segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Escrito por em 24.9.12 com 0 comentários

Stargate (I)

O mercado de DVDs brasileiro é um enigma. Se o filme é novo, não interessa o quanto ele é horroroso, com certeza será lançado. Se o filme é antigo, não importa o quanto ele seja bom, temos de depender da boa vontade dos distribuidores. Para mim, o melhor exemplo dessa dicotomia é Stargate.

Stargate foi um filme de grande sucesso, que não somente possui muitos fãs como também deu origem a várias séries de TV, a primeira delas igualmente bem sucedida. Todas as temporadas dessa primeira série existem em DVD no Brasil, mas o filme que lhe deu origem só foi lançado lá nos primórdios, e vendido no jornaleiro. Para mim é absolutamente espantoso que ninguém mais - nem mesmo quem o lançou no jornaleiro - tenha resolvido relançá-lo até hoje, nem que seja para tentar pegar carona nas vendas da série. Não entra na minha cabeça que lançar um DVD de Stargate seja mais arriscado comercialmente do que lançar Amsterdam sem Justiça, por exemplo.

Decisões controversas à parte, Stargate é um dos meus filmes preferidos, o que justifica um post aqui no átomo. E, como eu estou no assunto mesmo, vamos falar também da série, da qual eu também gosto muito. Trava sete ativada, vamos lá!

Lançado em 28 de outubro de 1994, Stargate se utiliza da premissa de que alienígenas teriam visitado a Terra no início da história da humanidade. Essa premissa é defendida no filme pelo Dr. Daniel Jackson (James Spader), professor de linguística especializado em línguas antigas, cuja teoria sobre a Pirâmide de Quéops é rechaçada pela comunidade acadêmica. Jackson não sabe, porém, que, em 1928, arqueólogos encontraram no Egito um artefato que pode ser a resposta que todos procuram para a presença ou não de extreterrestres em nosso passado - até o dia em que ele é contactado pela Dra. Catherine Langford (Viveca Lindfors), filha do arqueólogo que descobriu o tal artefato, que o seleciona para uma equipe que está tentando traduzi-lo e colocá-lo em funcionamento.

Jackson acaba sendo o responsável por tal proeza, descobrindo que o artefato é uma espécie de portal, que liga a Terra a um planeta do outro lado do universo. Ele, então, passa pelo portal com uma equipe de militares liderada pelo Coronel Jack O'Neil (Kurt Russell), e do lado de lá descobre que a população do tal planeta vive como se ainda estivesse no Antigo Egito, inclusive falando um dialeto da época. A equipe faz amizade com o chefe de uma tribo próxima, Kasuf (Erick Asari), cuja filha, Sha'uri (Mili Avital) se apaixona por Daniel, e o filho, Skaara (Alexis Cruz) vê Jack como um herói, e deseja lutar a seu lado contra seus opressores - alienígenas que posam como os deuses egípcios antigos, liderados por Ra (Jaye Davidson). Último representante de sua raça, Ra chegou à Terra na época do Egito Antigo, onde fingiu ser um deus e levou vários humanos para seu planeta, governando-os - e a seus descendentes - desde então com mão de ferro. Quando descobre sobre a presença dos terráqueos, Ra decide usar uma bomba - originalmente levada por Jack para explodir o portal caso algo saísse errado na missão - para explodir a Terra, o que Jack e Daniel têm de tentar impedir.

Dirigido por Roland Emmerich - mais conhecido por filmes onde tudo explode e/ou todo mundo morre, como Independence Day e O Dia Depois de Amanhã - e produzido por Dean Devlin, Stargate originalmente seria dois filmes diferentes: Devlin, até então ator, queria produzir como seu primeiro filme uma espécie de Lawrence da Arábia no espaço, com um humano terráqueo chegando a um planeta alienígena bastante parecido com a nossa Arábia; já Emmerich planejava um filme de ficção científica que tratasse de uma nave espacial enterrada sob a Pirâmide de Quéops. Ao saber do projeto de Emmerich, Devlin se interessou por produzi-lo, e, ao saber do projeto de Devlin, Emmerich decidiria mesclar ambas as ideias em um único filme. Os dois, então, escreveriam o roteiro, e o ofereceriam a diversos estúdios.

