domingo, 2 de maio de 2021

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Roupa Nova

Ano passado, eu fiz aqui uma série de posts sobre novelas. Por causa delas, fiquei com vontade de escrever um sobre Roupa Nova - que, para quem não sabe, é a banda recordista de músicas em trilhas sonoras de novelas, o que significa que, cada vez que eu escrevia um post sobre novelas, eu ficava com uma música do Roupa Nova na cabeça. Embora eu não chegue a considerá-la uma das minhas bandas preferidas, eu gosto de muitas músicas do Roupa Nova, e até já fui a um show deles. Escrever um post, portanto, não seria algo tão estranho assim.

Mas aí, quando eu terminei o último post sobre novelas e comecei a me planejar para escrever sobre Roupa Nova, o Paulinho morreu. Como eu já disse no post sobre Roxette, eu não gosto de hype de morte, não gosto que pareça que eu só estou falando sobre uma determinada pessoa porque ela morreu, então, achei que cairia bem esperar um pouco. Acho que essa semana já está bom para finalmente trazer esse post ao ar, servindo, também, como uma homenagem ao Paulinho. Hoje é dia de Roupa Nova no átomo.


O Roupa Nova foi formado no Rio de Janeiro, em 1980, e sua origem está diretamente ligada a outra banda carioca, Os Famks, criada em 1967 pelos irmãos Alceu, Newson e Francisco Cataldo, que logo se tornaria uma das mais requisitadas para tocar em bailes e gravar vinhetas para a televisão. Além dos três irmãos, que atuavam todos como guitarristas (com Alceu também fazendo os vocais), a formação original da banda contava com Marcelo Finocci (bateria), Marquinhos (teclado) e Túlio (baixo). Já no ano seguinte, essa formação sofreria uma mudança, com dois ex-integrantes da banda Os Beatos, Mauro Salgado e Luís Carlos Serpa, substituindo, respectivamente, Marquinhos e Túlio, e Marcelo sendo substituído por Fefeu, ex-baterista da banda Die Panzers.

Mas nenhum desses músicos fez parte do Roupa Nova; a parte que efetivamente interessa para a história começaria em 1971, quando Luís Carlos seria substituído no baixo por Nando Oliveira, e Cleberson Horsth substituiria Mauro nos teclados. Com essa formação, Os Famks seriam convidados para gravar um compacto, após o qual os irmãos Cataldo deixariam a banda, com Osmar assumindo como novo vocalista e ocorrendo uma fusão de Os Famks com a banda Los Panchos Villa, de onde viriam os integrantes Kiko (guitarra), Ricardo Feghalli (guitarra), Serginho (bateria) e Paulinho (percussão). Em 1975, Osmar deixaria a banda para tentar seguir carreira solo nos Estados Unidos, e a formação dos Famks (que também perderiam o artigo) passaria a ser a mesma formação original do Roupa Nova: Cleberson, Nando, Kiko, Feghalli, Serginho e Paulinho.

Com essa formação, os Famks gravariam dois álbuns, ambos simplesmente chamados Famks, um lançado em 1975 e outro em 1978, além de três álbuns com covers de sucessos internacionais da época, usando o nome de Os Motokas e contando com participações especiais de cantoras como Claudia Telles, Lilian e Jane Duboc. O som dos dois álbuns dos Famks era marcadamente influenciado pelo rock internacional da época, apesar de as letras serem em português; sem estarem completamente satisfeitos com isso, os integrantes decidiriam por um som mais autoral, mais próximo do pop romântico e da MPB que se ouvia nas rádios da época. Para marcar a transição de estilos, eles decidiriam mudar o nome da banda, escolhendo Roupa Nova, o título de uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, até então inédita, que eles gravariam para seu primeiro álbum, e que acharam que tinha a ver com o momento pelo qual passavam, de renascimento e renovação. Os seis integrantes consideram 1980 como o ano de fundação do Roupa Nova, e, em 2020, conseguiriam alcançar uma verdadeira proeza: 40 anos de estrada com a mesma formação original.

