domingo, 2 de abril de 2023

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Séries Marvel da Netflix (I)

Esse é um post - ou melhor, uma série de posts - que eu quero escrever faz tempo. Se ainda não o tinha feito, foi porque eu não gosto de falar sobre séries até ter terminado de ver todos os episódios, e, por motivos que eu não vou comentar agora, só esse ano eu terminei de ver todas as séries da Marvel produzidas pela Netflix - que, se você, por algum motivo, não viu o título do post, são o tema de hoje. Sem mais delongas, vamos começar.

Aliás, minto, farei uma delonga: ao invés de falar sobre cada série de uma vez, vou abordá-las do jeito que foram concebidas, ou seja, uma temporada de cada vez, como se todas formassem uma série só de 13 temporadas. Assim, hoje teremos a primeira temporada do Demolidor e da Jessica Jones, no próximo post começaremos com a segunda do Demolidor, então a primeira do Luke Cage, e assim por diante. Em posts não sequenciais, para que quem não gosta do assunto não precise fugir daqui. E, antes de efetivamente começarmos, um pouco de história...

O Início


Os mais jovenzinhos podem não acreditar, mas houve uma época na qual filmes de super-heróis não eram considerados rentáveis, e, portanto, eram parcos e escassos. Séries de TV, então, nem se fala, porque, até bem pouco tempo atrás, produzir uma série de TV era caríssimo, e por isso vários custos eram cortados, o que tornariam, por exemplo, Game of Thrones uma produção impossível - é só ver que, nessa época, séries de TV tinham efeitos especiais bem mais simples que os do cinema, e quase a totalidade de cada episódio era filmada em estúdio.

Nesse cenário, uma série de super-heróis seria uma grande aposta do canal que se arriscasse a produzi-la, e, como de costume, as maiores apostas eram feitas com os heróis da DC, considerados mais populares e de retorno mais garantido. Assim, a primeira série de super-heróis produzida para a TV seria As Aventuras do Superman, com George Reeves, exibida entre 19 de setembro de 1952 e 28 de abril de 1958, para um total de 104 episódios em 6 temporadas, produzida pela RKO e exibida desde o início em regime de syndication, ou seja, em vários canais ao mesmo tempo. Uma nova só seria produzida na década seguinte, Batman, aquela do "soc, pou, crás", com Adam West e Burt Ward, que era quase uma sitcom devido ao seu tom cômico, produzida pela Fox e exibida na ABC entre 12 de janeiro de 1966 e 14 de março de 1968, em 3 temporadas que totalizaram 120 episódios. Novamente, mais uma série somente na década seguinte, com Shazam!, produzida pela Filmation e exibida pela CBS entre 7 de setembro de 1974 e 16 de outubro de 1976, também com 3 temporadas, mas que totalizariam apenas 28 episódios. Enquanto Shazam! estava no ar, seria produzida também Mulher Maravilha, com Lynda Carter, da Warner Bros., com a primeira temporada sendo exibida pela ABC e as duas seguintes pela CBS, para um total de 60 episódios entre 7 de novembro de 1975 e 11 de setembro de 1979. Uma nova série, a do Superboy, só seria produzida quase dez anos depois, mas isso não importa agora, porque esse não é um post sobre séries da DC, e chegamos ao ponto que nos interessa para falar das séries da Marvel.

Houve um motivo para duas séries estreladas por heróis da DC terem sido lançadas com apenas um ano de diferença entre elas: a década de 1970 foi especialmente prolífica para os super-heróis, que estavam entrando em sua Era de Bronze e alcançando um público cada vez maior, o que motivou os principais canais de TV dos Estados Unidos a não somente licenciar alguns para séries, mas também investir em seus próprios - como, por exemplo, A Poderosa Ísis, spin off de Shazam! que teve duas temporadas, totalizando 22 episódios, exibidos entre 6 de setembro de 1975 e 23 de outubro de 1976, estrelada por uma heroína inédita criada pela Filmation, que somente anos depois seria introduzida no cânone da DC. Na época, a DC já fazia parte da Warner, de forma que o licenciamento de seus personagens por outras produtoras era um tanto complicado, mas a Marvel, que seria a alternativa natural, ainda fazia com que os produtores torcessem seus narizes, achando que seus heróis não teriam tanto público. Assim, a estreia dos heróis Marvel numa série de TV foi em um formato, digamos, curioso: como esquetes curtos dentro de uma outra série, voltada ao público infantil.

Com o nome de Spidey Super Stories (algo como "as super histórias do Aranha"), a série foi composta de 29 esquetes estrelados pelo Homem-Aranha, de 5 minutos cada, exibidos dentro do programa The Electric Company entre 1974 e 1977 (infelizmente não encontrei as datas exatas), exibido pela PBS, o canal de TV público dos Estados Unidos, e voltado para crianças entre 6 e 10 anos. Como vocês devem imaginar, as histórias eram bem bobinhas - tipo, o Homem-Aranha tem que derrotar um mutante que tentou atacar um jogador de beisebol no meio de uma partida - e não precisavam ter muita coerência ou continuidade. Um fato curioso, entretanto, é que um dos atores do elenco de The Electric Company era Morgan Freeman, que participou de quase todos os episódios do Aranha, em vários papéis diferentes. Falando nisso, quem interpretava o Homem-Aranha era Danny Seagren, que sempre aparecia de uniforme, ou seja, nunca como Peter Parker. O Homem-Aranha seria cedido pela Marvel à PBS sem custos, e era o único personagem Marvel na série, com todos os outros sendo criados pela equipe de roteiristas do programa.

