O principal diferencial de Cleopatra and the Society of Architects são seus componentes, que incluem peças em plástico para montar um palácio de aproximadamente 15 cm de altura, 30 cm de comprimento e 30 cm de largura. Os jogadores assumem o papel de arquitetos que trabalham para a Rainha Cleópatra, que os incumbiu de construir o palácio, e será vencedor aquele que contribuir com as mais valiosas estruturas. Como essa não é uma tarefa fácil, os jogadores podem recorrer aos Adoradores de Sobek, o deus-crocodilo, para obter vantagens que, embora acelerem a construção e rendam mais pontos, também rendem corrupção, que deduz pontos da pontuação final e pode fazer com que um jogador perca a partida mesmo sendo o que mais contribuiu com o palácio.
O jogo é uma criação de Bruno Cathala, também criador de outro jogo sobre o qual eu já falei no átomo, Kingdomino. Segundo Cathala, ele desejava fazer um jogo no estilo "teste os limites de sua sorte", já que dificilmente um jogador conseguirá ganhar sem pedir ajuda aos Adoradores de Sobek, mas com certeza irá perder se abusar dessa ajuda, então os jogadores passam toda a partida lidando com o dilema de se devem seguir se corrompendo ou parar, com a tensão aumentando a cada nova parte construída do palácio. O principal objetivo, mais do que ganhar pontos, é pesar os riscos e recompensas para saber o momento apropriado de pedir ajuda.
Cathala não desenvolveria o jogo sozinho, contando com a ajuda de Ludovic Maublanc, autor de Dice Town; essa seria a primeira parceria entre os dois, que, depois, também fariam juntos Cíclades. A arte do jogo ficaria a cargo de Cyrille Daujean, e as peças tridimensionais seriam criadas por Julien Delval. Cleopatra and the Society of Architects seria originalmente lançado em 2006 pela editora Days of Wonder, mesma de Ticket to Ride, e seria indicado ao prêmio Golden Geek de Melhor Jogo para Toda a Família.
Apesar de seus belos componentes, Cleopatra and the Society of Architects não seria um sucesso de vendas, por dois motivos: primeiro, justamente por causa desses belos componentes, o jogo era muito caro, segundo, suas regras eram consideradas complicadas. Por causa disso, depois que sua tiragem original se esgotou, a Days of Wonder não se interessou em relançá-lo, e o jogo ficou por muitos anos fora do mercado. Somente em 2019 a editora Mojito Studios procurou Cathala e Maublanc, para conversar sobre a possibilidade de lançar uma segunda edição do jogo, já que os direitos não pertenciam à Days of Wonder. Cathala e Maublanc aproveitariam para dar uma limpada nas regras, removendo componentes como as fichas de mercadores do Nilo e os dados do grande sacerdote, e mudando a forma como os jogadores pediam ajuda aos Adoradores de Sobek. A primeira edição também trazia componentes para até 5 jogadores, mas os autores decidiriam fazer com que a segunda fosse para de 2 a 4, para tornar o jogo mais rápido. Outra mudança importante seria que a primeira edição teria textos nas cartas, mas a segunda traria todas as suas informações através de símbolos.
Lançada em 2020 com o nome de Cleopatra and the Society of Architects: Deluxe Edition, a segunda edição também ganharia uma nova arte, de Miguel Coimbra (com um estilo mais de desenho animado, enquanto a primeira tinha um estilo mais realístico), e novas peças tridimensionais criadas por Delval, mais bonitas que as da edição original - e mais branquinhas, já que as da Days of Wonder tinham um tom amarelado. A Deluxe Edition é a única disponível no Brasil, e, assim mesmo, não foi exatamente lançada - como não há no jogo nenhuma informação em texto, a editora Conclave apenas importou o jogo original, acrescentando um manual em português que vem em um envelope de plástico preso junto à caixa. Como vocês devem ter imaginado, as regras que eu vou descrever nesse post são as da Deluxe Edition, mais recente e disponível em nosso país.
