Brother Bear
2003
Em 1993, enquanto O Rei Leão ainda estava em produção, uma equipe de animadores dos estúdios Disney-MGM, na Flórida, teve a ideia de fazer um filme semelhante, mas com ursos no lugar de leões, o que lhes daria a chance de ambientar o filme na América. Assim como O Rei Leão era parcialmente inspirado em Hamlet e MacBeth, eles pensaram em inspirar sua história em uma obra de Shakespeare, Rei Lear. Uma versão preliminar do roteiro foi escrita e chamada, simplesmente, de Bears ("ursos").
Mas o projeto ficaria esquecido até 1997, quando os animadores Aaron Blaise e Chuck Williams, esse último promovido a executivo do setor de desenvolvimento do estúdio da Flórida, enquanto procuravam por novos enredos, decidiriam dar mais uma lida no roteiro. Blaise decidiria iniciar a produção, atuando ele mesmo como direitor, mas resolveria amenizar a história - então muito dramática e fatalista - para torná-la apropriada para toda a família. Para ajudá-lo, ele chamaria o co-diretor Bob Walker e o roteirista Tab Murphy (de Tarzan e O Corcunda de Notre Dame).
A ideia de Blaise era abandonar a adaptação de Rei Lear e fazer uma história baseada nas lendas dos povos indígenas norte-americanos. Ele e Williams pesquisariam várias lendas indígenas, e descobririam que muitas delas - não somenta da América do Norte, mas do mundo inteiro - envolviam pessoas se transformando em animais, como rito de passagem ou como única forma de compreender algo que um ser humano não seria capaz de aprender de outra maneira. Com essas lendas em mente, eles desenvolveriam uma história sobre um filho rebelde, que acabaria transformado em urso e precisaria fazer as pazes com o pai se quisesse voltar a ser humano.
Aos poucos, a história iria tomando forma. Primeiro, a equipe decidiria ambientá-la logo após a Era Glacial, uma época na qual os homens e muitos dos animais modernos já existiam, mas ainda conviviam com mamutes e tigres dente-de-sabre - longe de nossa era tecnológica, uma época na qual a magia era muito mais presente. Em seguida, a relação entre pai e filho seria alterada para uma relação entre irmãos. E a lição que o jovem transformado em urso tem de aprender é respeitar a natureza - mensagem escolhida não por acaso por se aplicar aos dias de hoje.
O filme começa quando três irmãos, Kenai (Joaquin Phoenix), Denahi (Jason Raize) e Sitka (D.B. Sweeney) estão retornando da pesca do salmão para receber seus totens espirituais - segundo as crenças de sua tribo, todas as criaturas vivas foram criadas pelos espíritos, e cada uma delas possui um espírito que as protege, refletindo sua personalidade. Kenai, que é um tanto irresponsável e frequentemente se esquece de seus afazeres por estar muito ansioso para caçar, pescar ou se divertir, se revolta quando vê que, enquanto seus irmãos receberam os totens da Águia da Orientação e do Lobo da Sabedoria, ele ficou com o Urso do Amor - pois todo mundo sabe que ursos são animais traiçoeiros, que roubam a comida da tribo. A teoria de Kenai se confirma quando o salmão que os irmãos pescaram é roubado por um urso - mas só porque Kenai o amarrou em uma árvore de qualquer jeito com pressa para ir à cerimônia, não protegendo-o corretamente.
Os três irmãos decidem perseguir o urso - principalmente porque Kenai deseja se vingar - mas acabam encurralados em uma geleira, onde Sitka morre. Ainda mais sedento de vingança, Kenai persegue e mata o urso, mas é reprovado pelo espírito de Sitka, que o considera o causador de toda aquela confusão. Com seus recém-adquiridos poderes, Sitka transforma Kenai em um urso. A curandeira da tribo, Tanana (Joan Copeland), o adverte de que, para retornar à sua forma original, ele primeiro precisa consertar o que quer que tenha feito de errado, e depois precisa subir ao topo da Montanha dos Espíritos, para que Sitka o transforme novamente em humano.
