domingo, 30 de abril de 2023

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Séries Marvel da Netflix (II)

Antes que o mês acabe, seguiremos com a série de posts sobre as Séries Marvel da Netflix!

Demolidor
Daredevil
2ª temporada
2016


O planejamento inicial da Marvel era fazer apenas uma temporada de cada série, e, logo em seguida, a minissérie dos Defensores. Entretanto, a audiência da primeira temporada de Demolidor foi tão boa, e as críticas foram tão positivas, que a Netflix decidiu conversar com a Marvel sobre a possibilidade de renovar a série para uma segunda temporada. Diante disso, ainda em 2015 a Marvel decidiria seguir em uma direção semelhante ao que ocorreu no MCU quando houve o lançamento de Homem de Ferro 2: produzir uma segunda temporada de Demolidor que servisse para incluir mais elementos de importância para a minissérie dos Defensores, ao mesmo tempo em que tentava dar mais coesão ao universo que se encontrava em formação. Assim, a segunda temporada de Demolidor introduziria dois elementos importantíssimos para esse novo cantinho do Universo Marvel: o Justiceiro e o Tentáculo.

Embora não tenha sido planejada para ser uma temporada em duas partes, a segunda temporada de Demolidor tem duas metades distintas. Na primeira, o Justiceiro chega a Nova Iorque impondo sua cruzada contra o crime, o que resulta em uma série de assassinatos, e leva o Demolidor a tratá-lo como um vilão. Na segunda, é a vez de Elektra, ex-namorada de Matt Murdock, retornar para a vida do herói como uma ninja assassina que decide incluir o Demolidor em seus planos de combater uma organização criminosa global conhecida como Tentáculo. Paralelamente a essas duas histórias, vemos flashbacks da juventude de Matt, e de como seus relacionamentos com Foggy e Elektra foram construídos; sendo Matt um advogado, a segunda metade da série também conta com várias cenas de tribunal, após a prisão do Justiceiro, e com o retorno de Wilson Fisk, que tenta cooptar o anti-herói para sua própria causa. Também vale citar que Karen ganha mais destaque, decidindo trabalhar como repórter ao invés de como secretária.

Steven S. DeKnight seria substituído como showrunner por Doug Petrie e Marco Ramirez, que haviam sido roteiristas na primeira temporada. Foi deles a decisão de desenvolver bem a história do Justiceiro antes de introduzir Elektra, para não confundir o público com muitos personagens novos simultâneos. Segundo a dupla, sua principal preocupação seria em não fazer uma série do Justiceiro nem uma série da Elektra na qual o Demolidor apenas fizesse participações especiais; nas reuniões com os roteiristas, eles sempre deixaram claro que o foco principal da história deveria ser no desenvolvimento do personagem Matt Murdock, com os novos sendo usados como parte de sua história, e não o contrário. Jeph Loeb, o presidente da Marvel Television, declararia que, se a primeira temporada era sobre Matt querer ser um herói, a segunda seria sobre ele questionar o que fazia de alguém um herói.

Drew Goddard, o criador da série, desejava introduzir o Justiceiro já na primeira temporada, por acreditar que a televisão seria um meio mais adequado para abordar o personagem, que não precisaria ser "amaciado" para poder estrelar um filme para o cinema; também seria dele a ideia de introduzir o Justiceiro como um vilão, pois foi assim que ele foi introduzido nos quadrinhos, em uma história do Homem-Aranha. Petrie e Ramirez diriam ter tido muito cuidado ao desenvolver o personagem, pois fazer justiça armada com as próprias mãos na América de 2015 poderia mexer muito mais com o público do que nos anos 1970, quando o personagem foi criado. Eles também desejavam que o personagem não fosse chamado de Justiceiro na série, apenas por seu nome de batismo, Frank Castle, como ocorria com Fisk, mas chegariam à conclusão de que isso era impossível, pois, no início, ninguém sabia quem estava cometendo os assassinatos; eles, então, decidiriam recorrer ao mesmo expediente do Demolidor, fazendo com que a imprensa criasse para Castle o apelido de Justiceiro.

Petrie e Ramirez também decidiriam que, assim como o Demolidor, o Justiceiro não iria vestir sua tradicional insígnia da caveira até o último episódio, vestindo roupas militares camufladas em tons escuros ao exercer sua vingança contra o crime. Já em relação ao uniforme de Elektra, Petrie diria que seria sensacional ver a personagem na série vestindo o mesmo que nos quadrinhos, mas que isso poderia prejudicar a verossimilhança da história, já que não era um uniforme nem um pouco prático; a figurinista Lorraine Calvert optaria por fazer um uniforme que lembrasse o dos quadrinhos, mas que pudesse ser composto por peças que Elektra comprasse, ao invés de ter de costurar o uniforme ela mesma, como calças de motoqueiro e um moleton sem mangas com capuz. O uniforme de Elektra na série é predominantemente preto, já que ela é uma ninja que atua nas sombras, mas tem detalhes no mesmo vermelho-vivo dos quadrinhos, com a equipe de figurino tendo o cuidado de escolher um tom de vermelho que não fosse o mesmo do uniforme do Demolidor - que teria um upgrade para a segunda temporada, se tornando mais leve e com linhas mais suaves.