Nenhum dos grandes estúdios, entretanto, se interessaria pelo projeto, que considerariam complicado e de provável pouco retorno. A melhor oferta viria do estúdio independente Carolco, que, para obter o dinheiro necessário para financiá-lo, convenceria Emmerich a tornar o filme uma co-produção franco-americana, com a participação da Canal+ e de vários profissionais franceses. O acerto se mostraria benéfico, já que seria a Canal+ quem conseguiria um acordo para que a MGM distribuísse o filme - alcançando muito mais cinemas do que se fosse distribuído pela pequena Carolco.

Com orçamento de 55 milhões de dólares - maior parte gastos em efeitos especiais considerados top de linha na época - Stargate seria muito melhor sucedido do que qualquer um havia previsto, arrecadando 71,5 milhões de dóalres apenas nos Estados Unidos, sendo quase 17 milhões apenas no primeiro fim de semana - recorde para um filme que estreou em outubro, mês considerado fraco pelos exibidores norte-americanos. A crítica ficaria dividida, com alguns dizendo que o enredo era fraco e os efeitos especiais mais valorizados que o filme, outros elogiando a ação e a história inovadora.

A princípio, Devlin e Emmerich planejavam fazer de Stargate uma trilogia, mas as críticas negativas e um fato inusitado - um estudante de egiptologia decidiu processar a dupla, alegando que havia lhes dado a ideia para o filme, o que nunca ficou provado - fizeram com que eles suspendessem esses planos, a princípio indefinidamente. Quando a dupla estava filmando Independence Day, a MGM os procurou querendo negociar os direitos sobre o filme; surpreendentemente, Emmerich e Devlin deram os direitos para a MGM, sem cobrar um tostão.

Talvez eles não soubessem que Stargate já estava se tornando cult, e que a MGM queria os direitos para produzir uma série baseada no filme. Chamada Stargate SG-1, a série estrearia em 27 de julho de 1997 no canal a cabo Showtime, e começa com o SGC - a base militar dos Estados Unidos onde está localizado o Stargate - sendo atacado por inimigos desconhecidos, vestidos como os guardas de Ra e vindos do portal. O Coronel Jack O'Neill (Richard Dean Anderson, também conhecido como MacGyver) é chamado pelo comandante do projeto, o General George Hammond (Don S. Davis), e decide entrar em contato com Daniel Jackson (Michael Shanks), que ficou no planeta alienígena visitado no filme - que, na série, é chamado de Ábydos.

Juntos, Jack e Daniel descobrem que Ábydos não é o único planeta que o Stargate pode ser usado para visitar: intoduzindo diferentes "endereços", ele leva para diferentes planetas, um dos quais de onde partiram os soldados que atacaram o SGC. Acompanhados da Capitão Samantha Carter (Amanda Tapping), conhecida como Sam, e de uma pequena equipe, eles vão até esse planeta, onde descobrem que Ra fazia parte de uma raça de seres simbióticos conhecidos como Goa'uld. Larvas de Goa'uld entram nos corpos de Skaara (Alexis Cruz, um dos dois únicos atores do filme a repetir seu papel na série, o outro sendo Erick Avari) e Sha'uri (que, na série, é chamada de Sha're e interpretada por Vaitiare Bandera), anulando suas personalidades e transformando-os, respectivamente, no filho e na esposa de Apophis (Peter Williams), que passou a ser o mais poderoso e temido dos Goa'uld após a morte de Ra.

Jack, Daniel e Sam são salvos da morte certa por Teal'c (Christopher Judge), um dos guardas de Apophis - e um Jaffa, humano que serve de "incubadora" para uma larva Goa'uld, retendo sua personalidade - que decide mudar de lado e combater os Goa'uld. Ao retornar para a Terra, os quatro são nomeados pelo General Hammond como a equipe SG-1, que terá como missão usar o Stargate para visitar diversos planetas, estabelecendo relações diplomáticas com povos alienígenas, encontrando tecnologia que possa ser útil à Terra, combatendo os Goa'uld e tentando encontrar uma forma de vencê-los, e tentando salvar Skaara e Sha're de seu triste destino. Paralelamente às missões da SG-1, outras equipes - numeradas SG-2 em diante - servem como apoio, explorando ou estabelecendo bases nos planetas visitados.

Sam, Jack, Teal'c, Daniel e o General HammondPersonagens coadjuvantes importantes da série são a Dra. Janet Fraser (Teryl Rothery), médica do SGC; o técnico Walter Harriman (Gary Jones), responsável por introduzir os endereços no Stargate; o Coronel Harry Maybourne (Tom McBeath), que é contra o uso do Stargate, a não ser para obter novas tecnologias, especialmente armas, para o exército norte-americano; Bra'tac (Tony Amendola), Jaffa que treinou Teal'c e que também se opõe aos Goa'uld; e o Major Charles Kawalski (Jay Acovone, interpretado no filme por John Diehl), amigo de Jack e comandante da SG-2.