Se para mais nada, Spidey Super Stories serviria para chamar a atenção dos executivos da CBS, que entrariam em contato com a Marvel demonstrando interesse em um filme para a TV estrelando o Homem-Aranha. Com Nicholas Hammond no papel do herói (e do intrépido fotógrafo Peter Parker), esse filme, produzido pela Columbia Pictures Television, estrearia em 14 de setembro de 1977, e seria um grande sucesso, o que motivaria a CBS a encomendar mais cinco episódios, exibidos entre 5 de abril e 3 de maio de 1978. A série, também produzida pela Columbia,  se tornaria um grande sucesso, e a música de abertura é associada até hoje ao personagem, o que faria com que a CBS encomendasse mais sete episódios, exibidos bem espaçados entre 5 de setembro de 1978 e 6 de julho de 1979. Além do Homem-Aranha, os únicos outros personagens dos quadrinhos a aparecer na série foram J. Jonah Jameson, interpretado por Robert F. Simon, e a Tia May, curiosamente interpretada por uma atriz diferente em cada episódio que apareceu; a falta dos vilões dos quadrinhos nos episódios, aliás, era a maior crítica dos fãs da série.

Apesar da boa audiência, The Amazing Spider-Man (exibida no Brasil apenas como Homem-Aranha), seria cancelada em 1979, após apenas 13 episódios (contando com o piloto), devido a uma mudança na cúpula da CBS, com os novos executivos não querendo que o canal ficasse conhecido como "um canal de super-heróis", já que também exibia, na mesma época, Mulher-Maravilha, reprises de Shazam! e A Poderosa Ísis, e aquela que seria a série Marvel de maior audiência de todos os tempos, O Incrível Hulk. Estrelada por Bill Bixby e Lou Ferrigno e produzida pela Universal, a série do Hulk também estrearia com um filme para a TV, em 4 de novembro de 1977, seguido por um segundo filme, em 27 de novembro do mesmo ano, e então por cinco temporadas, que totalizaram 80 episódios, exibidos entre 10 de março de 1978 e 12 de maio de 1982; como a audiência do Hulk era maior que a do Homem-Aranha, a CBS preferiria continuar apostando no Golias Esmeralda, somente cancelando a série porque precisava cortar custos.

Bixby não se conformaria com o cancelamento da série, e tentaria levá-la para outro canal; ele chegaria até mesmo a conversar, em 1984, com Hammond, sobre a possibilidade de fazer um filme crossover entre as séries do Hulk e do Homem-Aranha. Essa ideia jamais se concretizaria, mas, em 1987, a Marvel, Bixby, a Universal e o canal NBC chegariam a um acordo para produzir um novo filme para a TV do Hulk, que seria uma continuação direta da série, e contaria com a presença de outro herói Marvel, Thor (interpretado por Eric Allan Kramer). Exibido em 22 de maio de 1988, esse filme, se fosse bem sucedido, seria o piloto de uma série do Thor, mas isso também não se concretizaria. O Hulk, por outro lado, voltaria a co-estrelar um filme para a TV com outro herói Marvel, o Demolidor (interpretado por Rex Smith), em sua cruzada para derrotar o Rei do Crime (John Rhys-Davies, de Indiana Jones e O Senhor dos Anéis), em O Julgamento do Incrível Hulk, de 7 de maio de 1989, e faria sua aparição final em A Morte do Incrível Hulk, de 18 de fevereiro de 1990, ambos também exibidos pela NBC.

Após a morte do Hulk, a Marvel ficaria 16 anos sem ver um de seus heróis protagonizar uma série de TV, com a seguinte sendo Blade, estrelada pelo rapper Sticky Fingaz, que teve 13 episódios exibidos pelo canal a cabo Spike entre 28 de junho e 13 de setembro de 2006. Depois disso, seria inaugurado o Universo Cinematográfico Marvel (MCU), a Marvel seria comprada pela Disney, e o canal ABC, também de propriedade da Casa do Mickey, produziria duas séries: Agents of S.H.I.E.L.D., a mais longeva série Marvel até hoje, com 120 episódios exibidos ao longo de sete temporadas, entre 24 de setembro de 2013 e 12 de agosto de 2020, e Agente Carter, que teve duas temporadas e um total de 18 episódios, exibidos entre 6 de janeiro de 2015 e 1 de março de 2016.

Quando Kevin Feige idealizou o MCU, ele planejava que não só os filmes, mas também as séries de TV da Marvel fossem interligadas, com os eventos das séries também influenciando as histórias dos filmes e vice-versa; houve até uma tentativa de se fazer isso na primeira temporada de Agents of S.H.I.E.L.D., mas, por problemas logísticos, essa abordagem seria abandonada, e as séries só passariam a ser interligadas com os filmes a partir de WandaVision, de 2021. Mas, em 2013, quando o modelo do "tudo conectado" ainda era considerado viável, Jeph Loeb, um dos principais nomes da Marvel Comics e presidente da recém-criada Marvel Television, traçaria um plano para que fossem produzidas quatro primeiras temporadas de quatro séries que seriam seguidas por uma minissérie envolvendo todos os seus personagens, seguindo a mesma linha do que foi feito com o filme dos Vingadores - quando primeiro foram lançados filmes do Homem de Ferro, Hulk, Thor e Capitão América, e então um filme reunindo os quatro.

