Antes de começarmos para valer, eu queria apenas expressar uma frustração: diferentemente do box em DVD de Que Rei Sou Eu?, do qual eu gostei muito, mesmo a novela estando severamente editada, do box de Vamp eu não gostei nem um pouco. A novela está tão editada que algumas cenas ficaram sem pé nem cabeça (em uma cena, Natasha chega na pousada feito um furacão, intimando o Capitão Jonas a conversar com ela, e, na cena seguinte, um segundo depois, já está na casa dela discutindo com Gerald, e a gente nem fica sabendo o que ela discutiu com o Capitão), e, mesmo assim, há inúmeros flashbacks (a sequência inicial, na qual o padre tenta exorcizar Vlad no passado, é repetida na íntegra quatro vezes). Ora, flashbacks são muito bons para quem está assistindo "ao vivo" e precisa relembrar alguma coisa, ou para quem pegou a novela no meio e quer saber o que aconteceu antes, mas totalmente desnecessários para quem pode assistir em seu próprio ritmo e muitas vezes acabou de ver a mesma cena no dia anterior - ainda mais se há uma limitação de tempo que exige o corte de outras cenas, que seriam muito mais necessárias do que esses flashbacks. Enfim, reclamação feita, vamos começar esse post da maneira própria: hoje é dia de Vamp no átomo!
Vamp foi mais uma novela de Antonio Calmon, autor de Top Model, que, dessa vez, assinaria a obra sozinho (Top Model havia sido co-escrita com Walther Negrão), mas contando com a colaboração de Vinícius Vianna, Lilian Garcia e Tiago Santiago. Assim como fez em Top Model, Calmon quis criar uma novela que falasse a língua dos jovens, inspirada na série Armação Ilimitada, de grande sucesso na década de 1980; dessa vez, porém, ele queria uma trama com mais ação e aventura, sem tantos dramas interpessoais quanto Top Model. Sua solução foi ambientar a trama em um universo fantástico, no qual vampiros são reais, colocando um deles como vilão e outra como a mocinha que tenta se livrar dessa maldição. Como a novela iria ao ar no horário das sete, e uma trama de terror seria impensável nesse horário, a novela também teria exageradas doses de comédia, sendo quase uma chanchada. Apesar das reclamações de alguns fãs de terror - que chegaram a escrever cartas para a Globo, reclamando que não era realístico vampiros que andavam na luz do dia ou que pudessem deixar de ser vampiros e voltar a serem humanos - a improvável mistura daria certo, e Vamp seria um grande sucesso, alcançando picos de 60 pontos, número excepcional até para uma novela das oito - Calmon, aliás, talvez tenha sido até mais bem sucedido do que esperava, porque quase a totalidade do público da novela era infanto-juvenil, com as donas de casa, tradicionais seguidoras das novelas das sete, não se interessando pela trama dos vampiros; em entrevista, porém, ele declararia ter sido abordado por várias donas de casa que o parabenizaram pela novela, dizendo que era a preferida de seus filhos.
Além de um grande sucesso de público, Vamp se tornou cult, sendo extensamente explorada na mídia, inclusive em outros canais que não a Globo, e dando origem a uma moda de vampiros que perdurou durante algum tempo - até mesmo festinhas de aniversário de crianças tinham vampiros como tema, com morcegos de cartolina nas paredes e bolos em forma de caixão. A Globo lançaria muito merchandising para ganhar dinheiro com o sucesso da novela, incluindo um álbum de figurinhas, que viraria uma febre somente comparada aos álbuns de Copa do Mundo - era praticamente impossível encontrar as figurinhas nas bancas, pois, quando elas chegavam, logo se esgotavam. Muitos camelôs também aproveitariam e estampariam o logotipo da novela em diversos tipos de produtos, como dentaduras de plástico e capas de vampiro para o carnaval de 1992. A novela é até hoje uma das mais queridas pelo público da época e pelo elenco, que se divertiu horrores (trocadilho intencional) durante as gravações.
A mocinha de Vamp é a cantora Natasha (Cláudia Ohana), roqueira que não consegue fazer sua carreira decolar, sendo rejeitada por inúmeras gravadoras. Um dia, após mais um não, ela recebe a visita do misterioso Conde Vladimir Polanski (Ney Latorraca), Vlad para os íntimos, que promete fazer dela uma cantora de sucesso, em troca, simplesmente, de sua alma. Natasha não leva muito a sério e aceita, mas o que ela não sabe é que Vlad é um vampiro de milhares de anos de idade, e que, logo após seu consentimento, a transforma, também, em uma criatura das trevas. Além de conde e vampiro, Vlad é também um riquíssimo empresário, e conduz inúmeros empreendimentos usando a alcunha de Otavinho Freire. Após morder Natasha, ele a leva para Veneza, onde ela chama a atenção do empresário artístico desempregado Gerald Lamas (Guilherme Leme), um homem ambicioso, frio, egoísta e sem moral, capaz de tudo para realizar seus próprios desejos. Vlad também transforma Gerald em vampiro, e, usando seu dinheiro, monta uma gravadora para a dupla, lançando Natasha, que se transforma em um mega fenômeno do rock mundial.
