Quando eu terminei o até então último post dessa série, a sétima temporada estava prestes a se concluir, com seu último episódio estando a dias de estrear. Na época eu não sabia, mas a sétima seria a última com Matt Smith no papel do Doutor, então acabou que foi um bom encerramento para aquele post. Antes de um novo Doutor estrear, porém, ainda iriam ao ar dois episódios especiais: um para comemorar os 50 anos da estreia da série, outro o tradicional especial de Natal, que dessa vez teria um enredo mais do que especial.
Antes de abordarmos esses dois episódios, porém, eu queria dedicar um parágrafo a uma das personagens recorrentes mais importantes da série nova, River Song, interpretada por Alex Kingston. River faria sua estreia no episódio Silence in the Library, oitavo da quarta temporada, quando o Doutor ainda era David Tennant. Assim como o Doutor, ela é uma viajante do tempo, mas com um detalhe que eu achei super sensacional: sua linha do tempo é "ao contrário" em relação à do Doutor - ou seja, o que é futuro para ele é passado para ela, o que faz com que, a cada episódio em que ela apareça, ela saiba tudo o que vai acontecer com o Doutor nos episódios seguintes, mas não tenha nenhuma memória do que ocorreu nos anteriores. Durante as três temporadas estreladas por Matt Smith, River ganharia tanta importância que o nome de Kingston apareceria na abertura, honra normalmente concedida apenas ao Doutor e a seus companheiros de viagem; infelizmente, na minha opinião, essa importância, que faria com que ela aparecesse em quase todos os episódios da sexta temporada, faria com que o detalhe mais interessante de sua história fosse mal desenvolvido, suplantado por um enredo secundário que explorava sua ligação com o Doutor e com seus companheiros da época, Amy Pond (Karen Gillan) e Rory Williams (Arthur Darvill). Com a saída de Smith, River deixaria de ser um personagem recorrente, e só apareceria em um único episódio, uma espécie de despedida, The Husbands of River Song, o segundo especial de Natal da nona temporada.
Pois bem, após o final da sétima temporada, se aproximava a data na qual a exibição do primeiro episódio de todos, An Unearthly Child, completaria 50 anos. Para comemorar a ocasião, a BBC anunciaria um filme em 3D para o cinema, mas, no fim das contas, acabaria fazendo apenas mais um episódio especial - que realmente seria exibido em cinemas selecionados do Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, México e Brasil, mas foi filmado para ser exibido pela BBC no exato dia do aniversário, 23 de novembro de 2013. Com o nome de The Day of The Doctor, o especial traria inúmeras referências a outros episódios da série, e uma grande surpresa: uma regeneração inédita do Doutor, que ocorreu entre o oitavo (Paul McGann) e o nono (Christopher Eccleston) Doutores, interpretada pelo famoso ator inglês John Hurt. Apesar disso, a equipe de produção decidiria não "renumerar" as regenerações a partir do nono, e chamar oficialmente a interpretada por Hurt de "The War Doctor" (o Doutor da Guerra).
Esse nome seria escolhido porque, entre o filme com McGann e a primeira temporada da série nova, ocorreu, sem nunca ter sido mostrado em detalhes, um conflito conhecido como Guerra Temporal, a batalha final entre os Senhores do Tempo e os Daleks. O War Doctor era a forma que o Doutor usou durante esse conflito, durante o qual ele "renunciou ao nome Doutor", e, por vergonha de seus atos, decidiu esconder essa parte de sua história, jamais a mencionando ou se referindo a ela. O especial não é, entretanto, estrelado pelo War Doctor, e sim pelos décimo (Tennant) e décimo-primeiro (Smith) Doutores, que se encontram graças a uma fissura temporal, que também permite que os Zygons habitem pinturas e usem suas habilidades para influenciar a política no presente, inclusive substituindo vários membros-chave da UNIT. Enquanto os dois Doutores no presente lidam com a ameaça dos Zygons, o War Doctor contempla se deve ou não usar uma arma que acabará com a Guerra Temporal de uma vez por todas, mas com o preço de destruir todos os Senhores do Tempo, tornando-o o único.
