domingo, 6 de junho de 2021

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Sonalee Kulkarni

No final de 2019, eu assinei Amazon Prime - confesso que por causa do frete grátis e entrega relâmpago sem limite de valor, tanto que no começo não dei muita atenção para o Amazon Music e o Prime Video. No caso do Amazon Music, eu resolvi começar a usar para ouvir músicas às quais eu não teria acesso de outra forma sem ser baixar ilegalmente, mas, no caso do Prime Video, usei para assistir a série nova do Tick, Good Omens, e depois ficou meio abandonado.

Quando começou a quarentena, porém, eu resolvi pesquisar pra ver se tinha algum filme lá que eu não pudesse assistir sem ser baixando ilegalmente, e qual não foi minha surpresa ao descobrir que o catálogo tem um monte de filmes indianos. Eu sempre tive curiosidade de assistir filmes indianos, mas nunca tinha tido a oportunidade - até então, só tinha assistido um, durante um voo, e, apesar de ter achado legal, não achei assim nada fantástico. Com um monte deles à disposição, decidi fazer de assistir filmes indianos um hábito, e hoje já posso confirmar que eles são muito bem feitos, divertidíssimos, e uma excelente chance para conhecer uma nova cultura e fugir daqueles temas batidos dos filmes norte-americanos com os quais estamos acostumados - um filme de romance fica bem interessante quando inclui temas como casamento arranjado e irmão que controla a vida da irmã, por exemplo.

De tanto assistir filmes indianos, é claro que eu iria começar a eleger meus atores preferidos. E, até agora, minha preferida é Sonalee Kulkarni. Já assisti filmes de vários estilos com ela, e já deu pra perceber que é uma excelente atriz; além disso, ela dança pra caramba, e, fora das telas, é super simpática. Já faz um tempo que eu estou querendo abordar cinema indiano aqui no átomo, e hoje decidi que vou começar por ela. Hoje é dia de Sonalee Kulkarni no átomo!

Sonalee Manohara Kulkarni nasceu em 18 de maio de 1988 na pequena cidade de Khadki, próxima a Pune, no estado indiano de Maharashtra, cuja capital é Mumbai. Seu pai, Manohar Kulkarni, era médico do exército, e a base onde ele servia ficava em Khadki; sua mãe, Savinder Kulkarni, que é da etnia punjabi, trabalhava em uma empresa de entregas (tipo FedEx) em Pune. Além de Sonalee, o casal teve um menino, Atul Kulkarni, que hoje é dono de uma empresa de promoção de eventos em Mumbai, e vocalista de uma banda amadora nas horas vagas. Vindo de uma família multicultural, Sonalee desde criança se interessou por aprender os idiomas de seus avós, aprendendo marata (o idioma de Maharashtra) com os avós paternos e punjabi com os maternos - além do hindi, idioma que era usado em sua casa e em seu dia a dia, e do inglês, que aprendeu na escola.

Sonalee passaria sua infância e adolescência morando na base militar, estudaria em um colégio militar, e, a princípio, não teria aspirações artísticas, fazendo faculdade de comunicação social e jornalismo na Ferguson College, em Pune. Ela sempre seria uma aluna que gostava muito de atividades extracurriculares, entretanto, e, no ensino médio, se dedicaria às aulas de dança, que considera até hoje sua paixão. Na faculdade, devido a seus belos olhos verdes e à sua aparência considerada exótica para uma indiana, ela receberia convites para ser modelo, mas não iria muito adiante na carreira por ser baixinha, com 1,65 m de altura. Um dos trabalhos que ela pegaria como modelo, porém, a levaria para uma sessão de fotos no Film & Television Institute of India (FTII), uma espécie de escola com cursos ligados à televisão e ao cinema, em Pune. Lá, Sonalee teria seu primeiro contato com uma câmera de TV, e receberia um convite para um pequeno papel em um documentário. Ali ela seria mordida pelo bichinho da atuação, e decidiria tentar uma carreira de atriz.

