Antes de começarmos, porém, uma breve explicação: eu só falarei, nesse post, sobre os esportes de inverno presentes nas Paralimpíadas. Não por preconceito nem nada disso, mas porque a maioria dos esportes de inverno paralímpicos só surgiu por causa das Paralimpíadas - tanto que, à exceção do curling, eles não são regulados pelas federações internacionais de seus esportes de origem, e sim pelo próprio Comitê Paralímpico Internacional, o IPC. Os esportes de trenó (bobsled, luge e skeleton), por exemplo, não estão presentes nas Paralimpíadas porque não existem de forma organizada - até existem paratletas que os praticam, mas não há campeonatos nem competições de destaque, tanto que o IPC planejava começar a regulá-los para inclusão já no programa das Paralimpíadas de Inverno de 2018, mas teve de adiar seus planos para 2022 por pura falta de atletas que pudessem competir já na próxima edição. Desnecessário dizer, também não vou falar sobre biatlo, já que o biatlo paralímpico já foi abordado por aqui. Vamos, portanto, ao demais!
E comecemos justamente pelo curling, já que ele é o único desse post não regulado pelo IPC, e sim pela WCF, a Federação Mundial de Curling. O curling em cadeira de rodas, nome pelo qual o esporte paralímpico é conhecido, surgiu na Suíça, no final da década de 1990. Não se atribui um criador único ao esporte, pois, na época, vários atletas cadeirantes começaram a formar times e a praticar o curling, alguns deles ex-atletas de curling que haviam sofrido acidentes, alguns atletas cadeirantes de outras modalidades, paralímpicas ou não, e alguns sendo apenas cadeirantes que se interessavam pelo curling, e viram, então, a oportunidade de realizar uma prática esportiva. Aos poucos, o esporte iria se popularizando, e, levado por atletas, chegaria a outros países da Europa.
No ano 2000, ocorreria na Suíça um campeonato de esqui alpino para cadeirantes. Os praticantes do curling em cadeira de rodas se mobilizaram, e conseguiram convencer os organizadores a realizar, em paralelo, um campeonato de sua modalidade, disputada por dois times da Suíça e um da Suécia. Isso chamou a atenção da WCF, que organizou, junto com a competição, um seminário e um workshop do esporte. Durante esses eventos, muito foi discutido sobre como deveriam ser as regras oficiais do curling em cadeira de rodas - até então, como de costume, praticamente cada clube adotava suas próprias regras - visando sua popularização e sua prática pelo maior número de países possível.
Várias sugestões, como um campo de jogo menor ou usar pedras da categoria juvenil, foram consideradas, mas os próprios atletas faziam questão de que o curling em cadeira de rodas fosse o mais parecido possível com o curling tradicional, para que seus praticantes não se sentissem desprestigiados. No final, ficou decidido que todas as regras do curling em cadeira de rodas seriam idênticas às do curling, com apenas três exceções: o tempo de jogo é menor, as equipes são mistas e - talvez o ponto mais controverso, mas mais necessário - não há a varrição, apenas se empurram as pedras para que elas se posicionem na casa.
Uma equipe de curling em cadeira de rodas, assim como uma de curling tradicional, é composta de quatro atletas, sendo que, no curling em cadeira de rodas, as equipes são mistas. As equipes podem ser compostas de dois homens e duas mulheres, um homem e três mulheres ou uma mulher e três homens, mas nunca por quatro jogadores do mesmo sexo. Os atletas do curling em cadeira de rodas devem possuir alguma deficiência que os impeça de caminhar normalmente, seja ela qual for - paraplegia, amputação, deformidade, paralisia cerebral, todos competem juntos. O atleta deve ter pelo menos um braço, para poder empurrar as pedras. É permitido usar tanto uma cadeira de rodas comum quanto uma elétrica.
