domingo, 15 de setembro de 2019

Escrito por em 15.9.19 com 0 comentários

Games Marvel

Esse é um post que eu pensei em fazer, depois desisti, aí, quando resolvi de novo fazer, já tinha começado a série do MCU e achei que ia ser Marvel demais ao mesmo tempo no átomo, mas hoje eu resolvi escrever assim mesmo. Um post sobre quatro games da Marvel para arcades que eu adorava, e comeram muito dinheiro meu. Em ordem cronológica.

Houve uma época na qual quase todos os jogos de arcade eram de luta ao estilo Street Fighter II, sendo que a culpa foi do próprio Street Fighter II. Antes disso, porém, houve uma época na qual quase todos os jogos de arcade eram de luta ao estilo Streets of Rage, mais conhecidos como beat'em ups, sendo que, dessa vez, a culpa não foi de Streets of Rage, e sim de outro jogo da Capcom, Final Fight. Assim como Street Fighter II, Final Fight não foi o primeiro jogo de seu estilo, mas foi um dos mais bem sucedidos, e esse sucesso logo levou ao surgimento de milhares de clones, alguns inclusive com temas que nem combinavam muito com beat'em ups - um dos melhores, por exemplo, era The Simpsons, no qual Homer, Marge, Bart e Lisa metiam a porrada em vários personagens coadjuvantes do desenho para salvar Maggie, sequestrada por Smithers, o secretário do Sr. Burns.

Com tantos clones assim surgindo, era óbvio que um com personagens Marvel apareceria também. O primeiro deles, entretanto, não seria lançado por nenhuma empresa considerada das principais no ramo, e sim pela Data East, que eu sempre associo com Joe & Mac, mas que, na época, era mais famosa por suas máquinas de pinball. Talvez surpreendentemente, portanto, Captain America and the Avengers é um dos melhores clones de Final Fight - segundo alguns, dentre os quais eu mesmo me incluo, melhor até do que Final Fight - se destacando em um cenário no qual, como costuma acontecer, a maioria de seus concorrentes era bem ruim, tendo sido lançados apenas para aproveitar o hype dos beat'em ups e comer algum dinheiro dos jogadores incautos.

Lançado para arcades em 1991 (mesmo ano de Joe & Mac, aliás), usando uma placa criada só para ele, Captain America and the Avengers existia em duas versões, uma para quatro jogadores simultâneos e uma para apenas dois. Em qualquer uma das versões, quatro integrantes dos Vingadores estavam à disposição dos jogadores: Capitão América, Homem de Ferro, Gavião Arqueiro e Visão (que na época havia sido reconstruído e era todo branco, e não verde, amarelo e vermelho como em sua versão mais famosa). Muitos vilões dos quadrinhos dos Vingadores também estão presentes, liderados pelo Caveira Vermelha, que, para tentar dominar o mundo, os atraiu com promessa de bastante dinheiro e então fez uma lavagem cerebral para que eles o obedecessem - aparentemente, ele não confiou que apenas um desses métodos funcionaria, e resolveu usar os dois. Esse enredo é contado na introdução do jogo, que também foi um diferencial para uma época na qual a história da maioria dos jogos tinha de ser adivinhada pelo jogador.

Outro diferencial de Captain America and the Avengers eram as vozes digitalizadas, uma grande novidade para a época. Muitas das falas, embora hoje soem toscas (até porque parecia que todas eram faladas pela mesma pessoa), chamavam muita atenção na época, como Avengers! quando alguém colocava uma ficha, o Capitão América dizendo America still needs your help ("a América ainda precisa da sua ajuda") na tela de continue, o Caveira Vermelha declarando you cannot beat me ("vocês não podem me deter") na abertura, ou o Ceifador dizendo you came here to die ("vocês vieram até aqui para morrer"). Eu e meus amigos entendíamos e repetíamos tudo errado (menos Avengers!), mas o que valia era a diversão.

