Black Mirror foi uma criação do roteirista inglês Charlie Brooker, que ficou famoso escrevendo roteiros para séries de comédia. Fã de Além da Imaginação e de sua equivalente britânica Tales of the Unexpected, exibida entre 1979 e 1988, ele decidiria escrever uma série de antologia de ficção científica em 2010, enquanto trabalhava em um de seus maiores sucessos, a comédia Newswipe. Segundo Brooker, o que ele mais gostava em Além da Imaginação era como seu criador, Rod Serling, utilizava cenários de fantasia e ficção científica para debater questões sociais e temas como racismo, misoginia e religião; seu desejo era fazer o mesmo, mas focando especialmente no mau uso da tecnologia. Antes de começar de vez a produção da série, ele experimentaria o tema em How TV Ruined Your Life, minissérie em 6 episódios escrita e produzida por ele exibida pela BBC em 2011.
Brooker trabalhava em uma produtora, chamada Zeppotron, responsável pelas já citadas Newswipe e How TV Ruined Your Life, e que também produziria Black Mirror; inicialmente, a equipe de produção queria que a série tivesse ou um apresentador ou um tema recorrente, mas ele seria contra, achando que isso poderia tolir sua liberdade criativa. Ele também decidiria que os episódios não teriam uma duração pré-determinada (tipo 20 ou 40 minutos cada), com cada um durando o tempo que fosse necessário para apresentar e concluir a história. Essa característica acabaria afastando a BBC, que não queria ter de ficar mexendo em sua grade, e faria com que Black Mirror fosse originalmente exibida no Channel 4, um canal também nacional, mas de menor audiência. Inicialmente, o Channel 4 queria oito episódios de meia hora, mas, após ouvir a ideia de Brooker de que os episódios não teriam duração estipulada, encomendaria somente três.
Embora muitos acreditem que o título da série faz referência a uma realidade paralela sombria, Brooker declararia que o tal "espelho preto" é nada mais que um elemento já hoje encontrado em abundância em qualquer residência: a tela de uma TV, de um computador ou de um smartphone. A maioria dos episódios não possui um final feliz, o que é proposital; Brooker diria que, ao ter a ideia para um episódio, a primeira coisa na qual ele pensava era "como isso pode dar errado?". A maioria dos episódios também apresenta alguma nova tecnologia - minha preferida são os celulares com tela dos dois lados - o que faz com que a série também se enquadre no gênero da ficção especulativa; muitos fãs acreditam que Brooker conseguiu prever o futuro, dando origem à famosa frase "isso é muito Black Mirror", usada nas redes sociais quando alguma situação da vida real se assemelha a uma apresentada pela série.
Black Mirror estrearia em 4 de dezembro de 2011 com o segundo episódio filmado, The National Anthem, escrito por Brooker, no qual a Princesa do Reino Unido é sequestrada, e o Primeiro-Ministro (Rory Kinnear, dos filmes de 007 com Daniel Craig) é chantageado pelo sequestrador, que, para libertá-la com vida, exige que ele faça sexo com um porco ao vivo na televisão. O segundo episódio, exibido em 11 de dezembro, Fifteen Million Merits, com roteiro de Brooker e de sua esposa, Konnie Huq, seria o primeiro a ser filmado; ambientado em um futuro no qual as pessoas são cercadas por programas de TV e games 24 horas por dia, ele acompanha Bing (Daniel Kaluuya, de Corra), que herdou de seu irmão 15 milhões de méritos, a moeda local, e decide usá-los para ajudar uma colega, Abi (Jessica Brown Findlay, de Dowton Abbey), a realizar seu sonho de se tornar uma cantora famosa. No terceiro, The Entire History of You, com roteiro de Jesse Armstrong, exibido em 18 de dezembro e ambientado em um futuro no qual as pessoas possuem implantes que permitem gravar e reproduzir tudo o que elas veem e ouvem, Liam (Toby Kebbell, do mais recente Quarteto Fantástico) desconfia que sua esposa, Ffion (Jodie Whittaker, de Doctor Who) o está traindo.
Annabel Jones, amiga de Brooker, sua colega na Zeppotron e produtora executiva de Black Mirror, evitaria escalar atores que fossem associados a comédias, pois, como Brooker era famoso por suas comédias, temia que o público imaginasse que Black Mirror também era uma; ela daria preferência a atores do time intermediário, na época não muito famosos mas também não totalmente desconhecidos, por um duplo motivo: cortar custos da série com elenco e evitar que os nomes dos atores ofuscassem as histórias. Apesar de todos os esforços da Zeppotron para cortar custos, a primeira temporada de Black Mirror seria caríssima - uma das séries mais caras da história da televisão britânica, mesmo com apenas três episódios - mas também faria sucesso suficiente para que o Channel 4 encomendasse uma segunda temporada, também de três episódios, que seriam exibidos em 11, 18 e 25 de fevereiro de 2013. Fiel ao nome da série, Brooker, que escreveu os três episódios, decidiria fazer da segunda temporada um espelho da primeira: os temas dos três episódios da primeira temporada eram sátira política, futuro distópico e relacionamento prejudicado por tecnologia; os dos três da segunda também, só que de trás para a frente.
