Capitão Planeta foi produzido em meio à onda ecológica que tomou o início dos anos 90. Até então, pouca gente havia ouvido falar em ecologia; de repente, o assunto estava em todo lugar, até mesmo nos desenhos animados. Criado por Ted Turner (dono da rede de televisão CNN e de mais um monte de canais nos Estados Unidos) e pela executiva e ativista ecológica Barbara Pyle, o desenho seria a princípio um edutainment, desenho educativo comum nos canais de TV públicos norte-americanos, mas os produtores decidiriam alterá-lo para que se tornasse um desenho de ação nos moldes dos dos anos 80, mas com uma mensagem ecológica.
No desenho, Gaia, o espírito da Terra (dublada por Whoopi Goldberg), acorda após um longo sono. Para sua surpresa, os humanos estão poluindo e devastando como nunca, e, se continuarem nesse ritmo, logo o próprio planeta morrerá. Para tentar impedir que isso aconteça, ela seleciona cinco jovens de coração puro ao redor do mundo: da África, vem o responsável e determinado Kwame (dublado por LeVar Burton, de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração); da América do Norte, o bem-humorado e um tanto irresponsável Wheeler; da Europa, a forte e emotiva Linka; da Ásia, a inteligente e altruísta Gi; e, da América do Sul, o confiante e simpático Ma-Ti. Ma-Ti possui um macaquinho de estimação, Suchi, que logo se torna a mascote do grupo.
Gaia dá a cada um um anel mágico capaz de controlar um dos quatro elementos: Kwame, que tem uma longa relação com a terra, já que em sua tribo estava sempre envolvido com o plantio, ganha o Anel da Terra; Wheeler, esquentado e impulsivo, o Anel do Fogo; Linka, serena e apaixonada por pássaros, o Anel do Ar; e Gi, que pratica mergulho e adora golfinhos, o Anel da Água. Ma-Ti, o mais jovem do grupo, é o que ganha o anel mais importante, o Anel do Coração, capaz de influenciar o coração das pessoas, tornando-as mais amorosas e inclinadas à preservação do planeta. Juntos, eles passam a ser os Protetores (Planeteers, no original), e devem usar os poderes dos Anéis para combater os vilões que ameaçam o equilíbrio ecológico da Terra.
Mas alguns desafios são grandes demais, sendo os Protetores incapazes de neutralizá-los corretamente. Nessas ocasiões, eles podem unir os poderes dos cinco Anéis, dando origem a uma criatura de pura energia, o Capitão Planeta. O Capitão Planeta possui todos os poderes dos cinco Anéis combinados (e aparentemente os drena para assumir sua forma, já que, enquanto, o Capitão está ativo, os Anéis não funcionam) e mais alguns, como voo, superforça, supervelocidade, telepatia, as habilidades de mudar de forma, alterar sua estrutura molecular e controlar o clima. O Capitão Planeta só possui uma fraqueza: a poluição. Quando exposto a poluentes, ele se enfraquece, perdendo alguns de seus poderes, e precisando da ajuda dos Protetores para voltar à força total - os Anéis dos Protetores, aliás, compartilham esse ponto fraco, não funcionando caso estejam expostos à poluição.
Para infelicidade do Capitão Planeta, todos os vilões da série são grandes poluidores, e usam a poluição como sua principal arma. O vilão mais recorrente é Porco Greedly (Hoggish Greedly no original, voz de Ed Asner, de Mary Tyler Moore e Up - Altas Aventuras), sujeito gordo, porcalhão e ganancioso que, junto com seu capanga Rigger (voz de John Ratzenberger, dos desenhos da Pixar), planeja consumir todos os recursos naturais do planeta para transformá-los em dinheiro. Outro vilão, Duke Nukem (voz de Dean Stockwell, de Contratempos e Battlestar Galactica) era um cientista que alterou seu próprio corpo usando a energia nuclear, tornando-se um mutante superpoderoso, que, com a ajuda de seu capanga Roupa de Chumbo (Leadsuit no original, voz do mega dublador Frank Welker), planeja contaminar com radiação todas as nações do mundo, a menos que elas cedam às suas chantagens.