A Marvel chamaria esse projeto de A Saga dos Defensores, usando o nome de um outro grupo de super-heróis de seus quadrinhos, menos famoso que os Vingadores. Nos quadrinhos, os Defensores eram originalmente formados por Doutor Estranho, Namor, Hulk e o Surfista Praterado, mas, pra esse projeto, Loeb decidiria usar heróis da Marvel considerados "mais urbanos", por costumarem se envolver com problemas do dia a dia da cidade de Nova Iorque ao invés de ameaças globais e cósmicas: Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e o Punho de Ferro. Segundo Loeb, isso permitiria focar as séries apenas na vida de seus personagens, permitindo maior liberdade criativa a seus roteiristas e tornando mais fácil controlar a interação entre as séries e os filmes - pequenas referências aos filmes seriam feitas aqui e ali, mas não haveria necessidade, por exemplo, de aparecer o Homem de Ferro voando pelos céus em um episódio, e os eventos das séries poderiam ser totalmente ignorados pelos filmes caso os roteiristas assim desejassem - apesar disso, a Marvel deixaria claro que essas séries fariam sim parte do MCU, ocorrendo na mesma Nova Iorque onde, por exemplo, ocorreram os eventos de Vingadores.

A Marvel planejou que as quatro temporadas mais a minissérie teriam, somados, 60 episódios, e os ofereceu como um "pacote", para que não houvesse a necessidade de criar quatro pilotos. Ela também concluiria que o formato funcionaria melhor em um serviço de streaming do que na televisão tradicional, que não precisaria fazer adequações em sua grade de programação, nem exigiria dos produtores prazos definidos para entregar cada temporada. Netflix, Amazon e WGN America demonstrariam interesse, e quem optaria pela primeira seria o CEO da Disney, Bob Iger, por acreditar que, por ser o serviço com o maior número de assinantes, ajudaria a popularizar os personagens. Aliás, uma coisa que muita gente acha é que as séries foram produzidas pela Netflix, mas, apesar do tradicional aviso "uma série original Netflix", elas foram produzidas pela Marvel Television em parceria com os ABC Studios (e mais algumas outras empresas que eu vou citar quando for o caso), e a Netflix apenas pagou uma taxa para tê-las em seu catálogo, exatamente como ocorre com grande parte das produções lá disponíveis.

As séries Marvel da Netflix, como ficariam conhecidas, também se tornariam famosas por serem muito mais adultas que as demais produções envolvendo os heróis da Casa das Ideias; Loeb daria liberdade total aos roteiristas e diretores de cada projeto, se aproveitando de que Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e o Punho de Ferro já estavam há alguns anos associados ao selo Marvel Knights, que trazia histórias mais adultas, e de que a Netflix permitia maior controle parental, classificando as séries como apropriadas para maiores de 18 anos. Apesar de a Netflix jamais ter divulgado os números de audiência, todas as séries foram consideradas grandes sucessos de público e crítica (exceto, talvez, a do Punho de Ferro, a mais criticada pelo público), e sua produção só foi interrompida pela decisão da Disney de extinguir a Marvel Television e passar a produção das séries para o Marvel Studios depois da estreia de seu próprio serviço de streaming, o Disney+. Hoje, todas elas podem ser encontradas no catálogo do Disney+, mas seu status como parte do MCU ainda está indefinido - num primeiro momento, a Disney confirmou que elas realmente eram parte, mas, em 2022, voltou atrás, e passou a dar a entender que não eram. Talvez isso só fique claro ano que vem, para quando está previsto o lançamento de uma nova série do Demolidor. Eu tenho em meu coração que elas são, e vou colocar essa série de posts na categoria MCU, quer a Disney queira ou não.

Demolidor
Daredevil
1ª temporada
2015


Quando a Marvel leiloou os direitos de seus personagens para estúdios de cinema, o Demolidor ficou com a Fox, que produziu um filme estrelado por Ben Affleck e um spin off protagonizado por Elektra. Nenhum dos dois foi exatamente bem sucedido, e o estúdio decidiu não voltar a usar os personagens, preferindo investir nos filmes dos X-Men. Pelos termos do contrato, como a Fox não os utilizou, em outubro de 2012 os direitos sobre todos os personagens do universo do Demolidor voltaram para a Marvel, que começou a pensar em seu próximo projeto envolvendo o Homem sem Medo.