Uma partida de curling em cadeira de rodas dura 8 ends, com cada equipe tendo, no máximo, 68 minutos para fazer todos os seus lançamentos da partida. Durante um lançamento, o atleta se posiciona no local apropriado, e pode lançar a pedra tanto sem ajuda - se inclinando e segurando a pedra pela alça, empurrando-a - quanto com o auxílio de um bastão especial, que se apoia na alça da pedra para que ela seja empurrada. Como não há a varrição, o lançamento deve ser preciso para colocar a pedra na casa ou fazer com que ela bata nas pedras adversárias, tirando-as de lá. As demais regras são idênticas às do curling: cada atleta faz dois lançamentos, os atletas lançam alternadamente, a equipe que tem o martelo lança por último, e a equipe que colocar sua pedra mais perto do centro da casa faz um ponto para cada pedra sua mais próxima de lá que as do adversário. Caso ao final do oitavo end as equipes estejam empatadas, são jogados ends extras até que haja um desempate.
A principal competição do curling em cadeira de rodas é o Campeonato Mundial. O primeiro Mundial foi realizado na cidade de Sursee, Suíça, em 2002, como um evento-teste da popularidade do esporte. Sendo aprovado, ele ganharia uma nova edição também em Sursse, em 2004. A partir de então, a WCF decidiria que o Mundial seria anual, exceto nos anos em que há Paralimpíada de Inverno - da qual o curling em cadeira de rodas entrou para o programa em 2006 - quando a própria Paralimpíada também conta como Mundial. Hoje, o país mais vencedor no curling em cadeira de rodas é, nada surpreendentemente, o Canadá - também um dos mais fortes no curling tradicional - que ganhou os três ouros paralímpicos já disputados e mais três edições do Mundial, para um total de seis títulos. Noruega e Escócia possuem dois Mundiais cada, enquanto Rússia e Suíça têm um cada - sendo o da Suíça justamente o primeiro, quando ela ainda era a pioneira do esporte.
Do curling, vamos para o hóquei, cujo nome da versão paralímpica é hóquei sobre trenó. O hóquei sobre trenó foi inventado na Suécia, em 1961, por ex-jogadores de hóquei no gelo que, após sofrerem acidentes que lhes impediam de continuar jogando o esporte tradicional, decidiram criar um equipamento que os permitisse praticar uma versão adaptada. Logo o esporte se tornaria um grande sucesso, a ponto de cinco times disputarem um campeonato na cidade de Estocolmo dois anos depois. Com a popularidade, logo o esporte chegaria à Noruega e, mais tarde, a outros países no norte europeu. Em 1971, seria disputado o primeiro campeonato europeu, com a participação de Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Tchecoslováquia. Em 1981 o esporte chegaria à Grã-Bretanha, e, de lá, seria levado para o Canadá por Jerry Johnston, diretor da Associação Canadense de Esqui Paralímpico, que comprou um trenó especificamente para levar ao seu país de origem - um país no qual o hóquei no gelo é tão popular quanto o futebol é aqui no Brasil - e montar um programa de hóquei sobre trenó por lá. Curiosamente, porém, ninguém no Canadá se interessou pelo esporte, achando que a moda era passageira e o esporte não tinha futuro. Foi preciso que a cunhada de Johnston levasse a ideia a um hospital da cidade de Medicine Hat, em Alberta, que tinha uma enorme verba para usar com seus pacientes em reabilitação mas nenhum programa no qual investi-la, para que times de hóquei sobre trenó finalmente começassem a ser montados no Canadá.
Como o Canadá é o país do hóquei, logo a versão paralímpica também se tornou extremamente popular, gerando vários times e campeonatos. Até o ano de 1990, porém, o esporte permaneceu meio marginalizado - a IIHF, Federação Internacional de Hóquei no Gelo, não se interessou em regulá-lo, e os times não tinham cacife para fundar sua própria federação internacional. Em 1990, visando incluir o esporte nas Paralimpíadas de Inverno, o próprio IPC decidiu assumir para si a regulação, adotando como oficiais as regras usadas no Canadá, mais próximas das do hóquei no gelo que as dos países europeus, que traziam modificações como gols menores ou sem goleiros. Foi só depois que o IPC assumiu o esporte que ele começou a surgir em países como Estados Unidos, Japão e Rússia, se tornando verdadeiramente globalizado.