A estreia oficial do Roupa Nova seria no Festival MPB Shell de 1980, no qual eles cantariam a música No Colo D'el Rey. Aproveitando o contrato que os Famks tinham com a gravadora Polygram, naquele mesmo ano eles entrariam em estúdio para a gravação de seu primeiro álbum, também chamado Roupa Nova, que seria lançado em 1981. Bastante curto, com apenas 30 minutos de duração, o álbum trazia apenas três composições próprias da banda, todas de Feghalli, e venderia apenas 15 mil cópias - embora isso fosse o esperado para um disco de estreia na época - mas já traria faixas que se tornariam grandes sucessos, como Sapato Velho e Canção de Verão. Já nesse primeiro álbum também ficariam evidenciadas duas das maiores características do Roupa Nova: primeiro, sem querer eleger um vocalista, os integrantes revezavam os vocais nas canções, com duas tendo vocais de Serginho, uma de Nando, uma de Feghalli e seis de Paulinho, que sempre seria o que gravaria mais, e acabaria sendo reconhecido como o vocalista extra-oficial da banda. Segundo, o potencial de suas canções para fazer parte de trilhas sonoras de novelas - como já foi dito eles são os recordistas, com um total de 38 canções tendo feito parte de tais trilhas. Deste primeiro álbum, Canção de Verão foi trilha da novela As Três Marias, Bem Simples foi trilha de O Amor é Nosso (da Rede Globo), e Tanto Faz foi trilha de O Adolescente (da Rede Bandeirantes).

Em 1981, o Roupa Nova também gravaria aquela que, paradoxalmente, é uma de suas músicas mais famosas, mas que pouca gente sabe que foram eles que gravaram: o Tema da Vitória, também conhecido como "música do Ayrton Senna". O tema foi uma ideia de Aloysio Legey, diretor de jornalismo esportivo da Rede Globo, e, originalmente, tocaria após cada vitória no Grande Prêmio do Brasil, independentemente da nacionalidade do piloto vencedor. O Roupa Nova seria contratado para tocar a música, composta pelo maestro Eduardo Souto Neto, que, então, passou a ser de propriedade da Globo. Sua primeira execução foi após o GP do Brasil de 1983, com vitória de Nelson Piquet, tocando também após o GP do Brasil de 1984, que teve vitória, ora vejam só, de Alain Prost. Em 1985 ele não foi tocado, e, em 1986, ficou acertado que ele tocaria apenas após as vitórias de pilotos brasileiros, não importando em qual Grande Prêmio. Desde então, ele seria tocado 71 vezes (10 para Piquet, 39 para Senna, 11 para Rubens Barrichello e 10 para Felipe Massa, além de no GP do Japão de 1991, vencido pelo austríaco Gerhard Berger, mas no qual foi tocado por ocasião do tricampeonato de Senna, conquistado naquela prova), a última, curiosamente, no GP do Brasil de 2008, última vitória de Massa, e de um brasileiro, na Fórmula 1 - o atual período de 12 anos é o maior sem a execução do Tema, com o único outro período no qual ele não foi tocado pelo menos uma vez por ano sendo de sete anos, entre o GP da Austrália de 1993, última vitória de Senna, e o da Alemanha de 2000, primeira de Barrichello.

Fora da Fórmula 1, em 1994, o Tema da Vitória seria tocado após a conquista da Copa do Mundo de Futebol pelo Brasil, quando os jogadores levaram a campo uma faixa em homenagem a Senna; naquele mesmo ano, a Som Livre lançaria o compacto Tributo a um Campeão, no qual o Tema foi mixado com uma batida mais acelerada e a inserção de sons de motor. Em 2002, após a conquista do Pentacampeonato, seria executado mais uma vez, durante a cerimônia de premiação. Em 2004, em homenagem aos dez anos da morte de Senna, o Roupa Nova, com autorização da Globo, tocaria a canção em um de seus shows, acompanhados de uma orquestra regida por Souto Neto; desde então, em todos os seus shows, a banda executa um medley que se encerra com o Tema da Vitória, normalmente acompanhado de uma imagem de Senna no telão, ou uma faixa em sua homenagem ou bandeira do Brasil no palco.

