domingo, 9 de julho de 2023

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Séries Marvel da Netflix (V)

E hoje encerramos a série sobre as Séries Marvel da Netflix!

O Justiceiro
The Punisher
2ª temporada
2019


Um ano após os eventos da primeira temporada, Frank está tentando levar uma vida normal no meio-oeste, até que decide proteger uma adolescente que foi marcada para a morte por um grupo de mercenários. Enquanto ele tenta descobrir o motivo pelo qual a menina se tornou um alvo, é contactado por Madani, que quer que ele enfrente Billy Russo. Devido aos eventos do último episódio da temporada anterior, Billy ficou hospitalizado e sem memória, mas, após fugir do hospital, decidiu criar um império criminoso; para Madani, tudo não passa de fingimento, e o vilão planeja alguma vingança contra ela e Frank. Frank, então, se vê de volta a Nova Iorque, tendo de novamente confrontar seu passado e decidir se consegue se afastar da vida de Justiceiro ou se deve abraçá-la.

Lightfoot, que retornaria como showrunner para a segunda temporada, novamente uma co-produção Marvel Television, ABC Studios e Bohemian Risk Productions, começaria a desenvolver a história da segunda temporada assim que a Netflix a encomendasse, menos de um mês após a estreia da primeira. Ele diria não se deixar afetar pela opinião do público sobre a primeira temporada, já que alguns amariam, alguns odiariam e alguns seriam indiferentes, acreditando que deveria ser fiel ao personagem e contar a história que precisasse ser contada. Ele também decidiria que essa seria uma jornada de Frank em direção ao papel do Justiceiro, que escolheria por vontade própria após pesar as escolhas que fez na vida, ao invés de por se sentir obrigado como quando estava vingando sua família e tentando limpar seu nome.

Trabalhando em conjunto com a figurinista Lorraine Calvert, Lightfoot decidiria dar um visual mais despojado para Frank no início da temporada, abandonando os tons militares e vestindo-o com camisetas e jeans, embora o preto ainda fosse a cor predominante. A decisão de Frank de voltar a usar a caveira do Justiceiro como símbolo seria bastante discutida com Bernthal, até que fosse encontrada uma forma de fazer com que o uso do uniforme se tornasse um momento pivotal no enredo, mas com uma explicação plausível e orgânica. Em relação ao vilão, desde a primeira temporada se esperava que Russo se tornasse Retalho, um dos principais inimigos do Justiceiro nos quadrinhos; para isso, o departamento de maquiagem trabalharia em cicatrizes em seu rosto que ao mesmo tempo ficassem realísticas e capazes de transmitir o que significava para ele adotar essa nova personalidade - Russo não usa o nome Retalho em nenhum momento, mas sua psicóloga frequentemente se refere à sua situação mental como um jigsaw ("quebra-cabeças", em inglês), nome original do personagem nos quadrinhos. Frank e Russo não seriam os únicos modificados pelos eventos da primeira temporada, com Madani adotando um comportamento obcecado e autodestrutivo, que a leva a fazer aliança com Frank e devotar sua vida à derrota de Russo.

As filmagens ocorreriam todas em Nova Iorque, com cidades do interior do estado servindo de locação para as cenas ambientadas no meio-oeste. As cenas ambientadas na cidade usariam as regiões do Brooklyn e do Queens; a mais complicada de se filmar seria a do assalto à casa de pagamentos, que exigiria que várias ruas ficassem fechadas durante um dia inteiro. Os efeitos especiais mais uma vez ficariam a cargo da FuseFX, e seriam usados principalmente para dar um upgrade na violência, com a maior parte dos demais efeitos sendo obtidos através de maquiagem e truques de câmera.

Do elenco principal retornam Jon Bernthal como Frank Castle / Justiceiro, Ben Barnes como Billy Russo, Amber Rose Revah como Dinah Madani, e Jason R. Moore como Curtis Hoyle. A eles se unem Giorgia Whigham como Amy Bendix, a adolescente jurada de morte que Frank decidiu proteger; Josh Stewart como John Pilgrim, assassino de aluguel extremamente religioso, contratado para eliminar Amy; e Floriana Lima como Krista Dumont, psicóloga de Russo, que acaba se apaixonando por ele, e esconde um segredo de seu passado. Deborah Ann Woll participa de um dos episódios como Karen Page, creditada como "atriz especialmente convidada". Os personagens recorrentes que retornam são Brett Mahoney (Royce Johnson), Turk Barrett (Rob Morgan), Rafael Hernandez (Tony Plana) e Marion James (Mary Elizabeth Mastrantonio); a esposa de Frank, Maria (Kelli Barrett), aparece em flashbacks, mas sempre em cenas já exibidas na primeira temporada.