Os atletas do hóquei sobre trenó devem ter alguma deficiência que afete as pernas, os impedindo de praticar o hóquei no gelo, mas não afete seus braços, já que é preciso força e coordenação nos dois braços para poder praticar o esporte. Normalmente, atletas do hóquei sobre trenó são paraplégicos, amputados ou biamputados, mas não há qualquer classificação para diferenciá-los uns dos outros (como o esquema de pontuação usado no basquete e no rugby em cadeira de rodas, por exemplo), podendo um mesmo time possuir qualquer quantidade de atletas com cada deficiência. Em teoria, os times também são mistos, podendo contar com qualquer número de homens e mulheres; mas nos dois torneios mais importantes da modalidade, o Mundial e as Paralimpíadas, os times são exclusivamente masculinos.
O principal equipamento do hóquei sobre trenó é, bem, o trenó. Inventado por dois atletas de Estocolmo cujos nomes eu não consegui descobrir, o trenó tem 1,2 m de comprimento, duas lâminas parelelas de 3 mm de espessura e no máximo 30 cm de comprimento cada, e deve ter entre 8,5 e 9,5 cm de altura, para que o puck consiga passar por baixo dele. Atualmente, os trenós são feitos de aço ou alumínio, e podem ter dois tipos diferentes de assento, dependendo se o atleta é paraplégico ou amputado. Presilhas especiais mantêm as pernas do atleta fimes na posição, e proteções frontais as protegem em caso de choque. Como o hóquei sobre trenó é um esporte de contato, todos os atletas devem usar capacete, proteção para o pescoço, ombros, queixo, cotovelos e grossas luvas. O puck é feito de borracha vulcanizada, tem 7,62 cm de diâmetro, 2,54 cm de altura, e pesa entre 156 e 170 gramas.
Ao invés de um taco, cada atleta usa dois, que são bem mais curtos que os do hóquei no gelo, tendo, no máximo, 1 metro de comprimento. Feitos de madeira, plástico ou alumínio, os tacos têm uma das extremidades curva como a de um taco de hóquei, chamada lâmina, que deve ter, no máximo, 25 cm de comprimento (35 cm para os goleiros). A outra extremidade, chamada "pick", possui pequenos "dentinhos" de alumínio ou aço, que não podem ser pontudos ou afiados. Para se locomover, o atleta encosta o pick no gelo, cravando os dentinhos, e puxa o taco para trás, como se estivesse esquiando. Para bater no puck, ele vira o taco e usa a lâmina. Qualquer um dos dois tacos pode ser usado para se locomover (normalmente ambos ao mesmo tempo) ou para bater no puck. Exceto pelo uso do trenó e dos dois tacos, as regras são idênticas às do hóquei no gelo, com a única diferença de que bater com seu trenó em um trenó oponente é considerado falta.
O hóquei sobe trenó entrou para o programa das Paralimpíadas de Inverno na edição de 1994, em Lillehammer, Noruega. Desde então, os Estados Unidos já ganharam três ouros, e Canadá, Suécia e Noruega, um ouro cada. Além das Paralimpíadas, o IPC organiza um Campeonato Mundial desde 1996; de início, ele era realizado a cada quatro anos, mas em 2009 decidiram torná-lo anual, voltando atrás em seguida, e decidiram torná-lo bienal no ano passado, o que fez com que, de 1996 até hoje, já tenham sido disputadas sete edições (1996, 2000, 2004, 2008, 2009, 2012 e 2013, a próxima será em 2015). No Mundial, o Canadá é o maior vencedor, com três títulos, seguido de Estados Unidos com dois e de Suécia e Noruega com um cada. Como já foi dito, os torneios das Paralimpíadas e do Mundial (e do Campeonato Europeu também) são exclusivamente masculinos; atualmente, o IPC investe para conseguir organizar um Europeu e um Mundial femininos, visando incluir o hóquei sobre trenó feminino nas Paralimpíadas de Inverno de 2022.
