sábado, 31 de agosto de 2024

Escrito por em 31.8.24 com 0 comentários

Helloween

Eu não me considero fã de metal. Conheço algumas bandas, gosto de algumas músicas, mas a maioria, quando toca, eu não reconheço de quem é - sendo o contrário também válido, tipo, "fala aí uma música do Motörhead", eu não vou saber responder. Existem duas bandas de metal, porém, das quais eu realmente gosto, a nível de conhecer várias músicas de cada uma e até saber cantar algumas. Sobre uma delas, o Iron Maiden, eu já falei. Sobre a outra, eu vou falar hoje. Hoje é dia de Helloween no átomo!


O Helloween foi formado em Hamburgo, na Alemanha Ocidental, no ano de 1983, após um verdadeiro troca-troca em quatro outras bandas. Tudo começou com Piet Sielck, que nunca fez parte do Helloween, mas, em 1978, fundaria uma banda chamada Gentry, na qual ele era o vocalista e Kai Hansen era o guitarrista. Em 1982, Sielck decidiria deixar a banda e começar uma carreira de produtor musical, voltando a ser vocalista de uma banda apenas em 1996, quando fundaria a Iron Savior; com a saída de Sielck, Hansen assumiria os vocais. Cerca de um ano depois, a banda Powerfool também ficaria sem vocalista, e o guitarrista Michael Weikath convidaria Hansen para a posição. Após horas de conversa, ao invés de trocar a Gentry pela Powerfool, Hansen decidiria fundar uma nova banda em parceria com Weikath, chamando também o baterista Ingo Schwichtenberg, que havia sido da Gentry e estava na Iron Fist. O quarteto se completaria com o baixista Markus Grosskopf, que havia conhecido Hansen no ano anterior, e estava tocando com a Second Hell.

A formação original do Helloween, portanto, contaria com Kai Hansen nos vocais e guitarra, Michael Weikath na guitarra, Markus Grosskopf no baixo e Ingo Schwichteberg na bateria. O nome seria uma sugestão de Schwichtenberg, que "gostava da palavra hell" ("inferno" em inglês, mas, curiosamente, o adjetivo "brilhante" em alemão), e quis fazer um trocadilho com Halloween, o famoso dia das bruxas associado à cultura dos Estados Unidos. Os quatro conseguiriam um contrato com a novata Noise Records, fundada no mesmo ano de 1983, para gravar não um disco próprio, mas duas faixas para a coletânea Death Metal, lançada em maio de 1984, que também contaria com as bandas Hellhammer, Running Wild e Dark Avenger - curiosamente, apesar do nome do álbum, nenhuma delas, nem mesmo o Helloween, de death metal.

A coletânea seria um sucesso, e a Noise decidiria financiar a gravação de um EP para o Helloween, com a condição de que eles mesmos atuassem como produtores, já que ela não tinha dinheiro para contratar um. Lançado em abril de 1985 e chamado simplesmente Helloween, o EP, que contava com cinco faixas, teve boas vendas, e motivou a Noise a financiar o primeiro álbum da banda, chamado Walls of Jericho, que seria lançado ainda em 1985, em novembro, trazendo mais nove músicas. O álbum faria um sucesso moderado, e teria uma história bizarra: originalmente, ele seria lançado em LP e cassete, mas, devido a um erro de produção da primeira tiragem, o lado A da fita cassete, ao invés das cinco faixas do lado A do LP, trazia as cinco faixas do lado A de To Mega Therion, da banda de extreme metal suíça Celtic Frost, o que confundiu muita gente que comprou a fita para conhecer o Helloween - como era outra época, ficou tudo por isso mesmo, e quem quis a fita certa teve de comprar outra, com a Noise colocando a culpa na fábrica e não fazendo nenhuma troca.

