchoado para que os atletas não se machuquem caso se choquem contra eles acidentalmente.
As regras do futevôlei são as mesmas do vôlei de praia, com a diferença de que não é permitido tocar na bola com os braços, antebraços ou mãos, devendo ser usadas as partes do corpo que são permitidas no futebol: pés, pernas, coxas, joelhos, peito, ombros e cabeça. Com isso, a dinâmica da partida se torna bem diferente, já que a ênfase é em jogadas técnicas para colocar a bola nos espaços vazios da quadra oponente, e não em ataques de força - não há cortadas e bloqueios, por exemplo, com as duas jogadas mais agressivas de ataque sendo a bicicleta e o shark attack, com o qual o jogador bate na bola com a sola do pé, de cima para baixo. Como foi dito, o saque também é feito com o pé, com o jogador fazendo um montinho de areia para apoiar a bola antes de chutá-la para o lado do adversário. Assim como no vôlei, cada jogador só pode dar um toque na bola, então um jogador que mate a bola no peito não pode chutá-la em seguida, devendo fazer um "passe de peito".
O uniforme também é o mesmo do vôlei de praia: camiseta e bermuda para os homens, top e short para as mulheres. Já a bola é a mesma do futebol, mas mais leve e macia, com entre 68 e 70 cm de circunferência, entre 410 e 440 g de peso, e pressão interna entre 0,56 e 0,63 kg/cm2. Uma partida de futevôlei é disputada em melhor de três sets, ou seja, vence a dupla que primeiro ganhar dois. Dependendo do torneio, os sets podem ser de 15 ou de 21 pontos, sendo que a dupla vencedora tem que obter dois pontos de vantagem - se o set for de 15 pontos e estiver 14 a 14, ganha quem fizer 16, por exemplo.
O segundo esporte que veremos hoje é o polocrosse, que tem esse nome por ser uma mistura de polo e lacrosse - mas, ao contrário do que possa parecer, não surgiu quando alguém pensou "vou misturar polo com lacrosse". Além disso, por incrível que pareça para nós, o polocrosse não é um esporte recente: foi criado na Austrália, em 1938, pelo criador de cavalos Edward Hirsch e o jogador de polo Alf Pitty. Tudo começou quando a esposa de Hirsch estava lendo uma edição da revista English Horse Magazine, e chamou a atenção de seu marido para uma matéria que descrevia um exercício criado na Inglaterra para manter cavaleiros em forma: disputado em uma quadra coberta, ele usava antigas marretas de polo cujas cabeças eram substituídas por raquetes de squash com as cordas frouxas, que deveriam ser usadas para recolher do chão bolas de tênis, que eram então arremessadas em cestas suspensas tipo as do basquete. O casal, entusiasta dos esportes a cavalo, decidiria viajar para Inglaterra para conhecer esse exercício de perto, visando transformá-lo em um novo esporte, e retornou trazendo "raquetes" e um livro de regras. Hirsch, então, se reuniu com Pitty, e passou vários dias experimentando e refinando as regras, até chegar à sua versão final. Os dois decidiriam chamar o novo esporte de polocrosse, pois, durante esse processo, viram que as regras do lacrosse eram as que melhor se adequavam ao tipo de esporte que eles queriam.
O polocrosse é jogado ao ar livre, em um campo gramado, de 146,5 metros de comprimento por 55 metros de largura - ou seja, pouco maior que um campo de futebol. A 27,5 m de cada linha de fundo, paralelas a estas, são traçadas duas linhas que demarcam as chamadas áreas de gol; além delas, há duas marcações semelhantes à letra T, com linhas de 5 m cada, as verticais no centro exato do campo, as horizontais a 5 m de cada linha de lado; e dois semicírculos de 10 m de raio cada, centrados no meio de cada gol. Cada gol é formado por dois postes de 5 m de altura cada, espaçados 2,5 m um do outro; assim como no polo, os gols são feitos de material macio e não são fixos, devendo sair do lugar preferencialmente sem cair caso haja um choque de um dos cavalos contra um deles. Ao redor do campo, deve haver uma "zona de segurança", de 12 m a partir de cada linha de fundo e 3 m a partir de cada linha de lado, na qual somente podem ficar, e assim mesmo temporariamente, jogadores, árbitros e gandulas - contando com as zonas de segurança, o campo tem 170,5 m de comprimento por 61 m de largura.
