sábado, 8 de junho de 2024

Escrito por em 8.6.24 com 0 comentários

Claire Danes

Essa semana eu estava pensando em como a Claire Danes é uma atriz excepcional, que conseguiu um grande sucesso na TV, mas não teve no cinema papéis à altura de seu talento. Como eu não costumo fazer muitos posts sobre atores e atrizes, achei que seria legal aproveitar essa vontade para escrever sobre ela. Hoje, portanto, é dia de Claire Danes no átomo!

Claire Catherine Danes nasceu em 12 de abril de 1979 na cidade de Nova Iorque. Sua mãe, nascida Carla Hall, era escultora, e seu pai, Christopher Danes, fotógrafo. Ela é a filha mais nova do casal, mas seu irmão mais velho, Asa, não quis seguir a carreira artística, e é advogado. Quando ela era criança, sua mãe, para tentar equilibrar o orçamento da casa, decidiu criar uma creche dentro de seu próprio apartamento, a qual chamou de Danes Tribe - um trocadilho com seu sobrenome, já que dane é uma das palavras usadas para se referir aos dinamarqueses, embora danish seja mais popular, então Danes Tribe seria a "tribo dos dinamarqueses". Mais tarde, seu pai também teria que arrumar um outro emprego, trabalhando primeiro como consultor de informática e depois como empreiteiro - nos Estados Unidos, o responsável por contratar todos os profissionais que vão trabalhar em uma obra, como pedreiros, pintores, bombeiros hidráulicos e eletricistas - se tornando tão bem sucedido nesse ramo que abriria sua própria empresa, a Overall Construction, a qual comandou por 20 anos.

A família Danes era do que se chama Classe Média Alta, então Claire pôde se dedicar às artes desde muito cedo, sempre em escolas e com professores de alto nível. Aos 6 anos de idade, ela começaria a ter aulas de dança com Ellen Robbins na prestigiada Dance Theater Workshop, e, aos 10, começaria a ter aulas de atuação no HB Studio e no Lee Strasberg Theatre and Film Institute, onde começaria a fazer seus primeiros filmes independentes já no ano seguinte, após ser avaliada pelo diretor Milos Forman. Ela assinaria com sua primeira agente, Karen Friedman, da Writers & Artists Talent Agency, aos 12 anos, sendo considerada uma atriz prodígio pela agência. Paralelamente a isso, ela estudaria em duas das melhores escolas dos Estados Unidos, a New York City Lab School for Collaborative Studies, em Manhattan, onde foi colega de turma de outra atriz, Morena Baccarin, e a PPAS (de Professional Performing Arts School), middle school (aqui no Brasil, o equivalente ao 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental) voltada para quem quer se dedicar ao mundo artístico.

Danes conseguiria seu primeiro papel na TV já aos 13 anos de idade, no piloto da série Dudley, estrelada por Dudley Moore. Sua personagem acabaria não retornando para a série, mas sua boa atuação lhe renderia um convite para interpretar uma adolescente assassina em um episódio da terceira temporada de Law & Order, e a irmã da protagonista de um dos episódios da série da HBO Lifestories: Families in Crisis - que só iria ao ar mais de um ano após filmado. Ela também faria a filha da protagonista do filme para a TV No Room for Opal.

Mas seria com seu papel seguinte que Danes explodiria para o mundo: o da protagonista Angela Chase, na série My So-Called Life (exibida aqui no Brasil, no canal Multishow, com o nome de Minha Vida de Cão, e no SBT, como Meus Quinze Anos). A série era filmada em Hollywood, o que obrigou Danes e sua mãe a se mudarem para a cidade de Santa Monica, Califórnia, e fez a atriz, então com 15 anos, ter de mudar de escola, inicialmente para a Dalton School, e, depois de um ano, para o Lycée Français de Los Angeles, onde se formou.

