sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Escrito por em 28.8.09 com 0 comentários

Rocky

Se pararmos para reparar, a cultura pop está cheia de rivalidades. Marvel x DC. Nintendo x Sega. Star Wars x Star Trek. Schwarzenegger x Stallone. E mais algumas outras menos cotadas. O fato é que, para cada fã ardoroso de um dos lados, existe outro tão ou mais ardoroso do outro, ambos prontos para provar que seu lado é melhor por uma ampla gama de motivos.

Eu, de certa forma, nunca dei muita bola para isso. Tenho meu lado preferido, como talvez todo mundo, mas sempre consigo achar algo de bom do outro lado. Sempre gostei muito mais dos videogames da Nintendo, mas três dos meus jogos preferidos - Streets of Rage, Daytona USA e The Ocean Hunter - foram feitos pela Sega. Sempre achei os heróis da Marvel muito mais interessantes que os da DC, mas a melhor história em quadrinhos de todos os tempos, Watchmen, foi publicada pela editora do Batman - do qual eu também gosto muito, aliás. Não vejo problema nenhum em declarar que gosto tanto de Star Wars quanto de Star Trek. E, apesar de ser fã de carteirinha do Schwarzenegger, não tenho como negar que o melhor filme sobre esportes de todos os tempos foi estrelado por Sylvester Stallone. Este filme se chama Rocky, e é o tema do post de hoje.

Mesmo um fanático por esportes como eu tem de admitir uma triste verdade: filmes de ficção sobre esportes costumam ser muito chatos. Ou eles usam o esporte apenas como pano de fundo, na maioria das vezes para um romance, ou eles ficam com aquela lengalenga de superar seus limites, vencer as adversidades, e tudo o mais. Bem, Rocky também é sobre superar os limites e vencer as adversidades, mas com uma diferença muito importante: não é nada chato. E mais ainda, é um filme muito bom. E, se alguém duvida do que eu estou dizendo, aqui vão seis palavrinhas: Oscar de Melhor Filme de 1976. Pois é, aposto que muitos aí nem sabiam disso.

Assim como aposto que muitos de vocês também nem sabiam que, além de estrelar o filme, Stallone também escreveu o roteiro. A inspiração surgiu quando ele assistia à mítica luta entre Muhammad Ali e Chuck Wepner, realizada em 1975, válida pelo cinturão dos peso-pesados. Wepner, praticamente um desconhecido, perdeu por nocaute técnico, e apenas no décimo-quinto assalto, chegando a derrubar Ali no nono. Apesar da derrota, a performance de Wepner foi considerada uma enorme proeza, e vista como uma prova de que, com força de vontade, um boxeador mediano pode encarar de igual para igual até mesmo o maior dos oponentes. Stallone, então no início da carreira, assistiu a toda a luta em sua casa, e imediatamente pensou no enredo do filme, escrevendo todo o roteiro sozinho nos dias seguintes.

Stallone então ofereceu o roteiro para a United Artists, para a qual já havia feito alguns filmes. O estúdio adorou, e tentou comprá-lo para utilizar o filme como veículo para um ator já estabelecido, como Robert Redford, Burt Reynolds ou James Caan. Stallone, porém, bateu o pé, e disse que só aceitaria ceder o roteiro se ele fosse o protagonista do filme. Após muita negociação, a UA aceitou, com a condição de que o filme custasse pouco, em torno de um milhão de dólares. Ainda assim, os produtores, Irwin Winkler e Robert Chartoff, ficaram receosos em deixar Stallone protagonizar o filme, e acabaram convencendo-o a mudar o final, fazendo com que Rocky levasse a luta até o fim - originalmente, ele iria jogar a toalha no décimo-quinto assalto.

Rocky vs ApolloA escolha do restante do elenco foi um tanto problemática: para o interesse amoroso de Rocky, Adrian Pennino, os produtores haviam selecionado Carrie Snodgrass (de Easy Rider), mas não conseguiram chegar a um acordo financeiro com ela. Susan Sarandon foi cogitada, mas acabou descartada por ser considerada "muito bonita". O papel acabaria ficando com Talia Shire, a Connie de O Poderoso Chefão, irmã de Francis Ford Coppola, que causou uma boa impressão aos produtores após um teste. O oponente de Rocky, Apollo Creed, ficaria com o boxeador Ken Norton, que, curiosamente, já havia enfrentado Muhammad Ali três vezes, mas este desistiu, e o papel acabou ficando com o ex-jogador de futebol americano Carl Weathers. Com isso, talvez o nome mais famoso do elenco fosse o de Burgess Meredith, que interpreta o treinador de Rocky, o ex-boxeador Mickey Goldmill, mas era mais famoso na época por ter interpretado o Pinguim na série de TV do Batman.

O orçamento limitadíssimo do filme também criaria algumas situações curiosas: o pai e o irmão de Stallone participaram do filme, no papel do homem que toca o sino do início e do final das lutas e de um cantor de rua, respectivamente, sem cobrar nada, assim como seus amigos repórteres Stu Nahan e Diana Lewis, interpretando eles mesmos. A ex-esposa de Stallone, Sasha, fez a fotografia do filme, e o ex-jogador de futebol americano e ex-boxeador Tony Burton interpretou o treinador de Apollo, ambos recebendo uma mixaria. Mas as histórias mais curiosas envolvem um pôster no qual Rocky aparece de calção vermelho, enquanto ele luta com um calção branco, e o roupão que ele deve vestir antes da luta, que ficou grande demais. Como a produção não tinha dinheiro para mandar refazer esses objetos, Stallone escreveu duas cenas adicionais para o filme, nas quais Rocky reclama que seu calção está da cor errada e pergunta a Adrian se o roupão está muito grande, para parecer que eles foram feitos assim de propósito.

No final, Rocky acabou custando 1,1 milhão de dólares. E rendeu 117,2 milhões. Só nos Estados Unidos. Dirigido por John G. Avildsen (que mais tarde faria Karate Kid) e lançado em 1976, aqui no Brasil como Rocky, um Lutador, o filme conta a história de Robert "Rocky" Balboa, um rapaz pobre da Filadélfia, que trabalha cobrando dívidas para um agiota, e sonha em ser campeão de boxe. Embora tenha feito algumas lutas, e ganhado até mesmo um apelido, "o garanhão italiano", Rocky jamais teve uma boa chance no boxe, até que, um dia, o destino decide lhe sorrir: a luta válida pelo título mundial dos peso-pesados de 1976 ocorrerá justamente na Filadélfia, e o adversário do campeão invicto, Apollo Creed (que na versão dublada do Brasil virou Apolo Doutrinador), não poderá lutar porque quebrou a mão. Sem querer desmarcar a luta, Apollo decide enfrentar um lutador local, e escolhe Rocky justamente por achar seu apelido curioso. Rocky então passa a treinar pesado para a maior chance de sua vida, não com o intuito de vencer a luta, o que ele mesmo acha impossível, mas de levá-la até o décimo-quinto assalto, algo que ninguém jamais conseguiu fazer contra Apollo.

Além de cair nas graças do público, o filme agradou também à crítica - é claro que houve quem dissesse que o filme era mentiroso e que Stallone era um péssimo ator, mas a maioria gostou e falou bem. Além de ganhar o Oscar de Melhor Filme, Rocky também levou o de Melhor Diretor e Melhor Edição, e foi indicado para outros sete, incluindo Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original (perdendo todos os três para Rede de Intrigas) e dois de Melhor Ator Coadjuvante. A sequência de treinamento de Rocky, que inclui subir correndo as escadas do Museu de Arte da Filadélfia, se tornou uma das cenas mais antológicas do cinema, sendo citada e parodiada em centenas de outras obras. Rocky também foi o filme mais rentável de 1976, foi eleito pela Academia como o segundo melhor filme de esportes de todos os tempos (perdendo apenas para Touro Indomável), elevou Stallone ao primeiro time de astros de Hollywood, e gerou nada menos que cinco sequências nos anos vindouros.

A primeira dessas sequências seria Rocky II (que, no Brasil, ganhou o subtítulo A Revanche), lançado em 1979 e também escrito por Stallone. Continuação direta do anterior, Rocky II é ambientado dez meses após a luta do final do primeiro filme, e conta com todo o mesmo elenco principal, incluindo Stallone, Shire, Weathers, Meredith, Burton e Burt Young, reprisando o papel de Paulie, irmão de Adrian. Stallone também dirigiu o filme, que, graças ao sucesso do antecessor, teve um orçamento um "pouquinho" maior, de 19 milhões de dólares. Embora não tenha sido um sucesso tão estrondoso, Rocky II rendeu 85 milhões de dólares só nos Estados Unidos, e foi bastante elogiado pela crítica, chegando a ser considerado por alguns tão bom quanto o primeiro.

