domingo, 29 de março de 2020

Escrito por em 29.3.20 com 0 comentários

A barra que eu gosto de segurar

Hoje, infelizmente (primeiro porque não teremos mais textos maravilhosos, segundo porque vou ter que voltar a escrever os meus), terminaremos o Mês da Mulher no átomo. Mas terminaremos em grande estilo, com um texto da espetacular Rose Carreiro, "aspirante a pole dancer, agente de viagens dedicada, cronista cotidiana, pseudo-erótica e Murphyana de carteirinha", minha mais recente amiga de infância, a moça que me convenceu a escrever pro Crônicas de Categoria, e autora também do Curvas Imaginárias (NSFW, teje avisado se quiser clicar).





A barra que eu gosto de segurar

Quando fui convidada pelo Guilherme para escrever como convidada neste estimado blog, não tive dúvidas sobre meu tema: já li aqui textos sobre artes marciais e esportes, e decidi trazer a minha atividade física favorita para este blog - o pole dance. Até cheguei a pensar em introduzir o assunto à la átomo, com a origem e tudo o mais, mas a Wikipedia tá aí pra isso, neah?! Então, seguindo meu coração, e como boa discípula e pole dancer, eu vim aqui evangelizar e dar meu testemunho sobre como essa barra me transformou.

Para quem não conhece o universo do pole, adianto que nem tudo é rebolar a bunda e girar em torno do poste. Além da dança - e aí há o pole dance e o pole exotic, que envolve movimentos mais sensuais, floorwork (quando a gente fica se contorcendo no chão) - há também o esporte. Sim, o pole foi reconhecido como esporte pela GAISF (Global Associaton of International Sports Federation), e pode até entrar para as modalidades olímpicas.

E como eu fui parar nesse mundo? Bem, digamos que eu era uma pessoa expansiva e, por motivos que não cabem aqui, eu me fechei. Me repreendi. Era uma pessoa encolhida, aos trinta anos me achava velha pra usar certas roupas e fazer certas coisas. E estava conformada de que a vida era isso. Mas, depois de sofrer muitas mudanças pessoais, perdas, e de desistir de manter a corrida como atividade física que não me agradava e que me deixava mais cansada do que satisfeita, decidi encarar o pole. Vi e li depoimentos, e acabei convencida por este vídeo da Jout Jout. Tudo que ela relatava no pole era do que eu precisava.

Então, lá estava eu, num Janeiro escaldante, aos então 34 anos, de regata e shorts de corrida, tentando aprender meus primeiros giros. E falhando miseravelmente, é claro. Mas cada aula vinha com muitas lições sobre limites, persistência, e principalmente, sobre paciência. Não desisti, muito graças às minhas professoras maravilhosas, e muito também às amigas que fiz - e que hoje são minhas pole friends, e com elas eu faço pole street, pole market, pole porre... porque a gente vira uma comunidade das pessoas que gostam de trepar nos postes por aí e dividir a vida entre uma sessão de alongamento e outra.

O pole me ajudou a me enxergar melhor. Com tanto tempo em frente ao espelho, e com tantos exercícios que exigem consciência corporal, a prática me ajudou a ver detalhes meus - e aceitá-los de uma forma que eu nem sabia que poderia. E aí vem a questão da autoestima. A gente começa a ficar com o corpinho mais durinho, se vê mais bonita, aprende o body wave e boom. Porque o pole envolve, sim, sensualidade, e quando a gente consegue fazer um movimento sem parecer que vai partir as costas e se entrega à dança, sensualizar vira uma coisa natural. Daí, é só ladeira abaixo. Ou pole acima.

Para quem pensa em experimentar o pole dance, mas tem medo de não conseguir, ou acha que idade / tipo físico / peso / histórico sedentário são limitadores, eu, no auge dos meus 35 e me sentindo melhor do que aos 25, garanto que não. Os instrutores vão saber lhe guiar, lhe ajudar a entender o seu processo e suas limitações, e a evolução pode demorar, mas ela acontece. O preconceito sobre a prática existe? Sim. Quando contei pra minha mãe que tinha começado as aulas, ela quis saber se eu ficava num palco com gente em volta assistindo. Sem contar que todo mundo achava que eu estava fazendo pole para dançar pro conje. Ele nunca viu uma performance minha. Se você quer praticar pole dance, ou qualquer dança que envolva sensualidade, faça. E faça por você. E considere que nada é impossível. Você, no seu tempo, com sua evolução pessoal, trabalhando as suas questões. Mas não deixe de tentar. O pole mudou a minha vida, e pode mudar a sua.

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