Eu nunca joguei nem Tower of Doom, nem Shadow over Mystara nos arcades; meu primeiro contato com eles foi através de emuladores. Já com The King of Dragons a história é diferente, já que um fliperama aqui perto de casa tinha uma máquina, e eu cheguei a gastar algumas fichas nela. Embora minha experiência com ele não tenha sido suficiente para transformá-lo em um de meus favoritos, acabei criando uma certa memória afetiva, e as informações que encontrei acabaram me deixando com mais vontade de escrever sobre ele do que sobre os games de D&D. Diante disso, hoje é dia de The King of Dragons no átomo!
Uma das informações interessantes que eu encontrei foi que The King of Dragons é o sucessor espiritual de dois outros jogos. O primeiro foi lançado pela Capcom para arcades em agosto de 1987; no Japão, ele se chamava Black Dragon, mas, nos Estados Unidos, teve seu nome alterado para Black Tiger. A razão pela qual se operou essa mudança sumiu nas areias do tempo, mas o fato é que o título japonês faz referência ao último chefe do jogo, um dragão negro, enquanto o título norte-americano faz referência ao herói do jogo - ou quase, já que, no original japonês, ele sequer tem nome, mas, na versão norte-americana, recebeu o nome de Black Tiger, o "tigre negro". Na história do jogo, três dragões atacaram um reino medieval fantástico, trazendo uma era de trevas que permitiu a proliferação de vários tipos de monstros. Um dia, um guerreiro decidiu dar um basta, e partiu para destruir os três dragões e libertar seu reino da opressão. Esse guerreiro, como era de se esperar, é o personagem controlado pelo jogador, o tal que recebeu o nome de Black Tiger na versão norte-americana.
Black Tiger é um jogo de plataforma; ao longo de oito fases, Black Tiger percorrerá várias seções do reino, enfrentando todo o tipo de monstro medieval fantástico, em sua busca pelos três dragões - que são os chefes das fases 3, 6 e 8. Em uma espécie de anticlímax, os três são iguaizinhos, contando com o mesmo padrão de ataque, com a única coisa diferente sendo sua cor (azul, vermelho e preto, respectivamente) e sua energia (com o último sendo bem mais difícil de matar). Os outros chefes também não são um primor de criatividade: nas fases 1 e 2, o chefe é uma espécie de totem de pedra vivo, sendo que na fase 1 ele tem dois andares e na fase 2 tem quatro; nas fases 5 e 7, o chefe é um homem-dragão, mais uma vez de cor diferente (primeiro roxo, depois verde) e com mais energia a cada combate; e, na fase 4, o chefe é Firebrand, de Ghosts 'n Goblins - que, depois, vira um inimigo normal de fase.
Além da alavanca direcional, Black Tiger só conta com dois botões, um para pulos e um para ataques. Black Tiger ataca simultaneamente com duas armas, uma bola espinhenta presa a uma corrente, que atinge o inimigo diretamente à sua frente, e três adagas, que são lançadas para frente em ângulos de 0, 25 e 50 graus; embora a bola espinhenta seja mais forte, matando os inimigos com menos golpes, as adagas são mais eficientes, pois conseguem atingir oponentes que estão mais longe ou levemente acima da cabeça do bárbaro - como as duas armas são disparadas simultaneamente de qualquer forma, entretanto, não faz muita diferença. Como é um jogo de arcades, o tempo que Black Tiger possui para completar cada fase é limitado (dois minutos por fase), com o jogador perdendo uma vida e tendo de recomeçar do início caso ele se esgote; ao longo das fases, felizmente, ele poderá recolher ampulhetas, que adicionam mais tempo ao disponível. Falando nisso, os itens que Black Tiger pode recolher pelas fases normalmente estão dentro de urnas, pequenos vasos de barro que precisam ser quebrados com ataques para que o item possa ser recolhido - uma exceção é o POW, que destrói todos os inimigos da tela quando recolhido, e está sempre à vista. Algumas paredes também podem ser destruídas com ataques, revelando itens escondidos. Cuidado, pois algumas urnas, quando quebradas, revelam inimigos.
