Não me recordo bem as razões pelas quais eu não falei sobre esportes antes, mas me recordo que, depois de inaugurar o assunto com o futebol americano, decidi que seria mais interessante falar de esportes menos conhecidos do grande público brasileiro, como rugby e críquete, do que de esportes que todo mundo conhece, como basquete e vôlei. Não porque eu não goste de basquete e vôlei, mas porque achei que seria mais divertido compartilhar informações sobre esportes, digamos, "exóticos", do que sobre aqueles que todo mundo joga em qualquer esquina.
Ultimamente, eu até tenho fugido um pouco dessa regra, falando de atletismo e tênis, e até cogitando fazer um post sobre futebol, acreditem ou não. Mas essa semana eu decidi apostar mais uma vez em um esporte exótico. Na verdade, eu fui além, e escolhi um dos esportes mais exóticos que eu conheço. Se você se surpreendeu quando eu falei de punhobol e corfebol, prepare-se: hoje eu vou falar sobre lacrosse!
Lendo essa minha introdução, fãs de alguns esportes podem ficar um pouco chateados - e com toda a razão. Afinal, até sob o meu ponto de vista, esportes como futebol americano, rugby e beisebol já nem podem mais ser considerados "exóticos", com uma sólida base de fãs e até de praticantes em nosso país, embora ainda faltem campeonatos populares e incentivo para o crescimento. O lacrosse, porém, não tem desculpa. Eu não conheço nenhum fã de lacrosse, nunca tive notícia de que se joga lacrosse por aqui, e até a ESPN parece ter desistido de transmitir suas partidas - o que, aliás, na minha opinião, é uma pena. Até mesmo nos países onde o lacrosse é praticado ativamente - e olha que são poucos - existem poucos jogadores profissionais filiados às federações locais. Some-se a isso o fato de que é um esporte que se joga com uma vareta com uma rede na ponta, e chegamos à conclusão de que talvez o único adjetivo que nos vem à mente quando se fala em lacrosse seja exatamente "exótico".
Aliás, até as origens do lacrosse são exóticas: o esporte foi inventado pelos índios norte-americanos, que o disputavam como forma de mediar disputas entre tribos amigas, como parte de festivais, treinamento para os jovens guerreiros e como parte de rituais religiosos. Como os índios não possuem registros escritos, não é possível saber com certeza desde quando o lacrosse é praticado, mas especula-se que já no ano 1.100 alguma tribos se enfrentavam em suas partidas.
Mas o lacrosse dessa época, obviamente, não era o mesmo disputado hoje. Para começar, os times eram imensos, com centenas de jogadores, praticamente tribos inteiras, em cada time. O campo de jogo também não ficava para trás, com alguns chegando a 500 metros de distância entre um gol e outro. O "gol", aliás, normalmente era uma grande árvore ou pedra, na qual a bola, feita de pele de cervo, argila e madeira, deveria ser acertada.
O lacrosse começou a se transformar com a chegada dos jesuítas, que tentaram proibi-lo por volta de 1630, alegando que era um jogo violento, disputado em homenagem a deuses pagãos, e que ainda estimulava apostas nos times por parte dos índios. O primeiro registro do nome "lacrosse" foi feito pelo missionário francês Jean de Brébeuf, que, em 1636, ao descrever uma partida disputada entre os índios da tribo Huron, usou o termo le jeu de la crosse, "o jogo da cruz", para se referir a ele. Embora não se saiba com certeza por que ele nomeou o jogo dessa forma, especula-se que foi porque a rede característica do jogo, já usada pelos índios na época, lembrava um báculo, o cajado usado pelos bispos, que em francês também se chama crosse.
Apesar da forte oposição dos jesuítas, os índios não pararam de jogar, e os imigrantes europeus, cada vez mais curiosos em relação a ele, começaram a apostar nos times, e até mesmo a tentar praticá-lo. Por volta de 1740, já existiam no Canadá times formados exclusivamente por franceses, que, mesmo sem ter a mesma técnica, e normalmente perdendo feio, jogavam contra os times locais frequentemente.