Após o lançamento de Walls of Jericho, o Helloween sairia em uma turnê pela Alemanha Ocidental, durante a qual Hansen reclamaria que tinha muita dificuldade para cantar e tocar guitarra ao mesmo tempo. A banda, então, concordaria que, ao fim da turnê, procuraria outro vocalista, com Hansen passando a ser apenas guitarrista, o que faria com que Walls of Jericho se tornasse, além do primeiro, o único álbum do Helloween com a formação original da banda e Hansen nos vocais. Após a turnê, Hansen ainda gravaria mais uma música como vocalista, Judas, que seria lançada em um EP de mesmo nome em 1986, junto com duas faixas de estúdio gravadas mas não lançadas para Walls of Jericho e versões ao vivo dos então dois maiores sucessos da banda, Ride the Sky e Guardians, gravadas durante um show em Gelsenkirchen. Quando Walls of Jericho foi lançado em CD, em 1987, além de suas nove faixas originais, ele traria Judas e quatro das faixas do EP Helloween.

Para substituir Hansen, a banda escolheria Michael Kiske, na época com 18 anos e vocalista da banda Ill Prophecy, também de Hamburgo. Kiske ouviu Walls of Jericho e não gostou, respondendo que não estava interessado, mas a banda conseguiu convencê-lo a assistir a uma das sessões nas quais eles estavam compondo as músicas de seu segundo álbum, modificando alguns arranjos para que elas ficassem mais adequadas a seu estilo; após essa sessão, ele mudaria de ideia e aceitaria o convite.

Com uma nova formação, com Kiske nos vocais, Hansen e Weikath nas guitarras, Grosskopf no baixo e Schwichtenberg na bateria, o Helloween proporia à Noise a gravação de um álbum duplo - que a gravadora rejeitaria. Diante disso, eles decidiriam chamar seu segundo álbum de Keeper of the Seven Keys: Part I. Lançado em maio de 1987, o álbum levaria quase um ano para ficar pronto, durante o qual Weikath seria internado com um colapso nervoso, o que faria com que apenas uma das faixas, A Tale That Wasn't Right, fosse composta por ele, com todas as demais sendo de Hansen, exceto A Little Time, composta por Kiske - nos trabalhos anteriores, a autoria das músicas seria dividida igualmente entre Hansen e Weikath. Também por causa da internação, Weikath só conseguiria gravar os solos de guitarra das músicas, com todas as demais guitarras das faixas ficando a cargo de Hansen.

Até Judas, o Helloween pertencia ao estilo conhecido como speed metal, mas, para Keeper of the Seven Keys: Part I, eles decidiriam mudar para o power metal. A mudança daria super certo, com o álbum sendo considerado um dos maiores expoentes do power metal de todos os tempos, o modelo no qual todas as bandas de power metal deveriam se espelhar, recebendo excelentes avaliações de todas as publicações especializadas. Isso motivaria a Noise a lançar uma música de trabalho, Future World, e renderia um contrato com a gravadora RCA para que o álbum fosse lançado nos Estados Unidos; a RCA também financiaria a gravação de um clipe para a música Halloween, mas com a canção editada, para que ele pudesse ser exibido na Mtv - a faixa tem um pouco mais de 13 minutos de duração, mas a versão do clipe tem um pouco menos de cinco. A RCA também financiaria a primeira turnê internacional do Helloween pelos Estados Unidos, conjunta com a banda britânica Grim Reaper e com a americana Armored Saint; em troca, sua turnê europeia seria conjunta com a banda americana Overkill.

Ao retornar da turnê, Hansen se diria exausto, e pediria para que a banda tirasse um ano sabático, durante o qual não faria nenhum show. Os demais integrantes, porém, seriam contra, achando que a banda estava ganhando tração, e que um ano sem shows poderia prejudicar as vendas do álbum seguinte - que, devido ao sucesso do Keeper of the Seven Keys: Part I, se chamaria Keeper of the Seven Keys: Part II. As discussões entre Hansen e Weikath rapidamente passariam de se a banda deveria dar um tempo dos shows ou não para qual tipo de música eles deveriam gravar no álbum seguinte, se deveriam contratar um produtor de renome ou não, e logo os dois estariam discutindo pelas coisas mais insignificantes, o que levaria Hansen a considerar sair da banda.