A questão da energia de Black Tiger é curiosa: assim como o herói de outro game famoso da Capcom, Ghosts 'n Goblins, Black Tiger começa o jogo vestido com uma armadura, e, ao ser atingido, a perde, continuando a lutar "pelado" - na verdade, só de sunguinha. A diferença, no caso de Black Tiger, é que ele possui diferentes tipos de armadura, começando com a "básica", e podendo comprar, ao longo do jogo, outros quatro modelos, sendo que cada modelo aguenta uma determinada quantidade de dano antes de ser destruída e desnudar o pobre bárbaro - a básica aguenta um ataque, e as seguintes, em ordem de preço, aguentam dois, quatro, seis e oito. Nas mesmas lojas em que compra as armaduras, Black Tiger também pode comprar quatro novas bolas espinhentas, mais poderosas que a "padrão" com a qual começa o jogo, cada uma com ataques mais poderosos que a anterior - sendo que isso não influencia em nada o dano das adagas. É interessante notar que, independentemente de qual arma ou armadura você tiver comprado, sempre estará ativa a mais poderosa, ou seja, se você já comprou a armadura que aguenta oito ataques, de nada adianta comprar a que aguenta seis. Também é importante registrar que, uma vez que o jogador tenha comprado uma arma ou armadura, Black Tiger continuará com ela mesmo que o jogador use um continue, só a perdendo se for iniciado um novo jogo.
Digressionei, então, voltando à energia, Black Tiger possui uma armadura, e, quando a perde, tem de lutar indecente; ainda assim, ele poderá não morrer assim que receber um ataque enquanto desprotegido: no painel, há uma energia, no início do jogo representada por um quadrado vermelho - o que significa que Black Tiger só poderá receber um dano antes de morrer. Conforme o jogador soma pontos, entretanto, novos quadrados, laranja e amarelos, são adicionados a essa barra, o que significa que, para cada quadrado, sem armadura, Black Tiger pode receber mais um dano antes de perder uma vida. Esse sistema curioso leva a dois fenômenos interessantes: primeiro, Black Tiger tem não um, mas dois medidores de energia, com a "energia da armadura" sendo representada por um número ao lado de uma figura de armadura em um painel na parte inferior da tela, e a "energia mesmo" sendo representada pela tal barra na parte superior, e com a "energia mesmo" só sendo gasta após a "energia da armadura" se esgotar (quando Black Tiger perde a armadura); em segundo lugar, existem dois itens de recuperar energia diferentes, um para recuperar energia da armadura, outro para recuperar a energia de Black Tiger, sendo que o segundo é inútil enquanto Black Tiger estiver de armadura, mas o primeiro, se for coletado quando ele estiver sem armadura, confere a ele um nível de armadura (sendo o número máximo de níveis possíveis de serem recuperados com itens o número de danos que a armadura, quando "nova", aguenta antes de se partir). Vale ressaltar também que, quando o jogador usa um continue, os quadrados a mais que ele ganhou na energia de Black Tiger não se perdem, mas sua pontuação zera, ou seja, como cada quadrado é adicionado ao se alcançar uma pontuação específica, ganhar mais quadrados fica muito mais difícil.