O Roupa Nova estouraria em 1982, com o lançamento de seu segundo álbum, também chamado Roupa Nova, e que contava com mais canções escolhidas para trilhas sonoras de novelas: Clarear, um dos maiores sucessos da banda, trilha de Jogo da Vida; Simplesmente, mais uma composição de Milton Nascimento e Brandt, trilha de Paraíso (ambas da Rede Globo); e Estado de Graça, trilha de Campeão (da Rede Bandeirantes). A partir desse álbum muito mais canções passariam a ser de composição própria da banda, com todos os integrantes já tendo atuado, em algum momento, como compositores; eles jamais deixariam, porém, de gravar músicas compostas por amigos ou parceiros, como Mariozinho Rocha, Paulinho Tapajós, Evandro Mesquita, Beto Guedes, Ronaldo Bastos e outros.

A banda conseguiria projeção nacional com seu terceiro álbum, também chamado Roupa Nova, de 1983, que trazia Anjo, trilha da novela Guerra dos Sexos, da Globo, que entraria para o Top 10 das canções mais tocadas em todo o país. Outra canção, a balada Sensual, conseguiria a proeza de estar na trilha sonora de duas novelas de dois canais diferentes, Voltei pra Você, da Globo, e O Direito de Nascer, do SBT; e a instrumental Videogame, composta por Cleberson e Feghalli, seria usada como tema de abertura do noticiário Jornal da Manchete, da finada Rede Manchete, de 1983 a 1999. Outra música instrumental gravada pela banda, uma versão de Don't Stop 'Til You Get Enough, de Michael Jackson, seria usada como abertura do programa Video Show, da Rede Globo, de 1983 a 2019, mas não seria incluída no álbum. Também em 1983, o Roupa Nova gravaria um dueto com Rita Lee, Só de Você, que entraria para a trilha da novela Louco Amor, também da Globo.

O álbum de 1983 seria o último lançado pela Polygram, com o Roupa Nova, pouco após seu lançamento, assinando um lucrativo contrato com a RCA. A gravadora mudaria, mas o nome do álbum seria o mesmo: Roupa Nova, lançado em 1984. Esse quarto álbum traria um dos maiores sucessos da banda, Whisky a Go Go, de Michael Sullivan e Paulo Massadas, escolhida para a abertura da novela Um Sonho a Mais, da Globo, que ainda trazia uma segunda música da banda em sua trilha sonora, Chuva de Prata, regravação do sucesso de Gal Costa, de autoria de Ed Wilson e Ronaldo Bastos. Além dessas duas, seriam lançadas como músicas de trabalho Não Dá e Tímida; uma quinta música de trabalho, Liberal, de autoria de Ruban e Patricya Travassos, acabaria tendo sua execução pública proibida pela Censura Nacional.

Em 1985, a banda lançaria mais um álbum chamado Roupa Nova, que seria, de longe, seu maior sucesso até então, vendendo dois milhões e duzentas mil cópias - número na época somente alcançado por Roberto Carlos e Xuxa - o que lhe renderia o Disco de Diamante, maior premiação por vendas da indústria fonográfica nacional. As músicas de trabalho seriam Dona, Show de Rock n' Roll, Linda Demais e Seguindo no Trem Azul. Dona, uma composição de Sá e Guarabyra, tema da Viúva Porcina na trilha da novela Roque Santeiro, da Rede Globo, alcançaria nada menos que o segundo lugar na lista das músicas mais executadas nas rádios do país naquele ano, e seria a primeira música do Roupa Nova a fazer parte da trilha de duas novelas da Globo, sendo regravada para a trilha de Império, de 2014. Também em 1985, eles gravariam mais uma música extremamente famosa, mas que pouca gente sabe que é deles: o tema do festival Rock in Rio, mais tarde regravado por outros artistas para as edições posteriores do evento.

Dizem que em time que está ganhando não se mexe, mas, após todo esse sucesso, o Roupa Nova decidiria fazer uma mudança sim. Para começar, 1986 seria o primeiro ano da década sem o lançamento de um novo álbum da banda - embora eles tenham gravado, junto com a cantora Joanna, para lançamento no álbum homônimo dela daquele ano, Um Sonho a Dois, composição de Sullivan e Massadas que entraria para a trilha da novela Corpo Santo, da Rede Manchete, e para o Top 10 das mais tocadas nas rádios no ano. Corpo Santo, aliás, teria um recorde de três canções do Roupa Nova em sua trilha, a terceira sendo mais uma parceria com uma cantora brasileira famosa, Simone, na faixa Amor Explícito, também incluída em seu álbum homônimo, de 1987.

