Antes de começarmos, porém, uma curiosidade: quando eu assisti à novela no Vale a Pena Ver de Novo, não tinha a menor noção de que ela tinha sido exibida originalmente em 1986 - não acompanhava as novelas das seis antes de Bambolê, a primeira que eu resolvi assistir, que estreou no final de 1987, e só fui saber a ordem das antigas anos mais tarde, já depois do advento da internet. Quando Sinhá Moça foi reexibida, em 1993, eu jurava que se tratava de uma novela dos anos 1970, e, quando descobri que haviam se passado apenas sete anos desde sua exibição original, me surpreendi - afinal, é como se, hoje, estreasse no Vale a Pena Ver de Novo uma novela de 2013. A curiosidade do fato fica por conta da minha constatação de que, quando somos mais novos, nós somos péssimos para julgar idade, não só de outras pessoas, mas de obras - eu tinha 15 anos, via Lucélia Santos e Rubens de Falco numa novela, então jamais imaginaria que ela tinha só sete anos, claramente tinha de ser algo de antes de eu nascer.
De autoria de Benedito Ruy Barbosa, com colaboração de suas filhas, Edmara e Edilene, Sinhá Moça foi uma adaptação livre do livro de mesmo nome, escrito por Maria Dezonne Pacheco Fernandes e lançado em 1950. O livro era focado no vilarejo de Araras, em São Paulo, e contava a história de como ele se transformou em município, tendo como pano de fundo o Segundo Reinado, a escravidão e as fazendas de café, sendo ambientado entre 1840 e 1850. Já a novela começa bem depois, em 1886, é ambientada no fictício município de Araruna, e tem como pano de fundo o conflito entre os monarquistas e os republicanos, enquanto é discutido o fim da escravidão. De fato, a trama da novela dura dois anos, e se encerra em 13 de maio de 1888, dia no qual a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, encerrando oficialmente a escravidão legalizada no Brasil.
A ideia de adaptar o livro foi do próprio Benedito, que, apesar disso, só aproveitou oito de seus personagens e mudou a história quase toda. Maria Dezonne ainda estava viva, e a Globo negociou a compra dos direitos diretamente com ela, mas a autora não se opôs às modificações feitas para a novela - diferentemente de um grupo de fãs, que diariamente escrevia cartas à emissora reclamando das mudanças. Também houve muita decepção por parte de quem resolveu fazer o caminho contrário, ou seja, comprar o livro por causa do sucesso da novela, para descobrir que a história do livro não era a mesma da televisão. Antes da estreia, também houve uma grande preocupação por parte da Globo de que a trama pudesse ser vista como uma segunda versão de A Escrava Isaura, exibida dez anos antes, que também tinha escravidão como tema, Lucélia Santos como mocinha e Rubens de Falco como vilão, mas essas preocupações se dissiparam quando a novela mostrou excelentes índices de audiência desde o início - se por causa das semelhanças ou apesar delas, não se sabe.
A protagonista da novela é Maria das Graças Ferreira Fontes, apelido Sinhá Moça (Lucélia Santos) - "sinhá" era a forma como os escravos normalmente se referiam às suas donas, uma corruptela de "senhora", feminino de "sinhô", e "moça" porque ela teve escravos desde criança, então é como se ela fosse a "jovem patroa" ou coisa parecida. Sinhá Moça é filha do Coronel Ferreira (Rubens de Falco), que tem o título de Barão de Araruna, e é o homem mais poderoso da cidade, aquele com as maiores fazendas e o maior número de escravos, e da doce Cândida (Elaine Cristina), dona de casa totalmente submissa ao marido. Ao chegar à adolescência, Sinhá Moça foi enviada para concluir seus estudos em São Paulo, onde teve contato com as ideias abolicionistas, que passou a defender. Retornando a Araruna de trem, ela conhece o jovem Rodolfo (Marcos Paulo), republicano e abolicionista, por quem se apaixona. Isso faz com que Sinhá Moça entre em conflito com o pai, que considera tanto a abolição quanto a república ideias absurdas, e não está a fim de perder seu poder e prestígio libertando os negros.
