domingo, 23 de janeiro de 2022

Escrito por em 23.1.22 com 0 comentários

Galaxy Rangers / BraveStarr

Hoje eu vou fazer um post com dez anos de atraso. Como eu contei aqui recentemente, no post sobre os GoBots, entre 2011 e 2012 eu fiz uma série não-oficial sobre desenhos dos anos 1980, sempre dois a dois. A série era não-oficial porque não foi planejada; sempre que eu me lembrava de mais dois desenhos, escrevia um post sobre eles - até por isso, ela acabou sem muito alarde, inclusive sem que eu tivesse falado sobre todos dos quais eu gostava.

Por várias vezes enquanto escrevia os posts dessa série, porém, eu pensei em escrever um falando sobre BraveStarr e Galaxy Rangers - juntar os dois em um mesmo post parecia óbvio, porque ambos são faroeste no espaço. Nunca concretizei esse plano porque, ao contrário de todos os meus amigos, que, além de amarem o desenho ainda queriam ser o Goose, eu não gostava de Galaxy Rangers. Não sei bem explicar o motivo; embora eu o assistisse, não conseguia ver o que meus amigos achavam de tão legal nele, e nunca tive por ele o mesmo entusiasmo que tinha, por exemplo, com BraveStarr, do qual eu aguardava ansiosamente o capítulo seguinte. Pesquisando para escrever esse post, descobri que, na época, Galaxy Rangers foi considerado um desenho à frente de seu tempo, e esse pode ser um motivo - acostumado com a fórmula dos demais, meu cérebro o rejeitou.

Seja como for, embora hoje eu não possa dizer que goste de Galaxy Rangers, já que, desde aquela época, nunca mais o assisti novamente, depois de fazer o post sobre GoBots e Dino-Riders me lembrei dessa história, e decidi que finalmente tiraria do papel a ideia de um post duplo sobre BraveStarr e Galaxy Rangers. Que, obviamente, é esse que vocês estão lendo agora.

Vamos começar pelos Galaxy Rangers, ou melhor, The Adventures of the Galaxy Rangers, que era o nome oficial do desenho, criado por Robert Mandell e produzido por uma empresa chamada Gaylord Productions. A família Gaylord, dona do jornal The Oklahoman desde 1903, começaria seu império das comunicações em 1928, quando seria inaugurada a rádio WKY, em Oklahoma City, Estados Unidos. Em 1949, o patriarca da família, Edward King Gaylord, decidiria se arriscar pelo então novíssimo ramo da televisão, e inauguraria um canal regional no estado de Oklahoma, chamado WKY-TV. O negócio prosperaria, e, na década de 1960, o grupo, oficialmente chamado Oklahoma Publishing Company, já seria dono de dez rádios e sete canais de TV no Oklahoma, Novo México e Texas. King Gaylord faleceria em 1974, aos 101 anos de idade, e passaria o controle do conglomerado a seu filho, Edward Leroy Gaylord, que decidiria expandir os negócios para a Costa Oeste, comprando um canal de TV em Seattle, e dividiria os departamentos de rádio e TV, chamando a nova empresa de TV de Gaylord Broadcasting Company. Em 1979, após comprar mais um canal de TV, esse em Los Angeles, Leroy Gaylord decidiria fundar a Gaylord Productions, visando a produção de conteúdo próprio para a TV - e foi essa empresa que empregou Mandell, que, dentre outras coisas, criou os Galaxy Rangers em 1984.

Por causa disso, diferentemente da maioria dos desenhos dos anos 1980, os Galaxy Rangers não eram baseados em uma linha de brinquedos - embora uma tenha sido criada para lançamento simultâneo ao desenho, para render mais dinheiro à Gaylord. Outra característica marcante do desenho foi que sua animação não foi feita nos Estados Unidos, e sim no Japão, pelo estúdio Tokyo Movie Shinsha, o que fez com que The Adventures of the Galaxy Rangers fosse um dos primeiros desenhos norte-americanos com estética de anime. Combinando temas da ficção científica e do faroeste, o desenho foi considerado revolucionário para a época, principalmente por tocar em temas adultos como depressão, luto, vingança e senso de pertencimento - inclusive, dois dos personagens, Goose e Niko, tinham uma tensão romântica quase sexual, comparável à de casais encontrados em séries de TV, algo impensável num desenho infantil até hoje em dia, quanto mais nos anos 1980.