Os novos personagens recorrentes incluem Anderson (Corbin Bernsen) e Eliza Schultz (Annette O'Toole), donos das Indústrias Testamento, patrões de Pilgrim e secretamente envolvidos com o caso que marcou Amy para a morte; o filho do casal, Senador David Schultz (Todd Alan Crain); Jake Nelson (Jordan Dean), membro do grupo de apoio de Curtis que acaba se tornando parceiro de Russo; os demais membros da gangue de Russo, José (Samuel Gomez), Todd (Jimi Stanton) e Phillip (Brett Bartholomew); Beth Quinn (Alexa Davalos), barwoman que tem um breve envolvimento romântico com Frank enquanto ele está tentando levar uma vida normal no meio-oeste; Marlena Olin (Teri Reeves), mercenária contratada para matar Amy; o Xerife Roy Hardin (Joe Holt) e os policiais que ele comanda na cidade de Larville, Ohio, Murphy (Jamie Romero), Dobbs (Rudy Esenzopf) e Ken Ogden (Brandon Gil), e seu irmão, Bruce Ogden (Donald Webber, Jr.), que está na carceragem da delegacia quando Frank chega lá; o empresário e mafioso russo Nikolai Poloznev (Dikran Tulaine); o criminoso russo Kazan (Ilia Volok), dono de uma academia; Arthur Walsh (Thomas G. Waites), um dos muitos pais adotivos que Russo teve na infância; Ed Zatner (Joseph D. Reitman), legista conhecido de Karen; e a esposa de Pilgrim, Rebecca (Allie McCulloch), e seus filhos, Michael (Zell Steele Morrow) e Lemuel (Henry Boshart). Os cantores Shooter Jennings, Ted Russell Kamp, James Douglass, John F. Schreffler Jr. e Aubrey Richmond aparecem como eles mesmos, cantando no bar onde Beth trabalha.

A segunda temporada de O Justiceiro teria mais uma vez 13 episódios, que estreariam todos no mesmo dia, 18 de janeiro de 2019. Já chateada com a Disney por causa do cancelamento forçado de Demolidor, a Netflix optaria por não se pronunciar quanto à audiência; o serviço de verificação independente Parrot Analyitcs, porém, divulgaria que a segunda temporada da série seria o programa mais assistido em streaming nos Estados Unidos na semana entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro. A crítica seria dividida, elogiando principalmente o carisma de Bernthal e a caracterização de Frank, que, mesmo sendo um personagem violento e perturbado, consegue criar empatia com o público.

Talvez de forma já esperada, já que o Disney+ já estava em desenvolvimento, O Justiceiro seria cancelado pela Netflix em 18 de fevereiro de 2019, exatamente um mês após a estreia da segunda temporada. Quando houve o cancelamento, o vice-presidente de programação do serviço de streaming Hulu, também de propriedade da Disney, declararia ter interesse em produzir uma terceira temporada, com o mesmo elenco das duas anteriores, se a Disney assim desejasse. Ao ser perguntado sobre essa possibilidade, Kevin A. Mayer, diretor de programação direta ao consumidor da Disney, declararia que nada estava sendo discutido ainda, e que era necessário que os direitos sobre o personagem retornassem à Disney pelos termos do contrato, mas que ele estaria disposto a conversar sobre o retorno de todas as séries Marvel da Netflix. Por enquanto, a única coisa que já está confirmada é que Bernthal de fato retornará ao MCU, interpretando o Justiceiro na nova série do Demolidor que se encontra em pré-produção; se ela respeitará ou não os eventos das duas temporadas do Justiceiro, é uma incógnita.