Além de Hurt, Tennant e Smith, o especial conta com Billie Piper como uma espécie de consciência do War Doctor enquanto ele contempla se deve ou não usar a arma; Jenna Coleman como Clara Oswald; Jemma Redgrave como Kate Stewart, filha do Brigadeiro Lethbridge-Stewart; e Ingrid Oliver como Osgood, cientista da UNIT. Tom Baker faz uma participação especial não creditada como o curador de arte de um museu, que interage brevemente com o Doutor de Smith. Eccleston seria convidado para interpretar o nono Doutor, com os três doutores da série nova agindo em trio contra os Zygons, mas recusaria após ler o roteiro, achando que não receberia o destaque adequado; após sua recusa, o roteiro seria reescrito para que apenas Tennant e Smith agissem em conjunto. Cenas de arquivo de Eccleston, McGann, Sylvester McCoy, Colin Baker, Peter Davison, Tom Baker, Jon Pertwee, Patrick Troughton e William Hartnell seriam usadas em algumas cenas do especial, principalmente na batalha final, na qual Peter Capaldi, o próximo Doutor, também apareceria brevemente; John Guilor imitaria a voz de Hartnell para uma fala do primeiro Doutor para a qual a equipe da BBC não conseguiu encontrar correspondente nos arquivos.
Escrito por Steven Moffat e dirigido por Nick Hurran, o especial teria 77 minutos e seria um grande sucesso, sendo votado pelos fãs da série, através de uma pesquisa na Doctor Who Magazine, como o melhor de todos os episódios até então. Pouco antes de sua estreia, a BBC lançaria dois "mini-episódios" exclusivamente online. O primeiro deles, The Night of the Doctor, mostraria os últimos momentos do oitavo doutor durante a Guerra Temporal, antes de regenerar e se tornar o War Doctor, e marcaria o retorno de McGann ao papel do Doutor, 17 anos após protagonizar o filme. O segundo, The Last Day, acompanha um soldado dos Senhores do Tempo (Chris Finch) durante a invasão dos Daleks, o primeiro evento da Guerra Temporal. Ambos os episódios foram extremamente elogiados, e incluídos como extras no lançamento de The Day of The Doctor em DVD e Blu-ray.
Já o especial de Natal se chamaria The Time of The Doctor e lidaria com uma questão importantíssima: em dois dos episódios da Série Clássica e no filme, foi dito claramente que cada Senhor do Tempo só tinha direito a 12 regenerações, morrendo de vez depois disso. Embora essa regra não fosse algo lá respeitado a ferro e fogo - também foi dado a entender na série original que o Mestre, outro Senhor do Tempo, usou de um subterfúgio para regenerar mais de 12 vezes - essa informação se tornou parte do cânone de Doctor Who, sendo repetida pelos fãs, reproduzida em reportagens, e até mesmo em jogos de trívia ("quantas vezes o Doutor pode regenerar em Doctor Who?"). Quando começaram a produzir a série nova, os produtores não ligaram muito para esse detalhe, mas quando Matt Smith foi escolhido para ser o décimo-primeiro doutor, um burburinho tomou conta dos fãs, preocupados que o Doutor pudesse estar perto de sua morte definitiva. Quando foi anunciado que Smith seria substituído, e quando o War Doctor apareceu no especial de 50 anos, as especulações se tornaram insustentáveis, e Moffat decidiu usar o especial de Natal para acabar com essa história de uma vez por todas.
O especial, na verdade, serviria para fechar as pontas soltas das duas histórias principais envolvendo o décimo-primeiro Doutor, as rachaduras no tempo e a profecia do Silêncio, mostrando também a regeneração para o décimo-segundo Doutor, interpretado pelo já citado Peter Capaldi. Escocês como Tenant, famoso por ter sido protagonista da série de comédia sobre política The Thick of It, exibida pela BBC entre 2005 e 2012, Capaldi, de 55 anos, seria o segundo mais velho ator a interpretar o Doutor, atrás apenas de Hartnell, e o primeiro a ter o mesmo primeiro nome que outro ator que também interpretou o Doutor (no caso, Peter Davison, o quinto); apesar de sua escolha ter dado a entender que os produtores queriam um retorno a um Doutor mais velho, contido e sério, Capaldi faria um Doutor descolado, que toca guitarra e flerta com as mulheres, que cairia no gosto do público e seria considerado um dos três melhores em uma votação realizada pela BBC, junto a Tennant e Tom Baker. Isolado no planeta Trenzalore, sitiado pelos Cybermen, o décimo-primeiro Doutor também seria o primeiro a morrer de idade avançada, provando que, embora sua mente seja extremamente antiga, seus corpos físicos também envelhecem normalmente - e não, não foi esse o motivo pelo qual o Doutor "ganhou mais regenerações"; assim como o Mestre, ele usaria de um subterfúgio, embora, propositalmente, não tenha ficado claro a quantas novas regenerações ele tem direito agora.
