domingo, 2 de agosto de 2020

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Esportes Russos

No ano passado, eu tive a oportunidade de viajar para a Rússia. Lá, conheci dois esportes novos, um pela TV, outro vendo as pessoas jogarem em um parque. No início desse ano, acabei descobrindo, pela TV daqui, mais um esporte de origem russa, e, desde então, penso em juntar os três e fazer um post - que, como vocês devem estar imaginando, é esse de hoje.

Vamos começar pelo que eu vi na televisão de lá, o girevoy sport, que usa um peso que, em russo, se chama girevoy, mas, por aqui, é conhecido como kettlebell, o que faz com que o esporte, internacionalmente, seja conhecido como kettlebell lifting, ou, em bom português, levantamento de kettlebell. Durante esse post, eu vou chamar o esporte de girevoy sport, porque é mais curto, mais bonitinho, e russo, e, afinal de contas, esse é um post sobre esportes russos, mas vou chamar o peso de kettlebell, pra não confundir.

O kettlebell é um peso arredondado com uma alça em cima e a base plana, que lembra uma chaleira sem bico - por isso seu nome, já que, em inglês, kettle significa "chaleira". Os kettlebells existem desde o início do século XVII, mas, inicialmente, eram usados apenas em apresentações circenses. Somente no início do século XIX eles começariam a ser usados em treinos de força, principalmente entre militares; ainda assim, devido a seu formato, não eram os preferidos de quem se exercitava, posto ocupado pelos halteres (que, em inglês, se chamam dumbbells) - tanto que, quando o levantamento de peso começou a ser praticado de forma competitiva, no final do século XIX, os halteres foram escolhidos para suas competições, vindo daí o antigo nome do esporte, halterofilismo.

Na Rússia, diferentemente do que ocorria no restante da Europa, os kettlebells eram mais populares dentre quem se exercitava do que os halteres, e, durante anos, os atletas tentariam, sem sucesso, realizar competições nas quais o levantamento era realizado usando kettlebells. Essas competições começariam a surgir somente a partir de 1948, quando já haveria uma geração de atletas russos bem sucedidos no levantamento de peso dispostos a usar sua influência para organizar competições usando kettlebells. No início, entretanto, as regras eram vagas, e muitas das competições tentavam imitar as de levantamento de peso, o que, devido ao formato e peso dos kettlebells, não era o ideal. Em 1962, um grupo de atletas usaria sua influência junto ao Ministério do Esporte soviético, e finalmente as regras oficiais do girevoy sport seriam criadas. Sob influência do Ministério, o novo esporte se popularizaria rapidamente, com os primeiros campeonatos nacionais sendo realizados na década de 1970. Durante muitos anos, entretanto, existiriam vários conjuntos de regras diferentes, com cada campeonato utilizando as suas próprias - as regras estabelecidas pelo Ministério do Esporte eram bastante genéricas, ficando os detalhes a cargo da organização. Para praticar o girevoy sport, os atletas precisavam se filiar a clubes, que competiam uns contra os outros; em 1985, os principais clubes da União Soviética decidiriam se unir em um esforço para unificar as regras do girevoy sport, que culminaria em 1987, com a criação da União das Federações Soviéticas de Girevoy Sport.

Enquanto isso, desde a década de 1970, o girevoy sport começaria a se espalhar pelo mundo, primeiro levado por militares soviéticos para países do Leste Europeu, depois por atletas de diferentes modalidades, principalmente do levantamento de peso e do fisiculturismo, que o ficavam conhecendo quando iam competir internacionalmente. Muitas academias de ginástica ainda usavam os kettlebells como parte de treinos, mas sem as regras necessárias para que seu levantamento pudesse ser disputado como esporte; as regras trazidas do Leste por esses atletas supriam essa necessidade, e logo as primeiras competições e federações de levantamento de kettlebell começariam a surgir fora da União Soviética, principalmente, acreditem ou não, nos Estados Unidos.

Com o fim da União Soviética, em 1991, a União das Federações Soviéticas de Girevoy Sport passaria a congregar as federações nacionais dos países que a compunham, e, vendo que já existiam federações nacionais "estrangeiras", mas não uma federação internacional da modalidade, viu uma oportunidade, mudando de nome, em 1992, para Federação Internacional de Girya Sport (IGSF; sendo girya uma espécie de apelido carinhoso de girevoy) e passando a aceitar a filiação de federações de fora da ex-União Soviética. A IGSF seria a única federação internacional do girevoy sport até 2007, quando um grupo de insatisfeitos, liderados justamente pela federação nacional da Rússia, sairia da IGFS e fundaria a União Internacional de Girevoy Sport (IUKL, da sigla em inglês; a sigla em russo, caso interesse, é MSGS).