Para terminar, vale dizer que a segunda temporada, por decisão da Netflix, também acabaria causando uma grande polêmica: Stan Lee, co-criador de centenas de personagens Marvel, mas que não teve envolvimento na criação do Justiceiro, faleceria em 12 de novembro de 2018, o que faria com que a segunda temporada de O Justiceiro fosse a primeira de uma série Marvel da Netflix a estrear após seu falecimento. Por causa disso, após a última cena do último episódio, apareceria a tradicional tela "dedicado a Stan Lee". O problema é que essa última cena é extremamente violenta, o que causou revolta em alguns fãs, que não gostaram de ver Lee homenageado justamente naquele ponto - na opinião da maioria, como todos os episódios estrearam no mesmo dia, a tela de homenagem poderia ter sido incluída no início ou no final do primeiro, e que, da forma como foi feito, pareceu que quiseram associar o nome de Lee à violência. Ao ser perguntado, Jeph Loeb diria que a Marvel Television não teve nenhum envolvimento na inserção dessa tela, com a decisão tendo sido puramente da Netflix. Após a polêmica, a Netflix removeria a tela, e o episódio seria exibido sem ela até a série sair de seu catálogo; desde a estreia de O Justiceiro no Disney+, porém, ela voltou, no mesmo lugar.

Jessica Jones
3ª temporada
2019


A terceira temporada de Jessica Jones seria encomendada pela Netflix em abril de 2018, um mês após a estreia da segunda. Mais uma vez, seria uma co-produção entre Marvel Television, ABC Studios e Tall Girls Productions, com Melissa Rosenberg atuando como showrunner. O planejamento da Marvel era que ela fosse ao ar logo depois da terceira temporada de Demolidor, mas, em agosto de 2018, Rosenberg, expressando desejo de "fazer coisas diferentes", assinaria um contrato com a Warner, segundo o qual ficaria responsável por "criar novo conteúdo para televisão". A Netflix não gostaria dessa manobra, e influenciaria a Marvel Television para que Rosenberg fosse substituída como showrunner de Jessica Jones, o que levaria Loeb a conversar com Scott Reynolds, que havia sido roteirista de alguns episódios de Punho de Ferro, para que ele assumisse o cargo. Evidentemente, ao saber, Rosenberg não ficaria nada satisfeita, e defenderia seu papel com unhas e dentes, inclusive garantindo que já tinha uma história em desenvolvimento que manteria a terceira temporada no mesmo patamar das duas anteriores. No fim, Rosenberg e Reynolds seriam confirmados como co-showrunners da temporada, mas isso levaria a um atraso na pré-produção, o que faria com que a série só estivesse pronta para estrear na metade de 2019.

No final de 2018, após as negociações frustradas para uma quarta temporada de Demolidor, a Netflix começaria a perder o interesse nas séries Marvel, acreditando que, com a chegada do Disney+, a Marvel não iria querer nem renovar as séries que já estavam no ar, nem criar novas. Como a segunda temporada de O Justiceiro e a terceira de Jessica Jones já estavam em produção, ela concordaria em mantê-las, mas cancelaria ambas no mesmo dia, 18 de fevereiro de 2019 - o que faria com que a terceira temporada de Jessica Jones já estreasse com a série cancelada. Rosenberg aproveitaria e criaria um final misto, que serviria tanto de fecho caso a história se concluísse ali quanto de gancho caso outro canal assumisse a série para uma quarta temporada.

Ambientada um período de tempo curto, mas não especificado, após os eventos da segunda temporada, a terceira coloca Jessica frente a frente com Gregory Sallinger, um assassino serial que tem como principais alvos pessoas com superpoderes, pois acredita que eles são "fraudes", tendo ganhado suas habilidades em acidentes, jamais tendo se esforçado para consegui-las, e ofuscando as pessoas comuns que batalham diariamente por um lugar ao Sol. Enquanto isso, a subtrama envolvendo Hogarth iniciada na segunda temporada se desenvolve - ainda que pouco - e Malcolm vai trabalhar em sua firma, como investigador, visando adquirir experiência e capital para ele mesmo se tornar um investigador particular, como Jessica, no futuro. E Trish segue com sua saga para se tornar uma super-heroína a qualquer custo, praticamente forçando Jessica a aceitá-la como parceira, apesar da relutância da irmã em introduzi-la a esse mundo e colocá-la em risco.