Para comprar as novas armas e armaduras, Black Tiger precisará de dinheiro - e Black Tiger foi o primeiro game da Capcom a chamar oficialmente seu dinheiro de Zenny, nomenclatura que apareceria depois em outras séries da produtora, como Breath of Fire, Dead Rising, Mega Man Legends, Mega Man Battle Network e Monster Hunter. A forma mais comum de conseguir dinheiro é derrotando inimigos, que sempre deixam cair algumas moedas, mas, espalhadas pelas fases, estão várias estátuas, que, na verdade, são prisioneiros dos dragões que foram petrificados; ao tocar em uma delas, Black Tiger reverte o encanto, e, em agradecimento, o prisioneiro pode lhe dar Zennys, mais tempo, um conselho inútil ou acesso a uma loja, na qual estarão disponíveis para venda as armas, armaduras e dois outros itens (veja adiante). Uma parte mal-feita do jogo é que todos os prisioneiros desaparecem após cumprirem sua função, inclusive o que dá acesso à loja, ou seja, se Black Tiger entrar na loja, não comprar nada, sair e se arrepender, não poderá voltar, tendo que aguardar a próxima loja. Outra forma fácil de ganhar Zennys, e igualmente efêmera, são os dungeons: cada fase possui uma porta escondida escrito in ("entrada"); ao acessá-la, Black Tiger é levado a uma subfase cheia de baús e inimigos, podendo ganhar muitos Zennys - a parte de ser efêmera fica por conta do fato de que, após sair do dungeon (por uma porta escrito Exit, "saída"), Black Tiger jamais poderá voltar, e, se morrer lá dentro, voltará do início da fase, mas porta in estará trancada.
Falando em baús, eles estão espalhados pelas fases, e, para serem abertos, Black Tiger precisa de chaves - sendo que cada baú gasta exatamente uma chave. As chaves podem ser encontradas nas urnas espalhadas pelas fases, ou compradas nas lojas - sendo esse um dos "dois itens" à venda nas lojas além das armas e armaduras. A maioria dos baús contém Zenny ou itens, mas alguns contêm armadilhas, que tiram energia de Black Tiger se o acertarem. Finalmente, alguns inimigos, quando acertam Black Tiger, o deixam Envenenado ou Confuso; Envenenado, ele perde a capacidade de lançar adagas, tendo que atacar os inimigos apenas com a bola espinhenta, enquanto Confuso seus controles são invertidos (direita vira esquerda, cima vira baixo, o botão de pulo vira o de ataque e vice-versas). O outro item à venda nas lojas é a poção, que cura automaticamente um desses efeitos; Black Tiger pode, inclusive, estocar poções, com nesse caso uma delas sendo automaticamente usada quando ele sofrer o efeito. A quantidade de chaves e poções que Black Tiger tem em estoque são indicadas no painel da parte inferior da tela, junto com o nível de sua arma e a energia de sua armadura; no painel da parte superior ficam o placar, o tempo restante, a energia sem armadura e a quantidade de Zennys que ele já acumulou - bem como a energia do chefe durante uma luta contra um chefe.
Esses elementos exóticos seriam adicionados a um jogo de arcades de plataforma porque, na época do lançamento de Black Dragon, os jogos de RPG, capitaneados por Dragon Quest, estavam fazendo um sucesso enorme no Japão. Vendo um mercado em potencial, a Capcom, que na época só fazia jogos de arcade, levando em conta que um RPG para arcades era impossível, decidiria acrescentar vários elementos de RPG a um jogo de plataforma. Embora Black Tiger não tenha sido um gigantesco sucesso, a estratégia foi bem sucedida, e logo diversos outros jogos de plataforma e de ação passaram a contar com elementos semelhantes, principalmente o dinheiro e as lojas.
Uma versão para NES de Black Tiger chegaria a entrar em desenvolvimento, e seria anunciada, inclusive com fotos, em várias revistas especializadas; sem nenhuma explicação, porém, a Capcom a cancelaria, e o jogo não receberia versões caseiras para nenhum console. Como era comum para jogos de arcade na época, entretanto, seriam lançadas várias versões para computadores, mais especificamente para Commodore 64, Amstrad CPC, ZX Spectrum, Commodore Amiga e Atari ST; todas essas versões foram criadas por outras produtoras sob licença da Capcom, com graus variados de fidelidade ao original. Uma versão emulada do jogo dos arcades pode ser encontrada nas coletâneas Capcom Classics Collection Remixed para PSP, Capcom Classics Collection Vol. 2 para Playstation 2 e Xbox, e Capcom Arcade Cabinet para Playstation 3 e Xbox 360.