Em segundo lugar, seu sexto álbum, lançado em 1987, se chamaria Herança, deixando de lado o costume de todos eles terem o mesmo nome da banda. Herança também era o nome de uma de suas canções, composta por Kiko e Feghalli e cantada por Serginho em dueto com o cantor Fagner, que continha trechos de She's Leaving Home, dos Beatles, e que acabaria não sendo selecionada como música de trabalho - as três seriam Volta pra Mim, A Força do Amor e De Volta para o Futuro. Esse álbum também traria Um Lugar no Mundo, tema de abertura da novela Corpo Santo. Herança venderia um milhão de cópias, rendendo à banda quatro Discos de Platina.

O sétimo álbum do Roupa Nova, Luz, seria lançado em 1988, e seria o primeiro no qual todas as canções seriam composições de seus integrantes. Suas músicas de trabalho seriam Vício, Meu Universo é Você e Chama, trilha sonora da novela Que Rei Sou Eu?, da Globo. Mais uma vez vendendo um milhão de cópias, Luz também traria o grande sucesso Estrela da Manhã e a curiosa Filhos, um "dueto" de Serginho com a banda infantil Trem da Alegria. Em 1989, eles não lançariam álbum novo, mas gravariam Eu e Você com o cantor José Augusto, faixa de seu álbum Recordações e trilha sonora da novela Tieta, da Globo.

Em 1990, seria lançado Frente e Versos, álbum que contaria com o enorme sucesso Coração Pirata, composição de Nando e Aldir Blanc com vocais de Nando, trilha da novela Rainha da Sucata, da Globo. Outra das faixas do álbum, Esse Tal de Répi Enroll, composição de Rita Lee e Paulo Coelho, teria a participação da banda norte-americana The Commodores, e entraria para a trilha sonora da novela Meu Bem, Meu Mal, também da Globo. Vendendo um milhão e meio de cópias, que renderiam à banda seis Discos de Platina, Frente e Versos também traria Amo em Silêncio, versão em português de Silence is Golden, da banda The Four Seasons; uma versão a capella (apenas com voz, sem nenhum instrumento musical como acompanhamento) de Yesterday, dos Beatles; e as músicas de trabalho Mistérios e Asas do Prazer.

No ano seguinte, 1991, para celebrar os dez anos do lançamento de seu primeiro álbum, o Roupa Nova lançaria seu primeiro álbum ao vivo, Roupa Nova ao Vivo, gravado durante uma apresentação na casa de shows Alameda 555, em Niterói, Rio de Janeiro. Além de versões ao vivo dos maiores sucessos da banda, como Clarear, Dona, Whisky a Go Go e Coração Pirata, o álbum contava com Todo Azul do Mar, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, que subiram ao palco para interpretá-la com o Roupa Nova, e de duas faixas inéditas gravadas em estúdio, Felicidade e Começo, Meio e Fim, ambas parte da trilha sonora da novela Felicidade, da Globo, com a primeira sendo seu tema de abertura - em 2017, Começo, Meio e Fim também estaria na trilha sonora de uma novela do SBT, Carinha de Anjo, que também contaria em sua trilha com Seguindo no Trem Azul. Ainda em 1991, o Roupa Nova se apresentaria no Rock in Rio II, no estádio do Maracanã, tocando as mesmas músicas de Roupa Nova Ao Vivo, inclusive com a participação de Guedes e Bastos em Todo Azul do Mar - que, também naquele ano, seria gravada em estúdio e incluída no álbum Cais, de Bastos.

Em 1992, ocorreria o lançamento de The Best en Español, primeiro álbum do Roupa Nova em espanhol, lançado em toda a América Latina continental e nos Estados Unidos, pela Sony Music Latin America. O álbum contava com versões em espanhol dos maiores sucessos da banda, como Zapato Viejo, Corazón Pirata e Mi Dueña, além da versão a capella de Yesterday. O álbum não foi especialmente bem sucedido fora do Brasil, mas dentro do país, lançado pela Globo Records, teve uma boa vendagem, de por volta de 100 mil cópias, atribuída aos fãs da banda e a estudantes de espanhol que queriam treinar a língua. Também em 1992, o Roupa Nova gravaria Ser Mais Feliz para a trilha da novela Despedida de Solteiro, e Alguém no Céu, junto com o Trem da Alegria, trilha da novela De Corpo e Alma, ambas da Rede Globo.