Uma quantidade não especificada de tempo se passa (todo mundo parece concordar que são dois anos, mas não há referência nenhuma na novela), e Natasha, já uma estrela comparável a Madonna, apesar de todo o seu sucesso, é infeliz, pois Vlad controla todos os aspectos de sua vida - mais tarde, ficamos descobrindo que Natasha é a reencarnação de Eugênia Queiroz, por quem Vlad foi apaixonado no passado, mas que o rejeitou para se casar com outro homem e acabou morrendo, e que o vampiro agora não quer deixar passar essa oportunidade, ficando com a cantora só pra ele. Um dia, durante uma crise de choro, ela recebe a visita do enigmático Rafa (Marcos Breda), que a princípio parece ser um anjo, e lhe dá uma dica de como se livrar do jugo de Vlad: no final do século XVIII, quando Vlad ainda era apaixonado por Eugênia, eles moravam em uma pequena cidade do litoral do Rio de Janeiro, chamada Armação dos Anjos (Nota do Guil: coincidentemente, o mesmo nome da cidade dos Power Rangers, que só estreariam dois anos depois). Ao perceber que estavam lidando com um vampiro, o irmão e o noivo de Eugênia alertaram as autoridades eclesiásticas, que enviaram para lá o Frei Bartolomeu (Jorge Cherques), munido da Cruz de São Sebastião, capaz de destruir qualquer vampiro com seu toque. Antes que o Frei pudesse tocar Vlad com a cruz, entretanto, ele usou seus poderes para criar um terremoto, que matou o clérigo e fez com que a cruz se perdesse no fundo do oceano. Se quiser se livrar de Vlad e voltar a ser humana, portanto, Natasha deve ir até Armação dos Anjos e encontrar a cruz desaparecida - como ela é uma vampira, porém, não pode tocar na cruz ou será destruída, devendo, além do artefato, encontrar um homem chamado Rocha, que, segundo as profecias, é o único que pode usar o poder da cruz para destruir Vlad.
Convenientemente, Armação dos Anjos é onde fica a pousada do Capitão Jonas Rocha (Reginaldo Faria), oficial da Marinha Mercante aposentado e fiscal do IBAMA, que cuida para que as paradisíacas praias locais permaneçam limpas e preservadas. Viúvo, Jonas mora na pousada com sua sogra, Dona Virgínia (Cleide Yáconis), nascida e criada em Armação dos Anjos, que conhece todas as histórias e lendas do local, e é a principal responsável por cuidar da pousada quando Jonas está fora; e com seus nada menos que seis filhos: Lipe (Fábio Assunção), 20 anos, que tem o pai como modelo e tenta imitá-lo em tudo; Jade (Luciana Vendramini), 19 anos, menina ciumenta, cabeçuda e um tanto problemática, que gosta de ficar sozinha e explorar cada canto da cidade, e sempre acaba sendo perdoada por Jonas por, além de ser sua filha mais velha, ser a que tem a personalidade mais parecida com a dele; João (Pedro Vasconcellos), 17 anos, um líder nato, que se esforça para agradar ao pai, mas acredita que ele gosta mais de Lipe e Jade; Nando (Henrique Farias), 16 anos, que não gosta da vida em estilo militar da família, é coroinha na igreja e apaixonado por futebol; Isa (Fernanda Rodrigues), 12 anos, menina moleca muito mais inteligente que o normal para a idade (em sua primeira aparição, menciona que está na classe dos superdotados na escola), mas que tem problemas de relacionamento com os irmãos devido à diferença de idade; e Tico (José Paulo Júnior), 10 anos, que, desde a morte da mãe, não fala uma palavra, é tímido e parece não se animar com nada, vivendo agarrado em Isa, a única que compreende seus gestos. Jonas é um pai severo, mas amoroso, e tenta fazer com que seus filhos sigam o caminho da honestidade e da retidão trilhados por ele, de preferência também ingressando na Marinha - Lipe e João estudam no Colégio Naval e pretendem seguir os passos do pai, mas Nando detesta a ideia, e gostaria de ter mais controle sobre sua vida.
Um pouco antes de Natasha, chega à cidade Carmem Maura de Araújo Góes (Joana Fomm), historiadora que vai até Armação dos Anjos fazer pesquisa para seu livro sobre o período colonial brasileiro. Bondosa, dedicada, mas um tanto instável emocionalmente, Carmem Maura também tem seis filhos: Lena (Daniela Camargo), 20 anos, forte, sensata, prática e objetiva, mas insegura, que atua como verdadeira mãe do grupo diante do comportamento avoado da mãe; Scarlett (Bel Kutner), 19 anos, intelectual, romântica, mas que se acha feia e imagina que vai ficar solteirona; Leon (Rodrigo Penna), 18 anos, extremamente mimado e chato de galocha, tem um ciúme possessivo da mãe, se considera um grande artista mas toca violino pessimamente; Dorothy (Carol Machado), 16 anos, moderna, descolada e fã número um de Natasha; Rubinho (Aleph del Moral), 15 anos, o desajustado da família, odeia livros, acha que ser intelectual é frescura, e só quer saber de mulheres e esportes; e o caçulinha Sig (João Rebello), 12 anos, superprotegido pela mãe e tratado pelos demais como criancinha, mas que possui um intelecto invejável, e tem como hobby a psicanálise. Após ela se hospedar na pousada, Carmem Maura e o Capitão Jonas se apaixonam, e, após muitas desventuras, decidem se casar, o que forma uma família de 12 filhos e muitos problemas - Lipe e Lena também se apaixonam; Nando e Rubinho se tornam melhores amigos, com Nando convencendo Rubinho a também ser coroinha; Isa, Tico e Sig se tornam um trio inseparável; e Jade não aceita o novo casamento do pai de jeito nenhum, fazendo o possível para atazanar Carmem Maura.