Hoje, a IUKL é a principal federação internacional do girevoy sport, contando com 76 membros e organizando os campeonatos de maior prestígio; a IGSF ainda existe, mas tem apenas 22 membros, e seus campeonatos são mais fraquinhos. Além das duas, em 2018 seria fundada a Federação Mundial de Kettlebell Esportivo (WKSF), por um grupo de federações nacionais, liderado pela Itália, que achavam que a Rússia tinha muita influência sobre as decisões da IUKL; a WKSF já conta com 53 membros, e seus campeonatos vem ganhando cada vez mais prestígio - principalmente porque a WKSF está em processo de ser reconhecida pelo COI, o que seria o primeiro passo para o girevoy sport ser incluído nas Olimpíadas. Como nada impede que um mesmo país seja membro de mais de uma federação - o Brasil, por exemplo, é membro das três - por enquanto existir mais de uma federação internacional não tem atrapalhado.

Outra coisa que não tem atrapalhado é que as regras do girevoy sport publicadas pelas três federações são quase idênticas - somente alguns pequenos detalhes são diferentes, como as cores e pesos dos kettlebells e as categorias de peso dos atletas. Para esse post, eu vou usar como fonte as regras da IUKL, fazendo observações sobre as regras das outras duas que sejam diferentes quando achar necessário.

Como foi dito, os kettlebells possuem a base plana e têm uma alcinha, com seu corpo sendo quase uma esfera; todos os kettlebells possuem as mesmas dimensões, com a variação no peso ficando por conta de sua densidade. Um kettlebell tem 28 cm de altura, contando com a alça, e a parte esférica tem diâmetro de 21 cm; a parte da alça onde o atleta segurará é um cilindro de 3,4 cm de diâmetro e 12,3 cm de comprimento, ligado à parte esférica por duas hastes de 5,5 cm de altura cada. Quanto cada kettlebell pesa é identificado por um código de cores: 8 kg (rosa), 12 kg (azul), 16 kg (amarelo), 20 kg (violeta), 24 kg (verde), 28 kg (laranja) ou 32 kg (vermelho). Pelas regras da WKSF, o kettlebell de 8 kg é azul, o de 12 kg é marrom, e existem kettlebells de 36 kg (cinza) e 40 kg (branco); os demais são iguais aos da IUKL. É importante dizer que o peso dos kettlebells usados por cada atleta não vai aumentando durante a competição como no levantamento de peso, permanecendo o mesmo durante toda a prova.

Assim como no levantamento de peso, no girevoy sport os atletas são divididos em categorias de peso, porque, teoricamente, quem é mais pesado também tem mais força. As categorias de peso da IUKL são sete no masculino (até 63 kg, até 68 kg, até 73 kg, até 78 kg, até 85 kg, até 95 kg e acima de 95 kg) e cinco no feminino (até 53 kg, até 58 kg, até 63 kg, até 68 kg e acima de 68 kg). A WKSF também tem sete categorias no masculino e cinco no feminino, mas com pesos diferentes (até 63 kg, até 68 kg, até 74 kg, até 80 kg, até 87 kg, até 95 kg e acima de 95 kg no masculino; até 52 kg, até 58 kg, até 65 kg, até 75 kg e acima de 75 kg no feminino). Durante os levantamentos, os atletas se posicionam em uma área de 1,5 m de lado, que pode ser uma plataforma elevada, desde que tenha no máximo 8 cm de altura. Vários atletas podem competir simultaneamente, cada um com seu próprio painel de árbitros e placar.

Assim como o levantamento de peso, o girevoy sport possui duas técnicas diferentes, o arranco e o arremesso. Na técnica do arranco, o atleta (que, em russo, é chamado de girevik) se posiciona de pé, com as pernas levemente separadas, e os kettlebells começam no chão, entre suas pernas. Quando o árbitro dá o primeiro comando, o atleta, dobrando levemente os joelhos, se curva para a frente e segura os kettlebells pelas alças. No segundo comando, ele deve, com um movimento fluido e contínuo, erguer os kettlebells acima de sua cabeça, ao mesmo tempo em que eles executam um pequeno giro em suas mãos, para que continuem com a base virada para baixo ao chegar ao topo. Durante o levantamento, por questões de equilíbrio, é permitido arquear as costas e dobrar levemente os joelhos, mas o movimento só é considerado completo quando o corpo do atleta está completamente ereto, com os joelhos e cotovelos travados. Após os kettlebells chegarem ao topo, o atleta deve realizar o movimento ao contrário, para que eles voltem a ficar entre suas pernas.

Aqui, é preciso um aparte: diferentemente do que ocorre no levantamento de peso, no girevoy sport não é feito um único levantamento de cada vez, e sim uma série de levantamentos ao longo de 10 minutos. Por isso, quando os kettlebells voltam a ficar no meio das pernas do atleta, ele não os coloca no chão nem os solta (a não ser que a série tenha terminado, quando ele deve colocá-los no chão, em sua posição inicial, com delicadeza), mas sim já emenda um novo levantamento, usando a mesma técnica. Para ganhar impulso, é permitido que os ketllebells passem da posição inicial, como se fossem ser jogados para trás pelo meio das pernas do atleta, antes que o novo levantamento comece, mas ele só conta como um novo levantamento depois que os kettlebells passam por entre as pernas do atleta, na subida. Um atleta que toque os kettlebells no solo durante seus levantamentos tem sua série interrompida, independentemente de quanto tempo ainda tinha, mas os levantamentos que ele fez até ali contam para sua pontuação.