O lançamento seguinte da banda, De Volta ao Começo, de 1993, era um álbum de covers, apenas com regravações de músicas de grandes compositores brasileiros, como Maria, Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant (que, em 2007, estaria na trilha da novela Caminhos do Coração, da Rede Record); Carolina, de Chico Buarque; Eu Estou Apaixonado por Você, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos; e Meu Erro, de Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso. A faixa-título, De Volta ao Começo, uma composição de Gonzaguinha, seria trilha sonora da novela Renascer, da Globo, e se tornaria um grande sucesso; outra faixa, Ando Meio Desligado, composição de Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, originalmente cantada pela banda Os Mutantes, entraria para a trilha da novela Sonho Meu, também da Globo.

De Volta ao Começo seria o último álbum do Roupa Nova pela RCA, com a banda, no final de 1993, sendo transferida para a BMG após uma reestruturação do grupo Sony Latin America, que controlava ambos os selos no Brasil. O primeiro álbum do Roupa Nova pela BMG seria Vida Vida, de 1994, seu primeiro álbum de inéditas desde 1990, do qual o maior sucesso foi A Viagem, tema de abertura da novela de mesmo nome da Rede Globo. O álbum venderia cem mil cópias, rendendo à banda mais um Disco de Ouro, e teria como demais músicas de trabalho Coração Aberto, um dueto de Paulinho e Serginho, composto por Reinaldo Arias e Carlos Colla; Os Corações Não São Iguais e Louca Paixão, ambas composições de Augusto César e Paulo Sérgio Valle cantadas por Paulinho.

Em 1995, em parceria com a Rede Globo, o Roupa Nova lançaria Novela Hits, coletânea que trazia dez canções da banda que haviam feito parte de trilhas sonoras das novelas da emissora, mais Um Lugar no Mundo (trilha de Corpo Santo, da Rede Manchete) e a inédita Ibiza Dance, em duas versões, a original e uma remixada pelo DJ Memê, que seria tema de abertura da novela Explode Coração, também da Globo. Mais uma vez, o álbum venderia cem mil cópias e renderia à banda um Disco de Ouro.

Em 1996, seria lançado o álbum 6/1 ("seis por um"), que contava com a faixa Amar É..., trilha sonora da novela Anjo de Mim, da Globo, e com a participação do multi-instrumentista Milton Guedes, que tocava sax em três faixas e harmônica em Falar dos Meus Pais. 6/1 seria o último álbum do Roupa Nova pela BMG, encerrando uma parceria de 12 anos com a Sony; o seguinte, Através dos Tempos, de 1997, seria lançado pela Warner. Através dos Tempos trazia canções inéditas, como Muito Mais, trilha da novela Torre de Babel, da Globo; e versões em português de canções originalmente em inglês, como O Sonho Acabou (que também entraria para a trilha de uma novela da Globo, Anjo Mau), versão de Ronaldo Bastos para The End of the World, composição de Arthur Kent e Sylvia Dee, originalmente gravada pela cantora norte-americana Skeeter Davis; além de uma nova gravação de Zapato Viejo. Um dos maiores destaques do álbum foi De Ninguém, versão de Aldir Blanc para The Guitar Man, da banda norte-americana Bread, presente em duas versões, uma cantada por Nando e a outra um dueto de Serginho com David Gates, ex-vocalista do Bread e autor da música original.

