domingo, 24 de junho de 2018

Escrito por em 24.6.18 com 1 comentário

Mulher-Aranha

Meu primeiro contato com super-heróis foi através de desenhos animados; somente bem depois eu comecei a ler os quadrinhos. Isso levou a algumas situações inusitadas, como, por exemplo, o fato de que, quando eu era criança, adorar o desenho da Mulher-Aranha, mas, quando comecei a ler quadrinhos, a Mulher-Aranha que encontrei era outra, totalmente diferente, o que me fez acreditar durante muitos anos que a Mulher-Aranha dos desenhos havia sido criada especificamente para os desenhos - somente já após a popularização da internet que eu descobri que ela também existia nos quadrinhos, embora não desse as caras há bastante tempo.

Essa semana, eu estava conversando com meu sobrinho, que já viu todos os filmes da Marvel, mas nunca leu os quadrinhos (o que o faz achar que algumas coisas foram inventadas especificamente para os filmes, quando na verdade também existiam nos quadrinhos, mas isso já não é assunto pra hoje), e acabei me lembrando dessa história e achando que seria legal fazer um post sobre a Mulher-Aranha. Assim, hoje é dia de Mulher-Aranha no átomo!

A decisão de criar uma Mulher-Aranha partiu de Stan Lee, motivado pelo medo de que alguma outra editora lançasse uma para concorrer com o Homem-Aranha, o principal herói da Marvel. Tudo começou na década de 1960, quando Stan Lee e Jack Kirby criaram um novo vilão para a revista dos Vingadores, chamado Magnum, cujo nome em inglês era Wonder Man - o "Homem Maravilha". Magnum estrearia na revista The Avengers 9, morrendo naquela mesma edição; pelos planos de Stan Lee, em breve, entretanto, ele seria ressuscitado e passaria a fazer parte dos Vingadores como um herói. Esse "em breve", porém, acabaria se arrastando por um tempo maior que o previsto, pois, após a estreia de Magunum, a DC processaria a Marvel, dizendo que o nome do personagem era claramente um plágio do nome da Mulher Maravilha (que, em inglês, é Wonder Woman). Para que a DC retirasse o processo, Stan Lee decidiria abrir mão de sua ideia de voltar a usar personagem, fazendo com que ele se tornasse um vilão de aparição única, algo que nem era tão incomum na época.

Pouco mais de uma década após a malfadada estreia do "Homem Maravilha", contudo, a DC surpreenderia a Marvel lançando uma nova personagem chamada Poderosa (cujo nome, em inglês, era Power Girl), que faria sua estreia na All Star Comics 58, de janeiro de 1976. A princípio o lançamento de uma nova heroína não causaria nenhuma surpresa na concorrente, não fosse o fato de que Luke Cage, um dos principais heróis da Marvel na década de 1970, que estreou na revista Luke Cage, Hero for Hire 1, de junho de 1972, costumava usar o codinome Power Man - que, no Brasil, virou Poderoso, que na verdade era até bem pouco usado - com, inclusive, a revista mudando de nome para Luke Cage, Power Man, na edição 17, de janeiro de 1974. Stan Lee, evidentemente, ficou muito chateado com a atitude da DC, e tomou duas decisões: primeiro, realmente ressuscitar o Magnum e incorporá-lo aos Vingadores, o que acabaria acontecendo na The Avengers 160, de junho de 1977; segundo, criar uma Mulher-Aranha o mais rápido possível, antes que a DC, ou qualquer outro concorrente, fizesse uma.

