domingo, 8 de agosto de 2021

Escrito por em 8.8.21 com 0 comentários

Esportes de Mesa

Um dos primeiros posts sobre esportes que eu fiz para o átomo, lá em 2008, foi sobre hóquei. Nele, falei sobre oito esportes, todos com regras parecidas, seis deles com hóquei no nome. Originalmente, eu planejava falar sobre nove, incluindo o air hockey, mas, como o post já estava grande, e air hockey não tem muito a ver com hóquei, desisti.

Cerca de dois anos depois, em 2010, fiz uma série de posts sobre futebol, e no terceiro deles falei sobre futebol de mesa (conhecido aqui no Brasil como pebolim, totó e outros nomes regionais), futebol de botão, subbuteo e futebol de prego. Na ocasião, pensei em falar também sobre tamancobol, mas depois, não me lembro por que, acabei desistindo. Como nem air hockey, nem tamancobol possuem assunto suficiente para ganhar um post inteiro cada um, parecia que nenhum dos dois jamais seria abordado no átomo.

Ano passado, porém, ao pesquisar sobre algum esporte, não me lembro bem qual, me deparei com informações sobre o teqball, esporte que vem ganhando popularidade no Brasil nos últimos anos. Achei que seria legal fazer um post sobre teqball, mas depois, envolvido com outros assuntos, acabei esquecendo. Essa semana não só eu me lembrei do teqball, como também achei que seria uma boa acrescentar o air hockey e o tamancobol e fazer um post sobre os três, já que eles têm em comum o fato de que são jogados utilizando mesas próprias. O resultado é esse post que vocês estão lendo agora.

Pois bem, em ordem alfabética e de antiguidade em relação a quando eu pensei em escrever sobre cada jogo pela primeira vez, vamos começar pelo air hockey, que, segundo a Wikipédia, em português se chama hóquei de ar, embora eu nunca tenha ouvido ninguém usar esse nome. Comum em shoppings e casas de festas infantis, o air hockey é o único dos jogos que veremos hoje que usa uma mesa elétrica, embora uma versão "unplugged" também exista - eu mesmo já joguei em mesas que não tinham o "ventinho" que dá nome ao jogo, usando uma superfície encerada para obter o mesmo efeito.


O air hockey foi uma criação de um grupo de engenheiros da Brunswick, empresa dos Estados Unidos especializada em pistas de boliche e mesas de sinuca, fabricando também bolas, tacos, sapatos e tudo o mais necessário para se praticar esses dois esportes. Em 1969, Phil Crossman, Bob Kenrick e Brad Baldwin pensaram em criar um jogo que usasse a mesa de ar, inventada no ano anterior pelo norte-americano Thomas Whalley Williams III - que, até onde se sabe, não pretendia usá-la em nenhum jogo, embora também não seja claro o porquê de ele tê-la inventado. Crossman, Kenrick e Baldwin experimentaram vários tipos de jogos e vários conjuntos de regras, mas jamais chegaram a algo do que gostassem, e acabaram engavetando o projeto.

Em 1972, outro engenheiro, Bob Lemieux, recém-chegado à Brunswick e fã de hóquei no gelo, ficou sabendo do projeto do trio, e desenvolveu um jogo que simulasse uma partida de hóquei no gelo, usando um pequeno disco de borracha como puck, dois tacos em miniatura, um para cada jogador, e dois gols equipados com fotocélulas, que registravam automaticamente os pontos. Crossman e Kendrick, então, refinariam o jogo e as regras, até chegar à versão final do air hockey, que seria lançado no ano seguinte, com a patente sendo creditada a Crossman, Kendrick e Lemieux - Baldwin, envolvido com outros projetos, não participaria de sua criação.

O air hockey rapidamente se tornou um gigantesco sucesso; espalhadas por bares e hotéis, suas mesas eram disputadas pelos jogadores, que organizavam mini-torneios com regras próprias. Ainda em 1973, estudantes da Universidade de Houston, no Texas, onde o jogo era tão popular que mesas foram instaladas nas salas de recreação, fundariam a Houston Air Hockey Association, e, pouco depois, a Texas Air Hockey Players Association, que codificaria as regras oficiais e organizaria torneios em Houston, Dallas e Austin. Como o jogo rapidamente se popularizava no restante dos Estados Unidos, em 1975 J. Phillip Arnold, um dos mais bem sucedidos jogadores do Texas, decidiria fundar a Associação de Hóquei de Mesa de Ar dos Estados Unidos (USAA, da sigla em inglês), para garantir que as regras do Texas fossem usadas também em outros estados, possibilitando torneios regionais e nacionais.