Para não levantar suspeitas, Natasha viaja a Armação dos Anjos sob o pretexto de gravar lá seu novo videoclipe, levando Gerald com ela; lá, eles se hospedam em uma casa de propriedade de Oswaldo Matoso (Otávio Augusto), empresário da construção civil que trabalha com especulação imobiliária, e, aliado a Otavinho Freire, deseja comprar a pousada de Jonas para construir um condomínio de luxo no lugar. Cafona, grosso e fanfarrão, Matoso fala com um sotaque aparentemente inventado por ele mesmo, que mistura espanhol, italiano e gírias antigas (chamando todo mundo de "bitcho"), e é pai de dois filhos com duas mulheres diferentes, que moram com ele para torrar seu dinheiro: Matosão (Flávio Silvino), que tem cerca de 20 anos, é prepotente, violento, e faz parte de uma gangue de motoqueiros que aterroriza a cidade, e Matosinho (André Gonçalves), que tem cerca de 15 anos, até tem bom coração, mas está acostumado a viver na moleza com o dinheiro do pai, e, imitando o irmão, se acostumou a usar a violência para conseguir o que quer.
Um dos personagens de maior sucesso da novela foi Mary Matoso (Patricya Travassos), originalmente Mary Ramos, ex-atriz de pornochanchada, irmã da falecida esposa do Capitão Jonas - e, portanto, filha de Dona Virgínia. Espalhafatosa, ambiciosa e extremamente brega, Mary, em fim de carreira, decidiu se mudar para Armação dos Anjos e trabalhar na pousada para tentar conquistar o coração de Jonas, que a acha vulgar e a rejeita. No início da novela, declara guerra a Carmem Maura, mas, após ver que a batalha está perdida, decide aceitar o pedido de casamento de Matoso, e se une a ele para se vingar de Jonas. Pouco depois, Gerald a transforma em vampira, e ela acaba transformando também a todos os Matosos, que passam a funcionar como o principal núcleo cômico da novela - Matoso, além de ser um vampiro extremamente incompetente, ainda por cima tem um dente só. Além de vampira, Mary decide estudar também para ser bruxa, com caldeirão e tudo, e é responsável por algumas das cenas mais engraçadas da novela.
Outro personagem que ficaria bastante famoso seria Jurandir Figueira (Nuno Leal Maia), bandido que, em companhia dos comparsas Arekém (Júlio Levy) e Tobias (Pedro Cardoso), assalta uma casa, humilha os moradores e rouba uma grande quantia em dólares, logo depois descobrindo que a casa pertence a outro bandido, Arlindo Cachorrão (Paulo Gracindo). Considerado um dos criminosos mais cruéis do país, Cachorrão vive como um rico empresário, já que a polícia jamais conseguiu qualquer prova de suas atividades ilegais; ao saber que Jurandir assaltou sua casa, ele ordena uma caçada, para se vingar pessoalmente do meliante, arrancando suas orelhas. Durante a fuga, Jurandir pega carona com o Padre Estevão (Marcos Alvisi), um jovem padre simpático, entusiasmado e muito distraído, que está indo para Armação dos Anjos ser o substituto do Padre Eusébio (Oswaldo Louzada), o idoso titular da paróquia, extremamente honesto, compreensivo e humano, mas que já está cansado após tantos anos de sacerdócio, querendo pendurar a batina para se dedicar à sua plantação de alfaces. Padre Estevão é péssimo motorista, e ele e Jurandir acabam se envolvendo num acidente, no qual o carro cai no mar e o padre desaparece, e a polícia fica achando que o dono do carro e da batina é Jurandir. Aproveitando o golpe de sorte, Jurandir assume a identidade de Padre Estevão e vai até Armação dos Anjos para se esconder; ele não leva o menor jeito para padre, porém, e seu linguajar, trejeitos e amor pelo futebol logo fazem com que os jovens o apelidem de Padre Garotão. Para não ter de efetuar os ritos da igreja, Jurandir inventa que ficou traumatizado pelo acidente, e o pobre Padre Eusébio tem de adiar sua aposentadoria até que seu "substituto" ganhe novamente confiança. Mesmo em Armação dos Anjos, porém, Jurandir não está completamente livre de Cachorrão por dois motivos: primeiro, Cachorrão é padrinho de Matoso, e frequentemente vai à cidade verificar como estão indo os negócios do afilhado, nos quais investe dinheiro; segundo, Jurandir tem uma namorada, Marina (Vera Zimmermann), moça ingênua que acredita que Cachorrão é apenas um empresário, e com quem o criminoso também quer se casar; ao saber que Jurandir está em Armação dos Anjos, Marina decide ir até lá ficar com ele, inventando que é irmã do "Padre Estevão". Apesar de ter sido bandido, Jurandir tem um coração enorme, é altruísta, sempre quer ajudar a todos, e vê no acontecido uma prova de que "o Divino" está dando a ele uma nova chance para recomeçar sua vida.