Trish, aliás, possui muito mais destaque nessa temporada, com dois episódios dedicados integralmente a ela, quase sem participação nenhuma de Jessica - o primeiro deles, inclusive, seria a estreia de Krysten Ritter como diretora. No segundo desses episódios, são dados mais detalhes do passado de Trish como atriz mirim sob o nome de Patsy, com a música do programa estrelado por ela, It's Patsy, sendo tocada durante os créditos. Nos quadrinhos, Patsy Walker é o alter ego da super-heroína Felina, que durante um tempo até chegou a ser membro dos Vingadores, mas, na série, por opção de Rosenberg, ela não usa essa alcunha em nenhum momento - nem mesmo algum outro personagem faz alguma referência jocosa sobre ela ser "uma felina" ou algo assim - sendo chamada, apenas, de Justiceira Mascarada. O uniforme de super-heroína de Trish seria criado por ela mesma com suas próprias roupas, usando os mesmos tons de azul e amarelo da Felina dos quadrinhos - e, em uma cena, enquanto está montando seu uniforme, Trish chega a usar um idêntico ao dos quadrinhos, exclamando a frase "hell, no" ao se olhar no espelho, na única referência ao nome da personagem, que, em, inglês, é Hellcat.

Do elenco principal retornam apenas Krysten Ritter como Jessica Jones, Rachael Taylor como Trish Walker, Eka Darville como Malcolm Ducasse, e Carrie-Anne Moss como Jeri Hogarth. Também no elenco principal estão Jeremy Bobb como Gregory Sallinger, o assassino serial principal antagonista da temporada; Benjamin Walker como Erik Gelden, homem que se envolve romanticamente com Jessica, e que tem o poder de perceber se uma pessoa é maligna ou não; Sarita Choudhury como Kith Lyonne, violoncelista que foi a primeira namorada de Jeri; e Tiffany Mack como Zaya Okonjo, advogada que trabalha para Jeri e se envolve romanticamente com Malcolm. Mike Colter faz uma participação como Luke Cage, creditado como "ator especialmente convidado", e David Tennant empresta sua voz a Killgrave, que tem exatamente uma fala, na mente de Jessica, sem ser creditado. Dos personagens recorrentes retornam Dorothy Walker (Rebecca de Mornay), Eddy Costa (John Ventimiglia), Thembi Wallace (Tijuana Ricks), Steven Benowitz (Maury Ginsberg) e Char (Rachel McKeon). Oscar Arocho (J.R. Ramirez) e Vido Arocho (Kevin Chacon) aparecem em um episódio cada, e Josie (Susan Varon), a dona de bar originalmente de Demolidor, aparece em três. Os novos personagens recorrentes incluem Gillian (Aneesh Sheth), secretária que Jessica contrata para seu escritório de investigação particular; Brianna Gelden, apelido Berry (Jamie Neumann), irmã de Erik, que ganha a vida como garota de programa; Grace (Jessica Francis Dukes), co-apresentadora do programa de TV Estilo com Trish; a criminosa Sal Blaskowski (Barbara Tirrell) e seu filho Dwayne (Airon Armstrong); o cafetão de Berry, Gor (Ivica Marc); o parceiro de Costa, Russell (Paco Lozano); o policial corrupto Carl Nussbaumer (Larry Mitchell); as policiais Imada (Tina Chillip) e Defford (Anthoula Katsimatides); o marido de Kith, o professor universitário Peter Lyonne (John Benjamin Hickey); e o filho do casal, Laurent (Michael Hsu Rosen). Nos flashbacks, Patsy é interpretada por Audrey Grace Marshall.

No geral, Jessica está mais heroica que nas duas temporadas anteriores, mas ainda mantém o comportamento distante e indiferente que caracteriza a personagem. Após as críticas à segunda temporada, alguns esforços foram feitos para integrar a série às demais da Saga dos Defensores, como a presença de Josie, a participação especial de Cage, e um diálogo em torno do fato de que as Indústrias Rand são o principal cliente de Hogarth; ainda assim, as reclamações de que Jessica parece viver em um mundo à parte dos demais heróis persistiram, com Rosenberg as considerando injustas.