Uma coisa que eu me lembro que eu não gostava era que os personagens de Captain America and the Avengers eram pequenos, especialmente se comparados aos de Final Fight, que eram enormes. Apesar dos personagens pequenos, os gráficos são bonitos, coloridos e detalhados, especialmente os fundos dos cenários. Uma outra coisa estranha é que a energia dos personagens não é medida por uma barra, e sim por um número, que começa cada vida em 100, mas aparentemente não tem limite, podendo ficar maior que 100 se o personagem pegar muitos itens de energia. "Cada vida", aliás, é modo de dizer, porque cada jogador só tem uma, tendo de dar continue toda vez que morre se quiser continuar jogando.

Os controles são bastante simples: além do direcional, só há dois botões, um para pulos, outro para ataques. Os ataques são sempre corpo a corpo, como socos e chutes; pressionando ambos os botões ao mesmo tempo, o personagem lança um projétil: o Capitão América lança seu escudo, o Gavião Arqueiro dispara uma flecha, o Homem de Ferro e o Visão disparam um laser - diferentemente do que acontece em outros jogos do tipo, o projétil não gasta energia nem qualquer outro recurso, podendo ser usado à vontade, inclusive quando os personagens estão no meio de um pulo. Mantendo o botão de ataque pressionado, o personagem faz uma pose de bloqueio, o que diminui muito o dano causado pelos ataques dos oponentes - inclusive reduzindo a zero o dano dos ataques mais fracos. Se você estiver com pressa, ainda pode pressionar o direcional duas vezes seguidas para frente ou para trás, o que faz com que o personagem dê uma corrida naquela direção, que termina com um ataque. Falando nisso, a ação é frenética, com os personagens se movendo e pulando muito mais rapidamente que em outros beat'em ups, e os golpes aplicados em sequência sendo variados e diferentes dependendo de qual personagem você está usando. Todos os golpes são acompanhados de onomatopeias e efeitos sonoros, o que faz com que o jogo realmente se pareça com uma história em quadrinhos ou desenho animado.

Durante as fases, também é possível pegar objetos do chão, como caixas, latas, e até alguns inimigos, e arremessá-los contra os oponentes, tudo usando o botão de ataque. Outra novidade de Captain America and the Avengers é que o jogo não é 100% de luta: em alguns trechos, os personagens seguirão voando ou nadando, e aí o jogo fica parecendo um de navezinha, com o jogador disparando projéteis para limpar o caminho enquanto eles avançam, com a tela se movendo sozinha. Nos segmentos de voo, o Homem de Ferro e o Visão voam com suas próprias forças, mas o Capitão América e o Gavião Arqueiro precisam de uma espécie de nave, que lhes é dada por outro Vingador, Magnum. Outros Vingadores que fazem participações durante as fases são a Vespa, que atua como apoio nas fases 2 e 5, acompanhando o personagem que primeiro tocou nela e atacando o oponente mais próximo toda vez que o jogador que controla esse personagem aperta o botão de ataque; Namor, que confere ao Capitão América e ao Gavião Arqueiro equipamento para que eles possam sobreviver sob a água na fase 3 (o Homem de Ferro e o Visão, mais uma vez, não precisam), e acompanha o grupo mostrando o caminho e desarmando bombas; e Mercúrio, que em alguns momentos passa correndo e deixa cair um item que recupera energia do personagem que o pegar.

Os inimigos de fase são os mais genéricos possíveis, um bando de robôs e naves espaciais armados com diferentes tipos de armas; os chefes de fase, por outro lado, são vilões famosos dos Vingadores, com ataques baseados nos poderes que possuem nos quadrinhos. Ao todo, o jogo tem cinco fases (o que parece pouco, mas não é), que têm como chefes, respectivamente, o Ciclone, o Ceifador, o Mandarim, Ultron e o Caveira Vermelha; Garra Sônica, Laser Vivo, um Sentinela (que está no lugar errado, já que nenhum dos quatro heróis é mutante), o Mago, um polvo robô gigante (cujo nome no jogo é Mech Taco, um "erro de tradução", já que tako é "polvo" em japonês, idioma no qual o jogo foi desenvolvido), o Fanático e Ossos Cruzados atuam como sub-chefes.