Já na técnica do arremesso, o atleta e os kettlebells começam na mesma posição do arranco, mas, ao primeiro comando do árbitro, o atleta se curva, dobra levemente os joelhos, pega os kettlebells pelas alças, e, ao mesmo tempo que estica os joelhos, os ergue de forma que seus cotovelos fiquem dobrados seus punhos apontando para cima e seus polegares encostados em seu peitoral, com os kettlebells levemente apoiados em seus ombros, meio de lado, com suas bases viradas para fora. Ao segundo comando, o atleta deve esticar totalmente os braços para cima ao mesmo tempo em que faz o pequeno giro para que as bases dos kettlebells voltem a ficar viradas para baixo. Existem dois tipos de competições de arremesso, as de ciclo curto e as de ciclo longo; nas de ciclo curto, após esticar os braços, o atleta os dobra novamente para retornar à posição que assumiu entre o primeiro e o segundo comando dos árbitros, recomeçando o levantamento a partir daí, enquanto no ciclo longo ele precisa baixar os kettlebells e passá-los pelo meio de suas pernas. Em outras palavras, o arremesso possui três posições (baixo, meio, alto), sendo que, no ciclo curto, cada levantamento consiste de baixo, meio, alto, meio, alto etc., enquanto no ciclo longo é preciso fazer a sequência baixo, meio, alto, meio, baixo, meio, alto etc. - lembrando que os kettlebells só tocam o solo após o final da série, sendo "jogados" pelo meio das pernas do atleta entre cada levantamento.

Também é importante dizer que, tanto no arranco quanto no arremesso, o girevoy sport possui competições de uma das mãos e de ambas as mãos; em competições de uma das mãos deve ser usada sempre a mesma mão do início ao final da série, não sendo permitido trocar o kettlebell de mão. A posição na qual a mão que não tem um kettlebell vai ficar é livre, mas, por questões de equilíbrio, no arranco os atletas costumam jogar o braço para trás na descida e dobrar o cotovelo, apontando o punho fechado para cima, na subida, e, no arremesso, o braço costuma ficar esticado para a frente.

Além de competições somente de arranco e somente de arremesso, há um tipo de competição do girevoy sport chamado biatlo, na qual cada atleta faz uma série de 10 minutos de arranco, descansa uma hora, e então faz uma série de 10 minutos de arremesso, com cada levantamento no arranco valendo um ponto e cada levantamento no arremesso valendo meio ponto, e sua pontuação final sendo a soma dos pontos em ambas as séries. Em competições apenas de arranco ou apenas de arremesso, são contados simplesmente quantos levantamentos cada atleta consegue fazer dentro de 10 minutos, sendo vencedor aquele que conseguir mais. Se houver empate, ganha o atleta de menor peso corporal antes da competição; persistindo o empate, ganha o de menor peso corporal após a competição; e, persistindo o empate, fica empatado mesmo.

Existem também competições de revezamento: cada equipe é composta por cinco atletas, cada um de uma categoria de peso diferente (com as categorias de peso válidas no masculino sendo definidas antes da competição). Todos devem competir usando a mesma técnica, e cada um tem 3 minutos para realizar quantos levantamentos conseguir, sendo que o seguinte da "fila" só pode começar seus levantamentos quando o tempo do anterior se encerrar e ele colocar os kettlebells no chão. A pontuação final de cada equipe será igual ao número de levantamentos somados de todos os atletas da equipe.

As provas oficiais da IUKL - aquelas presentes, por exemplo, no Campeonato Mundial - são 12: o arremesso com duas mãos ciclo longo masculino com kettlebell de 24 kg, o arremesso com duas mãos ciclo longo masculino com de 32 kg, o arremesso com duas mãos ciclo longo feminino 16 kg, o arremesso com duas mãos ciclo longo feminino 24 kg, o arranco com uma das mãos feminino 16 kg, o arranco com uma das mãos feminino 24 kg, o biatlo masculino 24 kg, o biatlo masculino 32 kg, o revezamento arranco com uma das mãos masculino 32 kg, o revezamento arremesso com duas mãos ciclo longo masculino 32 kg, o revezamento arranco com uma das mãos feminino 24 kg e o revezamento arremesso com duas mãos ciclo longo feminino 16 kg. Em outras competições podem existir outros tipos de provas, ou que usem outros pesos de kettlebell, como as provas de sprint (com série de 5 minutos) e super sprint (3 minutos) da WKSF.