A história do desenho começa em 2086, quando dois alienígenas vêm à Terra para buscar aliados contra a expansão do Império Crown. Em troca da ajuda da Terra, eles compartilham planos que possibilitam a construção da primeira nave espacial terrestre, o que, por sua vez, dá início à colonização espacial. Um número não revelado de anos se passa, e, na época em que o desenho é ambientado, a humanidade já se espalhou pelo universo, possuindo colônias em planetas de toda a galáxia; após travar contato com vários povos alienígenas, a tecnologia da Terra também avançou consideravelmente. Infelizmente, junto com o avanço tecnológico e o da colonização, veio também o aumento da criminalidade, seja causado por humanos que querem levar uma vida fácil nas colônias, seja por alienígenas que veem os terráqueos como ameaça, incluindo o Império Crown. Para combater essa criminalidade espacial, foi criada a agência BETA (da sigla em inglês para Escritório de Assuntos Extra-Terrestres), sediada na Terra, que treina agentes conhecidos como Rangers para manter a ordem nas colônias - cuja maioria é baseada em agricultura ou mineração, e tem nomes que lembram o Velho Oeste norte-americano, como Nebraska, Mesa, Ozark e Pradaria. Um grupo especial de Rangers recebe da BETA um aprimoramento tecnológico especial, chamado Série 5, ou S-5, implantado diretamente em seus cérebros - a coisa mais próxima existente da criação de um ciborgue. Combinando seu treinamento com suas habilidades naturais e o poder do S-5, eles se tornam os Galaxy Rangers, a força de elite da BETA, dedicados principalmente a derrotar o Império Crown de uma vez por todas.

O líder dos Galaxy Rangers é o Capitão Zachary Foxx, nascido na Terra (ninguém diz, mas, provavelmente, nos Estados Unidos). Antes do início da série, durante uma luta contra um pirata espacial chamado Capitão Kid, Foxx ficou seriamente ferido, e teve seu braço e perna esquerdos substituídos por membros biônicos. No primeiro episódio, a esposa de Foxx é aparentemente morta durante um ataque do Império Crown, o que o impele a se voluntariar para o projeto S-5 e sugerir a criação dos Galaxy Rangers. Graças a seus membros cibernéticos, Foxx tem força sobre-humana; ativando o S-5 (o que é feito através de um toque na estrela de xerife que os Galaxy Rangers levam no peito), ele cria um boost de energia que amplia ainda mais essa força, permitindo-o também, disparar rajadas de energia de seu braço esquerdo, capazes de abrir um buraco em uma parede. Foxx é pai de dois filhos, rígido com eles e com seus subordinados, mas amoroso; ele está, entretanto, em busca de vingança, e é capaz de tudo para destruir o Império Crown.