Curiosamente, quando a Brunswick colocou as mesas no mercado, ela publicou também um livreto de regras, que foram consideradas muito complexas pelos jogadores texanos, que decidiram inventar suas próprias. Como as regras do Texas realmente eram mais simples e faziam mais sentido, a USAA não teve dificuldade nenhuma para fazer com que elas se tornassem as oficiais; a Brunswick, por outro lado, pouco se importou que não estavam usando as regras dela, já que seu principal interesse era vender as mesas. Aliás, até meados da década de 1990, a Brunswick, que tinha patenteado o jogo, tinha uma espécie de monopólio na fabricação das mesas, com todas as existentes nos Estados Unidos sendo fabricadas por ela; isso só começaria a mudar com a popularização do air hockey em outros países e o início da fabricação das mesas chinesas, que não respeitavam a patente da Brunswick. Sem conseguir impedi-las, e não querendo perder mais dinheiro, a Brunswick começaria a licenciar a fabricação de mesas para outras empresas do mundo todo. Hoje, já existem mesas de air hockey dos mais diversos fabricantes, sejam legalizadas ou piratas.

O air hockey é um jogo para duas pessoas; embora seja possível jogar em duplas, nem as regras originais da Brunswick, nem as oficiais da USAA contemplam essa modalidade. Uma mesa oficial de air hockey é conhecida como 8 feet table, e tem 2,43 m (8 pés) de comprimento por 1,52 m de largura e 90 cm de altura. O tampo da mesa costuma ser branco para imitar um rinque de hóquei no gelo, e não precisa de qualquer marcação, normalmente contando com apenas uma linha que a divide ao meio e/ou com um grande logotipo do fabricante; algumas mesas trazem as mesmas marcações do hóquei no gelo, mas elas não possuem nenhum papel no jogo. A principal característica da mesa é que ela conta com centenas de furinhos bem pequenos, que, através de um compressor elétrico instalado dentro da mesa, continuamente despejam ar para cima, diminuindo a fricção do puck e das manoplas, e conferindo o nome ao jogo. Assim como uma mesa de sinuca, uma mesa de air hockey possui uma "borda", de 2,5 cm de altura, para evitar que o puck caia da mesa, e que pode ser usada para jogadas de efeito, fazendo com que o puck bata na borda e mude de direção após ser atingido pela manopla.

Cada jogador joga com uma manopla, que tem o formato de um pequeno sombrero mexicano. Manoplas oficiais são feitas de uma resina plástica chamada lexan, mas, fora de torneios da USAA, elas podem ser feitas de qualquer material plástico. O diâmetro de uma manopla oficial deve ser de no máximo 10,31 cm, e seu peso menor que 170 g; a manopla pode ser de qualquer cor, podendo ser ambas da mesma cor, cada uma de uma cor, ou até uma mesma manopla ter várias cores diferentes (com a base sendo de uma cor e a haste de outra), com a única exigência sendo a de que a cor da base contraste com a do tampo da mesa. A base deve ser perfeitamente redonda, sem reentrâncias ou ângulos, e a haste pode ser de qualquer altura, qualquer diâmetro e qualquer formato, de acordo com a preferência do jogador.

O puck também é feito de lexan para torneios oficiais, ou qualquer material plástico para outras mesas. Um puck oficial tem 8,255 cm de diâmetro, 0,635 cm de altura, e seu peso deve ser de, no máximo, 42 g. As cores permitidas pela USAA são preto, vermelho, verde ou amarelo, com o amarelo sendo sempre usado em torneios, a menos que ambos os jogadores concordem em usar outra cor em sua partida. O objetivo do jogo é usar as manoplas para bater no puck e fazer com que ele entre no gol, que é uma abertura de 30 cm bem no centro da borda no sentido da largura - cada jogador, portanto, se posiciona exatamente atrás de seu gol, para defendê-lo. Mesas elétricas costumam ter sensores no gol, que computam automaticamente o ponto quando o puck passa por eles, um placar que mostra quantos pontos cada jogador tem, e um sistema que devolve o puck por uma abertura na lateral da mesa quando ele entra em um dos gols; mesas usadas em arcades também costumam ter alguma forma de registrar os créditos inseridos pelos jogadores, desligando o compressor e retendo o puck ao final da partida.