Um ano após o lançamento de Black Tiger, a Capcom lançaria sua nova placa Capcom Power System, que mais tarde ganharia o apelido de CPS-1. Até então, para cada jogo novo, a Capcom (assim como todas as outras produtoras de games para arcades) fazia uma placa nova, que só serviria para rodar aquele jogo. Em 1988, a Capcom decidiria criar uma placa que funcionasse mais ou menos como um videogame: o dono do estabelecimento interessado em ter um arcade com CPS-1 compraria a máquina apenas uma vez (somente comprando outras se desejasse ter mais de uma), e, cada vez que quisesse trocar o jogo, adquiria uma espécie de cartucho, bastando abrir a parte de trás da máquina e trocar o cartucho para trocar o jogo. Embora o sistema que popularizou esse método tenha sido o Neo Geo, a CPS-1 não o copiou, sendo, de fato, dois anos mais antiga, já que a placa AES, da SNK, que rodava os jogos do Neo Geo, só seria lançada em 1990 - vale dizer, entretanto, que a CPS-1 não foi a primeira placa a permitir a troca de jogos, cabendo essa honra à DECO Cassette System, da Data East, lançada em 1980, mas que, como seu nome sugere, não rodava os jogos a partir de cartuchos, e sim de fitas cassete, com o jogo devendo ser carregado para a memória da placa (às vezes durante horas) toda vez que era trocado. Vale dizer, também, que, após o lançamento do Neo Geo, a Capcom tentou imitar a SNK lançando, em 1994, um videogame chamado CPS Changer, que rodava os jogos da CPS-1; o videogame não foi bem sucedido, porém, e acabou sendo lançado apenas no Japão, e vendido durante apenas um ano.
Voltando ao que nos interessa hoje, após o lançamento da CPS-1, a Capcom decidiria lançar para ela um novo jogo no mesmo estilo de Black Tiger, que, apesar de não ser uma sequência per se, seria considerado por muitos jogadores como tal. Esse jogo se chama Magic Sword: Heroic Fantasy, e foi lançado para arcades em julho de 1990.
Magic Sword é ambientado em um mundo de fantasia sem nome. Nesse mundo, o feiticeiro Drokmar se apossou de um artefato conhecido como Orbe Negra, que lhe deu poder suficiente para dominar todo o planeta. Para detê-lo, um sábio reúne um grupo de aventureiros, que, liderado por um valente guerreiro, deve invadir a torre de Drokmar e derrotá-lo, libertando o mundo de sua opressão. No jogo, esse valente guerreiro não tem nome, mas, em material suplementar lançado no Japão, ele se chama Alan. Curiosamente, se dois estiverem jogando, um segundo guerreiro de aparência semelhante, mas cores diferentes, se une a Alan; seu nome, de acordo com o mesmo material suplementar, é Belger. Aparentemente, os nomes Alan e Belger são uma referência ao fato de que, no Japão, os jogadores 1 e 2 são conhecidos como Player A e Player B.
Mas Alan e Belger, sozinhos, não constituem um "grupo de aventureiros". Uma das coisas mais legais de Magic Sword é que, ao longo do jogo, os jogadores podem encontrar em determinados locais da torre seus companheiros, que passam a segui-los e ajudá-los durante um tempo. Os companheiros agem como uma "sombra" do jogador que os tocou primeiro, pulando quando o jogador pula e só atacando quando o jogador ataca, mas são extremamente úteis. Cada companheiro tem sua própria energia, recebendo dano normalmente dos ataques dos oponentes, e deixa de seguir o jogador quando sua energia se esgota. Cada jogador só pode recrutar um companheiro de cada vez, com o anterior indo embora caso ele recrute um novo enquanto ele ainda estava ativo.
