Parêntese: bizarramente, uma semana depois de eu falar sobre Atlantis, o desenho da Disney que várias pessoas dizem ser plágio de Stargate. Mas eu juro que foi coincidência. Fecha parêntese.
Stargate Atlantis foi criado por Brad Wright (co-criador de Stargate SG-1, junto com Jonathan Glassner) e Robert C. Cooper. Originalmente, a dupla criaria a nova série para substituir a antiga, que já há várias temporadas tinha futuro incerto, praticamente só sendo renovada para mais uma temporada quando a anterior terminava. Quando SG-1 estava em sua sétima temporada, Wright e Cooper tiveram certeza de que ela seria a última; para poder continuar contando suas histórias, decidiram oferecer à MGM uma nova série, ambientada no mesmo universo, mas com uma temática um pouco diferente. A MGM deu luz verde para o projeto, e a produção começou. Quando Atlantis já estava bem encaminhada, porém - inclusive com o último episódio de SG-1 já filmado e servindo de ligação com o primeiro de Atlantis - o Sci-Fi Channel, que exibia SG-1, decidiu renová-la para uma oitava temporada. Mais que isso, satisfeito com a audiência e gostando da premissa de Atlantis, comprou também a nova série. Assim, após ter certeza de que iriam substituir uma série por outra, Wright e Cooper ficaram foi com duas séries de Stargate no ar ao mesmo tempo - e ambas no mesmo canal.
A história de Atlantis começa quando a equipe de SG-1, no último episódio da sétima temporada, encontra um posto avançado na Antártida construído pelos Anciãos, mesma raça que construiu os Stargates originais. Daniel Jackson (Michael Shanks) usa as informações contidas nesse posto avançado para permitir a viagem via Stargate até a lendária cidade de Atlântida, que, na verdade, não fica na Terra, mas em um planeta chamado Lantea, na distante Galáxia de Pégaso. A Dra. Elizabeth Weir (Tori Higgins), então comandante do SGC, decide enviar uma equipe de exploração até lá, liderada pelo Coronel Marshall Sumner (Robert Patrick, o John Doggett de Arquivo X).
A equipe, entretanto, se depara com um problema: o Stargate precisa de uma quantidade absurda de energia para fazer uma viagem tão longa - energia essa que se esgota pouco após sua chegada, o que impede que eles retornem para casa tão cedo. Explorando o local onde chegam e os planetas próximos, eles descobrem um povo conhecido como athosianos, compostos de fazendeiros, caçadores e comerciantes liderados pela forte e corajosa Teyla Emmagan (Rachel Luttrell). Há séculos, os athosianos estão em uma espécie de guerra contra criaturas chamadas Wraiths, que se alimentam deles. Infelizmente, ao ajudar aos athosianos, a equipe também se torna inimiga - e almoço em potencial - dos Wraiths, e agora, enquanto tenta encontrar uma forma de retornar à Terra, tem de lidar com essa nova ameaça.
A primeira temporada de Stargate Atlantis estrearia no Sci-Fi Channel em 16 de julho de 2004, com 20 episódios. Sua equipe principal seria liderada pelo Major John Sheppard (Joe Flanigan), escolhido para a missão por ter uma espécie de intuição que o ajuda a lidar com o funcionamento de artefatos antigos. Além de Teyla e da Dra. Weir, a equipe conta também com o Dr. Rodney McKay (David Hewlett), especialista em assuntos relacionados à Atlântida, que já havia aparecido em SG-1 como um rival de Sam; o Tenente Aiden Ford (Rainbow Sun Francks); e o médico Carson Beckett (Paul McGillion). Isolados na Galáxia de Pégaso e incapazes de se comunicar com a Terra, a equipe tem três missões: descobrir como voltar, estudar Atlântida e combater os Wraiths - que não são a única ameaça presente na Galáxia; os Genii, uma civilização militarística que parece viver nos anos 1950 também não vai muito com a cara da equipe e decide atacá-los; como curiosidade, vale citar que os principais Genii são o Chefe Cowen, interpretado pot Colm Meaney (o Chefe O'Brien de Jornada nas Estrelas: A Nova geração e Deep Space Nine) e Acastus Kolya, interpretado por Robert Davi (famoso por interpretar vilões em filmes dos anos 1980, como o Jake Fratelli de Os Goonies e o Franz Sanchez de 007: Permissão Para Matar).