O primeiro papel profissional de Sonalee seria em uma novela de 2006, chamada Ha Khel Sanchitacha (algo como "não é isso que vocês estão pensando"), exibida pelo canal E TV Marathi. Sonalee ganharia o papel por falar marata e por dançar muito bem - já que sua personagem era uma dançarina de katthak, dança tradicional do norte da Índia. Durante as gravações, ela teria a oportunidade de contracenar com um dos maiores atores do teatro marata, Vikram Gokhle, que perceberia seu potencial, mas recomendaria que ela fizesse aulas de atuação e de marata. Sua performance como dançarina na novela também lhe renderia um convite para um minúsculo papel em uma produção para o cinema, Gadhavach Lagna ("o casamento do asno"), também de 2006, mais uma vez como uma dançarina, interpretando a famosa canção Indra Darbari, Nache Sundari ("Indra Darbari, a Bela Dançarina"), de Sadhana Sargam. Sonalee apareceria no filme por menos de cinco minutos, mas seria matéria dos principais jornais de Pune, e chamaria a atenção de vários produtores de cinema, inclusive do diretor Kedar Shinde, que ficaria tão encantado que lhe ofereceria o papel de protagonista em seu filme Bakula Namdeo Ghotale.

Uma comédia de 2007, Bakula Namdeo Ghotale seria a estreia de Sonalee como atriz (já que, em seus dois papéis anteriores, ela só dançava e fazia playback). Nele, ela interpreta Bakula, moça de uma pequena cidade do interior da Índia disputada por dois homens da cidade vizinha: Namdeo, que é visto como o idiota da cidade, mas é por quem ela se apaixona e com quem está de casamento marcado, e Ghotale, que é riquíssimo e praticamente dono da cidade inteira, e que, após ver Bakula pela primeira vez, decide que também quer ser dono dela. Falado em marata, o filme seria um grande sucesso em Maharashtra (mas passaria praticamente em branco em outras partes da Índia), e renderia a Sonalee o Zee Gaurav Award de Melhor Atriz, premiação concedida por um dos mais importantes conglomerados de comunicação da Índia, o Zee Marathi, dono do principal canal de TV de Maharashtra e um dos maiores da Índia, o Zee TV; e um Maharashtra State Award, prêmio conferido pelo Governo de Maharashtra para filmes falados em marata, de Melhor Atriz Estreante.

Apesar desse início bombástico, Sonalee passaria os dois anos seguintes relegada a papéis em comédias que não fariam sucesso nas bilheterias. Em 2008, ela só faria uma, Aba Zindabad ("agora, Zindabad"), no papel de uma colega de universidade de um rapaz que só pensa em festas. Em 2009, ela faria Char Love Kal ("o futuro variável do amor"), como uma professora que é prometida em casamento para o atrapalhado filho do dono de um cinema, que se confunde no dia de conhecê-la e acaba conhecendo e se apaixonando por outra mulher, que está prometida para outro homem; e Hai Kai Nai Kai ("está certo ou não está certo"), uma espécie de Friends indiano, que acompanhava as confusões de seis jovens, três homens e três mulheres, que decidem dividir um apartamento em Mumbai. Apesar de os três filmes terem sido fracassos, as atuações de Sonalee e suas habilidades como dançarina seriam bastante elogiadas, o que contribuiria para manter a atriz requisitada e em evidência; além disso, em Hai Kai Nai Kai ela contracenaria com a atriz Sai Tamhankar, que se tornaria sua amiga e sua colega de cena mais frequente, com um total de quatro filmes nos quais as duas contracenam juntas.

