Eu iria começar esse segundo parágrafo com "falando sério", mas eu juro que falei seriíssimo. Eu nunca dei muita bola pra Lady Gaga, nunca vi nada de especial nas músicas que ela canta, nunca achei nada de mais ela se apresentar vestida de carne ou de balões. Até 2015, quando a vi cantando The Sound of Music na cerimônia do Oscar. Ali, eu formulei uma teoria: as roupas de carne, as letras chocantes, o comportamento tresloucado, enfim, tudo o que faz Lady Gaga ser Lady Gaga - incluindo o nome "Lady Gaga" - é uma personagem, inventado por ela para chamar atenção e impulsioná-la rumo ao sucesso. Porque, às vezes, o mundo do entretenimento pode ser muito cruel, e, mesmo com talento - que ela tem de sobra - pode ser que ainda falte alguma coisa para um artista chegar ao sucesso. E ela concluiu que essa "alguma coisa" era se transformar em Lady Gaga.
Enfim, não sei se estou certo, é apenas a minha teoria, mas o fato é que, desde aquela cerimônia do Oscar, eu tenho prestado bem mais atenção em Lady Gaga, e tenho notado que ela não somente é talentosa, mas também muito, muito inteligente. Ainda não gosto de suas músicas o suficiente para dizer que sou fã, mas já para ter vontade de escrever sobre ela para o átomo. E será hoje. Hoje é dia de Lady Gaga no átomo.
Gaga nasceu Stefani Joanne Angelina Germanotta, em 28 de março de 1986, em Nova Iorque. Seus pais trabalhavam no ramo de telecomunicações, e, apesar de serem ambos de famílias pobres (seu pai de origem italiana, sua mãe de franco-canadense), conseguiram subir na vida, já sendo de classe média alta quando ela e sua irmã, a estilista Natali, nasceram. Isso possibilitou que Gaga estudasse em uma escola particular católica do bairro Upper East Side, de Manhattan, na qual ela pôde desenvolver seu amor pelas artes, mas onde também se sentia um tanto insegura, sendo frequentemente criticada por ser ou excêntrica demais, ou provocante demais. Gaga foi uma aluna-modelo, com notas altas e se destacando em tudo o que fazia.
No campo da música, ela foi bastante precoce, aprendendo a tocar piano aos quatro anos de idade, escrevendo sua primeira canção aos 13, e começando a se apresentar como cantora amadora aos 14. Ela também estudou teatro no famoso Lee Strasberg Theatre and Film Institute, o que a ajudou a conseguir o papel de protagonista em duas peças encenadas em sua escola, o que, por sua vez, chamou a atenção de um produtor da HBO (que provavelmente tinha um filho no mesmo colégio), que a convidou para um pequeno papel, aos 15 anos, em um episódio da série Os Sopranos. Isso motivou Gaga a fazer testes para diversas peças e musicais da Broadway, mas ela não seria aprovada em nenhum. Quando ela terminou o colégio, sua mãe sugeriu que ela tentasse vaga no CAP21, um prestigiado curso de teatro ligado à Escola de Artes da Universidade de Nova Iorque; aos 17 anos, Gaga se tornaria uma das poucas a passar no teste e ingressar no curso antes dos 18, e conseguiu uma autorização especial para se mudar para um dormitório da universidade. Durante o período no qual morou no dormitório, ela não somente compôs várias canções, como também escreveu ensaios e trabalhos analíticos sobre artes, religião, política e questões sociais. Ela também continuaria fazendo testes para teatro e TV, e conseguiria mais um pequeno papel, como uma freguesa de uma lanchonete, na série da Mtv Boiling Points.
Após dois anos no CAP21, aos 19, Gaga decidiria que sua paixão era a música, não o teatro, e decidiria largar o curso para investir em uma carreira musical. Ela chegaria a gravar algumas músicas em parceria com o cantor de hip hop Grandmaster Melle Mel, e montaria, com amigos da universidade, uma banda chamada The Stefani Germanotta Band, que se apresentaria em vários clubes de Nova Iorque. Um dia, ao retornar de uma apresentação, Gaga seria atacada e estuprada, o que faria com que ela desenvolvesse Síndrome do Pânico, passando vários dias com medo de sair de casa e tendo até hoje problemas com fãs que querem tocá-la. Somente após muito apoio da família, dos amigos e de profissionais especializados, ela conseguiria voltar ao mundo da música, mas, primeiro, apenas como compositora.