Ao todo, estão disponíveis oito companheiros, com locais fixos para serem "recrutados", alguns podendo ser recrutados mais de uma vez ao longo do jogo: o Gigante é forte e tem bastante energia, mas é lento, atacando com um machado bumerangue; o Ninja é o personagem mais veloz, mas tem pouca força e energia, e ataca com de duas a cinco shuriken que quicam pelas paredes; a Amazona usa uma besta (aquela arma que dispara setas), é a que tem os ataques mais rápidos, mas é a personagem mais fraca, tendo velocidade e energia medianas; o Ladrão ataca com uma adaga lançada direto para a frente e três bombas que explodem quando caem no chão, só causando dano com suas explosões, tem velocidade, energia e força baixas, mas a habilidade de alertar sobre quais baús possuem armadilhas; o Cavaleiro, melhor dos companheiros, tem grande força, boa energia e velocidade, e ataca arremessando três lanças, que vão se separando conforme viajam pela tela; o Clérigo tem muita energia, mas pouca força e velocidade, atacando com uma espécie de escudo de magia que gira em torno de seu corpo, lançando bolas de energia em três direções diferentes quando disparado, e que causa dano em dobro contra mortos-vivos; o Mago ataca com esferas mágicas teleguiadas, tendo os ataques mais poderosos do jogo, mas pouca força, velocidade e energia; e o Homem-Lagarto, que não estava no grupo original e tem de ser convencido a ajudar (veja adiante), possui capacidade de voo limitada, boa força, velocidade e energia, um escudo que bloqueia alguns ataques dos oponentes, e ataca lançando três espadas diretamente para a frente. Assim como Alan e Belger, os companheiros não possuem nomes no jogo, mas, no material suplementar, são chamados, na ordem que os listei (que é a que eles aparecem na abertura do jogo), de Ooma, Kai, Sura, Derek, Lotar, Arioh, Niura e Ryugo.
Assim como Black Tiger, Magic Sword usa apenas dois botões, um para pulos e um para ataques, e tem dois painéis, um no alto da tela, um na parte de baixo. No painel da parte de baixo há uma "barra de magia", que se enche continuamente, se esvaziando totalmente cada vez que o jogador ataca. Toda vez que o jogador ataca com a barra de magia totalmente cheia, junto com seu ataque normal é disparada uma bola de fogo, que viaja diretamente para a frente. A barra de magia não afeta os ataques de seis dos companheiros; para o Clérigo e o Mago, porém, ela tem importância vital: o escudo do Clérigo só impede ataques dos oponentes se a barra estiver totalmente cheia, e tanto o Clérigo quanto o Mago só atacam se a barra estiver totalmente cheia, apenas acompanhando o jogador se ele atacar em outros momentos. Quando a barra não está totalmente cheia, Alan ataca com golpes de espada, e Belger com golpes de machado, ambos de curto alcance. Toda vez que um chefe é derrotado, Alan e Belger ganham uma arma mais poderosa, de alcance e dano um pouco maior; caso eles recebam muito dano de uma só vez, essa arma cai de suas mãos, e eles voltam a usar a anterior - a arma pode ser recolhida normalmente, mas cuidado para não sair de uma fase antes de recuperá-la, ou a perderá para sempre, devendo esperar a próxima luta contra um chefe para ganhar uma nova. Alan e Belger também possuem um "ataque desesperado", obtido apertando ambos os botões ao mesmo tempo, que destrói todos os oponentes da tela, mas gasta automaticamente uma barra de energia.
No painel da parte superior da tela há um mapa da fase, o placar, o número de vidas de cada jogador, a energia de cada jogador, a energia do chefe (quando enfrentando um chefe) e qual item o jogador está carregando no momento (veja adiante). Na parte inferior temos a barra de magia; a foto, nível e energia do atual companheiro, se houver algum; o número da fase; e a quantidade de chaves que cada jogador tem. Existem três tipos de chaves, as de prata, as de ouro e as de platina; chaves aqui não são usadas para abri baús (que são abertos na porrada, ou seja, quando atingidos por ataques), e sim portas. Por detrás das portas normalmente são encontrados companheiros, mas algumas escondem itens. Mesmo que você não use todas as chaves que encontrar, é importante pegar todas, pois as chaves que você pegou durante uma fase valem pontos extras ao final da mesma.