Secretamente, Sinhá Moça se une a um grupo de jovens abolicionistas, e, enquanto vive um romance proibido e secreto com Rodolfo, atua junto a associações que encaminham escravos fugidos para a liberdade e os ajudam a conseguir empregos. A maioria dos escravos consegue fugir após os ataques do Irmão do Quilombo, uma misteriosa figura totalmente vestida de preto que, montado a cavalo, ataca as senzalas durante a madrugada, distraindo os guardas e ajudando os escravos a fugir; sem que ninguém saiba, nem mesmo Sinhá Moça, o Irmão do Quilombo é ninguém menos que Rodolfo, disposto a acelerar o processo de abolição com suas próprias mãos. Cândida sabe do romance da filha com o abolicionista e de seu envolvimento com as associações, e, embora não tenha coragem de enfrentar o marido, a acoberta.
Rodolfo é filho do advogado da cidade, o Dr. Geraldo Fontes (Mauro Mendonça), que não é natural de Araruna, mas se mudou para lá após terminar a faculdade com o intuito de fazer fortuna, o que conseguiu, se tornando quase tão influente quanto o Barão - embora seja mais um que não tem coragem de enfrentar o Barão, preferindo viver sua vida e esperar os eventos ocorrerem naturalmente, mesmo sendo contra a escravidão. Fontes é casado com Inez (Neusa Amaral), e, além de Rodolfo, tem outro filho, Ricardo (Daniel Dantas), jovem tímido e sensível que nunca teve interesse em estudar, preferindo tomar conta das fazendas do pai. Ricardo é apaixonado por Ana do Véu (Patrícia Pillar), filha do comerciante Manoel Teixeira (José Augusto Branco) com a extremamente religiosa Nina (Norma Blum). No passado, Teixeira foi julgado por um crime que não cometeu, e foi salvo de ser preso por Fontes; para agradecer, Nina fez uma promessa a Santa Rita, de que sua única filha se casaria com Rodolfo, então o único filho de fontes, e que, até o dia do casamento, ela jamais mostraria seu rosto, que deveria permanecer sempre coberto por um véu. Com a volta de Rodolfo à cidade, e sua paixão por Sinhá Moça, Ana, que já era motivo de chacota na cidade, se torna extremamente infeliz, e quer retribuir o amor de Ricardo, que se apaixona por ela sem nunca ter visto seu rosto, mas sua mãe é contra o romance dos dois por causa da promessa.
Outro personagem importante é Virgínia, a quem todos chamam de Bá (Chica Xavier), escrava que vive dentro da casa do Barão, e que foi quem criou Sinhá Moça, inclusive, amamentando-a, já que Cândida não tinha leite suficiente. No passado, Bá (cujo apelido vem do fato de ela ter sido babá de Sinhá Moça) foi apaixonada por outro escravo, Pai José (Milton Gonçalves), e teve com ele um único filho, que o Barão tirou de seus braços ainda bebê e vendeu, para que todo o seu leite ficasse para Sinhá Moça; por incrível que pareça, o Barão respeita Bá imensamente, por ter salvado a vida de sua filha, e, apesar da mágoa pela venda do filho, Bá nunca o tratou com rancor, principalmente devido a seu amor por Sinhá Moça, a quem considera sua própria filha. No início da novela, Pai José, que era Rei na África e foi trazido para a fazenda para ser o principal escravo reprodutor, tendo tantos filhos com as escravas da fazenda que até perdeu a conta, tenta fugir e acaba morto no tronco de tanto apanhar, o que faz com que Bá, que já estava conformada com o desaparecimento do filho, passe a voltar a tentar encontrá-lo.
Dentre os filhos conhecidos de Pai José estão Justino (Antônio Pompeu), líder da senzala, exímio capoeirista, que odeia a todo e qualquer branco, quer vingança pela morte do pai e é o principal responsável por tramar os planos de fuga; e Fulgêncio (Gésio Amadeu), que é mais doce e sensível, e acaba cego após ser espancado pelo Barão durante uma revolta, recebendo os cuidados de Sinhá Moça. Pai José também era avô de Maria das Dores (Dhu Moraes), filha de um negro com uma branca e escrava pessoal do Barão que, em um momento de fraqueza, teve um relacionamento sexual com ela, durante o qual, sem que ele soubesse, foi gerado o menino Rafael (Selton Mello), criado junto com Sinhá Moça sem que os dois soubessem que eram irmãos. Rafael acabou vendido ainda criança, mas retorna, anos mais tarde, alforriado e com o nome de Dimas (Raymundo de Souza), que, sem revelar a ninguém sua verdadeira origem, trama vingança contra o Barão, buscando acabar com seu império.