A primeira temporada teve boa audiência, foi indicada a dois Emmys - Melhor Música de Abertura e Melhores Efeitos Especiais em Episódio de Série para o episódio piloto - e terminou com a equipe se preparando para voltar, após conseguir restabelecer comunicação com a Terra, que enviou um pequeno exército para impedir que os Wraiths destruíssem Atlântida. A segunda temporada, que estrearia em 15 de julho com mais 20 episódios, começaria exatamente daí, e daria à equipe um tempo para respitar graças a um estratagema com o qual eles convenceriam os Wraiths de que Atlântida foi destruída. Ford, entretanto, desaparece durante a batalha, capturado pelos Wraiths. Por sua bravura e capacidade de comando, Sheppard é promovido a Tenente-Coronel, e a equipe ganha um novo membro, Ronon Dex (Jason Momoa), um militar do planeta Sateda, cuja equipe foi devorada pelos Wraiths, que colocaram nele um rastreador - retirado pela equipe - e passaram a caçá-lo por esporte. A partir da segunda temporada, o Coronel Steven Caldwell (Mitch Pileggi, de Arquivo X), um militar que o pentágono prefiriria no comando da equipe ao invés de Sheppard, se torna um personagem recorrente, aparecendo em diversos episódios.
A segunda temporada gira em torno de um arco de história no qual o Dr. Beckett cria um vírus capaz de transformar os Wraiths em humanos, neutralizando sua ameaça, mas com graus variados de sucesso a cada teste - incluindo a criação de um estranho híbrido chamado Michael (Connor Trinneer, de Jornada nas Estrelas: Enterprise), que acaba se tornando antagonista tanto dos Wraiths quanto dos humanos. Talvez furiosos por terem sido usados como cobaias, talvez cansados do sabor dos athosianos, no fim da temporada os Wraiths decidem invadir a Terra e devorar também a população daqui. O episódio Gracinha, Mesmo Sob Pressão, que ganhou esse nome ridículo em português, teve sua trilha sonora, composta por Joel Goldsmith, mesmo autor da música de abertura, indicada ao Emmy de Melhor Composição Musical para Série Dramática.
A terceira temporada estrearia em 14 de julho de 2006 com mais 20 episódios, alguns com a participação especial de Jack O'Neill (Richard Dean Anderson) e Richard Woolsey (Robert Picardo), enviados pelo SGC para negociar um acordo quando os Anciãos decidem retomar a cidade. Os planos do vírus que transforma Wraiths em humanos são abandonados, os Wraiths são impedidos de transforamr a Terra em buffet, e a equipe de Sheppard se vê em meio a uma escaramuça entre os Anciãos e uma nova raça, os asuranos, nanorrobôs capazes de se autoduplicar e de se agrupar em diferentes formas - inclusive a humana - originalmente criados pelos Anciãos para combater os Wraiths, mas que depois saíram do controle e hoje tentam destruí-los, liderados pelo cruel Oberoth (David Ogden Stiers, dublador Disney bastante citado aqui no átomo). A Dra. Weir é gravemente ferida durante o ataque dos asuranos, que decidem também destruir a Terra, com inveja porque os Anciãos gostam mais dos terráqueos do que deles. A equipe sofre uma nova alteração quando o Dr. Beckett morre em uma explosão, sendo substituído pela Dra. Jennifer Keller (Jewel Staite, de Firefly). A temporada termina com um grande ataque dos asuranos, durante o qual toda a cidade é lançada ao espaço, ficando à deriva.
A terceira temporada seria a última a ir ao ar simultaneamente a Stargate SG-1, cuja décima e última temporada terminaria em março de 2007. Com isso, para a quarta temporada, que estreou em 28 de setembro de 2007 e teve mais 20 episódios, os produtores decidiram reformular a série, levando-a em uma nova direção. Deu certo, já que a audiência, que na primeira temporada foi muito boa, mas caiu na segunda e na terceira, voltou a subir na quarta.
A primeira grande mudança da quarta temporada foi a entrada de Samantha Carter (Amanda Tapping), promovida a Coronel e nomeada nova líder da equipe. Após um começo um tanto desesperador, com Atlântida vagando sem rumo no espaço, sem qualquer comunicação com a Terra, e a Dra. Weir seriamente ferida, precisando deixar a equipe, a situação mudou para melhor, após um ataque contra os asuranos no qual eles conseguiram não só estabilizar a cidade e retornar para a Terra, mas também reprogramar os vilões para que estes atacassem os Wraiths. O principal arco de história da quarta temporada envolve o sumiço dos athosianos e uma gravidez de Teyla, enquanto Michael conduz experimentos genéticos para criar híbridos de humanos e Wraiths. Dois episódios contam com a participação especial de Teal'c (Christopher Judge), o que fez com que todos os quatro membros originais de SG-1 participassem de pelo menos um episódio de Atlantis. O primeiro episódio da temporada, À Deriva, foi responsável por mais uma indicação da série ao Emmy, desta vez de Melhores Efeitos Especiais em Episódio de Série.