Existem duas formas de se conseguir itens: abrindo baús (que podem ter armadilhas, então é bom não sair abrindo todos sem mais nem menos) e derrotando inimigos, sendo que a maioria dos inimigos só deixa cair dinheiro, que consiste em moedas e pedras preciosas de vários tamanhos, cada uma com um valor em pontos. Além das chaves e do dinheiro (que, aqui, só vale pontos, já que não há loja), o item mais comum é a comida, e com razão: talvez devido à fadiga de enfrentar os inimigos, a energia de Alan e Belger (mas não a dos companheiros) diminui continuamente, mesmo que eles não recebam dano, e a comida é o item que faz com que eles recuperem energia. Companheiros não recuperam energia com comida, e sim quando o jogador encontra outro tipo de item, o coração azul. Outros três itens também servem para recuperar energia: o ovo de fada liberta uma fadinha que espalha comida pela proximidade do jogador, o catavento recupera uma barra inteira da energia do jogador, e a lagosta recupera energia do jogador e de seu companheiro simultaneamente. O coração azul, como foi dito, recupera energia dos companheiros, enquanto o coração vermelho aumenta seu nível em 1. Cada companheiro tem um nível que vai de 1 a 7, que é mantido caso você o dispense (ou ele morra) e mais tarde o recrute novamente. Quanto maior o nível, mais poderosos serão os ataques do companheiro, e menos energia ele perderá quando for atingido. Finalmente, há dois itens "do mal": o carvão em brasa diminui o nível de um companheiro, enquanto o cogumelo envenena o jogador, deixando-o incapaz de atacar durante alguns segundos. Curiosamente, alguns companheiros deixam cair itens quando recrutados, sendo que o Ladrão sempre deixa cair um cogumelo.
Além dos itens normais, oito itens especiais estão escondidos pelas fases: o anel de diamantes permite que o Homem-Lagarto se torne um companheiro, a coroa aumenta a resistência do jogador a ataques mágicos, a manopla aumenta a força do jogador, o vaso dourado faz com que a energia dos companheiros se recarregue lentamente com o tempo, a bola de cristal aponta onde existem itens escondidos, o pingente dobra os pontos que o jogador ganha por cada ação que efetua, a poção mágica aumenta a velocidade com a qual a barra de magia se enche, e o pergaminho aumenta a probabilidade de os inimigos deixarem cair itens bons quando derrotados. Cada jogador só pode usar um desses itens especiais de cada vez, devendo abrir mão do anterior quando desejar se equipar com um novo.
Magic Sword tem bem menos elementos de plataforma que Black Tiger - não há abismos, por exemplo - sendo um jogo no estilo hack and slash, no qual o objetivo é andar para a frente derrotando inimigos até alcançar o final da fase. Ao todo, o jogo tem 51 fases curtas, sendo que a primeira, no exterior da torre, não é numerada (ou seja, a fase 1 é, na verdade, a segunda fase). Cada fase a partir da segunda é um dos andares da torre, que tem 50 deles, com Drokmar aguardando no último. Apesar das 51 fases, Magic Sword só tem sete chefes: a quimera (na "fase zero", na fase 12 e na fase 49, cada vez com ataques diferentes e mais energia), o dragão dourado (fase 4), os vermes gigantes (fase 24), o dragão de duas cabeças (fase 36) e Drokmar (fase 50). Curiosamente, após derrotar Drokmar, você pode escolher entre dois finais: destruir a Orbe Negra ou pegá-la para si, se tornando o novo governante do planeta.