Uma equipe de polocrosse é composta de seis jogadores, sendo que somente três deles estarão em campo ao mesmo tempo, e, como eles têm funções altamente especializadas, seus números são repetidos (dois jogadores jogam com o número 1, dois com o número 2 e dois com o número 3). O polocrosse possui quatro modalidades, a masculina (seis jogadores homens), a feminina (seis jogadoras mulheres), a mista (três homens e três mulheres, sendo que, em campo, sempre deve haver dois homens e uma mulher ou duas mulheres e um homem) e aberta (seis homens e mulheres em qualquer quantidade, no time e em campo). Cada equipe pode ter também dois reservas (que, no caso da modalidade mista, devem ser obrigatoriamente um homem e uma mulher, sendo que o homem só pode substituir outro homem e a mulher só pode substituir outra mulher), mas a substituição só pode ocorrer em caso de lesão ou contusão. No caso de um campeonato, a mesma equipe deve começar todos os jogos, e, caso haja uma substituição, o reserva toma o lugar do substituído até o final da competição.
Por falar nisso, ao contrário do que ocorre no polo, onde cada jogador pode usar até oito cavalos por partida, o polocrosse usa a regra do "one man, one horse", ou seja, cada jogador tem seu próprio cavalo, e deve utilizá-lo em todos os seus jogos, do início até o final. Caso um jogador seja substituído, portanto, seu cavalo também será substituído, devendo o reserva montar seu próprio cavalo. Existem apenas três exceções à regra do "one man, one horse", pelas quais um cavalo pode ser substituído mas o jogador que o montava não: caso o cavalo se lesione, mas o jogador não; caso o árbitro decida que o cavalo não é seguro; ou caso o veterinário da partida decida que o cavalo não tem condições de seguir jogando. Em todos os três casos, se desejar, o time oponente também poderá trocar um de seus cavalos, pois um cavalo descansado representa vantagem no jogo. Cada time deve fornecer seus próprios cavalos, não podendo pegar emprestado; os cavalos podem ser de qualquer raça, ter qualquer altura e qualquer idade a partir dos 6 anos, mas devem ser obrigatoriamente castrados, enxergar perfeitamente bem dos dois olhos, e não podem apresentar comportamento que possa resultar em perigo para os jogadores durante o jogo - como empinar de repente se assustado.
A bola é feita de borracha com núcleo de espuma, com entre 10 e 13 cm de diâmetro e pesando entre 140 e 155 gramas. O bastão é bem parecido com o do lacrosse, mas não idêntico, tendo cabeça oval como uma raquete de tênis. O bastão é feito de materiais como fibra de carbono, alumínio e titânio, e tem no mínimo 1 m de comprimento, mas não comprimento máximo. A cabeça é feita de plástico duro, não pode ter nenhum elemento de metal, e deve ter no máximo 21,3 cm de comprimento por 18,4 cm de largura; a rede é feita de couro e nylon, é frouxa, e tem no máximo 10,16 cm de profundidade. Cada jogador deve segurar o bastão com a mesma mão do início ao fim do jogo (segurando as rédeas com a outra), sendo proibido trocar o bastão de mão; jogadores canhotos podem segurar o bastão com a mão esquerda, mas cada time deve obrigatoriamente avisar ao árbitro principal de que há canhotos no time, e, antes de a partida começar, o árbitro principal deverá avisar a todos os jogadores da equipe oponente de que vão jogar contra um ou mais canhotos, e quais são os jogadores canhotos. O uniforme do polocrosse é composto de uma camisa nas cores do time, calças de montaria obrigatoriamente brancas, botas de montaria e um capacete especial, com três pontos de ligação com a cabeça do jogador; luvas são opcionais. Os cavalos usam selas, rédeas, ferraduras de polo e caneleiras, com essas últimas sendo da mesma cor do time, sendo proibidos acessórios como antolhos e ferraduras com anel externo.