A série seria uma criação de Winnie Holzman, que havia sido roteirista de Anos Incríveis e Thirtysomething, duas séries dramáticas muito famosas nos Estados Unidos, a primeira centrada em crianças prestes a entrar na adolescência, a segunda em adultos por volta dos 30 anos. No final dos anos 1980, um dos co-criadores de Thirtysomething, Marshall Herskovitz, seria convidado pelo canal Showtime para criar uma série semelhante, mas centrada em adolescentes, e escreveria um piloto de uma série praticamente autobiográfica, protagonizada por um menino de 17 anos, chamada Secret Seventeen. A série acabaria não sendo aprovada pelo canal, mas, em 1991, após o cancelamento de Thirtysomething, Herskovitz e seu outro co-criador, Edward Zwick, decidiriam voltar ao tema, e convidariam Holzman para um brainstorming. Holzman diria ter interesse em fazer uma série sobre adolescentes "sem censura", pois, segundo ela, as séries sobre adolescentes nos anos 1990, como Barrados no Baile, eram cheias de conteúdo sexual velado, mas faziam muito pouco para mostrar a vivência dos personagens sobre o assunto, ou o que realmente significava ser adolescente.

E ser adolescente nos anos 1990, pelo menos nos Estados Unidos, não era uma tarefa fácil: ao invés de ver a adolescência como uma época divertida, leve, de transição entre a infância e a vida adulta, para os adolescentes norte-americanos da década de 1990, principalmente devido à recessão econômica, a adolescência era uma época atormentada, confusa e cheia de incertezas, que levava a episódios de depressão e a muitos deles não verem um sentido em continuar estudando ou obedecendo aos pais. Basta comparar as produções voltadas para adolescentes dos anos 1980, onde o maior desafio era ser popular, inevitavelmente alguém dava uma festa em casa porque os pais estava viajando, ou viajava de carro para o outro lado do país nas férias escolares, com as dos anos 1990, nas quais todo mundo era triste e melancólico - condições que espelhavam como os adolescentes viam a adolescência na época em que cada produção foi realizada. Nesse sentido, My So-Called Life foi pioneira, com até seu título (algo como "minha assim chamada vida") espelhando o vazio interior onipresente nos adolescentes da época.

Para se preparar para escrever a série, Holzman seria professora substituta na Fairfax High School, em Los Angeles; ao conversar com os alunos, ela manteria um diário, escrito pela ótica de uma garota adolescente, que serviria como base para a narração dos episódios. A personagem principal da série se chamaria Angela porque uma das coordenadoras de roteiro de Thirtysomething tinha uma sobrinha com esse nome, e, ao conversar com ela, Holzman ficaria muito impressionada com sua visão de mundo, principalmente com a frase "para os meninos, tudo é mais fácil", que ela faria Angela Chase dizer já no piloto. Holzman também optaria por inverter os papéis tradicionais dos pais de Angela, uma condição que vinha se tornando comum na década de 1990, com a mãe trabalhando fora e sendo vista como provedora, enquanto o pai trabalha de casa e é responsável pelos serviços domésticos.

Ambientada na fictícia cidade de Three Rivers, próxima a Pittsburgh, Pensilvânia, a série acompanhava Angela (Danes) em sua escola, a Liberty High School, e suas relações com seus colegas, professores e família, que nem sempre eram as melhores. Angela normalmente atuava como narradora de cada episódio, conduzindo os acontecimentos conforme seu ponto de vista. Quando a série começa, Angela tem 15 anos e está iniciando o equivalente ao Ensino Médio, e mora com seus pais, Patty (Bess Armstrong) e Graham (Tom Irwin), e com sua irmã, Danielle (Lisa Wilhoit), de 12 anos. Seus melhores amigos são a descolada Rayanne Graff (A.J. Langer) e Rickie Vazquez (Wilson Cruz), porto-riquenho homossexual de família interracial. Completam o elenco dois colegas de Angela na escola, Brian Krakow (Devon Gummersail) e Sharon Cherski (Devon Odessa), e seu interesse amoroso, Jordan Catalano (Jared Leto).

A preferida da produção para o papel de Angela era Alicia Silverstone, que já começava a ganhar fama na época, e era emancipada, o que significava que poderia trabalhar o mesmo número de horas que uma adulta; Holzman, entretanto, a consideraria muito "princesinha" para o papel, achando que os temas escabrosos que seriam abordados poderiam não ser levados a sério devido à sua aparência. Danes, que tinha 14 anos quando fez o teste, além de ter de obedecer o cronograma de filmagens próprio de menores de idade, ainda estava na escola, o que significava que teria que conciliar ambas as atividades; isso faria com que a produção torcesse o nariz para ela - até o teste. Holzman se diria arrebatada pela forma como ela conduziu uma cena de alto teor emocional, encerrando-a como se tivesse desligado um interruptor; diante disso, toda a escala de filmagens seria alterada para que ela estivesse sempre descansada e bem disposta ao filmar, para que sempre rendesse o máximo.