Em 2006, Gaga apresentaria uma de suas canções em um evento para jovens compositores. A caça-talentos Wendy Starland se impressionaria com ela, e a recomendaria ao produtor Rob Fusari. Ao descobrir que, além de compositora, ela desejava ser cantora, Fusari começaria a trabalhar com Gaga em algumas músicas que ela pudesse gravar como demo e apresentar às gravadoras quando, por uma jogada do destino, eles se apaixonariam. Seria Fusari, aliás, quem acabaria criando, sem querer, o nome artístico de sua namorada: o escritório de Fusari ficava em Nova Jérsei, e Gaga é que ia até lá passar as tardes com ele trabalhando e namorando; como ambos eram fãs da música Radio Ga Ga, da banda Queen, toda vez que ela chegava, ele a recebia cantando um trecho. Um dia, ela não pôde ir, e, para alegrá-la, Fusari quis mandar uma mensagem de texto pelo celular dizendo "Radio Gaga" - mas o corretor ortográfico alterou para "Lady Gaga". Coincidentemente, ela, que não queria se lançar como cantora com o nome "Stefani Germanotta", estava fazendo uma lista de possíveis nomes artísticos quando recebeu a mensagem - e respondeu dizendo "é esse; não me chame de Stefani nunca mais".
Como eram um casal, ao invés de simplesmente gravar uma demo, Fusari e Gaga decidiriam criar uma empresa, chamada Team Lovechild (a "equipe filha do amor"), para gravar canções que seriam enviadas a executivos da indústria musical. Essas canções chamariam a atenção da Def Jam Records, com a qual Gaga assinaria em setembro de 2006; menos de três meses após a assinatura do contrato, porém, ela seria demitida, sob a alegação de que a gravadora não estaria mais disposta a investir em electropop, estilo musical no qual Gaga desejava se lançar. Desolada, ela largaria tudo e voltaria a morar com a família.
Gaga ficaria tão abalada com o episódio da demissão que decidiria terminar o namoro com Fusari e se entregar ao sexo e às drogas, passando a trabalhar como go-go girl em um bar erótico e se envolvendo em um relacionamento com um baterista de uma banda de heavy metal - segundo ela, era hora de experimentar tudo o que ela não havia feito durante sua criação católica. Seria nessa época que ela conheceria a artista performática Lady Starlight e as duas decidiriam formar uma dupla, se apresentando em vários clubes noturnos da cidade em um show chamado Lady Gaga and the Starlight Revue, anunciado como "o show pop definitivo de rock burlesco". Suas apresentações seriam bastante elogiadas e renderiam um convite para uma apresentação no festival Lollapalooza de 2007, aclamada pela crítica.
Apesar de seu namoro ter terminado, Fusari não desistiria de investir na carreira de Gaga, e continuaria mostrando suas músicas para executivos de gravadoras; em 2007, um deles, Vincent Herbert, da Interscope Records, estava querendo fundar um selo próprio, e concordaria em contratar Gaga para ser a primeira artista da sua Streamline Records. Gaga passaria a considerar Herbert como o homem que a descobriu, e, seguindo uma sugestão dele, se inscreveria em um curso para jovens compositores da Famous Music Publishing - que, pouco tempo depois de ela começar, seria comprada pela Sony. As composições de Gaga no curso chamariam tanta atenção que a Sony decidiria contratá-la, e logo ela estaria escrevendo músicas para Britney Spears, New Kids on the Block, Fergie, The Pussycat Dolls e para o rapper Akon - que, ao vê-la cantando durante uma passagem de som de uma das músicas que ela havia escrito para ele, ficaria tão impressionado que convenceria o presidente da Interscope, Jimmy Iovine, a permitir que ela também fizesse parte do selo Kon Live, que lançaria jovens artistas supervisionados por Akon.
Com um empurrãozinho de Akon, Gaga começaria a trabalhar em seu primeiro álbum, junto com os produtores e compositores Nadir Al-Khayat (mais conhecido como RedOne) e Martin Kierszebaum, que, impressionado com suas composições, convenceria Iovine a também incluí-la em seu selo Cherrytree Records - o que faria com que o primeiro álbum de Gaga fosse um lançamento conjunto da Interscope, Streamline, Kon Live e Cherrytree. Mesmo com todas essas recomendações, Iovine ainda chegou a se preocupar que o tipo de música feito por Gaga fosse muito alternativo, incapaz de fazer sucesso no mercado mainstream; apesar de ainda se ver atormentada pelo episódio da demissão da Def Jam, ela reuniria forças e o convenceria respondendo: "meu nome é Lady Gaga, eu trabalho com música há anos, e estou lhe dizendo: isso é o que vem a seguir".
