domingo, 22 de março de 2020

Escrito por em 22.3.20 com 0 comentários

Detox Pessoal

Hoje temos mais um texto do Mês da Mulher no átomo, e quem contribui com uma valiosa dica é a sensacional Pati Librenz, "aspirante a minimalista, revisora de textos e pesquisadora de literatura (em férias dessa função por prazo indeterminado)", que também escreve no Crônicas de Categoria (aliás, se você não conhece, dá um pulo lá, não vai se arrepender).





Detox Pessoal

Nas minhas duas últimas mudanças, eu levei muito tempo para colocar minha casa em ordem, por causa da quantidade de coisas desnecessárias que eu vinha acumulando ao longo dos anos e, muitas delas, eu nem usava mais. Algumas, admito, comprei por impulso; outras, até faziam sentido na época em que foram adquiridas, mas agora já não fazem mais. Fiz um detox na biblioteca, na cozinha, na lavanderia e no guarda-roupas. Resultado: mais de 2 mil reais recuperados com coisas que estavam entulhando a casa. Percebi que é possível, sim, ser feliz consumindo menos e que o clichê "menos é mais" não é tão clichê assim. E então a mágica acontece: sobra dinheiro no final do mês e espaço dentro de casa!

Mas a melhor decisão que tomei, foi, de longe, a do detox pessoal. A gente não acumula apenas objetos desnecessários, mas relacionamentos desnecessários. O resultado disso é que, muitas vezes, acabamos colecionando relações tóxicas e abusivas. Sabe aquela pessoa que não te acrescenta em nada e que só suga suas energias? Desapega!

O relacionamento abusivo não é exclusivo de relações amorosas; existem amizades abusivas também. Era exatamente o caso. Mas, como o nível de maturidade e autonomia dessas pessoas (era um casal, só para ficar claro) era muito abaixo da média mundial, não se tratava de uma relação que eu conseguiria ir cortando aos pouquinhos - e eu sequer teria paciência para isso (até porque paciência, definitivamente, não é o meu forte). O mal teria que ser cortado pela raiz, pois eu decidi que não entraria em 2020 com essa questão pendente. Eu estava carregando um fardo que não era meu, tentando resolver problemas que não me diziam respeito e que consumiam um tempo que era precioso demais pra mim.

Foi então que, em uma conversa com uma das minhas melhores amigas, ela sugeriu que eu escrevesse uma carta ao casal. E foi exatamente o que eu fiz: eu terminei uma amizade por "cartinha", enviada pelo WhatsApp. Conforme informado (e devidamente justificado) na "carta", bloqueei os dois no aplicativo e desfiz as amizades no Facebook. Eu devia satisfações? Não! Mas achei prudente, para evitar visitas indesejadas em minha casa. Não os bloqueei nas redes sociais porque não julguei necessário. Porém, alguns dias depois, percebi que eu estava enganada - deveria ter bloqueado em tudo. Recebi um recado no Messenger me pedindo pra reconsiderar a decisão. Sabe aquele papo de namorado arrependido? "Ah, eu errei mesmo, mas eu juro que vou mudar, me dê mais uma chance!" - a sirene de alerta soou e eu saltei longe. Mas como de comportamento de abusadores eu entendo, sequer me dei o trabalho de responder e a pessoa foi bloqueada no Facebook também.

Infelizmente, nós, mulheres, temos a tendência em manter e tolerar demais esse tipo de vínculo, porque, em algum momento das nossas vidas, aprendemos que precisamos ser amáveis e agradar todo mundo - e, não, nós não somos obrigadas a ser legais o tempo todo! Principalmente com quem não nos faz bem. Eu passei anos acreditando que eu tinha a obrigação de acolher a todos com seus problemas, tanto que cheguei a um ponto em que eu, que escolhi não ter filhos, estava praticamente tendo que educar e ensinar coisas básicas a dois marmanjos. Hoje, estou há quase três meses sem nenhum contato com essas pessoas e, a cada dia, sinto-me melhor, mais leve e com mais tempo para pensar em coisas que são realmente importantes e produtivas para o meu crescimento pessoal.

Então, caso você conviva com alguém que não te faz bem, que te puxa pra baixo, lembre-se: você não é obrigada(o) a aturar essa pessoa. Não importa se é alguém na família, se é um amigo de longa data ou se é alguém do trabalho com quem você seja obrigado a falar diariamente: você sempre pode escolher cortar quem quiser da sua vida pessoal. E corte mesmo quem não te faz bem! Sem dó. Porque essa pessoa também não tem dó de ti.

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