As filmagens mais uma vez ocorreram integralmente na cidade de Nova Iorque, e, por causa do atraso na pré-produção, ao invés de começarem em junho, só começariam no final do ano, com todos os personagens tendo de aparecer usando roupas de frio quando estavam ao ar livre, e Ritter passando perrengue com o figurino tradicional de camiseta, jeans, botas e jaqueta de couro de sua personagem. Nessa temporada, Jessica também usaria muitas camisetas de bandas de rock, enquanto Trish, em sua vida dupla, iria das roupas chiques de atriz glamourosa às "roupas de academia", yoga pants e tank tops, que usava ao treinar para combater o crime, e Malcolm apareceria principalmente usando ternos e roupas de grife, para refletir seu novo cargo. A FuseFX ficaria com os efeitos especiais, que nessa temporada seriam poucos, já que Jessica não possui poderes espalhafatosos, e a maioria de suas proezas pode ser reproduzida com efeitos mecânicos, como cabos de aço.

A terceira temporada de Jessica Jones teria os tradicionais 13 episódios, que estreariam todos em 14 de junho de 2019 - aliás, uma coisa que eu esqueci de mencionar até aqui é que todos os títulos de todos os episódios da três temporadas começam com AKA, a sigla em inglês para also known as, ou, em bom português, "também conhecido como". Mais uma vez, e especialmente dessa vez, a Netflix não divulgaria os números de audiência, que seriam bons de acordo com a Parrot Analytics. A crítica seria receptiva, elogiando a interpretação "sarcástica" de Ritter, e considerando a série um fechamento digno, embora não o mais satisfatório, para as séries Marvel da Netflix. O último episódio também termina com uma tela em homenagem a Stan Lee, mas dessa vez sem polêmica.

O Futuro


Como foi dito aqui no primeiríssimo post dessa série, diferentemente do que ocorreu com os filmes para o cinema, quando os heróis Marvel foram licenciados para os grandes estúdios, com, por exemplo, os filmes do Homem-Aranha sendo produzidos pela Sony e os dos X-Men pela Fox, não houve licenciamento para a Saga Defensores, ou seja, as Séries Marvel da Netflix não eram produzidas pela Netflix, e sim pela Marvel Television em parceria com os ABC Studios e algumas outras produtoras exclusivas para cada série, com o contrato firmado entre as partes sendo muito semelhante a um contrato de televisão, firmado entre a empresa que irá produzir a série e o canal que irá exibi-la - em outras palavras, a Netflix era apenas o "canal" que exibiria as séries, com toda a responsabilidade de produção pertencendo à Marvel.

Curiosamente, paralelamente ao desenvolvimento das Séries Marvel da Netflix, lá em 2015 a Disney planejaria o lançamento de seu próprio serviço de streaming, o Disney+, que efetivamente seria lançado em novembro de 2019, e contaria em seu catálogo com produções Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic. Especificamente no que concerne à Marvel, a ideia da Disney era levar todas as séries para o serviço, e fazer com que as novas, lançadas a partir de 2020, fossem completamente integradas ao MCU, contando com as mesmas equipes criativas e com seus eventos influenciando e sendo influenciados pelos dos filmes, de uma forma que ainda não era possível ser feito por causa da fragmentação até então existente. Para alcançar esse objetivo, ela passaria todo o seu setor de produção de séries para os Marvel Studios, também responsáveis pela produção dos filmes, e encerraria as atividades da Marvel Television. Na ocasião, três séries que já estavam em produção para o serviço de streaming Hulu, Hellstrom, M.O.D.O.K. e Assassímio, foram transferidas para os Marvel Studios mantendo as mesmas equipes da Marvel Television, que só foram efetivamente dispensadas ou absorvidas após seu término.

Por razões contratuais, a Netflix pôde manter todas as séries da Saga dos Defensores em seu catálogo até 28 de fevereiro de 2022, com a Disney as adicionando ao catálogo do Disney+ nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia em 16 de março e nos demais países ao longo daquele ano - como eram séries de temática mais adulta, era necessário fazer adequações em relação à legislação vigente para esse tipo de série em cada país; no Brasil, por exemplo, o Disney+ teve de adicionar um filtro de conteúdo que dividia as produções por classificação etária, somente exibindo as que estivessem de acordo com o filtro. Também por razões de contrato, a Disney não poderia utilizar nenhum personagem que tivesse aparecido nas séries até se completarem dois anos do encerramento da terceira temporada de Jessica Jones, ou seja, até 14 de junho de 2021.