Já que estamos falando de trenós, vale citar um esporte paralímpico que não existe mais: a corrida de trenós. Não no estilo bobsled, luge ou skeleton, mas como uma tentativa do IPC de criar um equivalente para a patinação em velocidade. Sentados em um trenó parecido com os que as pessoas usavam para se divertir na neve, feito de madeira ou alumínio com duas lâminas paralelas, os atletas - que podiam ter qualquer deficiência que os impedisse de caminhar normalmente, como paraplegia ou amputação - usavam dois bastões semelhantes aos do esqui, mas mais curtos, para se impulsionar. Os atletas competiam dando voltas em uma pista de gelo, até alcançar uma distância pré-determinada - foram disputadas provas de 100, 300, 500, 700, 1.000 e 1.500 metros, tanto no masculino quanto no feminino. Regulada pelo próprio IPC, a corrida de trenós fez parte do programa paralímpico em 1980, 1984 e 1988, quando foi disputada ao ar livre, e depois retornou em 1994 e 1998, disputada no mesmo rinque da patinação artística. Depois disso, por falta de interesse dos atletas, deixou de ser disputada. Pelo que consta, as Paralimpíadas de Inverno foram a única competição internacional de alto nível da corrida de trenós, não existindo um Campeonato Mundial ou Copa do Mundo. O país mais forte na corrida de trenós era a Noruega - onde, aparentemente, o esporte possuía alguma popularidade - que ganhou quase todas as medalhas disputadas, ocupando os três lugares do pódio em quase todas elas.
Saiamos dos trenós e passemos aos esquis. O esqui paralímpico foi o primeiro esporte paralímpico de inverno a surgir, criado pelo alemão Franz Wendel e pelo austríaco Sepp Zwicknagel no ano de 1946. Ambos veteranos da Segunda Guerra Mundial, Wendel havia perdido uma perna e Zwicknagel as duas, e se dedicaram ao esqui como passatempo, criando técnicas que permitissem que eles esquiassem em alto nível e aparatos para auxiliar outros tipos de atletas com necessidades especiais.
A primeira forma de esqui paralímpico a surgir foi o esqui alpino, que teve suas primeiras competições disputadas na Áustria, já em 1947. O esporte teve seu boom na década de 1960, quando vários hospitais da Áustria, Suíça e dos Estados Unidos começaram a oferecer programas de reabilitação para amputados que envolviam o esqui como prática esportiva. Até essa época, o esqui paralímpico era disputado apenas por amputados, mas, em 1969, Jean Eymore, um instrutor de esqui norte-americano que perdeu a visão em um acidente, fundou um programa para esquiadores cegos na cidade de Aspen, Colorado. Com o esqui alpino paralímpico em alta, vários atletas decidiram se reunir e pedir a ajuda da hoje extinta Federação Internacional de Esportes para Atletas com Necessidades Especiais (ISOD, da sigla em inglês) para realizar o primeiro Campeonato Mundial da modalidade, na França, em 1974.
Paralelamente a isso, o IPC já pensava em criar uma versão de inverno das Paralimpíadas, para que, assim como as Olimpíadas, elas tivessem uma edição dedicada aos esportes considerados de verão e uma dedicada aos esportes de inverno. O problema era que, na década de 1970, praticamente não existiam esportes de inverno para atletas com necessidades especiais, com o esqui sendo, praticamente, o único com uma base sólida de atletas que pudessem competir em um evento internacional. Como ainda não havia uma federação internacional dedicada ao esqui paralímpico - a ISOD desejava atuar apenas como organizadora de eventos, e a Federação Internacional de Esqui (FIS) não estava interessada - o IPC decidiria ele mesmo assumir essa função, visando realizar sua primeira edição das Paralimpíadas de Inverno o mais rápido possível. Com o suporte da ISOD e o apoio total dos atletas, as primeiras Paralimpíadas de Inverno seriam realizadas já em 1976, na cidade de Örnsköldsvik, Suécia.
Nessa primeira Paralimpíada de Inverno, foram disputados apenas o slalom e o slalom gigante, e apenas para amputados e deficientes visuais. Ao longo dos anos, porém, seriam acrescentados ao programa não só provas para atletas sentados, como paraplégicos, mas também as provas do downhill, super-G e super combinado. As regras de todos os eventos são idênticas às da FIS, com apenas algumas modificações necessárias para a participação dos paratletas, como por exemplo o fato de os atletas poderem competir sentados se não tiverem condições de esquiar de pé.