Em 1856, William George Beers, um dentista de Montreal, entusiasta do jogo, fundou o primeiro clube de lacrosse do Canadá. Em 1867, Beers decidiu codificar o jogo, diminuindo os times, delimitando a área de jogo, mudando o formato da rede e adotando uma bola de borracha, tudo visando tornar o jogo mais atraente ao público e aos novos jogadores. Em 1876, Beers conseguiu realizar o primeiro jogo de lacrosse fora do Canadá, levando alguns de seus jogadores para jogar na Inglaterra. O jogo foi assistido pela Rainha Vitória, que o considerou bastante divertido, e passou a estimular sua prática nas escolas britânicas. Até então, o lacrosse era um esporte exclusivamente masculino, mas por volta de 1890, na Escócia, algumas regras foram adaptadas para tornar o jogo mais atraente para as meninas, surgindo, assim, o lacrosse feminino.
Por volta de 1900, o lacrosse já era considerado o esporte nacional do Canadá, e jogado em várias escolas e universidades dos Estados Unidos. Na Europa, o jogo se espalhou da Grã-Bretanha para a Escandinávia e Europa Central. A popularidade do lacrosse nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido no início do século XX era tão grande que o esporte chegou a ser incluído no programa oficial das Olimpíadas de 1904 e 1908, e retornou como esporte de demonstração em 1928, 1932 e 1948. Infelizmente, esta popularidade não fez com que o esporte se espalhasse, e hoje, apesar de praticado em vários países, o lacrosse só é realmente popular nos Estados Unidos e Canadá.
O lacrosse é jogado em um campo gramado, de 100 metros de comprimento por 55 de largura. Quando Beers codificou o jogo, o campo era maior, mas na década de 1930 foi reduzido para ficar com mais ou menos as mesmas dimensões de campos utilizados para jogar futebol, futebol americano e rugby, visando ajudar a espalhar o jogo, que então não precisaria de um estádio próprio só para si. O campo de lacrosse é dividido no meio por uma linha cheia, e dividido novamente por duas outras linhas a 18 metros da linha do meio cada. Essas duas linhas são conhecidas como restraining lines ("linhas restritivas"), e fazem com que cada time tenha uma área defensiva - aquela onde está o gol - uma área central - a que vai de uma linha restritiva à outra - e uma área ofensiva - onde está o gol do oponente, ou seja, a área defensiva de um time é sempre a área ofensiva do outro.
O gol do lacrosse não fica no final do campo, como o do futebol, mas no meio da área defensiva, como, por exemplo, o do hóquei no gelo. O gol é quadrado e pequenininho, com 1,8 metro de altura por 1,8 de largura, e fica dentro de um círculo de 5,5 metros de diâmetro conhecido como crease. O centro do crease fica exatamente a 22,5 metros de cada linha lateral, a 13,7 metros da linha do final do campo, e a 20 metros da linha restritiva. Dentro da área defensiva, além do gol e do crease, também é demarcada a restraining box, limitada por duas linhas traçadas entre a linha do final do campo e a linha restritiva, paralelas às linhas laterais, a 9,1 metros destas. Também a 9,1 metros de cada linha lateral, mas cortando a linha do meio do campo, há duas linhas de 9 metros de comprimento cada, que delimitam a wing area. Finalmente, há a área de substituição, um quadrado de 5 por 5 metros, cujo um dos lados encosta na linha lateral do lado onde ficam os bancos de reservas, centralizado com a linha do meio de campo. As substituições no lacrosse são ilimitadas, e podem ser feitas a qualquer momento durante o jogo, desde que os jogadores só saiam e entrem pela área de substituição.
Uma equipe de lacrosse é composta por dez jogadores titulares, sendo três atacantes, três meias, três defensores e um goleiro, e quinze reservas, que podem pertencer a qualquer posição. Dependendo de sua posição, o jogador tem seus movimentos restringidos pelas linhas restritivas - que não possuem esse nome à toa, portanto. Os únicos jogadores que podem se movimentar livremente por todo o campo são os meias, responsáveis por roubar a bola dos oponentes, atrapalhar os defensores do time adversário e munir os atacantes; muitas equipes possuem meias especializados em um determinado tipo de jogada, que entram, realizam sua função, e são substituídos em seguida. Os atacantes são aqueles que tentarão marcar os gols, enquanto os defensores são os que tentarão evitar que os atacantes o façam; normalmente, os atacantes só podem jogar dentro da área de ataque de seu time, e os defensores somente dentro da área de defesa, mas as regras permitem que um atacante ou defensor passe para a área central para concluir uma jogada, desde que um meia assuma seu lugar em sua área de origem - pelas regras, sempre deve haver três jogadores do mesmo time dentro da área de ataque ou defesa desse time. Já os goleiros não podem deixar nunca a área de defesa de seu time, e raramente deixam o crease, contando com privilégios especiais enquanto estão dentro desse círculo - os atacantes não podem tentar tirar a bola dele, nem ter contato físico com um goleiro dentro do crease.
