sábado, 7 de janeiro de 2006

Escrito por em 7.1.06 com 0 comentários

Arnold Schwarzenegger

Durante muito tempo, eu não quis colocar meus atores preferidos no meu perfil ali do lado. Principalmente porque é meio difícil listar quem seriam meus atores preferidos. Para começar, como eu já disse umas duas vezes, não sou o tipo de pessoa que assiste a um filme por causa do elenco. Em segundo lugar, não fico reparando na atuação de quem está no filme, e não costumo reclamar disso, a menos que seja algo bisonho, como um Cigano Igor da vida. Em terceiro lugar, fazer uma lista e incluir a Mariana Ximenes só porque ela é linda, ou a Fernanda Montenegro só porque ela é reconhecidamente uma das maiores atrizes do Brasil não me parecia uma atitude de muita personalidade.

Há algumas semanas, porém, dei uma guaribada no perfil, acrescentando algumas coisas que estavam faltando, tirando outras que já não me agradam tanto assim, e substituindo os autores do tópico livros por nomes de livros mesmo. Afinal, ter gostado de ler Neuromancer e ser um fã de William Gibson são duas coisas bem distintas. Nesta ocasião, decidi acrescentar atores à lista. Optei por só colocar atores internacionais não por renegar minha pátria, mas porque sempre achei meio difícil fazer um bom juízo de atores nacionais - salvo unanimidades como Fernanda Montenegro e Lima Duarte - principalmente porque as redes de TV têm a péssima mania de empurrar pela goela da gente qualquer um mais bonitinho que eles achem que merece fazer sucesso. Bom, mas isso seria tema para um post da época em que o átomo era um blog de auto-ajuda. Voltando à saga da lista dos atores preferidos, decidi escolher seis, três homens e três mulheres, para ficar bem democrático. E, embora eu diga e repita que não tenho atores preferidos, e que não costumo assistir filme pelo elenco, qualquer um que me conhece deve ser capaz de dizer o nome de um ator que com certeza seria o primeiro desta lista. Arnold Schwarzenegger.

Ok, Schwarzenegger não é um "oh-meu-Deus-que-ator-fantástico", mas é o meu ator preferido. O único capaz de me fazer assistir a um filme só porque seu nome está nos créditos (Zhang Ziyi aos poucos também está conseguindo esta proeza). O único cujo toda filmografia eu assisti. Bem, quase toda, ainda faltam dois filmes. Enfim, eu adoro Schwarzenegger, adoro seus filmes, e o post de hoje é sobre ele.

Como todo mundo já deve saber, Arnold Schwarzenegger nasceu na Áustria, na pequenina cidade de Thal, em 30 de julho de 1947, filho de um policial e de uma dona de casa. Seu pai sempre incentivou a ele e a seu irmão mais velho Meinhard a praticarem esportes. Meinhard optou pelo boxe, Arnold, a princípio, pelo futebol, mas aos 15 anos decidiu fazer fisiculturismo. Aos 18 anos ele teve de prestar o Serviço Militar Obrigatório, mas obteve uma licença para participar do concurso de Mr. Europa Junior, o qual venceu com a nota máxima.

No ano seguinte, após deixar o exército, Schwarza se mudou para Munique, onde foi fazer faculdade de Marketing, e recebeu um convite para treinar na academia Putzingger, a mais famosa da Alemanha. Neste ano, ele decidiu concorrer ao título de Mr. Universo, categoria amadora, em Londres, e ficou em segundo lugar. Na ocasião, ele conheceu seu ídolo Reg Park, três vezes campeão do Mr. Universo. Arnold começou a treinar junto com Park, copiando sua rotina de exercícios e sua alimentação e, no ano seguinte, venceu o Mr. Universo, se tornando o campeão mais jovem da história do torneio, com apenas 20 anos. Ele seria bicampeão no ano seguinte, em 1968.

Seu sucesso levou a um convite do ex-campeão Joe Weider para treinar nos EUA e se profissionalizar. Arnold chegou aos EUA com apenas vinte dólares no bolso, acompanhado de seu amigo e também fisiculturista Franco Columbu. Weider decidiu patrociná-lo, dando-lhe um salário e um pequeno apartamento em troca do livre uso de seu nome e imagem em campanhas publicitárias. Graças a esta parceria, Arnold venceu o Mr. Universo amador em 1969 e 1970, e o Mr. Mundo e Mr. Universo profissional em 1970, deixando seu ídolo Park em segundo.