Apesar de se aproveitar das mesmas premissas básicas - os Goa'uld fingem ser deuses para governar seus povos, e os habitantes da maioria dos planetas visitados pela SG-1 descendem de humanos levados da Terra há milhares de anos - a série possui algumas diferenças fundamentais em relação ao filme. Para começar, enquanto no filme Ra é o último de uma raça humanoide, que apenas assume aparência humana, na série ele é um dos Goa'uld, seres que se parecem com minhocas, que entram no corpo de seus hospedeiros substituindo sua personalidade. Ábydos, que no filme ficava do outro lado do universo, em outra galáxia, na série fica na Via Láctea, e é o planeta mais próximo da Terra com um Stargate - o próprio fato de existirem múltiplos Stargates espalhados em diversos planetas já contraria o filme, que dá a entender que só existem dois, o da Terra e o de Ábydos. Uma mudança curiosa é que o Jack O'Neil do filme é sério e sisudo, enquanto o da série - na qual "O'Neill" tem dois l - é brincalhão e debochado, o que até levou a uma piada em um dos episódios, no qual ele diz que "há um outro Coronel O'Neil na Força Aérea, mas ele não tem senso de humor".

A primeira temporada de Stargate SG-1 teve 22 episódios, e audiência boa o suficiente - o episódio piloto seria o programa mais assistido da história do Showtime, além de receber uma indicação ao Emmy de Melhores Efeitos Visuais; outro episódio, Os Nox, seria indicado na categoria Melhor Composição Musical - para garantir uma segunda temporada de mais 22 episódios, que estrearia em 26 de junho de 1998. As principais novidades da segunda temporada seriam o aparecimento de mais um Goa'uld de destaque, Heru-ur (Douglas H. Arthurs), filho de Ra e Hathor (Suanne Braun) e inimigo de Apophis; e a descoberta de um grupo de Goa'uld renegados, que se auto-denominam Tok'ra, e passam a ser aliados em potencial na luta contra os Goa'uld malvados. A segunda temporada ainda introduziria uma raça alienígena não-humana mas relacionada às lendas da Terra e inimiga dos Goa'uld, os Asgards, e teria o episódio de maior audiência de toda a série, Feriado, no qual a equipe encontra um lendário inventor que se opõe aos Goa'uld.

Em 25 de junho de 1999, estrearia a terceira temporada, mais uma vez com 22 episódios. Além de focar um pouco mais nos Asgards, a temporada trazia vários Goa'ulds novos, como Cronus (Ron Halder), inimigo mortal de Apohis; Nirrti (Jacqueline Samuda), que planeja usar engenharia genética para criar um hospedeiro perfeito; e Yu (Vince Crestejo), o mais antigo dos Goa'uld - esses três não são exatamente vilões, e até mesmo negociam a entrada da Terra em um tratado de paz, nos termos do qual o planeta não ameaça os Goa'uld e eles não nos ameaçam em troca. Já Sokar (David Palffy), que era o governante de todos os Goa'uld até uma aliança formada por Ra, Apophis e Cronus derrotá-lo, planeja retornar agora e recuperar seu controle, e chega até a substituir Apophis como principal vilão da série na primeira metade da temporada. O episódio Nêmesis, último da temporada, seria responsável pela segunda indicação da série ao Emmy de Melhores Efeitos Visuais, e contaria com uma curiosidade: Michael Shanks teria uma crise de apendicite durante as filmagens, sendo suas poucas cenas - todas gravadas depois que o restante do episódio já eatava concluído - justificadas pelo fato de Daniel também ter tido uma crise de apendicite.

A quarta temporada, com novos 22 episódios, estrearia em 30 de junho de 2000. Alguns episódios sofreriam problemas inesperados, como os atores se recusando a dizer alguns diálogos em Dividir para Vencer e uma cena de Debaixo da Superfície sendo alterada no último minuto, assim como o final de Watergate, reescrito às pressas, o que levou a uma sensação de que o episódio terminava de repente. Nesse mesmo episódio, aliás, em uma cena na qual o Coronel Maybourne era congelado, o único produto que dava a aparência desejada pela produção era uma cera tóxica, o que fez com que Tom McBeath não pudesse respirar enquanto estivesse maquiado. O primeiro episódio da temporada, Pequenas Vitórias, continuação de Nêmesis, conseguiria mais uma indicação ao Emmy de Melhores Efeitos Visuais. A quarta temporada traz mais um Goa'uld novo, Osiris, que usa como hospedeiro uma arqueóloga amiga de Daniel, Sarah Gardner (Anna-Louise Plowman).