As regras são bastante simples: cada jogador usa sua manopla para bater no puck e impulsioná-lo na direção do gol do outro, ganhando um ponto se ele cair lá dentro. O puck deve ser acertado com um movimento lateral, sendo proibido colocar a manopla sobre o puck, seja para pará-lo, seja para impulsioná-lo. Quando um jogador sofre um gol, ele tem direito a sacar, bastando simplesmente colocar o puck à sua frente e impulsioná-lo com a manopla. Cada jogador só pode dar um toque no puck com a manopla por jogada, com a vez passando imediatamente para o outro jogador após ele tocar. Normalmente ganha a partida o jogador que primeiro fizer sete pontos - as máquinas de arcades costumam ser programadas assim, e essa também é a regra nos torneios da USAA.

Torneios da USAA usam um sistema de melhor de sete partidas, com o vencedor de cada embate sendo aquele que ganhar quatro primeiro. A primeira partida de cada série começa com um face off, com o árbitro colocando o puck no centro da mesa, ambos os jogadores mantendo suas manoplas a no máximo 2,5 cm do puck e, a um comando, tentando acertá-lo na direção do gol adversário. O jogador que ganha o face off começa sacando em todas as partidas ímpares, enquanto o outro saca primeiro em todas as partidas pares, independentemente de quem tenha feito o último gol da partida anterior; após cada partida, os jogadores mudam de lado na mesa. Em jogos da USAA um jogador só pode tocar no puck com sua manopla se ele estiver de seu lado da mesa, e o puck deve ultrapassar totalmente a linha do meio da mesa após cada toque. Cada jogador também tem sete segundos para mandar o puck de volta para o outro lado após ele cruzar a linha, dez segundos para sacar após cada gol, e pode se posicionar em qualquer local em torno da mesa, desde que de seu próprio lado. Não cumprir alguma dessas regras resulta em falta, e faltas são punidas com tiro livre direto, com o puck sendo colocado no meio da mesa e o jogador que não cometeu a falta podendo impulsioná-lo na direção do gol do jogador faltoso sem que este possa tentar defendê-lo.

Desde o início, a intenção da USAA era transformar o air hockey em um esporte sério, como, por exemplo, o tênis de mesa, e por isso sempre focou no desenvolvimento dos jogadores e na organização de torneios. O air hockey como esporte demoraria para se firmar fora dos Estados Unidos, porém, com a segunda federação nacional a ser formada sendo a da Catalunha, em 2003, trinta anos após a criação da Houston Air Hockey Association. Nos anos seguintes, surgiriam federações nacionais também na Venezuela, Rússia e República Tcheca, e, em 2006, seria disputado o primeiro campeonato europeu de air hockey, com participantes espanhóis, russos e tchecos. Embora hoje o air hockey já esteja difundido praticamente pelo mundo todo, ele só é jogado profissionalmente nesses cinco países, e, para tentar contornar essa situação, em 2015 a USAA criaria a Associação dos Jogadores de Air Hockey (AHPA, da sigla em inglês), que tem como missão dar apoio, suporte e formação a jogadores de air hockey do mundo inteiro. A AHPA não é uma federação internacional, e sim uma associação de jogadores, com todo o trabalho de regulação e organização internacional ainda ficando a cargo da USAA.

O principal torneio do air hockey é o Campeonato Mundial, organizado pela USAA anualmente desde 1978, e do qual todos os campeões foram norte-americanos, à exceção do venezuelano José Mora, campeão em 1999 e 2000. O maior campeão é Tim Weissman, psicólogo de profissão, considerado "o Kasparov do air hockey" (em comparação com o russo campeão de xadrez), e que já foi até tema de filme, tendo conquistado dez títulos entre 1989 e 1996; em seguida vêm Jesse Douty e Danny Hynes, com nove títulos cada, sendo que Douty conquistou os dele entre 1978 e 1988, e Hynes entre 2001 e 2013. Vale dizer que todos os torneios sancionados pela USAA são mistos, mas os homens são a enorme maioria dos jogadores.