Partindo em sua jornada, Kenai descobre que pode falar com outros animais, e logo faz amizade com os enrolados alces Rutt (Rick Moranis) e Tuke (Dave Thomas) e com o tagarela ursinho Koda (Jeremy Suarez). Kenai faz um trato com Koda, que se perdeu de sua mãe: acompanhará o ursinho até a foz do rio, na qual estará sua tribo, liderada pelo imenso urso Tug (Michael Clarke Duncan), e, em troca, Koda lhe ensinará o caminho até a montanha dos espíritos. Em sua jornada, Kenai aprenderá que todas as criaturas vivas possuem seu valor, e que cada uma tem seu lugar na natureza - e também sentirá na pele o ódio dos humanos, pois seu irmão Denahi, acreditando ser Kenai o urso que matou seus dois irmãos, passa a caçá-lo sem descanso.
Irmão Urso é praticamente todo feito em animação tradicional, à exceção de algumas sequências como a dos salmões subindo o rio. O filme usa, no entanto, uma técnica narrativa interessante: no começo, quando Kenai ainda é humano, não só os desenhos são mais realistas e de cores mais sóbrias como o aspecto de tela do filme é de 1.75:1, o padrão para um filme produzido em widescreen. A partir do momento em que Kenai é transformado em urso, os desenhos se tornam mais caricatos e coloridos, e o aspecto do filme passa a ser de 2.35:1 (o chamado cinema wide). Irmão Urso não seria o primeiro filme a mudar de aspecto de tela durante a projeção, mas seria o primeiro longa de animação a fazê-lo - e o único, até o filme dos Simpsons fazer o mesmo em 2007.
Lançado em 1o de novembro de 2003, Irmão Urso dividiu os críticos. Alguns o compararam com O Rei Leão, outros com A Era do Gelo, da rival Fox, sempre desfavoravelmente, enquanto outros elogiaram a animação e a forma como a história é contada. Em termos de público, a Disney o considera um sucesso, tendo arrecadado pouco mais de 85 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos - curiosamente, entretanto, o custo do filme jamais foi divulgado, o que, segundo muitos, seria uma estratégia da Disney para que o filme não fosse considerado um fracasso.
Irmão Urso seria indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação, perdendo para Procurando Nemo. Em 2006, ganharia uma continuação lançada diretamente em video, Irmão Urso 2, no qual Kenai, Koda, Rutt e Tuke se envolvem em uma nova jornada, dessa vez acompanhados por Nita, amiga de infância de Kenai, que precisa ir acompanhada pelo amigo a um local sagrado se quiser se casar.
Vale citar como curiosidade que, apesar de Irmão Urso ter sido quase todo produzido - da concepção inicial até a edição - nos estúdios Disney-MGM na Flórida, este foi o último filme produzido pela Disney lá. Preferindo investir em estúdios capazes de produzir longas metragens de animação em computação gráfica no Estado da Califórnia, a Disney fecharia os estúdios da Flórida no início de 2004.
Home on the Range
2004
Em 1995, logo após a conclusão de Pocahontas, durante uma reunião na qual se discutiam possíveis enredos para os próximos Clássicos Disney, foi sugerido que um deles fosse um faroeste - afinal, tendo sido concluído um filme estrelando índios, nada mais natural que se produzir um estrelando caubóis. A ideia foi bem recebida, e a produtora Alice Dewey selecionada para o projeto.
Inicialmente, o faroeste da Disney seria uma história sobrenatural, chamada Sweatin' Bullets (algo como "balas que suam"). Nele, dois fantasmas de ladrões de gado planejam vingança por terem sido mortos pisoteados por um estouro da boiada, e vão matando os rebanhos das fazendas próximas um por um. Os únicos capazes de de detê-lo são um jovem bezerro e um coelho cujo pé foi roubado por um dos fantasmas anos atrás para dar sorte.