A equipe de arbitragem é composta de dois árbitros, sendo que um, considerado o principal, acompanha os jogadores dentro de campo, a cavalo, e o outro acompanha o jogo a pé, da linha lateral; um juiz de cadeira, que acompanha o jogo sentado em uma cadeira alta; dois árbitros de gol, um posicionado atrás de cada gol; um juiz de tempo, que marca o tempo de jogo; e um juiz de placar, responsável por anotar os gols e faltas. O árbitro a pé, o juiz de cadeira e os árbitros de gol todos podem apitar faltas e chamar a atenção do árbitro principal para qualquer situação, mas a palavra do árbitro principal é final em todos os assuntos, até mesmo na validação dos gols, apontados pelos árbitros de gol.
Uma partida de polocrosse dura oito tempos chamados chukkas, de oito minutos cada, com intervalo de dois minutos entre um e outro. O relógio não para nunca, exceto em caso de atendimento médico ou veterinário, que devem durar um máximo de dez minutos cada, ou a critério do árbitro, que pode pedir, por exemplo, para que um jogador aperte o capacete, ou para um gol ser recolocado no lugar. Quando se esgota o tempo de um chukka, a bola continua em jogo, com o chukka só terminando de fato quando ela sai de campo ou quando ocorre uma falta; no caso de numa falta, ela será cobrada no início do chukka seguinte, exceto se for o último chukka, quando o jogo prossegue, ocorrendo a cobrança da falta, até a bola sair de campo. É possível um jogo terminar empatado, mas, caso seja um jogo eliminatório, que não possa terminar empatado, são jogados sucessivos chukkas de quatro minutos cada com morte súbita, ou seja, o primeiro time a marcar um gol vence a partida. Pelas regras do jogo, nenhum cavalo pode jogar mais de 54 minutos em uma única partida, tempo mais do que suficiente para que aconteçam dez prorrogações caso necessário.
Uma das principais características do polocrosse é a de que os trios de jogadores se alternam entre os chukkas, com um trio de camisas 1, 2 e 3 jogando os chukkas ímpares e o outro jogando os chukkas pares - na prática, portanto, se não houver prorrogação nem substituição, cada jogador e cada cavalo jogarão quatro chukkas. Os jogadores são altamente especializados, com o jogador que usa o número 1 sendo o atacante, o número 2 sendo o central e o número 3 sendo o defensor. Os jogadores devem permanecer com a mesma função (e camisa) durante todo o jogo, mas podem mudar de função (e camisa) para o jogo seguinte; quando um jogador é substituído, o reserva deve usar o mesmo número na camisa e cumprir a mesma função do que substituiu. Os números devem claramente ser visíveis nas costas de todos os jogadores, e opcionalmente nas mangas ou no peito.
Durante a partida, apenas os jogadores de número 1 podem marcar gols; isso ocorre porque, para um gol ser válido, o jogador deve arremessar a bola de dentro da área de gol, e apenas o jogador de número 3 do time que está defendendo e o de número 1 do time que está atacando podem entrar na área de gol. Essa regra foi criada para obrigar os jogadores a passar a bola entre si, com a maior parte das roubadas de bola ocorrendo durante os passes. Basicamente, durante uma partida, todos os jogadores ficam na área central do campo (entre as linhas das áreas de gol), até que um número 1 consiga a posse de bola, quando irá até a área de gol, acompanhado de seu marcador, o número 3 adversário, tentar marcar um gol. Uma peculiaridade das regras é que a bola não pode cruzar a linha da área de gol sendo carregada por um jogador, por isso, quando um número 1 dispara em direção à área de gol, ele joga a bola no chão para pegá-la novamente lá dentro; também é permitido que um número 1 entre na área de gol sem a posse de bola, para então receber um passe do número 2 - passes do número 3 para o número 1 são permitidos mas raríssimos, sendo a ordem normal de passe 3-2-1.