Em 11 de julho de 2008 estrearia a quinta temporada, mais uma vez com 20 episódios. Woolsey se tornaria o novo líder da equipe, com Sam sendo rebaixada a personagem recorrente. A quinta temporada introduz um grupo de Asgards renegados que tenta destruir os Wraiths mas faz experimentos genéticos com humanos. Graças aos esforços da equipe, os Wraiths são seriamente enfraquecidos, com sua posição na Galáxia ameaçada, e, para se vingar, decidem lançar um ataque final à Terra.
A quinta temporada teve excelentes índices de audiência, mas, mesmo assim, seria a última, com seu último episódio indo ao ar em 9 de janeiro de 2009. Não por decisão do canal, mas dos próprios produtores, que já pensavam em produzir uma nova série, Stargate Universe, com orçamento maior, menos ligada à mitologia estabelecida até então e mais centrada no desenvolvimento dos personagens. Após o cancelamento, os produtores ainda planejaram lançar um filme para a TV ou diretamente para DVD com o elenco de Atlantis, chamado Stargate: Extinction. Vários fatores, dentre eles uma inesperada alta do dólar canadense - a série era filmada no Canadá, e essa alta inviabilizou os custos de produção - fizeram com que o filme, inicialmente previsto para o final de 2009, sofresse sucessivos adiamentos, até que, em abril de 2011, Wright anunciaria o cancelamento definitivo do projeto.
Após o cancelamento de Atlantis, a equipe de produção focou em Stargate Universe, série criada por Wright e Cooper em 2007. Na época, eles queriam fazer uma nova série ambientada no mesmo universo, mas dissociada de SG-1, diferentemente de Atlantis, que era um spin-off. A ideia surgiu após várias frustrações da dupla, que frequentemente não conseguia pôr em prática algumas ideias que tinha devido a restrições orçamentárias. Wright e Cooper, então, apresentaram a ideia da nova série ao Sci Fi Channel, descrevendo-a como uma série de orçamento bem maior, mas com roteiros mais maduros e mais focada em dramas interpessoais que na ficção científica. O Sci Fi Channel gostou do projeto, mas decidiu colocá-lo em espera por já estar investindo muito dinheiro em Atlantis e no filme Stargate: Linha do Tempo. Quando o canal acenou que poderia dar a luz verde, ocorreu uma greve de roteiristas, que colocou o projeto em espera novamente. A produção da nova série só começaria no final de 2008, após o anúncio do cancelamento de Atlantis, e com a garantia dos produtores de que os gastos com salários do elenco e taxas de licenciamento seriam substancialmente mais baixos que os de uma sexta temporada de Atlantis - única forma que o Sci Fi Channel aceitou para aprovar um orçamento maior para SGU.
SGU é ambientada principalmente dentro da nave espacial Destiny, construída pelos Anciãos há centenas de milhares de anos. Várias naves do mesmo tipo foram lançadas em direção aos confins do Universo, cada uma carregando um Stargate. O intuito dos Anciãos era usar esses Stargates para acessar as naves depois que elas já estivessem longe o bastante e explorar seus destinos, mas o projeto seria abandonado depois que eles encontraram outros interesses - afinal, as naves levaram centenas de milhares de anos para alcançar esses destinos, tempo mais que suficiente para que eles mudassem de ideia.
Na Terra da época atual, uma equipe de cientistas e militares está trabalhando em um posto avançado localizado em um planeta distante, quando sua base e atacada. para escapar, eles ativam o Stargate, mas, acidentalmente, ao invés de introduzir a sequência que os levaria à Terra, introduzem uma nova, que faz com que eles vão parar dentro da Destiny. Sem manutenção há milhares de anos, a nave mal consegue navegar sozinha, quanto mais ser pilotada por eles, que tampouco conseguem usar o Stargate de lá para retornar à Terra - devido à distância, seria preciso uma imensa quantidade de energia, da qual a nave não dispõe. A solução é tentar remendar a nave para que eles possam pilotá-la rumo a planetas próximos, usando o Stargate paa visitá-los e obter minérios, ferramentas e outros itens que permitam que eles a consertem e gerem energia suficiente para que o Stargate se conecte com o de nosso planeta.