Magic Sword foi um gigantesco sucesso nos arcades do Japão, e um sucesso moderado nos EUA. O jogo ganharia uma versão para Super Nintendo em 1992, com gráficos um pouco piores, menos inimigos por fase, e para apenas um jogador. Uma versão emulada do jogo dos arcades também pode ser encontrada nas coletâneas Capcom Classics Collection Remixed para PSP, Capcom Classics Collection Vol. 2 para Playstation 2 e Xbox, e, estranhamente, em Final Fight: Double Impact, para Playstation 3 e Xbox 360.
O sucesso de Magic Sword levaria, finalmente, ao lançamento do jogo quer dá título a esse post, The King of Dragons, também lançado para arcades usando a placa CPS-1, em setembro de 1991. The King of Dragons é ambientado no mundo medieval fantástico de Malus, que sofre com ataques de criaturas malignas comandadas pelo dragão Gildiss. Cinco valorosos guerreiros se unem para viajar até o covil do dragão, visando derrotá-lo e libertar o reino de sua opressão. O jogo é no estilo beat 'em up, semelhante a Final Fight, com os personagens podendo se mover em todas as direções na tela, sendo impossível voltar depois que a tela avança, e sendo necessário derrotar ondas de inimigos antes que seja possível avançar; diferentemente de beat 'em ups tradicionais, porém, The King of Dragons não tem combos, com os personagens atacando golpe a golpe. Os controles são como os de Magic Sword: um botão para pulos, um para ataques, e um ataque mágico que destrói muitos dos inimigos da tela, ao custo de parte de sua energia, quando ambos os botões são pressionados.
Assim como Final Fight, The King of Dragons permite até três jogadores simultaneamente, cada um deles podendo escolher dentre cinco personagens diferentes: o Guerreiro tem boa força e velocidade e defesa baixa, mas é o que mais recupera energia ao pegar itens; o Clérigo é o que recebe menos dano dos ataques inimigos, tendo força e velocidade medianas; o Anão é o mais forte, mas também o mais lento, tendo defesa mediana; o Elfo é o mais veloz, mas tem força e defesa baixas; e o Mago tem defesa e velocidade baixas e pouca energia, mas as compensa com seus ataques mágicos. O Elfo e o Mago podem atacar a distância (o Elfo ataca com flechas, o Mago com suas magias), sendo que cada seta do elfo só acerta um único inimigo, enquanto as magias do Mago podem acertar mais de um de uma vez só. O Guerreiro, o Clérigo e o Anão só podem atacar inimigos próximos, cada um tendo um alcance diferente (com o do Guerreiro sendo o melhor e o do Anão o pior); além disso, o Guerreiro, o Clérigo e o Anão possuem um escudo cada um, e, se o jogador colocar o direcional para trás no exato momento em que um ataque (exceto agarrões e alguns ataques dos chefes) for atingir o personagem, ele o defende com o escudo, não recebendo dano algum. Assim como em Magic Sword, os personagens não têm nomes no jogo, mas os têm no material suplementar, se chamando, na ordem que os descrevi, Derek, Aldo, Vargas, Rabel e Lejei.
Assim como em Black Tiger, a pontuação de cada jogador faz as vezes de pontos de experiência: ao alcançar determinadas pontuações, os personagens ganham novos níveis; cada personagem começa no nível 1, e, teoricamente, pode chegar até o nível 99 (embora o normal seja terminar o jogo chegando entre o 15 e o 20). Entre os níveis 2 e 8, a cada novo nível a energia máxima do personagem fica maior; a partir do nível 9, ele ganha bônus em seus ataques e defesas. Também como em Black Tiger, usar um continue não remove os níveis já alcançados, mas zera a pontuação, fazendo com que seja mais difícil alcançar novos níveis. Além de servir para ganhar novos níveis, a pontuação também serve para ganhar vidas extras.