Pois bem, com um novo Doutor, mas uma antiga companheira, Clara, a série estava pronta para sua oitava temporada; por decisão dos produtores, a partir desta, ao invés de 13, cada temporada teria apenas 12 episódios, com os da oitava sendo exibidos entre 23 de agosto e 8 de novembro de 2014 - curiosamente, o especial de Natal de 2014, oficialmente de acordo com a BBC, não faz parte da oitava temporada, e sim da nona, o que faz com que a oitava temporada não tenha especial de Natal, mas a nona tenha dois. A temporada conta com Kate Stewart e Osgood como personagens recorrentes, além de Danny Pink (Samuel Anderson), o namorado de Clara; o personagem novo mais interessante, entretanto, é Missy (Michelle Gomez), antagonista que aparece em cinco episódios, no último deles sendo revelado que ela, na verdade, é a nova regeneração do Mestre, o que pegou os fãs - que há muito tempo se perguntavam se seria possível o Doutor se tornar uma mulher após regenerar - de surpresa. Embora cada um de seus episódios tenha uma história completa, sem serem conectados uns aos outros, a oitava temporada conta com um arco envolvendo a Terra Prometida, onde vários personagens que morrem ao longo dos episódios vão parar; ela também deixaria os Daleks um pouco de lado, e teria como principais vilões os Cybermen.
A nona temporada traria mais 12 episódios, exibidos entre 19 de setembro e 5 de dezembro de 2015, mas dela, oficialmente, também fariam parte dois especiais de Natal, o de 2014 e o de 2015, ambos exibidos nos respectivos dias 25 de dezembro. O principal arco de história da temporada envolveria uma menina viking, Ashildr (Maisie Williams, de Game of Thrones), que se torna imortal após uma intervenção do Doutor, interferindo em vários dos eventos da temporada. A nona temporada também marcaria o retorno do planeta natal do Doutor, Gallifrey, que tinha destaque na Série Clássica mas pouca participação na nova. Essa seria a temporada mais elogiada pelos críticos, e considerada a melhor da série nova por muitos dos fãs; infelizmente, também seria a última de Clara, que parte para novas aventuras sem o Doutor em seu último episódio. Missy retorna como um vilão recorrente, e Kate Stewart e Osgood são personagens recorrentes importantes - um episódio em duas partes, inclusive, é sequência dos eventos de The Day of The Doctor.
A nona temporada também teria dois curtas especiais, um de pouco menos de dois minutos, exibido pela BBC antes do primeiro episódio, e um com um pouco mais de seis minutos, exibido nos cinemas dos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Rússia e Ucrânia antes de uma versão editada e em 3D dos dois últimos episódios, exibida em cinemas selecionados desses cinco países; no Reino Unido, ele seria disponibilizado na página oficial de Doctor Who no Facebook, e, em outros países, estaria no catálogo de serviços como Amazon Instant Video e iTunes. Ambos mostram eventos ocorridos antes do primeiro episódio da nona temporada, que têm implicações nos demais. Como parte das comemorações pelos dez anos da estreia da série nova, o primeiro episódio da nona temporada também seria exibido em 3D nos cinemas, mas apenas no Reino Unido.