Atletas do esqui paralímpico são divididos em três classes: de pé, sentados e deficientes visuais. Atletas da classe de pé são aqueles que podem competir com o mesmo equipamento do esqui alpino tradicional, com apenas uma exceção: duas de suas categorias podem competir usando bastões especiais, chamados outriggers, que, na base, possuem uma espécie de mini-esqui, que auxilia no equilíbrio do esquiador na hora de fazer as curvas. Os atletas da classe de pé são divididos em nove categorias: LW1 (biamputados das pernas acima dos joelhos com próteses e paralisados cerebrais graves, usando dois esquis e dois outriggers), LW2 (amputados de uma perna acima do joelho sem próteses, usando um esqui e dois outriggers), LW3 (biamputados das pernas abaixo dos joelhos com próteses ou paralisados cerebrais amenos, usando dois esquis e dois bastões), LW4 (amputados de uma perna abaixo do joelho sem prótese, usando um esqui e dois bastões), LW5 (biamputados dos braços, usando dois esquis e nenhum bastão), LW6 (amputados de um braço, usando dois esquis e um bastão) e LW9 (amputados de uma perna e um braço, podendo escolher o equipamento).
Já os atletas da classe sentado competem usando um equipamento especial chamado mono-esqui, um único esqui que possui uma cadeira especial na qual o atleta vai sentado e devidamente preso. Todos os atletas da classe sentado usam outriggers. Eles são divididos nas categorias LW10 (paraplégicos com dificuldades de equilíbrio), LW11 (paraplégicos sem dificuldades de equilíbrio) e LW12 (paraplégicos com alguma função motora nas pernas e biamputados das pernas sem próteses). Finalmente, os atletas da classe deficientes visuais se dividem nas categorias B1, B2 e B3, sendo os da B1 os deficientes visuais totais, e os da B3 possuindo deficiência menos severa que os da B2. Atletas da classe deficientes visuais também usam o mesmo equipamento do esqui alpino tradicional, mas podem contar com a ajuda de um guia (obrigatório na B1, opcional das demais), que esquia a seu lado, orientando-o, mas sem poder ajudá-lo. O IPC não realiza provas em separado para cada categoria, mas sim por classe (atletas de todas as três categorias de deficientes visuais competem na mesma prova, por exemplo); para que nenhum atleta seja prejudicado por pertencer a uma classe diferente dos outros, todos os atletas têm seus tempos corrigidos de acordo com uma tabela do IPC - o tempo de um atleta da LW10 é equivalente a 96% do tempo de um da LW11, por exemplo.
Além de fazer parte do programa das Paralimpíadas de Inverno desde a primeira edição, o esqui alpino paralímpico também possui um Campeonato Mundial. Depois da primeira edição, em 1974, organizada pela ISOD, ele voltaria a ser realizado em 1986, já organizado pelo IPC, e depois em 1990, 1996, 2000, 2004 e 2009, quando passaria a ser bienal (sendo realizado também em 2011 e 2013, com a próxima edição marcada para 2015). Assim como as Paralimpíadas, o Mundial possui provas para as três classes nas cinco disciplinas do esporte, tanto no masculino quanto no feminino.
Além do esqui alpino, a primeira edição das Paralimpíadas de Inverno contou com o esqui cross-country, que surgiu no final da década de 1960 na Escandinávia, e teve sua regulação assumida pelo IPC junto com a do esqui alpino. Também como no esqui alpino, a primeira Paralimpíada de Inverno contou apenas com atletas amputados e deficientes visuais, que competiam usando o mesmo equipamento do esqui cross country tradicional; ao longo dos anos, porém, foram criadas provas para atletas sentados, usando um equipamento especial, um assento atrelado aos esquis - diferentemente de no esqui alpino, aqui são usados dois esquis, e não apenas um. As classes e categorias do esqui cross-country paralímpico são as mesmas do esqui alpino (e as do biatlo paralímpico também, por um acaso).