O Roupa Nova encerraria a década com Agora Sim, lançado em 1999 pela Universal Music - o que, de certa forma, foi um retorno às origens, já que, naquele mesmo ano, a Universal havia comprado a Polygram, primeira gravadora do Roupa Nova. Agora Sim era um disco de remixes, contando com os maiores sucessos da banda com novos arranjos que faziam uso de música eletrônica; além das dez faixas remixadas, o álbum contava com quatro inéditas: a faixa-título, Na Dor e No Prazer, Quando Bate Uma Saudade e Bem Maior, versão de Aldir Blanc para Longer, de Dan Fogelberg, incluída na trilha sonora da novela Suave Veneno. Em 2000, Agora Sim ganharia uma segunda versão, na qual Na Dor e No Prazer seria substituída por Deixa o Amor Acontecer, versão de Duda Falcão para Betcha by Golly Wow!, composição de Thom Bell e Linda Creed originalmente gravada pela banda norte-americana The Stylistics, que entraria para a trilha da novela Uga Uga, também da Globo.

A partir do ano 2000, o Roupa Nova passaria a se concentrar mais em shows e apresentações ao vivo que no lançamento de álbuns de inéditas. Seu primeiro lançamento no novo milênio seria Ouro de Minas, de 2001, no qual regravaram grandes sucessos de compositores mineiros, como Milton Nascimento, Beto Guedes, Flávio Venturini, Lô Borges, Samuel Rosa e João Bosco; o álbum contaria com a participação, em cinco das faixas, das cantoras Elba Ramalho, Zélia Duncan, Ivete Sangalo (que fizeram duetos com Paulinho), Sandra de Sá e Luciana Melo (que fizeram duetos com Serginho). Sua música de maior sucesso foi Amor de Índio, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, cantada por Serginho, que esteve na trilha de duas novelas da Globo: Estrela Guia (2001) e Desejo Proibido (2007). Ouro de Minas seria o último álbum da banda lançado pela Universal; no ano seguinte, eles montariam seu próprio selo, o Roupa Nova Music.

O primeiro lançamento da Roupa Nova Music seria o segundo álbum ao vivo da banda, RoupaAcústico. Lançado em 2004 em CD e DVD, ambos contendo a gravação de uma apresentação na casa de shows Olympia, em São Paulo, RoupaAcústico teria versões acústicas - sem o uso de instrumentos elétricos - de grandes sucessos da banda, como Whisky a Go Go, Coração Pirata, A Força do Amor, A Viagem, Seguindo No Trem Azul e o Tema da Vitória, além de três canções inéditas, À Flor da Pele, Já Nem Sei Mais e Razão de Viver. A banda contaria com a participação da Orquestra de Câmara de Tatuí, composta inteiramente por mulheres, regida pelo maestro Adriano Machado (exceto no Tema da Vitória, regido por Souto Neto), da percussionista Mila Schiavo e do multi-instrumentista Milton Guedes, que tocou sax, flauta e harmônica, além do cantor Ed Motta, que fez dueto com Nando em Bem Demais, e da dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó, que cantaram com Paulinho a inédita Já Nem Sei Mais.

RoupaAcústico foi um grande sucesso, vendendo 250 mil cópias e rendendo um Disco de Platina duplo, e deu origem a um segundo volume, RoupaAcústico 2, lançado em 2006, gravação de uma apresentação na casa de shows Tom Brasil, em São Paulo, que seria um sucesso ainda maior, vendendo 300 mil cópias e rendendo um Disco de Platina triplo, 70 mil delas na primeira semana. Também lançado em CD e DVD, RoupaAcústico 2 trazia os sucessos que ficaram de fora do primeiro, como De Volta Pro Futuro, Vício, Bem Maior, Começo, Meio e Fim e Os Corações Não São Iguais, além de três inéditas, Retratos Rasgados, É Cedo e A Metade da Maçã, e três regravações, Lança Perfume (cantada a capella), Flagra (ambas de Rita Lee) e Pensando Nela, um clássico da Jovem Guarda. As participações especiais, além de Mila Schiavo e Milton Guedes, seriam da Orquestra Villa-Lobos; do cantor Pedro Mariano, filho de Elis Regina, que fez dueto com Serginho em É Cedo; de Tony Garrido, então vocalista da banda Cidade Negra, que fez dueto com Feghalli em Sensual; de Cláudia Leitte, na época vocalista da banda Babado Novo, que assumiu o lugar de Joanna em Um Sonho a Dois (que também contou com a participação de Bughello, então baterista do Babado Novo e que até hoje acompanha Cláudia em seus shows); e da atriz Marjorie Estiano, na época fazendo grande sucesso como a cantora Natasha de Malhação, que fez dueto com Serginho em Flagra. RoupaAcústico e RoupaAcústico 2 seriam responsáveis por renovar o público da banda, que passou a contar com uma grande quantidade de jovens e adolescentes em seus shows desde então.