No primeiro episódio da segunda temporada, Be Right Back, o noivo de Martha (Hayley Atwell, a Peggy Carter do MCU), Ash (Domhnall Gleeson, de Questão de Tempo), morre em um acidente de carro, e uma amiga indica a ela um serviço de inteligência artificial capaz de imitar seu comportamento para que pareça que ela está conversando com ele. No segundo, White Bear, Victoria (Lenora Crichlow) acorda sem memória em uma pequena cidade onde as pessoas são perseguidas por maníacos armados enquanto os transeuntes, ao invés de ajudá-las, ficam só as filmando com seus celulares, tendo de contar com a ajuda da guerrilheira Jem (Tuppence Middleton) e do misterioso Baxter (Michael Smiley) pra sobreviver. No terceiro, The Waldo Moment, o dublador e animador de um urso de desenho animado chamado Waldo (Daniel Rigby) se revolta contra os executivos de seu estúdio quando eles decidem que o urso será candidato a Primeiro Ministro, com o único propósito de ridicularizar os candidatos viáveis, o Conservador Liam Munroe (Tobias Menzies, de Outlander) e a Trabalhista Gwendolyn Harris (Chloe Pirrie).
Normalmente, em séries de antologia, os episódios são todos ambientados em "universos diferentes", por assim dizer, não tendo qualquer ligação uns com os outros. A segunda temporada de Black Mirror, porém, começaria a sugerir que todos os episódios poderiam ser ambientados no mesmo universo, apenas em pontos diferentes da linha cronológica. Essa sugestão começaria com a presença, em todos os três episódios, do canal de TV fictício UKN, que havia aparecido pela primeira vez lá no primeiro episódio, o do porco, e voltaria a aparecer em outros quatro episódios ao longo das temporadas seguintes; outro elemento recorrente famoso seria a música cantada por Abi em Fifteen Million Merits, Anyone Who Knows What Love Is (Will Understand), de Irma Thomas, que também voltaria a ser executada ou cantada pelos personagens em quatro episódios ao longo das temporadas seguintes. Outros easter eggs mais sutis, como a pizzaria Fence's Pizza e merchandising de Waldo, também estariam presentes em diversos episódios. Ao longo dos anos, a posição oficial de Brooker sobre se todos os episódios realmente eram interligados mudaria, com ele declarando em entrevistas desde "os episódios são ambientados em um universo compartilhado" até "os easter eggs não sugerem um universo compartilhado, sendo apenas um agrado aos fãs".
Quando chegou a hora de renovar para a terceira temporada, Brooker se deparou com um problema inusitado: como ele era conhecido por suas comédias, o Channel 4 originalmente ligou Black Mirror a seu departamento de comédia, que ficaria responsável por seu orçamento e aprovação de seus roteiros. Em meados de 2013, o chefe do departamento de comédia mudaria, e o novo estranharia o orçamento gigantesco destinado à série; ao ser colocado a par da história, ele sugeriria que a série passasse a ser responsabilidade do departamento de drama. O chefe do departamento de drama concordaria em renovar para uma terceira temporada de quatro episódios, mas exigiria receber sinopses detalhadas dos episódios com antecedência - nas duas primeiras temporadas, o departamento de comédia havia dado carta branca para Brooker e Jones, com o Channel 4 só ficando sabendo a história dos episódios quando estes já estavam prontos.
Brooker, então, pôs-se a trabalhar nos roteiros da terceira temporada, mas, após quase um ano, não estava nada satisfeito com as histórias que tinha criado, achando que elas não estavam no mesmo patamar das seis que já haviam ido ao ar. Enquanto isso, ele e Jones trabalhariam em uma nova série da Zeppotron, A Touch of Cloth, e fundariam uma nova produtora, chamada House of Tomorrow, que ficaria responsável exclusivamente por Black Mirror, e seria ligada à Endemol, que compraria os direitos sobre a série. Um dia, Brooker esbarraria na rua, por acaso, com um dos executivos do Channel 4, e confessaria não saber que direção tomar para seguir produzindo Black Mirror. O executivo, então, lhe faria uma proposta: o Channel 4 já havia reservado um gordo orçamento para um especial de Natal, algo tradicional na televisão britânica, mas ainda não havia selecionado a série à qual ele seria destinado; se Brooker quisesse, esse especial poderia ser de Black Mirror.
