domingo, 7 de março de 2021

Escrito por em 7.3.21 com 0 comentários

Tiro com Arco Montado

Recentemente, eu escrevi aqui dois posts que complementavam um que eu fiz lá em 2016, falando sobre tiro com arco. O tiro com arco é um esporte de variações quase infinitas, e, se eu resolver falar sobre todas, não vou acabar essa série nunca, mas, antes de encerrá-la, eu gostaria de falar sobre uma variação do tiro com arco muito interessante, mas pouco conhecida no Brasil: o tiro com arco montado. "Montado", no caso, significa a cavalo, e não que o arco venha desmontado e tenha de ser montado antes da competição, só para ficar claro.

Diferentemente do que ocorreu com o tiro com arco "a pé", que passou um surto de popularidade na Europa durante o século XVII, que culminou em sua transformação em esporte e a fundação de uma federação internacional, o tiro com arco montado sempre foi mais popular no Oriente, com sua popularidade no ocidente se restringindo a alguns países do Leste Europeu, em especial Hungria, Polônia e Bulgária. Isso fez com que, até recentemente, o tiro com arco montado sequer tivesse uma federação internacional, e com que suas competições esportivas ainda sejam poucas; outra consequência é que a maioria das provas de tiro com arco montado disputadas hoje foi inventada no oriente, sendo as mais populares as de origem coreana.

O primeiro país a transformar o tiro com arco montado em esporte foi o Japão, com a criação do yabusame, lá no século VI, quando o Imperador Kinmei decidiu organizar um festival na cidade de Oita; o yabusame, porém, não fazia parte de um torneio esportivo, e sim de um ritual religioso, no qual os arqueiros homenageavam deuses xintoístas. Esse caráter religioso perdurou durante séculos, com inclusive uma grande demonstração de yabusame sendo organizada em 1187 para comemorar a assinatura de um acordo de paz. Com o início da Era Edo e a Guerra Civil, o yabusame foi abandonado, mas, durante a Era Meiji, voltou a ser praticado, mais uma vez com um fundo religioso; somente no início do século XX, quando estava claro que muitos dos arqueiros do yabusame passavam seu tempo livre competindo entre si para ver quem tinha mais habilidade, alguns professores e treinadores começariam a se organizar para criar um órgão que estabelecesse as regras do yabusame de forma que torneios esportivos pudessem ser disputados, o que levaria à fundação da Associação Japonesa de Arqueria Equestre (ZNKK, da sigla em japonês), em 1939. Além de atuar como uma federação esportiva, estabelecendo as regras e organizando torneios de yabusame, a ZNKK tem a missão de preservar as tradições e o valor histórico do yabusame, inclusive pesquisando e investigando a história do yabusame para que os registros de seus rituais sejam o mais completos possível. Apesar de a ZNKK já ter mais de 80 anos, o yabusame até hoje é praticado apenas no Japão, de forma que não existe uma federação internacional de yabusame - embora a ZNKK atue a nível internacional, principalmente como parceira de outras federações nacionais e internacionais de tiro com arco montado, para a realização de demonstrações de yabusame fora do Japão.

Sendo um esporte tão tradicional e ritualístico, o yabusame é cheio de detalhes - começando pela roupa dos arqueiros (que se chamam ite), que devem usar um chapéu próprio, chamado kimen ayahigasa; um quimono colorido chamado hitarare; uma proteção de couro chamada igote, que cobre o braço, ombro e parte do peito do lado esquerdo do corpo, amarrado com uma tira de couro embaixo do braço direito; uma estola de pele de cervo, chamada mukabaki, sobre as pernas; luvas de couro chamadas tabi; botas de couro chamadas igutsu; e carregar, embainhadas na cintura, uma espada longa chamada tachi e uma espada curta chamada maezashi, que são só decorativas, sem uso durante a prova. O cavalo também possui várias decorações de couro e tecidos coloridos, e a sela, chamada wagura, e os estribos, chamados waabumi, feitos de madeira e ferro, são especiais para o yabusame, não sendo usados em nenhum outro tipo de esporte ou ritual que envolva montar a cavalo.

O arco usado no yabusame se chama shigeto, tem por volta de 2,2 m de comprimento, e é feito de madeira, bambu e couro. As flechas, chamadas jindoya, têm por volta de 1,2 m de comprimento, são feitas de bambu, com rêmiges de penas de aves, e têm uma ponta de metal que lembra um nabo ou rabanete, de diâmetro mais ou menos cinco vezes maior que o do corpo da flecha. A aljava (aquele cilindro que leva as flechas), chamada furue, fica presa ao mesmo cinto que leva as espadas; cada arqueiro tem direito a levar três flecha por prova. A técnica que o arqueiro usa para montar o cavalo, chamada tachisukashi, é própria e exclusiva do yabusame, e considerada dificílima, pois o arqueiro não pode pressionar o corpo do cavalo com seus joelhos, mas também não pode se sentar na sela, devendo permanecer em uma posição na qual seja possível passar uma folha de papel entre suas nádegas e a sela - o ideal é ficar justamente o mais próximo possível sem se sentar, pois, se ele se afastar muito da sela, não terá controle sobre o cavalo. Como as duas mãos do arqueiro estarão no arco - aliás, como no kyudô, é obrigatório o arqueiro segurar o arco com a mão esquerda e a corda com a direita - o controle do cavalo não é feito pelas rédeas, e sim por sinais sutis dos pés do arqueiro nos estribos.