Em 2010, Sonalee finalmente voltaria aos holofotes, com aquele que é considerado seu primeiro grande sucesso: Natarang (palavra que significa "artista", mas é usada especificamente para membros de companhias itinerantes de teatro ou dança), filme de drama ambientado na década de 1970, adaptação do livro de mesmo nome escrito pelo Dr. Anand Yadav. O jovem diretor Ravi Jadhav, em seu primeiro filme, fez questão de que Sonalee interpretasse a protagonista, uma jovem nascida em uma minúscula cidade do interior de Maharashtra, que tem o sonho de dançar em uma companhia itinerante, mas tem de enfrentar a família, os amigos e a sociedade para realizá-lo. Com estreia no dia 1º de janeiro, Natarang seria o primeiro filme falado em marata a receber o que na Índia se chama grand premiere, uma sessão de estreia especial com a presença de celebridades de Bollywood; essa sessão seria realizada no moderníssimo multiplex de Andheri, em Mumbai, e contaria também com os mais famosos nomes do cinema marata.

Natarang seria um gigantesco sucesso de público e crítica, sendo o único filme indiano selecionado para a categoria principal do Festival da Academia de Cinema de Mumbai, além de ser selecionado para o Festival de Cinema Internacional de Pune e para abrir o Festival Asiático de Cinema de 2010, realizado em Kolhapur, também na Índia, além de ter feito parte da mostra internacional dos Festivais de Munique e Gotemburgo. Natarang seria indicado a dez Zee Gaurav Awards, ganhando sete, dentre eles o de Melhor Diretor, Melhor Trilha Sonora (um dos mais cobiçados) e Melhor Ator Coadjuvante para Kishor Kadam; infelizmente, Sonalee perderia o de Melhor Atriz para Mukta Barve, que interpretou uma mulher que vive um romance proibido em uma comunidade extremamente religiosa no filme Jogwa ("evitar"). Mas Sonalee ganharia dois prêmios pelo filme no Favorite Kon Awards, no qual os vencedores são escolhidos por votação popular, o de Personalidade do Ano e o de Heroína Favorita. Nas bilheterias, Natarang arrecadou 120 milhões de rúpias, superando a renda dos filmes de Bollywood lançados em 2010 para se tornar o mais assistido do ano na Índia. Os números de dança de Sonalee foram extremamente elogiados pela crítica e pelo público, mas bastante criticados por especialistas em dança lavani, a retratada no filme, que disseram que os movimentos estavam corretos, mas a música era muito moderna e os figurinos de Sonalee e de seu parceiro, Amruta Khanvilkar, eram "muito provocantes".

Falando nisso, o protagonista masculino de Natarang é interpretado por um ator chamado Atul Kulkarni, que não é o irmão de Sonalee, sequer é seu parente; esse Atul Kulkarni começou sua carreira em 1997, é considerado um dos principais nomes do cinema marata, vencedor de dois National Film Awards, o prêmio mais importante do cinema da Índia, de Melhor Ator Coadjuvante, e é uma das celebridades indianas mais envolvidas com filantropia, sendo presidente de uma ONG que capacita professores para dar aulas em comunidades carentes de Maharashtra. Já que estamos no assunto, Sonalee não deve ser confundida com uma outra atriz, chamada Sonali Kulkarni, nascida em Pune em 1974, atriz desde 1990 e vencedora de um National Film Award de Melhor Atriz. E nem com outra Sonali Kulkarni, uma das empresárias mais bem sucedidas da Índia, CEO da subsidiária indiana da japonesa fabricante de robôs Fanuc. Pra vocês verem que homônimos e nomes parecidos não são uma exclusividade do Brasil.

Além de Natarang, em 2010 Sonalee estaria em nada menos que outros cinco filmes: em Samudra ("o mar"), seu primeiro papel de protagonista desde Bakula, ela interpretava uma jovem que não aceitava seguir as tradições e se recusava a assumir a mesma carreira que a mãe. Em Sa Sasucha ("a sogra"), pelo contrário, ela interpretava uma esposa tradicionalista em conflito com o marido cosmopolita, principalmente por acreditar que não conseguia engravidar por algum castigo divino. Em Irada Pakka ("intenções corretas"), ela interpreta uma esposa cujo casamento é um tédio só, então ela e o marido decidem brigar por uma semana para apimentar a relação, mas isso acaba colocando os dois em muitas confusões. Em Gosht Lagna Nantachi ("a última história do casamento"), outra esposa, dessa vez uma que engravida logo depois de casar, para desespero do marido, que planejava curtir a vida a dois. E Kshanbhar Vishranti ("descanso momentâneo") é uma comédia filosófica que acompanha o dia a dia de quatro jovens casais, com Sonalee fazendo parte de um deles. Nenhum deles seria exatamente um fracasso, mas também não chamariam muita atenção; o fato de ela ter sido tão requisitada, contudo, é mais uma prova de seu excelente desempenho em Natarang.