Falando nisso, o lacrosse é um esporte de muito contato físico, com empurrões e "varetadas" sendo frequentes. Por causa disso, todos os jogadores utilizam equipamentos de proteção obrigatórios, como protetores acolchoados para os braços, ombros e genitais, luvas acolchoadas, um protetor bucal tipo aqueles do boxe, e um capacete com grade; goleiros devem usar, ainda, um protetor peitoral e um protetor de garganta, e têm luvas ligeiramente diferentes, com proteções extras nos polegares.
Mas o equipamento mais característico do lacrosse é a rede, chamada em inglês de stick ("vareta") ou crosse (de onde o jogo tira seu nome). Usada para conduzir a bola, a rede é composta de uma vareta comprida com uma redinha na ponta (a "cabeça"), meio parecida com aquela rede de caçar borboletas típica dos desenhos animados. A cabeça não é comprida e cônica como a da rede de borboletas, porém; ela se parece com uma pêra de cabeça para baixo, e sua rede, feita de couro e nylon, é curta, permitindo tanto que a bola seja carregada quanto roubada pelo oponente ou arremessada em direção ao gol sem maiores dificuldades. A cabeça é feita de plástico duro, tem 25 cm de comprimento, 10 cm de largura na parte mais estreita, e 17 cm na mais larga; a vareta é feita de alumínio e titânio, e pode ter dois comprimentos diferentes: a chamada long crosse tem um cabo de 1,3 a 1,8 metro de comprimento, enquanto a short crosse tem entre 1 e 1,1 metro. Os defensores são obrigados a usar a long crosse, e um dos meias também pode usar uma se quiser - mas nunca pode haver mais de quatro jogadores portando long crosses em um mesmo time. A rede do goleiro - a goalie crosse - é bem diferente das demais, com uma cabeça oval, de 38 cm de comprimento por 25 cm de largura, e um cabo curto, de 60 cm. Assim como os outros jogadores, o goleiro nunca pode manipular a bola com as mãos, apenas com a rede. A bola, aliás, é feita de borracha maciça, tem entre 19,7 e 20 cm de circunferência, e pesa entre 140 e 149 gramas.
Uma partida de lacrosse dura quatro tempos de 15 minutos cada, com os times trocando de lado ao final de cada tempo. O relogio não para, exceto em três ocasiões: se a bola se perder, e for difícil repô-la; se um jogador se contundir seriamente, provocando a entrada da equipe médica em campo; e durante os três últimos minutos da partida, quando o relógio para toda vez que a bola para. Se o jogo não puder terminar empatado, são jogados dois tempos de prorrogação de cinco minutos cada, e, persistindo o empate, sucessivas prorrogações de cinco minutos cada, com morte súbita - ou seja, quem marcar um gol primeiro vence. No início de cada tempo e após cada gol, um meia de cada time é escolhido para se enfrentar no face off: com a bola bem no meio do campo, estes jogadores ficam de frente um para o outro, quase agachados, com as cabeças das redes a centímetros da bola, mas sem tocá-la. A um comando do árbitro, ambos os jogadores se movem rapidamente, um tentando pegar a bola com sua rede antes do outro. Durante um face off, os meias não envolvidos nele não podem sair das wing areas, embora cada um possa escolher em qual wing area e de que lado do campo irá ficar.
Assim como o basquete, o lacrosse também tem limites de tempo para as jogadas: um goleiro de posse da bola tem quatro segundos para passá-la para outro jogador, ou, se estiver dentro do crease, para sair de lá, ganhando mais quatro segundos quando o fizer; os jogadores com a posse de bola em sua área defensiva têm 20 segundos para fazer com que a bola passe da linha restritiva, e, uma vez que a bola passe do meio do campo, ela não pode voltar, e o jogadores têm 10 segundos para fazer com que ela entre na restraining box. Não há limite de tempo para se arremessar para o gol, mas um time não pode tirar a bola da restraining box depois de entrar com ela. Se qualquer um desses limites estourar, a posse de bola passa para o time oponente no local onde a bola estava. Se a bola sair de campo em posse de um jogador, o time adversário ganha a posse no local onde ela saiu, mas, curiosamente, se ela sair em decorrência de um arremesso, a posse vai para o jogador mais próximo do ponto onde a bola saiu.