Além de comprar a pousada de Jonas, para conseguir levar seu empreendimento imobiliário adiante Matoso precisa comprar um terreno que pertence à igreja, que o aluga a preço de banana para o Circo Planador - uma homenagem ao famoso Circo Voador, do Rio de Janeiro - de propriedade do palhaço Simão Coalho (Evandro Mesquita), um ex-hippie sonhador que não leva o menor jeito com dinheiro, e vive sendo alvo das armações de Matoso para incriminá-lo e fazer com que ele perca o direito a alugar o terreno. Simão é casado com Jezebel (Bete Coelho), ex-hippie como ele, embusteira que atua como cartomante e adivinha, mas que, sem saber, possui realmente poderes paranormais, e se torna a melhor amiga de Natasha quando ela vem morar na cidade. O casal tem uma filha adotiva de 16 anos, Esmeralda (Juliana Martins), filha de um casal de ciganos, que atua como trapezista, sonha em conseguir uma vida fora do circo, e por quem Pedro é apaixonado. Mais tarde, eles adotam uma segunda criança, Pingo (Igor Laje), que tem cerca de 12 anos, menino de rua do Rio de Janeiro que fez amizade com Nando, e fugiu para Armação dos Anjos após ser testemunha de um crime cometido pelos capangas de Cachorrão, vivendo escondido um tempo na pousada antes de ser incorporado pelo circo no número Coringão e o Palhaço Anão (no qual Simão se vestia como o Coringa de Jack Nicholson, do primeiro filme do Batman). Para infelicidade de Pingo, os netos de Cachorrão adoram o Palhaço Anão - que não pode nem sonhar em deixar o bandido descobrir que ele é o menino que seus capangas procuram para evitar que ele testemunhe.
História de vampiros que se preza tem que ter um caçador de vampiros, e, em Vamp, esse papel cabe a Alice Penn-Taylor (Vera Holtz), inglesa fundadora da British Society for the Hunting of Vampires (Sociedade Britânica para a Caça de Vampiros), considerada a maior caçadora de vampiros da história; brigona, mandona, mas muito correta, Penn-Taylor, que fala com um sotaque que só não é pior que o de Matoso, viu Natasha de relance na Europa, e imediatamente colocou na cola dela seu assistente, o brasileiro Augusto Sérgio (Marcos Frota), escritor de terror frustrado, que nunca conseguiu ter um livro publicado, e, após conhecer sua ídola pessoalmente na Inglaterra, decidiu se tornar também um caçador de vampiros, mesmo sendo medroso, distraído e extremamente desastrado. Mais tarde, une-se a eles Soninha (Bia Seidl), moça rica e linda quem vem a Armação dos Anjos ajudar na causa ecológica, disfarçada de feia e pobre para analisar se as intenções do Capitão Jonas para preservação do meio ambiente são verdadeiras ou apenas uma jogada de marketing; durante um ataque dos vampiros, Soninha percebe que leva jeito para a coisa, passando a formar um trio de caçadores com Penn-Taylor e Augusto Sérgio.
Outro personagem importante era Pai Gil (Tony Tornado), pescador aposentado que é o melhor amigo de Jonas; homem sábio, honesto, que atua como líder da comunidade e joga búzios para descobrir que o futuro reserva para sua amada cidade. Sua filha, Branca (Aída Lerner), é perceptiva e altruísta, sócia do restaurante Chez Sylvie com sua melhor amiga, Sílvia (Zezé Polessa), mulher fina e sofisticada casada com o pintor de quadros Ivan (Paulo José), homem de grande sensibilidade, que, de uma hora para outra, passa a ser uma pessoa mórbida, sombria e cheia de segredos, o que faz com que seu casamento entre em crise e com que Sílvia ache que ele tem outra mulher - mas a verdade é bem mais terrível: Vlad, ou melhor, Otavinho Freire, é dono de um casarão caindo aos pedaços no centro da cidade (que depois ficamos sabendo que, no século XVIII, era a casa de Eugênia), no porão do qual fica seu caixão; um dia, Ivan estava explorando o casarão quando foi mordido por Vlad, que o transformou em seu representante para todos os assuntos em Armação dos Anjos - função que Ivan odeia, assim como odeia ser vampiro, tentando esconder esse fato de todos. Quando Natasha chega à cidade, Ivan vê uma chance de se livrar de sua própria maldição, e decide ajudar a moça a encontrar a cruz.
Sílvia e Ivan têm uma filha adolescente um tanto mimada, chamada Paula (Amora Mautner), que é apaixonada por Nando, que nem dá bola pra ela, e não vê que o melhor amigo de Nando, Pedro (Frederico Mayrink), coroinha da igreja como ele, é apaixonado por ela. Pedro é um rapaz doce, de coração enorme, com um forte senso de justiça, e totalmente fiel ao pai, Max (Francisco Milani), sempre perdoando-o por tudo o que ele faz. O problema é que Max é alcoólatra e viciado em jogo, o que fez com que ele perdesse todo o dinheiro de sua família e tivesse que passar a trabalhar numa lanchonete de propriedade de Matoso (a Matoso's), o que ele odeia, e o leva a beber ainda mais - e, quando ele está bêbado, culpa Pedro por todas as suas frustrações, espancando o menino. Cansada dessa vida, a mãe de Pedro, Joana (Inês Galvão), o abandonou e foi para o Rio de Janeiro, onde conheceu Moreira (Marcelo Picchi), com quem teve dois filhos, Marquinhos (Fabrício Bittar) e Mônica (Carolina Rebello); Pedro preferiu ficar com o pai e não quis acompanhar a mãe, que agora, anos depois, decidiu voltar a Armação dos Anjos para tentar convencê-lo a ir para o Rio com ela.