Em 2007, o Roupa Nova lançaria o álbum Natal Todo Dia, dedicado a canções natalinas, e que continha faixas inéditas (como No Fundo do Coração), covers de canções natalinas em inglês (como My Sweet Lord, de George Harrison), e versões em português de canções originalmente em inglês (como A Paz, versão de Heal the World, de Michael Jackson). Mais uma vez, o álbum contaria com a participação de David Gates, fazendo dueto com Serginho em Volte Nesse Natal, versão de Feghalli para Come Home For Christmas, de Gates. Um Anjo Muito Especial, versão de Dudu Falcão para Special Angel, de Jimmy Duncan, entraria para a trilha da novela Sete Pecados, da Globo. Além de Gates, o álbum contaria com a participação do coral Canarinhos de Petrópolis, que também se apresentaria com o Roupa Nova, cantando A Paz, no tradicional especial de Natal de Roberto Carlos, exibido em 25 de dezembro de 2007 pela Globo.

Em 2008, o Roupa Nova lançaria seu primeiro EP, 4U ("for you", "para vocês" em inglês), composto por apenas quatro músicas, três delas também vendidas e uma disponibilizada de graça no site da banda na internet; segundo eles, seria uma tentativa de combater a pirataria, que já estava trazendo sérios prejuízos às suas vendas. Todas as quatro músicas também seriam incluídas no lançamento seguinte da banda, o CD e DVD Roupa Nova em Londres, gravado nos lendários estúdios da Abbey Road, famoso por ser o utilizado pelos Beatles para suas gravações. Além das quatro canções de 4U, Roupa Nova em Londres trazia sete inéditas, incluindo Reacender (Shine), composição de Jamie Hartman, Kiris Houston, Feghali e Nando, cantada por Paulinho e que contava com a participação da banda inglesa Ben's Brother; três regravações de antigas canções do próprio Roupa Nova (Sonho, Muito Mais e Lembranças); e um cover de She's Leaving Home, dos Beatles, cantada por Paulinho; a versão em DVD trazia uma faixa extra, Lumiar, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, cantada por Serginho. Roupa Nova em Londres renderia ao Roupa Nova o maior prêmio conquistado em sua carreira: o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro de 2009.

Para comemorar seus 30 anos de carreira, o Roupa Nova lançaria mais um álbum ao vivo, em CD, DVD e Blu-ray, Roupa Nova 30 Anos, gravado no Credicard Hall em São Paulo e lançado em 2010. Além da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos, e dos músicos convidados Daniel Musy e Stanley Netto no sax, flauta e harmônica, o álbum contaria com a participação especial de Milton Nascimento fazendo dueto com Feghalli em Nos Bailes da Vida (de autoria do próprio Nascimento, em parceria com Brant); de Sandy, fazendo dueto com Serginho em Chuva de Prata; do Padre Fábio de Mello em A Paz; e da banda Fresno em Show de Rock n' Roll.

Em 2012, seria lançado Cruzeiro Roupa Nova, álbum ao vivo gravado durante um cruzeiro realizado pela banda em companhia de fãs, que passou pelas cidades de Santos e Ilhabela, em São Paulo, e Armação dos Búzios, no Rio de Janeiro. Lançado exclusivamente no formato CD + DVD, o álbum continha versões acústicas de grandes sucessos da banda, versões em português de canções internacionais, e uma galeria de fotos do cruzeiro - vale dizer que Cruzeiro Roupa Nova traz a primeira canção da banda cantada por Kiko, a inédita Only My Heart, composição de Kiko, Felipe e Vinícius, e a primeira cantada por Cleberson, Cartas, de Cleberson e Nando, que, em sua versão original era cantada por Serginho.