Outro bom exemplo são as provas reguladas pela Federação Internacional de Maratona de Kettlebell (IKMF), fundada em 2013 e que hoje conta com 38 membros, incluindo o Brasil. A IKMF reconhece cinco modalidades diferentes: a meia-maratona (com série de 30 minutos), a maratona (1 hora), a super maratona (entre 2 e 4 horas), a ultra maratona (entre 5 e 8 horas) e a maratona extrema (entre 9 e 24 horas). Nas provas de meia-maratona, maratona e super maratona, um atleta que encoste os kettlebells no solo antes de o tempo se esgotar é automaticamente desclassificado, mas, na ultra maratona, um atleta pode deixar os kettlebells no solo por 5 minutos a cada hora se a competição estiver sendo realizada durante o dia ou 10 minutos a cada hora se for durante a noite, e na maratona extrema ele pode deixar os kettlebells no solo pelo tempo que bem desejar, sendo que, em ambos os casos, o relógio continua correndo, ou seja, quanto mais tempo os kettlebells passam no solo, menos levantamentos são realizados.

A IKMF também reconhece a técnica do meio-arranco, que é igual ao arranco, mas o lançamento recomeça da altura do ombro do atleta, e não do meio das pernas, não sendo permitido descer o kettlebell abaixo da linha dos ombros. As provas oficiais da IKMF são o arranco com uma das mãos, o meio-arranco com uma das mãos, o meio-arranco com duas mãos, o arremesso com uma das mãos ciclo curto, o arremesso com uma das mãos ciclo longo, o arremesso com duas mãos ciclo curto e o arremesso com duas mãos ciclo longo, todas no masculino e no feminino. As provas com as duas mãos somente são realizadas na modalidade meia-maratona, e, nas provas com uma das mãos, é permitido aos atletas trocar o kettlebell de mão livremente durante os levantamentos. Todas as provas da IKMF usam o kettlebell de 24 kg no masculino e o de 16 kg no feminino.

O principal campeonato da IUKL é o Campeonato Mundial de Girevoy Sport, organizado anualmente desde 2010; desde 2014, a IUKL também organiza a Copa do Mundo de Girevoy Sport, que consiste de cinco etapas nas quais os atletas vão somando pontos, com aquele que tiver mais pontos ao final da última sendo o campeão. A WKSF organiza o Campeonato Mundial de Kettlebell Esportivo, também anual, desde 2018, e a IGSF realiza o Campeonato Mundial de Girya Sport anualmente desde 1992. O principal campeonato da IKMF é o Campeonato Mundial de Maratona de Kettlebell, realizado anualmente desde 2013, mas que só tem competições de meia-maratona e maratona, com as outras três disciplinas sendo usadas principalmente para quebras de recorde, não em campeonatos.

Para encerrar essa parte, vale dizer que, nos últimos anos, vem ganhando força uma versão meio circense do esporte, conhecida como kettlebell juggling, o que traduziria para "malabarismo de kettlebell". Essa versão usa o kettlebell de 16 kg no masculino e o de 8 kg no feminino, e, ao invés de simplesmente levantar os kettlebells, os atletas fazem movimentos acrobáticos com eles, girando-os na mão, passando-os de uma mão para outra, e até mesmo jogando-os para o ar e pegando-os de novo - o que não deve ser fácil com um peso de 16 kg. Cada movimento possui uma pontuação, e o vencedor é aquele que somar mais pontos em um tempo pré-determinado. O malabarismo de kettlebell por enquanto só é disputado em âmbito nacional, mas a IUKL já está estudando regulá-lo internacionalmente.

Vamos passar agora para o esporte que eu conheci pela televisão daqui, o mas-wrestling. O mas-wrestling teve origem na Iacútia, cujo território está localizado totalmente dentro da Sibéria, e é uma das repúblicas autônomas que compõem a Federação Russa (uma república autônoma é como se fosse um estado, sendo subordinada ao Governo Federal da Rússia, mas, como o nome sugere, tendo mais autonomia, dentre outras coisas tendo direito a um idioma oficial além do russo, que, no caso da Iacútia, é o sakha). O mas-wrestling existe desde tempos imemoriais, existindo pinturas rupestres na Iacútia representando competições desse esporte; segundo as tradições orais locais, era comum que o esporte fosse usado como uma espécie de rito de passagem, com todos os meninos, ao alcançar uma determinada idade, começando a praticá-lo. Suas regras simples, e o fato de que ele precisava de apenas dois itens e não requeria um local específico para ser praticado, fariam com que ele atravessasse os anos, se tornando um esporte tradicional da Iacútia, e um importante elemento da cultura local.

Durante a maior parte de sua história, porém, ele seria apenas isso, um esporte tradicional e elemento cultural, sendo praticado de forma amistosa e com cada grupo estabelecendo suas próprias regras. Somente no século XX começariam a ser feitos esforços para que o mas-wrestling se transformasse em um esporte competitivo, a partir do estabelecimento do Conselho para Esporte e Cultura da Iacútia pelo governo da União Soviética, em 1923. Três anos depois, em 1926, esse Conselho receberia a incumbência de listar todos os esportes tradicionais da Iacútia, descrevendo suas regras; como não havia regras unificadas do mas-wrestling, o próprio Conselho se encarregaria de criá-las. Essas regras permaneceriam inalteradas até 1945, quando o Ministério do Esporte Soviético decidiria publicar sua própria versão, que se tornaria oficial em todo o território nacional. Apesar disso, o mas-wrestling permanecia popular mesmo apenas na Iacútia, onde, a partir da década de 1950, passaria a ser obrigatório no currículo de educação física das escolas; no restante da União Soviética - e, por conseguinte, do planeta - o esporte era visto apenas como uma curiosidade, com os principais campeonatos ocorrendo mesmo na Iacútia, dentre atletas locais, que se tornavam grandes ídolos.