Mesmo fazendo esses filmes todos, no final de 2010 Sonalee conseguiria concluir uma pós-graduação em produção de rádio, TV e cinema pela prestigiada Indira School of Communication de Pune. No ano seguinte, ela começaria a ser convidada para apresentações de dança em programas de TV e festivais, o que fez com que ela não tivesse nenhum filme lançado em 2011 - seu único trabalho como atriz no ano foi em um programa de esquetes de comédia da Zee TV chamado Chala Hava Yeudya ("vamos com o vento"). Ela participa dessas apresentações de dança até hoje, e costuma dizer que "vive de cinema, mas sobrevive graças à dança".

Em 2012, Sonalee protagonizaria o aclamado filme Ajintha, dirigido por Nitin Chandrakant Desai, um dos principais nomes do cinema de arte indiano. Ambientado na época da colonização, o filme trazia Sonalee como uma membro de uma tribo indiana semi-civilizada, que se apaixona por um oficial inglês (Philip Scott Wallace) que tem como hobby a pintura, e visita o interior da Índia em busca de paisagens para pintar. O nome do filme vem das famosas Cavernas de Ajanta, patrimônio da humanidade localizado em Maharashtra, uma série de cavernas cujas paredes contam com pinturas e esculturas criadas entre o século II a.C. e o ano 480 d.C. que representam cenas do budismo, sendo as Cavernas um dos principais locais de peregrinação dos budistas; ocultas por muito tempo por se localizarem em uma região inóspita e selvagem, as Cavernas foram descobertas acidentalmente em 1819 por um oficial inglês que estava caçando um tigre. Ajintha foi um dos raros filmes a conseguir autorização para filmar nas Cavernas, e hoje é considerado cult.

No ano seguinte, 2013, Sonalee, já considerada uma atriz do primeiro time do cinema marata, faria sua estreia nos filmes de Bollywood. Aqui é preciso fazer um parêntese para uma explicação: "Bollywood" não é um lugar físico nem um estúdio, e sim um termo criado para se referir a parte da produção do cinema indiano. O nome Bollywood é uma junção dos nomes Hollywood (o principal polo produtor de cinema do mundo) e Bombaim (o nome dado aos ingleses para Mumbai, usado internacionalmente até 1995, quando a Índia fez um pedido para que todas as suas cidades e localidades passassem a ser chamadas pelos nomes originais indianos, o que também fez, dentre outras mudanças, com que Calcutá passasse a se chamar Kolkata), e começou a ser usado informalmente na década de 1970 para se referir aos filmes indianos lançados internacionalmente, sendo hoje um sinônimo de qualidade no cinema indiano - nem todos os filmes indianos são "filmes de Bollywood", somente aqueles que, segundo os critérios da indústria cinematográfica indiana, atingem o mais alto grau de excelência.