A quinta temporada, de mais 22 episódios, o primeiro exibido em 29 de junho de 2001, seria a última a estrear no Showtime. O motivo era que, como o custo de produção era muito alto, a MGM conseguiu, lá na primeira temporada, incluir em seu contrato com a Showtime uma cláusula segundo a qual, seis meses após a exibição de cada episódio, este estaria disponível para ser exibido em syndication - ou seja, vendido para qualquer canal que quisesse exibi-lo. A princípio, o acordo foi bom para ambas as partes, pois o Showtime ganhou vários assinantes novos e a MGM ganhou muito dinheiro, já que somente o que foi pago pela Fox e pelo Sci-Fi Channel foi o suficiente para que ela recuperasse todos os custos de produção, mas, depois de cinco temporadas, embora a audiência continuasse boa, o número de novas pessoas que assinavam o Showtime já não justificava o investimento do canal (Nota do Guil: nos Estados Unidos os canais a cabo são adquiridos separadamente, e o valor da assinatura reverte inteiro para o canal; conseguir assinantes novos, portanto, é tão ou mais importante para eles do que manter os antigos pagando em dia). Por causa disso, muitos acharam que a quinta temporada seria a última, o que fez com que ela terminasse com um episódio com "conclusão aberta" - com um final, mas com possibilidade de continuar a partir dali - ao invés de com um cliffhanger - uma cena sem final, com suspense para o que acontecerá em seguida - como as quatro anteriores.

A quinta temporada trouxe dois novos protagonistas, o vilão Anubis (David Palffy), que deseja destruir toda a vida da Terra, e o herói Jonas Quinn (Corin Nemec), um cientista do planeta Langara que decide vir à Terra e trabalhar no SGC. Outro cientista, este da Terra, o Dr. Rodney McKay (David Hewlett), contratado pela Força Aérea como consultor para o SGC, se uniria ao time de coadjuvantes, que na quinta temporada contaria com a participação especial de Grace Park (de Battlestar Galactica) como a Tenente Satterfield e de Sean Patrick Flannery (de O Jovem Indiana Jones e O Vidente) como Orlin, alienígena banido de sua raça por compartilhar tecnologia avançada com povos menos evoluídos. Outro personagem de destaque que estreia na quinta temporada é Ba'al (Cliff Simon), Goa'uld que declara guerra aos demais de sua espécie para se tornar o mais poderoso da galáxia. Para comemorar a marca de 100 episódios produzidos, o centésimo, Wormhole X-Treme!, seria uma espécie de paródia, com a participação de vários membros da equipe técnica da série. Dois dos episódios da quinta temporada, Inimigos e Revelações - o primeiro e o último, respectivamente - seriam indicados ao Emmy de Melhores Efeitos Visuais.

General Landry, Sam, Daniel, Vala, Mitchell e Teal'c agachadoO sucesso da quinta temporada fez com que a MGM decidisse produzir uma sexta, mesmo após a desistência do Showtime. Ela ainda tinha dois problemas para resolver, porém: primeiro, alegando discordar da direção na qual a série em geral e seu personagem em particular estavam sendo levados, Michael Shanks decidiu não renovar para mais uma temporada, o que levou à decisão de substituir Daniel por Quinn na SG-1. Além disso, a MGM precisava de um novo parceiro se não quisesse oferecer a série diretamente em syndication. O Sci-Fi Channel se ofereceu, desde que o orçamento fosse reduzido, e a MGM aceitou, desde que a cláusula que permitia o syndication seis meses após a estreia fosse mantida. Com tudo acertado, a sexta temporada estrearia em 7 de junho de 2002, com mais 22 episódios. Como o futuro em um novo canal e sem Daniel Jackson era incerto, os produtores trataram a sexta temporada como se fosse a última, terminando, mais uma vez, com uma conclusão aberta.