Dimas se torna o braço direito de Augusto (Luiz Carlos Arutin), o tipógrafo e jornalista da cidade, principal incentivador do movimento abolicionista, e se apaixona por sua neta, Juliana (Luciana Braga), moça doce e inteligente que também defende os ideais abolicionistas. Já a associação que ajuda os escravos fugidos é formada por José Coutinho (Tato Gabus Mendes), Mário (Tarcísio Filho), Nino (Nizo Netto), Vila (Renato Prieto) e Renato (Denis Derkian), jovens filhos de fazendeiros que estudaram na capital e retornaram com ideais abolicionistas, e que, antes das ações do Irmão do Quilombo, tinham como principal estratégia comprar escravos para então alforriá-los. José Coutinho se apaixona por Adelaide (Solange Couto), dama de companhia de Sinhá Moça, que, após muito relutar, acaba aceitando o romance e se casando com ele, o que escandaliza a sociedade ararunense.
José é filho do fazendeiro Raul Coutinho (Yvan Mesquita), primeiro da região a alforriar todos os seus escravos, mas que acaba mantendo o regime de escravidão ao contratar todos eles por salários miseráveis e os fazendo contrair dívidas que eles jamais vão conseguir pagar. Outros fazendeiros abolicionistas, mas que não alforriam seus escravos por medo do Barão, ou por não querer fazer o mesmo que fez Coutinho são Nogueira (Alciro Cunha) e Everaldo (Germano Filho); já os fazendeiros escravagistas, aliados do Barão e contra a abolição, são Martinho (Fernando José), Tibúrcio (Cláudio MacDowell) e Viriato (Newton Martins). Seu principal aliado é o Delegado Antero (Cláudio Mamberti), extremamente rígido com os pobres, mas subserviente aos poderosos. Outros personagens importantes do núcleo escravagista são o Feitor Bruno (Walter Santos), homem rude e violento, responsável por colocar os escravos na linha, responsável pela morte de Pai José e braço direito do Barão; Honório (Antônio Francisco), ajudante do Feitor, guarda da fazenda e apaixonado por Adelaide; e o Mercador de Escravos (Aldo César), que compra escravos que os ararunenses não querem mais e os leva para vender em outras cidades, responsável por levar Rafael e o filho de Bá.
Outros escravos de destaque na novela são Bastião (Cosme dos Santos), escravo esperto e traiçoeiro, que se considera muito importante por trabalhar na casa grande, e se torna uma espécie de informante de Sinhá Moça, deixando-a a par de tudo o que acontece na senzala, e vive às turras com Bá, que não confia nele; Bentinho (Pratinha), que nasceu um dia antes da promulgação da Lei do Ventre Livre, e não se conforma por ser "escravo por causa de um dia"; Pedro (Aldo Bueno) e Tobias (Joel Silva), que tentam fugir mas são recapturados e torturados pelo Feitor; Ruth (Jacira Sampaio), escrava comprada pelos Fontes, imediatamente alforriada e contratada para servir como empregada doméstica, que é apaixonada por Ricardo; Justo (Grande Otelo), escravo que passou por todas as fazendas da região, menos pela do Barão, e que sempre era vendido rapidamente por não gostar de trabalhar, até ser alforriado pelos Fontes, se tornando informante do Irmão do Quilombo quanto ao melhor momento para atacar as senzalas; e o Capitão do Mato (Toni Tornado), escravo que trabalha na fazenda do Barão tendo como função recapturar os escravos que fogem, que se orgulha de jamais ter deixado um escapar, é odiado por todos por estar do lado dos brancos contra seus irmãos, mas acha que não há nada de mais no que está fazendo porque é o seu trabalho.