Então, na década de 1980, um grupo não de atletas, mas de médicos, todos eles tendo laços familiares com a Iacútia e sendo entusiastas do mas-wrestling, decidiriam trabalhar para torná-lo popular no resto do país. Petr Krivoshapkin, George Tsypandin, Petr Karataev, Dmitry Sharin e Nikolay Sofronov revisariam novamente as regras, tornando-as mais de acordo com as das principais competições de luta da época, e começariam a organizar torneios nas cidades de Moscou e Leningrado (hoje São Petersburgo). O mas-wrestling rapidamente se popularizaria, com vários atletas soviéticos de outras modalidades, principalmente do levantamento de peso, decidindo se arriscar nos torneios, e toda uma nova geração de jovens atletas se formando a partir de então. Esse sexteto entraria para a história como os pais do mas-wrestling moderno, mas ainda faltaria um detalhe: até o ano 2000, o esporte era conhecido não como mas-wrestling, e sim como mas-tard'yhyy, seu nome no idioma sakha - mas significa algo como graveto ou pedaço de madeira, e tard'yhyy é também o nome do esporte de cabo de guerra nesse idioma. Acreditando que esse nome complicado prejudicaria a internacionalização do esporte, Roman Dmitriev, nascido na Iacútia, ex-atleta de mas-wrestling e dono de duas medalhas olímpicas na luta livre, um ouro em Munique, 1972, e uma prata em Montreal, 1976, proporia a mudança do nome para mas-wrestling, sendo wrestling o nome pelo qual as lutas olímpicas são conhecidas em inglês.

Dmitriev também faria uma forte campanha para que o mas-wrestling fosse considerado pelo governo russo como um dos esportes nacionais da Rússia, o que foi obtido em 2003 - desde bem antes disso, ele já era considerado o esporte nacional da Iacútia. Depois do reconhecimento por parte do governo russo, o mas-wrestling começou a se espalhar pelo mundo rapidamente, o que levaria, em 2011, à fundação da Federação Internacional de Mas-Wrestling (IMWF, da sigla em inglês, em russo é MFMR), que hoje conta com 73 membros, incluindo o Brasil - o motivo pelo qual o mas-wrestling veio parar na televisão brasileira, aliás, foi que o Brasil possui um atleta campeão mundial no mas-wrestling, Ricardo Nort.

A área de competição do mas-wrestling tem 4 m de comprimento por 2 m de largura, e é feita de material macio, antiderrapante e não-abrasivo; um dos lados da área de competição deve ser de cor vermelha, e o outro de cor azul. Bem no centro dessa área fica uma tábua de madeira, apoiada em um suporte também de madeira, que também é metade vermelho, metade azul. A tábua tem 2 m de comprimento, 24 cm de altura e entre 4 e 6 cm de largura, devendo ter os cantos arredondados; o suporte também tem os cantos arredondados, tem entre 4 e 6 cm de largura, entre 22 e 24 cm de altura e entre 15 e 25 cm de comprimento. A área de competição fica sobre uma plataforma quadrada elevada, de 6 m de lado e entre 20 cm e 1 m de altura; também sobre essa plataforma ficam duas áreas reservadas aos técnicos, de 2 m de lado cada, distantes 1,5 m cada de seu respectivo lado da área de competição.

Todos os competidores devem usar calçados com solado de borracha, sem saltos, travas ou qualquer outro componente de plástico ou metal. Para os homens, o único uniforme além dos calçados é uma bermuda que vai até os joelhos; para as mulheres, também é permitido usar tops, camisetas, e camisas de manga curta ou de manga longa. Um dos atletas sempre deve usar uniforme vermelho e o outro azul, dependendo do lado da área de competição que vão ocupar. Para maior justiça, a IMWF separa seus atletas em categorias de peso, existindo dez categorias no masculino (até 60 kg, até 65 kg, até 70 kg, até 75 kg, até 80 kg, até 90 kg, até 105 kg, até 125 kg, acima de 125 kg e absoluto, na qual podem competir atletas de qualquer peso) e seis no feminino (até 55 kg, até 65 kg, até 75 kg, até 85 kg, acima de 85 kg e absoluto).

A parte mais importante do mas-wrestling é a barra (ou mas), um cilindro feito de madeira de bétula, com entre 40 e 50 cm de comprimento e entre 3,3 e 3,5 cm de diâmetro, com o meio marcado por uma linha de 1 cm de largura. No início de cada luta, os atletas devem segurar a barra de forma que ela fique exatamente paralela à tábua, cada um com uma das mãos em uma das metades da barra (por isso a marcação no meio), com pelo menos 1 cm de distância entre cada mão. O atleta de vermelho tem direito a escolher qual tipo de pegada na barra quer, a exterior (com as mãos mais próximas das pontas da barra) ou a interior (com as mãos mais próximas do centro da barra); a barra deve ser segurada com uma das mãos virada para cima e a outra virada para baixo, à escolha do atleta. Uma vez que o atleta coloque as duas mãos na barra, não poderá soltá-la até o fim da luta, ou será ponto para o oponente.

