1988
Cinco amigos que são todos filhos únicos e estudam na mesma turma, sendo quatro meninos (Takashi Tsuji, Toshikaze Oda, Noboru Egawa e Kenta Goto) e uma menina (Kaori Furuya), encontram, acidentalmente, um submarino alemão da Segunda Guerra Mundial abandonado, cheio de bugigangas tecnológicas. Por algum motivo que somente um roteirista de seriado japonês pode compreender, eles decidem se tornar um grupo de detetives chamado Maringumi, fazer do submarino sua base, e usar as bugigangas para capturar o famoso ladrão-fantasma alemão Friedrich Stronheim von Zigomar III, ou simplesmente Zigomar, que, por alguma razão igualmente incompreensível, decidiu cometer crimes no Japão. Zigomar é capaz de sobrepujar qualquer sistema de segurança para efetuar seus roubos, e, com sua vestimenta e máscara, consegue enganar a polícia ao ponto de ninguém conhecer sua verdadeira identidade.
Para prever quais serão os próximos passos de Zigomar e interceptar o ladrão, os Maringumi recorrem ao tio de Takashi, Yuichi Tsuji, um escritor de romances de mistério ao qual as crianças se referem como Tio Sherlock - que acha uma boa ideia provocar e insultar o bandido. A partir de seu primeiro encontro, os detetives mirins e o ladrão-fantasma se tornam arqui-inimigos, com Zigomar desafiando as crianças a decifrar charadas para antecipar onde ele irá atacar a seguir, e os Maringumi, com a ajuda do Tio Sherlock, tentando deter o criminoso antes que ele consiga concretizar mais um golpe. Um personagem secundário que merece ser citado é Taro Amemiya, aluno que veio transferido de outra escola, guarda um segredo sobre seu passado, e parece saber a identidade secreta de Zigomar.
Como é mais do que evidente, Maringumi foi criada para aproveitar o grande sucesso de Hardgumi, contando com vários elementos em comum, como o fato de os detetives mirins serem todos filhos únicos, serem cinco meninos e uma menina, não serem muito bons nos estudos, terem cada um uma característica predominante, contarem com uma espécie de mentor (o Professor Ochiai em Hardgumi, o Tio Sherlock em Maringumi) e combaterem um ladrão fantasiado e mascarado que parece sobre-humano ao cometer crimes quase impossíveis. Maringumi, entretanto, tinha muito mais elementos surreais e fantásticos, como o fato de as crianças terem sua base em um submarino alemão, e abusava muito mais da comédia - no primeiro episódio, a armadilha montada para capturar Zigomar conta com peixes elétricos para eletrocutá-lo, e ele não somente consegue sobrepujá-la como também frita e come os peixes. Esses elementos seriam ideia do produtor Jun Ikasa, que, antes de passar para as Toei Fushigi Comedy Series, trabalhava nas séries dos Metal Heroes.
Outra característica em comum entre as duas séries era o uso de "equipamentos de detetive" pelas crianças, que, nesse caso, eram os objetos que elas encontraram no submarino, incluindo uma espécie de canivete que contava com bússola, luneta, apito, lanterna, lupa, anemômetro, trena e sinalizador; um sonar portátil que detectava metais; um "radioscópio" (combinação entre walkie talkie e binóculo); e o mais útil de todos, o "detector de Zigomar", que fazia um sinal sonoro cada vez que o ladrão estivesse próximo. Esses equipamentos todos foram transformados em brinquedos, com o canivete se tornando um campeão de vendas, e o detector de Zigomar contando com uma função através da qual, se as crianças o apontassem para a TV quando o dos Maringumi estava indicando a presença de Zigomar, ele identificava um leve piscar na imagem para também emitir um sinal sonoro.
Diferentemente de Hardgumi, Maringumi não foi inspirada em uma obra já existente, sendo uma criação original de Ishinomori e Toru Hirayama; o ladrão Zigomar, porém, seria inspirado em um personagem de mesmo nome já existente, criado pelo escritor francês Leon Sajii e vilão de 28 histórias publicadas no jornal Le Matin a partir de 1909, reunidas em forma de livro e lançadas em 1928 pela editora J. Ferenczi com o nome de Zigomar, o Ladrão. Esse Zigomar ganharia um filme mudo em 1911, que, por sua vez, ganharia duas continuações, em 1912 e 1913. Esses três filmes estreariam no Japão (com o nome do personagem alterado para Jigoma) e fariam grande sucesso, o que levaria as histórias de Zigomar a serem traduzidas e publicadas na Terra do Sol Nascente com o nome de Kaito Jigoma, o "Ladrão-Fantasma Jigoma".