O personagem mais popular da série era Shane Gooseman, apelido Goose, cuja aparência foi baseada na do ator Clint Eastwood. Goose era originalmente uma espécie de supersoldado, tendo nascido em um tubo de aminoácidos sem jamais conhecer seus pais; ele era, porém, "defeituoso", pois era o único do programa capaz de sentir compaixão - e isso fez com que ele se salvasse, pois, durante uma etapa crucial do projeto, ele estava afastado da equipe por indisciplina, treinando sua pontaria. Nessa etapa, todos os supersoldados foram expostos a um gás que aceleraria sua maturação e ampliaria seus poderes, mas teve como efeito colateral deixá-los extremamente agressivos e mentalmente instáveis, sofrendo, por exemplo, de paranoia. Para não representarem uma ameaça, esses supersoldados seriam presos em câmaras criogênicas, mas alguns conseguiriam escapar, sendo rotulados como Renegados. Goose receberia permissão do governo para se unir aos Galaxy Rangers com a condição de que o grupo se comprometesse a caçar e capturar ou eliminar os Renegados - caso se recuse a cumprir essa missão, ele também, mesmo sem ter sido afetado pelo gás, será aprisionado na câmara criogênica. Como todos os supersoldados, Goose tem a capacidade de alterar seu corpo a nível molecular, se tornando capaz de resistir a temperaturas extremas, absorver rajadas de energia e se curar de vários tipos de ferimentos; esse processo normalmente leva horas, mas, ativando o S-5, ele consegue se modificar instantaneamente - embora usar o implante várias vezes seguidas o deixe esgotado fisicamente. O gás fez nos Renegados o mesmo efeito que o S-5 faz em Goose, o que significa que eles sempre podem se adaptar instantaneamente, e com que Goose seja o único capaz de enfrentá-los em um combate corpo a corpo. Goose é reservado, desconfiado, irresponsavelmente corajoso, e tem dificuldade em se sentir parte do grupo.

A única mulher do grupo é Niko (que também é a única que não tem sobrenome), nascida na colônia de Alspeth, que foi destruída durante um ataque alienígena. Niko é uma arqueóloga, e possui poderes psíquicos, que pôde desenvolver por ter sido criada na colônia alienígena de Xanadu, para onde foi levada após sobreviver ao ataque à sua colônia natal. Ela também é uma mestra em artes marciais, e a única do grupo que prefere usar uma escopeta ao invés de duas pistolas. Ativando o S-5, ela amplia suas habilidades psíquicas ao máximo, se tornando capaz de "enxergar" a anos-luz de distância, ter vislumbres do passado ou do futuro, mover objetos com o poder da mente (o que ela já consegue fazer normalmente, mas de forma limitada) ou criar um escudo que protege a ela ou a seus companheiros de qualquer tipo de dano, mas a deixa extremamente cansada com pouco tempo de uso. Niko é determinada, valente, mas assombrada por seu passado; ela seria escolhida para os Galaxy Rangers devido ao seu conhecimento de culturas alienígenas.

Completa o grupo Walter Hartford, apelido Doc, um gênio da computação nascido na Jamaica que parece saído de um filme de Erroll Flynn, lutando simultaneamente com uma espada, pistolas e seus punhos. Doc foi responsável pela criação de quase todos os sistemas eletrônicos da BETA, incluindo os equipamentos dos Galaxy Rangers, e teve participação fundamental no projeto S-5. Ele carrega sempre consigo um computador pessoal capaz de se manifestar na forma de um sólido geométrico feito de energia; seu S-5 permite que ele use esse computador para criar programas especiais que possibilitam que ele invada e controle qualquer computador. Membro de uma família rica e tendo estudado nas melhores escolas, Doc destoa de seus colegas de equipe por ser bem-humorado, brincalhão, e estar sempre em busca de novos desafios - ele se voluntariou para os Galaxy Rangers, inclusive, por achar que suas habilidades não estavam sendo desafiadas o suficiente com ele trancado em um laboratório criando equipamentos eletrônicos.

Ao longo da série, os Galaxy Rangers enfrentam três tipos de vilões: bandidos comuns, ao estilo dos encontrados em histórias do Velho Oeste ou de ficção científica, os Renegados, ou os membros do Império Crown, que consideram a Terra uma ameaça e querem destruir todas as colônias. O Império Crown é controlado pela Rainha Crown, que tem o sonho de dominar toda a galáxia; ela usa como soldados seres vindos de vários mundos já controlados por ela, e seus principais generais são os Senhores de Escravos, uma raça com a qual ela tem uma ligação mental e que se alimentam da energia vital de outros seres - e que descobriram que os humanos são os que provêm a maior quantidade de energia, dentre todos os povos que eles já experimentaram. Vale citar também que, para se manter no tema Velho Oeste, cada Galaxy Ranger possui um cavalo - mas, como se trata de uma série de ficção científica, é um cavalo-robô, algo que eu achava meio ridículo quando eu era criança.