A produção da décima temporada seria longa e complicada, e, por causa disso, ela não estrearia em 2016. Além de ser a última de Capaldi (estabelecendo uma espécie de cláusula contratual não-oficial segundo a qual cada ator da série nova só interpretaria o Doutor por três temporadas), a décima seria a última com Steve Moffat como showrunner, com Chris Chibnall assumindo após seu final. Com a partida de Clara, o Doutor teria dois novos companheiros de viagem, o ciborgue Nardole (Matt Lucas), que estreou em The Husbands of River Song, e a estudante universitária Bill Potts (Pearl Mackie); como bem disse Missy em um dos episódios, eles são, respectivamente, o apoio cômico e o personagem expositivo, com o Doutor novamente explicando a Bill todos os detalhes sobre quem ele é e o que ele faz - algo que ocorre de tempos em tempos na série, para quem está começando a assistir daquele ponto. A décima temporada também marcaria o retorno de John Simm, em um episódio no qual Missy e o Mestre se encontram.
Clara é, talvez, a companheira de viagem mais impactante do Doutor, comparada por críticos e fãs a estrelas da Série Clássica como Sarah Jane Smith e Jo Grant, e superando Rose Tyler e Amy Pond, então Bill encontrou um pouco de resistência ao substituí-la - basicamente, todo mundo torcia o nariz pra ela. Ela tem o mérito, entretanto, de ser a primeira companheira de viagem abertamente gay, além de ser negra e originária da chamada working class, a classe pobre do Reino Unido - originalmente, ela não era aluna da Universidade, e sim fritava batatas no refeitório. Contudo, um aumento na audiência da décima temporada em relação à nona seria atribuído a uma personagem tão inclusiva, e o espírito energético e as tiradas humorísticas da personagem logo afastariam a relutância em aceitá-la. A química entre Capaldi e Mackie também seria extremamente elogiada pelos críticos, que, ao final, lamentaram que Bill só estaria na série por uma temporada.
Os 12 episódios da décima temporada seriam exibidos entre 15 de abril e 1 de julho de 2017, mas dela também faria parte o especial de Natal exibido em 25 de dezembro de 2016, The Return of Doctor Mysterio, que de certa forma pega carona no sucesso dos filmes de super-heróis. Bill não estrearia nesse, mas no primeiro da temporada mesmo, que teria o título propositalmente dúbio de The Pilot. O principal arco de história da décima temporada envolve uma aparente redenção de Missy, com o Doutor fazendo o possível para que ela deixe seus dias de maldade para trás e passe a viajar com ele na Tardis fazendo o bem.
Originalmente, o Doutor iria regenerar no último episódio da décima temporada, que também seria o último de Moffat, mas Chibnall não quis assumir o cargo em um especial de Natal, então, em meio à décima temporada, Moffatt concordou em adiar a regeneração e também escrever e produzir o especial de Natal de 2017, chamado Twice Upon a Time. Ambientado durante os eventos de The Tenth Planet, da quarta temporada da Série Clássica, que marcou a primeiríssima regeneração do Doutor, lá em 1966, o episódio mostra o encontro do Doutor com sua "forma original", e revela que, naquela ocasião, o "Doutor original" não queria regenerar, pensando em "viver e morrer como ele mesmo" - enquanto o Doutor interpretado por Capaldi está cansado após "tantas vidas" e cogitando morrer pela última vez. A presença de dois Doutores negando a regeneração no mesmo local causa um vórtice temporal que faz com que um capitão inglês da Primeira Guerra Mundial (Mark Gatiss, também um dos roteiristas da série) vá parar junto aos Doutores. Cabe aos dois Doutores, trabalhando em conjunto e com a ajuda de Bill, descobrir como resolver a situação sem colocar a integridade temporal do universo em risco.
Twice Upon a Time seria o programa mais assistido no Natal de 2017 no Reino Unido, e seria lançado em salas selecionadas nos cinemas de vários países, incluindo o Brasil. O episódio usa cenas originais de The Tenth Planet, inclusive contando, em seu início, com uma cena de transição entre as cenas originais, em preto e branco e fullscreen, e as filmadas para ele, coloridas e em widescreen. Como William Hartnell, o intérprete original do Doutor, faleceu em 1975, é David Bradley (também de Game of Thrones) quem interpreta o "primeiro doutor" - com Lilly Travers e Richard Garfield aparecendo brevemente como seus companheiros de viagem Polly e Ben Jackson, interpretados em The Tenth Planet por Anneke Wills e Michael Craze. Jenna Coleman também faz uma pequena participação especial como Clara.