Uma partida de lacrosse é oficiada por três árbitros, todos com a mesma autoridade, sendo que um é considerado o principal, e possui a palavra final quando há desacordo entre eles. Arbitrar o lacrosse é considerado difícil, devido à velocidade do jogo, ao grande número de substituições por partida, e ao grande número de faltas, decorrente do contato físico frequente. As faltas no jogo de lacrosse são divididas entre faltas pessoais e faltas técnicas. Um jogador que cometa cinco faltas pessoais é eliminado do jogo, podendo ser substituído, mas não podendo voltar; para as faltas técnicas não há limite. Um jogador que cometa uma falta técnica deve ficar fora de campo, com seu time jogando com um a menos, durante 30 segundos; um que cometa uma falta pessoal desfalca seu time durante 60 a 90 segundos, dependendo da gravidade da infração. As faltas técnicas incluem tocar a bola com as mãos, ter menos de quatro jogadores dentro da área defensiva, empurrar um jogador para que ele não consiga pegar a bola, e outras infrações leves desse tipo. Faltas pessoais incluem infrações mais pesadas, como bater violentamente com a vareta em um oponente sem necessidade, bater em um jogador por trás, abaixo dos joelhos ou sem ele ter a posse de bola, e usar a vareta para fazer um oponente tropeçar. Basicamente, os árbitros só apitam faltas e irregularidades, com tarefas como marcar o tempo de jogo, o tempo das punições e o placar ficando a cargo de uma mesa.
O lacrosse é um dos pouquíssimos esportes cujas versões masculina e feminina possuem diferenças significativas - a ponto de alguns considerarem que são dois esportes diferentes. Isso acontece por duas razões: primeiro, porque o jogo foi adaptado no final do século XIX, visando fazer com que mais meninas se interessassem por aprendê-lo; segundo, porque as regras não foram modernizadas na década de 1930 como ocorreu com o masculino, o que faz com que várias regras do lacrosse feminino sejam parecidas com as regras originais codificadas por Beers.
No lacrosse feminino, as varetas são do mesmo tamanho, mas com uma redinha mais curta, o que torna mais fácil roubar a bola de um adversário, e mais difícil arremessar a bola em alta velocidade. O menor espaço para acomodar a bola também obriga as jogadoras a fazer um movimento conhecido como cradle ("ninar"), sacudindo a rede para a frente e para trás, para evitar que a bola caia enquanto elas correm. A bola também tem o mesmo tamanho e peso, mas é sempre de cor amarela ou laranja fluorescente. E o campo também tem as mesmas medidas do masculino, mas com marcações diferentes: o centro do crease fica a 18 metros da linha do final do campo, e as linhas restritivas ficam a 27 metros do centro de cada crease; concêntricos com o crease e um com o outro, e virados para o meio do campo, há dois semicírculos, um de 8 metros e um de 12 metros de raio, que formam o arc e o fan ("arco" e "leque"), respectivamente. No centro do campo também há um círculo, de nove metros de raio, com uma linha horizontal de 3 metros de comprimento em seu centro. Além destas e da área de substituição, que tem 9 metros de largura, não há nenhuma outra marcação no campo.
Um time de lacrosse feminino conta com 12 jogadoras - mesmo número que o masculino tinha antes da reforma dos anos 1930 - sendo uma goleira, três defensoras, três atacantes e cinco meias. As defensoras e a goleira nunca podem sair de sua área de defesa, e as atacantes nunca podem sair de sua área de ataque; além disso, o time que está atacando sempre deve ter sete jogadoras fora de sua área de defesa, e o que está defendendo sempre deve ter sete jogadoras fora de sua área de ataque. Cada time conta também com 18 reservas, e, assim como no masculino, as substituições são ilimitadas e podem ser feitas a qualquer momento.