Já o vilão Looten Plunder (o famoso ator James Coburn) é um magnata apaixonado por caçadas, que, com seus capangas Argos Bleak e os Irmãos Pinhead, planeja expandir seus negócios por todo o planeta, custe o que custar. E o empresário conhecido como Matreiro (Sly Sludge no original, voz do famoso ator Martin Sheen), com seu capanga Sujão (Ooze, no original), finge fazer o bem se livrando do lixo e da poluição das grandes cidades, mas, como sempre, só está interessado no dinheiro, sempre jogando o lixo e os produtos químicos em algum lugar onde eles prejudicarão a natureza.
A única mulher da galeria de vilões é a Dra. Blight (voz de Meg Ryan), cientista cruel que se empenha em criar novas toxinas, monstruosidades biológicas e espalhar a poluição, contando sempre com a ajuda de seu computador MAL (voz do ator anão David Rappaport). Finalmente, temos Verminoso Escória (Verminous Skumm no original, voz de Jeff Goldblum), ser parte homem, parte rato, que, com seu exército de homens-rato, deseja subjugar a humanidade e reinar sobre a Terra.
Mas talvez o vilão mais perigoso de todos seja Zarm (voz do cantor Sting), que, assim como Gaia, um dia também foi o Espírito da Terra, mas partiu para encontrar outros planetas que pudesse fazer tão belos quanto o nosso. Durante essa viagem, entretanto, ele enlouqueceu, e acabou destruindo várias civilizações em nome da preservação ambiental. Agora, ele está de volta à Terra, e planeja fazer o mesmo com a nossa.
Originalmente, Capitão Planeta, cujo título original era Captain Planet and the Planeteers, teve três temporadas, exibidas entre 1990 e 1993, com um total de 65 episódios. Apesar do grande sucesso, a animação da DiC era bastante criticada, por conter variações de cor durante os episódios (algumas cenas eram claras demais, outras escuras demais) e até mesmo com alguns personagens coadjuvantes mudando misteriosamente de aparência de uma cena para a outra. Insatisfeito com a qualidade do desenho, após a terceira temporada Turner rescindiria o contrato com a DiC e passaria o desenho para a Hanna-Barbera, empresa da qual passou a ser acionista em 1991.
A nova série, produzida pela Hanna-Barbera e exibida entre 1994 e 1996, com um total de 48 episódios em mais três temporadas, se chamaria The New Adventures of Captain Planet, e focaria mais no passado dos Protetores que na fórmula "vilão devastando natureza / Capitão Planeta salva o dia / mensagem ecológica" da série anterior. O estilo de animação também era mais simples e mais colorido, mais parecido com os dos desenhos do Cartoon Network da década de 1990, inclusive com alguns personagens ganhando novos uniformes.
Whoopi Goldberg, Dean Stockwell, Martin Sheen, Meg Ryan, David Rappaport, Jeff Goldblum e Sting, por razões várias, não aceitariam renovar para dublar a nova série. Quase todos seriam substituídos por dubladores recorrentes das produções Hanna-Barbera; as exceções foram Gaia, que passaria a ser dublada por Margot Kidder (a Lois Lane do Super-Homem de 1978); MAL, que teria a voz de Tim Curry (o vilão de A Lenda); e Zarm, que na primeira temporada da nova série seria dublado por David Warner (o vilão de Tron) e nas outras duas por Malcolm MacDowell. A nova série não conseguiria manter o mesmo sucesso da antiga, e seria cancelada devido à baixa audiência.
Além das séries animadas, Capitão Planeta, no melhor estilo dos desenhos dos anos 80, também deu origem a uma linha de brinquedos, com lançamentos entre 1990 e 1996, que contava com os Protetores, os vilões, alguns personagens coadjuvantes recorrentes, várias versões do Capitão Planeta - com várias cores, armaduras e poderes diferentes - quatro veículos - como o Geo-Cruiser, nave movida a energia solar usada pelos Protetores para chegar até os vilões - e até mesmo anéis de brinquedo com luzes e sons, representando os Anéis dos Protetores. A Marvel também lançou uma série em quadrinhos que durou 12 edições, mas na qual a história divergia em alguns pontos daquela do desenho.