Do elenco principal, retornariam Charlie Cox como Matt Murdock / Demolidor, Elden Henson como Foggy Nelson, Deborah Ann Woll como Karen Page, Rosario Dawson como Claire Temple, e Vincent D'Onofrio como Wilson Fisk. Para o papel de Frank Castle / Justiceiro seria escolhido Jon Bernthal, da série The Walking Dead, enquanto Elektra ficaria com a francesa Élodie Yung. Completaria o elenco principal Stephen Rider como o promotor público Blake Tower, responsável pela acusação no julgamento do Justiceiro. Scott Glenn voltaria a interpretar Stick, dessa vez creditado como participação especial.

Dentre os personagens recorrentes, retornariam Royce Johnson como Brett Mahoney, Geoffrey Cantor como Mitchell Ellison, Susan Varon como Josie, Peter Shinkoda como Nobu Yashioka, Wai Ching Ho como Madame Gao, Rob Morgan como Turk Barrett, Matt Gerald como Melvin Potter, Peter McRobbie como o Padre Lantom, Kevin Nagle como Roscoe Sweeney, Suzanne H. Smart como Shirley Benson, e Amy Ruthberg como Marci Stahl. Os novos incluem Elliott Grote, apelido Grotto (McCaleb Burnett), bandido sobrevivente de um massacre conduzido pelo Justiceiro, que tenta obter a ajuda de Matt e Foggy; Finn Cooley (Tony Curran), o chefe da máfia irlandesa em Nova Iorque, que quer vingança contra o Justiceiro por ele ter matado seu filho; Ray Schoonover (Clancy Brown), comandante da unidade na qual Castle serviu no Afeganistão; e Ben Donovan (Danny Johnson), o novo advogado de Fisk. Duas personagens que estrearam em Jessica Jones, a promotora Samantha Hayes (Michelle Hurd) e a advogada Jeri Hogath (Carrie Anne-Moss), fazem participações especiais. E a foto de Stan Lee continua na delegacia.

As filmagens mais uma vez ocorreriam integralmente na cidade de Nova Iorque, e os efeitos especiais ficariam novamente a cargo da Shade VFX. Uma das principais preocupações da equipe de produção para a segunda temporada eram as lutas coreografadas, já que Matt estava mais experiente em lutar de uniforme, Elektra era uma assassina profissional treinada, e os ninjas do Tentáculo possuem poderes sobrenaturais. A cena de luta mais impressionante da temporada, porém, foi uma na qual o Demolidor enfrenta membros de uma gangue atacada pelo Justiceiro nas escadarias de um prédio, em uma espécie de homenagem à cena mais famosa da primeira temporada, na qual ele enfrenta mafiosos num corredor apertado; essa cena levaria um dia e meio para ser completamente filmada, e contaria apenas com dublês profissionais - com o Demolidor sendo interpretado por Chris Brewster - que teriam três dias para ensaiar e se preparar para as filmagens.

A segunda temporada de Demolidor teria mais 13 episódios, todos lançados no dia 18 de março de 2016. A audiência mais uma vez não seria revelada, mas a Netflix divulgaria que foi ainda melhor que a da primeira, procurando a Marvel para a produção de uma terceira - dessa vez, porém, a Marvel determinou que uma nova temporada de Demolidor só seria produzida após a estreia da minissérie dos Defensores. A crítica também seria extremamente favorável, comparando os primeiros episódios a um filme de guerra de Sam Peckinpah, e elogiando principalmente a atuação de Bernthal; alguns críticos, porém, reclamariam da participação pequena de D'Onofrio, acreditando que Fisk poderia ter um papel maior na temporada. A temporada também seria elogiada pela organização Get Your 6, que avalia como veteranos de guerra são mostrados por produções para o cinema e TV, e que diria estar extremamente satisfeita com a forma honesta, sem estereótipos e sem preconceitos como um ex-militar com transtorno de estresse pós-traumático (no caso, Castle), foi retratado. A temporada seria indicada para dois Emmys, de Melhor Edição de Som para uma Série e Melhor Coordenação de Dublês em uma Série de Drama, Série Limitada ou Filme, mas não ganharia nenhum dos dois.