Assim nasceria White Christmas, exibido em 16 de dezembro de 2014. Com roteiro de Brooker e 91 minutos de duração, White Christmas é um filme de antologia, composto por três episódios intercalados por uma conversa entre dois personagens, Matt (Jon Hamm, de Mad Men) e Joe (Rafe Spall), que estão isolados em uma estação de pesquisa em algum lugar bem frio e cheio de neve. No primeiro episódio, Matt conta que ele está lá como punição, após usar uma tecnologia de monitoramento remoto para ajudar o tímido Harry (Rasmus Hardiker) a conquistar uma garota (Natalia Tena, da série Harry Potter) durante uma festa - o que não terminou muito bem para os envolvidos. No segundo, ele conta que, antes disso, ele era um técnico de prestígio em uma empresa que transferia todas as memórias de uma pessoa para um avatar virtual que então se tornava uma espécie de assistente pessoal, dando como exemplo o de Greta (Oona Chaplin, de Game of Thrones), cujo avatar se recusou a ser "escravizado". No terceiro episódio, Joe conta sua própria história, de como ele era feliz com sua noiva Beth (Janet Montgomery) até ela engravidar e eles terem uma discussão sobre a possibilidade de um aborto - que o levaria a cometer um ato terrível.
No dia da coletiva de imprensa que anunciaria White Christmas, os executivos do Channel 4 diriam a Brooker que eles ainda tinham interesse em produzir uma terceira temporada de Black Mirror, mas que, devido ao alto custo da série, aliado a dificuldades financeiras pelas quais a emissora estava passando, parte dos gastos teria de ser coberta pela House of Tomorrow. Brooker e Jones, então, tentariam conseguir um parceiro comercial, já que sua recém-fundada produtora ainda não tinha capital suficiente. Eles chegariam a estudar uma proposta de um grupo norte-americano para produzir uma temporada de cinco episódios que na verdade seria uma única história em cinco partes, mas acabariam não concordando com o formato.
Enquanto isso, a Netflix negociaria com a Endemol, e os episódios das duas primeiras temporadas estreariam no serviço de streaming em 1 de dezembro de 2014, sendo exibidos pela primeira vez nos Estados Unidos. A audiência seria tão boa que deflagraria uma guerra de emissoras, com AMC, Syfy e HBO procurando a House of Tomorrow e se dizendo interessadas em financiar uma terceira temporada, desde que tivessem exclusividade de exibição. A Netflix contra-atacaria com uma proposta audaciosa: duas temporadas de 10 episódios cada, mantendo o Channel 4 como parceiro. A direção do Channel 4 não tinha certeza sobre se valeria a pena investir em uma temporada para que ela também estivesse disponível desde seu lançamento em streaming, e daria respostas evasivas, jamais aceitando ou recusando formalmente a proposta. A Netflix, então, ofereceria financiar sozinha três episódios, e mais tarde aumentaria sua oferta primeiro para seis, depois para duas temporadas de seis episódios cada. Com medo de perder a oportunidade, Brooker e Jones aceitariam, e encerrariam sua parceria com o Channel 4.
Cada uma das duas temporadas originalmente produzidas para a Netflix possui três episódios "americanos" (filmados com elenco e equipe predominantemente norte-americanos) e três episódios "britânicos" (filmados com elenco e equipe predominantemente britânicos, assim como os sete do Channel 4). Alguns críticos reclamariam de uma mudança de tom nos episódios da Netflix em relação aos do Channel 4; na terceira temporada é nítida a diferença entre os episódios americanos e os britânicos, com os americanos sendo mais "cinematográficos". Fãs e críticos também apontariam que, depois da mudança para a Netflix, alguns episódios passariam a ter finais felizes, a mostrar uso positivo de tecnologia avançada e a contar com uma estética que se apoiava na nostalgia dos anos 1980 e 1990, algo que não estava presente nos sete episódios originais.
Essa mudança, entretanto, não foi uma exigência da Netflix, tendo partido do próprio Brooker; segundo ele, ao olhar em retrospecto para os sete primeiros episódios, ele notaria que os personagens sempre se envolviam em situações das quais não tinham como escapar. Não querendo que isso se tornasse uma marca característica da série, ele decidiria experimentar outros formatos, escrevendo um episódio de romance e um policial. Segundo Brooker, a Netflix lhe daria carta branca nos mesmos moldes do Channel 4, apenas comentando que desejava que a série se tornasse "maior, melhor e mais internacional". Ele também sempre discordou dos críticos que viram mudança de tom entre os episódios, e declarou que o primeiro roteiro que escreveu para a terceira temporada (San Junipero, que acabaria sendo o quarto episódio) era uma forma de "mostrar a língua para os fãs que temiam que a série ficasse americanizada".