Existem três formas de se ganhar itens durante o jogo: alguns estão espalhados pelo cenário, alguns são derrubados por inimigos derrotados, alguns estão dentro de "baús" (que podem ser baús mesmo ou caixas, barris e outras coisas quebráveis). A maior parte dos itens encontrados no jogo são sacos de dinheiro e pedras preciosas, que valem pontos, ou frutas e poções, que recuperam parte da energia dos personagens, mas, raramente, pode ser encontrado um cristal mágico, que fica flutuando e pode ser "empurrado" pelos jogadores, criando um ataque que atinge a vários dos inimigos na tela quando destruído. Existem cinco tipos de cristal mágico: o do raio faz com que três raios caiam dos céus e fulminem os inimigos próximos (esse é o ataque mágico que custa energia para o Mago, Elfo e Clérigo, e, toda vez que um Anão ou Guerreiro perde todas as suas vidas, ele deixa cair um cristal do raio), o do fogo faz com que quatro pilares de fogo saiam do chão, destruindo os inimigos próximos (esse é o ataque mágico que custa energia para o Anão e o Guerreiro, e, toda vez que um Mago, Elfo ou Clérigo perde todas as suas vidas, ele deixa cair um cristal do fogo), o da estrela causa uma chuva de meteoros que destrói todos os inimigos da tela, o do sapo transforma parte dos inimigos da tela em sapos inofensivos, e o da joia transforma até quatro inimigos da tela em rubis. Como nos dois outros jogos desse post, alguns baús também podem conter armadilhas.
Os baús também guardam novas armas e escudos para o Guerreiro, o Clérigo e o Anão, novas armas para o Elfo, e novos itens mágicos para o Mago; a arma, escudo ou item mágico que está dentro do baú depende do nível do personagem que abriu o baú, sendo que uma nova arma aumenta o dano causado pelos ataques do personagem, um novo escudo diminui o dano que ele recebe dos oponentes (não só quando ele usa o escudo para bloquear ataques), e os itens mágicos servem a ambas as funções, com alguns itens mágicos aumentando o dano causado pelas magias, e outros diminuindo o dano que o Mago recebe dos ataques oponentes. O nível da arma, escudo ou item mágico de cada personagem pode ser conferido no painel, presente na parte inferior da tela, que traz também uma foto do personagem, seu "nome" (Guerreiro, Clérigo, Anão, Elfo ou Mago), sua energia (mostrada tanto em forma de barra quanto de número), seu nível e quantas vidas ele ainda tem. O placar, o tempo para concluir cada fase e a energia dos chefes (quando enfrentando um chefe) estão presentes na parte superior da tela.
The King of Dragons conta com 16 fases, a maioria bastante curta; todas elas, exceto a fase 5, contam com um chefe cada, sendo que alguns dos chefes das primeiras fases retornam como subchefes nas fases mais avançadas. Os chefes, como era de se esperar, são criaturas mitológicas, como ciclopes, minotauros, wyverns, hidras e dragões; Gildiss, o último chefe, é um dragão tão gigantesco que nem cabe na tela, com o jogador só conseguindo atacar seus braços e sua cabeça. Vale citar como curiosidade que o chefe da fase 11 é o homem-dragão de Black Tiger, e que, dentre os inimigos normais de fase, há um perigosíssimo, o batedor de carteiras, que, quando atinge os personagens com seus ataques, diminui seu placar, fazendo com que fique mais difícil avançar de nível.
Assim como Magic Sword, The King of Dragons ganharia uma versão para Super Nintendo, lançada em 1994, essa bastante fiel à original, exceto pelo fato de permitir apenas dois jogadores simultâneos ao invés de três (por motivos óbvios). Além disso, na versão Super Nintendo a defesa com o escudo e o ataque que custa energia têm cada um um botão próprio, e as vidas extras são adquiridas por itens (uma plantinha), não por pontuação. Uma versão emulada do jogo dos arcades também pode ser encontrada nas coletâneas Capcom Classics Collection Remixed para PSP, Capcom Classics Collection Vol. 2 para Playstation 2 e Xbox, e Capcom Beat 'em Up Bundle, para Playstation 4, Xbox ONE, Nintendo Switch e Windows.
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