Assim como o sumô, o yabusame conta com um ritual próprio no início e no final de cada prova, que conta com tambores, orações e oferendas. Cada arqueiro também tem direito a uma passagem pela pista, em plena velocidade, mas sem disparar as flechas, para marcar a posição dos alvos; esse "teste" se chama subase. Quando a prova for pra valer, os arqueiros serão divididos em dois grupos, e cada um deles terá direito a passar pela pista duas vezes, somando os resultados de ambas; essa "primeira fase" se chama housha. Os mais bem colocados de cada grupo se classificam para uma segunda fase, chamada kyosha, na qual todos competirão juntos; o vencedor da prova é quem obtiver mais pontos na kyosha, independentemente do resultado da housha.

A pista do yabusame tem 218 m de comprimento por entre 1,5 e 3 m de largura, e é feita de terra batida, com a largura demarcada por cordas. Na housha os alvos são losangos de madeira de 1 m de lado e cor branca, posicionados a 1,8 m do solo e a 9 m de distância da pista. Dentro de cada losango há um alvo redondo, de 80 cm de diâmetro, composto por cinco círculos concêntricos, nas cores, de fora para dentro, verde, amarela, vermelha, branca e preta, mais um "sexto círculo", branco e de 2 cm de diâmetro, no centro do preto, usado só para desempates; acertar o círculo preto vale 5 pontos, e aí um ponto a menos para cada círculo maior, com o verde valendo 1 ponto. Na kyosha, os alvos são feitos de cerâmica, têm 24 cm de diâmetro, são pintados na cor branca com um círculo preto de 12 cm de diâmetro no meio, e são cheios de confete, pequenos pedaços de papel brilhoso que caem quando a flecha atinge o alvo e ele se parte; cada alvo vale 1 ponto, mas apenas se o confete cair. Em ambas as fases, o primeiro alvo fica a 15 m, o segundo a 109 m, e o terceiro a 203 m da linha de partida; o arqueiro deve passar com o cavalo a galope, e disparar uma de suas flechas em cada um dos alvos - em média, um cavalo leva 50 segundos para percorrer toda a pista, mas o tempo não é cronometrado.

Na antiguidade, o Japão tinha um outro tipo de tiro com arco montado, chamado kasagake, no qual os alvos, de madeira e com círculos concêntricos, ficavam não a 1,8 m de altura, mas no chão, em um ângulo de 45 graus com o solo, o que fazia com que os ite tivessem de atirar para baixo; além disso, alguns alvos ficavam posicionados do lado direito, o que forçava o ite a passar o arco por cima do pescoço do cavalo e a atirar meio torto. Hoje, o kasagake não é mais praticado, exceto como demonstração durante torneios de yabusame.

O yabusame seria praticado na Coreia durante a ocupação japonesa, que durou de 1910 a 1945; lá, ele seria adaptado para o uso de arcos coreanos, e daria origem ao chamado estilo coreano, que é hoje o mais popular esporte de tiro com arco montado no mundo inteiro. Parte dessa popularidade viria do fato de que a primeira federação internacional de tiro com arco montado, a Federação Mundial de Arqueria a Cavalo (WHAF) seria fundada na Coreia do Sul, em 2006, após a realização do primeiro campeonato internacional da modalidade, no ano anterior. Mesmo sendo tão recente, a WHAF não é a única federação internacional do tiro com arco montado, com a Aliança Internacional de Arqueria a Cavalo (IHAA) tendo sido fundada na Austrália em 2013. Hoje, tanto WHAF quanto IHAA têm 30 membros cada, a maioria em comum - mas não o Brasil, que só é membro da WHAF.

Todas as provas reguladas pela WHAF e pela IHAA seguem mais ou menos o mesmo estilo do yabusame, mas sem a parte ritualística: o arqueiro deve vir com seu cavalo a galope enquanto dispara contra os alvos - se o cavalo trotar ou andar, é desclassificado. Os arqueiros também não precisam usar toda a vestimenta tradicional, podendo usar roupas esportivas, nem ficar na posição de tachisukashi, podendo ficar sentados na sela, e até se levantar por alguns instantes para disparar, se preferirem. Em relação ao arco e às flechas, a IHAA permite apenas o uso do arco recurvo, o mesmo das competições da World Archery (como as Olimpíadas), bem como das mesmas flechas sancionadas pela WA; a WHAF permite o uso tanto do arco recurvo e suas flechas quanto do arco e flechas coreanos, usados em competições de gungdo, seja os construídos com materiais tradicional ou os feitos de materiais modernos. Também vale citar que, em competições da IHAA e WHAF, a aljava pode ser presa às costas, peito, cintura ou coxa do arqueiro.