No início de cada luta, os atletas se posicionam sentados, cada um de seu lado da tábua, com os dois pés apoiados na tábua, as nádegas tocando o chão e as mãos segurando a barra. A um comando do árbitro, ambos os atletas começam a puxar a barra com toda a sua força, até que um deles pontue, quando a luta termina, com aquele que pontuou sendo o vencedor. Cada partida é composta de três lutas, sendo vencedor da partida aquele que vencer duas lutas primeiro. Na segunda luta, os atletas começam com as mãos na pegada contrária à que efetuaram na primeira (quem fez a primeira com pegada exterior faz a segunda com pegada interior e vice-versa); se for necessária uma terceira luta, é feito um sorteio para definir quem escolhe a pegada. Cada luta tem duração máxima de dois minutos; se, após esse tempo, nenhum dos dois tiver pontuado, a luta termina sem vencedor. Se a luta sem vencedor for a primeira da partida, quem vencer a segunda vencerá a partida; se for a segunda ou terceira, quem venceu a primeira vence a partida.

Existem oito formas de se pontuar no mas-wrestling: se o atleta conseguir tirar a barra das mãos do oponente; se o oponente soltar uma das mãos da barra; se todo o corpo do oponente passar para o outro lado da tábua; se o oponente tirar ambos os pés da tábua; se o oponente tocar o atleta com qualquer parte de seu corpo; se o oponente tocar a tábua com qualquer parte de seu corpo que não seja a sola dos pés; se o oponente tocar o suporte da tábua com qualquer parte de seu corpo; ou se o oponente receber duas penalidades na mesma luta. Um atleta recebe uma penalidade se falar com o oponente, com o árbitro, com seu técnico, ou com qualquer um, pra dizer a verdade; puxar a barra antes do comando do árbitro; torcer a barra ao invés de puxar; se encostar sua mão na mão do oponente; ou por conduta antidesportiva, a critério do árbitro. Se ficar comprovado que um atleta infringiu as regras propositalmente, ou colocou a vida ou integridade física do oponente em risco, ele pode ser desclassificado, sem que seja necessário realizar as lutas que ainda estão faltando da partida. Se um atleta pontuar e cometer uma penalidade ao mesmo tempo (por exemplo, gritar um palavrão para o oponente ao arrancar a barra de suas mãos) o ponto não vale, e a luta recomeça. Existem ainda três situações nas quais a luta é interrompida e recomeça sem que ninguém pontue: se a barra se quebrar, se ambos os atletas pontuarem ao mesmo tempo, ou se ambos os atletas cometerem uma penalidade ao mesmo tempo. Também é importante mencionar que, por questões físicas, cada atleta só pode fazer um máximo de cinco partidas ou 15 lutas por dia, com as lutas que recomeçam contando para esse total.

Atualmente, a IMWF organiza três campeonatos internacionais de mas-wrestling. O mais importante de todos é o Campeonato Mundial de Mas-Wrestling, disputado a cada dois anos desde 2014, sempre tendo como sede Yakutsk, a capital da Iacútia. Em seguida temos o Campeonato Mundial Absoluto de Mas-Wrestling, criado para ajudar a popularizar o mas-wrestling internacionalmente, realizado pela primeira vez em 2016, e, a partir de 2017, a cada dois anos sempre nos anos ímpares, para ficar intercalado com o Mundial; o Mundial Absoluto sempre é realizado fora da Rússia, e já teve duas edições nos Estados Unidos e uma na Arábia Saudita. Finalmente, temos a Copa do Mundo de Mas-Wrestling, disputada anualmente desde 2017, que conta com várias etapas ao redor do mundo nas quais os atletas vão ganhando pontos, com os mais bem pontuados se classificando para a final (que já teve como sede a Hungria, o Azerbaijão e a Polônia).

Para terminar, vamos falar do esporte que eu vi as pessoas jogando lá, o gorodki. O gorodki é um parente do boliche, no sentido de que o objetivo é arremessar um objeto para derrubar outros objetos; no caso, entretanto, o objeto a ser arremessado não é uma bola, e sim um bastão, e os objetos a serem derrubados não são pinos, e sim pequenos cilindros de madeira arrumados em posições pré-determinadas. A palavra gorodki significa "cidades", e o esporte tem esse nome porque, em seus primórdios, esses cilindros que precisam ser derrubados eram arrumados de forma a simbolizar uma pequena cidade.