E ela estava certa: lançado em 19 de agosto de 2008, The Fame seria aclamado pela crítica e teria vendagem fenomenal, alcançando o topo da parada de música eletrônica da Billboard, chegando ao segundo lugar no Top 200 (só ficando atrás de I Dreamed a Dream, do fenômeno Susan Boyle) e rendendo três Discos de Platina e dois Grammys (Melhor Álbum de Música Dance ou Eletrônica e Melhor Canção Dance para Poker Face), de um total de seis indicações (perdendo o de Álbum do Ano para Fearless, de Taylor Sweet; Just Dance perdendo Melhor Canção Eletrônica para Harder, Better, Faster, Stronger do Daft Punk; e Poker Face perdendo o de Gravação do Ano para Use Somebody, do Kings of Leon, e o de Canção do Ano para Single Ladies, de Beyoncé). Suas duas primeiras músicas de trabalho, Just Dance e Poker Face, seriam igualmente aclamadas, com o single da primeira rendendo oito Discos de Platina e o da segunda rendendo nada menos que dez, e ambas chegando ao topo do Top 40 da Billboard. As outras músicas de trabalho, igualmente elogiadas pela crítica, seriam Eh, Eh (Nothing Else I Can Say), LoveGame e Paparazzi - que também chegaria ao topo do Top 40, e renderia mais quatro Discos de Platina.
Quando ocorreu o lançamento de The Fame, Gaga estava em turnê, abrindo para as Pussycat Dolls durante sua Doll Domination Tour. Assim que terminou, ela emendou sua própria turnê, The Fame Ball Tour, que contou com 83 shows distribuídos entre América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. Mesmo em plena turnê, ela negociaria para abrir um dos shows da turnê This Is It, de Michael Jackson, que seria realizado na O2 Arena, em Londres - e que, infelizmente, teve de ser cancelado devido ao falecimento do artista.
Gaga estava fazendo tanto sucesso que a Interescope decidiria lançar nada menos que três EPs (álbuns com menos músicas ou duração total menor que o usual) para tentar lucrar mais sobre sua fama. O primeiro, chamado The Cherrytree Sessions, lançado em 3 de fevereiro de 2009, traria versões acústicas de Poker Face, Just Dance e Eh, Eh. O segundo, Hitmixes, de 25 de agosto do mesmo ano, traria versões remixadas de faixas de The Fame. Nenhum dos dois seria especialmente bem sucedido.
Com o terceiro, entretanto, a história seria diferente. Com o nome de The Fame Monster, e lançado em 18 de novembro de 2009, o EP, temático, falaria sobre o "lado ruim" da fama, com cada uma de suas oito faixas - todas inéditas e criadas por Gaga especialmente para o lançamento - usando metáforas para mostrar os "monstros" que acompanham a fama. Junto com The Fame Monster, seria lançado The Fame Deluxe, álbum que continha todas as faixas de The Fame e de The Fame Monster.
The Fame Monster faria um sucesso assombroso, chegando ao topo da parada de música eletrônica da Billboard e ao quinto lugar do Top 200, rendendo mais um disco de platina à coleção de Gaga. O álbum ainda ganharia o Grammy de Melhor Álbum Pop com Vocais, seria mais uma vez indicado ao de Álbum do Ano (que perderia para The Suburbs, do Arcade Fire) e suas músicas de trabalho estão hoje dentre as mais conhecidas da cantora: Telephone (na qual faz dueto com Beyoncé, e foi indicada ao Grammy de Melhor Colaboração Pop com Vocais, perdendo para Imagine, de Herbie Hancock, Pink, India.Arie, Seal, Konono No1, Jeff Beck e Oumou Sangaré), Alejandro (cujo clipe gerou uma nota de protesto da Igreja Católica, já que nele Gaga aparece vestida de freira), Dance in the Dark (indicada ao Grammy de Melhor Canção Dance, que perderia para Only Girl, de Rihanna) e Bad Romance, cujo single vendeu o equivalente a nada menos que 11 Discos de Platina, chegou ao topo do Top 40 da Billboard, e ganhou mais dois Grammys, de Melhor Performance Pop Vocal Feminina e Melhor Vídeo Musical Curta-Metragem.