Luke Cage
1ª temporada
2016


Quando a Marvel leiloou os direitos de seus personagens para estúdios de cinema, Luke Cage fazia parte dos heróis escolhidos pela Sony para a produção de um filme. Esse filme nunca saiu do papel, porém, e, em 2013, conforme previsto no contrato, os direitos sobre Cage retornariam para a Marvel, que o incluiria em seu projeto da Saga Defensores. Originalmente, a série de Luke Cage seria a última antes da minissérie dos Defensores, vindo após a série do Punho de Ferro, mas, após Cage participar da primeira temporada de Jessica Jones, a Marvel decidiria aproveitar o momento e inverter a ordem das séries, fazendo a de Luke Cage a terceira - mas, após a produção de mais uma temporada de Demolidor, ela voltaria a ser a quarta.

A escolha do showrunner para a série de Cage, entretanto, ocorreria em 2014, antes mesmo de sua participação em Jessica Jones ser acertada, sendo escolhido Cheo Hodari Coker, um ex-jornalista de música que havia sido roteirista das séries Southland, NCIS: Los Angeles e Almost Human. Extremamente empolgado pela oportunidade de poder criar uma série protagonizada por um negro que combateria tanto criminosos quanto autoridades corruptas, Coker decidiria fazer uma homenagem aos filmes de blaxploitation dos anos 1970 - que também foram a inspiração para os quadrinhos de Cage - ambientando a série no Harlem, bairro de Nova Iorque conhecido por sua desigualdade social, no qual a maioria dos moradores é de negros e latinos. Segundo Coker, ele queria que Luke Cage fosse para o Harlem o que a série The Wire foi para a cidade de Baltimore.

Coker também escolheria um elenco majoritariamente negro, e reuniria uma equipe de roteiristas majoritariamente composta por negros, uma raridade na produção de séries de TV, exigindo que todos eles conhecessem a cultura do Harlem, preferencialmente através de experiências de vida, para que a série tivesse mais autenticidade. Ele evitaria, porém, que a série fizesse "propaganda ostensiva", sem permitir, por exemplo, que Cage se envolvesse com o movimento Black Lives Matter; segundo o produtor, o fato de Cage ser um ex-presidiário condenado injustamente, inserido em uma comunidade negra e lidando com o dia a dia da força policial já daria oportunidades suficientes para que questões como racismo, pobreza, ascensão social e identidade de comunidade fossem abordados de forma orgânica nos roteiros dos episódios. Ele até convenceria a Marvel a permitir o uso, durante os diálogos, das palavras nigger e nigga, consideradas extremamente racistas e evitadas em filmes e em séries de TV, prometendo que elas sempre seriam usadas de forma justificada pelo contexto - Cage, por exemplo, jamais as usa.

Após a participação de Cage em Jessica Jones, algumas coisas teriam de ser mudadas aqui e ali, para que a história se encaixasse. Nessa série, querendo viver uma vida discreta, Cage se muda para o Harlem, trabalhando durante o dia em uma barbearia e durante a noite no clube noturno Harlem's Paradise, em ambos como faxineiro, fazendo de tudo para evitar que descubram seus poderes. Um dia, entretanto, ele acaba se envolvendo acidentalmente com uma organização criminosa, e relutantemente aceitando que deve usar suas habilidades para se tornar um herói. Enquanto a história se desenvolve, vemos em flashback o passado de Cage, inclusive a explicação de como ele ganhou seus poderes.

O teste para o papel de Cage seria feito visando essa série, com a participação em Jessica Jones tendo sido acertada depois que o ator já havia sido escolhido. Os três preferidos para o papel seriam Cleo Anthony, Lance Gross e Mike Colter, que acabaria sendo o escolhido, e, segundo a equipe de produção, assinaria os dois contratos, para Luke Cage e Jessica Jones, sem querer ler nenhum dos roteiros antes. Quem também retornaria de uma série anterior seria Rosario Dawson, dessa vez com um papel bem maior, participando integralmente de quase todos os episódios, já que Claire Temple seria namorada de Cage. Completa o trio de protagonistas a policial Mercedes Knight, apelido Misty (Simone Missick), que está investigando uma organização criminosa que trafica armas, se envolve acidentalmente com Cage, e vive com ele uma relação de amor e ódio, não querendo que ele use seus poderes para fazer o trabalho da polícia, mas não acreditando que ele é um dos vilões, como o restante da força policial passa a considerá-lo.