Uma partida de lacrosse feminino dura dois tempos de 30 minutos cada, sendo que o relógio só para nos dois minutos finais do jogo, e assim mesmo só quando a bola também para. Uma regra curiosa do lacrosse feminino é a de que, cada vez que um árbitro sopra o apito, todas as jogadoras devem parar imediatamente o que estão fazendo, ficando imóveis em seus lugares até o jogo ser reiniciado. Ao invés de divididas em técnicas e pessoais, no lacrosse feminino as faltas são divididas em leves e graves. A maioria das faltas só resulta em advertência, e em que a jogadora faltosa deve ficar a pelo menos quatro metros da que sofreu a falta no reinício da partida. A critério do árbitro, algumas faltas podem render um cartão amarelo - após o qual a jogadora deve ficar fora do jogo por três minutos - ou vermelho - punidas com expulsão. Dois cartões amarelos para a mesma jogadora também resultam em um vermelho. Uma jogadora expulsa só pode ser substituída no time após três minutos.
As regras do lacrosse feminino também proíbem qualquer tipo de contato físico - os encontrões e empurrões do masculino não acontecem aqui, e as roubadas de bola só podem acontecer se a rede não for jogada na direção da cabeça da oponente. Graças a isso, as jogadoras não precisam usar nenhum equipamento de proteção, embora possam usar máscaras - semelhantes a óculos de mergulho - e protetores bucais opcionais. Também para evitar contusões, as regras determinam que nenhuma jogadora pode entrar intencionalmente na linha entre ela e uma oponente se esta estiver arremessando para o gol; que nenhuma defensora pode ficar dentro do arco por mais de três segundos se não estiver marcando uma atacante adversária; e que faltas cometidas pela defesa dentro do leque resultam em posse de bola automática para a jogadora que sofreu a falta, o que quase sempre resulta em gol.
Surpreendentemente, o lacrosse feminino ganhou uma federação internacional antes do masculino: a Federação Internacional das Associações de Lacrosse Feminino (IFWLA) foi fundada em 1972, enquanto sua contraparte masculina, a Federação Internacional de Lacrosse (ILF), só viria ao mundo dois anos depois. Por muitos anos, as federações permaneceram separadas, cada uma com seus próprios países-membros, e organizando seus próprios campeonatos. O campeonato mundial masculino teve uma primeira edição realizada antes mesmo da fundação da ILF, em 1967, e a partir de 1974 teve um a cada quatro anos; a primeira edição do feminino data de 1982, também a cada quatro anos - com um espaço de três entre 1986 e 1989 para que eles não coincidissem mais com o masculino. O maior campeão em ambas as competições são os Estados Unidos, que conquistaram oito títulos no masculino e seis no feminino. Além deles, somente o Canadá, com dois títulos no masculino, e a Austrália, com dois no feminino, subiram ao lugar mais alto do pódio.
A existência de duas federações, porém, era um entrave não somente à divulgação do esporte, mas também às suas pretensões de um dia voltar às Olimpíadas. Assim, após anos de negociações, no ano passado as duas federações decidiram se unir, criando a Federação de Lacrosse Internacional (FIL), novo órgão máximo do esporte - e que já organizou o campeonato mundial feminino realizado esse ano. Atualmente, a meta da FIL é incentivar o esporte em âmbito mundial, para aumentar sua pequena lista de países membros, que conta apenas com 24 membros plenos (países onde o lacrosse é desenvolvido, com campeonatos e seleções nacionais) e 8 membros associados (onde o lacrosse está em desenvolvimento, com um bom número de praticantes amadores). No site da FIL, o Brasil aparece em uma lista de 29 "nações emergentes", países onde o lacrosse está começando a ser praticado, embora eu reitere que nunca tive notícias de um jogo de lacrosse por aqui.
Antes de concluir, cabe fazer a observação curiosíssima de que a FIL é a única federação esportiva do mundo que conta com uma nação indígena dentre seus membros: a Nação Iroquois - chamada nos torneios femininos de Haudenosaunee, o "povo da casa grande" - uma seleção com bandeira e hino próprios, formada por jogadores e jogadoras descendentes dos índios moicanos, oneidas, onondagas, cayugas, senecas e tuscaroras, que praticavam o lacrosse na época em que os jesuítas chegaram à América do Norte. E eles não disputam os torneios apenas para fazer figuração, já tendo conseguido ficar em quarto lugar no campeonato mundial masculino em 1998, 2002 e 2006.
Tragam o Lacrosse para o Brasil
ResponderExcluirUm esporte tão legal, não existir aqui
Parabéns pelo post, está muito explicativo. Tá na hora do esporte da as caras aqui pelo Brasil já que ele será um esporte olímpico em 2022.
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