Depois da cansativa luta contra Apollo, Rocky decide abandonar o boxe, e pede Adrian em casamento. Mas, depois de algum tempo vivendo bem com o dinheiro que conseguiu com a luta, Rocky se vê forçado a arrumar um emprego, o que se prova bastante difícil devido à sua baixa escolaridade. Enquanto isso, Apollo, furioso com o resultado da última luta, decide exigir uma revanche, algo com o qual seu treinador e Adrian, grávida, não concordam. Rocky, então, se vê dividido entre sua família e o boxe, sabendo que uma nova luta contra um oponente tão difícil pode não acabar tão bem quanto a primeira.

Rocky vs ClubberAnimado com a boa receptividade ao segundo filme, Stallone decidiu escrever e dirigir também um terceiro. Assim, em 1982, estrearia Rocky III (que no Brasil também ganhou um subtítulo, O Desafio Supremo), que contava mais uma vez com os seis atores principais dos dois primeiros filmes nos mesmos papéis. Passados cinco anos da luta final de Rocky II, Rocky já é uma verdadeira celebridade do boxe, com direito a uma máquina de pinball com seu nome e imagem, e uma estátua de bronze no alto da escada do Museu de Arte da Filadélfia. Apesar de toda a fama, porém, ele está fora de forma, e só tem enfrentado lutadores de pouca categoria, incluindo o astro da luta livre Thunderlips (Hulk Hogan) em uma luta beneficente. Prestes a anunciar sua aposentadoria, Rocky é desafiado pelo jovem boxeador James "Clubber" Lang (Mr. T, o futuro B.A. do Esquadrão Classe A), que não somente o acusa de ganhar fraudulentamente como ainda dá em cima de Adrian. Furioso, Rocky aceita o desafio, mas Mickey acha que ele cometeu um erro, pois Clubber é mais jovem, mais forte e está em melhor forma do que ele. Com a ajuda de seu ex-rival Apollo, Rocky então terá de se preparar para uma das lutas mais difíceis de sua vida, que ocorrerá no famoso Madison Square Garden de Nova Iorque.

Assim como o primeiro filme, Rocky III se tornou cult nos anos seguintes, sendo considerado até melhor que Rocky II. Dentre os motivos citados para tal fato, costumam estar a presença de Mr. T e Hulk Hogan, que logo se tornariam ícones da cultura pop dos anos 1980. A canção-tema de Rocky III, Eye of the Tiger, escrita e interpretada pelo grupo Survivor a pedido de Stallone, também se tornou um grande sucesso, sendo indicada ao Oscar de Melhor Canção, e acabando associada à série como um todo. Rocky III também fez bonito nas bilheterias, custando 25 milhões de dólares e rendendo 125 milhões só nos Estados Unidos, e com a crítica, que mais uma vez o recebeu positivamente.

Aparentemente, Stallone pegou gosto pela coisa e não quis encerrar a série como uma trilogia, escrevendo, dirigindo e estrelando um quarto filme, Rocky IV (que felizmente não ganhou subtítulo nenhum aqui), que estrearia em 1985, com Stallone, Shire, Weathers, Burton e Young mais uma vez no elenco, além de Dolph Lundgreen e Brigitte Nielsen, na época esposa de Stallone. Como curiosidades sobre esse filme, podemos citar que Lundgreen, que interpretava o boxeador soviético Ivan Drago, quase matou seus dois atores principais, acertando um soco no peito de Stallone que comprimiu seu coração, fazendo com que ele passasse oito dias em tratamento, e nocauteando com um soco no rosto Weathers, que, após recobrar a consciência, precisou de quatro dias de conversas com Stallone para ser convencido a retomar as filmagens e não processar o ator sueco. Uma curiosidade mais amena é a de que o grande sucesso de Peter Cetera, Glory of Love, foi originalmente gravado para este filme, mas, rejeitado pela United Artists, acabou entrando na trilha sonora de Karate Kid II.

O novo desafio de Rocky começa quando Drago, um boxeador soviético enorme, chega com sua equipe aos Estados Unidos para desafiar os melhores boxeadores norte-americanos e provar que os métodos de treinamento dos comunistas, que usam a mais moderna tecnologia, são capazes de criar lutadores mais fortes e mais vencedores que quaisquer outros. Após Drago derrotar Apollo em uma trágica luta em Las Vegas, Rocky decide viajar para a União Soviética e provar que pode derrotar Drago em sua própria casa. Com custo de 31 milhões de dólares, Rocky IV rendeu quase 128 milhões, se tornando o filme da série de maior bilheteria, e o filme de esportes de maior bilheteria de todos os tempos. As críticas, porém, não foram tão positivas, com muitos achando que a série já dera o que tinha de dar.

Rocky vs DragoMas não Stallone, tanto que ele escreveu um quinto filme, Rocky V. Dessa vez, porém, ele não quis dirigir, deixando a tarefa mais uma vez a cargo de Avildsen. Stallone, Shire, Burton, Young e Meredith mais uma vez repetiram seus papéis; Mickey, o personagem de Meredith, inicialmente seria um fantasma, mas os produtores resolveram fazer com que ele aparecesse em flashbacks de eventos que teriam contecido nos quatro outros filmes. O roteiro, aliás, foi bastante alterado durante as filmagens e a edição - o original previa até a morte de Rocky - o que fez com que Stallone ficasse bastante insatisfeito com o resultado final, renegando o filme, e chegando a atribuir-lhe nota zero quando perguntado durante uma entrevista.

E não foi só Stallone quem não gostou do filme: lançado em 1990, ao custo de 50 milhões de dólares, Rocky V rendeu apenas 20 milhões, se tornando o primeiro fracasso da série. A crítica também não o perdoou, avaliando-o negativamente. Até mesmo os fãs da série ficaram insatisfeitos, reclamando que o filme não tinha o mesmo clima dos outros quatro, e ainda levava Rocky de volta ao ponto de partida depois de tudo o que ele sofrera. O comentarista da ESPN Bill Simmons, grande fã da série, chegou a declarar que não considerava Rocky V parte da série, e que, em sua opinião, os eventos do filme jamais aconteceram.

Ambientado imediatamente depois de Rocky IV, Rocky V mostra um Rocky falido e com graves problemas de saúde, que não pode mais lutar. Frustrado, ele decide treinar o jovem e impetuoso boxeador Tommy Gunn (Tommy Morrison), pois, enquanto está envolvido no treinamento, se esquece das agruras de sua vida. Infelizmente, ele se esquece também de sua família, o que enfurece seu filho, Robert (Sage Stallone, filho de Stallone na vida real), que se torna distante e começa a se envolver com más companhias. Pior ainda, o ambicioso treinador George Washington Duke (Richard Gant) consegue convencer Tommy de que Rocky o está treinando com segundas intenções, o que o leva a desafiar Rocky para uma luta de rua. Rocky então precisa arriscar sua vida para recuperar sua família e sua honra.

Depois do grande fracasso de Rocky V (e dos subsequentes problemas financeiros da United Artists), os produtores decidiram encerrar a série. Stallone, porém, jamais se conformou, considerando que foi negligente consigo mesmo e com os fãs durante a produção do último filme, e que Rocky V não era um final digno para a série. Somente quinze anos após o lançamento de Rocky V, porém, é que ele teria a chance de encerrar a série com dignidade.

Como parte das comemorações dos trinta anos do primeiro filme, Stallone decidiu oferecer à Columbia Pictures, que agora controlava a MGM, que havia comprado a United Artists, o roteiro de um encerramento para a série. A Columbia aprovou, e deu luz verde para o projeto. Ao invés de chamá-lo de Rocky VI, Stallone optou pelo nome de Rocky Balboa. Alguns entenderam isso como um sinal de que ele estava desconsiderando o quinto filme, mas Stallone nunca confirmou esse fato - apesar de continuar afirmando que Rocky V foi um erro e não era um final digno para a série. Até mesmo quando questinado sobre como Rocky conseguiria subir em um ringue novamente após ser proibido pelos médicos, ele se saiu com uma resposta criativa, alegando que os avanços da medicina permitiram um diagnóstico diferente.

Rocky vs DixonAmbientado exatamente trinta anos após o primeiro filme, Rocky Balboa mostra um Rocky aposentado do boxe, viúvo (Talia Shire não pôde fazer o filme devido a uma disputa contratual com a MGM; Stallone então achou que o filme poderia ganhar caso Rocky sofresse com a morte de Adrian, e fez com que ela tivesse morrido de câncer alguns anos antes do início do filme) e dono de um restaurante de comida italiana na Filadélfia. Além de sofrer com a morte da esposa, Rocky ainda vê sua relação com seu filho Robert (Milio Ventimiglia) se deteriorar, principalmente depois que este decidiu se mudar da cidade e se tornar um executivo. Praticamente o único laço de Rocky com seu passado glorioso é sua amizade com seu cunhado Paulie (ainda interpretado por Burt Young - ele, Stallone e Tony Burton são os únicos três atores presentes nos seis filmes).