O que não faltaria não faltaria na série seriam vilões, e o principal deles seria Boca de Algodão (tradução literal para Cottonmouth, que, nos Estados Unidos, é o nome de uma serpente), cujo nome verdadeiro (assim como nos quadrinhos) é Cornelll Stokes, o dono do Harlem's Paradise, que na verdade é chefe da organização criminosa investigada por Misty, interpretado por Mahershala Ali (que está cotado para interpretar o caçador de vampiros Blade em um futuro filme do MCU). Stokes é primo de Mariah Dillard, interpretada por Alfre Woodard (que já havia interpretado Miriam Sharpe em Capitão América: Guerra Civil), vereadora da cidade de Nova Iorque envolvida com diversos projetos sociais para a comunidade negra e pobre do Harlem, mas que, na verdade, também faz parte de sua organização criminosa, personagem inspirada na vilã dos quadrinhos Black Mariah. O braço-direito de Boca de Algodão é Hernan Alvarez, apelido Shades (porque está sempre de óculos escuros, sendo shades a gíria para eles), interpretado por Theo Rossi, ex-presidiário que foi colega de Cage na penitenciária. E completa o elenco principal Erik LaRay Harvey como Cascavel (Diamondback no original), nome verdadeiro Willis Stryker, criminoso que opera das sombras e tem negócios com Boca de Algodão, e que possui motivos pessoais para destruir Luke Cage.

Originalmente, Harvey havia sido aprovado para o papel de Boca de Algodão, com Cascavel ficando com o ator Ron Cephas Jones, mas Coker queria um ator mais jovem para interpretar Cascavel, o que fez com que Harvey fosse passado para esse papel, Ali chamado para o de Boca de Algodão, e Jones ficando com um personagem recorrente, o jogador de xadrez Bobby Fish, que frequenta a barbearia onde Cage trabalha e acaba se tornando amigo do herói. A participação de Harvey na série seria mantida em segredo até o episódio em que Cascavel aparece pela primeira vez - antes desse, apenas o nome e as ações do vilão são citados - para que não vazasse também o motivo pelo qual ele quer se vingar de Cage, considerado pela equipe de produção como um dos maiores segredos da série.

Além de Jones como Bobby Fish, os personagens recorrentes incluíam Henry Hunter, apelido Pop (Frankie Faison), dono da barbearia onde Cage vai trabalhar após se mudar para o Harlem; Rafael Scarfe (Frank Whaley), policial parceiro de Misty, mais velho que ela, e que prefere fazer as coisas à moda antiga; Alex Wesley (John Clarence Stewart), o secretário particular de Mariah; Domingo Colon (Jacob Vargas), líder de uma gangue de latinos do Harlem, que tem negócios com Boca de Algodão; Lonnie Wilson (Darius Kaleb), adolescente do Harlem que tem Cage como ídolo; Patricia Wilson (Cassandra Freeman), advogada e mãe de Lonnie, que tem uma quedinha por Cage; Darryl (Marquis Rodriguez) e Wilfredo Diaz, apelido Chico (Brian Sene Marc), amigos de Lonnie que se envolvem com a criminalidade; Connie Lin (Jade Wu), dona de um restaurante asiático (chamado Genghis Connie), que aluga um quarto para Cage morar; Candace Miller (Deborah Ayorinde), hostess do Harlem's Paradise; Mark Bailey (Justin Swain), policial amigo de Misty; Darius Jones, apelido Comanche (Thomas Q. Jones), amigo de Shades e também colega de Cage no presídio; Joel Spurlock (Sedly Bloomfield), agente funerário que esconde os cadáveres produzidos por Boca de Algodão; Reggie Squabbles (Craig Mums Grant), único amigo que Cage faz na prisão; Albert Rackahm (Chance Kelly), guarda da penitenciária que transforma a vida de Cage num inferno; Noah Burstein (Michael Kostroff), o cientista responsável pelo experimento que deu poderes a Cage; Thembi Wallace (Tijuana Ricks), repórter de grande prestígio, para quem Mariah dá suas entrevistas; Priscilla Ridley (Karen Pittman), vice-comissária de polícia e colega de fraternidade na época em que ela e Mariah estavam na faculdade; Donnie Chang (Andrew Pang), policial amigo de Misty, lotado em Chinatown; Mama Mabel (LaTanya Richardson Jackson), avó de Boca de Algodão e Mariah, líder da família Stokes quando eles eram crianças; Pistol Pete (Curtiss Cook), cunhado de Mama Mabel e principal gerente dos negócios da família; e os gangsters que trabalham para Boca de Algodão, Zip (Jaden Kaine), Sugar (Sean Ringgold) e Tone (Warner Miller).