O sucesso de The Fame Monster faria com que Gaga emendasse uma turnê na outra mais uma vez, começando sua The Monster Ball Tour poucas semanas após encerrar a The Fame Ball Tour. A turnê incluiria nada menos que 203 shows realizados entre novembro de 2009 e maio de 2011, um deles, no Madison Square Garden, em Nova Iorque, sendo filmado e exibido em esquema de pay per view no canal a cabo HBO com o nome de Lady Gaga Presents the Monster Ball Tour: At Madison Square Garden. Essa apresentação receberia cinco indicações ao Emmy Awards, por Especial Excepcional de Variedades, Música ou Comédia; Direção Técnica, Filmagem ou Controle de Vídeo Excepcional para uma Minissérie, Filme ou Especial; Design ou Direção de Iluminação Excepcional para um Especial de Variedades, Música ou Comédia; Direção Excepcional para um Especial de Variedades, Música ou Comédia; e Edição de Imagens Excepcional de um Especial com Única ou Múltiplas Câmeras, vencendo este último.
The Monster Ball Tour também seria considerada a turnê mais rentável da história para um artista estreante (embora, na minha opinião, como já era a segunda turnê dela, não deveria contar como estreante). Em meio à turnê, em 2010, Gaga se apresentaria na cerimônia do Grammy, em janeiro, e, em março, lançaria o álbum de remixes The Remix, que alcançaria o topo da parada de música eletrônica e o sexto lugar no Top 200 da Billboard, e se tornaria o sétimo álbum de remixes mais vendido da história. Também em meio à turnê, em fevereiro de 2011, Gaga lançaria o primeiro single de seu segundo álbum, Born This Way, que já estrearia no Top 40 da Billboard na primeira posição e renderia mais quatro discos de Platina, além de gerar uma certa polêmica por ter sido considerada por alguns críticos como plágio de Express Yourself, da Madonna - embora a própria Madonna nunca tenha acusado Gaga de plágio, e tenha declarado que não considera as músicas tão parecidas assim.
O álbum, também chamado Born This Way, seria lançado em 23 de maio de 2011, e já estrearia no topo do Top 200 e da parada de música eletrônica da Billboard, além de render mais dois discos de platina e três indicações ao Grammy, todas perdidas para Adele (Álbum do Ano e Melhor Álbum Pop com Vocais, ambas perdidas para 21, e Melhor Performance Pop Solo para Yoü and I, perdida para Someone Like You). As outras quatro músicas de trabalho, Judas, Edge of Glory, Yoü and I e Marry the Night até teriam números expressivos, mas não chegariam perto dos que Gaga vinha conquistando até então. O álbum teria duas novas versões lançadas ainda em 2011: uma de remixes, chamada Born This Way: The Remix, e uma edição tripla chamada Born This Way: The Collection, que continha Born This Way, Born This Way: The Remix e um álbum ao vivo com o registro de Lady Gaga Presents the Monster Ball Tour: At Madison Square Garden. Sua turnê de lançamento, chamada Born This Way Ball, teria Gaga se apresentando pela primeira vez na América do Sul (incluindo três shows no Brasil) e na África, mas 17 dos 98 shows previstos (sendo 16 nos Estados Unidos e um no Canadá) acabariam cancelados devido a uma lesão no quadril que a obrigaria a passar por uma pequena cirurgia.
Gaga é extremamente perfeccionista em relação a todas as suas apresentações, fazendo questão de que cada minuto delas saia exatamente como o planejado, seja em suas turnês, seja em eventos como o Grammy ou o Video Music Awards - para o qual, em 2011, criaria um novo personagem, Jo Calderone, se apresentando vestida de homem e bebendo cerveja no gargalo. Segundo ela, ao compor as músicas ela já imagina quais roupas usará nos videoclipes e nas apresentações; Gaga conta com uma equipe, chamada Haus of Gaga, dedicada apenas a criar as roupas exóticas que ela gosta de vestir enquanto canta - que lhe renderiam, em 2011, o Fashion Icon Lifetime Award, um prêmio especial conferido pelo Conselho de Estilistas de Moda da América (CFDA) a indivíduos cujo estilo tenham impacto significativo na cultura popular internacional. A forma como ela se veste e se comporta no palco daria origem até mesmo a um curso livre da faculdade de sociologia da Universidade da Califórnia, ministrado em 2011 sob o nome "Lady Gaga e a sociologia da fama".