Mas o passado de Rocky vem ao seu encontro quando a ESPN utiliza um programa de computador para criar uma luta entre ele, no auge de sua forma, e o atual campeão dos peso-pesados, Mason Dixon (Antonio Tarver). Apesar de ser o detentor do título, Dixon sofre com desconfiança e queda de popularidade, motivadas por acusações de que seu empresário só aceitaria marcar lutas com adversários mais fracos, acusação bastante semelhante à da que Rocky era alvo em Rocky II. Vendo na repercussão da luta virtual uma chance de aumentar sua popularidade, Dixon decide convidar Rocky para uma luta de exibição em Las Vegas. Com saudades de seus áureos tempos, Rocky, apesar da idade, e de saber ter poucas chances de vencer, aceita. Enquanto volta a treinar, Rocky tem de se reconciliar com seu filho, que é contra a ideia.

Lançado em dezembro de 2006, Rocky Balboa foi um grande e inesperado sucesso, sendo aclamado pela maior parte da crítica, e rendendo 70 milhões de dólares nos Estados Unidos, bem mais que os 24 milhões que custou, e uma marca impressionante para um filme lançado no inverno norte-americano. Seu sucesso tem sido citado por muitos como uma das causas da "ressurreição" de antigas franquias, com títulos como Duro de Matar 4.0 e Rambo IV. O filme foi tão bem recebido que Stallone acabou sendo perguntado várias vezes se faria mais uma continuação, mas, satisfeito com o resultado obtido, sempre respondeu que não via como conseguir um final melhor para a saga do boxeador.

Rocky, portanto, encontra-se aposentado. Tendo feito as pazes com seu filho e seu passado, poderá aproveitar suas glórias no comando de seu restaurante. Ao mundo, ele deixa duas lições. A primeira, que, com força de vontade, até mesmo o maior dos obstáculos pode ser superado. A segunda, que não é necessário vencer para se tornar um campeão.
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sábado, 22 de agosto de 2009

Escrito por em 22.8.09 com 0 comentários

Aniversário da Tori Amos (VII)

Os mais atentos devem ter notado que, já há algumas semanas, os posts do átomo têm "andado para trás", sendo postados a cada semana um dia mais cedo. Hoje, o motivo deste movimento será revelado. Evidentemente, ele serve a um propósito, não foi feito aleatoriamente, nem para zoar com a cara de quem só aparece por aqui às quartas-feiras. E não, o propósito não foi criar uma semana com dois posts, fazendo com que o mês de agosto tivesse cinco ao invés dos quatro inicialmente planejados. Isso foi uma espécie de efeito colateral inesperado.

Na verdade, o estratagema de postar a cada semana um dia antes não foi elaborado para servir a um, mas a dois propósitos. O primeiro, mover o dia regular das postagens de quarta para quinta-feira. Isso será feito porque o dia das postagens no átomo tem de obedecer ao meu "cronograma de coisas sérias" - basicamente, dias em que eu trabalho à tarde não servem para postar no átomo, porque eu não vou poder acessar meu computador. É por essa razão que, a cada seis meses, quando mudam meus horários, há uma grande chance de o dia dos posts aparecerem por aqui mudar também. Assim, na semana que vem e na seguinte, os posts ainda andarão para trás, mas depois ficarão estacionados às quintas-feiras, até o início do próximo semestre, ou até alguma mudança imprevista fazer com que eles andem de novo.

O segundo propósito - e é claro que tem de haver um, senão seria muito mais fácil fazer com que os posts andassem uma vez para a frente, ao invés de cinco para trás - foi fazer com que o post de hoje caísse hoje. E, se eu não poupei esforços para que ele caísse hoje, foi porque hoje é aniversário da Tori Amos, e, como quem frequenta isso aqui deveria saber, dia de aniversário da Tori Amos é dia de letra de música dela aqui no átomo!

Portanto, para comemorar as 46 velinhas que ela sopra no bolo, vamos a uma faixa de seu mais novo álbum, Abnormally Attracted to Sin, lançado em maio último. Feliz aniversário, Tori!



Welcome to England
Letra e música: Tori Amos


"Do a dance for me"
Baby it is late still you pour me
A tall one
Go on
Let the liquid take off what you're on
"You've been down before"
Boy, not like this
I'm in Quicksand
I am sinking fast

"Perfect", he laughed
"Cause your other half has
Got himself a Devil's access"

"Welcome to England"
He said
"Welcome to my world

You better bring your own sun
Sweet girl
You gotta bring your own sun
Now don't you forget
You bring your own sun
Just enough for everyone"

Heels on
Go on
Bang a Tango but do not get tangled
Who can stay strong?
When they only give us lies to lean on
When your heart explodes
Is it deathly cold?
You must let the colors violate the

Blackness
There is a magic world parallel
So leave your daily hell

"Welcome to England"
He said
"Welcome to my world"

It's not a question if I can
Fight by your side and withstand
Anything but
I forgot that you said "Girl if you come

You better bring your own sun
Sweet girl
You gotta bring your own sun
Don't you forget
You bring your own sun
Just enough for everyone
For everyone

Welcome to England
Welcome to England..."
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domingo, 16 de agosto de 2009

Escrito por em 16.8.09 com 0 comentários

Rangers Strike (II)

Há cerca de uns dois anos, eu fiz um post aqui sobre Rangers Strike, um interessante card game que infelizmente (embora compreensivelmente) foi lançado só no Japão, e que colocava os integrantes dos grupos de Sentai (tipo Changeman e Flashman) para brigar uns com os outros. Lançado por ocasião do trigésimo aniversário dos Sentai, Rangers Strike acabou se tornando um grande sucesso, e, nesses dois anos que se seguiram à publicação do meu post, ganhou algumas novidades bastante interessantes. Tão interessantes que me animaram a escrever um segundo post, que é este que vocês estão lendo agora.

Kamen Rider V3Apenas recapitulando, em Rangers Strike as cartas são divididas em dois tipos, as Operações, que representam ataques e poderes especiais, e as Tropas, que representam quem vai cair na porrada. As Tropas, por sua vez, são divididas de acordo com seu tamanho, em Pequenas (integrantes dos Sentai, seus aliados e seus inimigos), Médias (as naves dos vilões e os veículos ou animais mecânicos que compõem os robôs gigantes dos Sentai), Grandes (robôs ou monstros gigantes) e Enormes (robôs formados pela união de dois ou mais robôs, veículos que carregam as partes dos robôs, fortalezas dos vilões).

Além de serem divididas nesses dois tipos, as cartas são ainda separadas por Categoria. As Categorias determinam que tipos de cartas você pode jogar, e representam a fonte do poder dos Sentai. As cinco Categorias são: Tecnologia Terrestre, para Sentai cujos poderes vêm da tecnologia de nosso próprio planeta, ainda que avançada para a época (Go Ranger, JAKQ, Battle Fever J, Sun Vulcan, Goggle Five, Dynaman, Changeman, Liveman, Turbo Ranger, Fiveman, Jetman, Mega Ranger, Go Go V, Boukenger); Alta Tecnologia, para Sentai cujos poderes vêm de tecnologia alienígena ou do futuro (Denjiman, Bioman, Flashman, Car Ranger, Time Ranger, Deka Ranger, Go-Onger); Artes Místicas, para Sentai que tiram seus poderes da magia, energia interior ou artes ancestrais (Maskman, Dai Ranger, Kaku Ranger, Oh Ranger, Hurricanger, Magi Ranger, Shinkenger); Feras Selvagens, para Sentai que recebem seus poderes das Feras Místicas (Zyu Ranger, Gingaman, Gao Ranger, Aba Ranger, Geki Ranger); e a Aliança Negra, um grupo grande e genérico para todos os vilões de todos os seriados de Sentai.

Quando eu publiquei o post anterior, já haviam sido lançadas cinco expansões de Rangers Strike que traziam cartas representando os Sentai: Eiyuu no Saitan ("O Renascimento dos Heróis"), de 70 cartas, que trazia uma Operação para cada Sentai lançado até a época, e estreava os Sentai Sun Vulcan, Zyu Ranger, Deka Ranger, Car Ranger, Aba Ranger, Magi Ranger e Boukenger; Futari no Kuro Kishi ("Dois Cavaleiros Negros"), a primeira a trazer Operações e Tropas da Aliança Negra, Go Go V e Hurricanger, com um total de 52 cartas; Sangai no Shishi ("Três Leões Reais"), com 57 cartas e a estreia de Go Ranger, Bioman, Liveman, Oh Ranger e Gao Ranger; Shiyuu no Kakusei ("Despertar dos Quatro Líderes"), com 65 cartas e estreia de Dynaman, Dai Ranger e Time Ranger; e Goryuu no Gekirin ("Escamas dos Cinco Dragões Ferozes"), a maior até então, com 106 cartas e a estreia de Flashman, Fiveman, Jetman e Geki Ranger, além de novas versões para algumas cartas que já haviam saído em outras expansões, e, pela primeira vez, cartas para o "sexto integrante" de alguns Sentai. Além de Operações e Tropas dos Sentai que estreavam nelas (e da Aliança Negra), cada expansão trazia também novas cartas para alguns dos Sentai que haviam estreado nas expansões anteriores.