Apesar de ter sido um sucesso de crítica, o desenho não teve audiência muito boa, e acabou tendo apenas uma temporada, de 65 episódios, exibidos já em regime de syndication (em vários canais ao mesmo tempo), entre 14 de setembro e 11 de dezembro de 1986. Os direitos sobre os Galaxy Rangers desde 2008 pertencem à Hasbro, que produziu a linha de brinquedos que acompanhou a série.

Ah, e se interessa a alguém o futuro da Gaylord: após se tornar uma das maiores empresas dos Estados Unidos, dona de canais de TV em todos os estados da porção sul do país, e de comprar gravadoras de música country, canais a cabo nos Estados Unidos e Europa, canais a cabo e gravadoras de música gospel, um parque temático e 20% do time de hóquei no gelo Nashville Predators - que, entre 1997 e 2007, teve sua arena renomeada para Gaylord Entertainment Center - a Gaylord decidiria entrar para o ramo imobiliário, primeiro como parceira na construção de um condomínio de luxo em Nashville, Tennessee, depois com a construção ou compra de vários hotéis. Em 2008, a rede hoteleira da Gaylord Hotels já dava mais lucro para a empresa do que todos os seus outros empreendimentos, que começaram a ser vendidos aos poucos, com a maioria dos canais e produções de TV passando para a CBS. Em 2011, Leroy Gaylord, aos 80 anos de idade, decidiria vender o que restava da empresa para a Ryman Hospitality Properties. Hoje, a Ryman, que tem sua área de atuação principal no ramo de compra e venda de imóveis, ainda é dona de 11 hotéis, uma rádio (a WSM, de Nashville), uma rede de TV por assinatura (a Circle, dedicada ao universo country) e um auditório em Nashville que eram de propriedade da Gaylord; o jornal The Oklahoman, porém, foi vendido em 2018.


Vamos passar agora para BraveStarr, que, assim como Galaxy Rangers, é ambientado no futuro, numa época em que a humanidade começou a colonizar outros planetas e, por alguma razão, eles se parecem com o Velho Oeste norte-americano. BraveStarr é o xerife da colônia de Novo Texas, dedicada à mineração de kerium, um mineral avermelhado que é usado como combustível. Localizado a 1957 anos-luz da Terra, e orbitando nada menos que três sóis, Novo Texas é completamente deserto e extremamente inóspito, ao ponto de a própria água ser uma raridade, tendo de ser trazida de outros planetas ou obtida de dentro de uma espécie de cacto nativo, pois as únicas áreas com água no planeta são habitadas por felinos gigantes hostis que atacam ao menor sinal de invasão - o lucro obtido pela mineração do kerium, entretanto, compensa as adversidades. Além dos humanos que foram até Novo Texas em busca de uma vida melhor, e dos alienígenas que decidem se aventurar por lá, o planeta tem uma raça inteligente nativa, o Povo do Deserto, que, em sua maioria, trabalha nas minas de kerium.

Os problemas de Novo Texas começam quando Stampede, um alienígena que se parece com um dragão e controla uma espécie de máfia, se interessa pelo dinheiro obtido pela exploração do kerium, e ordena a seus asseclas que façam atos típicos do Velho Oeste, como assaltar as diligências que levam a produção, atormentar a população local oferecendo proteção e criar confusão em geral para dificultar a venda do mineral. A gangue comandada por Stampede conta, dentre outros, com Scuzz, um membro do Povo do Deserto que decidiu ser fora da lei e está sempre fumando um charuto; Cabeça de Cacto, um robô que pode se disfarçar de cacto e serve como espião e como alívio cômico; Terremoto, um robô capaz de disparar rajadas de energia pelo braço; Touro Bravo, uma criatura reptiliana com o poder de criar tempestades de areia; e Víbora, uma mulher meio-réptil com poderes hipnóticos. Outros vilões recorrentes, sem ligação com Stampede, são os Coiotes, que se parecem, bem, com coiotes antropomórficos, e estão sempre praticando pequenos crimes e se envolvendo em confusão. Alguns episódios também contam com vilões de um episódio só, como o porco Hawgtie e o ciborgue Duas-Caras.