Danes, aliás, não seria a única a ter a carreira alavancada pela série: Cruz, cujo personagem foi inspirado em amigos de adolescência de Holzman, e pôde contribuir com experiências próprias para o personagem, já que foi expulso de casa pelo pai ao se revelar homossexual, também seria considerado um grande destaque, e receberia vários convites para o cinema após o fim da série; já Leto, hoje considerado um ator de primeiro time, inicialmente estaria só no piloto, mas sua química com Danes seria considerada tão boa que Holzman decidiria manter o personagem pelo resto da série.

My So-Called Life lidava com temas polêmicos e complexos, como abuso moral e sexual, homofobia, alcoolismo, não ter onde morar, violência escolar, adultério, censura e uso de drogas; enquanto outras séries da época abordavam esses temas apenas em episódios "muito especiais", My So-Called Life os mostrava de forma escancarada, quase como o foco da série inteira. Essas características fizeram com que a série fosse um gigantesco sucesso de público e crítica, mas também criariam um problema para o canal que a exibia, a ABC, que é um canal aberto, mais preocupado com certos temas do que os canais fechados e a cabo. Por causa disso, apesar do grande sucesso, My So-Called Life teria apenas uma temporada, de 19 episódios, exibidos entre 25 de agosto de 1994 e 26 de janeiro de 1995. A série seria indicada a quatro Emmys, de Melhor Atriz Principal em uma Série de Drama (Danes), Melhor Direção para uma Série de Drama, Melhor Roteiro para uma Série de Drama e Melhor Canção de Abertura, além de render a Danes um Globo de Ouro de Melhor Atriz em uma Série de TV de Drama.

My So-Called Life seria uma das primeiras séries a mobilizar uma campanha pela internet para reverter seu cancelamento; diante da mobilização dos fãs, a ABC chamaria Holzman para conversar sobre a possibilidade de uma segunda temnporada. Danes, entretanto, diria não desejar renovar contrato, por achar o ritmo de gravações muito extenuante, e seus pais sequer permitiriam que ela e Holzman conversassem. Sem Danes, Holzman não veria razão para continuar, e informaria à ABC que o cancelamento seria definitivo. Curiosamente, o sucesso da série inspiraria uma versão alemã, produzida pela RTL, chamada Mein Leben und Ich ("minha vida e eu") que teria 6 temporadas, totalizando 74 episódios de meia hora cada, exibidos entre 2001 e 2009.

Após seu cancelamento, principalmente devido a reprises na Mtv, a série se tornaria cult, e é até hoje citada como uma das melhores séries dramáticas da televisão norte-americana em todos os tempos. Segundo os críticos, ela seria a responsável por afastar as séries juvenis do estilo novela adotado até então em direção a uma abordagem mais realística; Melissa Maerz escreveria que o maior mérito da série era o de que nenhum episódio tinha uma lição muito importante aprendida por algum personagem, nem terminava com Angela dizendo "eu te amo, pai", características onipresentes em produções da época voltadas para adolescentes, que sempre tentavam ser educativas ou promover os valores familiares. My So-Called Life seria a primeira série da TV norte-americana na qual meninas adolescentes falavam abertamente sobre sexo, Rickie seria o primeiro personagem abertamente gay na história da televisão norte-americana, e um dos episódios abordaria a questão da violência com armas de fogo nas escolas cinco anos antes do Massacre de Columbine. Criadores de séries como 13 Reasons Why, Gossip Girl e Andi Mack citam My So-Called Life como sua principal influência, e Greg Berlanti, criador do Arrowverso, a considera "a mais honesta representação da adolescência na história da televisão".