Kevin Feige queria um filme do Demolidor completamente integrado ao Universo Marvel, e o roteirista Drew Goddard chegou a entregar a sinopse de um, mas esse projeto esbarrou em dois problemas: primeiro, pela ótica de Goddard, um filme do Demolidor deveria ser centrado na criminalidade de Hell's Kitchen (literalmente, "a cozinha do inferno"), um dos bairros mais violentos de Nova Iorque, onde o Demolidor, nos quadrinhos, tem sua base de operações, e não em supervilões ou ameaças cósmicas, mas Feige estava disposto a reservar 200 milhões de dólares para o projeto, dez vezes mais do que o necessário para fazer o que Goddard havia pensado, o que significaria a certeza de interferência criativa. Segundo, Goddard não abriu mão de que o filme deveria ser visceral e violento, mas Feige fazia questão de que fosse um filme para toda a família, com Goddard se recusando a atenuá-lo. Depois de muita discussão, a cúpula da Marvel Entertainment ordenaria que os Marvel Studios de Feige se concentrassem nos Vingadores e nos Guardiões da Galáxia; com o Demolidor livre, Loeb apresentaria seu projeto, e receberia luz verde da Marvel Entertainment.

Loeb havia gostado das ideias de Goddard, e o manteria como produtor executivo e showrunner - o cara que faz a série acontecer, tomando as principais decisões em relação a roteiros e elenco, por exemplo - da série. Goddard chegaria a escrever os dois primeiros episódios da série, mas decidiria abrir mão do cargo de showrunner para produzir um filme do Sexteto Sinistro, que jamais sairia do papel, para a Sony; ele ainda seria creditado como criador da série do Demolidor, mas seria substituído como showrunner por Steven S. DeKnight.

Goddard é católico, e credita esse fato como sendo o principal responsável por ele ser, desde pequeno, fã do Demolidor - segundo ele, um super-herói católico que possui uma luta interna com as definições de certo e errado. Um dos pontos principais da série para Goddard era que ela não deveria se limitar a reproduzir na tela eventos dos quadrinhos, criando sua própria história do Demolidor; em uma entrevista, ele diria que, se ele fosse um roteirista dos quadrinhos, não recontaria o que outros já fizeram, mas escreveria sua própria história, e seria isso que ele tentaria fazer com a série. Uma das decisões mais comentadas de Goddard, e que seria mantida após sua saída, apesar de ser considerada controversa, foi que, na primeira temporada, o Demolidor só aparece com seu tradicional uniforme no último episódio; até esse ponto, ele seria apenas um cidadão que deseja usar suas habilidades extraordinárias para reduzir a criminalidade, e não um super-herói.

Charlie Cox (de Stardust: O Mistério da Estrela) seria a primeira escolha da Marvel para interpretar o Demolidor e sua identidade secreta, o advogado Matt Murdock, com seu nome tendo sido sugerido por Joe Quesada, outro grande nome dos quadrinhos ligado aos Marvel Studios, antes mesmo de os direitos sobre o personagem voltarem para a Marvel. Para o papel de seu arqui-inimigo, o Rei do Crime - alcunha que jamais é usada nessa primeira temporada, com o personagem somente sendo referenciado por seu nome original, Wilson Fisk - seria escolhido Vincent D'Onofrio, o homem-barata alienígena de Homens de Preto. Além deles dois, o elenco principal da primeira temporada contaria com Elden Henson como Franklin Nelson, apelido Foggy, advogado colega de Matt, que estudou com ele na faculdade e abriu com ele um pequeno escritório em Hell's Kitchen; Deborah Ann Woll como Karen Page, que se torna uma espécie de secretária de Matt e Foggy, e é interesse amoroso de ambos; Vondie Curtis-Hall como Ben Urich, jornalista que investiga as atividades criminosas de Fisk; Toby Leonard Moore como James Wesley, secretário de Fisk; Ayelet Zurer como Vanessa Marianna, dona de uma galeria de arte e interesse amoroso de Fisk; e Bob Gunton como Leland Owlsley, criminoso aliado de Fisk, inspirado em um vilão dos quadrinhos chamado Coruja.

Uma personagem que merece destaque na primeira temporada é a enfermeira Claire Temple, interpretada por Rosario Dawson, creditada como "atriz especialmente convidada". Um amálgama de dois personagens dos quadrinhos - uma médica também chamada Claire Temple, que foi uma das primeiras namoradas de Luke Cage, e a enfermeira Linda Carter, protagonista de uma antiga revista da Marvel chamada Night Nurse (a "enfermeira noturna") - Claire seria o "Nick Fury dos Defensores", com Dawson assinando contrato para atuar em todas as quatro séries e na minissérie, e Claire, de uma forma ou de outra, sendo importante nas vidas de Matt Murdock, Jessica Jones, Luke Cage e Danny Rand (o Punho de Ferro) e uma das responsáveis por fazer com que os quatro trabalhassem em equipe. Nessa primeira temporada, porém, ela só cuida de Matt após ele levar uma das maiores surras de sua vida, descobrindo acidentalmente que ele é o Demolidor e tendo um breve romance com ele.