Finalmente, falta citar o Frei José (Sérgio Viotti), o pároco da região, querido tanto pelos escravagistas quanto pelos abolicionistas, e que recebe doações de ambos os lados para sua igreja, preferindo não tomar partido, mas auxiliando os escravos fugidos quando necessário; e seu sacristão, Bobó (Augusto Olímpio), que trabalha tanto na igreja quanto na venda de Teixeira, homem simplório, extremamente sincero e muito engraçado, que se torna uma figura folclórica da cidade, mas que, secretamente, também ajuda os escravos fugidos. Dentre as participações especiais, destacam-se Lizandra Souto (com o nome de Lizandra Campos) como Sinhá Moça criança; Ruth de Souza como a escrava Nhá Balbina; Canarinho como o escravo Pai André, líder do quilombo; Cláudio Corrêa e Castro como o médico Dr. João Amorim; e Jorge Cherques como o Padre Cesário.
Com direção de Reynaldo Boury e Jayme Monjardim, direção executiva de Nilton Travesso e supervisão de Daniel Filho, Sinhá Moça foi exibida entre 28 de abril e 14 de novembro de 1986, com 172 capítulos - originalmente estavam previstos 173, mas, no dia 21 de junho, não seria exibido capítulo, por causa da transmissão do jogo Brasil x França pelas Quartas de Final da Copa do Mundo de Futebol - aliás, na verdade mesmo estavam previstos 168 (167 após o jogo), mas a novela acabou sendo esticada em uma semana, devido a um pequeno imbróglio: no final de 1986, o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio de Janeiro (SATED-RJ) passou a reivindicar jornada de trabalho de seis horas para seus associados, e, enquanto as negociações com a Globo não se concluíam, a produção da novela seguinte não podia começar; por causa disso, após o final de Sinhá Moça seria exibida uma reprise, em compacto especial, da novela Locomotivas, de Cassiano Gabus Mendes, originalmente exibida na faixa das sete, entre 1 de março e 13 de setembro de 1977. A novela das seis seguinte a Sinhá Moça, Direito de Amar, de Walther Negrão, só estrearia três meses depois, em 16 de fevereiro de 1987. Curiosamente, eu me lembro de ter assistido a vários capítulos de Locomotivas, embora não me lembre de ter assistido a nenhum de Sinhá Moça (em sua exibição original, conforme já contei) nem de Direito de Amar - também conforme já contei, comecei a acompanhar novelas das seis com Bambolê, que estreou justamente depois de Direito de Amar.
Também conforme já contei, eu acompanhei Sinhá Moça quando ela foi exibida no Vale a Pena Ver de Novo, o que ocorreu entre 15 de março e 2 de julho de 1993, com um total de 80 capítulos. Em 2018, entre 29 de janeiro e 16 de agosto, Sinhá Moça seria reexibida na íntegra pelo canal Viva. Em sua exibição original, em 1986, Sinhá Moça seria uma das novelas de maior sucesso da faixa das seis, alcançando 46 pontos na média de audiência, número digno de novela das oito. Antes mesmo de sua estreia, já havia uma grande expectativa do mercado internacional pela novela, pela presença de Lucélia Santos e Rubens de Falco, que, em 1976, haviam feito outra novela de grande sucesso internacional, A Escrava Isaura, e por causa de sua temática de combate à escravidão; o resultado foi que Sinhá Moça acabou vendida para 63 países (50 deles antes mesmo de sua estreia), incluindo Austrália, China, Dinamarca, Estados Unidos, Grécia, Holanda, Itália, Nicarágua, Rússia, Suécia, Turquia, Venezuela e Vietnã. Na Bélgica, na Espanha, na Itália e na Suíça, a novela seria exibida três vezes, e na França, quatro, a última delas em 2001. A exibição da novela na Europa renderia a Marcos Paulo um prêmio de Melhor Ator no Festival de Montreaux, na Suíça.
As gravações de Sinhá Moça ocorreriam em fazendas das cidades de Conservatória e Itatiaia, no Rio de Janeiro, e em São João Del Rey, em Minas Gerais; uma cidade cenográfica seria montada em Guaratiba, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, e as cenas de estúdio seriam gravadas nos estúdios da Herbert Richers, no bairro da Tijuca. O principal cuidado da equipe de produção foi com os figurinos e caracterização, contando com um cuidadoso levantamento histórico para que não somente as roupas e acessórios dos personagens, mas também a decoração dos cenários e ambientes fossem extremamente fiéis à época na qual a novela era ambientada. O figurinista Paulo Lois faria sua estreia na Globo, e contaria para que todos os figurinos fossem confeccionados pela própria equipe de produção, sem nada ter sido comprado de terceiros.