O Sci-Fi Channel renovaria a série para mais uma temporada de 22 episódios no último minuto, e somente após convencer Michael Shanks a voltar. Assim, na sétima temporada, que estreou em 13 de junho de 2003, Daniel Jackson volta ao SG-1, e Jonas Quinn passa a aparecer esporadicamente. A sétima temporada contaria com a participação especial dos atores Adam Baldwin (de Firefly e Arquivo X), como o Coronel Dave Dixon, comendante da SG-13; Robert Picardo (de Jornada nas Estrelas: Voyager), como o inspetor Richard Woosley, enviado pelo governo para averiguar o funcionamento do SGC; e Jolene Blalock (de Jornada nas Estrelas: Enterprise) como a Jaffa Ishta, por quem Teal'c se apaixona. Outra Jaffa feminina, Ka'lel (Simone Bailly), estrearia nessa temporada e se tornaria uma personagem recorrente. O último episódio da temporada, Cidade Perdida - Parte 2 rendeu mais uma indicação ao Emmy de Melhores Efeitos Visuais, e serviu de premissa para o lançamento de um spin-off da série, Stargate Atlantis. Originalmente previsto para substituir SG-1, Atlantis acabaria sendo exibido simultaneamente a este, quando o Sci-Fi Channel renovou a série para mais uma temporada.

Ao renovar, porém, o Sci-Fi fez um pedido para que a temporada tivesse apenas 20 episódios, ao invés dos tradicionais 22. Mais curta, a oitava temporada, que estreou em 9 de julho de 2004, teve Jack promovido a General e a chefe do SGC, com o General Hammond deixando o elenco regular e Sam assumindo o comando do SG-1. Dois novos personagens de destaque, o Goa'uld Camulus (Steve Bacic), que pretende se aliar à Terra contra Ba'al, e a humana Vala Mal Doran (Claudia Black), que possui uma ligação com os Goa'uld em seu passado, estreariam nessa temporada. Curiosamente, a oitava também seria a primeira temporada na qual Teal'c teria cabelo - após sete temporadas raspando a cabeça, Christopher Judge pediria aos produtores que não precisasse fazê-lo novamente, sendo atendido. O primeiro e o último episódios da temporada, Nova Ordem e Moebius - Parte 2, respectivamente, estabeleceriam um recorde de audiência do Sci-Fi Channel desde então igualado, mas ainda não superado. O episódio Recontagem - Parte 1 seria o responsável pela última indicação da série ao Emmy de Melhores Efeitos Visuais. Mais uma vez, os produtores trabalharam como se a oitava temporada fosse a última - e a certeza de que a série seria cancelada após o Sci-Fi Channel reduzi-la de 22 para 20 episódios era tanta que Moebius encerrou tudo de vez, resolvendo a história dos Goa'uld e deixando muito pouco em aberto caso uma nova temporada fosse ser produzida.

Com o sucesso de Stargate Atlantis e o encerramento de SG-1, a equipe de produção começou a trabalhar em um novo spin-off, chamado Stargate Command, que mostraria os bastidores do funcionamento do SGC. O Sci-Fi Channel, entretanto, satisfeito com o desempenho da oitava temporada, preferiu não arriscar, e renovou a série para mais duas temporadas. Assim, para a nona temporada, de mais 20 episódios, que estrearia em 15 de julho de 2005, os produtores criariam uma nova ameaça, os Ori, libertados acidentamente por Daniel e Vala, e que começam uma cruzada para que todos os seres da galáxia se convertam à sua religião, chamada Origem. Os principais Ori são o diplomata Doci (Julian Sands) e o guerreiro Tomin (Tim Guinee). O foco na nona temporada deixaria de ser a mitologia egípcia e passaria a ser as lendas do Rei Artur, inclusive com a introdução de uma raça, os Anciãos, que conta com um personagem, Moros (Matthew Walker), que representava o mago Merlin, e da qual Orlin também faria parte.

A nona temporada não conta com a participação de Richard Dean Anderson, que decidiu não renovar seu contrato para passar mais tempo com a família; o novo comandante do SGC é o General Hank Landry (Beau Bridges), que designa o Tenente Coronel Cameron Mitchell (Ben Browder) para reagrupar o SG-1 após os eventos de Moebius. No início da temporada, Vala substituiria Sam no SG-1, pois Amanda Tapping estava grávida e não podia gravar; curiosamente, Vala deixaria a séria após o retorno de Tapping, mas retornaria nos dois últimos episódios da temporada - quando era Claudia Black quem estava grávida, algo que seria incorporado à história do personagem. Além de Landry, Mitchell, Sam, Daniel, Teal'c e Vala, o SGC contaria com uma nova médica, Carolyn Lam (Lexa Doig). A temporada teria ainda participações especiais de Louis Gosset Jr. (de Inimigo Meu e Águia de Aço) e Tony Todd (Kurn, irmão de Worf, em Jornada nas Estrelas: A Nova Geração) no papel dos Jaffa Gerak e Haikon, respectivamente. A nona temporada teria audiência mais baixa e sofreria mais críticas que a oitava, mas, como a décima já estava garantida, seria a primeira a terminar com um cliffhanger desde a quarta.