Os personagens recorrentes incluem o Padre Paul Lantom (Peter McRobbie), com quem Matt se confessa; o traficante de armas Turk Barrett (Rob Morgan); o policial Brett Mahoney (Royce Johnson), amigo de Foggy; os policiais corruptos Carl Hoffman (Daryl Edwards) e Christian Blake (Chris Tardio), pagos por Fisk; Josie (Susan Varon), dona do bar frequentado por Matt e Foggy; Mitchell Ellison (Geoffrey Cantor), editor do jornal The New York Bulletin, onde Urich trabalha; Elena Cardenas (Judith Delgado), uma das primeiras clientes de Matt e Foggy; a advogada Marci Stahl (Amy Rutberg); Jack "Batalhador" Murdock (John Patrick Hayden), boxeador pai de Matt, morto pela máfia irlandesa por não querer perder de propósito; Roscoe Sweeney (Kevin Nagle), arranjador de lutas responsável pela morte do pai de Matt; Shirley Benson (Suzanne H. Smart), chefe do setor de enfermagem onde trabalha Claire; Melvin Potter (Matt Gerald), homem que faz os ternos a prova de balas de Fisk, e fica responsável também pelo uniforme do Demolidor; e três criminosos que controlam três áreas da cidade coordenados por Fisk: a chinesa Madame Gao (Wai Ching Ho), o japonês Nobu Yashioka (Peter Shinkoda) e o russo Vladimir Ranshakov (Nikolai Nikolaeff). Stick, o mestre cego que ensina artes marciais a Matt, é interpretado por Scott Glenn, creditado como "ator convidado", e, na delegacia, há uma foto de Stan Lee vestindo um uniforme de policial, mas não dá para ler a identificação de quem esse personagem se trataria.

A primeira temporada começa com Matt já adulto, advogando durante o dia e combatendo o crime durante a noite. Seus principais alvos são as máfias russa, japonesa e chinesa, e, durante suas investigações, ele começa a desconfiar que haja um único homem coordenando seus esforços. Matt se aproxima ainda mais dessa teoria após se envolver com Karen, que é acusada injustamente de matar um colega de trabalho após descobrir acidentalmente uma falcatrua da empresa onde trabalha, passando a história para Ulrich. Sem que nenhum deles saiba, quem está por trás de tudo é Fisk, que, posando de empresário filantropo, na verdade tem um grande plano de reconstrução para Hell's Kitchen, que deixará toda essa área da cidade sob seu inteiro controle. Em flashbacks, ficamos sabendo não somente como Matt ganhou seus poderes e acompanhamos seu treinamento com Stick, mas também o porquê de Fisk ter decidido se tornar um chefão do crime e querer controlar Hell's Kitchen. Quando os caminhos dos dois se cruzam, Matt passa a ter como meta destronar e prender o vilão, que passa a tentar a qualquer custo matar o justiceiro mascarado que não para de interferir em seus planos.

Assim como o uniforme, o próprio nome do herói só é citado pela primeira vez no último episódio. Embora tenha sido "traduzido" para Demolidor, "daredevil", em inglês, quer dizer algo como "audacioso", e tem a ver com o fato de que o herói, por ser cego, se envolve em acrobacias que os demais (talvez com exceção do Homem-Aranha) sequer tentariam - e é daí também que vem seu apelido de Homem sem Medo; além disso, o uniforme do herói é vermelho e tem chifres porque Daredevil contém a palavra Devil, que significa "Diabo". Ao longo da série, o herói é chamado pela imprensa de "O Demônio de Hell's Kitchen", e é isso que o leva a fazer o uniforme com chifres, com o nome Daredevil aparecendo pela primeira vez em uma manchete de jornal já nos minutos finais da série, e somente sendo usado para se referir ao herói a partir da segunda temporada. Segundo DeKnight, as demais explicações do por quê de o herói ter ganhado essa alcunha, usadas nos quadrinhos ou no filme, não fariam sentido dentro do clima adulto da série, e a imprensa nomeá-lo foi uma solução mais orgânica; ele diria ainda que é por isso que Fisk não seria chamado de Rei do Crime, pois, até o último episódio, ele é visto como um empresário e filantropo, não há nenhum motivo para se acreditar que haja um Rei do Crime em Nova Iorque, e ficaria meio ridículo a imprensa nomear o herói e o vilão ao mesmo tempo.

Embora a série fosse oficialmente ambientada no MCU, as conexões eram parcas e escassas; a principal delas era "o incidente", ou seja, a invasão dos Chitauri que resultou na batalha final do filme Vingadores, que é frequentemente citada - muito da reconstrução proposta por Fisk, por exemplo, tem a ver com áreas destruídas pelos Chitauri. Outras referências ao Universo Marvel em geral são um pôster que diz que a última luta de Jack Murdock foi contra Carl "Crusher" Creel, que, nos quadrinhos é o Homem-Absorvente; o Orfanato Santa Agnes, onde tanto Matt quanto a personagem Skye, de Agents of S.H.I.E.L.D. foram criados; o símbolo do vilão Serpente de Aço, do Punho de Ferro, nos papelotes de heroína comercializados pela máfia controlada por Madame Gao; e múltiplas referências à Roxxon, que é tipo uma "multinacional do mal" dos quadrinhos Marvel.

Curiosamente, a Marvel queria incluir cenas pós-créditos em dois episódios, um deles o último, ambas aumentando as conexões da série com o MCU, mas foi impedida pela Netflix, que alegou que seu software insere automaticamente um menu assim que começam os créditos de todas as produções, e que não seria possível abrir uma exceção para esses dois episódios em particular. Ambas essas cenas acabariam reescritas para fazer parte de seus respectivos episódios, com as insinuações sobre conexões com o MCU sendo removidas - na cena que seria pós-créditos do último episódio, por exemplo, Owlsley seria morto pelo Justiceiro; na cena reescrita o vilão tem outro destino, e Frank Castle não aparece nessa temporada.