Atualmente, fazem parte do programa paralímpico as provas de sprint 1 Km (masculina e feminina, todas as classes), 10 Km estilo livre (masculina, todas as classes), 5 Km estilo livre (feminina, todas as classes), 15 Km estilo livre (masculina, classe sentado), 12 Km estilo livre (feminino, classe sentado), 20 Km estilo clássico (masculino, classes de pé e deficientes visuais), 15 Km estilo clássico (feminino, classes de pé e deficientes visuais), revezamento 4 x 2,5 Km (misto, todas as classes) e revezamento estilo livre 4 x 2,5 Km (misto, todas as classes). A diferença entre o revezamento estilo livre e o "outro" é que, no revezamento estilo livre, todos os atletas podem usar a técnica livre, enquanto no outro deve-se respeitar a ordem do revezamento tradicional (os dois primeiros atletas esquiam com a técnica clássica, os dois últimos com a livre). Também é interessante notar que, nos revezamentos, atletas de classes diferentes podem fazer parte de uma mesma equipe, enquanto nas demais provas os atletas competem separados por classes (sendo realizada uma prova para cada classe). Finalmente, é importante registrar que, como os atletas da classe sentado não têm como fazer o movimento cruzado, suas provas não podem exigir a técnica clássica, devendo todas permitir a técnica livre.
Além de fazer parte do programa paralímpico desde a primeira edição das Paralimpíadas de Inverno, o esqui cross country paralímpico faz parte do Campeonato Mundial de Esqui Cross-Country e Biatlo Paralímpicos, realizado pela primeira vez em 2000, então em 2003, 2005 e 2009, quando passou a ser bienal (sendo realizado também em 2011 e 2013, com a próxima edição marcada para 2015). O esqui corss-country também fez parte do programa do Campeonato Mundial de Esqui Paralímpico de 1974, 1986, 1990 e 1996, junto com o esqui alpino.
Para terminar esse post, só falta falar sobre o snowboarding. Sim, eu sei que eu nunca fiz um post sobre snowboarding, mas, já que existe um snowboarding paralímpico, e ele faz parte das Paralimíadas, esse post ficaria incompleto se eu não falasse sobre ele.
O snowboarding paralímpico é um dos esportes paralímpicos de inverno mais recentes, tendo surgido no início da década de 2000 nos Estados Unidos, e logo se tornando bastante popular por lá, no Canadá e na Austrália. Assim que o esporte começou a ganhar popularidade, a Federação Internacional de Snowboarding (WSF) decidiu regulá-lo, sob o nome de "snowboarding adaptado". Em 2010, visando a inclusão do snowboarding nas Paralimpíadas, WSF e IPC assinaram um termo de compromisso, segundo o qual atuariam juntos como o órgão máximo do esporte até o final de 2014, quando uma nova reunião entre as duas entidades decidiria se ele voltaria para a tutela exclusiva da WSF ou permaneceria repartido entre as duas entidades. Curiosamente, o IPC não considera o snowboarding um esporte em separado, e sim uma modalidade do esqui alpino.
Atualmente, o IPC usa a mesma classificação dos atletas criada pela WSF, dividindo-os em duas classes: na SB-LL competem os atletas que possuem deficiências ligadas às pernas, como atrofia ou amputação, podendo competir usando próteses ou não, à escolha do atleta. Já na SB-UL competem os que possuem deficiências ligadas aos braços. Todos os atletas do snowboarding paralímpico devem ser capazes de competir de pé, não existindo uma classe para paraplégicos e outros atletas que precisariam competir sentados. Também não há classes para deficientes visuais ou paralisados cerebrais.
O equipamento usado no snowboarding paralímpico é idêntico ao usado pelos atletas sem deficiências. A única prova atualmente disputada nas competições internacionais é o snowboard cross, mas com uma regra um pouco diferente de sua versão não-paralímpica: nela, cada atleta tem direito a duas descidas em uma pista com curvas fechadas e saltos de diferentes alturas; ambos os tempos são somados, e aquele que obtiver o menor tempo final é o campeão.
O snowboarding paralímpico fez sua estreia nas Paralimpíadas de Inverno desse ano, em Sochi, Rússia, com duas provas, uma masculina e uma feminina, ambas na categoria SB-LL. As provas foram cosideradas grandes sucessos, com os ingressos se esgotando bem antes do dia da prova, de forma que é provável que provas SB-UL estejam presentes na próxima edição - embora ainda não haja planos para incluir atletas sentados ou deficientes visuais. Além de fazer parte das Paralimpíadas, o snowboarding paralímpico tem um Campeonato Mundial, organizado pela WSF a cada três anos, com duas edições já disputadas, em 2009 e 2012.
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