Seja como for, a terceira temporada estrearia toda na Netflix de uma vez só, em 21 de outubro de 2016. O primeiro episódio, Nosedive, que teria roteiro de Brooker, Rashida Jones e Michael Schur (ambos de The Office), seria ambientado em um futuro no qual o status social de uma pessoa, determinando, dentre outras coisas, se ela tem direito a tratamento diferenciado em lojas e restaurantes, se pode ou não morar em determinados bairros, e até mesmo se pode ou não trabalhar em determinadas empresas, é medido não por seu poder aquisitivo ou grau de escolaridade, e sim por um sistema que registra suas avaliações positivas e negativas nas redes sociais - ter muitos likes, portanto, é garantia de uma vida melhor. A protagonista é Lacie (Bryce Dallas Howard, de Jurassic World), que luta sem sucesso para ganhar mais avaliações positivas, e vê uma chance de ouro quando uma de suas amigas de infância, Naomi (Alice Eve, de Star Trek: Além da Escuridão), que tem uma avaliação positiva altíssima, a convida para ser madrinha de seu casamento em um condomínio de alto luxo.
No segundo episódio, Playtest, o protagonista é Cooper (Wyatt Russell, de Falcão e o Soldado Invernal), que decide fazer um mochilão pela Europa após a morte de seu pai, e acaba concordando em participar de um teste de um jogo de horror de realidade virtual totalmente imersiva, conduzido por Katie (Wunmi Mosaku, de Lovecraft Country). Esse seria o primeiro episódio com uma "atriz repetida", já que Hannah John-Kamen (de Homem-Formiga e a Vespa), que em Fifteen Milliion Merits havia interpretado a cantora Selma Telse, aqui interpreta Sonja, moça com quem Cooper tem um relacionamento durante sua viagem. Em entrevistas posteriores, Broker revelaria que, em sua concepção original, esse episódio teria uma "versão especial", chamada Nightmare Mode, que teria cenas inéditas e um final diferente, mas que só poderia ser assistida se o espectador já tivesse assistido ao episódio "normal" pela primeira vez, mas sem qualquer aviso de que a segunda seria diferente; durante as filmagens, entretanto, essa ideia seria abandonada.
O terceiro episódio, Shut Up and Dance, com roteiro de Brooker e William Bridges (nos outros quatro episódios, Brooker seria o único roteirista), acompanha um adolescente (Alex Lawther) que, após ter um vídeo íntimo gravado por um software espião instalado em seu computador, passa a ser chantageado e se envolve em uma gincana macabra, acompanhando um homem desconhecido (Jerome Flynn, de Game of Thrones), com ambos sendo obrigados a fazer tudo o que os chantagistas mandarem, ou seus podres serão revelados. No quarto episódio, San Junipero, a tímida Yorkie (Mackenzie Davis, de Perdido em Marte) e a extrovertida Kelly (Gugu Mbatha-Raw, de Loki) se conhecem em uma cidade litorânea e festiva dos Estados Unidos em 1987, e iniciam um relacionamento que romperá as barreiras do tempo. O quinto, Men Against Fire, é ambientado em um futuro no qual um destacamento especial das Forças Armadas está no Leste Europeu combatendo mutantes apelidados de Baratas; durante um ataque, um soldado (Malachi Kirby) acaba se envolvendo acidentalmente em algo que pode mudar o rumo da guerra. E, no sexto e último episódio, Hated in the Nation, um jogo na internet marca pessoas para morrer, sempre de formas aparentemente impossíveis; a detetive Karin Parke (Kelly MacDonald) e sua parceira Blue Colson (Faye Marsay), que está em seu primeiro dia nas ruas, acabam se envolvendo na investigação, ganhando o apoio do agente da NCA (mais ou menos o equivalente ao FBI no Reino Unido) Shaun Li (Benedict Wong, o Wong do MCU) quando um famoso rapper se torna uma das vítimas.
A terceira temporada de Black Mirror receberia três indicações ao Emmy, ganhando duas: Melhor Filme para a TV (San Junipero; devido à sua duração, cada episódio de Black Mirror seria considerado um filme em separado pelo Emmy e pelo Globo de Ouro) e Melhor Roteiro para uma Série Limitada, Filme para a TV ou Especial de Drama (também por San Junipero); a terceira indicação seria para Melhor Fotografia para uma Série Limitada ou Filme para a TV (por Nosedive). Antes disso, a primeira temporada ganharia o Emmy Internacional (para o qual só concorrem produções feitas fora dos Estados Unidos) de Melhor Filme de TV ou Minissérie, e Rafe Spall receberia uma indicação ao Emmy Internacional de Melhor Ator por sua atuação em White Christmas.