Mais especificamente, para ser um filme de Bollywood, um filme indiano tem que cumprir os seguintes pré-requisitos: ser falado em hindi, usando somente palavras e termos que possam ser compreendidos tanto pela maior parte da população da Índia (ou seja, sem gírias ou regionalismos) quanto por quem tem como primeiro idioma o urdu (o hindi e o urdu têm um "ancestral em comum", o hindustani, e, tirando algumas palavras e termos específicos, quem fala hindi entende urdu e vice-versa), com outros idiomas (incluindo o inglês), se usados, não podendo superar 10% do total de diálogos do filme; não pode ter palavrões ou palavras consideradas ofensivas, indecentes ou de baixo calão em seus diálogos; ter no elenco pelo menos um ator ou atriz do primeiro time do cinema indiano ou a participação especial de uma celebridade ou personalidade indiana, como um apresentador de TV ou jogador de críquete; ter pelo menos um número musical; não pode ter cenas de nudez (até bem recentemente, não podia ter nem cenas de beijo); e, o mais importante, ser filmado por um dos estúdios reconhecidos pela indústria cinematográfica indiana como "estúdios de Bollywood" (atualmente são doze, todos com sede em Mumbai). Filmes de Bollywood são o principal produto de exportação do cinema indiano - os filmes que Sonalee havia feito até 2013, por exemplo, não eram filmes de Bollywood, então, salvo raríssimas exceções, como festivais internacionais, não foram exibidos fora da Índia - e os principais responsáveis pelo faturamento da indústria cinematográfica indiana, da mesma forma que os filmes dos grandes estúdios de Hollywood são responsáveis pela maior parte dos rendimentos da indústria cinematográfica norte-americana, mesmo existindo filmes realizados por estúdios pequenos e independentes.

Também é interessante notar que a imensa maioria dos filmes de Bollywood é de um estilo específico, conhecido na Índia como masala, que mistura ação, comédia, romance, drama e números musicais; também vale citar que eles são absurdamente longos para os padrões ocidentais, com a maioria dos filmes excedendo duas horas de duração - eu já assisti a uma comédia romântica, daquelas bem água com açúcar, que tinha 2 horas e 35 minutos, algo impensável para um filme desse gênero filmado nos Estados Unidos. Os filmes mais longos também costumam ter um "intervalo" após mais ou menos uma hora e meia de exibição, para que as pessoas possam sair da sala, ir ao banheiro, comprar um lanche, depois todo mundo volta, reassume seus lugares e o filme continua. Finalmente, é importante esclarecer que muitos filmes "regionais", ou seja, que não cumprem os requisitos de Bollywood, não deixam nada a dever aos de Bollywood, com muitos filmes do cinema marata, tâmil, punjabi, malaiala, guzerate, telugo e bengali, por exemplo, só não sendo considerados filmes de Bollywood por não serem falados em hindi ou não serem produções dos estúdios de Bollywood, mas tendo a mesma qualidade.

Pois bem, em 2013, Sonalee faria sua estreia em Bollywood, sendo escalada para o elenco de Grand Masti, lançado internacionalmente como Masti 2, a "continuação" (entre aspas porque era um filme totalmente independente do primeiro, com um elenco todo diferente e uma história que não dependia da anterior) do filme Masti, de 2004 (masti significa "diversão" em hindi, caso alguém esteja curioso). Ambos os Masti eram comédias adultas, cheias de piadas de sexo e situações que sugeriam sexo e uso de drogas (mas ainda dentro do necessário para ser certificado como filme de Bollywood, ou seja, sem nudez nem palavrão), o que fez com que Grand Masti fosse classificado como "A" - o equivalente indiano ao nosso "proibido para menores de 18 anos", ou ao "R" dos Estados Unidos. Mesmo assim, Grand Masti foi um gigantesco sucesso na Índia, se tornando o filme A de maior bilheteria doméstica da história - somente superado em 2019 por Kabir Singh.

Grand Masti seria o primeiro filme com Sonalee no elenco a entrar para o seleto grupo dos "100 crore" (um crore são dez milhões de rúpias, ou seja, para entrar nesse clube, um filme tem que render mais de um bilhão de rúpias na bilheteria), rendendo 150 crore contra um orçamento de 34 crore. Também seria o primeiro de Sonalee a ganhar o selo de Super Hit conferido pelo conceituado site de cinema Box Office India para os melhores do ano. Devido a seu conteúdo adulto, porém, a crítica o detestou, considerando como uma das poucas coisas que se salvaram a atuação de Sonalee, que vive uma esposa recém-casada que não dá atenção ao marido por causa do nascimento do primeiro filho. Grand Masti teria uma continuação chamada Great Grand Masti, lançada em 2016, mas sem Sonalee no elenco.