Com a ecologia cada vez mais em voga, de vez em quando surgem projetos para ressucitar o Capitão Planeta. Pouco antes do cancelamento da nova série, os produtores planejavam produzir um longa metragem animado, para ser exibido nos cinemas, projeto engavetado após o cancelamento da série, mas que em 2007 voltaria a ser cogitado. Em 2011, algo mais bizarro aconteceria: negociações para produzir um filme do Capitão Planeta com atores de carne e osso, que no momento encontram-se suspensas. Além disso, existe desde 2008 a vontade de se produzir uma nova série do personagem, que por enquanto ainda não passou do estágio de vontade. Embora eu já não assista desenhos animados e provavelmente não fosse gostar de um filme, concordo que o momento mundial é bastante propício para o retorno do Capitão Planeta.
O segundo desenho que veremos hoje é um desenho legítimo e genuíno dos anos 80. A diferença dele para os demais dessa série é que ele jamais foi exibido no Brasil. Esse desenho se chama TigerSharks.
Confesso que jamais tinha ouvido falar de TigerSharks até começar a fazer essa série de posts sobre os desenhos dos anos 80. Se não me engano, foi quando procurava figuras para o post dos Visionaries que eu encontrei informações sobre ele pela primeira vez. E o que me chamou mais a atenção foi que TigerSharks foi produzido pela Rankin-Bass, mesmo estúdio responsável pelos ThunderCats e pelos SilverHawks. E, assim como SilverHawks é meio parecido com ThunderCats, TigerSharks é meio parecido com ambos.
O tema, dessa vez, após felinos e falcões, são animais marinhos. TigerShark é o nome de uma equipe de cientistas que se utiliza de um artefato, o FishTank (literalmente, o "Aquário"), para se transformar em híbridos de homens e animais marinhos, e novamente para retornar às suas formas originais. Em sua forma híbrida, eles ganham poderes relacionados aos animais nos quais se transformam, que usam para proteger o planeta de vilões liderados pelo perverso T-Ray.
Ah, sim, "o planeta", no caso, não é a Terra, mas Water-O, planeta distante cuja superfície é quase que totalmente tomada pela água. Water-O é habitado por uma raça de homens-peixe, da qual nem T-Ray nem os TigerSharks fazem parte: os TigerSharks são originalmente da Terra, e chegaram a Water-O na nave/submarino SARK para uma missão de pesquisa - o FishTank, originalmente, servia para que eles pudessem viver sob a água junto com a população local de Water-O, estudando seus costumes e seu planeta. Ao ver que os habitantes de Water-O não tinham condições de combater T-Ray, entretanto, os TigerSharks decidiram ficar e usar seus poderes para protegê-los.
O líder dos TigerSharks é Mako, que pode se transformar em um híbrido de humano e tubarão. Nessa forma, sua pele é impenetrável, suas barbatanas podem cortar aço, e Mako pode alcançar incríveis velocidades. O segundo em comando é o brincalhão Dolph, que se transforma em híbrido de humano e golfinho, conseguindo grande mobilidade sob a água. Já Walro, gênio da mecânica responsável por criar o FishTank, se transforma em híbrido de humano e morsa, de grande força mas pouca velocidade. A única mulher da equipe é Octavia, responsável pelas comunicações da nave e estrategista da equipe, que se transforma em híbrido de humano e polvo, com tentáculos no lugar dos cabelos. O mais forte da equipe é Lorca, que, apropriadamente, se transforma em híbrido de humano e orca. Completam a equipe os gêmeos adolescentes Bronc, que se transforma em híbrido de humano e cavalo-marinho, e Angel, que se transforma em híbrido de humano e peixe-anjo, ambos, como todo adolescente de desenho dos anos 80, meio irresponsáveis e sempre se metendo em confusão. A equipe possui ainda um mascote, o bassê Gupp, que também pode usar o FishTank para se transformar em híbrido de cachorro e foca.