O jogo tem componentes em papelão, em plástico e cartas. Os componentes em papelão são 1 tabuleiro de jardim do palácio, 1 tabuleiro de praça da esfinge, 1 tabuleiro de piso do palácio, 1 tabuleiro de Adoradores de Sobek, 5 fichas de Adoradores de Sobek, 12 peças de mosaico dos deuses (cada uma formada por cinco quadrados dispostos em diferentes formatos, tipo Tetris), 100 fichas de tesouro dos escaravelhos (divididas em 1, 2, 5 e 10 pontos) e 90 amuletos de corrupção. Os componentes em plástico serão usados para montar o palácio, e são 1 base do palácio, 3 colunas da esquerda, 3 colunas centrais, 3 colunas da direita, 1 parte esquerda da porta da frente, 1 parte direita da porta da frente, 4 pilares, 6 esfinges, 1 pedestal, 1 trono, 2 obeliscos, 8 estátuas de Anúbis e 1 miniatura de Cleópatra. As cartas são 44 de recurso padrão (11 de cada para madeira, pedra, mármore e lápis-lazúli), 12 de recursos corrompidos (3 de cada recurso), 30 de artesão e 8 de caverna. Cada jogador, que pode escolher entre as cores azul, verde, laranja e roxa, recebe 1 carta de guia de referência, 1 pirâmide (de papelão) e 2 bases coloridas (de plástico).
Durante a preparação, a base do palácio é colocada no centro da mesa, com o piso do palácio em seu centro. Os quatro pilares são encaixados nos locais pré-determinados do piso, e o jardim do palácio é colocado sobre os pilares, também em uma posição pré-determinada. A praça da esfinge é colocada adjacente à base do palácio, com o espaço de número 5 ao lado das escadas. A miniatura de Cleópatra é colocada na primeira casa da praça da esfinge, a que conta com sua figura. O tabuleiro de Adoradores de Sobek é colocado próximo ao palácio, e as 5 fichas de Adoradores são embaralhadas e colocadas, aleatoriamente, com a face para cima, cada uma em uma das casas do tabuleiro. Os escaravelhos devem ser separados por valor, e são colocados próximo ao palácio, assim como os amuletos de corrupção, em uma reserva de fácil acesso por todos os jogadores. As peças do mosaico dos deuses são empilhadas em ordem aleatória e também colocadas nessa reserva próxima ao tabuleiro.
As 94 cartas são todas embaralhadas juntas, e cada jogador recebe 3 cartas, com a face virada para baixo. O baralho, então, é dividido em 3 montes de tamanho aproximado. Dois desses montes serão virados com a face para cima, e então eles serão combinados, com o que ficou com a face para baixo no meio, e embaralhados novamente, para que o monte de compras tenha intercaladas cartas com a face para cima e com a face para baixo. As 3 cartas do topo do monte de compras devem ser colocadas nos três espaços correspondentes do tabuleiro de Adoradores de Sobek, respeitando sua orientação - cartas que estavam com a face para cima no monte de compras seguem com a face para cima no tabuleiro, cartas que estavam com a face para baixo seguem com a face para baixo. O monte de compras é colocado próximo ao tabuleiro, e, durante o jogo, toda vez que uma carta sair do monte de compras para o tabuleiro, a orientação também deverá ser respeitada.
Cada jogador recebe sua pirâmide, que deve ser montada e colocada à sua frente, um guia de referência, as duas bases coloridas de sua cor e duas estátuas de Anúbis, colocando uma base colorida em cada estátua e as deixando ao lado de sua pirâmide. Cada jogador então pega, da reserva, uma quantidade de escaravelhos cujo total some 5 (um de 5, cinco de 1, dois de 2 e um de 1, não importa) e os coloca à sua frente, com o lado que tem a pontuação virado para baixo, para que, ao longo do jogo, nenhum oponente saiba quantos pontos cada jogador tem. Finalmente, as peças de plástico restantes são colocadas sobre a mesa, em um local de fácil acesso, mas que não atrapalhe nenhum jogador, para formar a Pedreira.