Ele ainda ficaria, porém, para Keeper of the Seven Keys: Part II, lançado em agosto de 1988, do qual cinco das nove faixas eram de Weikath - com duas sendo de Hansen e outras duas de Kiske. O álbum seria um sucesso maior ainda, rendendo um Disco de Ouro e quase entrando no Top 100 da Billboard, onde chegou à posição 108; ele seria o quinto álbum mais vendido do ano na Alemanha Ocidental, uma proeza para uma banda de metal, e seria eleito um dos dez maiores álbuns de metal de todos os tempos pela revista britânica Metal Hammer. Suas músicas de trabalho seriam Dr. Stein, que chegaria à posição 57 da Billboard, e I Want Out, que tornaria a música mais famosa da carreira do Helloween, sendo regravada nos anos seguintes por outras bandas de metal, como Unisonic, Hammerfall e Sonata Arctica. Em 1993, ambas as partes de Keeper of the Seven Keys seriam relançadas como um único álbum duplo, com três faixas-bônus.

O enorme sucesso do álbum levaria a um convite para tocar no Monsters of Rock de 1988, ao lado de Iron Maiden, David Lee Roth, Kiss, Megadeth e Guns N' Roses. Também em 1988, o Helloween abriria os shows da parte europeia da turnê Seventh Tour of a Seventh Tour, do Iron Maiden, e sairia em uma turnê solo internacional, com shows na Europa, Ásia e Estados Unidos - um dos shows dessa turnê, em Edimburgo, Escócia, seria gravado e lançado em abril de 1989 como o primeiro álbum ao vivo do Helloween, chamado Live in the U.K. na Europa, I Want Out Live nos Estados Unidos e Keepers Live no Japão. A turnê teria a participação de Jörn Ellerbrock nos teclados, que já começavam a se tornar comuns em várias faixas da banda - Dr. Stein tinha até um solo de órgão.

Infelizmente, o sucesso também faria com que as animosidades entre Hansen e os demais membros da banda continuassem crescendo, dessa vez envolvendo também a Noise, já que Hansen e Weikath consideravam que a gravadora pagava muito pouco à banda diante do sucesso que eles estavam fazendo e das vendas de seus álbuns. No final de 1988, a Mtv convidaria o Helloween para fazer parte da turnê Headbangers Ball Tour, que ocorreria em 1989, o que levaria Hansen a reunir a banda e perguntar se eles poderiam passar todo o ano de 1989 sem fazer nenhum show, porque ele já não estava aguentando mais. Diante da negativa da banda, em dezembro de 1988 ele anunciaria sua saída, sendo substituído no mês seguinte por Roland Grapow, da banda Rampage - anos mais tarde, Weikath confessaria já ter começado a procurar um novo guitarrista quando Hansen começou a se desentender com a banda lá em 1987, e ter mantido o nome de Grapow em mente "para um momento oportuno". Grapow, por sua vez, era mecânico de automóveis, e declarou que, se Weikath não o tivesse convidado, teria desistido da música, pois sentia que não ia a lugar algum com o Rampage.

Grapow tocaria com o Helloween na Headbangers Ball Tour, que contaria também com as bandas Exodus e Anthrax; Kiske reclamaria que essas duas bandas eram de thrash metal, e que o som do Helloween não combinava com os delas, mas os shows seriam enormes sucessos, e levariam a um convite para que eles assinassem contrato com a gravadora EMI - e a um processo da Noise, que alegaria quebra de contrato. Em uma ironia do destino que deve ter agradado Hansen, o juiz que recebeu a petição da Noise ordenou que o Helloween estava proibido de fazer qualquer apresentação ao vivo, o que fez com que eles ficassem de junho de 1989 a abril de 1992 sem fazer nenhum show.