A quarta temporada estrearia em 29 de dezembro de 2017 com USS Callister, único episódio a ter roteiro de Brooker e Bridges, com todos os outros tendo roteiro de Brooker. Nele, Robert Daly (Jesse Plemons, de Breaking Bad) é um programador que cria um jogo de realidade virtual de absurdo sucesso, o Infinity, mas se ressente por ser introvertido e não ser querido por seus colegas de trabalho, ao contrário de seu sócio, James Walton (Jimmi Simpson, de Westworld), popular e adorado por todos. Para escapar da realidade, ele cria um sistema modificado do jogo, inspirado em seu seriado de ficção científica preferido, Space Fleet (que é a versão "Universo Black Mirror" de Jornada nas Estrelas, ou Star Trek), no qual ele é o adorado capitão da nave espacial USS Callister, da qual os demais tripulantes são inspirados em seus colegas de trabalho. Mas a chegada de uma nova programadora, Nanette Cole (Cristin Millioti), que tem Robert como ídolo, vai revelar quem nem tudo é o que parece. Esse episódio conta com mais uma atriz repetida, Michaela Coel, que, em Nosedive era a atendente de uma empresa de aviação, e aqui faz a gerente de recursos humanos da Infinity e a oficial de comunicações da USS Callister. Aaron Paul, de Breaking Bad, faz uma participação especial como a voz de um dos jogadores do Infinity.
No segundo episódio, Arkangel, uma mãe (Rosemarie DeWitt, de O Casamento de Rachel) extremamente preocupada com a segurança de sua filha instala em seu cérebro um aparelho que transmite tudo o que a menina está vendo, sentindo e ouvindo para um tablet, o que causa problemas quando ela se torna uma adolescente (Brenna Harding); esse episódio seria dirigido por Jodie Foster. No terceiro, Crocodile, filmado na Islândia, Shazia (Kiran Sonia Sawar) trabalha para uma companhia de seguros, e possui um aparelho capaz de reproduzir as memórias das testemunhas, para ajudar a estabelecer se o prêmio deve ou não ser pago; a arquiteta Mia Nolan (Andrea Riseborough) testemunha um atropelamento banal, mas teme que, se usar o aparelho, um terrível segredo de seu passado será revelado. No quarto, Hang the DJ, casais são formados não por afinidade, mas através de um aplicativo de namoro que escolhe os pares, determina durante quanto tempo eles devem ficar juntos, e usa os dados coletados durante o período para formar os casais ideais; o episódio acompanha os diversos relacionamentos de Amy (Georgina Campbell) e Frank (Joe Cole), que se conhecem no início do episódio, mas depois são designados para outras pessoas. O quinto, Metalhead, é filmado em preto e branco, ambientado em um futuro no qual a humanidade é caçada por robôs, e acompanha Bella (Maxine Peake) em uma missão especial.
O sexto episódio, Black Museum, é semelhante a White Christmas, tendo 69 minutos e sendo composto por três episódios ligados por uma história comum: a visita de Nish (Letitia Wright, de Pantera Negra) ao Museu de Crimes de Rollo Haynes (Douglas Hodge, de Coringa). Antes de cair em desgraça e criar o museu, Rollo trabalhava em uma empresa de tecnologia experimental, e cada um dos episódios envolve um dos inventos dessa empresa: no primeiro, um médico (Daniel Lapaine, o terceiro ator repetido da série, já que havia feito um pequeno papel em The Entire History of You) recebe um implante com o qual ele pode sentir a mesma dor de seus pacientes, facilitando seu diagnóstico; no segundo, a consciência de uma mulher em coma (Alexandra Roach) é transferida para o cérebro de seu marido (Aldis Hodge), que passa a ter duas consciências compartilhadas, para que ela possa conviver com seu filho recém-nascido; e, no terceiro, o condenado à morte Clayton Leigh (Babs Olusanmokun) é transformado em um holograma, para que os visitantes do Museu possam ligar o interruptor da cadeira elétrica e executá-lo.
Black Museum é repleto de easter eggs: dentre os objetos do museu, por exemplo, estão o tablet de Arkangel, o aparelho de Crocodile, o assistente pessoal de White Christmas e o gorro usado pelos atacantes em White Bear; Rollo lê uma história em quadrinhos com a história de Fifteen Million Merits, o hospital onde ele trabalha se chama San Junipero, e os ratinhos de laboratório se chamam Kenny e Hector, os protagonistas de Shut Up and Dance. Ao todo, todos os 18 episódios anteriores possuem pelo menos uma referência cada nesse episódio, e alguns fãs empreenderiam uma verdadeira caça ao tesouro para encontrar todas.
A quarta temporada seria indicada a sete Emmys, ganhando quatro: Melhor Filme para a TV; Melhor Roteiro para uma Série Limitada, Filme para a TV ou Especial de Drama; Melhor Edição de Imagem para uma Série Limitada ou Filme para a TV de Câmera Única; e Melhor Edição de Som para uma Série Limitada, Filme para a TV ou Especial (todos por USS Callister). As outras quatro indicações seriam a Melhor Fotografia para uma Série Limitada ou Filme para a TV; Melhor Composição Musical para uma Série Limitada, Filme para a TV ou Especial (ambos por USS Callister); Melhor Ator em uma Série Limitada ou Filme para a TV (Plemons) e Melhor Atriz Coadjuvante em uma Série Limitada ou Filme para a TV (Wright).