A última expansão lançada quando eu publiquei o post anterior, chamada The Masked Rider Expansion Vol. 1 (assim em inglês mesmo) não trazia personagens se Sentai, mas do Kamen Rider. E é dela que começaremos hoje.

A única diferença que a expansão do Kamen Rider traz em relação às anteriores é justamente o fato que seus personagens são das séries de Kamen Rider, e não dos Sentai. O restante é tudo igualzinho: as regras, o verso das cartas (algo muito importante em um card game), a divisão das cartas em Operações e Tropas, a divisão das Tropas por tamanho, e até mesmo o agrupamento das cartas por categoria. Assim como fez com os Sentai, a CardDas, produtora do jogo, dividiu os Kamen Riders de acordo com sua fonte de poder, usando as mesmas Categorias. Portanto, Kamen Riders que tenham na tecnologia da Terra sua fonte de poder (quase todos, aliás) pertencem à Tecnologia Terrestre (o Kamen Rider original, Kamen Rider 2, Kamen Rider V3, Kamen Rider X, Kamen Rider Stronger, Sky Rider, Kamen Rider Super-1, Kamen Rider ZX, Shin Kamen Rider, Kamen Rider ZO, Kamen Rider 555); Kamen Riders que tenham ganhado seus poderes através de tecnologia alienígena ou futurista estão na Alta Tecnologia (Kamen Rider Kabuto, Kamen Rider Den-O, Kamen Rider Decade); os que tiram seus poderes da magia, energia interior ou artes ancestrais ficaram na Artes Místicas (Kamen Rider Black, Kamen Rider Black RX, Kamen Rider J, Kamen Rider Kuuga, Kamen Rider Agito, Kamen Rider Hibiki, Kamen Rider Kiva); e os que recebem seus poderes da natureza foram agrupados na Feras Selvagens (Kamen Rider Amazon, Kamen Rider Ryuki, Kamen Rider Blade). Como de costume, todos os vilões de todas as séries de Kamen Rider foram agrupados na Aliança Negra, não importando a fonte de seus poderes.

The Masked Rider Expansion Vol. 1 trazia 79 cartas, sendo uma Operação para cada Kamen Rider que existia até o momento, e as demais cartas divididas entre as séries Kamen Rider, Kamen Rider Stronger, Sky Rider, Kamen Rider Black, Kamen Rider Kuuga, Kamen Rider Agito, Kamen Rider Ryuki, Kamen Rider 555, Kamen Rider Hibiki, Kamen Rider Kabuto e Kamen Rider Den-O. Como prova da enorme popularidade do Kamen Rider, a expansão foi um gigantesco sucesso, vendendo mais dos que as dos Sentai, e trazendo novos jogadores para Rangers Strike. Por causa disso, a CardDas começou a lançar expansões para Sentai e Kamen Riders de forma intercalada, ou seja, uma expansão de Kamen Rider, uma de Sentai, uma de Kamen Rider, uma de Sentai, e por aí vai.

Command AttackerA expansão seguinte, portanto, seria de Sentai. Com 86 cartas, Akaki Roku Senshi no Kikan ("O Retorno dos Seis Guerreiros Vermelhos") traria mais uma novidade para o jogo, os Veículos, um terceiro tipo de carta, diferente das Operações e Tropas. Basicamente, um Veículo é uma espécie de "accessório": ele não faz nada sozinho, mas possui uma habilidade especial. Quando colocado junto a uma Tropa de tamanho Pequeno da mesma Categoria que ele, o Veículo permite que aquela Tropa use sua habilidade como se fosse dela - efetivamente, a Tropa estará "guiando" o Veículo pelo campo de batalha. Nenhum Veículo tem tamanho, e todos só podem ser usados por Tropas Pequenas; além da Categoria, alguns possuem restrições quanto a que tipos de Tropas poderiam usá-los, para maior realismo em relação às séries.

Além dos Veículos, esta expansão teve a estreia de Denjiman, Maskman e Gingaman; novas versões para seis cartas de líderes de Sentai que já haviam saído em expansões anteriores (daí o nome desta expansão); novas cartas para os outros Sentai, como de costume; e uma homenagem à atriz Machiko Soga, falecida em 2006, com cartas das três personagens que ela representou em sua carreira de atriz de Sentai: a Rainha Hedrian de Denjiman e Sun Vulcan, a feiticeira Bandora de Zyu Ranger (conhecida por aqui como Rita Repulsa) e a Tenkkuseijya Magiel de Magi Ranger. A sexta expansão também foi a primeira a trazer cartas de Aka Red, o herói criado especialmente para o trigésimo aniversário dos Sentai.

Depois dos Sentai, era a vez dos Kamen Riders. The Masked Rider Expansion Vol. 2, segunda expansão dos Kamen Riders, oitava no total, trouxe 92 cartas, os primeiros Veículos para os Kamen Riders, e as estreias de Kamen Rider V3, Kamen Rider X, Kamen Rider ZX, Kamen Rider Blade, Kamen Rider THE FIRST e Kamen Rider THE NEXT, além de algumas novas cartas para os Kamen Riders da primeira expansão.

Depois do Vol. 2, a CardDas resolveu trazer algumas novidades. A primeira foi Rangers Strike Reviver, uma expansão especial que trazia as melhores cartas das primeiras quatro expansões dos Sentai. Na época, essas expansões já estavam fora de catálogo, e, com novos jogadores sendo trazidos pelas expansões dos Kamen Riders, a CardDas viu uma boa oportunidade para faturar um dinheirinho extra com as cartas antigas. As cartas de Reviver eram simples relançamentos, não tendo qualquer alteração nas figuras ou no texto. A segunda foi a Belt Collection Box, uma caixa que trazia 18 cartas de Operação que representavam os cintos com os quais os 18 Kamen Riders principais (os "astros" das séries; Kamen Riders "secundários" como Kamen Rider 2, Kamen Rider J e Kamen Rider ZO não contavam) das séries existentes até então se transformavam.

Ou Reviver não contou como uma expansão dos Sentai, ou a Belt Box contou como uma expansão dos Kamen Riders, pois o rodízio continuou em seguida, com o lançamento de Shichinin no Enjin (algo como "A Chama dos Sete Ninjas"), de 86 cartas, dentre elas muitas novas versões de cartas da Categoria Artes Místicas. Esta expansão marcou a estreia de Kaku Ranger, Battle Fever J e Go-Onger, que havia estreado pouco tempo antes.

Quando todos esperavam pelo Vol. 3 do Kamen Rider, a CardDas decidiu adicionar um novo elemento ao rodízio, lançando Special Metal Edition, uma expansão que trazia cartas relacionadas ao universo dos Metal Heroes. Assim como alguns fãs já faziam extra-oficialmente, para esta expansão a Toei autorizou a CardDas a "esticar" o conceito de Metal Hero, abrangendo todos os heróis lançados pela emissora entre Gavan e Robotack - o que incluía também séries do tipo Rescue Mission, como Winspector, e os B-Fighters.

JaspionCom 63 cartas, Special Metal Edition trazia, como de costume para uma "primeira expansão", uma Operação para cada herói, além de Operações, Tropas e Veículos para personagens das séries de Gavan, Sharivan, Jaspion, Metalder, Jiraiya, Janperson, Blue SWAT e B-Fighter. Mais uma vez essas cartas eram 100% compatíveis com as demais, o que significava que os jogadores agora poderiam rolar uma pancadaria entre Sentai, Kamen Riders e Metal Heroes, respondendo a questões filosóficas do tipo "quem ganharia uma briga entre Jaspion e Kamen Rider Black?". Para isso, além de trazer as mesmas regras, verso das cartas e tipos de cartas, Special Metal Edition também agrupava seus heróis nas mesmas categorias de sempre: Tecnologia Terrestre (Metalder, Jiban, Winspector, Solbrain, Exceedraft, Janperson, Blue SWAT, Robotack); Alta Tecnologia (Gavan, Sharivan, Shaider, Jaspion, Spielvan, Kabutack); Artes Místicas (Jiraiya); Feras Selvagens (B-Fighter, B-Fighter Kabuto); e Aliança Negra (todos os vilões, independente da série).

The Masked Rider Expansion Vol. 3 foi a expansão seguinte, retomando o rodízio original. Dentre suas 81 cartas estavam as que marcavam a estreia de Kamen Rider Amazon, Shin Kamen Rider, Kamen Rider ZO, Kamen Rider J e Kamen Rider Kiva (que também havia acabado de estrear), além de cartas para personagens que só haviam aparecido nos diversos filmes de Kamen Rider.