A décima temporada estrearia em 14 de julho de 2006, com mais 20 episódios, e teria como vilão principal Adria (Morena Baccrin, de Firefly e V), uma híbrido de humano e Ori. A temporada traria também um novo membro dos Anciãos, Ganos Lal (Sarah Strange), representando Morgan le Fay. Na décima temporada, o SG-1 seria formado por Sam, Daniel, Teal'c, Mitchell e Vala, que continuariam combatendo os Ori. A audiência seria a mais baixa dentre todas as temporadas da série, o que levaria o Sci-Fi Channel a decidir não renová-la para uma décima-primeira temporada - anúncio que foi feito logo após o ducentésimo episódio, chamado simplesmente 200, ir ao ar. A MGM ainda tentou oferecer a série para outros canais, mas ninguém se interessou. Assim, no dia 13 de março de 2007, iria ao ar Sem Fim, o último episódio de Stargate SG-1.

Daniel e Jack no filmeCuriosamente, parecia que dessa vez eles não estavam preparados, pois ficou um monte de pontas soltas. Na verdade, foi uma estratégia da MGM, que, após falhar em garantir uma décima-primeira temporada, decidiu continuar a história com uma série de filmes feitos para serem lançados diretamente em DVD. O primeiro desses filmes, Stargate: A Arca da Verdade, seria lançado em 11 de março de 2008. O filme contaria com todo o elenco principal da décima temporada, e encerraria a história dos Ori, abrindo caminho para que novas histórias - e, provavelmente, novos antagonistas - fossem apresentados.

O filme seguinte, Stargate: Linha do Tempo (Stargate Continuum no original) seria lançado no mesmo ano, em 29 de julho de 2008 - na verdade, algumas de suas cenas seriam filmadas simultaneamente a A Arca da Verdade. Dessa vez, o enredo envolvia viagens no tempo e linhas do tempo alternativas: Ba'al consegue voltar no tempo e impedir que os humanos encontrem o Stargate, então usa seus conhecimentos do futuro para se tornar o Goa'uld mais poderoso do universo. Usando o Stargate antes da viagem de Ba'al, Sam, Mitchell e Daniel conseguem escapar da mudança na história, e, quando voltam, estão na realidade alternativa, onde são recebidos por Jack e pelo General Landry. Os três então tentam convencer o General Hammond a usar o Stargate da Terra para tentar impedir um ataque das forças lideradas por Ba'al - que incluem Ra, Apophis, Teal'c e Vala - capaz de destruir a Terra.

Os produtores ainda tinham planos de fazer um terceiro filme, com lançamento previsto para 2009, chamado Stargate: Revolution. Amanda Tapping, Michael Shanks e Richard Dean Anderson disseram em entrevistas estarem interessados no projeto, mas este nunca saiu do papel - e parece difícil que saia agora, mais de quatro anos depois do lançamento do anterior. Com seu encerramento definitivo, Stargate SG-1 entraria para a história como uma das produções mais rentáveis e de maior sucesso da MGM - segundo seus executivos, o equivalente televisivo da série do 007 - e como a segunda série de ficção científica mais longeva da história - ultrapassando Arquivo X e perdendo para Smallville, que, entretanto, só passaria SG-1 em 2011.

Com o sucesso da série, Devlin decidiu negociar com a MGM para ressucitar seu projeto de fazer mais dois filmes e transformar Stargate em uma trilogia. Atualmente, o projeto está na fase de elaboração de roteiro. Curiosamente, o segundo filme não seria ligado à série, ignorando completamente seus acontecimentos. Ambientado 12 anos após os eventos do primeiro, ele lidaria com a descoberta de um segundo Stargate, que levaria a um planeta onde seria encontrada a origem de outra mitologia da Terra, como a grega ou a nórdica. Segundo Devlin, o intuito da trilogia seria mostrar que todas as mitlogias da Terra estão interligadas e possuem um fundo de verdade. James Spader e Kurt Russell já declararam em entrevistas ester dispostos a voltar a seus papéis caso o segundo filme entre mesmo em produção.

Stargate

Parte 1

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