Captain America and the Avengers teve cinco versões caseiras lançadas. A mais fiel de todas foi a do Sega Genesis (conhecido por aqui como Mega Drive), que, curiosamente, nunca foi lançada no Japão. A versão Genesis tem, obviamente, um máximo de dois jogadores simultâneos, mas possui todos os gráficos e efeitos sonoros do jogo dos arcades. A versão Super Nintendo, por outro lado, tem gráficos mais feios, músicas piores, e muitas das falas dos personagens alteradas, talvez em um esforço de tornar o jogo mais sério (na primeira fase, por exemplo, os heróis dizem a Ciclone "você não vai conseguir fugir"; na versão arcade ele responde "vocês é que vão querer fugir", mas, na versão SNES, ele responde "vocês vão desejar jamais terem vindo") - para piorar, os diálogos alterados não possuem vozes digitalizadas. Mas piores ainda são as versões Game Boy e Game Gear, que não são beat'em ups, e sim jogos de plataforma (ou seja, os personagens só podem se mover em duas direções, para a frente e para trás, ao invés de em oito), embora mantenham as mesmas fases com os mesmos inimigos, adicionando ainda uma limitação de no máximo dois inimigos na tela de cada vez, o que faz com que o jogo seja absurdamente mais fácil, mas as lutas contra os chefes bem mais difíceis. Ambas as versões portáteis são para apenas um jogador.

A quinta versão nem pode ser chamada assim, já que é um jogo completamente diferente. Lançada para o NES ainda em 1991, ela também é um jogo de plataforma, mas com fases totalmente reformuladas, para melhor se adequarem a esse estilo. Apenas dois personagens estão disponíveis, Capitão América e Gavião Arqueiro, que devem salvar o Homem de Ferro e o Visão, que foram sequestrados pelo Caveira Vermelha. O jogo possui 23 fases, todas ambientadas em locais famosos dos Estados Unidos, com os heróis cruzando o país em busca do vilão. Se fosse apenas diferente, o jogo ainda poderia ser bom, mas é chato, difícil e cheio de detalhes irritantes - os personagens, por exemplo, começam o jogo absurdamente fracos, e devem recolher cristais para aumentar sua força, sendo necessários 200 cristais para que o primeiro incremento seja aplicado. Eu só consigo imaginar a decepção de quem comprou esse jogo achando que ia jogar o dos arcades.

No mesmo ano em que a Data East lançaria Captain America and the Avengers, a Sega lançaria Spider-Man: The Video Game, também para arcades, usando uma versão modificada da placa Sega System 32. Em muitos aspectos, Spider-Man: The Video Game é parecido com Captain America and the Avengers: quatro personagens Marvel à disposição (sendo um deles o Gavião Arqueiro), versões que permitiam dois ou quatro jogadores simultâneos, gráficos e cenários bonitos e coloridos, vozes digitalizadas (embora em quantidade bem menor) e onomatopeias quando os inimigos são atingidos, para que o jogo fique parecido com uma história em quadrinhos. O jogo do Homem-Aranha, porém, tem personagens enormes, maiores até que os de Final Fight, e golpes menos variados. Mesmo assim, é um jogo bastante divertido, que se destacava dentre os demais da época. Infelizmente, Spider-Man: The Video Game jamais foi lançado para nenhum console ou computador, o que significa que as únicas formas de jogá-lo são tendo um arcade original ou em um emulador.

Os quatro personagens à disposição dos jogadores são o Homem-Aranha, a Gata Negra, o Gavião Arqueiro e Namor, o Príncipe Submarino. A Gata Negra tudo bem, mas o que os outros dois estão fazendo em um jogo do Homem-Aranha é um mistério para mim. De qualquer forma, os outros três ajudam o Homem-Aranha a recuperar um artefato roubado, que primeiro vai parar nas mãos do Rei do Crime, mas depois o Doutor Destino se aproveita para tentar se apossar dele.