Vamos passar agora para o tamancobol, jogo que conheci na minha infância, porque na pracinha perto da minha casa tinha um, e reencontrei após os 20 anos, na sala de jogos de um hotel no qual me hospedei em Caxambu - esse hotel, aliás, é o único lugar que eu conheço onde há uma mesa de tamancobol. Como eu conheço esse jogo desde sempre, acho estranho que ele seja praticamente desconhecido aqui no Rio de Janeiro, embora já tenham me falado que ele é bem popular no sul do país. De qualquer forma, sempre pensei em falar sobre tamancobol para ajudar mais gente a conhecê-lo, mas, como vocês verão, não há muito o que ser dito, então esse assunto acabou adiado até hoje, quando uma injustiça (a ausência de tamancobol no átomo) finalmente será corrigida.


O tamancobol é jogado em uma mesa de madeira, de 1,6 m de comprimento por 86 cm de largura. O tampo dessa mesa é levemente curvo para baixo, tendo 90 cm de altura no meio e 86 cm de altura nas pontas. Ao redor de todo o tampo há uma borda, que, no sentido do comprimento, tem um formato ondulado, com 20 cm de altura nos pontos mais altos e 15 cm nos mais baixos, e, no sentido da largura, serve de apoio para os braços dos jogadores, tendo 10 cm de largura. No sentido da largura também ficam os gols, aberturas de 20 cm de largura por 10 cm de altura que terminam em "caixas", onde a bola vai parar após cada gol, para que os jogadores as recolham. Alguns modelos possuem um "caminho" por dentro da mesa que a bola percorre, indo parar em uma gaveta lateral independentemente de em qual gol entraram. A bola usada é a mesma do futebol de mesa (ou totó, pebolim etc.), feita de metal, resina ou plástico, com 11 cm de circunferência

Mas o elemento principal do tamancobol são os "tamancos" que lhe dão nome, quatro peças de plástico duro, madeira ou metal que realmente lembram tamancos no formato, tendo uma base quadrada, que servirá para bater na bola, e uma haste cilíndrica, onde ficarão as mãos dos jogadores. Dois de cada lado, os tamancos correm por uma haste de metal posicionada de forma que a base dos tamancos, quando eles estão em repouso, quase toque a mesa, ficando com uma folga de cerca de 1 cm. Essa haste também possui protetores de borracha nas laterais, para que os tamancos não se choquem com os cantos da mesa, e um anel de borracha bem no meio da haste, para que cada tamanco só consiga cobrir metade do campo de jogo. As mãos dos jogadores devem ficar fechadas em volta da haste do tamanco todo o tempo, e, para movimentá-los, é usado um movimento do punho que leva a mão para cima e faz com que o tamanco "chute" a bola.

No início de cada ponto, a bola é colocada bem no centro da mesa, de forma que role para um lado aleatório. A partir de então, a regra é a mais simples possível: cada jogador deve usar seus tamancos para impulsionar a bola na direção do gol adversário, fazendo ela cair lá dentro, e para bloquear seu próprio gol quando ela estiver vindo em sua direção. Cada gol vale 1 ponto. Como não existem federações de tamancobol para codificar as regras, cada dupla de jogadores pode definir suas próprias, jogando até que um deles faça um determinado número de gols, até cansar, dividindo a partida em sets, jogando em melhor de um determinado número de partidas etc.

Eu tentei muitíssimo descobrir, mas, aparentemente, ninguém sabe quem inventou o tamancobol, nem quando. É um jogo brasileiro, porém, com as primeiras mesas tendo aparecido por aqui em locais como bares e hotéis na década de 1960. Hoje, o tamancobol também pode ser encontrado em países vizinhos, como Argentina e Uruguai, mas, no resto do mundo, é praticamente desconhecido. Suas mesas são fabricadas no Brasil por fabricantes de mesas para outros jogos, como sinuca, futebol de mesa e tênis de mesa.