Após definir quem será o jogador inicial, os jogadores jogarão em sentido horário. Em sua vez de jogar, cada jogador pode escolher se vai visitar o Mercado ou visitar a Pedreira - mas apenas um, nunca ambos. Se escolher visitar o Mercado, o jogador escolherá uma das três casas com cartas do tabuleiro de Adoradores de Sobek - chamadas, em termos de jogo, de Tendas - e pegará todas as cartas que estiverem nessa Tenda, acrescentando-as à sua mão. Então, ele pegará mais três cartas do topo do monte de compras e colocará uma em cada Tenda, na ordem que desejar - isso significa que, na primeira vez em que alguém for visitar o Mercado, cada Tenda terá apenas uma carta, mas depois disso, cada Tenda poderá ter uma quantidade diferente de cartas. Quando uma nova carta é colocada em uma Tenda, ela não cobre a que estava lá, sendo colocada ligeiramente deslocada, de forma que uma parte da carta que ficaria imediatamente abaixo dela permaneça visível, e todos os jogadores saibam quais cartas estão em cada Tenda - lembrando também que cartas que estiverem no monte de compras com a face para baixo serão colocadas na Tenda com a face também virada para baixo.
O máximo de cartas que um jogador pode ter na mão é 10. Ao final de seu turno, quando for passar a vez ao jogador seguinte, se um jogador tiver mais de 10 cartas em sua mão, ele deverá escolher uma quantidade igual ao excedente e colocá-la, com a face para baixo, em um monte de descartes próximo ao tabuleiro de Adoradores de Sobek - mas em uma posição que não se confunda com a do monte de compras. Cartas que os jogadores joguem durante a partida também são colocadas nesse monte de descartes. Quando um jogador tiver de comprar cartas para as Tendas, se o monte de compras acabar, ele deverá pegar o monte de descartes, embaralhar, separar em três montes, virar dois com a face para cima, combiná-los e embaralhar de novo para formar um novo monte de compras.
Se escolher visitar a Pedreira, o jogador irá descartar cartas de sua mão para adquirir as peças que usará para construir o palácio. Cada peça possui um custo expresso no guia de referência, que é uma combinação de cartas de artesão e de recursos; o jogador deverá ter todas as cartas necessárias na mão, e colocá-las no monte de descartes após pegar a peça pela qual está pagando. Cada peça possui um local pré-determinado no palácio, onde o jogador deverá colocá-la após pegá-la na pedreira; caso mais de um espaço estiver disponível, o jogador escolhe onde vai colocar a peça. Um jogador pode usar uma única ação de visitar a Pedreira para colocar no palácio quantas peças quiser, desde que tenha cartas suficientes para pagar por todas elas. Não há "troco" para os recursos, ou seja, se o jogador precisava de 1 mármore, mas só tem uma carta de 2 mármores, ele pode usá-la mesmo assim, mas não recebe uma carta de 1 mármore de volta.
Cada peça também possui um valor em pontos, também expresso no guia de referência; após colocar a peça no palácio, o jogador pega na reserva geral uma quantidade de escaravelhos cuja soma seja o valor da peça e os coloca à sua frente, com a face para baixo - é permitido "troco", como, por exemplo, se o jogador for ganhar 8 pontos, ele pega da reserva um escaravelho que vale 10 e devolve para a reserva um de seus escaravelhos que vale 2.
As peças do palácio são divididas em seis categorias. Cinco das categorias usam peças de plástico: Esfinges (6 peças; devem ser colocadas na praça da esfinge, em duas fileiras de três peças cada; custo de 1 artesão + 2 recursos iguais; recompensa de 3 pontos + 1 ponto por cada outra esfinge já construída na mesma linha, para um máximo de 5 pontos), Portas (2 peças, uma para cada metade; colocadas na frente do palácio, onde ele se liga com a praça da esfinge; custo de 2 artesãos + 3 recursos iguais; recompensa de 5 pontos + 1 ponto para cada parede contínua ligada à porta no momento da construção, máximo de 14 pontos), Obeliscos (2 peças, colocados na praça da esfinge; custo de 3 artesãos + 4 recursos iguais; recompensa de 10 pontos + 2 pontos para cada esfinge já construída na mesma linha, máximo de 16 pontos), Paredes (9 peças, sendo 3 de colunas da esquerda, 3 de colunas da direita e 3 de colunas centrais; colocadas em volta do palácio, uma peça de cada tipo do lado esquerdo, uma de cada tipo do lado direito e uma de cada tipo na parte de trás; podem ser construídas em qualquer ordem; custo de 1 artesão + 2 recursos diferentes; recompensa de 3 pontos + 1 ponto para cada quadrado de mosaico adjacente à parede que acabou de ser construída, máximo de 6 pontos) e Trono (2 peças, uma para o trono e uma para o pedestal; colocados no jardim do palácio; o pedestal deve obrigatoriamente ser construído primeiro; custo de 3 artesãos + 4 recursos diferentes; recompensa de 10 pontos + 1 ponto para cada quadrado de mosaico adjacente ao pedestal ou trono no momento de sua construção, máximo de 19 pontos). Para uma peça ser considerada adjacente, ela deve tocar a outra na horizontal ou vertical, não contando peças que se toquem em suas diagonais.