Mais uma vez, os controles são simples, contando com o direcional e dois botões. Um dos botões é usado para os pulos, enquanto o outro é usado para os ataques. É possível emendar vários ataques para fazer um combo, embora na maioria das vezes os personagens fiquem apenas dando socos separados em vários inimigos diferentes por vez. Também é possível executar alguns "ataques especiais", como o do Homem-Aranha em que ele se balança em uma teia para atingir um inimigo, mas, fora o efeito estético, esses ataques não têm nenhuma vantagem sobre os comuns. Os únicos ataques mais poderosos são aqueles obtidos pressionando ambos os botões simultaneamente, que atingem oponentes a longa distância e são mais fortes que os ataques comuns: o Homem-Aranha lança uma teia, o Gavião Arqueiro dispara uma flecha, a Gata Negra usa um chicote e Namor, por alguma razão, lança um raio eletromagnético. Diferentemente dos ataques especiais de Captain America and the Avengers, esses consomem a energia do personagem quando usados, e devem ser racionados para que o jogador não se veja em maus lençóis. Também é possível pegar objetos do chão - e alguns inimigos - e arremessá-los, o que é feito usando o botão de ataque.

Assim como em Captain America and the Avengers, a energia dos personagens é representada por um número. Aqui, ela começa em 400, o que é também seu limite, ou seja, não importa quantos itens de recuperar energia o jogador pegue, ela nunca passa de 400, e vai regredindo lentamente mesmo que o personagem não sofra nenhum dano - tão lentamente que não chega a ser uma ameaça, mas é irritante. Cada personagem também tem apenas uma vida, sendo preciso dar continue quando sua energia chega a zero, mas em Spider-Man: The Video Game é possível colocar um crédito a qualquer momento para que a energia do personagem automaticamente retorne para 400, não sendo preciso esperar que ele morra.

Uma das principais características de Spider-Man: The Video Game é que ele não é um beat'em up o tempo todo, alternando sequências de luta com sequências de plataforma - a primeira fase, por exemplo, começa com um segmento de luta, muda para um segmento de plataforma após o primeiro subchefe, e volta a ser um beat'em up após o segundo subchefe. Nos segmentos de plataforma, os movimentos obviamente são limitados a andar para a frente e para trás e pular, e os botões ainda são um para pulos e um para ataques, mas os ataques são sempre os de longo alcance, e não gastam energia dos personagens. Também é possível se abaixar nos segmentos de plataforma, para esquivar de alguns ataques dos inimigos.

Os inimigos de fase são menos genéricos que os de Captain America and the Avengers, mas, mesmo assim, são pouco criativos: temos membros de gangues, animais mutantes, capangas contratados e, evidentemente, robôs. O jogo, ao todo, possui quatro fases bem compridas. Na primeira, Venom é o chefe três vezes, a primeira no primeiro segmento de luta junto com o Escorpião, a segunda no segmento de plataforma, e a terceira no segundo segmento de luta. Na segunda, o Lagarto é o subchefe do primeiro segmento de luta, Electro é o subchefe do segmento de plataforma, e o chefe de fase é o Duende Verde. A terceira fase começa como de luta, com o Escorpião como subchefe, muda para plataforma com o Doutor Octopus como subchefe, volta a ser de luta com o Rei do Crime e o Homem-Areia como subchefes, volta a ser de plataforma com o Duende Macabro como subchefe, e, finalmente, volta a ser de luta, com o Rei do Crime como chefe. A última fase começa com um segmento de luta com o Lagarto como subchefe, passa para um segmento de plataforma, volta para luta, com o Duende Verde como subchefe, continua como luta com o Homem-Areia como subchefe, continua como luta com o Doutor Destino como subchefe, volta a ser plataforma com o Doutor Destino mais uma vez como subchefe, e volta a ser de luta com o Doutor Destino como chefe. Aí, quando você pensa que acabou, surge o verdadeiro último chefe do jogo: três Venoms!