Ao final de Twice Upon a Time, o Doutor regenera pela primeira vez para uma mulher, passando a ser interpretado por Jodie Whittaker. Chibnall ainda tentaria convencer Capaldi a assinar por mais uma temporada, mas, diante da irredutibilidade do ator, abriria testes para um novo Doutor; ele negaria já estar pensando em uma mulher desde o início, testaria homens e mulheres, e escolheria Whittaker em conjunto com o diretor do departamento de drama da BBC, Piers Wenger, e com a diretora de conteúdo do canal, Charlotte Moore. Whittaker seria anunciada como a nova "Doutora" (em inglês não faz diferença, já que o título Doctor é o mesmo para homens e mulheres) logo após a final do torneio de tênis de Wimbledon de em 2017.
Como já estava definido que nem Bill, nem Nardole seguiriam com o Doutor após a décima temporada, era preciso encontrar um novo companheiro de viagem, e Chibnalll, que escreveria os cinco primeiros episódios da temporada, optaria logo por três: o motorista de ônibus aposentado Graham O'Brien (Bradley Walsh); Ryan Sinclair (Tosin Cole), jovem de 19 anos que trabalha em uma loja de ferragens e estuda para ser engenheiro; e Yasmin Khan (Mandip Gill), apelido Yaz, também de 19 anos, descendente de indianos do Punjab que sonha se tornar policial. Uma personagem recorrente da temporada é Grace (Sharon D. Clarke), esposa de Graham e avó de Ryan - sendo que Graham é seu segundo marido e avô adotivo de Ryan.
A BBC optaria por uma mudança de formato para a décima-primeira temporada: ao invés de 12 episódios de 45 minutos cada, seriam 10 episódios de 50 minutos cada (com o primeiro tendo 64 minutos), que seriam exibidos entre 7 de outubro e 9 de dezembro de 2018; e, ao invés de um especial de Natal, a temporada teria um especial de ano novo (também escrito por Chibnall, que também escreveria o último da temporada), exibido em 1º de janeiro de 2019. Pela primeira vez desde a sétima temporada (e pela terceira vez na história da série, contando com a Série Clássica), não haveria nenhum episódio em duas ou mais partes, com todas as histórias se concluindo no mesmo episódio em que começaram. A décima-primeira temporada também ganharia uma nova abertura, e a série, um novo logotipo, mas que só estreariam no segundo episódio. Também por decisão da BBC, a décima-primeira temporada seria a primeira na história de Doctor Who (mais uma vez contando com a Série Clássica) na qual os episódios seriam exibidos aos domingos.
Whittaker e seus três companheiros de viagem retornariam para a décima-segunda temporada, que teria mais 10 episódios, exibidos entre 1º de janeiro e 1º de março de 2020 - mais um especial de ano novo em 1º de janeiro de 2021. Diferentemente da temporada anterior, essa já começa com um episódio em duas partes, no qual a Doutora e seus colegas têm de ajudar o MI6 a solucionar mortes misteriosas envolvendo agentes secretos. Essa temporada também traria o retorno do Mestre, agora interpretado por Sacha Dhawan, que planeja nada menos que destruir Gallifrey - de preferência com a Doutora junto. Outro personagem que retorna à série é Jack Harkness (John Barrowman), que participa de dois episódios, após ficar ausente desde 2010. Também vale dizer que dois dos episódios trazem uma encarnação até então desconhecida e não numerada do Doutor (ou seja, não se sabe se ela é do passado ou do futuro), interpretada por Jo Martin; essa encarnação seria apelidada pela equipe de produção de "a Doutora Fugitiva".
A décima-segunda temporada já estava completamente filmada e finalizada quando começou a pandemia, faltando apenas os episódios irem ao ar; as filmagens do especial de ano novo e a produção da temporada seguinte, entretanto, sofreriam atrasos - Chibnall declararia em entrevistas que a equipe decidiu fazer a pré-produção do especial de ano novo de forma remota, na esperança de que tivessem condições para gravá-lo antes de o ano acabar, o que realmente aconteceria. A produção da décima-terceira temporada, por outro lado, seria severamente impactada pela pandemia: originalmente prevista para ter 11 episódios, ela foi primeiro reduzida para 8, depois para 6; ninguém sabia quando as gravações poderiam começar, e a BBC não gostava da ideia de nenhum episódio inédito de Doctor Who ir ao ar em 2021, pois nenhum havia ido ao ar em 2019 (quando a décima-segunda temporada estava sendo gravada), e os executivos do canal temiam que isso pudesse criar uma percepção no público de que a série passaria a só ter temporadas nos anos pares, o que por sua vez poderia se refletir em baixa audiência. Em entrevistas, Chibnall declararia que a série chegaria até mesmo a ser cancelada pela BBC, que, "uma hora depois", voltaria atrás e ordenaria que a décima-terceira temporada entrasse em produção.