Influenciado por Park, Arnold decidiu tentar uma carreira no cinema, obtendo o papel principal no filme Hércules em Nova Iorque, de 1970. Como seu nome era muito complexo, ele foi creditado como Arnold Strong. E, como seu inglês não era muito bom, Arnold teve de ser dublado depois da conclusão do filme. Após esta incursão pelo mundo do cinema, Schwarza voltou ao fisiculturismo, ganhando o concurso Mr. Olympia seis vezes seguidas, entre 1970 e 1975. Em meio a tanto sucesso, duas notícias tristes: seu irmão Meinhard falaceu em um acidente de carro em 1971, e seu pai, de ataque cardíaco, em 1972. Cansado do fisiculturismo, que considerava não o estar levando a lugar algum, em 1974 Arnold decidiu tomar aulas de interpretação, e arriscar fazer novos filmes. Ninguém queria agenciá-lo, porém, pois seu nome era muito difícil, sua aparência não era adequada para certos papéis, e seu sotaque era muito forte. Nesse meio tempo, Arnold e Columbu decidiram investir o dinheiro que ganharam nos concursos produzindo vídeos e fitas sobre fisiculturismo. A venda destas fitas possibilitaram que eles comprassem um condomínio, o qual puseram para alugar a preços populares. Estes aluguéis levaram à entrada de Arnold e Columbu no mercado imobiliário. Paralelamente a isso, Arnold ainda conseguiu concluir sua faculdade de marketing internacional. Graças a seus negócios, ele nem precisava mais ser ator ou fisiculturista, mas desde jovem ele sempre quis ser famoso, e continuou tentando, até conseguir um bom papel.

Este papel veio em 1976, no filme O Guarda-Costas. Acreditem ou não, Schwarza ganhou o Globo de Ouro de ator revelação por este filme - e este é o único prêmio que ganhou em toda a sua longa carreira. A curiosidade de ser um fisiculturista ganhador do Globo de Ouro levou a um convite para um documentário sobre o fisiculturismo, Pumping Iron, de 1977 (que dizem ter sido lançado em DVD aqui no Brasil como O Homem dos Músculos de Aço). 1977 também foi o ano em que Arnold conheceu sua futura esposa, a jornalista Maria Shriver, sobrinha do ex-Presidente John F. Kennedy, durante uma partida de tênis que ambos assistiam. Reza a lenda que, ao ver Arnold na platéia, Maria pediu a um amigo em comum que os apresentasse, sob pena dela atropelá-lo se não o fizesse. Apesar de absolutamente ninguém achar que o relacionamento daria certo, Arnold e Maria se casaram em 1986, tiveram quatro filhos, e estão muito bem até hoje, sendo considerados um dos casais mais felizes da América.

Schwarza ainda tentaria o papel do Incrível Hulk na série de TV, mas o estúdio preferiu Lou Ferrigno, um de seus rivais na época de fisiculturista. Após dois filmes em que fez papéis de quase figurante, Arnold se irritou com o comentário de um fisiculturista em uma entrevista, e decidiu concorrer mais uma vez a Mr. Olympia em 1980, cinco anos após sua última competição. Para a surpresa de todos, Arnold venceu, se tornando o único homem até então a ganhar o concurso sete vezes.

Talvez esta proeza é que tenha feito a carreira de Arnold deslanchar, pois neste ano ele seria convidado para o papel principal de Conan, o Bárbaro, um grande sucesso lançado em 1982, e que ganhou uma continuação, Conan, o Destruidor, de 1984. Antes mesmo de filmar o segundo Conan, Schwarzenegger participou do filme que o transformaria em uma lenda, O Exterminador do Futuro, também lançado em 1984, dirigido por James Cameron, então um diretor em ascenção. O Exterminador trazia Schwarza no papel de um robô assassino enviado do futuro para matar a mãe do futuro líder da resistência contra o domínio das máquinas, transformou tanto Arnold quanto Cameron em estrelas do primeiro time, e é hoje considerado um marco na história dos filmes de ficção científica. Apesar de tanto sucesso, Schwarza era bombardeado pela crítica, principalmente por seu sotaque e seu talento duvidoso.