Tanto a WHAF quanto a IHAA regulam o estilo coreano, sendo que a IHAA regula mais provas. A WHAF regula duas provas, chamadas Tipo A e Tipo B, sendo que cada uma é composta de seis passagens na pista, com os pontos de cada arqueiro sendo somados em todas as seis passagens para determinar o vencedor. No Tipo A, a pista tem 120 m de comprimento para as quatro primeiras passagens, e 180 m para as duas últimas; nas duas primeiras ela tem apenas um alvo, a 90 m da linha de partida; nas duas seguintes tem dois, a 60 e 90 m; e nas duas últimas tem cinco, a 30, 60, 90, 120 e 150 m. Já no Tipo B a pista tem 100 m de comprimento em todas as seis passagens; nas duas primeiras o alvo fica a 50 m da linha de partida; nas duas seguintes a 40 e 60 m; e nas duas últimas são só três alvos, a 30, 60 e 90 m da linha de partida; em ambas as provas, a pista deve ter 4 m de largura. Os alvos, que ficam a 6 m de distância da pista, têm 80 cm de lado e cinco quadrados concêntricos, de fora para dentro vermelho, verde, preto, amarelo e branco, com a figura de uma cara de um tigre no quadrado branco (apenas para decoração); o quadrado branco vale 5 pontos; os demais, de dentro para fora, valem um ponto a menos, com o vermelho valendo 1.

Já a IHAA regula sete provas do estilo coreano. Cinco delas são agrupadas sob o nome de standard korean, e identificadas pelos códigos K12 (três passagens de tiro simples e três de tiro duplo), K13 (três de tiro simples e três de tiro serial três alvos), K23 (três de tiro duplo e três de tiro serial três alvos), K123 (duas passagens de tiro simples, duas de tiro duplo e duas de tiro serial três alvos) e K125 (duas passagens de tiro simples, duas de tiro duplo e duas de tiro serial cinco alvos). Pelas regras da IHAA, a pista para o tiro simples, para o tiro duplo e para o tiro serial com três alvos tem 90 m de comprimento, enquanto a do tiro serial com cinco alvos tem 150 m de comprimento, sendo que, em ambos os casos, deve haver pelo menos 25 m antes da linha de partida, para o cavalo ganhar velocidade, e 25 m depois da linha de chegada, para reduzi-la, e a largura pode ser entre 2 e 4 m. No tiro simples o alvo é posicionado a 45 m da linha de partida; no tiro serial três alvos eles estão a 15, 45 e 75 m; e no tiro serial cinco alvos, a 15, 45, 75, 105 e 135 m. Eu deixei o tiro duplo por último porque seus alvos estão a 40 e 50 m da linha de partida, mas posicionados de forma semelhante a uma letra V, o que faz com que o arqueiro tenha de disparar a flecha para acertar o primeiro alvo para a frente, e não para o lado, a 30 m da linha de partida, e a do segundo virando seu tronco até quase ficar de costas, a 60 m da linha de partida. Em todas as passagens, os alvos, que ficam a 7 m de distância da pista, são redondos, de madeira, com 80 cm de diâmetro e cinco círculos concêntricos, de fora para dentro branco, preto, azul, vermelho e amarelo - mais uma vez, o amarelo vale 5 pontos, e daí um ponto a menos até o branco, que vale 1. Na disciplina do tiro serial três alvos, os arqueiros ganham três pontos de bônus se acertarem os três alvos; na tiro serial cinco alvos, ganham três pontos de bônus se acertarem três alvos consecutivos, ou cinco pontos de bônus caso acertem os cinco alvos (mas nunca ambos). Além dos pontos por acertar os alvos, os arqueiros ganham ou perdem pontos por tempo (mas apenas se tiverem acertado pelo menos um alvo): na pista de 90 m, o tempo-limite é 14 segundos, com um ponto sendo somado, até um máximo de 5, por cada segundo a menos, e um ponto sendo subtraído por cada segundo a mais; na pista de 150 m é de 23 segundos, e o máximo de pontos de bônus é 8. Não é possível ficar com pontuação negativa: mesmo que as penalidades por tempo sejam maiores que a pontuação dos alvos, a pontuação final do arqueiro naquela passagem será zero.

As outras duas provas do estilo coreano da IHAA são agrupadas sob o nome grand prix, e possuem os códigos K235 e K233. A K235 consiste em duas passagens de tiro duplo, duas de tiro triplo e duas de tiro serial cinco alvos, enquanto na K233 são disputadas duas passagens de tiro duplo, duas de tiro triplo e duas de tiro serial três alvos. A prova do tiro triplo não é igual à do tiro serial três alvos, sendo mais parecida com a do tiro duplo, já que o primeiro e o terceiro alvos estão "inclinados", com o primeiro tendo de ser acertado de frente e o terceiro de costas (somente o segundo está na posição habitual, de lado). Na K235, a pista do tiro triplo tem 120 m, com os alvos posicionados a 40, 60 e 80 m da linha de partida, o primeiro tendo de ser acertado da linha de 30 m e o terceiro da de 90 m; o tempo-limite é de 18 segundos, com um máximo de 6 pontos de bônus por tempo. Já na K233 todas as pistas têm 90 m de comprimento e 14 segundos de tempo-limite, com máximo de 5 de bônus; os alvos no tiro triplo estão a 25, 45 e 65 m da linha de partida, com o primeiro tiro sendo feito a 15 m e o terceiro a 75 m. Em ambas as provas do grand prix os alvos estão a 8 m da pista, e há um bônus de dois pontos para um arqueiro que acerte ambos os alvos no tiro duplo e um de três pontos para o que acerte os três no tiro triplo - além dos mesmos bônus do tiro serial do standard korean.