Jigoma se tornaria um personagem extremamente popular no Japão, e viveria suas próprias aventuras por lá, na forma de contos e mangás, escritos por vários autores, e até mesmo em filmes para o cinema, como Dai Tantei-Dan Jigoma, lançado em 1917. Entretanto, enquanto o Zigomar francês era apenas um bandido mascarado (que, além de ladrão, era assassino de aluguel), o Jigoma japonês era um monstro (segundo alguns, um demônio), que se disfarçava de humano para cometer crimes. Por conta disso, seus filmes acabaram sendo considerados "inapropriados", principalmente devido às grandes doses de violência que continham, e foram banidos dos cinemas japoneses na década de 1920. O personagem continuou sendo uma referência e uma influência, porém, tanto que até mesmo Edogawa Rampo o citava como uma de suas inspirações para escrever Kaijin Niju Menso - que, como vimos, foi a inspiração para a criação de Hardgumi. Talvez contrariando a lógica do tokusatsu, o Zigomar de Maringumi é uma versão do ladrão francês, e não do monstro japonês.
O nome da série é uma referência ao fato de de a base das crianças ser um submarino, e ao de o submarino e o bandido serem alemães: jaaman seria a forma japonesa de escrever German ("alemão", em inglês, em japonês seria doitsujin), e marin é uma referência a "marinho" (marine, que também é uma palavra inglesa, é muito usada em japonês para se referir a elementos do mar); a tradução, portanto, embora esquisita, seria o Grupo Marinho de Detetives Alemães. Maringumi teve 50 episódios, exibidos entre 10 de janeiro e 25 de dezembro de 1988, e fez tanto sucesso quanto Hardgumi - literalmente, já que ambas tiveram a exata mesma média de audiência. Maringumi também seria adaptada para um mangá na revista TV Land, em 1989.
Em 1 de janeiro de 1989, iria ao ar na TV Fuji um especial de 60 minutos chamado Tantei-Dan Supershare Maringumi Ta Hardgumi: Zigomar vs. Matenro, que nada mais era que um crossover entre Hardgumi e Maringumi. Nele, não só Matenro e Zigomar aparentemente retornaram, como também parece que estão agindo juntos, o que requer que ambos os grupos de detetives mirins também trabalhem juntos. Duas curiosidades sobre esse especial são que ele foi o último programa das Toei Fushigi Comedy Series a ser exibido durante a Era Showa, já que o Imperador Hirohito faleceria no dia 7 de janeiro; e que a atriz Rie Shibata teve de representar dois papéis, pois em Hardgumi ela era a mãe de Susumu, e, em Maringumi, a mãe de Toshikaze.
1989
Apesar do grande sucesso de Hardgumi e Maringumi, a TV Fuji não estava satisfeita com as séries de detetives nas Toei Fushigi Comedy Series, preferindo que séries desse tipo fossem exibidas em outro horário, e as manhãs de domingo ficassem reservadas para histórias realmente fantásticas, com elementos como robôs e fadas. Além disso, todas as suas pesquisas mostravam que a audiência das Toei Fushigi Comedy Series era majoritariamente de meninas, mesmo com as séries sendo teoricamente voltadas para meninos. Diante disso, assim como ocorreu com Nemurin, ela voltaria a pedir à Toei que produzisse para o horário uma série voltada para as meninas. Essa nova série, que seria chamada de garota mágica chinesa Paipai, seria uma criação de Ishinomori e Toru Hirayama, que, poucos dias após a estreia da série, pediria demissão da Toei, sendo substituído como produtor por Yoshiaki Kobayashi.
Paipai era "chinesa" não por ter nascido na China, e sim por vir de uma dimensão paralela à nossa que lembra a China Imperial. Essa ideia seria do roteirista Takashi Ishihara, que tinha a teoria de que coisas ligadas à China Imperial faziam sucesso dentre as meninas, devido à beleza das roupas e joias tradicionais do período. Para interpretar Paipai, seria escolhida Natsuki Ozawa, na época com 16 anos, mas que já era uma celebridade dentre as crianças e adolescentes, por ter atuado em várias séries de sucesso entre 1986 e 1988, e ter se lançado como cantora em 1987. De fato, a fórmula garota mágica + China Imperial + Natsuki Ozawa fez um gigantesco sucesso: Paipai seria a série de maior audiência da Toei Fushigi Comedy Series, e, graças a ela, todas as séries seguintes seriam de garotas mágicas - mas um acontecimento bizarro faria com que ela tivesse de ser bruscamente interrompida. Falaremos disso em breve.