No final de 2011, Gaga estrelaria o especial A Very Gaga Thanksgiving, criado e dirigido por ela mesma, e exibido pelo canal de TV ABC no Dia de Ação de Graças, no qual ela falava sobre sua vida e sobre a inspiração para suas músicas em segmentos intercalados com interpretações em versão acústica de Born This Way, Marry the Night, Yoü and I e Edge of Glory, das canções de Natal White Christmas e Orange Colored Sky, e da canção da Broadway The Lady is a Tramp, na qual ela fazia um dueto com Tony Bennett. Com um total de 90 minutos, o especial receberia críticas bastante favoráveis, e daria à ABC sua audiência mais alta no Dia de Ação de Graças desde 2008, quando o canal exibiu o especial da turma do Snoopy A Charlie Brown Thanksgiving. O sucesso do especial motivaria a Interscope a lançar as gravações feitas para o programa de White Christmas, Orange Colored Sky, Yoü and I e Edge of Glory na forma de um EP, chamado A Very Gaga Holiday, lançado em 22 de novembro de 2011, e que alcançaria a nona posição na parada de álbuns natalinos da Billboard, e a posição 52 no Top 200. Bennett também gostaria bastante de trabalhar com Gaga, e pediria para usar as imagens das gravações do especial no documentário The Zen of Bennett, dirigido por Unjoo Moon e que mostrava o cantor gravando duetos com diversos outros artistas, lançado por ocasião de seu 85o aniversário, em novembro de 2012.
No início de 2013, Gaga se aventuraria no cinema, ao ser convidada pelo diretor Robert Rodriguez para interpretar um dos disfarces de um espião mestre nessa arte no filme Machete Kills; a interpretação de Gaga seria abaixo da média, entretanto, e ela acabaria indicada para um Troféu Framboesa (o Golden Raspberry Awards) de Pior Atriz Coadjuvante - o qual "perdeu" para Kim Kardashian e sua "interpretação" no filme Temptation: Confessions of a Marriage Counselor. Rodriguez, entretanto, gostaria muito de trabalhar com ela, e a ofereceria um pequeno papel em Sin City: A Dama Fatal, de 2014 - esse menos criticado.
O terceiro álbum de Gaga, Artpop, seria lançado em 6 de novembro de 2013, após uma festa de lançamento chamada ArtRave, que durou dois dias. O álbum foi recebido pela crítica com menos entusiasmo que seus antecessores, e não vendeu o suficiente para obter Certificação, mas, talvez pelo hype criado em torno de Gaga, estreou, assim como Born This Way, já na primeira posição do Top 200 e da parada de música eletrônica da Billboard. Sua primeira música de trabalho, Applause, chegou ao quarto lugar no Top 40 e rendeu três discos de Platina, mas as duas seguintes, Do What U Want (com participação de R. Kelly), e G.U.Y., não foram tão bem sucedidas. Artpop não receberia indicações ao Grammy, e sua turnê, ArtRave: The Artpop Ball, contaria com apenas 79 shows na América do Norte, Europa, Ásia e Oceania.
Ainda em 2013, Gaga apresentaria uma edição do programa Saturday Night Live, no qual se apresentou cantando Do What U Want (ao lado de R. Kelly) e Gypsy. Em novembro, ela participaria de mais um especial do Dia de Ação de Graças do canal ABC, dessa vez ao lado dos Muppets em Lady Gaga and the Muppets Holiday Spectacular, que também contou com a participação de Joseph Gordon-Levitt, Elton John, RuPaul e Kristen Bell, e no qual ela cantou algumas canções de Artpop em "duetos" com os Muppets.
Em 2014, Gaga e Bennett gravariam um álbum de duetos, lançado em 19 de setembro, chamado Cheek to Cheek. Terceiro seguido de Gaga a estrear já no topo do Top 200 da Billboard, o álbum seria extremamente elogiado pela crítica, principalmente as interpretações de Gaga para as canções escolhidas pela dupla, todas clássicos do jazz. Cheek to Cheek também alcançaria o topo da parada de jazz da Billboard, e ganharia um Disco de Ouro e um Grammy, de Melhor Álbum Pop Tradicional com Vocais. Gaga e Bennett também gravariam um especial para a TV, exibido no canal PBS e lançado posteriormente em DVD e Blu-ray, chamado Tony Bennett and Lady Gaga: Cheek to Cheek Live! (que seria indicado ao Emmy de Especial Excepcional de Variedades, Música ou Comédia), onde cantavam as músicas do álbum, e sairiam em uma turnê de 36 shows pela América do Norte e Europa, chamada Cheek to Cheek Tour, para promovê-lo.