Outra prova que é regulada tanto pela WHAF quanto pela IHAA se chama masahee, e é a adaptação para as regras do estilo coreano de um esporte que, segundo registros de pinturas, era praticado em Goguryeo, um antigo reino que hoje ocuparia partes da Rússia, China, Coreia do Norte e Coreia do Sul. Nessa prova, os alvos são cubos de madeira decorados, que ficam sobre plataformas de 1,4 m de altura, a 7 m da lateral da pista; usando flechas cegas (sem ponta), o arqueiro deve derrubar esses cubos de suas plataformas, com cada alvo valendo 1 ponto, mas só se o cubo cair no chão em decorrência de ter sido atingido pela flecha (se a flecha acertar o plataforma e ele cair, por exemplo, não vale). Ao todo, cada arqueiro faz três passagens pela pista, com o tamanho dos alvos sendo menor a cada passagem: na primeira, os cubos têm 60 cm de lado, na segunda, 40 cm, e, na terceira, 20 cm - se for necessário um desempate, podem ser usados cubos de 10 cm. Na prova regulada pela WHAF, a pista sempre tem 180 m de comprimento por 4 m de largura e cinco alvos, a 30, 60, 90, 120 e 150 m da linha de partida, e cada arqueiro tem 20 segundos para fazer cada passagem, não ganhando pontos de bônus, mas perdendo um ponto para cada segundo a mais. Já na prova regulada pela IHAA, a pista sempre tem entre 2 e 4 m de largura, mas, na primeira passagem, tem 90 m de comprimento, na segunda tem 120 m, e na terceira tem 150 m. Na primeira passagem o tempo-limite é de 14 segundos, na segunda é de 23 segundos, e na terceira é de 28 segundos. Na primeira passagem há apenas três alvos, posicionados a 15, 45 e 75 m da linha de partida; na segunda e na terceira são cinco, sendo que na segunda eles estão a 15, 45, 75, 105 e 135 m, enquanto na terceira estão a 15, 45, 75, 120 e 150 m.

A terceira e última prova regulada tanto pela WHAF quanto pela IHAA é a do qabaq, que foi criada no Império Otomano. Nela, é usada uma flecha chamada flu-flu, que tem uma bolota de borracha na ponta, e o alvo é um disco cônico de latão, parecido com aquele chapéu que os chineses usam em desenhos animados, de 60 cm de diâmetro, que fica no alto de um poste de 8 m de altura - qabaq significa "abóbora", e a prova tem esse nome porque, originalmente, o alvo não era esse disco, e sim uma abóbora. A prova do qabaq regulada pela WHAF e a regulada pela IHAA são diferentes, mas, em ambas, a pista tem 90 m de comprimento, entre 2 e 4 m de largura, o poste fica a 1 m da lateral da pista, e cada arqueiro faz duas passagens, somando os resultados de ambas para obter seu resultado final. Na versão da WHAF, o poste fica a 60 m da linha de partida; acertar o alvo atirando de frente (ou seja, antes de passar o poste) vale 1 ponto, acertá-lo de costas, depois de ter passado pelo poste, vale 3 pontos, e acertá-lo exatamente de baixo, quando o cavalo está em frente ao poste, vale 5 pontos.

Já na versão regulada pela IHAA, o arqueiro deve levar três flechas, pois, além do disco no alto do poste, há dois gongos de latão que também devem ser acertados. O primeiro é redondo, tem 80 cm de diâmetro e imita um alvo, com três círculos concêntricos, dois pretos e um sem cor; esse gongo fica posicionado a 5 m da linha de partida, e a 5 m de sua lateral. O segundo gongo lembra aquelas plaquetas de identificação que os soldados levam no pescoço quando vão pra guerra, sendo formado por dois semicírculos de 50 cm de diâmetro ligados por duas retas de 1 m de comprimento; ele fica posicionado a 85 m da linha de partida, e a 7 m da lateral da pista. Acertar cada gongo vale 3 pontos, e acertar o disco no alto do poste, que fica a 45 m da linha de partida, vale 5 pontos se o arqueiro ainda não tiver passado pelo poste (atirando de frente) ou 7 pontos se ele já tiver passado (atirando de costas). Tanto no caso dos gongos quanto do disco, a pontuação só é válida se produzir som audível. Há um tempo-limite de 14 segundos, com um ponto sendo somado, até um máximo de 5, por cada segundo a menos, e um ponto sendo subtraído por cada segundo a mais.