O sucesso de Danes na série renderia um convite para que ela estreasse no cinema, contracenando com Susan Sarandon e Winona Ryder em uma das muitas adaptações de Little Women, de Louisa May Alcott, essa chamada no Brasil de Adoráveis Mulheres, lançada em 1994. Ela também seria convidada pela banda Soul Asylum para atuar no clipe da música Just Like Anyone, de 1995, interpretando uma garota deformada. Depois disso, Danes daria preferência para papéis no cinema, atuando em Feriados em Família (1995), Bem-Me-Quer, Mal-Me-Quer e Para Gillian, no Seu Aniversário (ambos de 1996), nesse último contracenando com Michelle Pfeiffer.

A grande chance de estourar nos cinemas viria com Romeu + Julieta, também de 1996. Aos 16 anos, Danes seria chamada pelo diretor, Baz Luhrman, de "a Meryl Streep de sua geração", e não somente seria a protagonista e interpretaria uma das mulheres mais famosas da literatura mundial como faria par com Leonardo DiCaprio, na época em meteórica ascensão e objeto de desejo de praticamente todas as adolescentes que foram ao cinema ver o filme. Apesar de um grande sucesso de público, o filme não seria bem recebido pela crítica, por ambientar a história na época atual mas manter os diálogos escritos por Shakespeare - o que levava a situações bizarras, como um personagem sacando um revólver enquanto diz "usarei minha espada". Nos anos seguintes, o filme passaria a ser visto como "esquisito", e hoje não costuma ser considerado dos melhores. Danes também ficaria insatisfeita com o filme, e, segundo boatos, recusaria o papel de Rose em Titanic por não querer contracenar novamente com DiCaprio.

Mas ela continuava sendo considerada uma atriz talentosa, e logo receberia convites de dois dos maiores diretores da história do cinema, Francis Ford Coppola, que lhe deu o papel de uma esposa que era abusada pelo marido em O Homem que Fazia Chover, e Oliver Stone, que lhe deu um papel secundário em Reviravolta, ambos de 1997. No mesmo ano, ela seria convidada por Neil Gaiman para escrever a introdução da edição encadernada da minissérie em quadrinhos Morte: O Grande Momento da Vida. Em sua festa de aniversário de 18 anos, ela conheceria o cantor australiano Ben Lee, com quem namoraria até 2003. Pouco depois, ela daria uma contorversa entrevista na qual diria que Manila, a capital das Filipinas, "cheira a ratos e baratas", e lá as pessoas "não têm braços, pernas ou olhos". Essa entrevista faria com que o governo do país a considerasse persona non grata, com a atriz sendo impedida de viajar para lá e seus filmes sendo banidos de todos os cinemas filipinos; Danes já se retrataria várias vezes, pedindo desculpas e alegando ser jovem e inconsequente quando deu a declaração, mas o banimento está em vigor até hoje.

Em 1998, ela estaria em dois filmes, interpretando Cosette, em uma das muitas adaptações da obra Os Miseráveis, de Vitor Hugo, e a filha grávida de um casal de imigrantes poloneses em Casamento Polonês. No ano seguinte, 1999, ela faria sua estreia como dubladora, na versão em inglês do desenho japonês Princesa Mononoke, e seria aclamada pela crítica em duas produções que não fizeram muito sucesso com o público. A primeira foi a versão para o cinema da série de TV The Mod Squad, originalmente exibida entre 1968 e 1973, na qual ela interpretava Julie Barnes, adolescente hippie contratada para fazer parte, junto com dois rapazes, um branco e um negro, de um esquadrão especial da polícia que trabalharia infiltrado, combatendo crimes como tráfico de drogas e prostituição. A segunda seria A Viagem, na qual Danes e Katie Beckinsale são duas amigas que, durante uma viagem à Tailândia, se envolvem com um homem sedutor que na verdade é um traficante de drogas, que acaba fazendo com que elas sejam presas e passem por maus lençóis enquanto tentam se explicar.