Se você achou que essa história não combina com um Clássico Disney, eu e os executivos da Disney também achamos. Eu não mando em nada, mas eles decidiram reformular toda a equipe criativa, mandando os roteiristas Will Finn e John Sanford reescreverem o roteiro. Assim como ocorreu com A Nova Onda do Imperador, a ideia era transformar o drama em comédia. Foi o que Finn e Sanford fizeram, na opinião de Dewey tão bem que acabaram convidados para dirigir o filme. Só faltava um título que combinasse, e esse veio de uma das mais famosas canções do oeste americano, considerada a canção estadual do Kansas e o hino não-oficial do oeste americano: Home on the Range, composta em 1873 por Brewster M. Higley (e que chegou a ser regravada pela Tori Amos).
Os astros de Nem que a Vaca Tussa, nome pelo qual o Clássico seria conhecido em português, são três vaquinhas. Duas delas, a austera Sra. Calloway (Judi Dench, a M do 007) e a louquinha Grace (Jennifer Tilly) moram em uma fazenda chamada Pedacinho do Céu, administrada pela idosa Pearl Gesner (Carole Cook). O trio se completa quando Maggie (Roseanne Barr) é levada por seu dono para ficar sob os cuidados de Pearl, após o rancho onde vivia ser roubado pelo infame Alameda Slim (Randy Quaid), que boatos dizem ser capaz de roubar mais de 500 cabeças de gado de uma única vez. Sem dinheiro para tocar o rancho após ter seu rebanho roubado, seu dono o vendeu para o advogado Y. O'Del e partiu para outras paragens, deixando Maggie no Pedacinho do Céu.
Infelizmente para Maggie, entretanto, o Pedacinho do Céu também está ameaçado. Há algum tempo, Pearl teve de pegar um empréstimo no banco, que agora está cobrando, ao ponto de o xerife (Richard Riehle) adverti-la de que, se não pagar em três dias, o rancho será leiloado. A princípio, Maggie tem a brilhante ideia de levar a Sra. Calloway e Grace para participar com ela de uma feira na cidade, usando o dinheiro do primeiro prêmio, que ela tem certeza de que irá ganhar, para pagar o banco. Ao descobrir que há uma recompensa pela captura de Alameda Slim, entretanto, ela muda de planos, e decide capturar o vilão e usar o dinheiro da recompensa para salvar o rancho - afinal, nas palavras de Grace, quem melhor para capturar um ladrão de vacas do que uma vaca?
Assim, o trio, sob protestos da Sra. Calloway, segue pelo deserto tentando encontrar o esconderijo de Alameda Slim e de seus comparsas, os Irmãos Willie (todos dublados por Sam J. Levine) e o búfalo Junior (Lance LeGault). Durante a jornada, elas contarão com a ajuda de Lucky Jack (Charles Raid), coelho cujo pé foi roubado pelos vilões para dar sorte, mas serão atrapalhadas por Buck (Cuba Gooding, Jr.), cavalo convencido que está "ajudando" o caçador de recompensas Rico (Charles Dennis), seu ídolo, a capturar Alameda Slim.
Nem que a Vaca Tussa seria originalmente lançado antes de Irmão Urso, mas a reformulação da história acabou atrasando a produção, o que levou a Disney a decidir trocar a ordem em dezembro de 2002. Depois dessa decisão, a Disney planejaria fazer dele seu último Clássico em animação tradicional; na época, desenhos em computação gráfica já eram mais baratos, mais rápidos de se produzir e arrecadavam mais nas bilheterias que os de animação tradicional, o que levaria a Disney a planejar uma extensa reformulação de seus estúdios, fechando alguns - como o já citado Disney-MGM da Flórida - e convertendo outros para que produzissem exclusivamente desenhos em computação gráfica.