A sexta categoria é a do Mosaico dos Deuses, e possui uma regra especial. Para construir o Mosaico dos Deuses, o jogador deve pagar 2 artesãos + 3 recursos diferentes; então, ele pega a peça do topo da pilha de peças do mosaico dos deuses e a coloca no jardim do palácio, de forma que todos os quadrados da peça fiquem dentro dos limites do jardim (não pode ficar um quadrado para fora) e nenhum deles cubra nem outro quadrado que já havia sido colocado lá antes, nem o espaço reservado ao pedestal do trono. Cada vez que uma peça de mosaico é colocada no jardim, o jogador deve verificar se a peça seguinte da pilha é possível de ser construída (ou seja, se há algum espaço no jardim no formato em que ela possa ser encaixada de acordo com as regras); se não houver, a peça é removida do jogo e o jogador confere a mesma coisa para a seguinte. É importante dizer que o jogador apenas confere se ainda há um lugar para a peça, não a coloca no jardim. Se a última peça da pilha for removida do jogo, a categoria Mosaico dos Deuses é considerada concluída (o mesmo ocorrendo, evidentemente, se a última peça da pilha for colocada no jardim seguindo as regras normais).
A recompensa por colocar uma peça de mosaico no jardim dos deuses é de 5 pontos + 1 ponto por cada palmeira coberta pela peça, para um máximo de 10 pontos. Porém, se, na hora em que o jogador colocar uma peça no jardim, ele criar uma área fechada, na qual seja impossível colocar uma das peças restantes, e ele ainda tiver estátuas de Anúbis em sua reserva, o jogador poderá abrir mão de receber a pontuação em troca de colocar a estátua nessa área, criando um Santuário - na hipótese rara de a colocação da peça ter resultado em duas áreas isoladas, o jogador pode colocar ambas as estátuas de uma vez, criando dois Santuários. Caso o jogador que colocou a peça opte por receber a pontuação, nenhum outro jogador poderá colocar sua estátua lá, e a área ficará vazia até o final do jogo. Criar um Santuário não resulta em pontos, mas traz uma vantagem para o jogador, que veremos em breve, no final do jogo.
No início de seu turno, um jogador também pode pedir ajuda aos Adoradores do Sobek, o que conta como uma ação livre - ou seja, o jogador pode pedir ajuda e depois visitar o Mercado, ou pedir ajuda e depois visitar a Pedreira. Pedir ajuda é totalmente opcional, nenhum jogador pode ser obrigado a pedir ajuda, mas deve ser feito sempre no início de seu turno - se um jogador visitar o Mercado ou a Pedreira antes de pedir ajuda, ele perde o direito de pedir ajuda naquele turno.
Ao pedir ajuda, primeiro o jogador escolhe uma das cinco fichas de Adoradores de Sobek; o personagem na ficha que ele escolheu estará sendo ativado. Dependendo da casa que a ficha ocupe, cada personagem possui um custo de ativação, que pode ser em escaravelhos ou em amuletos de corrupção: se for em escaravelhos, o jogador pega de seu total de escaravelhos uma quantidade cuja pontuação seja igual ao custo e os devolve para a reserva geral; se for em amuletos de corrupção, o jogador pega da reserva geral uma quantidade de amuletos igual ao custo e os coloca dentro de sua pirâmide - assim como o total de pontos dos escaravelhos, o total em corrupção que cada jogador tem deve ser mantido em segredo de seus oponentes, e é para isso que serve a pirâmide; um jogador pode, entretanto, a qualquer momento, consultar quantos amuletos de corrupção ele mesmo tem. Após pagar o custo, o jogador ganhará a vantagem conferida pelo personagem representado na ficha.