Eles podiam, porém, gravar álbuns, e seu primeiro com Grapow e a EMI seria Pink Bubbles Go Ape, cujas músicas de trabalho foram Kids of the Century e Number One. Devido ao embate entre Noise e EMI, a banda teve que pagar parte das gravações do próprio bolso, gastando quase 400 mil libras esterlinas; além disso, também por causa da ação judicial, o álbum só pôde ser lançado na Alemanha (já unificada) e nos Estados Unidos em abril de 1992, mesmo já estando disponível no Reino Unido e Japão desde março de 1991. Na época o cenário musical já havia mudado bastante, o que levaria o Helloween a se aproximar do hard rock, deixando de lado o metal não somente no estilo musical mas também na iconografia - a capa do álbum trazia uma fotografia surreal, ao estilo das bandas de rock da época, e não ilustrações que remetiam à fantasia, como era tradicional para bandas de metal. Todos esses fatores combinados fariam com que o álbum fosse um grande fracasso de vendas e de crítica, e com que novas tensões surgissem entre os integrantes da banda.

Em abril de 1992, EMI e Noise finalmente chegariam a um acordo, que permitiria não somente o lançamento de Pink Bubbles Go Ape em seus dois principais mercados, mas também que a banda finalmente saísse em uma turnê para divulgá-lo, que começaria na Alemanha, passaria para o restante da Europa, e terminaria no Japão. Querendo recuperar o prejuízo, a banda lançaria seu quinto álbum, Chameleon, em maio de 1993. Com quatro músicas de trabalho (When the Sinner, I Don't Wanna Cry No More, Windmill e Step Out of Hell), Chameleon era um álbum experimental, com o som mais parecido com o do Queen e de Stevie Ray Vaughan do que com o metal do início da carreira ou o hard rock do lançamento anterior, o que desagradaria aos fãs antigos e falharia em atrair novos, levando a mais um grande fracasso de vendas e crítica e ao fim do contrato com a EMI.

Durante a turnê de Chameleon, que teria shows apenas na Europa, Schwichtenberg começaria a apresentar traços de depressão e esquizofrenia, que ele atribuiria ao uso de álcool e drogas; alegando ser impossível continuar trabalhando com ele, Weikath e Grosskopf decidiriam demiti-lo, com o baterista declarando ter sido pego de surpresa pela decisão. A demissão de Schwichtenberg faria com que vários shows da turnê fossem cancelados, com Ritchie Abdel-Nabi sendo contratado temporariamente apenas até o final da mesma; os shows com sua participação, entretanto, teriam baixíssimo público, que reclamaria não tanto da substituição de Schwichtenberg, mas mais do fato de que o Helloween tocava apenas músicas de Chameleon e Pink Bubbles Go Ape, ignorando suas origens. Isso irritava não somente o público, mas também Kiske, que chegou a declarar publicamente que gostaria de cantar mais canções antigas no show. No final de 1993, o clima entre Kiske, Weikath e Grosskopf ficaria insustentável, e o vocalista acabaria também demitido, ingressando em uma bem sucedida carreira solo. Assim, o Helloween entraria em 1994 sem vocalista, sem baterista e sem gravadora.

Weikath e Grosskopf acabariam concluindo que a única forma de salvar a banda seria um volta às origens, ou seja, gravar um novo álbum de power metal. A toque de caixa, eles conseguiriam um contrato com a pequena gravadora Castle Records, e contratariam, apenas para a gravação do álbum, o vocalista Andi Deris, da Pink Cream 69, e o baterista Uli Kusch, da Gamma Ray; os dois seriam efetivados como membros plenos da banda pouco após o lançamento do álbum, em setembro de 1994 - Deris havia sido convidado por Weikath para se unir ao Helloween já em 1991, mas, como Kiske ainda era o vocalista, decidiria não aceitar; nos anos seguintes, sua relação com a Pink Cream 69 se deterioraria, e, após a demissão de Kiske, ao ser novamente convidado, decidiria aceitar antes que ele mesmo fosse demitido e acabasse desempregado.