Seguindo o rodízio, foi lançada Kyuukyoku no Hashin ("Oito Deuses Supremos"), oitava expansão dos Sentai, décima-segunda no total (oficialmente, Reviver e a Belt Box são "edições especiais", não expansões). A grande maioria de suas 90 cartas era de personagens de Sentai que estrearam em expansões anteriores, mas ainda não haviam aparecido, com apenas Changeman fazendo sua estreia.

Muitos imaginaram que os Metal Heroes fossem ganhar uma nova expansão, mas a seguinte foi a quarta dos Kamen Riders, The Masked Rider Expansion Vol. 4. Assim como ocorreu com a imediatamente anterior, a maior parte das 88 cartas dessa expansão era de novos personagens das séries de Kamen Rider que já haviam aparecido nas expansões anteriores (especialmente de Kamen Rider Kiva, que tem muitos personagens). Esta expansão trouxe a estreia de Kamen Rider Stronger e Kamen Rider Black RX.

A expansão seguinte foi a nona dos Sentai, Soukyuu no Tsubasa ("Asas dos Nove Céus Azuis"), que trouxe 87 novas cartas, e marcou a estreia de Mega Ranger, JAKQ e Shinkenger, o mais novo Sentai. Como curiosidade, algumas das cartas foram reveladas antes mesmo da estreia de Shinkenger na televisão, o que fez com que o jogo fornecesse uma espécie de spoiler da série.

Go-On RedDepois da nona expansão dos Sentai, a CardDas decidiu seguir em uma direção diferente. Talvez porque só restassem dois Sentai para estrear no jogo, talvez porque as expansões de Kamen Rider vendessem mais que as outras, talvez porque a Special Metal Edition não tivesse sido tão bem recebida quanto o esperado, ou talvez por um motivo totalmente diferente, que não foi divulgado, o fato é que, a partir da expansão seguinte, o jogo seria renomeado para Rangers Strike XGather (que se pronuncia "cross gather", algo como "encontro cruzado").

A primeira expansão de XGather, chamada The First Encounter, trouxe 101 cartas, das quais 40 eram para Sentai, 41 para Kamen Riders e as 20 restantes para outros heróis. Além de novas Operações, Tropas e Veículos para alguns dos Sentai, Kamen Riders e Metal Heroes que já haviam estreado nas expansões anteriores, XGather também teve a estreia de Turbo Ranger, Kamen Rider Super-1, Kamen Rider Decade, Shaider, Spielvan, Winspector, Solbrain, B-Fighter Kabuto e Robocon. XGather também trouxe para o jogo as cartas Multicategoria, Tropas que pertenciam a duas Categorias ao invés de uma - os Turbo Rangers, por exemplo, pertenciam tanto à Tecnologia Terrestre quanto à Artes Místicas, para mostrar que seus poderes vinham da combinação da tecnologia desenvolvida pelo Dr. Dazai com os poderes concedidos pelas Fadas. Pois é, Tokusatsu tem dessas coisas.

A partir de agora, todas as expansões serão XGather - o que pode ser comprovado até pela mudança no site oficial do jogo - trazendo cartas de Sentai, Kamen Riders e Metal Heroes - e a inclusão de Robocon, herói de uma série produzida entre 1974 e 1977 (e que foi categorizado como Tecnologia Terrestre) abre a possibilidade para que outros heróis antigos da Toei, como Kikaider e Machineman, também estreiem no jogo - o que aparentemente seria bem necessário, já que o único Sentai que ainda falta estrear é Goggle Five, os Kamen Riders já estrearam todos, e dos Metal Heroes só faltam Jiban, Exceedraft, Kabutack e Robotack.

Ainda é cedo para dizer se XGather vai contribuir para a longevidade do jogo - tanto pode dar certo e trazer novos jogadores, quanto desagradar quem estava comprando só as expansões dos Sentai ou só as dos Kamen Riders, afastando jogadores antigos. Como eu não posso colecionar mesmo, espero que eles pelo menos estreiem os Sentai e Metal Heroes que estão faltando. E incluir Machineman na próxima expansão também não seria de todo ruim.

Atualizado em 03/01/2012: No final de 2011, Rangers Strike foi, infelizmente, cancelado. Antes do cancelamento, entretanto, ainda foram lançadas mais seis expansões para a série XGather. Assim como The First Encounter (a primeira), essas expansões têm nomes em inglês, e não em japonês. São elas: The Dragon Tiger, que trouxe a estreia dos personagens de Kamen Rider W, Jiban, Robotack e Kikaider, além de uma série de cartas em homenagem ao ator Hiroshi Miyauchi (intérprete de Kamen Rider V3, Ao Ranger, Big One, Zubat e do chefe de polícia Shunsuke Masaki); The Double Impact, com as estreias dos personagens de Kabutack e Inazuman e cartas em homenagem ao ator Akiji Kobayashi (o Tobei Tachibana das séries do Kamen Rider); The Jet Accel, que teve as estreias dos personagens de Goseiger e Bicrossers; The Ticket Breakers, que finalmente trouxe os personagens de Goggle Five, além de ter a estreia dos personagens de Kikaider 01; The Gigantech Titan, com várias cartas dedicadas a personagens gigantescos como os robôs dos sentai, e as estreias dos personagens de Kamen Rider OOO e Daitetsujin 17; e The Best Partner, que trouxe um novo tipo de Tropa, as XCards, que traziam dois personagens na mesma carta, além das estreias dos personagens de Gokaiger e Exceedraft.

Rangers Strike

Parte 2

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Escrito por em 10.8.09 com 0 comentários

Fiona Apple

Talvez nada surpreendentemente, o instrumento musical que produz o som que mais me agrada é o piano. Ele pode não ser muito portátil, ou muito fácil de se arrumar um lugar sobre um palco, mas, para mim, qualquer música que tenha um piano se torna muito mais agradável. Eu acredito, inclusive, que um dos motivos pelos quais eu gosto tanto de Tori Amos seja porque ela toca piano. Fosse ela uma guitarrista, talvez não tivesse se tornado minha cantora preferida.

Como Tori Amos não é a única cantora que toca piano no mundo, de vez em quando minha predileção por este instrumento faz com que eu me interesse por outras - não acredito que um dia uma delas vá desbancar Tori no topo de minha lista, já que, afinal, o piano não é o único nem o principal motivo pelo qual eu gosto de suas músicas, mas mesmo assim elas acabam fazendo a lista crescer. Recentemente, por exemplo, tenho ouvido bastante Regina Spektor, que acabou de lançar um álbum novo, mas entrou na minha lista por ocasião do anterior.

Mas esse post não é sobre Tori Amos nem sobre Regina Spektor, e sim sobre outra cantora-pianista, uma que, curiosamente, eu não descobri por causa do piano - aliás, só vim a descobrir que ela tocava piano depois de comprar seu primeiro CD. O post de hoje é sobre Fiona Apple.

Eu descobri Fiona Apple pela Mtv, através do clipe da música Criminal. Confesso que, se tivesse de escolher uma palavra para defini-la depois de assistir a esse clipe, teria sido "esquisita". Magra demais, com uns olhões azuis enormes, uma boca maior ainda e uma voz grossa, ela aparentemente não tinha motivo nenhum para me atrair. Ainda assim, por alguma razão bizarra, aquela música grudou na minha cabeça. E, como eu já disse aqui de outras vezes, na época eu não somente era um consumidor compulsivo de CDs (hoje, pareço ter transferido essa compulsão para os DVDs, mas isso não vem ao caso agora), como também, graças à paridade de um dólar igual a um Real, comprava direto na CDNow (que depois foi absorvida pela Amazon), o que fazia com que eu sempre estivesse em busca de um "terceiro CD", já que, para até três, o frete era o mesmo. Tidal, o primeiro lançado por Fiona Apple, acabou fechando uma trinca desse jeito, e depois me agarrou pelo ouvido - principalmente depois que eu descobri que ela tocava piano. O resto, como se diz, é história. Uma história que envolve a compra de dois outros CDs dela, e lamentação por ela não ter lançado mais.

Fiona Apple McAfee Maggart - esse "Apple" é um segundo nome, não um sobrenome - nasceu em 13 de setembro de 1977, em Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos, em uma família de artistas: sua mãe, Diane McAfee, é cantora; seu pai, Brandon Maggart, ator (e chegou a atuar na versão norte-americana da Vila Sésamo); sua irmã, Maude Maggart, é cantora performática; seu irmão Spencer Maggart é diretor de clipes; e seu outro irmão, Garett Maggart, é ator e um dos protagonistas da série The Sentinel. Sua infância não foi nada fácil, com seus pais se separando quando ela tinha quatro anos de idade. Fiona foi morar com a mãe, que a matriculou em aulas de piano quando ela tinha oito anos; rebelde, ela faltava às aulas, e preferia aprender sozinha em casa, dedilhando um teclado eletrônico. Aos onze anos de idade, Fiona disse brincando que era infeliz com sua vida, iria matar a irmã e depois se matar. Preocupados, seus pais a colocaram para fazer análise, mas talvez tivesse sido melhor se não o tivessem feito: aos doze anos, quando voltava para casa depois de uma sessão, Fiona foi atacada e estuprada, e acabaria precisando de mais alguns anos de terapia para superar o trauma.