Os cinco personagens que o jogador pode escolher são: Arquiteto (nesse turno, ganhe 4 pontos de escaravelho para cada peça do palácio que você construir), Vizir (neste turno, você pode visitar tanto o Mercado quanto a Pedreira, não precisando escolher apenas um), Mercador (neste turno, você paga dois recursos a menos, à sua escolha, quando for construir uma peça do palácio), Pedinte (pegue quatro cartas do topo do monte de compras e as coloque em sua mão) e Contramestre (neste turno, você paga dois artesãos a menos quando for construir uma peça do palácio). Cada jogador só pode pedir ajuda a um único Adorador de Sobek por turno, ou seja, só pode escolher uma ficha de cada vez.
Ao escolher seu personagem e pagar seu custo, o jogador move a ficha para fora do tabuleiro de Adoradores de Sobek, mas a deixa no espaço acima da casa que ela estava ocupando, para mostrar que ela está ativa. No final de seu turno, após executar sua ação e usar a vantagem da ficha, mas antes de descartar o excesso de sua mão e passar a vez, o jogador deverá mover a ficha que estava à esquerda da que foi ativada para a casa que ela ocupava, e, se for o caso, todas as seguintes para as casas vazias à sua esquerda, até que a casa vazia seja a última, colocando a ficha que havia sido ativada lá. Isso faz com que o custo de cada ficha mude cada vez que um jogador pede ajuda, e com que a ficha ativada pelo último jogador seja sempre a mais cara para o seguinte. Esse procedimento, evidentemente, não é realizado se a ficha ativada estava na última casa.
Ao descartar o excesso de sua mão, o jogador também pode rezar para Sobek, o que também é uma ação livre, e não requer ativação de fichas - basta que o jogador pegue um amuleto de corrupção para cada carta além da décima que tiver em sua mão e os coloque em sua pirâmide. Ao fazer isso, o jogador não precisará descartar nenhuma carta, mas ele sempre precisará manter todas as que tem - por exemplo, se um jogador tiver 14 cartas na mão, ele pega 4 amuletos e mantém todas as 14, não sendo possível pegar 2 amuletos e descartar 2 cartas.
Sobek também se manifesta nas cartas corrompidas: toda vez que um jogador usa uma carta corrompida durante uma visita à Pedreira, ele deve pegar 1 amuleto de corrupção da reserva geral para cada cada carta que usou e colocar em sua pirâmide. Existem 20 cartas corrompidas no baralho, 3 para cada recurso e 8 de caverna, que podem ser identificadas por suas bordas vermelhas (as demais cartas têm bordas verdes). Cada carta de recurso corrompida vale 2 recursos do tipo mostrado - uma carta corrompida de pedra, por exemplo, vale 2 pedras - e é permitido compartilhar cartas corrompidas entre duas peças em uma visita à Pedreira - por exemplo, a mesma carta corrompida de pedra poderia ser usada para pagar tanto o custo de uma parede quanto de uma porta. Já as cartas de caverna são curingas, e podem ser usadas para representar qualquer recurso (mas não artesãos). Um jogador não pega amuletos de corrupção se descartar cartas corrompidas para manter o total de cartas de sua mão em 10.
Se, após um jogador colocar uma peça no palácio, aquela peça for a última de sua categoria (por exemplo, se o jogador coloca no palácio a segunda das duas metades da porta, ou a última das seis esfinges), aquela categoria é considerada concluída. Toda vez que uma categoria é concluída, Cleópatra anda para a frente na praça da esfinge. Quando ela chegar à quarta casa, deverá ser feita a Oferenda ao Grande Sacerdote: cada jogador deve pegar uma quantidade de pontos de escaravelhos que deseja ofertar e mantê-la em segredo em sua mão; quando todos tiverem escolhido, todos revelam ao mesmo tempo. O jogador que tiver ofertado a maior quantidade de pontos ganha o direito de pegar 3 amuletos de corrupção de sua pirâmide e devolvê-los à reserva geral; se ele tiver menos de 3, devolve todos. O jogador que ofertou a segunda maior quantidade de pontos pega 1 amuleto de corrupção da reserva geral e coloca em sua pirâmide; o que ofertou a terceira maior quantidade pega 2 amuletos de corrupção, e o que ofertou a menor quantidade de pontos pega 3 amuletos de corrupção da reserva geral e os coloca em sua pirâmide. Em caso de empate, os jogadores compartilham o efeito e o seguinte é pulado - por exemplo, caso dois jogadores empatem como o maior número de pontos ofertados, cada um deles tem o direito de devolver 3 amuletos de corrupção para a reserva geral, e o que ofertar a segunda maior quantidade de pontos deverá pegar 2 amuletos (pois o efeito "pegar 1 amuleto" é pulado). Independentemente da quantidade de pontos que o jogador ofertou, todos os escaravelhos ofertados são devolvidos para a reserva geral, ou seja, todos os pontos que os jogadores "apostaram" são perdidos.