O sexto álbum do Helloween se chamaria Master of the Rings, seria lançado em agosto de 1994, e teria como músicas de trabalho Mr. Ego ("dedicada" a Kiske), Where the Rain Grows, Perfect Gentleman e Sole Survivor. O álbum faria um sucesso moderado e seria seguido de uma curta turnê pela Europa, ao fim da qual o Helloween voltaria a estúdio para gravar seu sétimo, The Time of the Oath, lançado em março de 1996. Durante a turnê de Master of the Rings, Schwichtenberg, então com 29 anos, cometeria suicídio, com a banda decidindo dedicar The Time of the Oath à sua memória. The Time of the Oath teria como músicas de trabalho Power, The Time of the Oath e Forever and One (Neverland), e seria um álbum temático, com suas músicas representando as escolhas da humanidade após a realização das profecias de Nostradamus; mais uma vez faria um sucesso moderado, um pouco menor que o de Master of the Rings.

A turnê de The Time of the Oath daria origem a um álbum duplo ao vivo, High Live, gravado durante três shows, em Milão, na Itália, e em Pamplona e Girona, na Espanha, lançado em setembro de 1996. Mais uma vez, eles emendariam a turnê com a gravação de um novo álbum, Better Than Raw, lançado em março de 1998, trazendo I Can e Hey Lord! como músicas de trabalho. O álbum seria um pouco mais bem sucedido que os dois anteriores, e sua turnê, que começaria na Europa e terminaria no Japão, também teria o primeiro show do Helloween no Brasil e uma única apresentação nos Estados Unidos, primeiro show da banda lá em quase uma década. Depois de Better Than Raw, o Helloween lançaria um álbum de covers, Metal Jukebox, no qual regravaria, em ritmo de heavy metal, sucessos dos Scorpions, Jethro Tull, Faith no More, David Bowie, ABBA, Cream, e até mesmo All My Loving, dos Beatles.

Em 2000, o Helloween assinaria contrato com outra gravadora pequena, a Nuclear Blast, e lançaria mais um álbum experimental, The Dark Ride, com um som mais sujo e pesado que o habitual; lançado em outubro, ele teria como músicas de trabalho Mr. Torture e If I Could Fly, e seria mais um sucesso moderado. Imediatamente após sua turnê de lançamento, Grapow e Kusch seriam demitidos; a versão oficial seria a de que eles estavam dando mais atenção a uma banda paralela que os dois formaram durante a turnê, chamada Masterplan, do que aos shows do Helloween. Eles seriam substituídos pelo guitarrista Sascha Gerstner, que havia sido membro da Freedom Call e da Neumond, e pelo baterista Mark Cross, ex-integrante das bandas Metalium, Kingdom Come, At Vance e Firewind, ambos indicados por Charlie Bauerfeind, produtor de The Dark Ride.

Os dois estreariam no décimo álbum do Helloween, Rabbit Don't Come Easy, lançado em maio de 2003, que teve uma única música de trabalho, Just a Little Sign; Cross, entretanto, teve mononucleose e não pôde completar as gravações, participando apenas de duas faixas, nas demais sendo substituído pelo baterista do Motörhead, Mikkey Dee. Apesar de ser mais um retorno ao power metal tradicional da banda e de ter sido bem avaliado pela crítica, Rabbit Don't Come Easy não teria boas vendas, sendo considerado um fracasso pela gravadora; ainda assim, os shows na Europa teriam bom público, o que renderia uma nova turnê mundial, a primeira com mais de um show nos Estados Unidos desde 1989. Para a turnê, na qual o Helloween voltaria a tocar sucessos do início de sua carreira, o baterista seria Stefan Schwartzmann, ex-integrante das bandas Running Wild e Accept.