Pela primeira vez na série nova, e pela terceira na história da série (com as outras duas tendo sido a décima-sexta temporada da Série Clássica, The Key to Time, e a vigésima-terceira, The Trial of a Time Lord), todos os episódios da décima-terceira temporada contam uma única história dividida em seis partes; apesar de cada um deles ter seu próprio título, por conta dessa característica, a temporada como um todo receberia o título de Flux - nome de uma anomalia que pode destruir o universo, através da qual a Doutora e seus companheiros viajam para impedir que isso aconteça. Graham e Ryan deixariam a série no final da décima-segunda temporada, então, para a décima-terceira, a Doutora viaja na companhia de Yaz e de Dan Lewis (John Bishop), comerciante que acaba se envolvendo com eles por acaso após ser sequestrado por engano por uma raça alienígena. Chibnall escreveria todos os seis episódios, que seriam dirigidos por Jamie Magnus Stone e Azhur Saleem, três cada. A Doutora Fugitiva participa de um dos episódios, e Kate Stewart é um personagem recorrente na temporada, que não conta com a presença do Mestre.
Os seis episódios da décima-terceira temporada seriam exibidos entre 31 de outubro e 5 de dezembro de 2021; Chibnall declararia ter ficado absurdamente estressado com a produção, e que acabaria optando por uma história em seis partes porque chegou uma hora que só havia dois caminhos a seguir: fazer alguns poucos episódios de qualquer jeito somente para a série se manter no ar, ou fazer a coisa mais espetacular já vista na televisão britânica, porque, afinal de contas, era Doctor Who. Em julho de 2021, perto do final das filmagens, Chibnall e Whittaker revelariam ter recusado outras propostas de emprego somente para que a décima-terceira temporada se tornasse realidade, mas anunciariam que ambos deixariam a série após três episódios especiais que não fariam parte de temporada nenhuma, no estilo dos estrelados por David Tennant entre 2008 e 2010, que já estavam em pré-produção para serem exibidos em 2022. Os dois também revelariam que, ao assinarem seus contratos, estipulariam uma cláusula "três temporadas e eu saio" - dessa forma, aparentemente, se tornando oficial - e que só fariam os especiais porque a décima-terceira havia sido encurtada.
Os três especiais seriam escritos por Chibnall, e os dois primeiros seriam filmados simultaneamente com a décima-terceira temporada. O primeiro estrearia em 1º de janeiro de 2022, e mostraria a Doutora tendo de livrar a Tardis de anomalias causadas pelo Fluxo, tendo como vilões principais os Daleks. O segundo, que estrearia em 17 de abril, traria o retorno dos Silurians, com a Doutora se envolvendo com pirataria na China Antiga. Mas o mais interessante seria o terceiro, que estreou em 23 de outubro, no qual os vilões são os Cybermen, e que conta com o retorno do Mestre, com a presença de Kate Stewart e de Graham O'Brien, e com a participação de duas companheiras de viagem do Doutor na Série Clássica, Tegan Jovanka (que acompanhou o quarto e o quinto Doutores, da décima-oitava à vigésima-primeira temporada, entre 1981 e 1984) e Ace (que acompanhou o sétimo Doutor da vigésima-quarta à vigésima-sexta temporada, entre 1987 e 1989), ambas interpretadas por suas atrizes originais (Janet Fielding e Sophie Aldred, respectivamente). Também vale dizer que a data de 23 de outubro de 2022 foi escolhida para a exibição do terceiro especial porque marcava o centenário da BBC (que começou como uma estação de rádio, já que não havia televisão em 1922).