Até o término do contrato da Marvel com a Netflix, a posição oficial da Disney era a de que Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro, Os Defensores e O Justiceiro faziam parte integral do MCU; durante a pré-produção de Vingadores: Guerra Infinita, inclusive, foi discutida a possibilidade de os Defensores participarem do filme, o que foi descartado por Kevin Feige pelo fato de que eles são heróis urbanos, não fazendo sentido enfrentarem uma ameaça cósmica - embora tivessem corrido boatos de que, na verdade, a Marvel estava preocupada que a maioria do público do filme não tivesse assistido às séries, e tomasse a presença de quatro novos heróis "desconhecidos" por um defeito do filme.

Após o cancelamento das séries e a estreia do Disney+, entretanto, o status das quatro séries e da minissérie dentro do MCU passou a ser nebuloso, com a Disney deixando de ter uma posição oficial, não confirmando nem negando que os eventos das séries ocorreram como parte do MCU. Quando Vincent D'Onofrio foi escalado para interpretar o Rei do Crime em Gavião Arqueiro, série que estreou no Disney+ em novembro de 2021, e Charlie Cox fez uma participação relâmpago como Matt Murdock em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, que estreou nos cinemas no mês seguinte, fãs e críticos viram um sinal de que as séries eram sim parte do MCU, o que foi magnificado por boatos de que Krysten Ritter havia sido contratada em janeiro de 2022 para interpretar novamente Jessica Jones em uma futura produção dos Marvel Studios. De lá pra cá, porém, embora a Disney siga sem posição oficial, cada vez mais os Marvel Studios dão a entender que as Séries Marvel da Netflix ocorreram em algum outro canto do Multiverso, e que seus personagens, se aparecerem em produções ambientadas no MCU, sendo interpretados pelos mesmos atores ou não, não serão os mesmos das séries, jamais tendo passado por aqueles eventos, ou tendo-os vivido de forma diferente.

A mais recente aparição oficial de um personagem originário das séries da Netflix em uma produção do MCU ocorreu na série Mulher-Hulk: Defensora da Lei, que estreou no Disney+ em agosto de 2022, quando Cox mais uma vez interpretou Matt Murdock, dessa vez aparecendo também com o uniforme de Demolidor - em uma versão bem diferente do uniforme da Netflix, que lembrava seu clássico uniforme amarelo dos quadrinhos. Nenhuma referência é feita na série da Mulher-Hulk aos eventos de qualquer série da Netflix, e houve quem achasse que Matt estava se comportando de forma diferente, o que seria um sinal de que não era "o mesmo Matt", e sim uma "versão MCU" do personagem, o que confirmava a teoria de que as séries da Netflix faziam parte do Multiverso. De lá pra cá, ressurgiram os boatos de que Ritter havia sido contratada, que se somaram a outros que diziam que a Marvel não tinha interesse em Mike Colter como Luke Cage e estava procurando um novo ator, e a uma entrevista na qual Jessica Henwick declarou que, a princípio, não estaria interessada em voltar a interpretar Colleen Wing por acreditar que a história da personagem já havia se concluído.

Todos os rumores só devem ser desmentidos ou se confirmar com a estreia de Daredevil: Born Again (com born again sendo o termo em inglês para "renascido", mas também sendo o título original da saga A Queda de Murdock, base da terceira temporada da série do Demolidor na Netflix), série anunciada por Feige em maio de 2022, que terá Matt Corman e Chris Ord como produtores e chefes da equipe de roteiristas, com 18 episódios previstos para estrear no Disney+ no primeiro trimestre de 2024. A Disney já deixou claro que não se trata de uma quarta temporada da série exibida na Netflix, mas evita usar o termo reboot, se referindo oficialmente à série como "uma coisa totalmente nova", que terá o papel de integrar definitivamente o Demolidor ao MCU. Até agora, apenas Cox, D'Onofrio e Bernthal estão confirmados no elenco, mas rumores dizem que outros personagens das séries da Netflix, em especial Brett Mahoney e Jessica Jones, também estarão presentes, embora sem confirmar se interpretados pelos mesmos atores - uma das maiores polêmicas já surgidas, inclusive, surgiu da divulgação de que Sandrine Holt teria sido contratada para interpretar Vanessa no lugar de Ayelet Zurer.

Séries Marvel da Netflix

O Justiceiro (2)
Jessica Jones (3)

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