Schwartzmann se desentenderia com Weikath e Grosskopf ainda durante a turnê, porém, e seria demitido ao seu final, substituído por Daniel Löble, da banda Rawhead Rexx. Através de Bauerfeind, a banda também conseguiria um contrato com uma das maiores gravadoras da Alemanha, a SPV, que os colocaria em seu selo Steamhammer. Preocupados com a imagem da banda, que começava a ser chamada pela imprensa alemã de "uma porta giratória de músicos", Weikath e Grosskopf decidiriam voltar às origens mesmo, chamando seu décimo-primeiro álbum, lançado em outubro de 2005, de Keeper of the Seven Keys: The Legacy e o anunciando como uma continuação das Partes I e II. De fato, o álbum possui um som bem parecido com os dois clássicos da banda, embora em alguns momentos se aproxime mais do progressive metal do que do power metal; suas músicas de trabalho seriam Mrs. God e Light the Universe, que contava com a participação da vocalista Candice Night, da banda Blackmore's Night, mas um de seus maiores destaques seria sua primeira faixa, The King for a 1000 Years, de 13 minutos e 54 segundos, a mais longa da carreira da banda - aliás, tudo em Keeper of the Seven Keys: The Legacy seria exagerado, já que ele seria um álbum duplo de 77 minutos vendido em um digipack de seis seções.

O álbum seria mais um grande sucesso de crítica, mas mais um sucesso moderado de público; sua turnê, entretanto, teria shows lotados em quase todas as datas, e mais uma vez rodaria o mundo. Essa turnê daria origem ao pack Keeper of the Seven Keys – The Legacy World Tour 2005/2006, lançado em fevereiro de 2007 e composto de dois CDs e dois DVDs; os CDs, um álbum duplo chamado Live in São Paulo, traziam a gravação de um show realizado em São Paulo, Brasil, enquanto um dos DVDs, chamado Live On 3 Continents, trazia partes dos shows de São Paulo, Tóquio e Sófia, na Bulgária - o segundo DVD trazia clipes, entrevistas, um mini-documentário e a gravação da apresentação da música Halloween no Monsters of Rock de Vizovice, República Tcheca, em 2007.

Logo após o fim da turnê, o Helloween voltaria ao estúdio para gravar Gambling with the Devil, lançado em outubro de 2007, que contaria com a participação especial de Biff Byford, vocalista da banda Saxon, e teria uma única música de trabalho, As Long as I Fall, lançada exclusivamente online - além de uma das músicas mais famosas da banda, The Saints. Sua turnê mundial de lançamento seria conjunta com a Gamma Ray, nova banda de Hansen, com a maioria dos shows na Alemanha também contando com a banda Axxis. Nessa turnê, ao final de cada apresentação, Hansen se uniria ao Helloween para cantar I Want Out e Future World.

O lançamento seguinte da banda seria Unarmed - Best of 25th Anniversary, de janeiro de 2010, que celebraria seus 25 anos de carreira com regravações acústicas de seus maiores sucessos - incluindo The Keeper's Trilogy, um medley das canções Halloween, Keeper of the Seven Keys e The King for a 1000 Years gravado com a participação da Orquestra Sinfônica de Praga. Seu álbum seguinte de inéditas seria 7 Sinners, de outubro de 2010, disponibilizado totalmente online na página do Helloween no Myspace uma semana antes, e que tinha como única música de trabalho Are You Metal?, mais uma vez lançada exclusivamente online.