Mas os fãs não pareciam se importar, e nem Arnold. Ao invés de variar para provar ser um bom ator, ele escolhia sempre o mesmo papel: o ex-militar que tem que matar meio mundo para salvar a filha em Comando para Matar (1985), um bárbaro quase-Conan em Guerreiros do Fogo (1985), um ex-agente do FBI transformado em xerife de cidade pequena em Jogo Bruto (1986), o militar que enfrenta um alienígena caçador em Predador (1987), o presidiário que tem que lutar por sua vida em um programa de TV em O Sobrevivente (1987), e um detetive russo em missão nos EUA em Inferno Vermelho (1988). Além das armas enormes e violência extrema, os filmes de Arnold tinham um humor que não era comum em filmes de ação, principalmente na forma de frases curtas proferidas pelos personagens que interpretava, algumas atribuídas ao próprio Schwarzenegger.

1988 finalmente traria uma guinada na carreira de Schwarza. Primeiro, ele recusou o papel de John McClane em Duro de Matar (que acabou ficando com Bruce Willis), depois ele optou por fazer a comédia Irmãos Gêmeos. Como os produtores não estavam certos se lançar Arnold como astro de comédia seria uma boa idéia, ele propôs não receber cachê, e ficar só com uma porcentagem sobre a bilheteria. Acabou que o filme foi um sucesso estratosférico, e Arnold ganhou muito mais do que se tivesse recebido durante as filmagens.

Em 1989, a Federação Internacional de Fisiculturismo decidiu homenageá-lo, criando o concurso Arnold Classic, realizado anualmente em Ohio, e rivalizando em popularidade com o Mr. Olympia. Em 1990, Arnold foi escolhido pelo então Presidente Bush como Presidente do Conselho de Bem-Estar Físico e Esportes, com a missão de visitar os 50 estados implementando um programa de esportes para a juventude, missão essa que ele executou de bom grado, por compreender a importância do esporte para os jovens. Aliás, Schwarza é dono de uma fundação que ensina esporte e promove campeonatos entre jovens de comunidades pobres, e já ganhou vários prêmios por esta iniciativa.

Schwarza retornaria à ação ainda em 1990 com o filme mais caro feito até então, O Vingador do Futuro, dirigido por Paul Verhoeven, no qual ele interpreta um agente secreto que tem sua memória apagada. No mesmo ano Arnold voltaria à comédia em Um Tira no Jardim de Infância, onde interpretava um policial que tinha de se disfarçar de professor para capturar um traficante. Em 1991, Arnold e James Cameron se reuniriam novamente para o mega sucesso O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, desta vez com Schwarza no papel do mocinho, tendo que proteger seu antigo alvo de um andróide feito de metal líquido. Mas logo após este grande sucesso viria o primeiro fracasso de sua carreira, O Último Grande Herói, de 1993, onde interpretava um herói de filmes de ação que se encontrava, dentro do filme, com um menino vindo do "mundo real". Antes de seu lançamento, o filme era tido como um grande sucesso, mas, na verdade, foi massacrado pela crítica e ignorado pelo público.

A partir de então, a carreira de Schwarzenegger teria altos e baixos alternados, primeiro com mais um grande sucesso em parceria com James Cameron, True Lies (1994), onde interpretava um agente secreto que de repente tinha sua família envolvida em uma missão; depois um fracasso de público com a comédia Júnior (1994), onde Arnold era um cientista que testava uma nova droga e acabava engravidando (papel que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em Comédia ou Musical); então mais um sucesso em Queima de Arquivo (1996), onde era um agente especial encarregado de proteger uma ex-funcionária de uma corporação envolvida em tráfico de armas; e finalmente um filme apagado, Um Herói de Brinquedo (1996), comédia onde interpreta um pai que tenta deseperadamente comprar de última hora para seu filho no Natal o brinquedo mais popular da história. Depois disso ele esteve no nada memorável Batman e Robin (1997), onde interpretava o vilão Mr. Freeze (ou Sr. Frio, Sr. Gelo, ou qualquer outra coisa ao gosto do freguês). Apesar do filme ter sido um fracasso retumbante, que interrompeu a série do Batman por quase dez anos, a imagem de Schwarzenegger parece não ter sido arranhada.