Com orçamento de 110 milhões de dólares, o filme, que estreou em 2 de abril de 2004, renderia pouco mais de 50 milhões nos Estados Unidos, sendo considerado um gigantesco fracasso. A crítica também não o recebeu bem, dizendo que os gráficos eram toscos e o enredo bobo. Como de costume, o mau desempenho fez com que possíveis sequências planejadas para lançamento direto em video fossem canceladas. Apesar disso, um curta de 3 minutos, no qual os personagens parecem saídos de um livro para crianças bem pequenas, chamado A Dairy Tale (algo como "um conto dos laticínios", trocadilho com a daily tale, "um conto diário", nome usado por uma seção dedicada a crônicas presente em muitos jornais do velho oeste), no qual a Sra. Calloway tenta contar aos porquinhos da fazenda a história dos Três Porquinhos mas é frequentemente interrompida pelos outros animais, que planejam contá-la de sua própria forma, chegou a ser produzido e foi incluído como extra quando Nem que a Vaca Tussa foi lançado em DVD. Aliás, vale citar como curiosidade que Nem que a Vaca Tussa seria a última produção Disney a ser lançada em VHS: todas as seguintes somente o seriam em DVD, HD-DVD ou Blu-ray.
Graças a decisões posteriores, Nem que a Vaca Tussa não seria o último Clássico tradicional da Disney, mas seria o último a fazer uso do CAPS, encerrando uma era que havia começado em 1990 com Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus. A partir de então, novos processos digitais seriam aplicados até mesmo em desenhos de animação tradicional, barateando seus custos e acelerando sua produção - ainda assim, as bilheterias seriam determinantes para que a Disney praticamente abandonasse o formato em prol da computação gráfica.
Chicken Little
2005
No mundo do cinema, não basta que um estúdio produza um filme para que ele entre em cartaz. Depois que o filme estiver pronto, o estúdio precisará dos serviços de uma distribuidora, uma empresa cujo papel é justamente distribuir os filmes para os cinemas, negociando por quanto tempo eles ficarão em cartaz, em quantas salas, e quanto o estúdio receberá por isso. Os grandes estúdios, como Fox, Warner, Universal e Paramount, distribuem seus próprios filmes, mas os menores contratam ou os serviços desses grandes ou de empresas que atuam apenas como distribuidoras. Até 1950, por exemplo, quem distribuía os filmes produzidos pela Disney era a RKO; naquele ano, Walt Disney decidiria criar sua própria distribuidora, a Buena Vista, visando ter maior poder de negociação com os cinemas e, consequentemente, menos custos com a distribuição.
Quando a Pixar decidiu fazer seu primeiro filme de animação em longa metragem, Toy Story, portanto, ela precisava de uma distribuidora. A escolhida seria a Disney, com quem a Pixar já havia trabalhado no desenvolvimento de softwares para serem usados em seus filmes, e que já tinha experiência mais que comprovada no ramo da distribuição de longas de animação. A princípio, o contrato parecia bastante vantajoso para a Pixar: a Disney pagaria 26 milhões de dólares pela produção e direitos exclusivos de distribuição de três longas de animação para os cinemas, o primeiro deles sendo Toy Story.
Tudo funcionaria bem no início, mas as duas empresas começariam a se desentender na pós-produção de Toy Story 2. Originalmente, a Pixar produziria Toy Story 2 para ser lançado diretamente em video, ou seja, sem contar para o contrato de três filmes que firmara com a Disney. Porém, o enorme sucesso de Toy Story e do segundo filme da Pixar, Vida de Inseto, faria com que a Disney decidisse lançar Toy Story 2 também nos cinemas. Diante da mudança de planos, a Pixar disse que, então, Toy Story 2 seria o terceiro dos três filmes, e que o contrato deveria ser renegociado, mas a Disney deu uma de João sem Braço e disse que não, que, como Toy Story 2 estava inicialmente previsto para ser lançado diretamente em video, a Pixar ainda estava devendo a produção de um terceiro longa para o cinema.