Existe uma prova que é regulada somente pela WHAF, chamada mogu, também de origem coreana. Nessa curiosa prova, um dos membros da organização do torneio galopa por uma pista que pode ter 150 ou 200 m de comprimento, mas sempre 4 m de largura, arrastando, através de cordas amarradas em sua sela, a "bola de mogu", uma esfera de 60 cm de diâmetro feita de madeira de uma árvore nativa da Coreia chamada lespedeza e coberta por um tecido branco de algodão, enquanto o arqueiro o persegue disparando flechas contra a bola. As flechas têm uma ponta de madeira que se parece com uma rolha, envolvida em um tecido banhado em tinta, de forma que, quando atinge a bola, faz nela uma marca, como se fosse um carimbo; uma marca perfeitamente redonda vale 5 pontos, uma marca parecida com uma lua crescente vale 3 pontos, e um risco vale 1 ponto. Na pista de 150 m cada arqueiro tem direito a disparar duas flechas, enquanto na de 200 m tem direito a três; o ideal é que cada competidor use tinta de uma cor, para que a mesma bola possa ser usada para todos.

Por outro lado, existem quatro provas que são reguladas somente pela IHAA. Três delas pertencem ao chamado estilo húngaro, pois são a adaptação para as regras do estilo coreano de provas disputadas originalmente na Hungria, no século XVII. A IHAA identifica essas provas pelos códigos H110, H90 e H60, sendo que o número depois do H é o comprimento da pista, em metros; na largura, a pista tem sempre entre 1,5 e 3 m. A principal característica do estilo húngaro é que suas provas usam uma torre com três alvos, um virado de forma que o arqueiro consiga acertá-lo de frente, um para que o arqueiro o acerte de lado, e um posicionado de forma que o arqueiro tenha de se virar para trás, após passar pela torre, para acertá-lo; a torre fica a 9 m da lateral da pista, bem no meio do caminho (a 55 m da linha de partida na H110, a 45 m na H90, e a 30 m na H60), tem 2 m de altura, e os alvos ficam posicionados de forma que seus centros estejam a 1,8 m de altura. Cada alvo tem 90 cm de diâmetro e cinco círculos concêntricos, de fora pra dentro vermelho, branco, verde, preto e amarelo; o amarelo vale 5 pontos, e daí um ponto a menos até o vermelho, que vale 1. Outra característica do estilo húngaro é que cada arqueiro pode disparar quantas flechas conseguir, e não apenas uma por alvo, e não precisa levar as flechas extras em uma aljava, podendo levá-las em suas mãos. Cada pista tem um tempo-limite (22 segundos na H110, 18 segundos na H90, 12 segundos na H60), com os pontos de bônus só sendo aplicados caso o arqueiro acerte pelo menos uma flecha em um dos alvos, mas sendo ilimitados e recebendo um multiplicador de 0,5x caso ele só tenha acertado uma flecha, e de 2x caso tenha acertado três ou mais; em caso de estouro do tempo, 5 pontos são perdidos caso o tempo final tenha sido até dois segundos maior que o limite (lembrando que é impossível ficar com pontuação negativa), mas o arqueiro perde todos os seus pontos caso ultrapasse essa tolerância, marcando zero naquela passagem. As provas do H60 e do H90 consistem de seis passagens cada, enquanto uma prova de H110 tem oito passagens.

A quarta prova é a chamada pista polonesa, que, como vocês devem imaginar, foi inventada na Polônia. Essa prova é disputada em um circuito, como os do automobilismo, com no mínimo 3,5 m de largura, mas sem comprimento mínimo ou máximo; a pista deve ter, porém, pelo menos duas curvas, e pelo menos seis alvos do estilo tradicional, ou seja, formados por círculos ou quadrados concêntricos. Pelo menos três dos alvos devem estar dispostos de forma que o arqueiro consiga atingi-los de lado, enquanto está passando por eles; pelo menos um deve estar no chão, como no kasagake; e pelo menos um deve estar do lado direito da pista, para que o arqueiro tenha de se virar para atingi-lo; os demais podem ser também desses três tipos ou estarem posicionados para serem atingidos de frente ou de costas, ou até ter formatos diferentes - imitando animais, por exemplo - desde que tenham de ser perfurados pelas flechas, e não derrubados, destruídos ou soados (como gongos). A altura de cada alvo e sua distância para a lateral da pista também é variada, sendo que a distância para a lateral deve ser de no mínimo 6 m, exceto para alvos no chão, que devem estar a 1 m da lateral da pista; o primeiro alvo deve estar no mínimo a 15 m da linha de partida, e o último deve estar no máximo a 15 m da linha de chegada; e a distância mínima entre um disparo e outro deve ser de 30 m. A pista preferencialmente deve ter variações de terreno (subidas e descidas) e opcionalmente pode ter obstáculos que o cavalo deve saltar, de no máximo 50 cm de altura, e que possam ser facilmente contornados caso o arqueiro decida não tentar o salto. O número de disparos por arqueiro é ilimitado, e as flechas podem ser levadas numa aljava, em um cinto especial para esse tipo de competição, ou nas mãos. Dependendo do comprimento da pista, uma prova pode consistir de duas ou de três passagens, sempre a galope. Cada tipo de alvo tem suas próprias regras para pontuação, e os pontos de todos os alvos são somados em todas as passagens para determinar a pontuação final de cada arqueiro; em alvos que estejam a menos de 10 m da lateral da pista, caso o arqueiro dispare mais de uma flecha contra o mesmo alvo, somente a flecha de maior pontuação valerá para aquele alvo. Cada pista tem também um tempo-limite, determinado pela organização; terminar abaixo do tempo limite rende 0,5 ponto para cada segundo a menos, e estourá-lo faz com que o arqueiro perca 0,5 ponto para cada segundo a mais. Também são conferidos pontos de bônus por saltar os obstáculos ao invés de contorná-los.