Um jogador com a posse de bola deve obrigatoriamente conduzi-la com o bastão fazendo um ângulo de 90 graus com o corpo do cavalo; para roubar a bola, um oponente pode bater na cabeça do bastão de baixo para cima, de forma a tirar a bola da rede e fazer com que ela caia no chão. A bola pode correr ou quicar pelo chão qualquer distância, mas o jogador não pode bater nela para impulsioná-la de propósito como no polo, devendo sempre tentar recolhê-la com sua rede. Para que um gol seja válido, a bola deve passar pelo meio dos postes, a qualquer altura, desde que o bastão do jogador que a lançou permaneça em sua mão, e que seu cavalo estivesse totalmente dentro da área de gol mas totalmente fora do semicírculo. Caso, durante o jogo, a bola saia pela lateral, o número 2 tem direito a cobrar uma falta do local onde ela saiu; caso saia pela linha de fundo, o número 3 cobra falta da linha da área de gol; em ambos os casos, todos os jogadores devem se posicionar a no mínimo 10 m do local onde a falta será cobrada, e ninguém pode tocar na bola até que ela tenha viajado 10 m. Assim como no basquete, se um cavalo pisar fora do campo ou na linha enquanto seu jogador tiver a posse de bola, se considera que a bola saiu.
No início do jogo e após cada gol, os jogadores número 1 de cada time se posicionam junto com o árbitro em um dos T do meio do campo, escolhido pelo árbitro no início e alternando o T a cada reinício a partir de então, com cada jogador de um dos lados da linha vertical, a no mínimo 3 m do árbitro, e o cavalo do árbitro sobre a linha horizontal; os jogadores número 2 devem ficar atrás do número 1, e os número 3 atrás do número 2, em uma distância menor que o corpo de um cavalo, mas de forma que nenhuma parte do corpo do cavalo de trás toque ou fique paralela com o cavalo da frente. O árbitro, então, joga a bola para cima, como no basquete, e o time que a pegar começa jogando. Como as equipes se alternam entre os chukkas, a mudança de lado das equipes ocorre a cada chukka ímpar, e não a cada chukka, senão cada trio jogaria sempre do mesmo lado. Como foi dito, se houve uma falta no final de um chukka, o chukka seguinte começará não com bola ao alto, mas com a cobrança da falta.
Por ser muito veloz e disputado, o polocrosse pode se tornar um esporte perigoso caso as regras não sejam cumpridas à risca. Suas muitas faltas incluem trocar o bastão de mão; atravessar a linha da área de gol tendo a posse de bola; carregar a bola sem o bastão estar a um ângulo de 90 graus com o corpo do cavalo; sair de campo ou cavalgar sobre as linhas laterais ou de fundo de propósito, com ou sem a bola; obstruir o número 3 para que ele não consiga marcar o número 1; cruzar o caminho de outro jogador de forma que o coloque em perigo; correr na direção de outro jogador; bater com o bastão no corpo, bastão ou cavalo de outro jogador; fazer com que seu cavalo se choque com o cavalo de outro jogador; fazer com que a cabeça de seu cavalo toque no corpo de outro jogador; fazer o cavalo empinar ou coicear; soltar as rédeas; segurar o pescoço ou crina do cavalo; bater no próprio cavalo; sacudir o bastão de forma a confundir os cavalos ou atrapalhar os jogadores; pegar ou conduzir a bola com a mão; conduzir a bola no colo; segurar o bastão com as duas mãos; lançar o bastão junto com a bola de propósito; golpear uma bola que está no chão com o bastão; passar por dentro do gol com o cavalo; desmontar do cavalo; e conduta antidesportiva, como xingar um oponente ou desobedecer o árbitro.