Em maio de 2017, a Netflix começaria a conversar com com Brooker e Jones sobre a renovação para uma quinta temporada e a possibilidade de que um dos episódios fosse um filme interativo. Na época, a Netflix estava trabalhando em vários projetos do tipo, mas todos voltados para crianças, com o primeiro a ir ao ar sendo um episódio da série Gato de Botas, um spin-off de Shrek; os executivos do serviço queriam experimentar se um filme interativo para adultos seria bem-sucedido, e consideravam Black Mirror a série ideal para o teste. Brooker concordaria e escreveria um roteiro para a quinta temporada com múltiplos caminhos possíveis e vários finais diferentes; a natureza do projeto, entretanto, faria com que suas gravações fossem muito mais trabalhosas e consumissem muito mais tempo que as de um episódio normal - Brooker estimaria que as gravações do episódio interativo equivaleram às de quatro episódios "normais" - o que faria com que a quinta temporada, que já tinha um episódio gravado, fosse colocada em suspenso, e o episódio interativo fosse transformado em um filme em separado, chamado Black Mirror: Bandersnatch.
Bandersnatch é ambientado em 1984, e tem como protagonista Stefan Butler (Fionn Whitehead), jovem que mora com o pai (Craig Parkinson) e que, após a morte da mãe, se tornou retraído, depressivo, e passou a ter necessidade de acompanhamento psicológico, que faz com a Dra. Haynes (Alice Lowe). Stefan estuda programação, e seu sonho é criar um jogo de computador baseado no famoso (e fictício) romance de fantasia Bandersnatch (cujo nome Brooker pegou emprestado de um dos personagens de Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll). Após desenvolver uma versão demo, ele consegue uma entrevista na Tuckersoft, onde trabalha seu maior ídolo, o programador Colin Ritman (Will Poulter, de Maze Runner). Stefan e Colin se tornam amigos, mas é aí que os problemas começam, já que Colin é adepto da teoria de múltiplos universos e dimensões compartilhadas, que não faz exatamente bem à já tumultuada mente de Stefan.
Bandersnatch estrearia em 28 de dezembro de 2018, sendo oficialmente anunciado apenas no dia anterior; sua natureza interativa seria mantida em segredo até o dia da estreia, embora publicações especializadas em cinema e TV já tivessem divulgado boatos sobre o assunto. Ao todo, o filme tem 312 minutos (mais de cinco horas, pra quem não quiser fazer a conta) de cenas gravadas, embora o espectador só vá assistir entre 40 e 90 minutos a cada vez que decidir ver o filme: em pontos-chave da história, como quando o presidente da Tuckersoft (Asim Chaudhry) pergunta se Stefan consegue terminar o jogo até o Natal, ou quando Stefan está indo a uma consulta com a Dra. Haynes e vê Colin caminhando na rua, o espectador possui duas opções, usando o controle remoto da TV ou um menu que surge no computador, celular ou tablet para escolher qual decisão Stefan vai tomar - no segundo exemplo, as opções seriam ir à consulta ou seguir Colin. Algumas opções podem fazer o filme terminar prematuramente, outras levam Stefan de volta ao começo, mas a maioria simplesmente avança a história, até que o espectador chegue a um final. A cada escolha, o espectador tem dez segundos para tomar uma decisão; se não o fizer, o filme escolhe automaticamente aquela que levaria à versão mais básica da história.
Bandersnatch se mostraria tão complexo que a Netflix teria de reformular seu software, especialmente a parte de cache, para que ele pudesse ser assistido corretamente; basicamente, o filme é composto por 250 segmentos que são acionados conforme as escolhas do espectador, alguns deles praticamente idênticos a outros exceto por pequenos detalhes, que se encaixam para criar a narrativa. Segundo a Netflix, há cinco finais diferentes e mais de um trilhão de combinações possíveis para se chegar até eles; segundo o produtor Russell McLean, há, na verdade, 12 finais, sendo que alguns são "finais secretos", que exigem uma combinação específica de escolhas para serem alcançados. Brooker, que escreveria todo o roteiro, declararia não haver um "final oficial", sendo todos eles válidos; a seu pedido, a Netflix incluiria uma opção para, quando o espectador chegar a um final, poder escolher se quer terminar o filme, assistindo aos créditos, ou retornar o ponto de sua última "escolha crítica", escolhendo a opção que não escolheu da primeira vez. É importante dizer também que, assim como os episódios originais de Black Mirror, Bandersnatch não possui um final feliz, não importa o quanto o espectador procure.