Para terminar os personagens principais, falta falar de Daniel (Jonas Torres), que entrou só no meio da novela. Rapaz corajoso, correto e muito educado, Daniel pratica tiro com arco, e vai a Armação dos Anjos com o único intuito de disparar uma flecha no coração de Vlad e destruí-lo - isso porque Daniel é filho do verdadeiro Otavinho Freire, a quem Vlad matou para assumir sua identidade, toda sua fortuna e negócios, deixando Daniel pobre e com sede de vingança. Inicialmente Daniel acampa na praia, mas, após receber um convite do Capitão Jonas para morar na pousada, se torna namorado de Jade e um dos maiores aliados dos caçadores de vampiros durante a batalha.
Outros personagens da novela são Lucia T. (Giulia Gam), música amiga de Natasha, que tocava com ela no início da carreira, e depois é convidada para gravar o clipe em Armação dos Anjos; Giron (Felipe Pinheiro), vampiro produtor musical dos discos de Natasha, que odeia Gerald e quer ser o novo empresário de Natasha, e, ambicioso, após tomar conhecimento da cruz, planeja ele mesmo destruir Vlad e assumir seu lugar como chefe dos vampiros; as mães, respectivamente, de Matosão e Matosinho, Telma (Maria Zilda Bethlem) e Luísa (Cristina Pereira) - uma paródia ao filme Thelma & Louise, um grande sucesso da época - que vão a Armação dos Anjos extorquir mais dinheiro de Matoso; as beatas da igreja de Armação dos Anjos, Ermengarda (Norma Geraldy) e Hermínia (Hilda Rebello); Maria Carmem (Renata Schumann), violinista tão ruim quanto Leon, que acaba namorando com ele; o Delegado Zé Clemente (Gianfrancesco Guarnieri), que investiga o roubo à casa de Cachorrão, cometido por Jurandir; e o terapeuta maluco Vicentinho Fernando (Jorge Fernando), que trabalha com hipnose, descobre que Natasha é a reencarnação de Eugênia, e acaba tendo papel fundamental na destruição de Vlad. Dentre as participações especiais destacam-se Cláudia Raia como Celeste, ex-namorada de Jurandir e atualmente dona de um bar; Luís Salém como o apresentador do telejornal local de Armação dos Anjos; Mário Lago como o avô de Soninha; e a cantora Rita Lee no papel da cantora Lita Ree, amiga de Natasha que vem a Armação dos Anjos se apresentar em um dueto com ela no Circo Planador. Marcello Novaes faz uma minúscula participação como o piloto do avião que traz os caixões de Natasha e Gerald (com eles dentro) da Europa para o Brasil.
Uma das principais influências de Calmon ao decidir escrever Vamp seria o filme A Dança dos Vampiros, de 1967, do diretor Roman Polanski; o nome de Vlad, aliás, é uma homenagem ao diretor, combinando seu sobrenome com o prenome de Vlad, o Empalador, príncipe da Valáquia que muitos consideram ter sido o Conde Drácula da vida real. Falando nisso, assim como fez em Top Model, na qual cada um dos filhos de Gaspar Kundera tinha o nome de um artista famoso, Calmon deu a cada um dos filhos de Carmem Maura um nome, digamos, intelectualmente relevante: Lena foi batizada em homenagem à Helena do livro homônimo de Machado de Assis; Scarlett homenageia a O'Hara de ...E o Vento Levou; Dorothy, a protagonista de O Mágico de Oz; Leon é uma homenagem ao grande autor russo Leon Tolstoi; e Sig ao pai da psicanálise, Sigmund Freud; somente Rubinho recebeu seu nome em homenagem a um intelectual fictício, o escritor e membro da Academia Brasileira de Letras Rubens de Araújo Góes, que vem a ser pai de Carmem Maura.
A princípio, Ney Latorraca participaria apenas dos nove primeiros capítulos da novela, retornando nos capítulos finais, com o principal vilão sendo Gerald, mas o sucesso de Vlad foi tão grande que Calmon decidiu mudar a história, inventando a trama de que Natasha era a reencarnação de Eugênia, passando Gerald para um papel de capanga, e fazendo com que Vlad estivesse presente em toda a história; o ator, porém, já havia assumido compromissos no teatro, de forma que, nos primeiros meses, Vlad era apenas referenciado, jamais visto - no máximo era ouvida sua voz, como quando Matoso falava no telefone com Otavinho Freire. Quando era indispensável que Vlad estivesse presente, foi usado um recurso curioso: Vlad tinha o poder de assumir a aparência de Ivan, com Paulo José interpretando o vilão - que ainda falava com a voz de Latorraca.