Para terminar, vamos falar do teqball, também conhecido aqui no Brasil como futmesa. O teqball é um esporte recente, inventado em 2012 pelo ex-jogador de futebol húngaro Gábor Borsányi, que, durante uma festa, com amigos, tentou jogar uma mistura de futebol e tênis de mesa, o que não deu muito certo porque a bola não quicava corretamente na direção dos oponentes. Borsányi imaginou que, se a mesa fosse curva, facilitaria a troca de bola, e começou a trabalhar com um amigo, o cientista da computação Viktor Huszár, no design mais apropriado para a mesa. Após muitos testes, em 2014 eles chegaram ao formato ideal, e firmaram uma parceria com o empresário György Gattyán, que fabricaria as mesas e as colocaria no mercado. O lançamento oficial do teqball ocorreria em Budapeste, Hungria, em outubro de 2016, com a participação do jogador de futebol brasileiro Ronaldinho Gaúcho, nomeado "embaixador do teqball".


Borsányi, Huszár e Gattyán, além de serem considerados os criadores do teqball, são também seus donos, pois a mesa, as regras e até o nome "teqball" foram patenteados pelos três em nome da Teqball Holding SARL, com sede nos Estados Unidos. O resultado disso é que ninguém pode construir uma mesa de teqball ou organizar um campeonato de teqball sem pagar royalties à empresa - o nome "futmesa", inclusive, teria sido criado para que os canais esportivos do Brasil, ao se referir ao esporte, não fizessem propaganda de graça da Teqball Holding. Embora isso possa parecer estranho para um esporte, a Teqball Holding segue o mesmo modelo de contrato adotado nos esportes eletrônicos, nos quais a criadora do game também recebe royalties por seu uso em campeonatos.

Como o teqball é um esporte, digamos, mais tradicional, no início houve uma certa preocupação dos jogadores de que o modelo dos chamados e-sports pudesse prejudicar seu desenvolvimento, atrapalhando a formação de novos atletas e a criação de campeonatos regionais e nacionais. Para tentar contornar esse problema, em 2017 a Teqball Holding criaria a Federação Internacional de Teqball (FITEQ), uma federação esportiva nos moldes tradicionais, sem nenhum envolvimento da empresa que fabrica o jogo. A principal missão da FITEQ é popularizar o esporte a nível mundial, dando suporte para a criação de federações nacionais e regionais, através do fornecimento de equipamentos e do intercâmbio de jogadores. Os esforços da FITEQ fizeram com que, em pouco mais de três anos de existência, ela já conte com 109 países membros, incluindo o Brasil. A esperança da FITEQ, como o teqball é um esporte cujos torneios são fáceis de ser organizados e rápidos para serem concluídos, é que seu rápido e crescente sucesso permita em breve alcançar aquele que é o objetivo máximo de todas as federações esportivas: a inclusão do teqball nos Jogos Olímpicos.

O teqball é um esporte misto, com homens e mulheres competindo juntos nas categorias simples e duplas, na qual as duplas podem ser compostas por dois homens ou duas mulheres - a categoria duplas mistas, na qual cada dupla tem que ser obrigatoriamente composta por um homem e uma mulher, é separada, para um total de três. A FITEQ também regula essas três categorias no parateqball, praticado por jogadores amputados das pernas e/ou dos braços, que podem jogar usando ou não próteses - não há qualquer separação de classes, porém, com todos os paratletas competindo juntos. As regras de todas as seis categorias são exatamente as mesmas, com a única diferença de que, nas duplas, a bola deve ser passada de um jogador para o outro pelo menos uma vez antes de ser passada para o outro lado.

A mesa do teqball, chamada Teq Table (que também é uma marca registrada) tem 3 m de comprimento por 1,7 m de largura. Como já foi dito, seu tampo é curvo para baixo, o que faz com que ela tenha 76 cm de altura no meio e 56,5 cm de altura nas pontas. A mesa é dividida no meio por uma "rede", na verdade uma tábua, com 14 cm de altura e 1,5 cm de largura. A área de jogo total, na qual a mesa fica no meio, tem 16 m de comprimento por 12 m de largura, e, pelas regras da FITEQ, deve ser cercada por uma mureta de no mínimo 5 cm de altura - normalmente formada em torneios oficiais por placas de patrocínio. O tampo da mesa não tem qualquer marcação, mas na área de jogo, no chão, são marcadas duas linhas de saque, a 2 m de cada borda da mesa; também é comum que seja marcado o meio da área de jogo, com uma linha que coincide com a rede. A bola usada é a mesma do futebol, mas com menos pressão, para ficar mais macia e quicar melhor.