A IHAA também reconhece dez provas para as quais não organiza competições, sete delas no estilo coreano. O Aussie Course conta com três passagens de tiro duplo e três de tiro triplo, sendo que no tiro triplo os alvos estão a 20, 45 e 70 m da linha de partida. Já o Texas Triple tem três passagens de tiro serial três alvos, mas com os alvos a 9, 7 e 15 m da lateral da pista, respectivamente. A Texas Five tem três passagens e cinco alvos, sendo que o primeiro e o segundo devem ser atingidos de frente, e o quarto e o quinto de costas; o segundo e o quarto alvos estão a 9 m da lateral da pista, enquanto os outros estão a 7 m, e as distâncias dos alvos para a linha de partida são 15, 40, 45, 50 e 75 m. A Sling Shot tem três passagens em uma pista de tiro serial três alvos e três em uma de "tiro quíntuplo", na qual o segundo alvo deve ser atingido de frente e o quarto de costas, e os alvos estão a 15, 40, 45, 50 e 75 m da linha de partida. A Utah Quad tem três passagens e quatro alvos, a 15, 35, 55 e 75 m da linha de partida, sendo que o primeiro deve ser atingido de frente e está a 7 m da lateral da pista, o segundo de lado a 11 m, o terceiro de lado a 9 m e o quarto de costas a 9 m. A Eocha Triple tem três passagens e três alvos, a 50, 60 e 75 m da linha de partida, sendo que o primeiro deve ser acertado de lado e está a 7 m da lateral, o segundo (que deve ser acertado primeiro) de frente a 5 m, e o terceiro está no chão e do lado direito. E a Mamluk 90 tem três passagens e quatro alvos, a 25, 30, 55 e 60 m da linha de partida, sendo que o primeiro deve ser atingido de frente, o último de costas, e os outros dois estão no chão, o terceiro do lado direito. Todas essas provas usam a pista de 90 m.

A prova do estilo húngaro clássico, histórico ou tradicional usa uma pista de 90 m e uma torre com três alvos idêntica à do estilo húngaro. Os alvos dessa torre, porém, possuem apenas três círculos concêntricos cada, que podem ser todos os três em preto e branco (o maior e o menor pretos, o do meio branco) ou cada um de uma cor (o primeiro em azul e branco, o segundo em vermelho e branco, o terceiro em verde e branco). No primeiro alvo, o que deve ser atingido de frente, a pontuação, do círculo menor para o maior, é 4, 3, 2; no segundo, que deve ser atingido de lado, é 3, 2, 1; e no terceiro, que deve ser atingido de costas, é 5, 4, 3. Mas a principal característica dessa prova é que a pista é dividida em três zonas de 30 m de comprimento cada, demarcadas por quatro postes de no mínimo 2,5 m de altura, um na linha de partida, um a 30 m, um a 60 m e um na linha de chegada, a 20 cm da lateral da pista cada; flechas que atinjam o primeiro alvo só pontuam se foram disparadas enquanto o arqueiro estava dentro da primeira zona, as do segundo alvo enquanto ele estava na segunda zona, e os do terceiro alvo da terceira zona. Cada arqueiro faz seis passagens, e pode disparar quantas flechas quiser em cada uma delas. O tempo-limite para cada passagem é de 18 segundos; completar a pista em menos tempo rende 1 ponto para cada segundo a menos, mas somente se o arqueiro disparou pelo menos duas flechas entre a linha de partida e a de chegada (mesmo que não tenha atingido os alvos); estourar o tempo-limite faz com que a pontuação do arqueiro naquela passagem seja zero.

Já a prova do chamado estilo romeno usa uma pista de 120 m e dois alvos de 1,5 m de altura, a 9 m da lateral da pista, posicionados a 30 e a 90 m da linha de partida. Esses alvos são quadrados de 1,2 m de lado, com três quadrados concêntricos cada, sendo que o dos 30 m é verde e branco, e o dos 90 m é azul e branco. Diferentemente do que ocorre nas outras pistas, o alvo que fica a 90 m deve ser acertado primeiro (e, por isso, é o alvo número 1), pois está posicionado de forma que o arqueiro consiga acertá-lo de frente, enquanto o alvo que está a 30 m (que é o alvo número 2) está posicionado de forma que o arqueiro precise virar de costas para atingi-lo. No meio exato da pista, a 60 m, há um poste de 1,5 m de altura; flechas disparadas contra o alvo número 1 só pontuam se o arqueiro as disparou antes de cruzar o poste, e as disparadas contra o alvo número 2 só pontuam se ele disparou após tê-lo cruzado. O alvo número 1, do quadrado menor para o maior, vale 5, 4 e 3 pontos; o número 2 vale 6, 5 e 4. Cada arqueiro faz seis passagens, pode disparar quantas flechas quiser, e o tempo-limite é de 20 segundos, com um ponto a mais para cada segundo a menos (mas somente se pelo menos uma flecha atingiu um alvo), e um ponto a menos para cada segundo a mais, até um mínimo de zero.