Quando Cleópatra chega à quinta casa, o fim de jogo é acionado. Cada um dos jogadores, exceto aquele que moveu Cleópatra para a quinta casa, tem direito a mais um turno, seguindo as regras normais, e então são realizados cinco passos em uma ordem pré-determinada: primeiro, cada jogador descarta todas as cartas que ainda tinha na mão, recebendo 1 amuleto de corrupção para cada carta corrompida que descartar dessa forma. Segundo, cada jogador abre sua pirâmide e revela quantos amuletos de corrupção ainda tem lá dentro. Terceiro, cada jogador coloca um de seus amuletos de corrupção em cada espaço de seus Santuários, incluindo os espaços onde estão as estátuas. Quarto, cada jogador conta quantos amuletos de corrupção ainda tem; o que tiver menos descarta todos eles, então cada um dos outros descarta a mesma quantidade que aquele descartou - se alguém não tiver nenhum, ninguém descarta nada.
Finalmente, cada jogador paga uma penalidade, de acordo com o número de amuletos de corrupção que ainda tem: um jogador que ainda tenha 1 amuleto perde 1 ponto; 2 amuletos, 3 pontos; 3 amuletos, 6 pontos; 4 amuletos, 10 pontos; 5 amuletos, 15 pontos; 6 amuletos, 20 pontos; 7 amuletos, 25 pontos; e jogadores que ainda tenham 8 ou mais amuletos são servidos como alimento ao crocodilo de estimação de Cleópatra e desclassificados. Não é possível ficar com pontuação negativa, mas é possível um jogador terminar com pontuação 0 caso receba uma penalidade igual ou maior que o total de pontos de seus escaravelhos. Depois disso tudo, dentre os jogadores que não tiverem virado comida de crocodilo, o que tiver a maior pontuação é o vencedor. O jogo não traz nenhuma forma de quebrar empates, então supõe-se que é possível terminar empatado - assim como teoricamente é possível todo mundo terminar com pontuação zero.
Para conseguir produzir a Deluxe Edition, os Mojito Studios recorreram a um expediente já bem conhecido de quem lê meus posts sobre jogos de tabuleiro: um financiamento coletivo através do Kickstarter. Com meta de 50 mil dólares, o projeto seria totalmente financiado em apenas cinco horas, e se encerraria com 3.679 apoiadores que contribuiriam com 351.835 dólares, o que garantiria várias metas estendidas exclusivas para os apoiadores: escaravelhos de plástico, cartas em papel especial, peças do mosaico dos deuses em resina, amuletos de corrupção em metal, bolsa de veludo para que os oponentes não vejam quantos amuletos de corrupção cada jogador está pegando, bolsa de veludo para os escaravelhos, caixa especial com detalhes dourados, tabuleiro dos Adoradores de Sobek em papelão especial com duas camadas, tabuleiro do jardim dos deuses de plástico, pirâmides de plástico, e bandejas de plástico para acomodar as peças na Pedreira. Também estavam disponíveis, como add ons, um livro com toda a arte produzida para o jogo e a possibilidade de todas as peças de plástico (exceto os escaravelhos) virem pintadas.
Quatro das metas estendidas seriam mini-expansões exclusivas. A primeira seria The Cult of Sobek, e traria como componentes 3 estátuas de Sobek, 1 marcador de Sobek, 4 cartas de Sobek e 4 novos guias de referência. Quando um jogador visita a Pedreira, se ele já tiver um Santuário, pode pagar 1 artesão + 1 de cada recurso para colocar uma estátua de Sobek ao lado de sua estátua de Anúbis (sendo que o número de estátuas de Sobek disponíveis é sempre 1 a menos que o número de jogadores na partida). Se o fizer, ele poderá escolher uma das cartas de Sobek e colocá-la próxima à sua pirâmide, ganhando uma vantagem até o final do jogo. As quatro vantagens possíveis são: cada oponente coloca 1 amuleto de corrupção nas pirâmides deles quando você construir uma esfinge; cada oponente coloca 1 amuleto de corrupção nas pirâmides deles quando você construir uma parede; toda vez que um oponente construir uma porta, parte do trono ou obelisco, ele deverá te dar 2 pontos em escaravelhos; escolha uma de suas estátuas de Sobek (se tiver construído mais de uma) e coloque sob ela o marcador, no fim do jogo, cada casa do santuário onde está essa estátua poderá receber 2 amuletos de corrupção ao invés de 1.