Para lidar com todas essas ameaças, BraveStarr, que é um indígena norte-americano, conta com quatro poderes mágicos ligados a totens animais: os Olhos do Falcão permitem que ele enxergue a longas distâncias, os Ouvidos do Lobo ampliam sua audição, a Força do Urso aumenta sua força para a de dez homens, e a Velocidade do Puma permite que ele corra tão rápido quanto uma locomotiva. Cada um desses quatro poderes só pode ser usado um por vez, e cada um possui um curto tempo de duração. Além de seus poderes, BraveStarr conta com equipamentos tecnológicos, como uma pistola neural, que atordoa os atingidos ao invés de matá-los (porque, afinal, desenho infantil), uma machadinha laser, um laço energético, um visor computadorizado que serve como binóculo, e um escudo de curta duração ativado por sua estrela de xerife. Mesmo sendo o xerife, BraveStarr é um pacifista, e sempre tenta resolver qualquer conflito com conversa e diplomacia, somente recorrendo a suas armas e seus poderes em último caso.

BraveStarr também possui muitos aliados, o principal deles seu parceiro Furacão (Thirty/Thirty no original, que se traduz como Trinta/Trinta), um alienígena da raça ds equestroides. Furacão se parece com um cavalo-robô, mas é um ser vivo, capaz de assumir, à vontade, duas formas, a quadrúpede, quando atua como montaria de BraveStarr, e a bípede, quando atua como seu principal delegado. Ele é extremamente inteligente e dado a comentários sarcásticos, mas também bastante impaciente, tem pavio curto, e, ao contrário de BraveStarr, prefere resolver todos os seus problemas com chumbo. Ele possui uma arma personalizada que, em português, chama de Trabuco ou Trabuquinho, mas que, no original em inglês, se chama Sarah Jane, uma escopeta que dispara rajadas de energia.

Outros aliados de BraveStarr são o Delegado Fuça, do Povo do Deserto, que, tirando Furacão, é o mais leal e competente subordinado do xerife, embora seja meio atrapalhado; a Juíza McBride, que atua como juíza, advogada, consultora legal e interesse romântico de BraveStarr; e Xamã, o mentor de BraveStarr, que possui poderes místicos como teletransporte, viagem no tempo, telecinese e clarividência. Foi Xamã quem ensinou BraveStarr a usar seus poderes, e é a ele que o xerife recorre, presencialmente ou através de telepatia, quando se depara com uma situação difícil. Alguns personagens recorrentes dignos de nota são Angus McBride, pai da Juíza e editor do jornal local; Doc Clayton, o médico da cidade; Montanha, dono e barman do saloon local; Molly, responsável pelas diligências que entram e saem da cidade; e o Prefeito Derringer.

Mas falta falar de um dos principais personagens da série, o vilão Tex Hex. Membro da gangue de Stampede, embora prefira agir sozinho, Tex Hex é o rival, oponente e antítese de BraveStarr. Originalmente, foi ele quem descobriu a mina de kerium em Novo Texas, e, durante muitos anos, foi um mineiro legalizado, parceiro de Angus McBride; um dia, a nave na qual ele iria transportar kerium para fora do planeta explodiu, e ele ganhou poderes semelhantes aos de BraveStarr. Acreditando que o xerife foi responsável pelo seu infortúnio, ele se aliou a Stampede, que o salvou dos destroços, e jurou que iria destruir BraveStarr nem que fosse a última coisa que fizesse.