Paipai é a princesa por direito do Reino Chuuka Makai, que pode ser traduzido como "mundo demoníaco chinês", localizado em uma dimensão paralela à nossa; quando ela era um bebê, o trono foi usurpado pelo maligno Príncipe Gomoku, que governa com mão de ferro. Um dia, Paipai conhece um guerreiro chamado Raymond, e, temeroso de que ele tente ajudá-la a recuperar o trono, Gomoku usa seus poderes mágicos e o transforma em um uma tigela de lamen - pois é. Talvez preocupada que alguém coma seu amado, Paipai pega a tigela e, com seus próprios poderes mágicos, abre um portal para a Terra, vindo parar no Japão de 1989. Receoso de que ela vá encontrar uma forma de transformar Raymond novamente em humano, ou novos aliados para recuperar o trono, Gomoku envia dois capangas para a Terra para capturá-la; enquanto isso, Paipai, que acidentalmente deixou um dos ingredientes da tigela encantada de lamen se perder enquanto fugia dos capangas - o naruto, que não é o ninja do anime, e sim um embutido de peixe defumado que tem um padrão de rodamoinho desenhado em cada rodela - tem como seu principal objetivo encontrá-la para restaurar seu amado Raymond e poder se casar com ele.
Apesar de ter nascido em outra dimensão, Paipai é uma típica adolescente japonesa. Ao chegar à Terra, ela faz amizade com Yukio Takayama, um arqueólogo ao estilo Indiana Jones, e vai morar em sua casa, fazendo amizade com seus filhos. Como toda nativa do Chuuka Makai, ela tem poderes mágicos latentes, que podem ser controlados com muita disciplina e aprendizado - Paipai foi aluna exemplar da Academia de Bruxas, e tem um nível de controle sobre seus poderes que faz inveja ao próprio Gomoku. Por algum motivo, ela só pode usar seus poderes se estiver "transformada", ou seja, com as roupas e estilo de cabelo típicos do Chuuka Makai (que, como já foi dito, são os mesmos da China Imperial); quando não está transformada, ela gosta de vestir moletom, jeans e tênis, usar o cabelo solto e grandes óculos, para compor o visual - evidentemente, ela não precisa trocar de roupa para se transformar, fazendo-o em um passe de mágica. A principal arma de Paipai é um cajado mágico feito de ramos e flores de peônia, que, quando ela está em "roupas civis", se transforma em um medalhão que ela usa preso a uma gargantilha. Além de ter poderes mágicos, Paipai é atlética, inteligente, e cozinha muito bem - mas só comida chinesa, sendo um desastre na culinária tradicional japonesa.
Takayama, que acolheu Paipai, é um arqueólogo viúvo e muito atrapalhado, que em casa vive de quimono e tem três filhos, Akira, Toru e Shingo, que servem como alívio cômico, já que não são muito inteligentes e vivem se metendo em confusão. Akira é um pouco mais novo que Paipai, e o que melhor se relaciona com ela, sendo o menos malcriado dos irmãos, mas constantemente se envolvendo em problemas ao tentar protegê-los; Toru é especialista em criar confusão e se indispor com os vizinhos; e Shingo é bem pequeno, e o que mais sente falta da mãe, vivendo em um mundo de fantasia e tendo o hábito de mentir - por causa disso, apesar de ele ser o único que descobre que Paipai é uma bruxa, os irmãos não acreditam nele. A mãe deles morreu quando Shingo tinha um ano, e, como Takayama vivia viajando em expedições arqueológicas, eles foram criados por Sayuri Sangenjaya, irmã do arqueólogo; Sayuri não gosta de Paipai, acha que ela é uma má influência para os meninos, e faz pressão para que Takayama se livre dela.