Em 1997, Schwarzenegger teve de se submeter a uma operação complicadíssima no coração para corrigir um defeito congênito que poderia levá-lo à morte. Tudo correu bem, mas ele terá de operar novamente em 2007, pois optou por utilizar uma válvula feita com tecido de seu próprio corpo - que está sendo lentamente absorvida - ao invés de uma válvula de plástico, que duraria para sempre, mas o impediria de praticar exercícios físicos. Esta operação também levaria Schwarza a processar o tablóide inglês The Globe, que noticiou que ele teve de operar por causa do uso de esteróides anabolizantes, e o médico alemão Willi Heepe, que disse em uma entrevista que ele morreria cedo, de problemas no coração e uso de esteróides, sem jamais tê-lo examinado (para constar, o próprio Arnold admite ter usado anabolizantes quando era fisiculturista, mas afirma ter parado no início da década de 80, quando pesquisas confirmaram que eles faziam mal à saúde). Em 1998, Arnold sofreu mais um baque, quando sua mãe faleceu de causas naturais.

Enquanto Schwarza estava se recuperando, vários rumores sobre seus próximos papéis começaram a surgir, como o de que ele seria o astro da nova versão do Planeta dos Macacos, que finalmente interpretaria um austríaco em um filme de Quantin Tarantino sobre a Segunda Guerra, e até mesmo que ele seria Venom em um filme do Homem-Aranha. Mas seu primeiro filme após a operação foi Fim dos Dias (1999), no qual interpretava um ex-policial que tinha de enfrentar o demônio em pessoa. O filme foi outro fracasso, considerado confuso demais. Seu filme seguinte, O Sexto Dia (2000), onde interpretava um instrutor de vôo clonado por engano e envolvido em uma conspiração, também não foi bem nas bilheterias. Então veio Efeito Colateral (2002), que sofreu de uma incrível falta de sorte: nele, Schwarza interpreta um bombeiro que enfrenta terroristas para vingar a morte de sua família. O filme seria lançado justamente na época do Onze de Setembro e, mesmo com seu lançamento adiado em quase um ano, foi considerado de mau-gosto por grande parte da crítica e do público.

A carreira de Arnold parecia estar indo para o buraco quando surgiu um convite para atuar em O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas (2003), desta vez sem James Cameron, mas novamente no papel do mocinho. O filme não foi um sucesso tão grande como os dois anteriores, mas foi o primeiro sucesso de Schwarza em sete anos. Logo após, ele tomou uma decisão surpreendente: iria concorrer a Governador da Califórnia. Desde seus primeiros dias nos EUA, Arnold sempre se interessou por política, tendo se filiado ao Partido Republicano em 1983, quando se naturalizou americano. O impeachment do então Governador Gray Davis abriu caminho para uma eleição especial, apenas para o resto de seu mandato. Arnold venceu esta eleição com 48,6% dos votos. Seu mandato termina em 8 de janeiro de 2007, mas ele já anunciou que vai concorrer à reeleição. Enquanto governa, sua carreira de ator está suspensa, já que ele não pode se comprometer com projetos longos. Ainda assim, ele costuma fazer pequenas participações, como em A Volta ao Mundo em 80 Dias, com Jackie Chan. E já começaram a surgir os rumores dos filmes que fará quando puder filmar novamente, como True Lies 2 e Conan Rei.

Schwarzenegger é um dos meus ídolos, porque teve uma vida de crescimento. Em sua juventude, era alguém que tinha quase nada, mas, através de seu esforço e trabalho, e sem se esquecer dos que não tiveram as mesmas oportunidades que ele, hoje é uma pessoa que tem quase tudo, e mesmo assim sempre quer alcançar mais longe. Arnold é uma pessoa que está sempre evoluindo, e isso é o maior mérito que alguém pode ter.

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