Stan Lee, porém, não achava muita graça em super-heroínas como a Supergirl e a Batgirl, que nada mais eram que versões femininas do heróis a quem eram associadas (no caso, do Super-Homem e do Batman), com uniformes quase idênticos e seus mesmos poderes e fraquezas, e decidiu que a Mulher-Aranha seria uma personagem totalmente diferente do Homem-Aranha, tanto em aparência quanto nos poderes, que teriam como única semelhança o fato de serem equivalentes às habilidades das aranhas. Stan Lee, entretanto, não planejava fazer da personagem uma heroína Marvel duradoura, pretendendo que ela apenas estrelasse uma ou duas revistas para que a propriedade da Marvel sobre o nome fosse estabelecido; por causa disso, ele não criaria a personagem ele mesmo, passando a tarefa a Archie Goodwin, na época editor da Marvel e roteirista da revista Marvel Spotlight, que, a cada edição, trazia uma história de um personagem diferente. Goodwin criaria a Mulher-Aranha de acordo com a vontade de Lee, com a aparência da personagem ficando a cargo da desenhista Marie Severin, famosa por seu período à frente da revista do Hulk. Por essa razão, Goodwin e Severin são considerados os criadores da Mulher-Aranha, que estrearia na Marvel Spotlight 32, de fevereiro de 1977, com roteiro de Goodwin e arte de Sal Buscema. Nessa edição, ela era uma espiã treinada pela Hydra, a principal organização criminosa do Universo Marvel, enviada para invadir uma base da SHIELD e matar seu líder, Nick Fury. Seu codinome "Mulher-Aranha" vinha do fato de que ela possuía força, velocidade, vigor, reflexos e sentidos proporcionais aos de uma aranha, além da habilidade de escalar paredes e da capacidade de manipular feromônios, deixando seus oponentes com medo ou distraídos por sua aparência, e de disparar rajadas bioelétricas pelos dedos, capazes de atordoar ou até matar adversários - diferentemente do Homem-Aranha, entretanto, ela não usava qualquer tipo de teia (embora duas aletas com aparência de teia sob os braços de seu uniforme permitissem que ela "voasse", planando por longas distâncias) nem tinha o "sentido de aranha" para alertá-la de perigos.

Assim como Magnum, a Mulher-Aranha começou como uma vilã, mas, logo em sua primeira aparição, ocorreu uma reviravolta que viria a transformá-la em heroína, com ela decidindo passar para o lado dos mocinhos e destruir o quartel-general da Hydra. Durante essa epifania, ela descobriria também um fato aterrorizante de seu passado: ela não era humana, e sim uma aranha geneticamente modificada pelo vilão Alto Evolucionário - cujo principal hobby era justamente evoluir artificialmente animais para que eles ficassem com inteligência humana e caminhassem sobre duas pernas, mais ou menos como fazia o cientista louco do livro A Ilha do Dr. Moreau. A Mulher-Aranha seria a maior das criações do Alto Evolucionário, que lhe daria o nome de Arachne, pois, além de manter todas as suas características de aranha, seria evoluída até ficar totalmente indistinguível de um humano comum. Após um incidente, ela perderia sua memória, e acabaria sendo encontrada e treinada pela Hydra.

Inesperadamente, a estreia da Mulher-Aranha seria um imenso sucesso, com centenas de cartas elogiando a nova personagem e pedindo por mais aventuras dela. Goodwin, então, decidiria pedir a Marv Wolfman, roteirista da revista Marvel Two-in-One (que trazia histórias nas quais o Coisa, separado do Quarteto Fantástico, sempre agia ao lado de outros heróis Marvel), que escrevesse uma história co-estrelada pelo Coisa e pela Mulher-Aranha. Wolfman escreveria uma história em quatro partes, publicada nas edições de 30 a 33, lançadas entre agosto e novembro de 1977, na qual o Coisa e sua namorada, Alicia Masters, viajam a Londres e acabam se envolvendo em um plano da Hydra, com a Mulher-Aranha os ajudando a derrotar os vilões. Mais uma vez, cartas inundariam a redação pedindo por mais histórias da Mulher-Aranha, o que levaria Goodwin a tomar a decisão mais lógica: lançar uma revista estrelada somente por ela.

Wolfman era contra a origem da Mulher-Aranha como aranha evoluída, acreditando que os leitores dos anos 1970 a achariam pouco plausível, e, durante a história publicada na Marvel Two-in-One, revelaria que, na verdade, ela era humana, e que, como parte de seu condicionamento como agente da Hydra, suas memórias originais haviam sido apagadas e memórias falsas de que ela era uma aranha evoluída haviam sido implantadas, para que ela ficasse mais suscetível ao controle dos vilões. Na primeira edição de sua própria revista, Spider-Woman, lançada em abril de 1978, seria revelado que o nome verdadeiro da Mulher-Aranha era Jessica Drew (nome que Wolfman criou unindo o nome de sua própria filha ao da personagem preferida da menina, a detetive Nancy Drew), e que seus poderes eram fruto de um soro experimental criado por seu pai, o cientista inglês Jonathan Drew, a partir do sangue de uma aranha irradiada com urânio, o qual ele injetou na menina para salvá-la de envenenamento por radiação.