Também merece ser citado Dave Griffith, apelido D.W., que chama a si mesmo de D-Dub (Jeremiah Richard Craft), jovem do Harlem que vende DVDs de filmagens amadoras dos heróis Marvel em ação (e que já havia aparecido em Demolidor e Jessica Jones, mas sem créditos, e com suas únicas falas sendo do tipo "comprem aqui os DVDs do incidente", que é como a luta dos Vingadores contra os Chitauri é chamada nas séries da Netflix). A atriz brasileira Sonia Braga faz participação especial em alguns episódios como a cubana Soledad Temple, mãe de Claire. Além de Claire (e do próprio Cage, de certa forma), os personagens oriundos de outras séries são Ben Donovan (Danny Johnson), que é advogado da família Stokes, tendo sua faculdade de direito tendo sido paga por Mama Mabel; Reva Connors (Parisa Fitz-Henley), a psicoterapeuta da penitenciária, que acaba tendo um romance com Cage; o promotor de justiça Blake Tower (Stephen Rider); e o traficante de armas Turk Barrett (Rob Morgan); em um dos episódios, um rádio está transmitindo o programa de Trish Walker, com a atriz Rachael Taylor tendo gravado novas falas para a série; e Stan Lee aparece mais uma vez na mesma foto das séries anteriores, mas dessa vez em um cartaz nas ruas (com a frase "Viu um crime? Denuncie"). Finalmente, alguns episódios contam com os músicos Raphael Saadiq, d-Nice, Faith Evans, Charles Bradley, Jidenna, The Delfonics, Heather B., Sharon Jones & The Dap-Kings, Fab Five Freddy, e Cliff "Method Man" Smith (que, em um outro episódio, é salvo de um assalto por Cage) se apresentando no Harlem's Paradise; o estilista Dapper Dan e o apresentador de rádio Sway Calloway também participam de episódios como eles mesmos.

Cage não usa um uniforme durante a série (embora uma certa homenagem a seu uniforme clássico dos quadrinhos tenha sido prestada em um dos episódios), e Coker pediria para que a maior parte das roupas usadas por Cage fossem casacos de mangas compridas com capuz, vestimenta relacionada aos jovens negros do Harlem, normalmente de forma depreciativa; segundo ele, essa seria uma forma de mostrar que nem todo negro de capuz é um bandido, além de ser uma escolha apropriada para uma pessoa que quer passar despercebida. As roupas de Cage são predominantemente de cores escuras, mas sempre com detalhes em amarelo, a cor associada ao personagem nos quadrinhos. Boca de Algodão, que, nos quadrinhos, usa um terno verde, está vestindo um em sua primeira aparição na série, mas, nas subsequentes, passa a usar cores mais sóbrias, mas sempre com detalhes em verde, especialmente joias. Misty usaria roupas comuns ao longo de toda a série, mas, no último episódio, apareceria com uma que lembrava muito seu uniforme clássico dos quadrinhos, em mais uma homenagem.

A série seria mais uma vez integralmente filmada na cidade de Nova Iorque, incluindo as cenas que, na história, são ambientadas na cidade de Savannah, Geórgia. Loeb declararia que, enquanto a Hell's Kitchen de Demolidor e Jessica Jones foi concebida para se parecer com a Hell's Kitchen de quando os quadrinhos do Demolidor foram originalmente escritos, o Harlem de Luke Cage deveria ser o Harlem da época atual, sem muitas mudanças cosméticas; moradores do Harlem diriam, entretanto, que a série parecia retratar o Harlem de dez anos antes. As duas principais construções da série, a Barbearia do Pop e o Harlem's Paradise, eram prédios reais do Harlem, mas seus interiores seriam completamente construídos em estúdio, pois seria inviável filmar dentro dos prédios verdadeiros, ainda mais com as apresentações de música do clube noturno tendo destaque nos episódios.

Os efeitos especiais ficariam a cargo da empresa FuseFX, e eram compostos principalmente de filtros e retoques - embora eles tenham tido de criar uma versão digital do Genghis Connie para uma determinada cena, que levou 130 dias para ficar do jeito que a produção queria. Muitos dos efeitos da série eram mecânicos ao invés de adicionados por computação gráfica, como as cenas nas quais Cage levanta alguém pelo colarinho ou quando as balas ricocheteiam em sua pele, furando sua roupa; esse efeito era obtido através de cargas explosivas de baixo impacto posicionadas cuidadosamente para não queimar a pele de Colter, mas que exigiam que ele usasse protetores nos ouvidos para não ficar surdo com o barulho das repetidas explosões. A cena mais difícil de filmar foi aquela na qual Cage invade o complexo de Crispus Atticus, incapacitando os bandidos que atiram nele até chegar onde o dinheiro do crime estava escondido; a cena, considerada pela equipe de produção uma homenagem à cena na qual o T-800 invade a delegacia em O Exterminador do Futuro, levaria 14 horas para ser filmada, e exigiria que Colter atuasse sem dublê.