Também em 2013, Sonalee estaria em uma produção marata, curiosamente, também um segundo filme do qual ela não participou do primeiro, Zapatlela 2. Primeiro filme indiano totalmente filmado com uma câmera 3D, Zapatlela 2 é um filme de terror, continuação de Zapatlela, de 1983, e tem como vilão um boneco de ventríloquo demoníaco. Sonalee é a protagonista feminina, uma dançarina que trabalha em um parque de diversões e se apaixona por um jovem mecânico que tem o sonho de se tornar ventríloquo, começando sua carreira justamente com o boneco possuído. Esse seria o segundo filme no qual Sonalee contracenaria com Tamhankar, que interpreta uma jornalista que vai cobrir os assassinatos no parque. O filme seria um grande sucesso, e a performance de Sonalee dançando mais uma vez roubaria a cena.

Em 2014, Sonalee estaria em Rama Madhav, dirigido por Mrinal Kulkarni (que também não é sua parente), drama histórico ambientado no século XVII, no papel de uma amiga da esposa do primeiro-ministro do Império Marata. Também em 2014, ela voltaria a Bollywood para mais uma continuação que não tinha ela no primeiro filme, Singham Returns, sequência de Singham, de 2011 - ambos são filmes de ação protagonizados por Bajirao Singham (Ajay Devgn), policial casca-grossa que não aceita corrupção, e, em cada um dos filmes, busca vingar um colega morto em circunstâncias misteriosas. O papel de Sonalee em Singham Returns é bem pequeno, e não chamou muita atenção - mas vale citar como curiosidade que, no primeiro Singham, quem faz o papel da esposa do colega morto é sua quase-xará, Sonali Kulkarni. Singham Returns é, até agora a última participação de Sonalee em um filme de Bollywood e a última em um filme que não seja falado em marata.

Em 2015 ela voltaria aos holofotes com um importante papel no filme Classmates, terceiro no qual contracenaria com Tamhankar. Remake marata de um filme malaiala de 2006 também chamado Classmates (vale citar que isso é comum na Índia, fazer um remake regional de algum outro filme regional de sucesso), o filme é ambientado em uma universidade, e se alterna entre dois momentos distintos: 1995, quando os personagens eram estudantes, e 2015, quando, já adultos, se reencontram na mesma universidade após anos sem contato uns com os outros, para celebrar uma ocasião especial, e se deparam com uma situação que pode mudar suas vidas. Sonalee interpreta a sobrinha de um importante político, que, em 1995, se apaixona por um aluno visto como arruaceiro e problemático, mas que é um grande líder dos estudantes na luta por seus direitos; Tamhankar interpreta a melhor amiga do rapaz, que é contra o namoro. Classmates seria extremamente elogiado pela crítica, e o segundo filme de Sonalee a ganhar o selo de Super Hit.

Também em 2015 ela estrelaria Mitwaa (palavra que significa "amigo e confidente"), no papel de uma funcionária de um hotel por quem o dono do mesmo, um playboy irresponsável, se apaixona, decidindo mudar seu estilo de vida para agradá-la. O elenco também contaria com Swwapnil Joshi, um dos mais famosos atores do cinema marata, que interpreta o playboy, e Prarthana Behere, que interpreta sua assistente, apaixonada por ele sem que ele perceba; apesar de serem rivais no filme, Sonalee e Prarthana se tornariam melhores amigas durante as filmagens, e até hoje mantêm essa amizade. Ambientado em Goa, Mitwaa seria outro gigantesco sucesso, custando 5 crore e arrecadando 13,5. Ainda em 2015, ela estaria em Shutter, mais um remake de um filme malaiala de mesmo nome, esse de 2012, no qual ela interpreta uma prostituta que passa uma noite acidentalmente presa numa loja em companhia de um jovem e malsucedido diretor de cinema; o filme seria bem recebido pela crítica, mas não faria muito sucesso com o público. Finalmente, em 2015 Sonalee faria uma pequena participação na comédia romântica Timepass 2.