Os cilindros que serão derrubados se chamam gorodok, devem ser feitos de madeira, podem ser pintados, mas não precisam ser necessariamente cilindros, podendo ser prismas octogonais. Se for um cilindro, cada gorodok deve ter entre 4,8 e 5 cm de diâmetro, e, se for um prisma, 2 cm de lado; em ambos os casos, o comprimento é de 20 cm, com tolerância de 1 mm para mais ou para menos. São usados cinco gorodoki, que podem ser arrumados em 15 configurações diferentes, chamadas figuras, cada uma delas com um nome em russo que descreve o objeto que eles lembram quando arrumados: pushka (canhão), vlika (forquilha), zvezda (estrela), strela (flecha; não, eu não troquei, é isso mesmo), kolodets (poço), kolenchatyj val (manivela), artilleriya (artilharia), raketka (raquete), pulemyotnoye gnezdo (nicho de metralhadora), rak (lagosta), chasovye (sentinela), serp (foice), tir (galeria de tiro), samolyet (avião) e pis'mo (cartas). Essas configurações estão listadas na ordem em que são consideradas da mais fácil para a mais difícil de derrubar.

O bastão que será arremessado originalmente também era feito de madeira, mas, hoje em dia, é feito de polímeros. Ele não é sólido, e sim oco, com seu interior sendo preenchido com areia, serragem ou outro material inofensivo à escolha do jogador; isso é feito para que o centro de gravidade do bastão sempre tenda um pouco para uma das pontas, de forma a facilitar o arremesso - o que é obtido fazendo com que o bastão não seja oco de uma ponta à outra, com um espaço de até 13 cm de comprimento em uma das pontas sendo sólido. O bastão deve ter no máximo 1 m de comprimento e 4 cm de diâmetro, e sua área interna deve ter no máximo 6,7 mm de diâmetro; as roscas das pontas podem ser feitas de metal, mas não podem ter mais que 3,7 cm de comprimento. O peso máximo do bastão é de 2 kg. O bastão pode ser inteiro - feito de uma única peça - ou composto - feito de várias peças que se encaixam - sendo que um bastão composto pode ser irregular, ou seja, feito de peças com diâmetros diferentes umas das outras.

A área de competição tem entre 12 e 15 m de largura por entre 20 e 22 m de comprimento e deve ser lisa; para competições oficiais, ela é forrada com uma folha de metal ou polímero, na qual já estão todas as marcações, feitas com linhas brancas de 2 cm de largura cada. Três dos lados da área de competição contam com uma rede de proteção caso o bastão escape, sendo a exceção a que vai ficar às costas do arremessador. Cada área de competição conta com duas "cidades" e quatro "subúrbios"; as cidades são a área onde os gorodoki serão arrumados, quadrados de 2 m de lado, posicionados a 2 m um do outro, a 2,5 m da linha de fundo e centralizados em relação às linhas laterais. Os subúrbios são onde os arremessadores vão se posicionar, retângulos de 2 m de largura por 3 m de comprimento, sendo que a linha que ficar às costas do arremessador não é marcada. A "linha de frente" dos dois subúrbios mais de trás (chamados kon) fica a 13 m de cada cidade, e a dos dois mais à frente (chamados polukon, que significa "meio kon") fica a 6,5 m de cada cidade.

As regras são bem simples: o jogador se posiciona atrás da linha de frente do subúrbio e joga o bastão meio de lado, de forma que ele bata nos gorodoki e os retire de dentro da cidade. Enquanto todos os gorodoki estiverem em suas posições iniciais, o arremesso é feito do kon, mas, quando pelo menos um já tiver sido derrubado, os arremessos podem ser feitos do polukon. Os jogadores devem arremessar contra as figuras na ordem de dificuldade (a primeira é o canhão, a última são as cartas). Cada jogador deve arremessar o bastão até retirar todos os cinco gorodoki, com cada arremesso valendo um ponto, e sendo vencedor o que fizer menos pontos. Cada figura pode ser disputada em melhor de três sets (quem tirar todos os gorodoki com menos arremessos duas vezes ganha) ou melhor de cinco sets (quem tirar três vezes com menos arremessos ganha). Se ambos os jogadores fizerem o mesmo número de pontos, aquele set termina empatado, sendo possível uma figura terminar empatada (por exemplo, se em melhor de três sets cada jogador ganhar um e o terceiro terminar empatado). O vencedor da partida é aquele que tiver ganhado mais figuras após a última, também sendo possível uma partida terminar empatada; se for necessário um desempate, é sorteada uma das figuras, e os jogadores arremessarão por quantos sets forem necessários até que um jogador ganhe dois sets. Durante os arremessos, pode ser que os jogadores cometam infrações, como pisar além da linha ao fazer o arremesso, um jogador arremessar fora de sua vez, ou arremessar o bastão de forma errada; cada infração conta como um ponto para o jogador que a cometeu.

A área de competição tem duas cidades e quatro subúrbios porque o gorodki é um esporte eliminatório; os jogadores são pareados dois a dois, com os vencedores avançando e os perdedores sendo eliminados, e ambos os jogadores do mesmo par usam a mesma área de competição ao mesmo tempo, se alternando nos arremessos. Além do jogo individual, existe a versão em duplas, na qual os dois membros da dupla se alternam nos arremessos contra a mesma figura, e seu número de pontos é somado. É claro que todas essas regras dizem respeito apenas ao gorodki "oficial"; quando o gorodki é jogado nas ruas, o subúrbio é apenas uma linha traçada no chão, e cada grupo de jogadores pode fazer as regras que achar melhor - o objetivo, porém, é sempre o mesmo, remover todos os gorodoki de dentro da cidade com o menor número de arremessos do bastão.