Além dos poderes próprios de vampiro, como força e velocidade sobre-humanas, hipnotismo, e a habilidade de se transformar em morcego ou fumaça, Vlad tinha muitos outros (alguns compartilhados por outros vampiros da novela), como teletransporte, lançar raios pelas mãos, poder esbofetear outros vampiros à distância, transformá-los em animais como ratos e sapos, e transformar a si mesmo em cachorro - um Rottweiler conhecido na história como "O Grande Cão Negro". A sequência da transformação de Vlad em cachorro usava truques de câmera, maquiagem e jogos de luz e sombra, sem nenhum efeito de computação gráfica (CG), sob a supervisão do maquiador norte-americano Bob Clark - um busto de gesso de Latorraca chegou a ser criado para se transformar no cachorro usando CG, mas a aparência final não ficou boa e a sequência acabou sendo descartada. Por decisão do diretor Jorge Fernando, todos os efeitos especiais da novela seriam feitos à moda antiga (segundo ele, "de maneira artesanal"), com jogos de câmera e chroma key (aquela tela verde que permite que duas imagens sejam sobrepostas), sem o uso de CG - a única cena da novela que usa CG é a da morte de Vlad, que faz uso do digital morphing, técnica que, enquanto a novela estava no ar, se tornaria febre no mundo inteiro, graças ao clipe da música Black or White, de Michael Jackson. Muitos efeitos especiais da novela seriam alvo de reclamações da crítica especializada por sua pobreza - os morcegos eram claramente bichos de pelúcia pendurados por fios, e alguns figurinos mais exóticos pareciam fantasias de escola de samba - mas, no geral, isso apenas contribuiu para o estilo cômico da novela.
A transformação dos personagens em vampiros era feita da forma mais simples possível, com um corte de câmera - normalmente eles fechavam os olhos e a boca, ou viravam a cabeça, e, na cena seguinte, já estavam "vampirizados". Os "vampiros principais" (aqueles que faziam parte do elenco fixo, como Vlad, Natasha, Gerald e Mary, por exemplo), ganhariam dentaduras específicas, feitas sob medida para suas arcadas dentárias por protéticos, mas os "coadjuvantes" (como os da cena da batalha nas ruas de Armação dos Anjos) teriam de usar dentaduras genéricas, que não permitiam que eles falassem - mesmo com as dentaduras sob medida, alguns atores, como Latorraca e Patricya, tinham dificuldade para falar, soando com um perceptível chiado. As dentaduras de Vamp se tornariam uma coqueluche, com programas de televisão contratando protéticos para demonstrar o processo pelo qual elas eram produzidas, e várias revistas ensinando a fazer uma em casa, com materiais como borracha e arame - algo que não devia ser muito seguro, visto que minha mãe nunca deixou a gente nem comprar uma dessas revistas. Outro componente da aparência de vampiro eram as lentes de contato; Vlad, Natasha e Gerald, os primeiros vampiros da trama, tinham olhos amarelos, mas, a partir de Mary, que tinha olhos vermelhos, outras cores começaram a ser usadas - Matosão e Matosinho, por exemplo, tinham olhos de um azul claro quase branco. Patricya teve uma reação alérgica às lentes coloridas e teve de parar de usá-las; desde então, toda vez que Mary se transformava em vampira, aparecia de óculos escuros - recurso também usado pelos coadjuvantes, para que a Globo não tivesse que comprar lentes coloridas, bem mais caras que os óculos, para todos, e por dois outros atores que não se adaptaram às lentes, os quais não vou citar para não dar spoiler.
Apesar de Vlad ser o vilão, ele faria um enorme sucesso com as crianças - muitas delas querendo derrotá-lo, é verdade. Outros personagens bastante populares com o público infantil foram Carmem Maura e o Capitão Jonas, com Joana Fomm e Reginaldo Faria sendo frequentemente abordados por crianças nas ruas - Reginaldo conta que, até hoje, há pessoas, que eram crianças ou adolescentes na época de Vamp, que, quando lhe pedem autógrafos, o chamam de Capitão. Dentre o público mais velho, os personagens de maior sucesso seriam Jurandir e Matoso, cujo sotaque e ter um dente só quando fosse transformado em vampiro foram ideias de seu intérprete, Otávio Augusto. Apesar do clima de chanchada, todos os atores do elenco levavam tudo muito a sério, se mantendo no texto; apenas dois pareciam competir para ver quem inseria mais cacos (falas que não estão no roteiro, inventadas na hora da gravação pelo ator): Latorraca e Patricya - os cacos dela, inclusive, foram considerados os principais responsáveis pelo sucesso da personagem.