Um ano depois de Spider-Man: The Video Game, em 1992, a Konami lançaria mais um jogo para arcades com personagens da Marvel: X-Men (informalmente conhecido como X-Men: The Arcade Game). Embora eu gostasse bastante de todos os quatro jogos sobre os quais estou falando aqui, X-Men era o meu preferido, por dois motivos: primeiro, porque na década de 1990 eu era muito fã dos X-Men, comprando todos os quadrinhos do grupo que pudesse e já tendo visto cada um dos episódios do desenho da Fox umas cem vezes. Segundo, porque no fliperama perto da minha casa tinha a máquina especial de X-Men para seis jogadores, e poder jogar um beat'em up num arcade com outras cinco pessoas era uma das experiências mais gratificantes que eu poderia imaginar na época. Curiosamente, enquanto eu pesquisava para escrever esse post, descobri que a opinião geral sobre X-Men é que ele é um jogo ruim, com as principais reclamações sendo que ele era sem graça e que parecia ter sido feito de forma apressada. Eu não achava nada disso, e me divertia muito jogando.

Lançado para uma placa própria, X-Men teve três versões, uma para até dois jogadores simultâneos, uma para até quatro, e a já citada versão para até seis jogadores simultâneos. Essa versão usava um gabinete especial com dois monitores, que usavam um sistema engenhoso para que parecesse que eram um único monitor widescreen: na verdade, os dois monitores não ficavam um ao lado do outro, e sim um sobre o outro, com um grande espelho na posição "normal" de um monitor em um gabinete de arcade; através de um sistema de espelhos, a imagem desses dois monitores era refletida nesse espelho grande, que os jogadores achavam que era o monitor. Além desse "monitor widescreen", esse gabinete tinha uma bancada enorme, com seis direcionais e 18 botões, que era em formato de semicírculo, para que todo mundo pudesse jogar sem se espremer uns ao lado dos outros.

Uma das principais críticas que se faz a X-Men é que ele não era baseado no famoso desenho da Fox (que, verdade seja dita, só estreou após o lançamento do jogo), e sim em um piloto chamado Pryde of the X-Men, produzido em 1989 e exibido algumas vezes, mas que jamais deu origem a uma série, conforme estava originalmente planejado, porque o estúdio que o produzia, a DePatie-Freleng Enterprises, entraria em falência e fecharia as portas pouco depois de ele ficar pronto. Os seis X-Men disponíveis para os jogadores, portanto, eram os da equipe titular de Pryde of the X-Men, usando os uniformes que usavam nos quadrinhos dos anos 1980 - como o jogo foi lançado pouco antes da estreia do desenho mais famoso, muitos jogadores estranhavam a escolha dos X-Men e a aparência de seus uniformes. O enredo do jogo também é o mesmo de Pryde of the X-Men, com os X-Men tendo de salvar o Professor X e Kitty Pryde, e tendo de ir até o Asteroide M para impedir que Magneto domine o planeta.

Os seis X-Men disponíveis para os jogadores são Wolverine, Ciclope, Noturno, Colossus, Tempestade e Cristal. Como já é tradicional, cada um deles é controlado por um direcional e dois botões, sendo um de pulos e um de ataques. Os ataques, mais uma vez, são socos e chutes, que podem ser usados como parte de combos; pressionando ambos os botões ao mesmo tempo, o personagem usa seu "poder mutante", em um grande ataque que atinge vários inimigos ao mesmo tempo - Ciclope e Cristal disparam raios, Wolverine cria uma onda de choque com suas garras, Tempestade lança um furacão, Noturno se teleporta pela tela, e Colossus, bizarramente, dá um grito e cria uma explosão em torno de si mesmo. A energia de cada personagem é simbolizada por uma barra com 10 segmentos, sendo que a maioria dos ataques dos oponentes removem um segmento, mas usar o poder mutante remove três. Cada personagem também começa o jogo com um item que conta como um uso do poder mutante, e, ao longo do jogo, assim como pode pegar itens que recuperam sua energia, pode pegar mais desses itens. Na versão japonesa do jogo, o personagem gasta um desses itens cada vez que usa o poder mutante, e só perde energia se usá-lo quando estiver sem nenhum; nas demais versões é o contrário, o personagem gasta energia primeiro, e esses itens só são usados caso ele esteja com quatro segmentos de energia ou menos - em ambas as versões, é impossível usar o poder mutante caso a energia seja igual ou menor que quatro segmentos e o jogador não tenha nenhum item. Em X-Men os personagens possuem vidas extras, recomeçando o jogo do ponto onde estavam caso percam toda a energia; cada personagem começa o jogo com duas vidas extras, e é possível colocar um crédito para ganhar mais uma a qualquer momento do jogo.