Em 2016, ela estrelaria, Poshter Girl, filme ambientado em uma fictícia pequena cidade do interior da Índia na qual há muito mais homens do que mulheres, então, quando uma linda moça de outra cidade (Sonalee, evidentemente) decide se mudar para lá, imediatamente arruma cinco pretendentes, que disputarão entre si o direito de se casar com ela. No ano seguinte, ela faria uma pequena participação (seu primeiro papel creditado como "atriz especialmente convidada") no drama Baghtos Kay Mujra Kar ("faça o que você vê"), no qual um grupo de amigos tenta restaurar um antigo forte para trazer de volta a dignidade à sua cidade, e protagonizaria Hampi, no papel de uma mulher que decide se mudar de Mumbai para a pequenina Hampi para recomeçar sua vida, e acaba descobrindo pessoas interessantes com as quais tem discussões filosóficas. Ainda em 2017, ela seria a protagonista de Tula Kalnnaar Nahi ("você jamais saberá"), uma mulher cujo casamento está em crise, mas que se vê acidentalmente viajando pela Índia de carro junto com o marido (interpretado por outro famoso ator do cinema marata, Subodh Bhave), que fica obcecado em devolver um diário que encontrou durante a demolição de um antigo prédio; ao longo da viagem, se metendo em muitas confusões, os dois vão descobrir que ainda têm muito em comum. Tula Kalnnaar Nahi seria um grande sucesso, e o terceiro filme de Sonalee a ganhar o selo de Super Hit.

Em 2018, Sonalee tiraria um ano sabático de sua carreira de atriz para se dedicar à dança e a seu noivo, Kunal Benodekar, formado em economia e que trabalha para uma empresa de segurança sediada em Dubai, o que fez com que ela passasse a dividir seu tempo entre a Índia e os Emirados Árabes Unidos; o casal anunciaria sua união em dois de fevereiro de 2020 (02/02/2020, data escolhida a dedo por ser um palíndromo), e a cerimônia de casamento ocorreria em 18 de maio de 2021, no dia do aniversário dela, no Templo Hinduísta de Dubai, em uma reservadíssima cerimônia que contou apenas com familiares - e se tornou notícia em toda a Índia pelo fato de que as celebridades, lá, preferem os chamados grand weddings, verdadeiros acontecimentos que chegam a durar vários dias e contar com centenas de convidados.

Em 2019 ela voltaria com força total, gravando o curta Payoji Maine Ram Ratan Dhan Payo ("minha compreensão de Lorde Rama é minha maior riqueza"), um monólogo de uma devota do deus Rama, sua estreia na direção; e fazendo sua estreia oficial como atriz de TV (já que seu único papel na TV até então tinha sido como dançarina) na minissérie para a Zee TV Manatlya Manat ("no coração da mente"), no papel de uma moça que se envolve em um casamento arranjado pelos pais, e agora tem de conhecer o noivo e se acostumar com ele. Com cinco episódios, a minissérie teria audiência razoável, mas, mais uma vez, a atuação de Sonalee seria bastante elogiada.

Em 2019 Sonalee também faria três filmes de grande repercussão e destaque. O primeiro seria Ti and Ti ("ela e ela"), seu segundo trabalho com sua BFF Prarthana, no qual um homem recém-casado (Pushkar Jog) reencontra uma moça pela qual era apaixonado no colégio (Sonalee) e, confuso quanto a seus sentimentos, não sabe se tenta conquistá-la ou se aquieta com a esposa (Prarthana); filmado em Londres, esse seria o primeiro "filme internacional" da carreira de Sonalee, e faria grande sucesso nas bilheterias.