A décima prova é a chamada pista finlandesa, disputada em uma pista de hipódromo, de 1.000 m de extensão e 13 m de largura, que, assim como uma pista de atletismo, é composta por dois semicírculos ligados por duas retas. O trecho cronometrado tem 400 m de comprimento, e começa e termina nas curvas, pegando cerca de um quarto de cada curva. Na reta que pertence ao trecho cronometrado, é demarcado, com cones ou cordas, um "corredor", de 200 m de comprimento e entre 3 e 5 m de largura, que compreende o trecho entre 100 e 300 m da linha de partida, do qual uma das laterais deve ficar 8 m do interior da pista. A prova é composta de duas voltas na pista (ou seja, duas passagens pelo trecho cronometrado), sendo que no trecho que não é cronometrado o cavalo pode trotar. O tempo-limite é de 69 segundos para cada passagem, sendo somado 0,5 ponto para cada segundo a menos, mas somente se o arqueiro tiver acertado pelo menos três flechas nos alvos, e subtraído 0,5 ponto para cada segundo a mais. Arqueiros que não passem pelo corredor marcam zero naquela passagem, desconsiderando todos os seus acertos, mas um arqueiro que passe pela entrada do corredor "sem querer" pode dar meia-volta e passar por dentro (perdendo tempo no processo).

A pista finlandesa possui oito alvos. Cada arqueiro pode disparar quantas flechas quiser contra cada um deles, e pode levar suas flechas na aljava ou nas mãos. Quatro dos alvos são quadrados de 71 cm de lado, com cinco quadrados concêntricos cada; o primeiro e o último desses alvos estão posicionados no chão, a 30 e a 370 m da linha de partida e a 6 m da linha interna da pista, enquanto os outros quatro estão sobre a linha interna da pista, a 60, 90, 310 e 340 m da linha de partida, posicionados para serem atingidos de lado. Os outros dois alvos são redondos, com 90 cm de diâmetro e três círculos concêntricos cada, posicionados formando um V cujo vórtice está no meio exato da pista, a 200 m da linha de partida; essa posição faz com que o primeiro tenha de ser atingido de frente, e o segundo, de costas. Todos os alvos têm 1,5 m de altura (exceto os do chão) e alternam as cores azul e branca (com o quadrado/círculo mais de fora e o mais de dentro sendo azuis) tendo, como decoração, o leão do brasão da Finlândia em seu centro. A pontuação para os alvos redondos, do círculo menor para o maior, é de 5, 4 e 3 pontos, e para os quadrados é de 5, 4, 3, 2 e 1 ponto. A 20 m do final do corredor (ou seja, a 280 m da linha de partida), há um suporte de 1,5 m de altura, com uma flecha; se o arqueiro pegar essa flecha e dispará-la contra o alvo de costas, ele ganha 4 pontos de bônus, mesmo que a flecha não acerte o alvo.

WHAF e IHAA organizam cada uma um Campeonato Mundial de Tiro com Arco Montado. O da WHAF é disputado anualmente desde 2005, e conta com provas masculinas e femininas, individuais e por equipes, de estilo coreano Tipo A, estilo coreano Tipo B e qabaq, masculina individual de mogu, e mista por equipes de masahee. Já o Mundial da IHAA foi disputado pela única vez em 2018, e estava previsto para ser realizado a cada dois anos, mas a edição de 2020 foi adiada devido à pandemia global; a edição de 2018 contou com provas masculinas e femininas individuais de K235, K233, H110, H90 e pista polonesa.

Antes de terminar, eu gostaria de mencionar as versões montadas de dois esportes de tiro com arco sobre os quais eu falei no post imediatamente anterior a esse, começando pela do okçuluk, que se chama atli okçuluk (at significa "cavalo", então atli é algo como "equestre"). O atli okçuluk não é regulado pela Federação Turca de Tiro com Arco Tradicional (que regula o okçuluk), e sim pela Federação Turca de Esportes Tradicionais (GSDF, da sigla em turco), que regula nove esportes, dentre eles um que já vimos, o jereed. No atli okçuluk são usados o mesmo arco e as mesmas flechas do okçuluk, e os arqueiros usam roupas tradicionais turcas; a pista tem 100 m de comprimento e entre 2 e 4 m de largura.