O principal vilão da série é T-Ray, um híbrido de humano e arraia vindo de um planeta cuja toda água secou. Como sua raça não pode sobreviver sem água, ele pretende dominar e colonizar Water-O, com a ajuda de seus asseclas, os Mantannas, outros da mesma raça que pensam como ele. Outro vilão de destaque é o Capitão Blizzarly, pirata que controlava todo o crime de Water-O antes de ser preso. Libertado por T-Ray, ele singra os oceanos em um navio de guerra, acompanhado de sua tripulação e de um dragão de estimação, buscando retomar seu domínio sobre o crime.
Evidentemente, a Rankin-Bass decidiu produzir TigerSharks apostando na repetição do sucesso de ThunderCats - o que já havia tentado com SilverHawks, mas sem conseguir - chamando, inclusive, os mesmos dubladores dos felinos de Thundera para participar do desenho. Na época, a Rankin-Bass estava passando por sérios problemas financeiros, e TigerSharks seria sua tentativa de equilibrar as contas.
Esses mesmos problemas financeiros, entretanto, impediram que TigerSharks fosse lançado propriamente, como um desenho em separado; ao invés disso, a Rankin-Bass, para cortar custos, o formatou como parte de um programa chamado The Comic Strip, que a cada dia exibiria dois desenhos seguidos, escolhidos dentre quatro opções possíveis: TigerSharks; Street Frogs, desenho meio parecido com As Tartarugas Ninja, estrelado por um grupo de cinco sapos adolescentes; Karate Kat, meio parecido com Hong Kong Phooey, ambientado em um mundo onde todos os habitantes são gatos antropomórficos, cujo herói é um mestre do caratê que possui uma identidade secreta quando não está combatendo o crime; e The Mini Monsters, que acompanhava um casal de irmãos humanos em um acampamento de férias onde seus colegas eram os filhos do Drácula, do Monstro de Frankenstein, do lobisomem, da múmia, da Criatura da Lagoa Negra, do Godzilla, do Homem Invisível, de uma bruxa e do mago Merlin. O programa estrearia já em syndication, oferecido para diversos canais dos Estados Unidos, ao invés de ser financiado por um único canal.
TigerSharks estrearia já no primeiro dia de The Comic Strip, em 7 de setembro de 1987. O programa não agradaria como um todo, entretanto, e só ficaria no ar até 4 de dezembro do mesmo ano, com um total de 65 episódios - dos quais apenas 26 eram dos TigerSharks. Após o insucesso do programa, a Rankin-Bass fecharia seu departamento de produção, passando a atuar apenas como estúdio de animação sob encomenda - ou seja, quando fosse contratada por outros estúdios.
Nos últimos anos, entretanto, TigerSharks tem conseguido uma inesperada popularidade, graças à internet e especialmente dentre os fãs de ThunderCats. Como é extremamente difícil encontrar os episódios - aparentemente ninguém se preocupou em gravar em VHS quando passava - já existem diversos movimentos pedindo para que a Warner Bros. - atual detentora dos direitos sobre os desenhos da Rankin-Bass - lance ou o The Comic Strip inteiro ou TigerSharks separadamente em DVD. Ainda não existe nenhuma movimentação da Warner nesse sentido, porém.
Curiosamente, o que a Warner decidiu fazer foi oficializar TigerSharks e SilverHawks como parte do mesmo universo de ThunderCats - ou seja, Water-O e a Galáxia de Limbo existem no mesmo universo que Thundera e o Terceiro Mundo. Isso foi feito na série nova dos ThunderCats, exibida pelo Cartoon Network, que, em um de seus episódios, mostra em um telão as raças que se opõem a Mumm-Ra - dentre as quais podem ser vistos claramente Mako e o Monstro Estelar.
Eu tenho vários episódios desse clássico q foi cancelado no ep26.
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