Em 2000, ela aceitaria dois convites para fazer teatro, o primeiro para estrelar Os Monólogos da Vagina em abril, o segundo, de Bess Armstrong, que interpretava a mãe de Angela em My So-Called Life, para uma apresentação única do grande clássico Nossa Cidade em novembro. Após fazer 13 filmes em cinco anos, Danes decidiria fazer uma pausa em sua carreira e tentar uma vaga na prestigiada Universidade de Yale, onde seria aceita para cursar psicologia; na metade do curso, entretanto, ela chegaria à conclusão de que não queria ser psicóloga, e que tanto tempo parada poderia fazer com que ela não fosse mais chamada para bons papéis, decidindo abandonar a faculdade para se dedicar à carreira de atriz em tempo integral. Seu retorno aos cinemas se daria já em 2002, com duas produções: A Estranha Família de Igby e As Horas, onde interpretaria a filha de Meryl Streep. Embora recebessem críticas favoráveis, nenhum dos dois seria um grande sucesso de público.

Em 2003, ela decidiria pela primeira vez aceitar um convite para um blockbuster e interpretar a futura esposa de John Connor em O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, no qual contracenaria com Arnold Schwarzenegger. Embora o filme tenha sido um sucesso de bilheteria, seria bastante criticado, e Danes não gostaria da experiência de trabalhar em uma produção tão grandiosa, preferindo voltar aos filmes menores. No mesmo ano, ela estaria em Dogma do Amor e faria uma pequena participação em A Grande Virada.

Danes começaria 2004 estrelando A Bela do Palco, filme que não fez muito sucesso, mas hoje é considerado uma pérola a ser descoberta; seu papel é o de uma jovem atriz que trabalha como figurinista porque, na época em que o filme é ambientado, mulheres não podiam ser atrizes de teatro. Durante as filmagens, ela começaria a namorar o ator Billy Crudup, o protagonista masculino do filme; esse romance chamaria muita atenção sobre Danes, não somente por ele ser 11 anos mais velho, mas porque, na época, Crudup namorava a também atriz Mary-Louise Parker, que estava grávida de sete meses quando ele decidiu trocá-la por Danes. O namoro terminaria em 2006, e, sempre que questionada sobre ele, ela diria que "estava completamente apaixonada, ao ponto de não pensar em nenhuma consequência".

Em 2005 ela voltaria ao teatro, dessa vez com uma apresentação de dança, em Christina Olson: American Model. Essa apresentação ocorreria no Performance Space 122, teatro em Manhattan onde ela tinha se apresentado com três peças durante a infância, antes de iniciar oficialmente sua carreira de atriz. Também em 2005, Danes seria aclamada pela crítica por seu papel em A Garota da Vitrine, no qual interpretava uma jovem vendedora por quem o personagem de Steve Martin se apaixona, e teria um papel menor no confuso filme de Natal Tudo em Família. No ano seguinte, ela conheceria o ator inglês Hugh Dancy, enquanto filmava Ao Entardecer, lançado em 2007. Danes e Dancy namorariam três anos, se casariam na França em 2009, e teriam três filhos: Cyrus, nascido em 2012, Rowan, de 2018, e Lynde Jayne, de 2023.

Ela começaria 2007 retornando ao Performance Space 122, para interpretar Edith and Jenny. No final do ano, ela faria sua estreia na Broadway, interpretando Elisa Doolittle em uma montagem de Pigmaleão. Nos cinemas, ela estaria em Stardust: O Mistério da Estrela, baseado no livro de Neil Gaiman, no qual interpreta a estrela Yvaine; e em Justiça a Qualquer Preço, no qual contracenava com Richard Gere, no papel de uma jovem agente treinada por ele para assumir como uma espécie de caçadora de abusadores sexuais quando ele se aposentar. Sua última aparição no cinema antes de um longo hiato seria em Eu e Orson Welles, de 2008.