Assim como Black Museum, Bandersnatch também teria vários easter eggs, sendo os mais evidentes que o nome da clínica onde a Dra. Haynes trabalha é Saint Juniper, o símbolo usado por Stefan para se referir ao progresso no jogo que está criando é o mesmo usado pelos atacantes em White Bear, o jogo mais famoso da Tuckersoft se chama Metl Hedd e tem em seu pôster o mesmo robô do episódio Metalhead, e o jogo no qual Colin está trabalhando quando ele e Stefan se conhecem se chama Nohzdyve. Curiosamente, há um easter egg que faz referência a Smithereens, o episódio da quinta temporada que já estava gravado, e outros quatro que fazem referências a episódios que seriam da quinta temporada, mas jamais foram gravados - o que fez com que eles deixassem, portanto, de ser easter eggs.
Bandersnatch dividiria a crítica, que elogiaria sua qualidade técnica e a inventividade de seu modo interativo, mas acharia o roteiro fraco, e reclamaria que, no fim das contas, o espectador nada faz para alterar a história, apenas decide em que direção ela segue. O filme ganharia dois Emmys, de Melhor Filme para a TV (o terceiro seguido para Black Mirror) e de Melhor Realização Criativa em Mídia Interativa Dentro de um Programa Roteirizado (que, acreditem ou não, existe desde 2002). Em janeiro de 2019, a editora Chooseco, criadora dos livros de aventura Choose Your Own Adventure, processaria a Netflix alegando uso indevido de termos registrados por ela; o processo seria extinto com um acordo secreto feito em novembro de 2020.
Devido ao atraso causado por Bandersnatch, a quinta temporada seria encurtada, de seis episódios para apenas três - dois americanos e um britânico - para que ela pudesse estrear ainda em 2019; todos os três episódios teriam roteiro de Brooker, e estreariam dia 5 de junho. No primeiro, Striking Vipers, Danny (Anthony Mackie, o Falcão do MCU) é um pai de família que, chegando aos quarenta anos, deve decidir se dedica sua atenção à esposa, Theo (Nicole Beharie), ou a seu amigo de juventude, Karl (Yahya Abdul-Mateen II, de Aquaman), o qual não via há anos, mas agora retornou trazendo a nova versão do game de luta favorito da dupla, que conta com realidade virtual imersiva - e no qual os personagens são interpretados por Pom Klementieff, a Mantis do MCU, e Ludi Lin, o Liu Kang do novo Mortal Kombat. No segundo, Smithereens, um motorista de aplicativo (Andrew Scott, de Sherlock) sequestra um funcionário de uma empresa responsável por uma rede social (Damson Idris) e exige falar diretamente com o presidente da empresa e criador da rede (Topher Grace); esse episódio renderia a Scott uma indicação ao Emmy de Melhor Ator Convidado em uma Série de Drama. No terceiro, Rachel, Jack and Ashley Too, uma famosa cantora pop, Ashley O (Miley Cyrus), lança uma boneca que possui uma inteligência artificial copiada de sua própria consciência, chamada Ashley Too (um trocadilho com o fato de que as palavras two, "dois", e too, "também", são pronunciadas da mesma forma), que mudará a vida de duas irmãs adolescentes que não conseguem se entender, a rebelde Jack (Madison Davenport, de Sharp Objects) e a meiga Rachel (Angourie Rice, da nova trilogia do Homem-Aranha).
Ao longo dos anos, vários projetos de sequências e spin-offs de Black Mirror seriam apresentados, mas nenhum jamais se concretizaria. Em 2013, Robert Downey Jr. compraria os direitos para transformar The Entire History of You em um filme para o cinema, mas o projeto jamais sairia da pré-produção. Em 2016, Brooker declararia em entrevistas ter ideias para sequências de White Bear e Be Right Back que provavelmente jamais seriam filmadas; no ano seguinte, surgiriam boatos de que ele estava escrevendo um roteiro que seria uma sequência para San Junipero, mas ele os desmentiria. No mesmo ano, ele sugeriria que poderia criar uma série protagonizada pelas detetives de Hated in the Nation, ou uma nova temporada de Black Mirror na qual Colin Ritman, de Bandersnatch, seria um personagem recorrente em todos os episódios; nenhum dos dois projetos sequer chegou a ser formalmente apresentado. Em 2018, o diretor de USS Callister, Toby Haynes, se diria interessado em criar um spin-off baseado nesse episódio, mas, mais uma vez, tudo ficaria somente no plano do desejo.