Wolfman também achava o uniforme da Mulher-Aranha um tanto estranho, e pediu ao veterano desenhista Carmine Infantino, escolhido para ilustrar a revista Spider-Woman, que "abrisse" o topo da máscara da personagem, revelando longos cabelos negros - em sua primeira aparição, na Marvel Spotlight 32, os cabelos de "Arachne" eram curtos e castanho-claros. Infantino faria um esboço da personagem com a mudança proposta por Wolfman, que adoraria, estabelecendo, assim, o visual icônico da Mulher-Aranha - falando em visual icônico, vale citar como curiosidade, também, que, hoje, o uniforme da Mulher-Aranha é considerado "o mais justo das histórias em quadrinhos", graças a uma técnica que ninguém sabe qual desenhista inventou, mas acabou sendo seguida pelos demais que assumiram a personagem: ao invés de desenhá-la de uniforme, os desenhistas costumam fazê-la como se estivesse nua, deixando ao colorista a missão de manter a revista apropriada para todas as idades.

Em sua nova revista, Drew agia em Londres, tentando se livrar de seu passado criminoso enquanto enfrentava vilões ligados à magia e ao misticismo, como Morgana Le Fay e os Irmãos Grimm, e lidava com um agente da SHIELD, chamado Jerry Hunt, apaixonado por ela. Wolfman ficaria com os roteiros até a edição 8, alegando estar sobrecarregado para deixar a série, mas mais tarde revelando que não gostava muito da personagem, e jamais se sentiu à vontade escrevendo suas histórias. Infantino, por outro lado, mais de uma vez declarou adorar desenhá-la, e permaneceu até a edição 19.

Wolfman seria subsituído nos roteiros pelo então iniciante Mark Gruenwald, que manteria o mesmo clima de magia e misticismo de seu antecessor. As vendas, entretanto, começariam a cair, e, para tentar alavancá-las, a Marvel trocaria a equipe criativa, colocando Michael Fleisher à frente dos roteiros e Frank Springer responsável pelos desenhos a partir da edição 20, de novembro de 1979, com Springer sendo subsituído por Steve Leialoha a partir da 25. Fleisher abandonaria os elementos místicos e transformaria a Mulher-Aranha em uma espécie de caçadora de recompensas, viajando pelo mundo atrás de criminosos procurados e do eventual supervilão que está causando problemas a alguém - em sua primeira edição como roteirista, inclusive, Fleisher levaria a Mulher-Aranha até Nova Iorque, colocando-a, pela primeira vez, frente a frente com o Homem-Aranha.

Mas o tiro da Marvel sairia pela culatra, com diversas cartas de fãs reclamando que Fleisher havia tirado todos os elementos que faziam da Mulher-Aranha uma heroína diferente, e a tornado igual a todos os outros. Pior ainda, após o lançamento da Mulher-Hulk, em fevereiro de 1980, muitos leitores que não estavam acostumados com a Mulher-Aranha passaram a imaginar que as duas heroínas seguiam a mesma fórmula que a DC adotou para a Supergirl e a Batgirl, e escreveriam cartas para a redação reclamando do fato de dois dos principais heróis Marvel terem ganhado versões femininas. Dennis O'Neil, então editor da Marvel, porém, decidiria continuar apostando na personagem, e, em novembro de 1980, substituiria Fleisher por Chris Claremont, roteirista então já bastante famoso por suas histórias dos X-Men, que faria sua estreia com a Mulher-Aranha na edição 32. Claremont transformaria Drew em uma detetive particular, colocando também foco em suas aventuras sem máscara.

Claremont e Leialoha decidiriam ambos sair para se dedicar a outros projetos no final de 1982, sendo sua última edição a 46, de outubro; então, as vendas da série já estavam insustentavelmente baixas, e Gruenwald, promovido a editor, receberia a notícia de que a Marvel iria cancelar o título na edição 50. Ele decidiria arriscar e contratar uma dupla de novatos, a roteirista Ann Nocenti e o desenhista Brian Postman, para as quatro últimas edições; Nocenti (que, na capa da edição 50, inclusive, aparece vestida de Mulher-Aranha) seria ousada, e, na última edição, mataria a Mulher-Aranha em um combate contra Morgana Le Fay, argumentando que super-heróis "vivem em um mundo violento, e de vez em quando você sente que alguém tem que morrer, senão as histórias ficam irreais". Com a morte da protagonista, Spider-Woman seria cancelada em junho de 1983.