O primeiro uniforme de Matt na série seria inspirado no usado pelo herói na história O Homem Sem Medo, de Frank Miller; criado pela chefe de figurino Stephanie Maslansky, seria todo de cor preta, e apelidado pela equipe de produção de "uniforme de justiceiro". DeKnight e Quesada dariam instruções específicas para que o uniforme fosse algo que o próprio Matt poderia criar, apenas com roupas que pudesse comprar em lojas ou pela internet; seu traço mais característico seria uma bandana preta que cobria também os olhos, alternativa criada por Maslansky após a ideia original, uma máscara de esqui com os olhos costurados, não ficar boa na tela. A bandana seria feita de uma fibra que, aparentemente, era opaca, mas que, na verdade, era transparente, e permitia que Cox enxergasse normalmente quando a estava vestindo.

Já o tradicional uniforme vermelho seria criado por Ryan Meinerding, um dos responsáveis pelos figurinos das produções dos Marvel Studios; Maslansky queria algo que se parecesse com uma vestimenta militar, já que seria feita, na série, por um homem acostumado a fazer coletes a prova de balas, mas que também lembrasse um uniforme de super-herói e pudesse ser vestido com facilidade tanto por Cox quanto por seu dublê, Chris Brewster, sem reduzir sua mobilidade. Segundo Meinerding, a parte mais complicada de se fazer foi o capacete, que cobre também os olhos, e tem uma expressão permanente de "invocado". Uma curiosidade é que tanto Cox quanto Brewster são destros, mas o encaixe para o bastão que o Demolidor usa como arma fica na coxa esquerda, pois é nessa posição que ele está nos quadrinhos; diferentemente dos quadrinhos, porém, o uniforme não tem o emblema DD no peito, já que o herói só ganha seu nome após vesti-lo pela primeira vez - DeKnight considerava o emblema "problemático", e decidiu não usá-lo nem nas temporadas seguintes.

A série seria totalmente filmada na cidade de Nova Iorque, e teria orçamento de 56 milhões de dólares; os efeitos especiais também ficariam a cargo de uma empresa sediada em Nova Iorque, a Shade VFX, e consistiriam principalmente de "dublês virtuais", cópias digitais dos atores para cenas onde usá-los ou a seus dublês seria muito perigoso, e de retoques em ferimentos causados por lutas e tiros. Um dos principais efeitos especiais da série seria apelidado de "Murdock Vision", e mostrava como Matt via o mundo através de seu radar; apesar de os roteiros de vários episódios preverem cenas com esse recurso, DeKnight acabaria permitindo seu uso em apenas um, para não diminuir seu impacto nem passar a impressão de que essa era apenas mais uma série de super-heróis - toda a série é filmada como se fosse um drama criminal, com Matt sendo o único elemento fantástico.

Co-produzida pela Marvel Television, ABC Studios, DeKnight Productions e Goddard Textiles, a primeira temporada de Demolidor consistiria de 13 episódios, todos disponibilizados pela Netflix no mesmo dia, 10 de abril de 2015; Demolidor seria a primeira série da plataforma a contar com serviço de audiodescrição, próprio para espectadores cegos, embora somente em inglês. A série seria um grande sucesso junto à crítica, que elogiaria principalmente seu tom adulto e as atuações de Cox e D'Onofrio, embora reclamasse do ritmo e da duração - alguns diriam que se tratava de "um filme de 13 horas", e não de uma série, e que a mesma história poderia ser contada em um tempo menor caso alguns elementos supérfluos, como o romance que nunca engrena entre Foggy e Karen, fossem removidos. A série seria indicada a três Emmys, Melhor Design de Sequência de Abertura, Melhores Efeitos Especiais e Visuais para uma Série e Melhor Edição de Som para uma Série, mas não ganharia nenhum deles; Cox receberia um prêmio especial da Fundação Americana pelos Cegos (AFB), por considerar que sua retratação de um advogado cego foi benéfica para a imagem que a sociedade tem de pessoas com essa deficiência.

Jessica Jones
1ª temporada
2015


Em dezembro de 2010, ou seja, antes mesmo da estreia de Agents of S.H.I.E.L.D., a roteirista Melissa Rosenberg ofereceria à ABC uma sinopse de uma série protagonizada por Jessica Jones, baseada na série em quadinhos Alias. O canal se interessaria, daria a luz verde, e a produção começaria, conjunta entre a Marvel Television e os ABC Studios, com Brian Michael Bendis, o criador de Jessica, servindo como consultor, e data de estreia prevista para setembro de 2011. Além de Jessica, a série traria como personagens Carol Danvers e Luke Cage, e seria totalmente integrada ao MCU, com, inclusive, Tony Stark fazendo uma aparição no piloto, e as Indústrias Stark estando diretamente envolvidas no acidente que conferiu superpoderes a Jessica.