Gaga começaria 2015 com a já citada performance na cerimônia do Oscar, na qual interpretou um pout pourri de canções do filme A Noviça Rebelde antes de apresentar Julie Andrews. No mesmo ano, ela interpretaria Imagine, de John Lennon, na abertura dos Jogos Europeus, em Baku, Azerbaijão. Gaga voltaria a fazer um dueto com Bennett, para a campanha de Natal da livraria Barnes & Noble, na qual a dupla interpretaria a canção natalina Baby, It's Cold Outside. Finalmente, em 2015 ela seria convidada para atuar na quinta temporada da série American Horror Story, no papel de Elizabeth, a dona do hotel onde a temporada é ambientada; diferentemente de sua performance em Machete Kills, dessa vez Gaga seria elogiada por parte da crítica - embora outra parte tenha torcido o nariz - e ganharia até mesmo um Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante em Minissérie ou Filme para a TV.
Em 2016, Gaga retornaria à cerimônia do Oscar, dessa vez como indicada ao prêmio de Melhor Canção Original por Til It Happens to You, que compôs em parceria com Diane Warren para o documentário The Hunting Ground, sobre ataques sexuais que ocorrem nos campi das universidades norte-americanas, mas acabaria perdendo para Writings on the Wall, composta por Jimmy Napes e interpretada por Sam Smith em 007 contra Spectre. Ela pode não ter ganhado o Oscar, mas, ao longo do ano, ganharia dois importantes prêmios: o Contemporary Icon Award, conferido pelo Songwriters Hall of Fame para compositores que influenciem de forma positiva o mundo musical como um todo, na primeira vez em que um artista que interpreta suas próprias músicas levaria esse prêmio; e o Jane Ortner Education Award, conferido a artistas que demonstrem paixão e dedicação à educação através das artes. Ela também seria editora convidada da revista V durante o mês de março, e, por seu trabalho, ganharia o prêmio de Editora do Ano no Fashion Awards, prêmio dedicado ao mundo da moda.
Além de se apresentar na cerimônia do Oscar - na qual cantou acompanhada de 50 sobreviventes de ataques sexuais em universidades - em 2016 Gaga se apresentaria na cerimônia do Grammy, como parte de uma homenagem a David Bowie, que havia falecido no início do ano; e antes do Super Bowl 50, interpretando o hino nacional dos Estados Unidos - em uma performance tão inspirada que lhe renderia um convite da NFL para realizar o show do intervalo do Super Bowl LI (todos os Super Bowl são numerados em romanos, menos o 50). Ela também renovaria seu contrato para atuar em American Horror Story, interpretando, na sexta temporada, uma bruxa chamada Scathach (cada temporada de American Horror Story é uma história completa, com enredo, ambientação e personagens diferentes, embora alguns atores se repitam; por esse motivo, ela concorre no Globo de Ouro e no Emmy como minissérie, e não como série).
O mais recente álbum de Gaga, Joanne, seria lançado em 21 de outubro de 2016; seu nome é uma referência a uma tia de Gaga, irmã de seu pai, a quem a cantora era muito ligada, e que faleceu no início de 2016. Muitas das canções falam sobre família e emoções, e têm mais ênfase na voz de Gaga que no ritmo; segundo a própria Gaga, o álbum também é bem mais sombrio que os anteriores, o que foi motivado, principalmente, por sua participação em American Horror Story. Joanne alcançaria mais uma vez o topo do Top 200 da Billboard, mas sua primeira música de trabalho, Perfect Illusion, não empolgaria, e estacionaria na posição 22 do Top 40; a segunda, Million Reasons, chegaria à posição 52, e seria executada por Gaga em uma apresentação memorável durante o desfile da Victoria's Secret.
No momento, Gaga planeja a turnê de Joanne, e se prepara para participar da refilmagem de Nasce uma Estrela, prevista para estrear nos cinemas no ano que vem. Ela também é engajada em atividades sociais, principalmente contra o bullying e em favor da comunidade LGBT. Seus detratores dizem que ela é um produto da mídia, uma artista que canta para os párias fingindo ser um deles quando na verdade não é. Eu não me importo. Ela canta bem e, na minha opinião, isso é tudo o que uma cantora precisa para obter meu respeito; as perucas e os vestidos de carne são meros detalhes.
0 Comentários:
Postar um comentário