Os principais oponentes de Paipai na Terra são os capangas enviados por Gomoku. Nurhaci é baixinho, usa óculos e tem uma barba ao estilo mandarim; ele tem poderes mágicos limitados, já que jamais aprendeu a controlá-los direito, e sente uma certa simpatia por Paipai e Raymond, algumas vezes até deixando a garota fugir quando tinha chance de capturá-la. Já Taklimakan é um homem enorme, forte, estúpido e totalmente obediente a Gomoku, e fará de tudo para levar Paipai de volta e agradar seu mestre; ele sempre usa uma bandana e óculos escuros, e, para fazer magia, tem que puxar o próprio nariz - assim como os de Nurhaci, seus poderes mágicos são limitados, já que ele não teve o treinamento adequado. Na metade da série, cansado dos fracassos da dupla, Gomoku envia para a Terra o policial Paikal, chefe das forças de segurança de Chuuka Makai. Cruel e implacável, Paikal veste uma farda semelhante à da SS nazista e dirige uma moto; especialista em armadilhas, ele constantemente consegue capturar Paipai com elas, mas a garota sempre usa sua inteligência para escapar. Gomoku, que não pode vir à Terra pessoalmente ou perderá seus poderes, só aparece em algumas sequências curtas ambientadas no Chuuka Makai.
Paipai estrearia em 15 de janeiro de 1989; originalmente, deveria ter estreado dia 8, mas, devido a vários programas especiais exibidos em decorrência da morte do Imperador Hirohito, a TV Fuji decidiu adiar a estreia em uma semana. Apesar de seu imenso sucesso, teria apenas 26 episódios, o último exibido em 9 de julho. A causa do encurtamento foi que, de repente, Ozawa desistiu de gravar a série, pediu demissão e sumiu - o motivo, até hoje, ninguém sabe. Em uma entrevista dada em 2004, a atriz disse que não estava aguentando a carga de trabalho, e decidiu fugir com seu empresário, 34 anos mais velho que ela e casado, com quem ela tinha um romance, mas que o ficou esperando durante horas no ponto de encontro programado e ele jamais apareceu; na época do cancelamento da série, rolou um boato de que ela, aos 17 anos, estava grávida dele, e tinha sido demitida para que ninguém descobrisse - a Toei sempre negou a demissão, dizendo que ela que pediu pra sair, e que sequer tinha conhecimento da gravidez; o empresário, que não sumiu junto com ela, sempre negou qualquer romance ou envolvimento íntimo, e na época se disse tão perplexo com o desaparecimento quanto qualquer um.
Seja qual for a verdade, "desaparecimento" não foi exagero, já que Ozawa, no auge do sucesso, de repente sequer podia ser encontrada, reaparecendo somente em 1993, quando posou pelada e declarou estar aposentada da vida artística; ela tentaria retomar sua carreira de atriz no início dos anos 2000 fazendo filmes eróticos (mas não pornográficos), mas, sem conseguir fazer sucesso, se aposentou de novo. Em 2014, aos 42 anos, ela faria uma extensa cirurgia plástica, descrevendo o processo em detalhes em um site que criou especialmente para a ocasião, que deixou de ser atualizado em agosto de 2015. Desde então, ela vive uma vida reclusa e se nega a dar entrevistas, havendo boatos até de que ela já faleceu.
1989
Quando Ozawa se demitiu e fugiu, alguns episódios que ainda não haviam ido ao ar já estavam gravados; a alternativa mais fácil, portanto, era simplesmente substituir a atriz que interpretava Paipai e seguir com se nada tivesse acontecido. Ishinomori, entretanto, foi contra, e Kobayashi, para não alongar a questão, sugeriu um plano B: ao invés de criar uma série totalmente nova, que demoraria para estrear, seria produzido uma espécie de spin off, aproveitando o maior número de elementos possível de Paipai, incluindo o elenco. Surgia, assim, a garota mágica chinesa Ipanema.
Assim como Paipai, Ipanema nasceu no Chuuka Makai; diferentemente de sua antecessora, porém, ela é extremamente incompetente no uso da magia, e não conseguiu se formar na Academia de Bruxas, o que lhe daria direito a ter seu próprio medalhão que se transforma em cajado. Os pais de Ipanema eram milionários, e ela teve uma vida nababesca até que, devido a um golpe, eles perderam tudo. Por alguma razão que Ipanema desconhece, seus pais fugiriam para a Terra e a deixariam para trás; inconformada, após ser expulsa da Academia de Bruxas ela decide segui-los, e, ao chegar aqui, por sorte, encontra um medalhão de bruxa (que foi esquecido por Paipai, cujo destino não é revelado), e decide usar sua magia para encontrá-los.