Em 2010, Danes mais uma vez arrebataria os críticos ao protagonizar o filme para a TV da HBO Temple Grandin, interpretando a cientista australiana de mesmo nome, que é autista, e tem mostrada no filme sua luta para conseguir se formar e trabalhar, até se tornar uma das maiores autoridades da Austrália em seu campo. O filme renderia um segundo Globo de Ouro para Danes, de Melhor Atriz em uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão - sendo indicado também ao de Melhor Minissérie ou Filme Feito para a Televisão e ao de Melhor Ator Coadjuvante em uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão (para David Strathairn) - e seria indicado a nada menos que 14 Emmys, ganhando os de Melhor Filme Feito para a Televisão; Melhor Atriz Principal em uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão (Danes); Melhor Ator Coadjuvante em uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão (Strathairn); Melhor Atriz Coadjuvante em uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão (Julia Ormond); Melhor Direção para uma Minissérie, Filme Feito para a Televisão ou Especial de Drama; Melhor Composição Musical Dramática para uma Minissérie, Filme Feito para a Televisão ou Especial; e Melhor Edição para uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão de Única Câmera - os demais seriam para Melhor Atriz Coadjuvante em uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão (Catherine O'Hara); Melhor Roteiro para uma Minissérie, Filme Feito para a Televisão ou Especial de Drama; Melhor Direção de Arte para uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão; Melhor Elenco para uma Minissérie, Filme Feito para a Televisão ou Especial; Melhor Cabeleireiro para uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão; Melhor Sequência de Abertura; Melhor Maquiagem Não-Prostética para uma Minissérie ou Filme Feito para a Televisão; e Melhor Edição de Som para uma Minissérie, Filme Feito para a Televisão ou Especial. Além de ganhar esses prêmios todos, o filme seria um grande sucesso de audiência, e a própria Grandin elogiaria a atuação de Danes.

A partir de 2011, Danes teria mais um papel de grande destaque em Homeland, ao interpretar a agente da CIA Carrie Mathison, que sofre de transtorno bipolar. Inspirada na série israelense Hatufim, nas três primeiras temporadas Homeland lida com o relacionamento de Carrie com Nicholas Brody (Damian Lewis), militar que retorna do Afeganistão após passar anos como prisioneiro de guerra e é recebido como herói nacional, com Carrie desconfiando que ele foi convertido pelos sequestradores e agora atua como espião. Com a resolução dessa história ao final da terceira temporada, a partir da quarta a série se torna "As Aventuras de Carrie", com a agente se vendo envolvida em várias situações que envolvem terrorismo internacional. Homeland teria um total de 96 episódios em 8 temporadas, exibidas entre 2 de outubro de 2011 e 26 de abril de 2020, e renderia a Danes cinco indicações ao Emmy de Melhor Atriz Principal em uma Série de Drama (dos quais ela ganharia dois) e três indicações ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em uma Série de Televisão de Drama (dos quais também ganharia dois).

Enquanto estava em Homeland, Danes faria participações nos filmes Tão Descolada Quanto Eu (2013), As Aventuras de Brigsby Bear (2017) e Um Garoto como Jake (2018), além de participar de episódios das séries Master of None, em 2015, e Portlandia, em 2017. Em março de 2016, ela estaria no teatro, na peça Dry Powder, ao lado de John Krasinski; um ano antes, ela receberia uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.

Após Homeland, Danes preferiria se dedicar integralmente à televisão. Em 2022, ela estaria ao lado de Tom Hiddleston em A Serpente de Essex, drama de época baseado no livro de mesmo nome de Sarah Perry, em seis episódios exibidos entre 13 de maio e 10 de junho na AppleTV+, no papel de uma viúva que estuda misticismo e vai até Essex investigar relatos do aparecimento de uma serpente sobrenatural, se envolvendo com o pároco local e sendo apontada como culpada quando a criatura começa a fazer vítimas.

Também em 2022, ela estaria em A Nova Vida de Toby, série com 8 episódios exibidos entre 17 de novembro e 29 de dezembro no serviço de streaming Hulu, como a ex-mulher do médico Toby Fleishman (Jesse Eisenberg), que, recém-divorciado aos 40 anos, decide usar aplicativos para conseguir encontros amorosos, se envolvendo em várias confusões. O papel daria a Danes mais uma indicação ao Emmy e mais uma ao Globo de Ouro, ambos na categoria Melhor Atriz Coadjuvante em uma Série de Antologia ou Limitada ou Filme para a Televisão.

O mais recente papel de Danes foi na minissérie Círculo Fechado, exibida em 6 episódios no serviço de streaming Max entre 13 e 27 de julho de 2023, na qual um sequestro fracassado expõe segredos de vários moradores de Nova Iorque. Com nada menos que quatro Globos de Ouro na estante, todos devido a seus papéis na TV, não parece provável que ela se anime a voltar a fazer cinema. Pior para o cinema.

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