Em 2013, seria lançada a biografia oficial da banda, Tudo de Novo, de autoria da jornalista Vanessa Oliveira e publicada pela Best Seller, do grupo editorial Record. Também em 2013, seria lançado o Box Roupa Nova Music, que continha os cinco DVDs lançados pela banda até então, mais um EP com seis canções inéditas. No ano seguinte, 2014, o Roupa Nova gravaria a inédita Depende, em parceria com Zezé di Camargo e Luciano, e participaria de alguns shows da dupla para apresentá-la. Em 2015, mais uma parceria com uma dupla sertaneja, Mar de Lágrimas, que seria incluída no álbum Acústico Tão Feliz, de Marcos & Belutti.

Também em 2015, o Roupa Nova lançaria Todo Amor do Mundo, projeto composto por um livro, dois CDs e um DVD, que pretendia contar a trajetória da banda durante os anos 1960 e 1970 através de canções intercaladas com trechos narrados e entrevistas. O álbum duplo traria seis canções inéditas e 12 versões em português, feitas por grandes nomes como Humberto Gessinger, Guilherme Arantes, Nelson Motta, Paulinho Moska, Ronaldo Bastos e Paulo Massadas, de canções famosas em inglês nas décadas de 1960 e 1970, e contaria com a participação de Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube, em Princípio de Um Novo Tempo, versão de Eve of Destruction, de P.F. Sloan; de Alexandre Pires em Medo Medo, versão de What's Going On, de Marvin Gaye; de Ed Motta em O Poderoso Sonho, versão de Mighty Clouds Of Joy, de B.J. Thomas; e de Angélica em Você, O Surf e Eu, versão de Surfer Girl, dos Beach Boys; além de Twigg, filha de Paulinho, e Carol Feghalli, filha de Feghalli, que fizeram duetos com seus respectivos pais em, respectivamente, O Barquinho e Contato. Todo Amor do Mundo renderia mais um Disco de Ouro ao Roupa Nova, feito extremamente celebrado numa época em que os downloads, legalizados ou não, já suplantavam as vendas de mídias físicas como principal forma de consumo de música.

Em 2016, o Roupa Nova gravaria Adeus junto com a banda Sorriso Maroto, que seria incluída em seu álbum De Volta Pro Amanhã. No ano seguinte, eles participariam do projeto Música Boa ao Vivo do canal Multishow, tocando, além de seus maiores sucessos, covers de bandas como Queen, Nirvana e Guns n' Roses, além de contar com a participação de Marcos & Belutti em Mar de Lágrimas, do Sorriso Maroto em Adeus, e de apresentar um curioso dueto de Serginho com a cantora Anitta em Dona. Ainda em 2017, eles participariam do álbum comemorativo de 40 anos da banda A Cor do Som, cantando junto com eles a faixa Astral, e do álbum Duetos, de Jane Duboc, no qual cantariam com ela Clube da Esquina no. 2, de Milton Nascimento, Márcio Borges e Lô Borges. O mais recente álbum do Roupa Nova é As Novas do Roupa, lançado ao longo de 2018 e 2019 exclusivamente em formato digital, sem versão em mídia física. Duas das faixas contariam com participações especiais, Luan Santana em Amor Sob Medida e a cantora mexicana Maite Perroni em Destino O Casualidad.

Em 2020, para comemorar seus 40 anos de carreira, a banda planejava fazer uma série de shows por todo o Brasil, mas os planos tiveram de mudar devido à pandemia global, com os shows sendo substituídos por várias apresentações transmitidas ao vivo pela internet (as famosas lives). A mais bem sucedida delas seria A Força do Amor, uma apresentação de três horas com a participação do cantor Daniel, que interpretou Seu Jeito, Meu Jeito em dueto com Nando. Outra apresentação de destaque foi Live Drive-In Show, na qual os fãs puderam acompanhar uma apresentação da banda de dentro de seus carros, e que contou com a canção inédita Alma Brasileira.

Infelizmente, em agosto de 2020, Paulinho seria diagnosticado com um linfoma, se submetendo, no mês seguinte, a um transplante de medula óssea autólogo (utilizando células do próprio paciente). Enquanto se recuperava, ele contrairia covid-19, e, não resistindo às complicações da doença, viria a falecer em 14 de dezembro, aos 68 anos. Apesar de muito abalados, seus colegas decidiriam seguir sem ele, homenageando-o em suas apresentações. Paulinho não será substituído, e o Roupa Nova passará a ser um quinteto.

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