Após o cancelamento, a redação seria inundada por cartas furiosas com a morte de Drew, o que fez com que Gruenwald se arrependesse da decisão e decidisse ressuscitá-la. No início de 1984, Nocenti passaria a ser roteirista da revista dos Vingadores, e Gruenwald pediria que ela escrevesse uma história trazendo a Mulher-Aranha de volta à vida, que seria publicada em duas partes, na The Avengers 240 e 241, em fevereiro e março de 1984, com arte de Al Milgrom. Durante mais de vinte anos após sua ressurreição, entretanto, Drew seria uma personagem pra lá de secundária, sequer chegando a voltar a ser a Mulher-Aranha: em 1988, ela se tornaria uma personagem regular na revista Wolverine, fazendo parte do elenco de apoio como detetive particular, sem jamais aparecer de uniforme, embora ocasionalmente usasse seus poderes; em 1999, ela apareceria da mesma forma, como detetive particular, numa nova versão da revista Spider-Woman, estrelada por outra personagem, Mattie Franklin; e, em 2003, mais uma vez como detetive particular, ela seria coadjuvante na revista Alias, protagonizada por Jessica Jones.

Em 1996, Gruenwald decidiria relançar a personagem, escrevendo para a revista The Sensational Spider-Man Annual '96 uma história chamada "O Retorno da Mulher-Aranha", na qual ela aparecia pela primeira vez de uniforme em mais de uma década, e que terminava com a sugestão de que a Mulher-Aranha retornaria como co-protagonista em uma edição da revista Spider-Man Team Up, que mostrava o Homem-Aranha agindo ao lado de outros heróis Marvel, assim como ocorria com o Coisa na Marvel Two-in-One. Mas Gruenwald, infelizmente, faleceu antes mesmo de a revista ser publicada - ele faleceu em agosto, a revista foi às bancas em novembro de 1996 - e o projeto de relançar a Mulher-Aranha acabou engavetado. Hoje, a história publicada em The Sensational Spider-Man Annual '96 é considerada como ocorrida em uma realidade alternativa, fora do cânone da personagem.

Enquanto Drew atuava como detetive particular, duas outras super-heroínas usariam o nome "Mulher-Aranha". A primeira seria Julia Carpenter, que estrearia durante a saga Guerras Secretas, em Marvel Super Heroes Secret Wars 6, de outubro de 1984. Criada pelo roteirista Jim Shooter e pelo desenhista Mike Zeck, a segunda Mulher-Aranha tinha um uniforme preto bem parecido com o novo uniforme que o Homem-Aranha ganharia durante a saga, e que, no futuro, viria a ser revelado como o simbionte que deu origem ao vilão Venom - aliás, quando o Homem-Aranha usa a máquina que acha que transforma seus pensamentos em um novo uniforme e vê que esse novo uniforme é preto, a conclusão a qual ele chega é a de que isso ocorreu porque ele estava pensando na Mulher-Aranha. Assim como Drew, Carpenter possui força, velocidade, vigor, reflexos e sentidos proporcionais aos de uma aranha e pode escalar paredes, mas, assim como o Homem-Aranha, também dispara teias, sendo que, no caso dela, essas teias são feitas de energia psicocinética.

Muito pouco seria explicado sobre a nova Mulher-Aranha em Guerras Secretas, com sua história e a origem de seus poderes só sendo reveladas em aparições futuras: amiga de infância de Val Cooper, personagem recorrente nas histórias da Marvel que trabalha para o governo, Carpenter foi selecionada para um "estudo atlético" que, na verdade, era um programa secreto para criar um super-herói, e que injetou nela um soro que misturava veneno de aranha e extratos de plantas exóticas, resultando em seus poderes. Diferentemente de Drew, Carpenter passaria toda a sua carreira como membro de equipes, fazendo parte, por exemplo, dos Vingadores, dos Vingadores da Costa Oeste e da Força-Tarefa; por causa disso, ela jamais teve uma revista própria, sempre aparecendo nas publicações dos colegas. A única vez em que Carpenter foi uma protagonista solo foi durante a minissérie Spider-Woman, com quatro edições lançadas entre novembro de 1993 e fevereiro de 1994, com roteiro de Roy Thomas e arte de John Czop, na qual ela enfrentava a Teia da Morte, um grupo de supervilões criados pelo mesmo programa secreto do governo que lhe deu seus poderes de aranha.