Cláudia Ohana, que eternamente será lembrada como Natasha, não foi a primeira escolha da Globo para o papel, com a atriz Débora Bloch e a cantora Paula Toller sendo sondadas. Ohana, no início de sua carreira e com apenas três novelas no currículo, havia chamado a atenção da Globo ao interpretar uma jovem Tieta na primeira fase da novela de mesmo nome, em 1989, e estourado como a jornalista Paula em Rainha da Sucata no ano seguinte, o que lhe valeu o convite para um teste para seu primeiro papel de protagonista; o que fez com que ela levasse o papel, entretanto, foi seu surpreendente desempenho cantando - alguns citam também seus grandes olhos, extremamente expressivos e perfeitos para a personagem. Ao todo, Ohana regravaria quatro músicas para a novela: Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones, carro-chefe de Natasha, repetida à exaustão, para a qual a cantora gravou também um videoclipe; Don't Let the Sun Go Down On Me, de Elton John, a música cujo clipe supostamente Natasha vai gravar em Armação dos Anjos; Quero que Vá Tudo para o Inferno, de Roberto e Erasmo Carlos; e Doce Vampiro, de Rita Lee, que Natasha canta em dueto com Lita Ree. O desempenho de Ohana como cantora seria tão bom que ela seria convidada para cantar essas músicas em diversos programas da emissora, como o Domingão do Faustão, e até mesmo no show do Criança Esperança; até hoje, de vez em quando ela se arrisca como cantora em programas como Popstar, e já chegou a ter uma música sua na trilha sonora de outra novela, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, em Estrela-Guia, de 2001.
Ohana também passaria por um grande aperto logo no início das gravações da novela: na cena em que Natasha conhece Gerald, ela vai para o meio da Piazza San Marco, em Veneza (no meio dos famosos pombos), coloca a música Sadness - Part One do Enigma (que, por alguma razão, não fez parte da trilha sonora da novela) para tocar em um rádio portátil, e faz uma apresentação particular de dança para o produtor, fugindo em seguida, para que ele a persiga e seja mordido por Vlad. Acontece que apresentações de música e dança são proibidas na Piazza San Marco, de forma que, ao terminar sua performance, a atriz foi abordada pela polícia, e a equipe de produção da novela teve de usar de muito jogo de cintura para que ela não passasse uma noite no xilindró.
Os figurinos da novela, a cargo de Lessa de Lacerda, seriam um dos pontos altos da produção, contando, evidentemente, com muito preto para os vampiros - era comum, aliás, que um personagem usasse cores variadas, mas, ao ser transformado em vampiro, passasse a usar apenas preto. Para compor o visual de Natasha, a equipe de figurino se inspiraria nas personagens femininas das histórias em quadrinhos de super-heróis, usando muito veludo, cotton-lycra e vinil - incluindo uma calça que eu acho que umas três pessoas tinham de ajudar a Cláudia Ohana a vestir, de tão justa. Coincidentemente, enquanto a novela estava no ar, o gótico se tornou a tendência da moda nos desfiles da Europa, o que deu aos figurinistas muito mais opções de roupas para trabalhar, fez com que a novela instantaneamente estivesse de acordo com o que era moda na época, e acabou refletindo na moda jovem brasileira, com vários modelos usados pelas vampiras se tornando obrigatórios nos guarda-roupas das moças. Também merecem destaque as roupas que Simão e Jezebel usavam no circo, inteiramente feitas de materiais reciclados, em uma das primeiras vezes em que uma produção da TV nacional usou esse recurso.
Apesar de todo o humor da novela, aliás, Vamp também teve um forte apelo ecológico, com vários de seus capítulos abordando questões como reciclagem, poluição e preservação do meio-ambiente, temas que começavam a ganhar força na época. A novela seria a ponta de lança de uma campanha conjunta da Globo com a Fundação Boticário de Proteção à Natureza, que visava conscientizar a população quanto à preservação de nossos recursos naturais, por isso tinha uma cidade litorânea paradisíaca como cenário, um fiscal do IBAMA como protagonista, e a especulação imobiliária como um dos principais vilões; uma das cenas mais famosas da novela nesse sentido seria a que Soninha ensina Jonas a salvar uma tartaruga presa em uma rede de pesca.
Além dos vampiros, Vamp trouxe duas outras inovações vistas pela primeira vez nas novelas brasileiras: aquela que ficou conhecida como "linguagem de videoclipe", longas sequências de ação sem diálogos, com rápida sucessão de planos; e a transformação da última cena de cada novela em um desenho, como se fosse o último quadro de uma história em quadrinhos - a cena congelava e, aos poucos, se transformava em um desenho do artista gráfico Roger Mello, cujo traço se sobrepunha com precisão à imagem da cena. Com algumas modificações, esse recurso seria usado em várias produções posteriores da Globo, como Era Uma Vez..., A Próxima Vítima e Avenida Brasil.
A abertura da novela também se parecia com um videoclipe, e fez grande sucesso. Ao som de Noite Preta, da até então desconhecida cantora Vange Leonel, e totalmente gravada em estúdio, a abertura mostrava Cláudia Ohana passeando por um cenário noturno levemente vitoriano, enquanto era perseguida por um cão pastor preto, que por sua vez era perseguido por um grupo de caçadores de vampiros meio atrapalhados. Ao alcançar a mocinha, o cachorro se transforma no Conde Drácula (através de um efeito no qual vemos apenas a sombra do cachorro se transformando na sombra do vampiro), que então a morde, fazendo com que sua roupa se transforme de um pueril vestido branco para um sexy macacão de vinil preto, com o logotipo da novela aparecendo após rápidas sucessões de poses da nova vampira, que incluem closes em seus olhos amarelos e presas. O logotipo da novela, falando nisso, tinha letras angulosas, das quais a primeira perna do A e a última do M faziam as vezes de presas de vampiro, com as pontas manchadas de sangue.