A vida só começaria a sorrir para Fiona em 1994, quando, aos dezesseis anos, ela gravou uma fita demo com a ajuda de uma amiga. Essa amiga fazia serviços de babá para Kathryn Schenker, uma publicitária que trabalhava para alguns músicos. Sabendo disso, a amiga de Fiona levou a fita para Schenker, para que ela escutasse e dissesse o que achava. O que nenhuma das duas sabia é que os "músicos" com os quais Schenker trabalhava eram Sting e o Aerosmith, e que ela era amiga de Andrew Slater, produtor da Sony Music e gerente da gravadora WORK, associada à Sony. Schenker ficou muito impressionada com o estilo de Fiona, e a apresentou a Slater, que, cativado por sua voz diferente, sua habilidade com o piano e profundidade de suas letras, decidiu contratá-la imediatamente.

O primeiro álbum de Fiona, Tidal, seria lançado em julho de 1996 pela Epic Records, uma subsidiária da Sony. Mesmo não possuindo um som pop, o álbum foi um sucesso instantâneo, rendendo um disco de ouro já em dezembro do mesmo ano, e disco de platina triplo apenas três anos após seu lançamento. Até hoje, Tidal já vendeu mais de três milhões de cópias só nos Estados Unidos, uma marca invejável para um disco de estreia de uma cantora de 18 anos sem apelo dentre os adolescentes.

Das dez faixas de Tidal, seis se tornaram singles, sendo lançadas neste formato, tocando direto nas rádios, e ganhando clipes de grande repercussão: Shadowboxer, Slow Like Honey, Sleep to Dream, The First Taste, Criminal e Never Is a Promise. Criminal, a terceira música trabalhada, foi justamente a que lançou Fiona ao estrelato, sendo tocada repetidas vezes nas rádios, alcançando o 17o lugar no Top 20 norte-americano, rendendo um um Grammy de Melhor Performance Vocal Feminina, e gerando um clipe que deu muito o que falar: nele, uma Fiona Apple parcamente vestida (e que chega a fazer um striptease, ficando só de calcinha) canta em uma casa ao estilo anos 1970, junto a um grupo de moças e rapazes igualmente seminus, que parecem bêbados ou drogados depois de uma noite de orgia ou coisa parecida. Ao ser perguntada sobre o teor do clipe, Fiona diria ter decidido que, "já que eu vou ser explorada, serei explorada por mim mesma".

A controvérsia em torno de Criminal - e da própria Fiona - só aumentaram depois de ela, ao receber o Mtv Video Music Award de 1997 pelo clipe de Sleep to Dream, ter declarado que "esse mundo é uma farsa, e vocês não devem modelar suas vidas baseados no que vocês pensam que nós pensamos ser legal, nem no que estamos vestindo, nem no que estamos dizendo". Na hora ela foi bastante aplaudida, mas depois a imprensa caiu de pau, acusando a própria Fiona de fomentar uma indústria que ela estava criticando - por incrível que pareça, ela acabou criticada até mesmo por namorar o mágico David Blaine, com algumas publicações insinuando que ela só teria sido lançada por pressão dele junto à gravadora. A comediante Janeane Garofalo pegou especialmente pesado, parodiando em um humorístico o discurso de Fiona ao receber o prêmio e incluindo trechos como "mesmo eu tendo feito um clipe onde apareço de lingerie para que as outras meninas possam se sentir mal por não serem tão magras como eu". Ao ser mostrada à paródia pela revista Rolling Stone, Fiona disse ter transtornos alimentares, estar lutando para ganhar peso, aparecer gorda em seu próximo clipe e provar a todas as meninas que elas não precisam ser magras para fazerem sucesso, e que se sentia mal por ter ficado conhecida justamente por causa desse clipe.

Fiona não conseguiu engordar tanto quanto gostaria, mas continuou fazendo sucesso, sendo convidada em 1997 para gravar um programa Mtv Unplugged (conhecido por aqui como Acústico Mtv), e no ano seguinte para gravar duas músicas para a trilha sonora do filme Pleasantville: A Vida em Preto e Branco. Ambas as músicas eram regravações de grandes sucessos, Please Send Me Somebody to Love, de Percy Mayfield, e Across the Universe, dos Beatles. Ambas fizeram sucesso também na voz de Fiona, com esta última sendo lançada também em single e ganhando um clipe.

O segundo álbum de Fiona Apple seria lançado em 1999, e teria o singelo título de When the Pawn Hits the Conflicts He Thinks like a King What He Knows Throws the Blows When He Goes to the Fight and He'll Win the Whole Thing Fore He Enters the Ring There's No Body to Batter When Your Mind Is Your Might So When You Go Solo, You Hold Your Own Hand and Remember That Depth Is the Greatest of Heights and If You Know Where You Stand, Then You'll Know Where to Land and If You Fall It Won't Matter, Cuz You Know That You're Right. Esse título tão comprido (que acabaria sendo reduzido sempre que alguém se refere a ele para apenas When the Pawn...) é na verdade um poema, de autoria da própria Fiona, escrito de rompante após ela ler cartas dos leitores em sua defesa, endereçadas à revista Spin, que havia falado mal dela na edição anterior. O título curioso rendeu a When the Pawn... um lugar no Livro dos Recordes, como álbum de nome mais comprido da história, onde ficou até 2007, quando a banda Soulwax lançou um com um nome ainda mais comprido - como curiosidade, vale dizer que hoje esse recorde pertence ao Chumbawamba, que em 2008 lançou um maior ainda.

Em When the Pawn..., Fiona passou a flertar com a música eletrônica, incluindo loops de bateria e um teclado conhecido como Chamberlin em suas faixas. Embora o álbum tenha sido bastante elogiado pela crítica, não vendeu o esperado, com apenas a primeira música de trabalho, Fast as You Can, conseguindo exposição e entrando no Top 20 norte-americano na vigésima posição. Outras duas faixas, Paper Bag e Limp, foram lançadas como singles, mas não chamaram muita atenção, e tocaram pouco nas rádios. Ainda assim, When the Pawn... vendeu mais de um milhão de cópias, rendendo um disco de platina. Na época, Fiona já não namorava o mágico Blaine, mas o diretor Paul Thomas Anderson (de Boogie Nights: Prazer sem Limites), que conheceu quando ele dirigiu o clipe de Across de Universe; graças ao namoro, Anderson dirigiu os três clipes das faixas de trabalho de When the Pawn....

Este novo relacionamento de Fiona não lhe traria repercussão negativa na mídia, mas um novo incidente em uma aparição pública, sim. Em março de 2000, irritada com a péssima qualidade do som de um show que fazia no Roseland Ballrom, em Nova Iorque, Fiona parou a apresentação no meio e foi embora, deixando quem pagou pelo show a ver navios - e não sem antes vociferar, com direito a palavrões, contra a indústria da música. Desnecessário dizer, os críticos de música ficaram enfurecidos com essa atitude, e, para muitos deles, Fiona Apple passou a ser persona non grata.

O prestígio de Fiona dentre seus colegas músicos continuava alto, porém, e em 2001 ela seria convidada por Johnny Cash para gravar com ele uma nova versão de Bridge over Troubled Water, de Simon & Garfunkel, que seria incluída no álbum seguinte de Cash, e renderia a Fiona uma indicação ao Grammy de Melhor Colaboração Vocal. Cash gostou tanto do resultado que convidou Fiona para gravar outra música, outra regravação, desta vez de Father and Son, de Cat Stevens, que também acabaria incluída em um álbum de Cash.

Depois de encerrar a turnê de When the Pawn..., Fiona decidu mudar-se para Los Angeles, e chegou até mesmo a considerar encerrar sua carreira - não por causa das crescentes críticas negativas à sua pessoa, mas por não ter mais inspiração para escrever novas músicas. Em 2002, durante um almoço com seu amigo Jon Brion, que também havia sido produtor de When the Pawn..., este a pediu para trabalhar com ele em um novo álbum, pois havia acabado de encerrar um relacionamento amoroso de cinco anos, e gostaria de esquecê-lo trabalhando. Fiona concordou, desde que Brion conseguisse um contrato com a Epic sem data estipulada de lançamento para este novo álbum. Após algumas negociações, a Epic concordou, desde que Fiona concordasse com uma data provisória de lançamento, que seria de Novembro de 2002.