Após o retorno de Drew, para que o Universo Marvel não ficasse com duas Mulheres-Aranha, Carpenter passaria a usar o codinome Arachne. Atualmente, ela é a nova Madame Teia, substituindo Cassandra Webb, que, antes de morrer, lhe passou vários poderes mentais, como telepatia, clarividência e o dom da precognição, mas também a deixou cega e paraplégica. Vale citar que, curiosamente, durante sua carreira, Carpenter foi a segunda Mulher-Aranha, a segunda Arachne e a segunda Madame Teia.

A terceira Mulher-Aranha foi a já citada Mattie Franklin, que estreou em The Spectacular Spider-Man 262, de novembro de 1998, criada pelo roteirista John Byrne e pelo desenhista Rafael Kayanan. Mattie possui força, velocidade, vigor, reflexos e sentidos proporcionais aos de uma aranha, pode escalar paredes, tem um "sentido de aranha" similar ao do Homem-Aranha, uma fraca telepatia, e ainda pode projetar pernas e teias de aranha feitas de energia psiônica, tendo obtido todos esses poderes por acidente - originalmente, eles eram destinados a Norman Osborn, que iria usá-los para enfrentar seu maior desafeto de igual para igual, mas Mattie se intrometeu durante o procedimento. Mattie foi coadjuvante durante algumas histórias do Homem-Aranha até ganhar sua própria série, a terceira versão da revista Spider-Woman, com 18 edições publicadas entre julho de 1999 e dezembro de 2000. A personagem jamais foi popular dentre os fãs, a revista jamais vendeu bem, e, após seu cancelamento, Mattie caiu no ostracismo - suas únicas aparições foram nas edições 16 a 21 de Alias, entre janeiro e junho de 2003, na qual, mesmo assim, passa a maior parte da história desmaiada; e na segunda versão da revista Runaways, protagonizada pelos Fugitivos, entre abril de 2005 e agosto de 2008, na qual fez parte de uma equipe de super-heróis adolescentes chamada Excelsior.

No início dos anos 2000, o roteirista Brian Michael Bendis quis usar Drew como protagonista pra uma nova série, chamada Alias, que mostraria seu dia a dia como detetive particular; nessa série, ela abriria mão definitivamente de ser a Mulher-Aranha, com referências a seu passado como super-heroína sendo pontuadas por frases como "eu não faço mais isso". O editor da Marvel na época, Bill Jemas, adoraria a ideia da série, mas não concordaria com o uso de Drew, e convenceria Bendis de que, para alcançar o potencial máximo da série, ele deveria usar uma personagem nova; Bendis, então, trocaria o sobrenome da personagem e criaria Jessica Jones, que seria retroativamente incorporada ao Universo Marvel, como se tivesse sido uma super-heroína na Era de Prata e depois desistido da carreira para se tornar detetive particular.

Mas Bendis, fã da Mulher-Aranha original, não desistiu, e, ao assumir os Vingadores, em 2005, fez de Drew uma das protagonistas da nova série The New Avengers, estrelada por uma nova e reformulada equipe de Vingadores após os eventos da saga A Queda, composta por Capitão América, Homem de Ferro, Homem-Aranha, Wolverine, Luke Cage e Mulher-Aranha. O retorno da primeira Mulher-Aranha aos quadrinhos se mostraria bombástico, com centenas de antigos e novos fãs pedindo pela reimpressão de seu material original, o que a Marvel faria em uma série de coletâneas lançadas entre 2005 e 2007. Para aproveitar a onda, também seria lançada a minissérie Spider-Woman: Origin, com roteiro de Bendis e Brian Reed e arte de Jonathan e Joshua Luna, em cinco edições entre fevereiro e junho de 2006, na qual a origem dos poderes de Drew era recontada com algumas modificações - por exemplo, a pesquisa de seu pai era financiada pela Hydra, e ela jamais foi envenenada por radiação nem recebeu qualquer soro experimental, ganhando seus poderes ainda no útero de sua mãe, atingida quando estava grávida por um laser que codificava o DNA de várias espécies de aranha, usado para tentar incorporar as habilidades das aranhas ao genoma humano.