O segundo seria Vicky Velingkar, filme de ação com elementos de ficção científica no qual ela interpreta uma desenhista de histórias em quadrinhos que, com a ajuda de um hacker (Sangram Samel), tenta desvendar a morte de sua melhor amiga, que, antes de ser assassinada, a envia uma mensagem codificada. O elenco conta com a participação de uma das maiores celebridades maratas, Spruha Joshi, que é apresentadora de TV, compositora de músicas para trilhas sonoras de filmes, poeta e atriz de cinema, TV e teatro, e interpreta uma moça que divide apartamento com a amiga assassinada de Vicky, e acaba envolvida na investigação. O filme faria um relativo sucesso com o público jovem, mas não iria bem nas bilheterias e seria bastante criticado, especialmente por ser considerado plágio do filme norte-americano A Morte Te Dá Parabéns, o que o diretor do filme, Saurabh Verma, nega, apesar de todos os pontos de semelhança entre os dois.

O terceiro seria Hirkani, baseado na história real de uma mãe que, no século XVII, após ficar presa dentro do Forte de Raigad depois do toque de recolher, decide escalar as muralhas do forte para conseguir sair e reencontrar seu filho recém-nascido, que ficou sozinho em sua cabana no pé da montanha enquanto ela foi rapidamente ao forte receber o dinheiro pela venda de uma garrafa de leite. Hirkani seria o segundo filme do cultuado diretor Prasad Oak, que, com seu filme de estreia, Kaccha Limbu ("limão cru"), de 2017, ganhou o National Film Award de Melhor Filme; Oak seria procurado por Sonalee, que ficou sabendo da história de Hirkani enquanto gravava Ajintha, tinha interesse em interpretar a personagem, e queria que ele dirigisse. O diretor adorou a ideia, e não teve dificuldade em convencer o estúdio para o qual tinha feito Kaccha Limbu a bancar esse novo projeto.

Hirkani seria um gigantesco sucesso, rendendo 11,85 crore contra um orçamento de apenas 2 crore; a crítica, infelizmente, não o elogiaria tanto, considerando-o "uma bela história prejudicada por uma execução mediana". A atuação de Sonalee, por outro lado, seria considerada por parte da crítica como "de fora desse planeta", e renderia à atriz o Favorite Kon de Atriz Favorita, o Golden Camera Award de Melhor Performance do Ano, o Filmfare Marathi Critics Award de Melhor Atriz, e, finalmente, o Zee Gaurav de Melhor Atriz.

Sonalee começaria 2020 atuando em Dhurala ("poeira"), no qual o patriarca de uma família morre, e seus herdeiros (que incluem Sonalee e Tamhankar, na quarta vez em que as duas contracenam juntas) se envolvem em uma verdadeira batalha uns contra os outros para determinar quem ficará com os bens de maior valor. Também em 2020, ela estrearia na Zee TV como jurada do reality show de dança Dancing Queen, no qual dançarinas amadoras apresentam suas coreografias em busca de um prêmio em dinheiro - uma espécie de The Voice com dança ao invés de canto. Sonalee julgaria em duas edições: o Yuva Dancing Queen (yuva significa "jovem"), realizado em janeiro, e o Dancing Queen: Size Large Full Charge, realizado em dezembro, e que contou apenas com dançarinas plus size; esse último seria um dos programas de maior audiência da Zee TV no ano, e Sonalee deve voltar como jurada em futuras edições do programa, se sua agenda de filmagens permitir.

O mais recente filme de Sonalee é Jhimma ("responsabilidade"), que estreou esse ano, e acompanha sete mulheres de diferentes idades e diferentes classes sociais viajando juntas pelo Reino Unido. Em 2021, ela também faria sua estreia como produtora, ao lado de Akshay Bardapurkar, da Planet Marathi, no projeto Hakamari, um filme interativo de suspense inspirado no folclore de Maharashtra e transmitido através da internet, no qual o público vai poder tomar decisões junto com o protagonista, influenciando o final da história.

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