A primeira temporada de Luke Cage teria várias ligações com as demais séries Marvel da Netflix, com sua primeira metade ocorrendo simultaneamente aos eventos da segunda temporada de Demolidor, e a primeira temporada de Jessica Jones sendo frequentemente citada; ela também teria ligações com o restante do MCU, com a organização de Boca de Algodão traficando armas criadas pelas Indústrias Hammer (introduzidas em Homem de Ferro 2) e Cage ouvindo boatos na penitenciária onde cumpre sua pena que fazem referência a eventos do filme Vingadores.

Cada um de seus 13 episódios teria o nome de uma música da dupla de hip hop Gang Starr - mesmo que o nome não fosse completamente fiel ao enredo do episódio - com todos estreando na Netflix no mesmo dia, 30 de setembro de 2016. A temporada ganharia um Emmy, de Melhor Coordenação de Dublês em uma Série de Drama, Série Limitada ou Filme, e seria bastante elogiada pela crítica, que a consideraria uma das melhores do ano, chamando atenção principalmente para o retrato que ela fazia da chamada Black America, as comunidades negras norte-americanas que não costumam ser tema nem protagonistas de produções para a TV.

Punho de Ferro
Iron Fist
1ª temporada
2017


Danny Rand, herdeiro das bilionárias Indústrias Rand, foi o único sobrevivente da queda do avião de sua família no Himalaia. Treinado por monges na mística cidade de K'un-Lun, ele se tornaria o Imortal Punho de Ferro, com a missão de combater a organização criminosa conhecida como Tentáculo. Ao atingir a idade adulta, ele decide ir até Nova Iorque para reassumir sua empresa, mas descobre que ela agora é controlada por Ward e Joy, filhos do antigo sócio do pai de Danny, Harold Meachum, que não acreditam que ele seja mesmo Danny Rand. Enquanto tenta retomar sua vida, Danny descobre que o Tentáculo estendeu suas ramificações até Nova Iorque, e, como inimigo jurado da organização, decide usar seus poderes para enfrentá-los.

Co-produzida pela Marvel Television, ABC Studios e Devilina Productions, Punho de Ferro teria 13 episódios, que estrearam em 17 de março de 2017. Foi a série Marvel da Netflix mais massacrada pela crítica, que reclamou de sua falta de originalidade, da falta de profundidade dos personagens, da atuação de Finn Jones, que interpretava o protagonista, e das cenas de luta, consideradas muito editadas e pouco inspiradas. Embora não tenha, mais uma vez, divulgado os números reais, a Netflix consideraria que, dentre o público, ela foi um sucesso, com boa audiência, especialmente dentre o público mais jovem, o que levaria, assim como ocorreu com as outras séries, à sua renovação para mais uma temporada.

A série do Punho de Ferro não seria a primeira tentativa da Marvel de levar o personagem para outras mídias, com um filme do Punho de Ferro tendo sido negociado com a Artisan Entertainment no ano 2000. Ray Park seria escolhido para protagonizá-lo, mas o estúdio não conseguiria determinar um diretor nem escolher um roteiro, e o projeto seria engavetado em meados da década de 2000. Com a criação dos Marvel Studios, o Punho de Ferro seria um dos personagens selecionados para um possível projeto, já que seus direitos ainda estavam com a Marvel, e, em 2010, Rich Wikes (de XXX, com Vin Diesel) seria contratado para escrever um roteiro de um filme do personagem, que também jamais seria concluído. Então, em 2015, Jeph Loeb anunciaria o projeto da Saga Defensores, da qual o Punho de Ferro seria um dos protagonistas.

As coisas continuariam difíceis para tirar Danny Rand dos quadrinhos, porém: os executivos da ABC, que co-produziria as séries junto com a Marvel Television, não gostavam da quantidade de elementos místicos presentes nas histórias do Punho de Ferro, e achavam que isso faria com que o personagem destoasse do Demolidor, de Jessica Jones e de Luke Cage, que tinham séries "pé no chão", sem muitos elementos fantásticos; a ABC, chegaria, inclusive, a sugerir substituir o Punho de Ferro pelo Justiceiro nos Defensores, fazendo uma série de Frank Castle ao invés de uma de Danny Rand, o que Loeb não aceitou. A Marvel sofreria para encontrar um showrunner disposto a fazer a série de uma forma que ela não se distanciasse do projeto original, com Scott Buck somente sendo anunciado depois que os showrunners das outras quatro séries estivessem definidos. Originalmente, a série do Punho de Ferro seria a terceira a estrear, logo depois de Jessica Jones, mas a produção de uma segunda temporada de Demolidor e Luke Cage ser adiantada para aproveitar a participação do personagem em Jessica Jones fariam com que ela fosse a quinta e última antes de Os Defensores, o que daria a Buck mais tempo para pensar em como fazer uma série pé no chão de um personagem que ganhou seus poderes socando o coração de um dragão.