A própria origem do desenho de BraveStarr tem a ver com Tex Hex: ele seria criado em 1986, para ser um dos vilões de um desenho da Filmation, mesma produtora de BraveStarr, chamado Os Fantasmas (cujo nome em inglês, assim como o dos Caça-Fantasmas, é Ghostbusters). O produtor Lou Scheimer adoraria o conceito, a aparência e os poderes do personagem, e consideraria ser um desperdício utilizá-lo como vilão secundário em uma série já em produção; ele incumbiria, então, o vice-presidente Arthur Nadel e o diretor de arte John Grusd de criar um desenho ambientado no Velho Oeste, do qual Tex Hex seria o vilão principal. A criação do desenho em si, incluindo sua ambientação e seus personagens, ficaria a cargo do roteirista Bob Forward.

BraveStarr foi um grande sucesso de crítica, e sua audiência também não foi ruim; infelizmente, na época de sua exibição, a Filmation estava passando por graves problemas financeiros, que fizeram com que ele só tivesse uma temporada, de 65 episódios, exibidos em syndication entre 14 de setembro de 1987 e 24 de fevereiro de 1988. BraveStarr seria o último desenho animado produzido pela Filmation antes de a produtora abrir falência, em 1989; além de sua segunda temporada ter sido cancelada, estava em pré-produção um spin-off, chamado Bravo!, que seria estrelado pelo Povo do Deserto, mais ou menos no estilo de desenhos como Ewoks e Snorks, e que acabaria jamais saindo do papel.

Quando a segunda temporada foi cancelada, Forward e o também roteirista Steve Hayes estavam trabalhando em um episódio em múltiplas partes, que serviria para iniciar a segunda temporada, mas traria explicações sobre o passado de BraveStarr e de Novo Texas. Forward e Hayes conseguiriam autorização da Filmation para levar seu roteiro a outra produtora, transformando-o num filme para cinema, chamado A Lenda de BraveStarr (BraveStarr: The Legend, também conhecido como BraveStarr: The Movie), produzido pela Taurus Entertainment, que estrearia em 18 de março de 1988. O filme conta como o kerium foi descoberto, como BraveStarr se tornou xerife de Novo Texas, e explora suas relações pessoais com Tex Hex, Furacão e a Juíza - é até revelado que Stampede e Xamã são rivais, e que o mentor de BraveStarr uma vez tentou destruir o criminoso, sem sucesso. O filme foi muito bem recebido pela crítica, mas, exibido pelos cinemas apenas em matinês e aos fins de semana, não teve boa bilheteria.

Assim como Galaxy Rangers, BraveStarr ganharia uma linha de brinquedos produzida após a criação do desenho, mas essa lançada um ano antes de sua estreia na TV, em 1986, o que faz com que muita gente ache que o desenho foi criado para ajudar a vender os brinquedos (o que, como vimos em outros posts sobre desenhos dos anos 1980, era o normal). A linha de BraveStarr era produzida pela Mattel, e tinha bonecos muito maiores que o normal para a época, com 20 cm de altura. Uma segunda linha chegou a ser planejada para lançamento em 1987, mas, por motivos jamais revelados, foi descartada. BraveStarr também seria o astro de uma série em quadrinhos, que teve seis edições publicadas pela editora Blackthorne, também antes da estreia do desenho, entre janeiro e junho de 1987, e de um game, lançado para os computadores Commodore 64, Amstrad CPC e ZX Spectrum em 1988.

Para terminar, vale dizer que, assim como em outros desenhos da Filmation - o mais lembrado por isso sendo o do He-Man - no final de cada episódio de BraveStarr havia um curto segmento no qual BraveStarr ou algum outro personagem do desenho falava sobre algo ocorrido naquele episódio e alertava as crianças sobre algum perigo ou dava alguma dica valiosa para o resto de suas vidas - em muitos episódios, esse segmento terminava com Scuzz dizendo que fumar era errado. Um desses segmentos rendeu um prêmio do governo dos Estados Unidos à Filmation, em um episódio no qual, devido a um Coiote traficante, um adolescente se vicia em uma droga chamada Spin, e acaba morrendo de overdose; a fala de BraveStarr contra o uso de drogas seria considerada didática, relevante e necessária, o que justificaria o prêmio.

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