Depois disso, a relação entre as duas empresas meio que azedou. A Pixar ainda produziria Monstros S.A. para fechar o primeiro contrato de três filmes e firmaria um novo para a distribuição de mais três, mas se mostraria extremamente insatisfeita com as condições impostas pela Disney - apesar de arcar com todos os custos de produção, enquanto a Disney arcava apenas com a propaganda e distribuição, os lucros de cada um desses três filmes (Procurando Nemo, Os Incríveis e Carros) seria dividido meio a meio; além disso, a Disney passaria a cobrar uma "taxa de distribuição" por cada filme, e continuaria valendo a cláusula do primeiro contrato que mais havia desagradado à Pixar: a Disney tinha os direitos sobre todos os personagens dos filmes da Pixar, como se ela os tivesse criado.
Tal insatisfação levaria a uma tentativa de rompimento de contrato por parte da Pixar em 2004, que, por sua vez, levaria a longas negociações entre o presidente da Pixar, Steve Jobs, e o da Disney, Michael Eisner. Após muita discussão, ficaria acertado que a Pixar honraria o contrato até Carros, previsto para ser lançado em 2005 (mas que acabaria sendo lançado somente em 2006); depois disso, diante da recusa da Disney em renegociar a divisão dos valores e em deixar os direitos dos personagens com a Pixar, a empresa procuraria uma nova distribuidora.
E o que isso tudo tem a ver com O Galinho Chicken Little? Bem, como vocês devem saber, Chicken Little seria o primeiro longa de animação Disney totalmente feito em computação gráfica - Dinossauro, apesar de não usar animação tradicional, possuía planos de fundo filmados, com apenas os personagens e efeitos produzidos em CG. A decisão da Disney em migrar para a computação gráfica teve muito a ver com o fato de que seus concorrentes, como os filmes da Dreamworks e os da Pixar, estavam se mostrando mais baratos, de mais fácil produção e de maior bilheteria que seus Clássicos em animação tradicional, mas também tinha um quê de manobra contra a Pixar: se Chicken Little fosse bem sucedido nas bilheterias, a Disney mostraria à Pixar que não precisava dela para fazer longas de animação em computação gráfica, o que a colocaria em boa posição para tentar convencer a turma de Steve Jobs a firmar um novo contrato com a turma do Mickey. O plano, porém, não deixava de ser arriscado: se Chicken Little fosse um grande fracasso, daria munição para a Pixar argumentar que a Disney precisava dela, e dificilmente a Disney sairia ganhando em uma nova negociação - que talvez nem ocorresse, caso a Pixar encontrasse um novo parceiro.
Evidentemente, a Disney não decidiu fazer Chicken Little depois da briga com a Pixar - a produção de um desenho em CG é rápida mas nem tanto. Os planos para um novo longa de animação em computação gráfica surgiriam logo após o lançamento de Dinossauro, em 2000. A escolha de Chicken Little se deu por ser uma história simples - que já havia até sido adaptada pela Disney para um curta de animação, lançado em 1943 - e que dava margem para situações inusitadas e personagens curiosos, como já estava se tornando praxe em animações em CG. A história preliminar seria escrita por Mark Kennedy e pelo veterano da Disney Mike Dindal - responsável por "salvar" A Nova Onda do Imperador - que também atuaria como diretor do filme. O roteiro ficaria a cargo da mesma dupla de Irmão Urso, Steve Bencich e Ron J. Friedman, em parceria com Ron Anderson.
Na história original, um conto folclórico com lição de moral contra a paranoia e histeria, Chicken Little, também conhecido como Henny Penny, é um pinto que, após ser atingido na cabeça por uma avelã, começa a espalhar que o céu está caindo. Aos poucos, vários outros animais granjeiros passam a segui-lo, confirmando que o céu está mesmo caindo, e que o fim do mundo está próximo. Em dado momento, eles são todos "salvos" por uma raposa, que lhes dá abrigo em sua toca, protegida da queda do céu - com a intenção, evidentemente, de devorá-los.