Uma das coisas que Buck decidiria seria que a série teria um tom mais leve que as três anteriores, apesar de manter o mesmo estilo "adulto" que já caracterizava as séries Marvel da Netflix. Sua principal inspiração, evidentemente, seriam os filmes de kung fu da década de 1970, com cada um dos episódios tendo o nome de uma das técnicas do kung fu shaolin. Buck planejava que, assim como a famosa série Kung Fu, Punho de Ferro fosse uma série sobre conhecer a si mesmo, com Danny lutando para encontrar seu lugar no mundo, mais do que contra um vilão ou arqui-inimigo; um dos principais temas da série seria o poder corporativo, abordando o impacto que as grandes empresas têm na sociedade, sua responsabilidade, e o risco quando elas se envolvem com corrupção. A introdução do Tentáculo na segunda temporada de Demolidor e o fato de que a série seguinte seria a dos Defensores fariam com que essa também fosse uma "série de transição", usada para fechar algumas pontas soltas e arrumar desculpas para que os quatro heróis se unissem para combater um inimigo em comum.

Buck também seria contra Danny usar qualquer tipo de uniforme, já que, segundo ele, não havia nenhuma boa razão para isso. As roupas usadas pelo personagem, segundo Stephanie Maslansky, mais uma vez à frente dos figurinos, refletiriam o desenvolvimento de seu personagem, começando com as roupas simples que ele usava no mosteiro, passando por algumas mais sofisticadas, até que, ao assumir sua posição nas Indústrias Rand, Danny passa a usar apenas ternos. Todos os ternos usados por Danny seriam feitos sob medida e teriam materiais como lycra e spandex combinados aos tecidos originais, para permitir maior flexibilidade nas cenas de luta. Por decisão de Maslansky, Danny jamais usaria sapatos, apenas tênis, para deixar claro que ele estava fora de seu ambiente, e marcar o personagem como um estranho ao mundo corporativo.

Punho de Ferro também seria totalmente filmada na cidade de Nova Iorque, com as cenas em K'un-Lun sendo gravas em estúdio com o auxílio de muita computação gráfica, e a área portuária do Brooklyn sendo usada para as cenas ambientadas na China. Em relação às três séries anteriores, essa seria muito mais focada nas partes mais ricas da cidade - saem Hell's Kitchen e o Harlem, entram Midtown e o Upper East Side. Assim como em Luke Cage, as principais construções que aparecem na série, como a casa onde mora Joy e o prédio onde mora Harold, existem de verdade na cidade, mas seus interiores seriam criados em estúdio; para o prédio das Indústrias Rand seria usado o MetLife Building, com os logotipos tendo sido trocados por computação gráfica.

Falando nisso, os efeitos especiais ficariam mais uma vez com a FuseFX, que faria, principalmente, retoques. A pedido de Buck, as cenas de luta usariam o mínimo de efeitos especiais possível, a maioria deles centrados no punho de ferro do Punho de Ferro. As lutas seriam coreografadas por Brett Chan, que também seria coordenador de dublês e diretor da segunda unidade, com carta branca para orientar os diretores de cada episódio sobre como cada cena de luta se encaixava com as demais. Chan trabalharia junto a Jones para garantir que o ator precisasse recorrer ao dublê apenas em pontos cruciais, e reclamaria que a agenda de Jones estava sempre cheia, o que impossibilitava que ele se dedicasse aos treinamentos como deveria; em uma entrevista, Chan diria que Jones não estava aprendendo artes marciais, que eram um estilo de vida, apenas como simulá-las nas gravações. Jones também reclamaria de sua agenda, dizendo que, para a cena mais complexa da série, teve de treinar durante sua folga do fim de semana, e que para a maioria das cenas ele aprendia a coreografia cerca de 15 minutos antes de gravar, o que ele considerou um verdadeiro batismo de fogo.

Como já foi dito, Finn Jones (o Cavaleiro das Flores de Game of Thrones) ficaria com o papel de Danny Rand / Punho de Ferro; Jones cativaria Buck imediatamente, com o showrunner afirmando que ele seria capaz de transmitir a imagem ao mesmo tempo doce e enfezada de que o personagem necessitava. Como co-protagonista da série estaria Jessica Henwick (também de Game of Thrones, onde interpretou Nymeria Sand), no papel de Colleen Wing, professora de artes marciais que acaba acolhendo Danny e se tornando sua namorada; Henwick também trabalharia junto a Chan, sendo extremamente elogiada por treinar no mínimo seis horas por dia, independentemente de se teria de filmar naquele dia ou não - o resultado foi que ela conseguiu fazer todas as suas cenas sem ter de recorrer à dublê, usando apenas a dublê virtual quando sua vida poderia estar em risco. Completa o trio de protagonistas Rosario Dawson como Claire Temple, que é aluna de Colleen e acaba se envolvendo na luta do Punho de Ferro contra o Tentáculo.