Os gráficos de X-Men são coloridos e detalhados, com belos planos de fundo e personagens grandes, e há cut scenes bonitas durante as fases que ajudam a explicar a história. Os efeitos sonoros, por outro lado, são bem chatinhos, as vozes digitalizadas são praticamente inexistentes, e a música é bem chata - felizmente, na barulheira do arcade, mal dava pra ouvir. Os inimigos de fase, mais uma vez, são bem genéricos e pouco variados, contando com robôs, mini-sentinelas, animais mutantes, múltiplos Quebra-Ossos dos Carniceiros, e, por alguma razão, um monte de homens-crocodilo. Ao todo, o jogo tem sete fases, cujos chefes são Pyro, Blob, Wendigo, Nimrod, o Fanático, três estátuas de pedra que lembram o Faraó Vivo, e Magneto. A Rainha Branca é uma subchefe na fase 5, e Mística é um subchefe na fase 7. Nenhum dos chefes têm energia, mas eles começam a piscar quando estão próximos de serem derrotados.

Assim como Spider-Man: The Video Game, X-Men nunca foi lançado para consoles caseiros em sua época; em 2010 ele foi adicionado aos catálogos da PlayStation Network e da Xbox Live Arcade, contando inclusive com uma versão online que permitia seis jogadores simultâneos, mas só ficaria em catálogo até o final de 2013, quando o contrato da Konami com a Marvel para sua distribuição se encerraria.

Para terminar esse post, vamos falar sobre The Punisher, lançado pela Capcom, para a sua placa CPS-1, em 1993. The Punisher, aliás, foi o primeiro jogo estrelando heróis Marvel lançado pela Capcom, mas costuma ser pouco lembrado, com muita gente achando que o primeiro jogo Capcom com heróis Marvel foi X-Men: Children of the Atom, lançado para a CPS-2 em 1994.

A rigor, The Punisher é um jogo do Justiceiro, mas, para que seja possível jogar com dois jogadores simultâneos, o segundo assume o papel de Nick Fury. Fury e o Justiceiro têm os exatos mesmos golpes, o que faz com que, em essência, eles sejam o mesmo personagem com sprites diferentes; seus diálogos, porém, são diferentes, com o jogo contando com três conjuntos de diálogos: um para quando um só jogador está jogando com o Justiceiro, um para quando um só jogador está jogando com Fury, e um para quando dois jogadores estão jogando simultaneamente. As cut scenes, por outro lado, são idênticas, exceto, mais uma vez, pelas falas de Fury e do Justiceiro.