Sem que Ipanema saiba, os responsáveis pelo golpe que levou seus pais à falência foram a diretora da Academia de Bruxas, Happy Saincho, e sua irmã, Hanten. Hanten cobiça um tesouro que está há séculos na família de Ipanema, chamado Great Pylon, e manipula a irmã tanto para dificultar ao máximo a vida da bruxinha na escola quanto para orquestrar o golpe que faria eles ficarem sem dinheiro e ter de vender o artefato. Quando a família de Ipanema foge para a Terra, Hanten fica achando que o Great Pylon está escondido aqui, e envia dois capangas, Tigres e Eufrates, para segui-la e encontrar o artefato. Diferentemente de Nurhaci e Taklimakan, que se opunham abertamente a Paipai, Tigres e Eufrates meio que fingem ser amigos de Ipanema para que ela os leve até seus pais e o tesouro, o que não é difícil porque, primeiro, Ipanema não sabe que Happy e Hanten são os vilões, e, segundo, Tigres era um ex-empregado do pai de Ipanema, que estima muito a família, e Eufrates é seu filho, um rapaz atlético que também não é bom nos estudos, é apaixonado por Ipanema desde criança, e não concorda em trabalhar com o pai para encontrar os pais da moça - ou seja, a relação com Nurhaci e Taklimakan aqui é invertida. Assim como Nurhaci e Taklimakan, Tigres é baixinho e magro, enquanto Eufrates é grande e forte, e ambos têm poderes mágicos limitados.
Enquanto procura por seus pais, Ipanema precisa de casa, comida e disfarce, e, para isso, decide trabalhar como empregada na casa dos Takayama - trabalho para o qual é recomendada por Shingo, que percebe que, assim como Paipai, ela é uma bruxa. Jamais é dito para onde Paipai foi, mas, assim como ela, Ipanema se torna amiga de Akira, Toru e Shingo, ganha a simpatia de Yukio e a antipatia de Sayuri - sendo esses cinco personagens os mesmíssimos da série de Paipai. Como Ipanema foi rica a vida inteira, ela não leva o menor jeito para empregada, e se mete em várias confusões; assim como Paipai, ela passa o dia de moletom, jeans, tênis e óculos, e "se transforma", assumindo suas roupas estilo China Imperial, quando precisa usar seus poderes - ocasião na qual seu medalhão se transforma em seu cajado, com ambos tendo mudado de forma em relação à que tinham com Paipai "para refletir sua personalidade" (e vender mais brinquedos).
Ipanema faria sua estreia já no último episódio da série de Paipai, para o qual Ozawa só teria gravado algumas cenas. A série de Ipanema estrearia duas semanas após o fim da de Paipai, em 23 de julho de 1989; faria um relativo sucesso, mas não o suficiente para se igualar à sua antecessora, e, como a série do ano seguinte (Patrine) já estava definida, a Toei e a TV Fuji optaram por somente fazer os episódios necessários para terminar o ano, o que fez com que Ipanema fosse a série mais curta das Toei Fushigi Comedy Series, com apenas 23 episódios, o último exibido em 24 de dezembro - curiosamente, o último, último mesmo, no qual a história se conclui, é o anterior a esse, com esse último sendo, na verdade, um especial de Natal, o que pode ter sido decidido pelo fato de que, em 1989, 24 de dezembro caiu num domingo, que era o dia no qual a série era exibida. Somando os episódios de Paipai e Ipanema, temos um total de 49, que era o normal para uma série de tokusatsu na época.
Talvez não querendo repetir o que ocorreu com Paipai, ao invés de uma grande celebridade, a Toei contratou para interpretar Ipanema uma relativa desconhecida, Wakako Shimazaki, que na época tinha 16 anos, e só tinha atuado em uma série antes dessa. Interpretar Ipanema seria um divisor de águas para Shimazaki, que se tornaria uma das atrizes mais requisitadas da TV japonesa a partir de 1990, se lançaria como cantora em 1991, e hoje é considerada uma das artistas mais bem sucedidas do Japão. Para terminar, vale citar que o nome Ipanema não é coincidental, com Kobayashi tendo declarado em várias entrevistas que o tirou da música Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, a qual ouviu em um restaurante; ele teria gostado da música e, ao perguntar o título, achou que Ipanema soaria bem em japonês como o nome de uma personagem.
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