Tom Pelphrey e Jessica Stroup seriam, respectivamente, Ward Meachum e Joy Meachum, os irmãos que controlam a Rand quando Danny retorna do exílio; a princípio, Joy acredita que ele pode ser quem diz que é, mas Ward acha que ele é apenas um aproveitador querendo colocar as mãos em seu dinheiro. Os dois são filhos de Harold Meachum, interpretado por David Wenham, antigo sócio do pai de Danny, que secretamente tem negócios com o Tentáculo. Completam o elenco principal Ramón Rodríguez como Bakuto, o antigo mestre de Colleen, e Sacha Dhawan como Davos, que deveria ter sido o Punho de Ferro mas foi derrotado por Danny, e vem a Nova Iorque para levá-lo de volta a K'un-Lun de qualquer forma, achando um absurdo ele abandonar sua missão de protetor da cidade para entrar para o mundo corporativo - nos quadrinhos, Davos é o vilão Serpente de Prata.

Os personagens recorrentes incluem Kyle (Alex Wyse), secretário de Harold; Megan (Barrett Doss), secretária de Danny quando ele passa a trabalhar na Rand; Shannon (Esau Pritchett), o chefe de segurança da Rand; Paul Edmonds (Murray Bartlett), psiquiatra que avalia se Danny está louco ou diz quem é ser; Hai-Qing Yang (Henry Yuk), o chefe da máfia chinesa em Nova Iorque; Radovan Bernivig (Olek Krupa), químico sequestrado pelo Tentáculo para produzir metanfetamina; Lei Kung (Hoon Lee), pai de Davos e mentor de Danny; e Lawrence Wilkins (Clifton Davis), um dos diretores da Rand. Em flashbacks, aparecem Wendell Rand (David Furr) e Heather Rand (Victoria Haynes), pais de Danny. Três assassinos do Tentáculo vindos dos quadrinhos aparecem nos episódios, a Noiva das Nove Aranhas (Jane Kim), Foice (David Sakurai), e Zhou Cheng (Lewis Tan). Darryl (Marquis Rodriguez), originalmente de Luke Cage, tem um papel bem maior como um dos alunos de Colleen, enquanto Madame Gao (Wai Ching Ho), de Demolidor, é uma das principais antagonistas, sendo uma das comandantes do Tentáculo. Outros personagens oriundos das séries anteriores são Jeri Hogarth (Carrie Ann Moss), que atua como advogada de Danny e o ajuda a recuperar seu posto na Rand; a repórter Thembi Wallace (Tijuana Ricks); e a enfermeira Shirley Benson (Suzanne H. Smart). A foto de Stan Lee vestido de policial mais uma vez aparece em um cartaz; dessa vez, dá para ler que se trata do Capitão de polícia Irving Forbush - nome que, nos quadrinhos, é o de um personagem criado pela Marvel para fazer uma paródia de si mesma, alter ego do super herói Forbush Man.

Para terminar, vale citar que uma das maiores controvérsias em relação a Punho de Ferro foi sobre se a Marvel deveria usar um ator branco para o papel de Danny, como nos quadrinhos, ou ousar e escalar um ator asiático. De um lado, havia quem defendesse que a história do Punho de Ferro era mais um exemplo do estilo "homem branco prova que consegue fazer tudo melhor até do que quem inventou", que permeou a cultura pop norte-americana durante anos; quem argumentasse que, após uma série protagonizada por uma mulher (Jessica Jones) e uma por um negro (Luke Cage), estava na hora de um protagonista asiático; e quem acreditasse que não seria necessário mudar nada na história para que Danny fosse descendente de asiáticos. Do outro, o principal argumento era o de que Danny ser asiático só porque lutava kung fu era racismo, e que a escolha de atores asiáticos deveria priorizar papéis que não fossem estereotipados. Antes de escolher Buck como showrunner, a Marvel chegaria a testar atores asiáticos para o papel, incluindo Lewis Tan, que acabaria somente fazendo uma participação especial como o vilão Zhou Cheng; Buck, porém, disse que essa era uma situação "impossível de vencer", que a Marvel seria criticada seja qual fosse a decisão final, e que, diante disso, o personagem deveria ser fiel aos quadrinhos, bancando a escalação de Jones.

Séries Marvel da Netflix

Demolidor (2)
Luke Cage (1)
Punho de Ferro (1)

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