Cada ponto começa com um saque, com o jogador se posicionando com os dois pés sobre a linha de saque, jogando a bola para o alto e chutando-a para o outro lado. Para que o saque seja válido, a bola deve tocar a mesa do lado adversário; caso o primeiro saque não seja válido, o jogador tem direito a um segundo, mas, se o segundo também não for válido, é ponto para o oponente. Independentemente de quem marcar cada ponto, o saque muda de lado, passando para o outro jogador, a cada 4 pontos. No jogo de duplas, os jogadores de cada dupla se alternam no saque, ou seja, cada um saca duas vezes antes de passar a vez para a dupla oponente. Cada partida é disputada em melhor de três sets, com os jogadores ou duplas mudando de lado ao final de cada set, que termina quando um dos jogadores ou duplas faz 12 pontos. Nos dois primeiros sets é possível vencer por 12 a 11; apenas no terceiro há a regra de que deve haver no mínimo 2 pontos de vantagem - ou seja, se um chegar a 11, o outro, para ganhar, tem de fazer 13.

A forma mais comum de fazer pontos é evitando que o oponente devolva a bola: se, após a bola bater no tampo da mesa, ela bater no chão sem tocar em ninguém, se ela tocar no chão após ser passada para o outro lado sem tocar o tampo da mesa, ou se de qualquer outra forma um jogador falhar em passar a bola para o outro lado após recebê-la, é ponto para o oponente. Uma regra curiosa é a do edgeball: se a bola tocar nas laterais da mesa, ao invés de no tampo, e em seguida cair no chão, sem tocar antes em um jogador, o ponto não vale, e recomeça com saque do mesmo jogador que havia sacado antes. Caso um jogador toque na bola após o edgeball, o ponto continua sendo disputado normalmente.

Após a bola bater no tampo da mesa, cada jogador ou dupla tem direito a três toques antes de devolvê-la para o outro lado, podendo devolver com menos, se quiser - mas, como no jogo de duplas, é obrigatório passar a bola para o colega pelo menos uma vez, o mínimo será de dois toques. Esses três toques podem ser feitos com quaisquer partes do corpo exceto os braços, antebraços e as mãos, e um mesmo jogador não pode fazer dois toques seguidos com a mesma parte do corpo - ou seja, se o jogador recebeu a bola com o pé, não pode fazer um segundo toque também com o pé, devendo usar, por exemplo, o joelho, o peito ou a cabeça. Da mesma forma, um jogador ou dupla não pode devolver a bola duas vezes seguidas para o lado do oponente usando a mesma parte do corpo - se foi feita uma devolução com a cabeça, a imediatamente seguinte não pode ser feita também com a cabeça. Desrespeitar qualquer uma dessas regras resulta em ponto automático para o oponente.

Os jogadores podem "invadir" o lado do adversário durante a disputa de um ponto, mas um jogador não pode atacar uma bola, ou seja, passá-la para o lado do adversário, se estiver com qualquer parte de seu corpo do lado adversário da quadra, sendo ponto para o oponente se o fizer; no jogo de duplas, o normal nessa situação é passar a bola para o colega, mas, no de simples, o jogador tem de tentar atrasar a bola para trás da linha do meio para que seu último toque seja válido. Como de costume, um "ataque inválido" representa ponto para o oponente. Também é proibido tocar a mesa com qualquer parte do corpo, também resultando em ponto para o adversário quando isso ocorre.

O principal torneio do teqball é o Campeonato Mundial, organizado pela FITEQ em 2017, em Budapeste, 2018, em Reims, França, e em 2019 mais uma vez em Budapeste, com as simples e duplas estando presentes desde a primeira edição e as duplas mistas tendo estreado em 2019 - o Brasil, aliás, foi campeão mundial de duplas mistas com Natália Guitler e Marcos Vieira da Silva. A intenção da FITEQ era que o Mundial fosse anual, e que o parateqball estreasse em 2020, mas, por enquanto, o torneio está suspenso indefinidamente devido à pandemia global.

0 Comentários:

Postar um comentário