Durante a produção, porém, o presidente da ABC, Paul Lee, não se mostrou satisfeito com os roteiros de Rosenberg, e exigiu mudanças na série. Segundo Rosenberg, o que faria de Jessica uma personagem única é o fato de ela ser uma ex-super-heroína que sofre de Transtorno do Estresse Pós-Traumático, e está tentando reconstruir sua vida como uma detetive particular; Lee acreditava que essa história não resultaria em boa audiência e que o tom adulto da série poderia trazer problemas para a ABC, e exigiria que a protagonista da série fosse Danvers, uma ex-super-heroína vivendo de forma luxuosa em uma cobertura da Quinta Avenida, com Jessica sendo apenas sua melhor amiga e uma personagem coadjuvante. Sem conseguir chegar a um consenso, em maio de 2012 a ABC cancelaria completamente o projeto. Rosenberg ainda chegaria a apresentar sua ideia a canais a cabo, mas, com medo de serem processados pela Disney (dona da Marvel e da ABC), nenhum deles aceitou.

Em 2013, quando Loeb começou a produção do projeto dos Defensores, ele se lembrou da série de Rosenberg, e a convidou para ser roteirista e showrunner da série de Jessica Jones, fazendo apenas duas mudanças: as ligações com o MCU teriam de ser mais sutis, sem a participação de Tony ou das Indústrias Stark, e Danvers, que estava prestes a se tornar a Capitã Marvel no MCU, deveria ser substituída por outra personagem. Rosenberg não só concordaria como também aproveitaria para fazer a série ainda mais adulta - segundo ela, ela havia dado uma maneirada nos roteiros porque a ABC é um canal aberto, mas, estando liberada para fazer do jeito que quisesse na Netflix, ela faria da forma como tinha de ser feito, já que Alias havia sido a primeira revista lançada sob o selo Marvel Knights, destinado ao público adulto.

Assim como Demolidor seria primeiro um drama criminal, e só depois uma série de super-heróis, Jessica Jones seria escrita como um thriller psicológico intenso, com elementos de film noir devido ao fato de a protagonista ser uma detetive particular - de fato, os episódios possuem muita tensão, abordando temas como estupro, traumas de infância, violência doméstica, gaslighting e consentimento; por outro lado, há pelo menos três personagens superpoderosos, o que faz com que o clima de "super-heroísmo" também seja mais presente, mesmo sem nenhum deles podendo ser rotulado como um herói no sentido clássico da palavra. Rosenberg ficaria extremamente satisfeita com a liberdade que recebeu da Marvel para contar suas histórias; segundo ela, até mesmo cenas de sexo puderam ser incluídas, com os execuitivos vetando apenas duas coisas: nudez e o uso da palavra fuck.

Para o papel de Jessica, seriam testadas as atrizes Alexandra Daddario, Teresa Palmer, Jessica De Gouw, Marin Ireland e Krysten Ritter, que, apesar de ter sido a que fez o teste primeiro, tendo de esperar todas as outras, acabou ficando com o papel - que lhe caiu como uma luva, com Ritter sendo considerada uma Jessica Jones perfeita até mesmo por Bendis, e estando sendo considerada para repetir o papel nas futuras produções do MCU. Outro personagem importante seria Luke Cage, que estrearia na série de Jessica antes de ganhar sua própria; o papel do homem de pele impenetrável que tenta fugir de seu passado e acaba tendo um conturbado relacionamento amoroso com Jessica ficaria com o ator Mike Colter, que infelizmente não está no momento sendo considerado para continuar interpretando o personagem.

Danvers seria substituída por outra personagem oriunda dos quadrinhos, Patricia Walker, interpretada por Rachael Taylor. Nos quadrinhos, Patsy Walker estrearia como protagonista de uma revista voltada ao público infanto-juvenil ao estilo Turma do Archie, e depois seria remodelada, se transformando na heroína Felina. Na série, Walker era conhecida como Patsy na infância, quando era uma artista mirim de enorme sucesso, o qual, principalmente devido a álcool e drogas, não conseguiu manter ao se tornar uma adulta. Quando a série começa, ela já usa o nome de Trish Walker, e tenta construir uma carreira como entrevistadora na rádio, fazendo de tudo para se distanciar de sua mãe e ex-empresária e sendo constantemente assombrada por seu passado como Patsy. Jessica e Trish são melhores amigas e se consideram irmãs, já que foi com a mãe de Trish que Jessica foi morar após o acidente que matou seus pais e a deixou superpoderosa.

O vilão da primeira temporada é Killgrave, interpretado de forma magistral por David Tennant (de Doctor Who). Nos quadrinhos, o personagem se chama Zebediah Kilgrave (com um L só), tem a pele roxa e a alcunha de Homem-Púrpura; para manter o clima sério e adulto da série, e devido ao fato de que Tennant é britânico (sendo Zebediah um nome típico do interior dos Estados Unidos), os produtores optaram por fazer com que a única coisa em comum entre as duas versões do personagem fossem os poderes, com Killgrave, inclusive, sendo um pseudônimo. Na série, assim como nos quadrinhos, Killgrave tem o poder de controlar a vontade de qualquer um com quem consiga falar - trocando em miúdos, quando ele fala, as pessoas obedecem. Ele se aproveitaria desse poder para controlar a vida de Jessica por anos, estuprando-a repetidas vezes e inclusive levando-a a cometer um assassinato; um dia, sem jamais entender a razão, Jessica ficou imune a seus poderes, e, achando que havia matado o vilão, fugiu. Quando a série começa, ela é contratada por um casal para encontrar sua filha desaparecida, e, ao perceber que Killgrave pode estar de volta, se desespera. A história da primeira temporada aborda os relacionamentos de Jessica com Trish e com Cage e sua busca para superar seu medo e deter o vilão de uma vez por todas, enquanto ele tenta obter uma forma de superar a imunidade desenvolvida por ela e se tornar mais poderoso que nunca.