O problema é que a equipe não é um grupo de amigos como o de SG-1 ou colegas unidos em torno de um mesmo ideal como o de Atlantis, e sim um bando de gente que por um acaso estavam todos juntos, passaram pelo Stargate simplesmente para escapar, e agora têm de se conhecer, respeitar suas diferenças e tentar trabalhar em conjunto em torno de um objetivo comum - o que será mais difícil do que parece. A liderança do grupo é dividida entre dois personagens, o Dr. Nicholas Rush (Robert Carlysle), cientista brilhante mas que parece que está enlouquecendo aos poucos, e o Coronel Everett Young (Louis Ferrera), ex-líder de uma das equipes SG e responsável pelo posto avançado, que se torna uma espécie de rival amistoso de Rush. O restante da equipe é formada pelo Tenente Matthew Scott (Brian J. Smith), jovem e voluntarioso, mas despreparado para os desafios que encontrará durante a missão; o gênio da matemática e pária social Eli Wallace (David Blue); a médica militar Tenente Tamara Johansen (Alaina Huffman), apelido TJ, também membro do SGC; o enorme Marine de passado misterioso e pavio curto Ronald Greer (Jamil Walker Smith); Chloe Armstrong (Elyse Levesque), a jovem e linda filha de um senador que não fica nada satisfeita de estar presa numa nave com esse bando de malucos; e Camile Wray (Ming-Na, a Chun-Li daquele filme horroroso do Street Fighter no qual Van Damme faz o Guile, e que aparentemente eu cito muito aqui no átomo), membro de um comitê observador que supervisiona o uso do Stargate da Terra. Um personagem importante, mas que não é tripulante da Destiny, é o Coronel David Telford (Lou Diamond Philips, que interpretou Richie Valenz em La Bamba), principal contato entre a equipe e a Terra.
A primeira temporada de SGU, com 20 episódios, estrearia em 2 de outubro de 2009, já após o canal mudar de nome para Syfy. Dois de seus episódios, o piloto Ar (que contaria com a participação especial dos quatro membros da equipe original de SG-1) e Espaço, seriam indicados ao Emmy de Melhores Efeitos Especiais em Episódio de Série. Antes de sua estreia, SGU sofreria uma grande rejeição por parte dos fãs, atribuída pelos produtores ao rancor pelo cancelamento repentino de Atlantis. Ainda assim, a série começaria com boa audiência e elogiada pela crítica, o que infelizmente não se manteria: ao longo da temporada, a audiência cairia cada vez mais, até que, no último episódio, ela seria 35% menor que a do piloto. Alguns criticos atribuiriam a queda na audiência à falta de um vilão claro: embora SGU tenha algumas raças alienígenas que se oponham à equipe, nenhuma delas tem a importância para o enredo que tinham os Goau'ld ou os Wraiths.
Mesmo com a audiência descendente, o Syfy ainda garantiria uma segunda temporada, de mais 20 episódios, que estrearia em 28 de setembro de 2010. Mais um episódio, Despertar, foi indicado ao Emmy de Melhores Efeitos Especiais em Episódio de Série, mas a audiência se manteve baixa, o que levou o canal a algumas decisões controversas, como trocar o dia em que a série ia ao ar, de sextas para terças e então para segundas, dividir a temporada em duas metades, e, finalmente, anunciar o cancelamento da série durante esse intervalo entre uma metade e outra. Com isso, SGU seria cancelada após apenas 40 episódios, o último indo ao ar dia 9 de maio de 2011. Também insatisfeita com a audiência, a MGM não fez qualquer esforço para salvá-la - SGU, aliás, termina com um cliffhanger, que Wright queria resolver em um filme, mas a MGM não deixou.
Para falar sobre todas as franquias de Stargate, ainda fica faltando uma, Stargate Infinity. Eu nunca vi Infinity e, para ser franco, duvido que preste, mas, em nome da completude, vamos lá. Infinity é uma série animada, produzida pela MGM em parceria com a DiC e exibida pela Fox. Ambientada no futuro, ela acompanha Gus Boner (Dale Wilson), ex-comandante de uma equipe SG, acusado de desobedecer ordens e liderar sua equipe para uma emboscada. Na verdade, alguém armou para ele, e, para provar sua inocência, Bonner foge pelo Stargate acompanhado de uma pequena equipe, composta por sua sobrinha Stacy (Tiffanie Christun), recruta do SGC; Seattle Montoya (Bettina Bush), indígena que tem estranhas visões toda vez que está em perigo; R.J. Harrison (Mark Hildreth, o Joshua da nova série de V), recruta recém-formado que acredita na inocência de Bonner; Ec'co (Cusse Mankuma), um cadete do SGC meio-humano, meio-alienígena, com especial talento para consertar equipamentos defeituosos; e Draga (Kathleen Barr), um ser alienígena de poderes desconhecidos e inocência e curiosidade infantis. A cada episódio, eles visitarão um mundo diferente, sempre em busca de provas da inocência de Bonner.
Infinity estreou em 14 de setembro de 2002, enquanto a sexta temporada de SG-1 estava no ar, e não fez sucesso nenhum, nem de público, nem de crítica, sendo inclusive criticada pela má qualidade da animação. Acabou cancelada depois de apenas 26 episódios, o último exibido em 24 de março de 2003, sem que nenhum dos arcos de história fosse concluído, com um monte de pontas ficando soltas. Apesar de ter sido o primeiro spin-off de SG-1 - afinal, estreou quase dois anos antes de Atlantis - a série permanece pouco conhecida, e não é considerada canônica - ou seja, seus acontecimentos não são reconhecidos como "reais" dentro do universo de Stargate.
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Parte 2 |
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