Em janeiro de 2020, Brooker e Jones se desentenderiam com a Endemol, fechariam a House od Tomorrow e fundariam uma nova produtora, a Broke and Bones, que firmaria um contrato de exclusividade com a Netflix. Os direitos sobre Black Mirror, porém, continuaram com a Endemol, e, se Brooker quisesse criar novos episódios para a série, precisaria fazer algum acordo com a empresa holandesa. Antes que esse acordo pudesse ser costurado, a pandemia cancelaria quaisquer planos de uma sexta temporada, e, em uma entrevista ainda em 2020, Brooker declararia acreditar que não havia interesse do público em mais episódios de Black Mirror, e que ele pretendia voltar a se dedicar a séries de comédia.
Em maio de 2022, entretanto, a Netflix surpreenderia e anunciaria que uma sexta temporada de Black Mirror estava em produção. Ela mesma teria costurado o acordo, segundo o qual a Broke and Bones produziria os episódios, cujos direitos pertenceriam à Banijay, que comprou da Endemol todos os direitos sobre os episódios anteriormente produzidos. Segundo Brooker, a sexta temporada seria uma "reinvenção do que seria Black Mirror", já que, desde a estreia da série, vários outros programas sobre futuros distópicos haviam estreado; com isso, ao invés de focar apenas nos males da tecnologia, ele decidiria investir mais no horror, inclusive ambientando episódios no passado.
Com estreia em 15 de junho de 2023, a sexta temporada teria cinco episódios, todos escritos por Brooker, o último tendo Bisha K. Ali como co-roteirista, três americanos e dois britânicos (o segundo e o último). No primeiro, Joan (Annie Murphy, de Schitt's Creek) vê sua vida virar de cabeça para baixo quando descobre que o serviço de streaming Streamberry produziu, com a ajuda de inteligência artificial e coleta de dados pela internet, uma série chamada Joan is Awful (que também é o nome do episódio), baseada em sua própria vida e estrelada por Selma Hayek, que interpreta uma Joan, digamos, nada simpática. No segundo, Loch Henry, dois estudantes de cinema, o escocês Davis (Samuel Blenkin) e a norte-americana Pia (Myha'la Herrold), viajam até a Escócia para gravar um documentário, ficando hospedados na casa da mãe viúva de Davis, Janet (Monica Dolan). Ao visitar um amigo de Davis, Stuart (Daniel Portman), que tem um bar à beira do lago que dá nome ao episódio, os dois mudam de ideia e decidem gravar um programa de true crime baseado em uma série de assassinatos que ocorreram no local na década de 1990, investigados pelo falecido pai de Davis, Kenneth (Gregor Flirth). O pai de Stuart, Richard (John Hannah, de A Múmia), é contra, mas uma produtora ligada ao Strawberry, Kate Cezar (Ellie White), garante que eles têm chance de ganhar o BAFTA (o equivalente ao Globo de Ouro no Reino Unido), o que os motiva a ignorar todos os sinais contrários e prosseguir.
O terceiro, Beyond the Sea, com 1 hora e 20 minutos de duração, é praticamente um filme de ficção científica. Em uma 1969 alternativa, na qual a tecnologia avançou muito mais rápido, os astronautas David (Josh Hartnett, de Penny Dreadful) e Cliff (Aaron Paul) estão em uma missão de seis anos no espaço, da qual já se passaram dois; enquanto eles estão na nave, suas consciências podem ser transferidas para corpos robóticos idênticos a seus corpos originais aqui na Terra. Os problemas começam quando o corpo de David é destruído pelo fanático Kappa (Rory Culkin), e ele passa a usar também o corpo de Cliff, se apaixonando pela esposa do amigo, Lana (Kate Mara, de House of Cards). No quinto, Mazey Day, a atriz que dá nome ao episódio (Clara Rugaard) deixa o set de seu mais recente filme e desaparece, e a paparazza Bo (Zazie Beetz, de Deadpool 2), tenta encontrá-la para ganhar um prêmio de 30 mil dólares, após receber uma dica de seu amigo Hector (Danny Ramirez); esse episódio é ambientado em 2006, e não tem nada tecnológico envolvido.
Esse também é o caso do último, Demon 79, ambientado em 1979 e filmado como se fosse um filme dos estúdios Hammer ou Amicus. Nele, a imigrante indiana Nida Huq (Anjana Vasan), que trabalha como vendedora de sapatos e tem uma vida deprimente, acidentalmente faz um pacto com o demônio Gaap (Paapa Essiedu), e precisará fazer três sacrifícios humanos em três dias, ou o mundo será consumido pelas chamas do apocalipse. A abertura desse episódio o identifica como "uma produção Red Mirror", com vários fãs e críticos interpretando isso como uma indicação de que Red Mirror seria uma espécie de selo sob o qual seriam produzidos episódios puramente de horror, sem ligação com tecnologia; em entrevistas, Brooker confirmaria que, dependendo do interesse do público e da Netflix, mais episódios "estilo Red Mirror", dentro da série principal ou como um spin off, poderiam ser produzidos.
Três últimos parágrafos incluídos em 4 de julho de 2023
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