No longa, Chicken Little (Zach Braff) vive na cidade de Oakey Oaks, e um dia causa um grande rebuliço ao colocar a população em pânico espalhando que o céu está caindo. Quando se chega à conclusão de que a causa de sua alegação foi uma simples avelã que caiu em sua cabeça, ele se torna motivo de chacota, e passa a ser considerado o louco da cidade. O fato de seu pai (Garry Marshall) ser um viúvo sem nenhum jeito para cuidar de crianças não ajuda muito em sua problemática infância.
Um ano se passa desde o incidente, e Chicken Little se torna uma espécie de pária, tendo como únicos amigos Hebe Marreca (Abby Mallard no original, voz de Joan Cusack), uma patinha feiosa apaixonada por ele; Raspa do Tacho (Runt of the Litter no original, voz de Steve Zahn), porquinho do qual todos caçoam por seu tamanho; e Peixe Fora D'Água (Fish Out of Water no original, voz de Dan Molina), peixinho dourado que usa uma espécie de roupa de mergulho para poder viver no seco. Sua vida está prestes a mudar quando Chicken Little se torna o responsável pelo time de sua cidade ganhar um jogo de beisebol, mas, no caminho para casa, ele é atingido por outro "pedaço do céu" - que ele descobre ser uma peça de uma nave alienígena dotada de uma camuflagem que a torna quase invisível. Evidentemente, ninguém acredita na história da invasão alienígena até ser tarde demais - quando Chicken Little e seus estranhos amigos se tornam a última esperança de Oakey Oaks, sob ataque de forças extraterrestres que querem vaporizá-la.
A própria invasão alienígena, aliás, é fruto de um engano, já que seus comandantes, Melvin (Fred Willard) e Tina (Catherine O'Hara) só desejam resgatar seu filho, Kirby (dublado em diferentes momentos por Sean Elmore, Matthew Michael Joston e Evan Dunn), que eles pensam ter sido capturado pelos terráqueos, quando, na verdade, ele apenas se perdeu em nosso planeta durante a confusão armada por Chicken Little para alertar a todos de que os alienígenas estão chegando.
Além de contar com um novo estúdio totalmente adaptado para a produção de longas de animação em computação gráfica, Chicken Little fez uso de dois novos softwares desenvolvidos especialmente para sua produção: o Chicken Wire produzia um modelo dos personagens e elementos de cena como se fosse feito de uma estrutura de arame, o qual os animadores podiam esticar e amassar como quisessem, enquanto o Shelf Control exibia um personagem ou elemento pronto na tela, o qual os animadores podiam acessar qualquer área e retocá-la ou modificá-la, ao invés de fazê-lo seção por seção. Além disso, cada animador recebeu uma espécie de mesa eletrônica na qual podia desenhar os personagens com uma caneta especial, transferindo-os depois para o programa de animação.
Estreando em 3 de outubro de 2005 em 2D e 3D (e se tornando o primeiro Clássico Disney a estrear originalmente nesse formato), Chicken Little foi massacrado pela crítica, que disse ser seu enredo um emaranhado de clichés sem alma e sem substância, o que fazia o filme se valer puramente de seus gráficos. O público, porém, parece não ter se importado com isso, levando o filme a um faturamento de pouco mais de 135 milhões de dólares nos Estados Unidos - menos que seu orçamento, de 150 milhões, mas ainda assim suficiente para que a Disney o considerasse um sucesso. É importante notar que, embora o filme não tenha rendido tão bem quanto os da Pixar, seu rendimento nas bilheterias foi bem maior que os dos últimos Clássicos Disney - foi o primeiro Clássico a ter a maior arrecadação de seu dia de estreia desde Tarzan, e empatou com O Rei Leão como maior arrecadação no primeiro fim de semana entre todos os Clássicos Disney.
Mas jamais saberemos se a Disney foi bem sucedida em seu plano de usar Chicken Little para pressionar a Pixar. Pouco tempo após a estreia do filme, as duas empresas entraram em negociações e a Disney acabou comprando a Pixar, encerrando de vez qualquer disputa em torno de valores.
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•Irmão Urso |
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