A trilha sonora de Sinhá Moça teve duas curiosidades: primeiro, ao invés de uma trilha nacional e uma internacional (ou duas nacionais), como era comum na época, foi lançada uma única trilha sonora, somente com artistas nacionais, que vigorou do início ao fim da novela, e na qual se destacavam Sinhaninha, de Ronnie Von, Zumbi, A Felicidade Guerreira, de Gilberto Gil, Ai Quem Me Dera, de Clara Nunes, Na Ribeira Deste Rio, de Dori Caymmi, Camará, de Walter Queiroz, e Pra Não Mais Voltar, de Fafá de Belém (a música da abertura). Segundo, diferentemente do que ocorria com os discos de trilha sonora, que sempre traziam algum ator ou atriz do elenco na capa, o de Sinhá Moça tinha uma foto da modelo Juana Garibaldi, vestida com roupas da época.
A abertura da novela traria cenas de Araruna, como as fazendas, as montanhas e o trem, intercalados com closes de um leque finamente pintado. A abertura seria feita com técnicas tradicionais de filmagem e edição, sem uso de computação gráfica (que já existia, mas estava em seu início e era caríssima), usando, entretanto, uma câmera especial para poder filmar os detalhes do leque com fidelidade. A música da abertura, Pra Não Mais Voltar, tem letra de um poema de Maysa, mãe do diretor Jayme Monjardim; o diretor pediria a Ivan Lins para transformá-lo em música, e planejava que Leila Pinheiro o gravasse, mas Fafá de Belém ouviu a versão feita por Lins antes da gravação, se apaixonou, e convenceu a emissora a deixá-la ser a intérprete. O arranjo final da canção ficaria a cargo de César Camargo Mariano.
É importante citar que a novela seria a segunda adaptação do livro; a primeira seria feita pelo cinema, pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em 1953, dirigida por Tom Payne e Oswaldo Sampaio, com Eliane Lage como Sinhá Moça, Anselmo Duarte como Rodolfo, e José Policena como o Barão de Araruna. Ruth de Souza participou como a escrava Balbina, e tinha grandes esperanças de ser chamada também para a novela, o que quase não aconteceu; quando Benedito Ruy Barbosa soube, criou para ela uma personagem de mesmo nome, em participação especial. O filme é mais fiel ao livro que a novela, mas já conta com alguns elementos que seriam aproveitados por Benedito, como o fato de a cidade se chamar Araruna e o personagem Irmão do Quilombo. O filme concorreria ao Leão de Bronze no Festival de Veneza e ao Urso de Prata no Festival de Berlim, mas seu mais importante prêmio seria o de Melhor Filme do Ano no Festival de Havana de 1954.
Em 2006, vinte anos após sua exibição original, Sinhá Moça ganharia um remake, que traria Débora Falabella no papel de Sinhá Moça, Danton Mello (irmão de Selton) como Rodolfo, e Osmar Prado como o Barão de Araruna. Patrícia Pillar, que na primeira versão interpretaria a Ana do Véu, na segunda seria Cândida, mãe de Sinhá Moça; a nova Ana do Véu seria Ísis Valverde, em sua estreia na TV - que contou com um esforço hercúleo da Globo para manter a aparência da atriz em segredo do grande público até o capítulo no qual Ana finalmente revela seu rosto. Além de Patrícia Pillar, Gésio Amadeu e José Augusto Branco também participariam de ambas as versões, o primeiro ficando com o papel de Justo e o segundo com o do Dr. Amorim no remake. Também vale citar que, no primeiro capítulo, em participação especial, Milton Gonçalves interpretaria Pai José, mesmo personagem que interpretou vinte anos antes - aliás, duas músicas que estavam presentes na trilha sonora da versão original, Na Ribeira Deste Rio e Camará, também figurariam na trilha da versão nova, que, assim como a anterior, só teria uma. A nova versão seria escrita por Edmara e Edilene Barbosa, que "atualizariam" o texto do pai, também creditado como autor, e teria direção de Rogério Gomes e Ricardo Waddington. Seria exibida em 185 capítulos, entre 13 de março e 14 de outubro de 2006, e conta com a fabulosa distinção de ter sido graças a ela que eu parei de acompanhar as novelas das seis, já que não me interessei por acompanhar um remake de uma novela que eu já tinha visto e gostado.
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