As faltas podem ser classificadas, de acordo com sua gravidade, em uma escala que vai de 1 a 4. Faltas classificadas como 1 são cobradas com um lançamento do time que sofreu a falta no local onde ela ocorreu, com todos os outros jogadores devendo ficar a 10 m de distância do que cobrará a falta, e nenhum podendo tocar na bola enquanto ela não viajar 10 m. Faltas classificadas como 2 são cobradas da linha da área de gol do time que sofreu a falta, com um lançamento diretamente para a frente, na direção do gol adversário, e nenhum oponente podendo tocar na bola antes que ela cruze a outra linha da área de gol ou que um jogador do time que cobrou a falta a toque. Faltas classificadas como 3 são o equivalente a um pênalti do futebol, cobradas pelo número 1 do time que sofreu a falta da linha da área de gol do time que cometeu a falta, com o número 3 do time que cometeu a falta podendo tentar defender, mas tendo de se posicionar a no mínimo 8 m do local onde a falta será cobrada, e não podendo tocar na bola antes de ela ter viajado 8 m. Faltas de número 4 resultam em um gol automático para o time que sofreu a falta. Dependendo da gravidade da falta, um jogador pode ser expulso, tendo de ficar fora do jogo durante três minutos; se o jogador fora de campo for o número 1 ou o número 3, o número 2 assume suas funções durante esses três minutos (com o time na prática jogando três minutos sem número 2).
Depois que Hirsch e Pitty inventaram o polocrosse, Pitty o apresentou aos jogadores de seu time, e, após algum período de treinamento, organizou uma partida de demonstração, em 1939, no Ingleburn Sports Ground, próximo a Sydney, onde jogavam. O polocrosse foi um sucesso instantâneo, e, naquele mesmo ano, surgiria em Ingleburn o primeiro clube de polocrosse do mundo. Demoraria um pouquinho, porém, para o esporte se espalhar para outras cidades: somente em 1946 seria fundado o segundo clube, em Burradoo, também próxima a Sydney; naquele mesmo ano, aconteceria a primeira partida entre clubes. Ao longo da década de 1950, o polocrosse se espalharia pela Austrália e Nova Zelândia, e, em 1958, cruzaria o oceano e chegaria à África do Sul. Dez anos depois, seria disputado o primeiro jogo internacional entre seleções de polocrosse, entre África do Sul e Rodésia (país que hoje se chama Zimbábue). Em 1971, a seleção da África do Sul visitaria a Austrália, para o primeiro jogo internacional dos australianos. O polocrosse só chegaria à Europa em 1978, quando os primeiros clubes seriam inaugurados no Reino Unido. Antes disso, em 1976, seria fundado o Conselho Internacional de Polocrosse (IPC, da sigla em inglês), até hoje o órgão máximo para a regulação do polocrosse no planeta, pelas federações nacionais da Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, África do Sul e Rodésia.
Infelizmente, apesar de ser tão antigo, o polocrosse ainda tem dificuldade em se tornar popular, tanto que, hoje, o IPC só conta com 16 membros, sendo 9 membros plenos (países nos quais o polocrosse é considerado desenvolvido, que contam com campeonatos nacionais) e 7 membros associados (países nos quais o polocrosse está em desenvolvimento, que contam apenas com campeonatos regionais). Curiosamente, existe também uma lista de "membros em potencial", países onde o polocrosse é praticado, mas não em campeonatos organizados, muitas vezes sequer com uma federação nacional, o que impede sua filiação ao IPC; fazem parte dessa lista, por exemplo, a Argentina, o Uruguai, o México, e, por alguma razão incompreensível, a Papua Nova Guiné, que foi membro fundador do IPC, mas hoje não consta de sua lista de membros. Até onde eu saiba, o polocrosse não é praticado no Brasil. A competição mais importante do polocrosse é a Copa do Mundo, disputada na modalidade aberta a cada quatro anos desde 2003; os dois únicos países que foram campeões são a Austrália, com três títulos (os dois primeiros e o mais recente) e a África do Sul, com dois.
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