Outra personagem importante do elenco é Jeri Hogarth, interpretada por Carrie-Anne Moss (de Matrix), advogada que, nos quadrinhos, é ligada ao universo do Punho de Ferro (e homem), mas que, em Jessica Jones, é uma das sócias de uma empresa de advocacia que contratou os serviços de Jessica no passado, a quem ela recorre em momentos de extrema necessidade. Além de Ritter, Colter, Taylor, Tennant e Moss, o elenco principal conta com Eka Darville como Malcolm Ducasse, vizinho de Jessica viciado em heroína, de quem ela tenta ser amiga e salvar do vício; Wil Traval como Will Simpson, policial que tem sua mente controlada por Killgrave para ajudá-lo em sua missão maligna, e que tem um breve relacionamento com Trish após ser libertado do controle do vilão; e Erin Moriarty como Hope Shlotmann, a menina desaparecida que Jessica tenta encontrar no início da série, e que também está sendo controlada por Killgrave.

Os personagens recorrentes incluem Ruben (Kieran Mulcare) e Robyn (Colby Minifie), irmãos gêmeos vizinhos de Jessica, sendo que ela a odeia e ele quer namorá-la; Oscar Clemons (Clarke Peters), policial que ajuda Jessica a investigar os crimes de Killgrave; a promotora de justiça Samantha Reyes (Michelle Hurd); Wendy Ross (Robin Weigert), esposa de quem Jeri está se separando; Pam (Susie Abromeit), assistente e amante de Jeri; Reva Connors (Parisa Fitz-Henley), a ex-esposa de Cage; Maury Tuttlebaum (Daniel Marcus), que trabalha no necrotério do hospital de Claire; e Dorothy Walker (Rebecca de Mornay, de A Mão que Balança o Berço), a dominadora e superprotetora mãe de Trish. Royce Johnson faz uma participação em um dos episódios como o policial Brett Mahoney, e Rosario Dawson volta a interpretar Claire Temple, que passa a noite no apartamento de Jessica cuidando de Cage após ele dar entrada no hospítal ao ser ferido durante uma luta contra Killgrave. A foto de Stan Lee continua na delegacia.

Apesar de Jessica Jones não usar uniforme nos quadrinhos (bom, pelo menos não na época em que a série é ambientada), Maslansky, novamente chefe de figurino, optaria por fazer com que a personagem estivesse sempre vestida com as roupas que são normalmente associadas a ela nas histórias: jaqueta de couro preta, calça jeans e botas pretas - mais de 10 jaquetas idênticas e 20 pares de jeans seriam usados por Ritter durante as gravações. Killgrave normalmente usaria terno, com o roxo sendo sua cor preferida, em alusão à sua alcunha dos quadrinhos, sendo dada preferência, entretanto, a um tom escuro, próximo ao azul-marinho, para evitar comparações com o Coringa.

Assim como Demolidor, Jessica Jones é ambientado principalmente em Hell's Kitchen, onde fica o escritório/apartamento de Jessica e o bar onde trabalha Cage; algumas partes mais chiques da cidade também são visitadas, como a Quinta Avenida, onde fica o apartamento de Trish, e o Central Park. A série foi integralmente filmada em Nova Iorque, com as principais referências da equipe de produção sendo Chinatown, com cenas longas das quais os personagens constantemente entram e saem, e os filmes do diretor Wong Kar-wai, para composição de cenários. Os efeitos especiais novamente ficariam a cargo da Shade VFX, mas seriam em número bem menor, com a maioria dos efeitos sendo de dublês virtuais.

Co-produzida pela Marvel Television, ABC Studios e Tall Girls Productions, a primeira temporada de Jessica Jones teria 13 episódios, todos disponibilizados pela Netflix no mesmo dia, 20 de novembro de 2015. Mais uma vez, a Netflix a consideraria um sucesso de público, e ela seria bastante elogiada pela crítica, principalmente sua abordagem madura de questões pesadas e seu clima noir. Uma das principais críticas foi quanto à sua falta de conexão com Demolidor; apesar de ser ambientada no mesmo bairro, e aparentemente após os eventos da série anterior, a série não utiliza absolutamente nenhum dos elementos da primeira temporada do Homem sem Medo, nem mesmo um jornal pendurado numa banca com referências ao herói ou ao Rei do Crime - para todos os efeitos, é como se nada daquilo tivesse acontecido. O mesmo acontece em relação ao MCU: em uma cena, Cage faz referências ao Hulk e ao Capitão América, mas sem citá-los pelo nome, e é só.

Séries Marvel da Netflix

Demolidor (1)
Jessica Jones (1)

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