Dan Lewis deixa a companhia da Doutora no início do terceiro especial, e Yaz parte ao final; também no final do terceiro especial, a Doutora, mortalmente ferida pelo Mestre, regenera mais uma vez, para a décima-quarta encarnação do Doutor. A BBC tentaria fazer surpresa quanto ao novo intérprete, mas a notícia acabaria vazando e causaria grande rebuliço, já que se tratava de David Tennant, o intérprete do décimo Doutor, que, assim, se tornaria o primeiro ator a interpretar duas encarnações diferentes do personagem. A escolha de Tennant seria parte das comemorações pelos 60 anos da série, o que significava que, infelizmente, o décimo-quarto Doutor não seria o protagonista da décima-quarta temporada, e sim de três novos especiais que não pertencem a temporada nenhuma, que foram ao ar em novembro e dezembro de 2023, um por sábado, simultaneamente na BBC e no Disney+.
Tennant não seria o único a retornar à série, já que a companheira de viagem do doutor nesses três especiais é Donna Noble (Catherine Tate), com o primeiro, inclusive, encerrando uma história lá da quarta temporada, exibido quinze anos antes. O terceiro especial também conta com a participação de Mel (Bonnie Langford), que acompanhou o sexto e o sétimo doutores, na vigésima-terceira e vigésima quarta temporadas da Série Clássica, em 1986 e 1987, e o segundo seria o último trabalho do famoso ator britânico Bernard Cribbins, que interpretava o avô de Donna na quarta temporada, e conseguiu gravar sua última cena antes de falecer, em 27 de julho de 2022. O vilão dos especiais também está ligado à Série Clássica, uma entidade cósmica apelidada pelo Doutor de Toymaker (o "fabricante de brinquedos"), que apareceu pela primeira vez em um episódio da terceira temporada, de 1966, interpretado por Michael Gough, que, no terceiro especial, é interpretado por Neil Patrick Harris - que também faz a voz do Meep, um alienígena que aparece no primeiro especial. Também merecem ser citadas Shirley Bingham (Ruth Madeley), agente da UNIT cadeirante, e Rose (Yasmin Finney), filha de Donna e primeira mulher trans em um episódio de Doctor Who.
No terceiro especial, o Doutor regenera para sua décima-quinta forma, passando a ser interpretado por Ncuti Gatwa, primeiro homem negro a interpretar o Doutor. O décimo-quinto Doutor será o protagonista da nova temporada, que começará com um episódio especial de Natal, dia 25 desse mês, e terá mais oito em 2024, ainda sem data de estreia. Assim como os especiais, essa temporada, que, contando com as da Série Clássica, será a quadragésima no total, terá como showrunner Russel T. Davies, responsável pela criação da série nova e que a comandou até o último dos episódios especiais de Tennant em 2010.
Ainda não se sabe, entretanto, se essa nova temporada será, oficialmente, a décima-quarta da série nova, ou a "primeira da era moderna": os três especiais estreariam simultaneamente na BBC e no Disney+ graças a um acordo da BBC com a Disney, segundo o qual a Disney financiará os episódios em troca dos direitos exclusivos de distribuição da série fora do Reino Unido e Irlanda. Ainda não se sabe se isso significa que as temporadas anteriores serão adicionadas ao catálogo do Disney+, mas é bastante provável que o episódio de Natal e a temporada estrelada por Gatwa sejam. Em entrevistas, Davies tem dado a entender que, achando que os espectadores que não estão familiarizados com a série podem se assustar ao encontrar uma décima-quarta temporada no catálogo, a Disney teria pedido à BBC para recomeçar a numeração, fazendo com que a primeira temporada estrelada por Gatwa seja chamada oficialmente de "primeira temporada" - em inglês, de season one, assim como a primeira da Série Clássica, já que as temporadas da série nova são chamadas de series, e não season, com a primeira da série nova sendo a series one.
Seja qual for a nomenclatura, eu espero que todas as temporadas, da Série Clássica e da série nova, entrem para o catálogo do Disney+, o que ajudaria a popularizar ainda mais essa série maravilhosa, mas que sempre me passou a impressão de ser menos conhecida aqui no Brasil do que outras de pior qualidade, mas com maior disponibilidade.
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