As primeiras menções escritas sobre o gorodki dizem que Pedro I, o Grande, Imperador da Rússia entre 1682 e 1725, era um habilidoso jogador quando jovem; por causa disso, embora ninguém saiba ao certo quando o gorodki foi inventado, estima-se que tenha sido por volta do século XVI. No início do século XIX, seriam encontradas as primeiras menções escritas ao gorodki fora da Rússia, em publicações europeias que o descreviam como um esporte tradicional russo. Na época, o gorodki já era um dos mais praticados passatempos dentre o povo russo, com personalidades como Leon Tolstoi, Maxim Gorky, Leonid Andreyev, Ivan Pavlov e até mesmo Josef Stalin e Vladimir Lenin tendo sido ávidos jogadores - no melhor estilo soviético, inclusive, a habilidade de Lenin jogando gorodki seria registrada em um poema de Andrei Voznesensky, publicado em 1963.

O primeiro esforço para unificar as regras do gorodki em toda a União Soviética seria feito em 1923, pelo Ministério do Esporte; essas regras seriam revisadas dez anos depois, em 1933, quando seriam estabelecidas as quinze figuras usadas até hoje - curiosamente, algumas delas, tradicionalmente, tinham outros nomes, mas, também ao melhor estilo soviético, o Ministério do Esporte decidiria mudá-los para coisas mais ligadas à guerra, como o nicho de metralhadora, que originalmente se chamava "moça na janela". Com exceção de alguns adendos feitos em 1987 para permitir que jogadores canhotos arremessem com a mão esquerda (incluindo o espelhamento de algumas figuras, como a foice), essas regras de 1933 permanecem as mesmas até hoje.

O gorodki seria bastante popular até meados da década de 1970, quando, por razões que ninguém ainda conseguiu definir, sua prática começaria a diminuir; após o colapso da União Soviética, ele teria uma diminuição ainda mais acentuada, quase chegando a desaparecer. A partir da década de 2000, porém, mais uma vez de forma inexplicável, o gorodki começaria a se popularizar na Rússia rapidamente, com várias cidades promovendo campeonatos amadores locais, e o Campeonato Nacional, realizado pela primeira vez em 1936, voltando a ser realizado em 2004, após uma pausa de quase vinte anos. Esse surto de repopularização também espalharia o gorodki por outros países, o que levaria à criação, em 2005, da Federação Internacional de Gorodki Esportivo (IFGS em inglês, MFGS em russo), que hoje conta com 12 membros plenos (países com campeonatos nacionais de gorodki) e 13 membros associados (países que contam com clubes onde o gorodki pode ser jogado de acordo com as regras oficiais, mas não contam com campeonatos). O principal campeonato organizado pela IFGS é o Campeonato Mundial de Gorodki Esportivo, realizado anualmente desde 2005.

Além do gorodki, a IFGS regula outros dois esportes, o eurocities e o kyykkä. O eurocities é a adaptação para as regras do gorodki de um jogo tradicional da Alemanha chamado poppi; as regras são praticamente idênticas, sendo as principais diferenças que os gorodoki (chamados poppi) são mais largos, prismas com entre 4,3 e 4,5 cm de lado, formam 16 figuras (diferentes das do gorodki) e nem todas as figuras são usadas em todas as partidas. Já o kyykkä, um esporte tradicional da Finlândia, é bastante diferente: os gorodoki, que se chamam kyykkä, são cilindros de 10 cm de altura e entre 7 e 7,5 cm de diâmetro, são 20, e não formam uma figura, sendo alinhados um ao lado do outro, no sentido da largura da área de competição. O bastão tem no máximo 85 cm de comprimento e 8 cm de diâmetro, é feito de madeira e é sólido. A área de competição tem 20 m de comprimento por 5 m de largura, com marcações a cada 5 m; quando nenhum kyykkä ainda foi derrubado, o jogador arremessa da linha de fundo, mas, quando pelo menos um deles já foi derrubado, arremessa de sua linha de 5 m. Os jogadores se posicionam um de frente para o outro, como em um jogo de tênis, com cada um arremessando contra uma linha de kyykkä posicionada sobre a linha de 5 m do oponente (ou seja, quando já há kyykkä derrubados, o jogador arremessa quase pisando nos kyykkä do oponente). Cada jogador tem direito a no máximo 20 arremessos, e seu placar é obtido diminuindo o número de kyykkä derrubados do número de arremessos que ele usou, sendo vencedor quem tiver o menor placar - por exemplo, um jogador que use 20 arremessos para derrubar os 20 kyykkä faz 0 ponto, um que use 13 arremessos para derrubar os 20 kyykkä faz -7 pontos, e um que só conseguiu derrubar 15 kyykkä com seus 20 arremessos faz 5 pontos.

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