Para compensar que ambos os jogadores controlam personagens iguais em termos de jogo, o arsenal de golpes de Fury e do Justiceiro são invejáveis, com poucos beat'em ups tendo tantos golpes diferentes à disposição do jogador. Assim como os demais jogos vistos hoje, The Punisher conta apenas com um direcional e dois botões, um para pulos e um para ataques, mas o botão de ataque pode ser combinado com movimentos do direcional, ao estilo Street Fighter II, para que os golpes especiais sejam executados, incluindo um chute parecido com o do Guile. Alguns golpes especiais, como o pilão, gastam parte da energia do personagem, e outros, como rolar pra trás, não causam dano, sendo usados apenas para escapar dos inimigos. O botão de ataque também pode ser usado para pegar itens do chão, como barris, canos e alguns inimigos, e arremessar contra os oponentes. E não seria um jogo do Justiceiro se não tivesse armas: facas, espadas, lanças, machados, martelos, shurikens, bumerangues, metralhadoras M-16, rifles Ingram e até lança-chamas estão dentre os itens que podem ser pegos pelos personagens e usados um determinado número de vezes até desaparecerem. Os personagens também estão sempre equipados com suas pistolas automáticas de munição infinita, mas que funcionam de forma meio estranha: toda vez que entra na tela um robô ou um oponente humano armado, o Justiceiro e Fury sacam suas armas, e o botão de ataque vira um botão de tiro, com o jogo mirando automaticamente no inimigo mais próximo; assim que a ameaça é debelada, as armas são guardadas, e o botão de ataque passa a só acionar socos e chutes. Mais uma vez, os personagens também têm um golpe especial, que atinge vários oponentes ao mesmo tempo e gasta um pouco de sua energia, acionado pressionando os dois botões ao mesmo tempo. Finalmente, o Justiceiro e Fury têm acesso a granadas, que destroem uma grande quantidade de inimigos, mas espalham estilhaços que podem ferir os personagens dos jogadores; para lançar uma granada, basta usar o ataque especial durante um pulo, ou pressionar o direcional para trás ao mesmo tempo que os dois botões.

Ao estilo do Justiceiro, os gráficos de The Punisher não são coloridos, usando tons escuros, mas os personagens são enormes e bem detalhados - especialmente o Rei do Crime, gigantesco para a época. O enredo do jogo é meio raso, com o Justiceiro querendo derrotar o Rei simplesmente porque ele é um criminoso, e é sua missão livrar o mundo dos criminosos - Fury provavelmente quer prender o vilão em nome da S.H.I.E.L.D. ou algo assim. Os inimigos de fase são capangas contratados pelo Rei, que usam uma grande variedade de armas, mais ninjas, robôs (como sempre), e múltiplos Lindinhos, dos Carniceiros - para quem não sabe, Lindinho é um ciborgue cujas únicas partes humanas são o rosto e o cérebro, e, no jogo, ele não somente é bem difícil de derrotar, perdendo vários pedaços até se tornar apenas um par de pernas ambulante e finalmente ser destruído, como também sua cabeça, que cai após uma determinada quantidade de dano, e suas pernas, antes de serem totalmente destruídas, podem ser pegas e usadas como armas pelos jogadores.

Ao estilo Streets of Rage, todos os inimigos do jogo possuem energia, não só os chefes, o que torna fácil saber quando eles estão próximos de serem derrotados. A energia dos personagens, jogadores e inimigos é representada por uma barra cheia, com cada tipo de ataque consumindo uma porção diferente. Vários tipos de comida, como pudins, queijos, pizzas, cachorros-quentes, frangos assados e pernis, estão espalhados ou escondidos pelas fases, com cada um recuperando uma quantidade de energia dos jogadores que os consumirem; itens como dinheiro e pedras preciosas também podem ser encontrados, mas rendem apenas pontos. O jogo possui seis fases, com os chefes sendo um capanga do Rei do Crime chamado Scully, um robô chamado Guardroid (que vai ficando cada vez mais avariado conforme sofre dano), o Carniceiro Quebra-Ossos, o vilão Guerrilheiro, outro Guardroid e o Rei do Crime em pessoa.

The Punisher teve apenas uma versão caseira lançada, para o Sega Genesis (Mega Drive). Essa versão foi toda censurada, com as roupas das ninjas femininas se tornando mais comportadas, o charuto sendo removido da boca de Fury, e, o que é pior, a remoção de todo e qualquer tipo de sangue, o que parece meio estranho para algo estrelado pelo Justiceiro. Mas o pior dessa versão é que os gráficos são bem menores e menos detalhados, vários inimigos não estão presentes, e várias animações estão faltando - o chute ao estilo Guile, por exemplo, acaba de repente.

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