7 Sinners marcaria o fim do contrato com a SPV, e, ao invés de renovar, a banda decidiria assinar com a The End Records, menor mas sediada em Manhattan, visando uma maior penetração no mercado norte-americano. Seu primeiro álbum pela nova gravadora seria Straight Out of Hell, de janeiro de 2013, que trazia como músicas de trabalho Burning Sun e Nabataea. O álbum seria o maior sucesso do Helloween desde a saída de Hansen, entrando para o Top 100 da Billboard (na posição 97) e chegando ao quarto lugar na lista de mais vendidos da Alemanha. Sua turnê de lançamento incluiria um show no Rock in Rio, com a participação de Hansen tocando e cantando com a banda. Após o fim da turnê, insatisfeitos com a gravadora americana, eles decidiriam voltar para a Nuclear Blast, pela qual lançariam My God-Given Right, em maio de 2015; o álbum seria mais um grande sucesso na Europa, chegando à oitava posição da lista de mais vendidos na Alemanha, mas a banda optaria por não lançar músicas de trabalho.

Em novembro de 2016, o Helloween anunciaria a turnê Pumpkins United World Tour, com a participação de Hansen e Kiske, o que surpreenderia a muitos, já que as desavenças entre Kiske e Weikath eram públicas e notórias. Em entrevistas, Kiske diria que se encontraria por acaso com Weikath durante um festival de rock na Suécia em 2013, e que ele lhe pediria perdão e para que ele reatasse os laços com a banda; Kiske, então, conversaria com Hansen sobre o assunto, e acabaria percebendo que já havia perdoado Weikath, mesmo sem perceber. Curiosamente, ao ser perguntado se Grapow e Kusch também haviam sido convidados para a turnê, Grosskopf diria que não, porque senão haveria "gente demais" no palco. A turnê começaria no México, incluiria shows no Brasil, e traria um tributo a Schwichtenberg; Kiske e Deris cantariam as músicas que originalmente haviam gravado com a banda, enquanto Hansen cantaria um medley das canções de Walls of Jericho e atuaria como guitarrista nas demais. Kiske teria um problema se saúde um pouco antes do início da turnê, e seria acusado de cantar de playback, admitindo que de fato foi "ajudado por faixas pré-gravadas", mas apenas no primeiro show.

Um dos shows da turnê, em Madri, Espanha, seria gravado e lançado em outubro de 2019 como o álbum triplo ao vivo United Alive in Madrid, com faixas-bônus gravadas em Santiago do Chile, São Paulo, Praga e em Wacken, Alemanha. Pouco antes do início da turnê, em outubro de 2017, a banda disponibilizaria, gratuitamente para download, a faixa Pumpkins United, com a participação de Hansen e Kiske, o que levaria a especulações de que o Helloween poderia gravar um álbum com a formação da turnê. Em entrevistas, Deris diria que a possibilidade estava em aberto, enquanto Weikath e Hansen confirmariam ter conversas sobre o assunto; em agosto de 2018, a banda divulgaria oficialmente que, a pedido da Nuclear Blast, a "formação Pumpkins United" seria mantida para um novo álbum, ainda sem data prevista de lançamento. Alguns meses após o fim da turnê, o Helloween, ainda com a formação da Pumpkins United, se apresentaria no Rock in Rio 2019.

As gravações do novo álbum, assim como uma nova turnê, seriam interrompidos, assim como quase tudo na época, pela pandemia. Chamado simplesmente Helloween, e tendo como músicas de trabalho uma nova versão de Pumpkins United, Skyfall e Fear of the Fallen, o álbum seria lançado em junho de 2021, e se tornaria o mais bem sucedido da carreira da banda, chegando ao topo da lista dos mais vendidos na Alemanha e Espanha, ao topo da parada de rock e metal do Reino Unido, à posição 35 da Billboard, e rendendo mais um Disco de Ouro.

A formação atual do Helloween conta com Kiske e Deris como vocalistas, Hansen como vocalista e guitarrista, Weikath e Gerstener como guitarristas, Grosskopf como baixista e Löble como baterista. Em maio de 2023, eles entrariam para o Hall da Fama do Metal, e, em fevereiro de 2024, anunciariam uma nova troca de gravadora, agora assinando com a Reigning Phoenix. No momento eles estão em estúdio gravando seu décimo-sétimo álbum, que tem lançamento previsto para 2025.

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