Fiona então se pôs a trabalhar nas novas canções, e chegou até mesmo a apresentar algumas delas em pocket shows que fez acompanhada de amigos. As sessões de gravação, produção e mixagem se estenderiam até o final de 2003, com Fiona e Brion sempre querendo mudar ou acrescentar alguma coisa nas faixas, o que fez com que a data de lançamento provisória fosse alterada mais três vezes, primeiro para julho de 2003, depois para setembro de 2003, e então para fevereiro de 2004. Enquanto isso, detalhes sobre as músicas iam vazando para a imprensa, e a cada mês mais jornais e revistas revelavam títulos ou letras de canções, o que deixou os fãs ansiosos pelo lançamento, que nunca chegava. Em fevereiro de 2004, enquanto a Epic adiava mais uma vez o lançamento, agora para uma data indefinida, a revista Spin revelaria o nome escolhido por Fiona para o álbum: Extraordinary Machine.

Então, algo estranho aconteceu. A partir de junho de 2004, as faixas de Extraordinary Machine começaram a aparecer na internet em formato Mp3, começando pela faixa título, depois Better Version of Me, uma das faixas que Fiona já havia cantado em um pocket show, mas com um arranjo completamente diferente, e aí todas as outras. Com o álbum completo na internet, mas sem ainda nem sinal dele nas lojas, os críticos de música começaram a avaliar as novas canções, enquanto os fãs se perguntavam o porquê da demora, sem que Fiona, Brion ou a Epic se manifestassem sobre o assunto.

Somente em outubro de 2004, em uma entrevista à Entertainment Weekly, Brion diria que o álbum havia sido engavetado por decisão da Epic, que achou suas faixas muito pouco comerciais, sem nenhuma que pudesse ser usada como música de trabalho. Mais do que depressa a Epic negou, estipulando a data de lançamento para fevereiro de 2005, e declarando oficialmente que o álbum havia atrasado porque Fiona não estaria satisfeita com as versões das músicas que vazaram para a internet, querendo mais tempo para melhorá-las. Em janeiro de 2005, Brion voltaria a acusar a Epic, dizendo que a gravadora queria um álbum mais parecido com Tidal, e que não teria aceitado Extraordinary Machine do jeito que estava. No mesmo mês, o jornal USA Today perguntou a Fiona se o álbum seria mesmo lançado no mês seguinte, ao que ela respondeu "vocês provavelmente ficarão sabendo disso antes de mim".

Sem se conformar com as informações desencontradas, os fãs de Fiona começaram uma campanha para pressionar a Epic a lançar o álbum na data marcada, enviando diversos e-mails, cartas e abaixo-assinados para a Sony. A Epic, porém, continuava declarando que não tinha culpa, e que não podia lançar o álbum porque Fiona ainda estava trabalhando nele. Curiosamente, as versões das músicas disponíveis online começaram a ser elogiadíssimas pelos principais críticos do país, o que só aumentava a pressão sobre a gravadora. A Epic porém não mais se pronunciou, até agosto de 2005, quando, em um comunicado oficial, estipulou a data de lançamento para outrubro de 2005, e anunciou que todas as faixas estavam sendo completamente refeitas, com a participação dos produtores Brian Kehew e Mike Elizondo.

Depois desse parto complicado, Extraordinary Machine finalmente foi lançado em outubro de 2005. De suas doze faixas, apenas a título e Waltz são idênticas às que haviam vazado na internet; outras nove são completamente diferentes, com praticamente a única coisa igual sendo as letras, e uma outra, Parting Gift era inédita, não tendo vazado antes do lançamento. A versão oficial para o atraso de certa forma confirma os dois lados da história, dizendo que tanto Fiona não estava confortável para lançar o álbum do jeito que ele estava quando vazou, quanto a Epic imaginava que, se fosse lançado daquele jeito, não teria apelo comercial. Seja como for, a verdade é que Extraordinary Machine não vendeu tanto assim - "apenas" meio milhão de cópias, rendendo um novo disco de ouro para Fiona - mas foi elogiadíssimo pela crítica, sendo escolhido melhor álbum de 2005 pela Entertainment Weekly, pelo jornal The New York Times e pela revista Slant, e alcançando o sétimo lugar na parada da Billboard, mais alto do que seus dois antecessores conseguiram.

Depois do lançamento de Extraordinary Machine, Fiona saiu em turnê, primeiro solo, depois junto com o Coldplay, e então junto com o Nickel Creek. Atualmente, ela está descansando, provavlemente em busca de inspiração para seu quarto álbum. Que todos esperam não ter um lançamento tão complicado quanto o terceiro.
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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Escrito por em 4.8.09 com 0 comentários

Os Goonies

Semana passada, eu fiz um post que começava com uma constatação implícita de que o computador está dominando o cinema. Podem reparar: de cada dez filmes lançados por ano, uns seis ou sete têm pelo menos uma cena gerada em computação gráfica - e, dos que sobram, só um ou dois não têm tratamento de imagem digital. Não que eu ache isso particularmente ruim, mas com certeza gera alguns efeitos colaterais. A morte dos filmes infantis, por exemplo.

Se você não acredita que os filmes infantis estão morrendo, aceite um desafio: diga o nome de dez filmes infantis rodados nos últimos cinco anos. Não valem filmes feitos para adolescentes ou pré-adolescentes que, por algum motivo bizarro, fazem sucesso entre as crianças (como High School Musical), não valem filmes nacionais (já que o uso do computador nunca foi exatamente uma constante no cinema nacional) e, evidentemente, não valem desenhos, só filmes com atores de carne e osso. É uma tarefa difícil ou não é?

Um dos fatores que levam a essa situação é que, atualmente, é muito fácil, rápido e barato fazer um desenho animado. O resultado final, em termos tanto de gráficos quanto de enredo, nem precisa ser lá essas coisas, as chances dele passar no cinema só porque é um desenho animado feito de computação gráfica continuam sendo grandes. E, se qualquer um pode fazer um desenho porco e amealhar uns trocados, por que os grandes estúdios não fariam um desenho bem produzido, bem trabalhado, com gráficos, enredo e elenco (de dubladores) de primeira, para ganhar milhões? E, se eles podem fazer isso, por que gastar muito mais tempo e dinheiro para fazer um filme? Pois é.

Quando eu era criança, porém, nem mesmo os grandes estúdios podiam sair fazendo desenhos para o cinema em massa. Fazer um desenho envolvia milhares de profissionais, caras folhas de acetato, anos de planejamento, e acabava saindo mais caro, demorado e trabalhoso do que fazer um filme. Felizmente para nós, o resultado se reverteu em muitos filmes infantis bons. Coisas como A História sem Fim, ET: O Extraterrestre, Labirinto: A Magia do Tempo, O Voo do Navegador, Willow na Terra da Magia, Caravana da Coragem, Querida, Encolhi as Crianças e Os Goonies. Até que, de cabeça, eu consegui fazer uma boa lista. E o último nome não está em negrito por acaso. Como a Cyndi Lauper atesta, Os Goonies são o tema de hoje no átomo.



Lançado no hoje longínquo ano de 1985, Os Goonies foi planejado por um time de respeito: produzido por Steven Spielberg, escrito por Chris Columbus e dirigido por Richard Donner. Agora me digam, quando é que um filme infantil de hoje iria reunir uma trinca desse naipe? Filmado quase todo em uma única cidade (Astoria, no Oregon, exceto por algumas cenas de estúdio) ao longo de curtos cinco meses e consumindo quase vinte milhões de dólares, o filme acabou sendo um enorme sucesso, rendendo mais de 60 milhões só nos Estados Unidos, e ficando atrás apenas de Rambo 2 como filme de final de semana de estreia mais rentável de 1985. Atraídos pelo nome de Spielberg no poster, milhares de crianças, jovens e adultos foram aos cinemas, e acabaram transformando Os Goonies em um cult - até hoje ele é lembrado com carinho pelo que foram jovens em sua época.

Ambientado na própria Astoria onde foi filmado, o filme começa com a família Walsh forçadamente de mudança, pois a vizinhança onde moram (as Goon Docks, ou "docas dos goons"; "goon" é uma palavra usada para designar homens fortes mas pouco inteligentes, contratados para seviços braçais, e graças ao cinema associada a capangas de bandidos que só servem para derrubar portas e meter a porrada nos outros, mas que também era coloquialmente usada para estivadores, daí o nome) pertence ao Astoria Contry Club, e será demolida para a ampliação do mesmo. Enquanto arruma as coisas para a mudança, o pequeno Michael Walsh, conhecido como Mikey (Sean Astin, o Sam Gamgee de O Senhor dos Anéis) encontra, dentre alguns itens que seu pai, curador de um museu local, levou para casa, um antigo mapa do tesouro, junto a um artefato misterioso e a um recorte de jornal que falava sobre a possibilidade do navio do famoso pirata Willie Caolho ter naufragado justamente na costa de Astoria. Vendo no tesouro a solução para todos os seus problemas, já que poderiam usá-lo para comprar o terreno e evitar a mudança, Mikey convence seus amigos, que se auto-denominam os Goonies (porque moram nas Goon Docks) a seguir o mapa.