Drew não ganharia, ainda, uma nova revista solo, vivendo todas as suas aventuras junto com os Vingadores; isso fazia parte de um plano de Bendis, que, desde que a incorporou à equipe pela primeira vez, já tinha uma ideia surpreendente em mente: em 2009, durante a saga Invasão Secreta, seria revelado que a Mulher-Aranha que se uniu aos Novos Vingadores não era Jessica Drew, e sim a Rainha Skrull Veranke, que assumiu seu lugar como parte de um grande plano dos Skrulls para dominar o planeta se passando por alguns dos principais super-heróis da Marvel. Os Skrulls seriam derrotados, e Drew, que estava sendo mantida como sua prisioneira, seria libertada e "reassumiria" seu lugar nos Vingadores, tendo de lidar, porém, com o fato de que uma impostora manchou sua reputação durante um bom tempo.

Após seu retorno, Drew ganharia uma nova série solo, a quarta versão da revista Spider-Woman, lançada em novembro de 2009, com roteiros de Bendis e arte de Alex Maleev, na qual ela é contratada pela organização internacional ESPADA para caçar Skrulls que ainda estão infiltrados na Terra. Prevista para ser regular, a nova série acabaria se tornando uma minissérie em sete edições, com a última lançada em maio de 2010, graças a um erro de planejamento da Marvel: originalmente, a série seria produzida em conjunto com uma motion comic - uma espécie de história em quadrinhos com movimento, visualizada através da internet - mas isso acabou sobrecarregando Maleev, que, após o fim do primeiro arco de histórias, pediu para deixar o título; ao invés de substituí-lo por outro artista, Bendis decidiria encerrar a série e continuar escrevendo histórias da Mulher-Aranha apenas como parte dos Vingadores.

Depois do cancelamento de The New Avengers, Drew passaria a fazer parte da equipe regular dos Vingadores, aparecendo na revista The Avengers entre julho de 2010 e janeiro de 2013; depois de um ano de inatividade, ela passaria a fazer parte dos Vingadores Secretos, entre maio de 2014 e junho de 2015. Nesse meio-tempo, ela seria uma das principais personagens da saga Aranhaverso, publicada nas revistas do Homem-Aranha.

Durante o Aranhaverso, Drew ganharia uma nova série regular, a quinta Spider-Woman, lançada em janeiro de 2015, com roteiros de Dennis Hopeless e arte de Greg Land. Essa série se tornaria famosa porque, na edição 5, Drew ganharia um novo uniforme, na primeira mudança desde que o original foi criado - dizem alguns, motivado pelo já citado fato de que o primeiro era indecentemente justo, com muitas reclamações chegando à Marvel após uma capa variante da primeira edição ter sido desenhada por Milo Manara, conhecido ilustrador de histórias eróticas.

A série seria cancelada na edição 10, de outubro de 2015, não por baixas vendas ou decisão de seus criadores, mas sim por causa da segunda saga Guerras Secretas, que reformulou o Universo Marvel. Em janeiro de 2016, a série seria relançada, com a história estrelada por Drew continuando exatamente de onde parou, mas com a numeração recomeçando do 1, o que fez com que essa fosse a sexta versão da revista Spider-Woman. Logo na primeira edição, descobrimos que Drew está grávida, ou seja, além de super-heroína, ex-agente da Hydra e detetive particular, ela agora também é mãe solteira. Essa mais recente série seria cancelada em maio de 2017, na edição 17. Desde então, Drew está em um novo hiato, mas, dada sua história, com certeza ela voltará.

Um comentário:

  1. Olá, me chamo Tadeu Ferreira e estou simplesmente AMANDO as suas análises e textos, um melhor que o outro, sem dúvidas um dos melhores blogs que já li na internet! Não dá vontade de parar de ler os seus posts, mas no quesito da Mulher-Aranha, os fãs não se decidem nem ajudam a editora: no começo, queriam porque queriam uma série regular com a personagem... depois, deixam de comprar a revista e, quando a Marvel vai cancelar ou matar a personagem por baixas vendas ou algo que o valha, eles reclamam de novo? Ah, vá... rsrsrsrs

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