Como de costume, a novela teve duas trilhas sonoras, uma com músicas de artistas nacionais, outra com artistas internacionais, que estreou na metade da novela. A nacional, além de Sympathy for the Devil cantada por Cláudia Ohana, e de Noite Preta, de Vange Leonel, trazia, dentre outras, Coração Vagabundo, de Leila Pinheiro, Felicidade Urgente, de Elba Ramalho e Cláudio Zoli, Sob o Efeito de um Olhar, de Guilherme Arantes, Lua, de Fábio Jr., Tendo a Lua, dos Paralamas do Sucesso, Grunir, de Orlando Moraes, Chacal Blues, de Evandro Mesquita, e a cômica Suga Suga, de João Penca e Seus Miquinhos Amestrados. Na internacional, os destaques foram Boy, da brasileira Deborah Blando, I Remember You, do Skid Row, Love Hurts, de Cher, Wicked Games, de Chris Isaak, It Ain't Over 'Til It's Over, de Lenny Kravitz, e What a Wonderful World, de Louis Armstrong. Na segunda metade da novela, Simão e os filhos do Capitão Jonas montam uma rádio pirata, chamada Rádio Corsário, com o intuito de tirar do ar a rádio patrocinada por Matoso, que só serve para falar mal da pousada do Capitão e colocar Mary cantando com sua voz esganiçada; para aproveitar o sucesso da novela, a Som Livre lançaria o álbum Rádio Corsário - O Som Da Galera Vamp, com músicas antigas cujos trechinhos eram tocados ocasionalmente pela rádio pirata, mais a versão de Quero Que Vá Tudo pro Inferno gravada por Ohana.
Com direção de Jorge Fernando, Fabio Sabag e Carlos Manga Jr. e direção geral de Jorge Fernando, Vamp teve 179 capítulos, exibidos entre 15 de julho de 1991 e 8 de fevereiro de 1992. Seu enorme sucesso fez com que ela fosse reprisada menos de um ano após seu final, entre 4 de janeiro e 2 de julho de 1993, em versão condensada em 130 capítulos (a do DVD é mais condensada ainda, tendo por volta de 50, se considerarmos 40 minutos por capítulo). Essa reprise ocorreu não no Vale a Pena Ver de Novo, e sim na Sessão Aventura, que ia a ar no horário atualmente ocupado por Malhação, e normalmente exibia séries norte-americanas; curiosamente, até hoje Vamp ainda não foi exibida no Vale a Pena Ver de Novo, fazendo parte de um pequeno grupo de novelas que foram grandes sucessos de público mas jamais ganharam reprises lá - e sendo a única novela das sete desse grupo, com todas as outras sendo das oito, das nove ou das dez, que não foram reprisadas por restrições de horário. Entre 11 de abril e 15 de dezembro de 2011, Vamp seria reprisada, na íntegra, no canal Viva.
Vamp teve um elenco jovem numeroso: nada menos que 22 personagens tinham 20 anos ou menos, o que deve ser algum recorde. Seu sucesso seria o principal responsável pela Globo iniciar o projeto que culminaria na estreia de Malhação, em abril de 1995 - sendo essa a razão pela qual não temos mais novelas com elenco jovem numeroso hoje em dia. Calmon voltaria a apostar em um elenco jovem em suas duas obras seguintes, a minissérie Sex Appeal e a novela Olho no Olho, ambas de 1993, e ambas grandes sucessos de público, embora Olho no Olho, que trazia uma trama que envolvia paranormais com olhos brilhantes, tenha sido espinafrada pela crítica; após a estreia de Malhação, ele se concentraria em novelas mais ao estilo tradicional, escrevendo Cara & Coroa, Corpo Dourado, Um Anjo Caiu do Céu, Começar de Novo (co-escrita com Elisabeth Jinn) e Três Irmãs.
Em 2002, entre Um Anjo Caiu do Céu e Começar de Novo, Calmon decidiria retornar aos vampiros com O Beijo do Vampiro, novela voltada ao público infantil, com a qual a Globo pretendia repetir o sucesso de Vamp. Mas a trama, que envolvia um adolescente (Kayky Brito) descobrindo que seu verdadeiro pai (Tarcísio Meira) é um poderoso vampiro, e que a moça que imaginava ser sua mãe (Flávia Alessandra) é a reencarnação do grande amor desse vampiro, não agradou nem ao público, nem à crítica, marcando média de 28 pontos, baixíssima para o horário. Ney Latorraca faria uma participação especial, não como Vlad, mas como o vampiro Nosferatu.
Em 2017, Vamp ganharia uma versão para o teatro, na forma de um musical. Com texto de Calmon, direção de Jorge Fernando e figurinos de Lessa de Lacerda, a montagem trazia mais uma vez Ohana como Natasha e Latorraca como Vlad, sendo que, para derrotar Vlad e voltar a ser humana, Natasha deve encontrar o Medalhão do Poder, escondido em algum lugar do terreno onde fica a pousada do Capitão Jonas. Além do Capitão, outros personagens da novela, como Carmem Maura, Gerald, Penn-Taylor, Matoso e Mary, também estavam presentes, mas interpretados por outros atores; dentre os novos personagens, destacava-se Madrácula, a mãe de Vlad, interpretada por Cláudia Netto.
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