Além de Mikey, os Goonies são Clark Devereaux, conhecido como Bocão (Corey Feldman, que devia estar em nove de cada dez filmes feitos para crianças e adolescentes na década de 1980), conhecido por falar o tempo todo, e na maioria do tempo coisas que não deve; o criativo Richard Wang, conhecido como Dado (Ke Huy Quan, de Indiana Jones e o Templo da Perdição), fã de James Bond, e que inventa diversos apetrechos, como uma luva de boxe que salta de seu casaco para socar agressores ou jatos de óleo que espirram de seus tênis, para lutar contra bandidos e malfeitores; e o gordinho Lawrence Cohen, conhecido evidentemente como Gordo (Jeff Cohen), meio medroso, meio exagerado, meio desastrado, e que adora comida. Ao longo de sua busca eles acabam arrastando também para a aventura o irmão mais velho de Mikey, Brandon (Josh Brolin), que gosta de exercícios físicos, é superprotetor com o irmão, e de início totalmente contra a ideia de ir atrás do tesouro; a ruiva Andy Carmichael (Kerri Green), por quem Brandon á apaixonado, uma estereotípica líder de torcida popular que namora o capitão do time da escola, e não fica nem um pouco satisfeita em ter de se meter em uma caverna; e a intelectual Stef Steinbrenner (Martha Plimpton), amiga de Andy que acaba servindo de rival e casal para Bocão.

Mesmo levando-os a se envolver em armadilhas mortais enquanto procuram o navio que guarda o tesouro, Willie Caolho e seus piratas - até porque já estão mortos - não são os maiores antagonistas dos Goonies. Enquanto seguem o mapa, eles acidentalmente entram no caminho dos irmãos Fratelli (cujo nome também é uma piada, já que fratelli significa "irmãos" em italiano), uma família de criminosos que se esconde próximo à cidade após libertar um deles da prisão. Liderados por sua mãe (Anne Ramsey), os irmãos Francis (Joe Pantoliano) e Jake (Robert Davi) também decidem ir atrás do tesouro, seguindo as crianças para roubá-lo delas. Mas os Goonies também terão dentre os Fratelli um aliado inesperado: Sloth (John Matuszak), o caçula dos três irmãos, um gigante deformado de muita força e pouca inteligência, que acaba se afeiçoando a Gordo e se voltando contra sua própria família. Sloth acabou se tornando um dos personagens mais icônicos do filme, e é geralmente aquele do qual as pessoas primeiro se lembram quando perguntadas.

O roteiro original de Os Goonies tinha nada menos que 120 páginas de aventuras, incluindo uma luta contra um polvo gigante. Evidentemente, muitas cenas tiveram de ser cortadas no processo, incluindo a do polvo, que acabou se tornando uma espécie de piada interna entre o elenco. Outro elemento lendário do filme é o navio de Willie Caolho, o Inferno: construído em tamanho natural, e até capaz de navegar, ele foi mantido em segredo até a cena na qual os Goonies o encontram, para que a expressão de surpresa no rosto dos atores fosse a mais espontânea possível. Infelizmente, após a conclusão das filmagens, eles não tiveram o que fazer com o navio - ninguém se interessou em comprá-lo, e, como era muito grande, não tinham onde guardá-lo - que teve de ser destruído.

Apesar de ter sido um filme de grande sucesso, Os Goonies recebeu críticas variadas, algumas elogiando, outras falando mal, sendo que a principal desculpa era a de que o filme agradaria às crianças, mas não aos adultos. Como que para provar que os críticos estavam errados, nos anos que sucederam seu lançamento o filme se tornou cult, sendo hoje um dos filmes mais conhecidos dos anos 1980. Durante anos, os atores que interpretaram os Goonies ficaram marcados por seus papéis, e alguns deles até tentaram usar essa fama a seu favor - quando Jeff Cohen se candidatou a presidente estudantil na Universidade da Califórnia em Berkeley, em 1995, seu slogan era "Gordo para presidente". Apesar de todo esse sucesso, porém, o filme jamais rendeu uma continuação. A não ser no mundo dos videogames, onde a Konami lançou dois títulos da série The Goonies: o primeiro, lançado em 1986 para MSX e NES, segue mais ou menos a mesma história do filme, mas no segundo, The Goonies II, lançado em 1987 para NES, os irmãos Fratelli sequestram todos os Goonies menos Mikey, que tem de salvá-los, assim como a uma sereia chamada Annie, em um labirinto de cavernas e prédios abandonados.

Rumores de um Goonies 2 para os cinemas, porém, persistem até hoje - em 1987, inclusive, havia quem dissesse que a história do segundo game era, na verdade, um roteiro de um segundo filme, que acabou não sendo utilizado. Pouco após o lançamento do filme esses rumores eram mais fortes, mas, conforme os atores iam envelhecendo, eles foram perdendo força, até que, um dia, se parou de falar em um segundo filme.

Até o lançamento do DVD, em 2001. Na época, os sete atores que interpretavam os Goonies foram reunidos para gravar um extra no qual eles assistiriam ao filme acompanhados de Donner, e fazendo comentários sobre as cenas. Ver os Goonies mais velhos e reunidos não somente disparou entre os fãs uma nova onda de boatos sobre uma sequência, mas também fez com que os próprios atores começassem a pensar no assunto. Sean Astin chegou a declarar em uma entrevista que a sequência era uma certeza, principalmente devido à excelente vendagem do DVD. A vontade dos fãs e do elenco esbarraria, porém, na vontade da Warner Bros: detentora dos direitos do primeiro filme, ela jamais se animou a fazer um segundo, principalmente tanto tempo depois, quando já não era possível que fosse um filme infantil, e não haviam garantias de que um filme de aventura com sete marmanjos de trinta e poucos anos teria boa bilheteria.

Em 2007, os rumores voltaram mais uma vez com força total, mas em outra direção: ao invés de um filme, a continuação de Os Goonies seria lançada na forma de uma minissérie em quadrinhos, publicada pela DC (que, não por acaso, pertence à Warner). Vários dos detalhes divulgados na época, pórém, enfureceram os fãs: em primeiro lugar, a história seria ambientada na época atual, mas apenas cinco anos após o final do filme, e não vinte como na realidade. Em segundo lugar, os Goonies estariam entre o final do colégio e a faculdade, e já não seriam mais um grupo de amigos. O enredo envolveria justamente sua reunião, quando Gordo descobrisse que Sloth desapareceu no mesmo dia em que os Fratelli saíram da prisão, e conclamasse os demais para salvá-lo de um possível sequestro. Além disso tudo, a arte, que mostrava os Goonies bonitões e fortões, como super-heróis, também não agradou, o que acabou levando a um engavetamento do projeto.

Sem querer desistir, a Warner começou então a trabalhar no projeto de um desenho animado, que seria exibido no Cartoon Network (que também pertence à Warner). Com um traço mais cômico, e ambientado imediatamente após os eventos do filme, o desenho mostraria os Goonies ainda crianças, vivendo incríveis aventuras em Astoria e nas regiões próximas, sempre envolvendo artefatos levados do museu para a casa de Mikey por seu pai. Mas a produção do desenho acabou esbarrando em um problema jurídico: como os personagens teriam a aparência dos atores do filme, eles teriam de receber direitos de imagem (foi para evitar isso, por exemplo, que os personagens do desenho dos Caça-Fantasmas eram tão diferentes dos atores do filme). Chateados por não terem recebido direitos conexos das vendas do DVD - que vendeu muito, diga-se de passagem - os atores se uniram e decidiram não liberar suas aparências a menos que recebessem um valor que considerassem justo. Só que, depois que a primeira proposta da Warner foi recusada, o estúdio considerou que eles estavam querendo enriquecer às suas custas, e nem fez a segunda, engavetando o desenho também.

Mas nem tudo está perdido para aqueles que desejam ver material inédito dos Goonies. O desenho ainda pode sair do papel, basta que a Warner e o elenco se acertem quanto ao pagamento dos direitos. Donner e Spielberg já manifestaram interesse em uma sequência, mesmo que fosse com novas crianças, e os atores originais apenas fazendo participações especiais, e atualmente estão em busca de um roteiro. E, no ano passado, a sequência parece ter tomado mais uma nova e inesperada direção, quando Donner recebeu uma proposta de John Breglio para transformar Os Goonies em um musical para a Broadway.

Seja como for, ano que vem o filme faz 25 anos (pois é, estou ficando velho), e é provável que a Warner não deixe a data passar em branco. Vocês sabem que eu, a princípio, sou contra todo tipo de sequência que só sirva para piorar a imagem do original, mas confesso que acompanho essa história com certa curiosidade. Afinal, o fato do elenco original estar unido em torno da causa pode significar que, se houver uma sequência, seja em filme ou em desenho, ela será de qualidade. Vamos aguardar para ver.
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