A segunda seria The Whims of Cleopatra, que teria como componentes um dado especial e 7 fichas de bônus. No início do jogo, as fichas são colocadas com a face para baixo próximas à Pedreira, e o dado é rolado e colocado lá com a face que sair para cima. Cada uma das faces do dado representa uma das categorias de peças, e, toda vez que um jogador visitar a Pedreira e construir uma das peças da categoria mostrada, poderá sortear aleatoriamente uma das fichas e executar seu efeito. Os sete efeitos possíveis são: devolva 2 amuletos de corrupção para a reserva; cada oponente recebe 1 amuleto de corrupção; ganhe 3 pontos; cada oponente dá a você um escaravelho valendo 1 ponto; mantenha essa ficha e descarte-a da próxima vez em que visitar a Pedreira para que ela substitua 2 artesãos; mantenha essa ficha e descarte-a da próxima vez em que visitar a Pedreira para que ela substitua 2 recursos quaisquer; e pegue todas as cartas da Tenda que tiver menos (à sua escolha se houver empate) e coloque-as em sua mão sem pegar novas cartas do monte de compras para as Tendas. Se a categoria de peças mostrada pelo dado for concluída e ainda houver fichas de bônus disponíveis, o dado é novamente rolado até que saia uma categoria que ainda tenha peças a construir.
A terceira seria The Wisdom of Bastet, que teria como componentes uma estátua de Bastet e 10 cartas de Bastet, que são embaralhadas às cartas de recursos e artesãos para formar o monte de compras. Toda vez que um jogador pega as cartas de uma Tenda que tenha pelo menos uma carta de Bastet, ele recebe 3 pontos, pega a estátua de Bastet e a coloca ao lado de sua pirâmide, mesmo que a estátua já estivesse com outro jogador - se a estátua já estava com ele, ele ganha 3 pontos adicionais, para um total de 6. No início do turno de cada jogador, se ele estiver com a estátua de Bastet, ele ganha imediatamente 3 pontos.
A quarta e última seria Architects from Far Away, que tinha 4 cartas de Arquitetos, que, curiosamente, eram cada uma uma meta estendida de um valor diferente. As quatro cartas são colocadas com a face para baixo ao lado da pedreira, sempre uma a menos que o total de jogadores na partida, escolhidas aleatoriamente. Quando Cleópatra andar para a frente pela primeira vez (ou seja, quando a primeira categoria de peças for concluída), ocorre uma aposta com as mesmas regras da Oferenda ao Grande Sacerdote; o jogador que ofertar a maior quantidade de pontos poderá olhar as cartas dos Arquitetos e escolher uma, então o segundo e então o terceiro (se isso for possível) - o jogador que ofertar a menor quantidade de pontos, assim como jogadores que não ofertarem pontos, não terá direito a escolher um Arquiteto. Cada carta de Arquiteto é mantida próxima à pirâmide do jogador que a escolheu, e cada uma delas tem um efeito de uso único, devendo ser removida do jogo após usada: a Arquiteta Grega deve ser usada quando o jogador visitar a Pedreira, e permite que ele use cartas corrompidas para pagar pelas peças sem receber amuletos de corrupção; a Arquiteta Gaulesa deve ser usada quando o jogador visitar o Mercado, e permite que ele, no fim desse turno, mantenha todas as cartas que tem em sua mão sem receber amuletos de corrupção; o Arquiteto Babilônico deve ser usado quando o jogador for visitar o Mercado, e permite que ele pegue cartas de duas Tendas, com uma delas obrigatoriamente tendo que ser a que tem menos cartas (à escolha do jogador se for mais de uma); e o Arquiteto Romano deve ser usado quando o jogador for pedir ajuda aos Adoradores de Sobek, permitindo que ele use uma das fichas sem pagar seu custo.
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