A GSDF reconhece duas provas do atli okçuluk; a primeira é o kabak, que segue as mesmas regras do qabaq da WHAF e da IHAA, mas com algumas diferenças. Assim como na WHAF, o poste fica a 60 m de distância da linha de partida, mas a 15 m da linha de partida há uma bancada de 30 cm de altura a 50 cm da lateral da pista, com uma flecha; se o arqueiro conseguir pegar essa flecha e usá-la para tentar acertar o disco, ele ganha 5 pontos, mesmo que o disco não seja atingido. Há uma "área de bônus" que começa 2 m antes do poste e termina 2 m depois (ou seja, vai de 63 a 67 m da linha de partida); acertar o disco com uma flecha disparada antes de entrar nessa área vale 1 ponto, com uma flecha disparada depois de sair dessa área vale 3 pontos, e com uma flecha disparada de dentro dessa área vale 5 pontos, com 4 pontos de bônus sendo conferidos se o arqueiro estava exatamente em frente ao poste, atirando diretamente para cima. A 85 m da linha de partida há um segundo alvo, de 1,5 m de altura, que pode ser quadrado, com 40 cm de lado, ou redondo, com 45 cm de diâmetro, que fica a 5 m da lateral da pista; esse alvo é feito para ser derrubado, não perfurado, e o arqueiro ganha 4 pontos se conseguir fazer com que ele caia no chão com um disparo. Há um tempo-limite de 18 segundos, com um ponto sendo somado para cada segundo a menos, até um máximo de 6 pontos de bônus, e um ponto sendo deduzido para cada segundo a mais, sem pontuação negativa, com o arqueiro pontuando zero se as penalidades forem iguais ou maiores que os pontos. Cada arqueiro faz quatro passagens, usando flechas flu-flu.

A segunda prova se chama tabla, e usa três alvos redondos de 1,5 m de altura e 60 cm de diâmetro cada. Esses alvos possuem três círculos concêntricos, sendo o menorzinho de 15 cm, na cor azul e valor 6 pontos, e o intermediário de 30 cm, na cor branca e valor 4 pontos; o maior tem valor 2 pontos, é azul, e tem 8 linhas cheias e 8 tracejadas na cor amarela marcando os pontos cardeais. O primeiro e o segundo alvos ficam a 3 m de distância da pista, sendo que o primeiro fica a 25 m da linha de partida e está virado de forma que o arqueiro consiga acertá-lo de frente, enquanto o segundo está a 40 m da linha de partida, e, para acertá-lo, o arqueiro tem de virar de costas. Já o terceiro está a 85 m da linha de partida e deve ser acertado de lado, mas está a 10 m da lateral da pista. O tempo-limite é de 11 segundos, com o arqueiro ganhando 1 ponto de bônus para cada segundo a menos, mas somente se acertou pelo menos dois alvos, e perdendo 1 ponto para cada segundo a mais (sem poder ficar com pontuação negativa), mas tendo sua pontuação reduzida a zero caso ultrapasse 15 segundos.

Finalmente, temos o tiro com arco montado nômade, que usa o mesmo arco e flechas do tiro com arco tradicional nômade. A pista tem 120 m de comprimento por 10 m de largura, e três alvos a 7 m de distância da lateral cada, sendo que o primeiro deve ser atingido de frente, o segundo de lado e o terceiro de costas. A distância entre os alvos deve ser de no mínimo 30 m, sendo que o primeiro deve estar a no mínimo 20 m da linha de partida, e o último a no máximo 20 m da linha de chegada. As flechas devem ser levadas obrigatoriamente na aljava, e a primeira só pode ser retirada de lá após o cavalo passar completamente pela linha de partida. O tempo de cada passagem é registrado, mas apenas para desempate, sem bônus ou penalidades por tempo. Cada arqueiro faz quatro passagens, e só pode disparar uma flecha contra cada alvo por passagem, sendo que, para cada flecha que não acertar, ele perde 1 ponto (até um mínimo de zero). Em relação aos alvos, existem dois tipos de prova: o chamado estilo nômade usa alvos parecidos com os do tiro com arco tradicional nômade, cavaletes de 45 cm de largura por 1 m de altura com um papel com a figura de um animal, normalmente um íbex (espécie de cabra nativa da Ásia Central), sobre a qual são pintados dois círculos concêntricos, o maior, vermelho, de 20 cm, o menor, amarelo, de 10 cm de diâmetro; acertar o círculo menor vale 7 pontos, o círculo maior vale 5 pontos, o corpo do animal vale 3 pontos, e acertar o papel fora do animal vale 1 ponto. Já no estilo turco, os alvos são losangos de 60 cm de lado, posicionados a 2 m de altura, de cor branca com a silhueta do animal em preto; acertar o animal vale 1 ponto, e acertar a parte branca vale zero. Além das provas masculinas e femininas, individuais e por equipes, o tiro com arco montado nômade tem uma prova por equipes mista, na qual cada equipe é formada por quatro homens e duas mulheres, e cada membro da equipe faz uma passagem. Assim como o tiro com arco tradicional nômade, o tiro com arco montado nômade é regulado pela KRSF, a Federação Quirguiz de Salbuurun - para quem não viu o post anterior o salbuurun é um esporte que simula uma caçada, contando com provas de falcoaria, montaria, corrida de cachorros e tiro com arco, muito popular no Quirguistão.

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